TIPO 2 PORTUGUÊS 2011 CIDA BISPO 7º UNIDADE V Orientações: ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ Não será aceita a utilização de corretivo; não será permitido o empréstimo de material durante a avaliação; use somente caneta esferográfica azul ou preta; questões objetivas ou similares rasuradas serão anuladas; avaliação escrita: valor: 5,0 I. PARTE BRINCADEIRA Começou como uma brincadeira. Telefonou para um conhecido e disse: — Eu sei de tudo. Depois de um silêncio, o outro disse: — Como é que você soube? — Não interessa. Sei de tudo. — Me faz um favor. Não espalha. — Vou pensar. — Por amor de Deus. — Está bem. Mas olhe lá, hein? Descobriu que tinha poder sobre as pessoas. A reação das pessoas variava. Algumas perguntavam em seguida: — Alguém mais sabe? Outras se tornavam agressivas: — Está bem, você sabe. E daí? — Daí, nada. Só queria que você soubesse que eu sei. — Se você contar para alguém, eu... Uma vez, parecia ter encontrado um inocente. — Eu sei de tudo. — Tudo o quê? — Você sabe. — Não sei. O que é que você sabe? — Não se faça de inocente. — Mas eu realmente não sei. — Vem com essa. — Você não sabe de nada. — Ah, quer dizer que existe alguma coisa para saber, mas eu é que não sei o que é? — Não existe nada. — Olha que eu vou espalhar... — Pode espalhar que é mentira. — Como é que você sabe o que eu vou espalhar? — Qualquer coisa que você espalhar será mentira. — Está bem. Vou espalhar. Mas dali a pouco veio um telefonema. — Escute. Estive pensando melhor. Não espalha nada sobre aquilo. — Aquilo o quê? — Você sabe. Passou a ser temido e respeitado. Volta e meia alguém se aproximava dele e sussurrava: — Você contou para alguém? — Ainda não. — Puxa. Obrigado. Com o tempo, ganhou uma reputação. Era de confiança. Um dia, foi procurado por um amigo com uma oferta de emprego. O salário era enorme. — Por que eu? — quis saber. — A posição é de muita responsabilidade — disse o amigo. — Recomendei você. — Por quê? — Pela sua discrição. Subiu na vida. Dele se dizia que sabia tudo sobre todos, mas nunca abria a boca para falar de ninguém. Além de bem-informado, um gentleman. Até que recebeu um telefonema. Uma voz misteriosa que disse: — Sei de tudo. — Co-como? — Sei de tudo. — Tudo o quê? — Você sabe. Resolveu desaparecer. Mudou-se de cidade. Os amigos estranharam o seu desaparecimento repentino. Investigaram. O que ele estaria tramando? Finalmente foi descoberto numa praia remota. Os vizinhos contam que uma noite vieram muitos carros e cercaram a casa. Várias pessoas entraram na casa. Ouviram-se gritos. Os vizinhos contam que a voz que mais se ouvia era a dele, gritando: — Era brincadeira! Era brincadeira! Foi descoberto de manhã, assassinado. O crime nunca foi desvendado. Mas as pessoas que o conheciam não têm dúvidas sobre o motivo. Sabia demais. (Luis Fernando Verissimo. Comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1995. p. 189-91.) discrição: qualidade de discreto, isto é, de algo ou alguém que não chama a atenção, de pessoa que guarda segredo. gentleman: palavra do inglês que significa “homem fino”, “cavalheiro”. remoto: distante. 01. Impostor é aquele que quer passar pelo que não é. Você diria que o texto narra a história de um impostor? Por quê? (0,2) Sim, porque o protagonista finge saber o que não sabe. 02. Nós desconhecemos o segredo que as vítimas queriam que fosse guardado. Contudo, sabemos qual é o segredo do protagonista. O que supostamente é o “tudo” mencionado pela “voz misteriosa”? (0,2) Que ele, na verdade, não sabe de nada. 03. Assustado, o protagonista se esconde. Depois de encontrado numa casa de praia, é assassinado. Levante hipóteses: a) Quem o teria matado? (0,3) Provavelmente, uma de suas vítimas b) O que o assassino provavelmente estaria pensando sobre o desaparecimento do impostor, a ponto de querer matá-lo? (0,3) Que o impostor estava armando algum plano que o comprometesse. c) Por que o protagonista foi morto? (0,2) Por precaução por parte do assassino. Provavelmente uma de suas vítimas estava envolvida com graves crimes e não quis ser chantageada ou correr riscos. d) Na verdade, antes do assassinato, quem controlava quem? (0,2) Não apenas o impostor controlava suas vítimas,mas também a vítimas (como o próprio assassino) controlavam os passos do impostor. 