Análise das Características Elétricas dos Trechos de 280 m de Altura propostos para Interconexão Tucuruí-Macapá-Manaus E. C. M. Costa, A. J. G. Pinto, S. Kurokawa, J. H. A. Monteiro and J. Pissolato Abstract – This article shows an analysis of the longitudinal electric parameters of a three-phase transmission line/section using a 280-meter high steel tower. This characteristic, the height of the line conductors and distance between them are intrinsic related to the longitudinal and transversal parameters of the line. By this means, an accurate study was carried out in order to show the electric variations between a transmission line using the new technology and a three-phase conventional 440 kV line for a wide range of frequencies and a variable soil resistivity. Index Terms – Transmission line, steel towers, line parameters, electromagnetic transients. O I. INTRODUÇÃO BRASILEIRO, com tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito mundial, funciona de forma integrada no Sistema Interligado Nacional (SIN), que é formado por empresas de energia elétrica das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte. Apenas um pequeno percentual da capacidade de produção de energia elétrica do país (em torno de 3,4%) não está integrada ao SIN, constituindo pequenos sistemas isolados localizados principalmente na região amazônica, de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS, 2011). Na região amazônica, os principais mercados consumidores de energia elétrica são as cidades de Manaus e Macapá, sendo que Manaus possui o maior sistema elétrico isolado da região Norte, com aproximadamente 400.000 consumidores com características de consumo, por classe, semelhantes aos grandes centros industriais do sul e sudeste do país. Em 2005, o parque gerador de Manaus tinha potência nominal superior a 1000 MW, sendo que 75% dessa energia era fornecida por unidades termelétricas antigas e obsoletas [1]. Além do alto custo financeiro e ambiental, o sistema elétrico da região Norte é pouco robusto e de baixa eficiência energética tanto na geração como na transmissão. Estes fatos, aliados ao elevado crescimento da região Norte, principalmente da região de Manaus, deram origem a um SISTEMA projeto de integração da região Norte ao Sistema Interligado Nacional, que será realizada por meio da construção de uma linha de transmissão interligando a usina hidrelética de Tucuruí às cidades de Macapá e Manaus [1, 2]. Este projeto, conhecido como interligação TucuruíMacapá-Manaus ou Linhão Tucuruí-Manaus, resultará em uma linha de circuito duplo de 500 kV-AC entre a usina de Tucuruí e a região de Manaus, contemplando subestações intermediárias nos municípios de Anapú, Almeirim, Oriximiná e Silves. O Amapá será interligado ao SIN por meio de uma linha de circuito duplo de 230 kV a partir da subestação rebaixadora 500/230 kV Juruparí, localizada em Almerim (PA). Também está prevista a construção de subestações em Laranjal do Jarí e Macapá [1, 2]. A fig. 1 apresenta um mapa com a interligação TucuruíMacapá-Manaus [2]. ELÉTRICO E. C. M. Costa ([email protected]), A. J. G. Pinto ([email protected]), J. H. A. Monteiro e J. Pissolato ([email protected]) estão vinculados à Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. S. Kurokawa ([email protected]) está vinculado à Unesp – Univ. Estadual Paulista, Ilha Solteira, Brasil. Fig. 1. Interligação Tucuruí-Macapá-Manaus. A interligação Tucuruí-Macapá-Manaus é um grande desafio para a engenharia, pois a linha de transmissão terá extensão de aproximadamente 1800 km. Ademais, um outro desafio será o tamanho das estruturas metálicas utilizadas em diversos trechos dessa linha, composta por dezenas de torres com altura em torno de 280-300 metros. Tais torres são necessárias para que a linha esteja acima da copa das árvores, evitando assim o desmatamento de grandes áreas de mata nativa. Outro objetivo da construção desses trechos é a travessia de grandes distâncias sobre a bacia Amazônica, destancando a travessia sobre a ilha de Jurupari, no Pará, que divide o rio Amazonas em dois vãos de aproximadamente 1750 metros e 2100 metros [1, 2]. Atualmente existem tecnologias que permitem a construção de trechos de linhas de transmissão com mais de 2500 metros de extensão. Toma-se como exemplo a linha de transmissão que atravessa o rio Yangtze, na província de Jiangsu, na China. Nesta linha, as torres possuem 349 m de altura e o espaçamento entre duas torres consecutivas é de 2.3 km, como mostra a fig. 2. Essas mesmas torres são equipadas com elevadores cilíndricos que permitem o acesso até o topo da estrutura [3]. Na fig. 3, a fase 1 encontra-se a 28 metros em relação ao solo, enquanto que as fases 2 e 3 situam-se a 24.4 m de altura. Os cabos para-raios (condutores 4 e 5) estão a 36 metros de altura. O tamanho das torres, bem como o tipo de solo da região amazônica tornam a interligação Tucuruí-Macapá-Manaus uma linha de transmissão com características elétricas únicas no Brasil e no mundo. Até o presente momento não se tem trabalho algum investigando criteriosamente as variações elétricas para esse novo sistema, bem como as possíveis sobretensões de origens diversas às quais essa linha está susceptivel. Neste trabalho será realizado um estudo comparativo dos parâmetros longitudinais e transversais de um trecho de linha convencional (fig. 3) e de um trecho não convencional, baseado nas caracteristicas da