05. Quais dos itens seguintes sintetizam as ideias principais do texto? (0,2) a) Ter informações exclusivas equivale a ter poder sobre as pessoas. b) Melhor do que guardar segredos é não ter informações. c) As pessoas geralmente têm algum tipo de segredo que as compromete socialmente. d) A sociedade se organiza a partir de um jogo de aparências, de falsos papéis sociais; nesse jogo, a aparência vale mais do que a verdade. II. PARTE 01. Destaque os adjuntos adverbiais e classifique-os. (0,5) a) Friamente, o entrevistado confessou que roubara o carro com o amigo para passear no sábado à noite. Modo / companhia / tempo b) Falou sobre as principais fontes poluidoras da cidade de São Paulo e, conforme prometeu, denunciou a indiferença de algumas autoridades que nunca se preocupam com o problema. Assunto / tempo c) Em julho de 1936, em São Paulo, a rádio Cosmos informava que passaria a apresentar, semanalmente, um programa luso- brasileiro. Tempo / lugar / tempo d) Verdadeiramente não podemos nos calar diante de uma injustiça, dizia meu pai quando falava sobre os problemas sociais. Afirmação / negação / assunto / assunto 02. Informe se o termo destacado é vocativo ou aposto. (0,4) a) Alô! Brasil, a partir de agora transmitiremos o jogo inicial do Campeonato Mundial de Basquete Feminino. vocativo b) Ó de casa! Tem gente aí? vocativo c) Chegando a São Paulo, o maior centro urbano do país, não deixe de visitar o Museu de Arte de São Paulo. aposto d) “Pai, afasta de mim esse cálice.”(Chico Buarque) vocativo 03. Identifique as frases que apresentam concordância verbal inadequada e corrija-as. (0,6) a) Vende-se casas. Vendem-se casas. b) Devia haver mais médicos atendendo a população. _________________________________________________________________________________________ c) Eu e tu compreenderás que isso é um bom sinal. Eu e tu compreenderemos que isso é um bom sinal. d) Ali, sorri pintadas de rosa as paredes da escola. Ali, sorriem pintadas de rosa as paredes da escola. 04. Leia as frases a seguir atentando para a concordância verbal e resolva os quesitos que se seguem: (0,6) a) Empregue C ou E conforme estejam certas ou erradas as frases: 1. ( C ) Muitos de vós sereis como este cãozinho. 2. ( C ) E como este, há muitos cãezinhos andrajosos no mundo. 3. ( E ) Dali até a casa do cãozinho é duzentos metros. 4. ( C ) Não fui eu quem socorreu o cãozinho. 5. ( C ) Qual de nós poderemos socorrer o cão? 05. Complete com a forma verbal correta. (0,5) 1) Faz duas semanas que não a vejo. (faz/fazem) 2) Existem outros programas interessantes. (existe/existem) 3) Deve haver questões difíceis. (deve/devem) 4) Devem existir questões difíceis. (deve/devem) 5) Deve fazer dois anos que eles partiram. (deve/devem) 07. Leia o anúncio: (0,8) O classificado acima, além de ser problemático do ponto de vista semântico, desrespeita a norma gramatical em vigor. Mantendo a forma concisa do classificado, reestruture-o adequadamente, garantindo sua clareza e respeitando a norma gramatical. Procuram-se pessoas acima de 18 anos, de ambos os sexos, para vender diretamente Verbo com a partícula apassivadora SE - O verbo normalmente concorda com o sujeito. Bom desempenho! Beijos! AP/GS