torre ilustrada na fig. 2. Para levar em conta as características do solo da região amazônica, os parâmetros da linha serão calculados considerando diversos valores da resistividade do solo (que depende das condições climáticas e da composição geológica). II. CÁLCULO DOS PARÂMETROS ELÉTRICOS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO TRIFÁSICAS Fig. 2. Linha de transmissão projetada com torres de 350 metros de altura. Observa-se na fig. 2, a estrutura metálica de uma dessas torres e no centro o elevador cilindrico circundado por escadaria. Essa tecnologia torna-se útil quando a manutenção utilizando helicopteros não é possível e assim parte da operação pode ser realizada utilizando elevadores ou a escadaria auxiliar [3]. A torre de transmissão mostrada na fig. 2 é, sem dúvida, muito maior que as estruturas utilizadas em linhas de transmissão convencionais, em torno de 20 a 40 metros. De forma comparativa, as torres utilizadas atualmente na China são cerca de 50 metros mais altas que a Torre Eiffel, em Paris. Uma estrutura geométrica convencional, para uma linha de 440 kV com circuito simples, é descrita em detalhes na fig. 3. 5 (7.51; 36) 4 1 3.6 m 2 Fig. 3. Linha trifásica convencional de 440 kV. 3 (9.27; 24.4) Uma linha de transmissão é caracterizada por seus parâmetros elétricos longitudinais e transversais. Os parâmetros longitudinais são caracterizados por uma resistência e uma indutância variaveis em função da frequência, enquanto que os parâmetros transversais são descritos por capacitâncias e condutâncias entre fases e entre fase e solo. Estes parâmetros estão distribuídos ao longo do comprimento da linha e, no caso dos parâmetros longitudinais, como descrito anteriormente, são variáveis em função da frequência [4]. Os parâmetros longitudinais de linhas de transmissão dependem das características geométricas do sistema, do tipo de condutor utilizado nas fases, do meio onde os condutores estão imersos (no ar, no caso de linhas aéreas) e das características do solo. Quanto à variação destes parâmetros em função da frequência, a mesma ocorre devido aos efeitos solo e pelicular [4]. No caso das capacitâncias transversais da linha, as mesmas são calculadas em função das características geométricas do sistema e do meio em que os condutores da linha estão imersos. Em linhas aéreas é usual desconsiderar o efeito da condutância transversal [5]. Os parâmetros longitudinais de uma linha com n fases dão origem à matriz de impedância longitudinal [Z] e à matriz de admitância transversal [Y]. Uma breve revisão sobre o cálculo dos parâmetros elétricos de linhas de transmissão aéreas é descrita a seguir. Primeiramente, considera-se o esquema da fig. 4, sendo i e k dois condutores aéreos de uma linha genérica, enquanto que i´ e k´ são as respectivas imagens desses condutores. As distâncias entre duas fases e fase-imagem são descritas como dik e Dik. A distância entre a fase i e sua respectiva imagen é dada por hi. Por ultimo, o ângulo entre os traçados indicando as distâncias Dik e hi é dado por i. Portanto, com base nos dados geométricos da estrutura das torres e nas constantes fisicas do meio, os elementos próprios da matriz de impedâncias [Z] são separados em três componentes: a impedância externa própria, a impedância própria devido ao efeito solo e a impedância interna devido ao efeito pelicular nos cabos e subcondutores [6]. i dik (6) Zsolo ik Rik ( , ik ) jLik ( , ik ) (7) k Nas equações (6) e (7), Rii(, ii), Lii(, ii), Rik(, ik) e Lik(, ik) são calculados por meio das séries de Carson e são funções dos ângulos ii e ik e dos parâmetros e . O ângulo ik pode ser calculado a partir da fig. 4 e o ângulo ii é igual a zero. Os parâmetros e são descritos como [7]: hi i Zsolo ii Rii ( , ii ) jLii ( , ii ) Dik k solo 8 5 104 h i f solo f solo 4 5 104 Dik (8) (9) k’ ’ i’ Fig. 4. Sistema de condutores Desse modo, para os condutores mostrados na fig. 4, define-se a impedância longitudinal própria Zii e a mútua Zik como sendo: (1) Z ii Zext ii Zsolo ii Zint ii Z ik Zext ik Zsolo ik (2) Na eq. (1), Zii, Zextii , Zsoloii e Zintii são, respectivamente, a impedância longitudinal própria total, a impedância externa própria, a impedância própria devido ao efeito solo e a impedância interna do condutor i; sendo esta última função do efeito pelicular do condutor. Na equação (2), Zik é a impedância longitudinal mútua entre os condutores i e k, que é constituída pela impedância externa mútua Zextik e pela impedância mútua devido ao efeito solo Zsoloik. As impedâncias externas próprias e mútuas dos condutores mostrados na fig. 4 são escritas como sendo [6]: 0 2 hi ln 2 ri D Zext ik j 0 ln ik 2 dik Zext ii j (3) (4) sendo: 2 f (5) Em que o termo f descreve a variável frequência. Nas equações (3) e (4), hi e ri são, respectivamente, a altura e o raio do condutor i. Os termos dik e Dik são a distância entre os condutores i e k e a distância entre o condutor i e a imagem do condutor k, respectivamente. A constante 0 é a permeabilidade magnética no vácuo, cujo valor é 4π.10 -4 H/km. As indutâncias própria e mútua resultantes do efeito solo sobre os condutores i e k são descritas pelos termos Zsoloii e Zsoloik. Na fig. 4, essas impedâncias são descritas como [7]: Nas equações (8) e (9), solo é a resistividade do solo sobre o qual os condutores estão dispostos. O campo magnético interno a um condutor dá origem a uma impedância própria denominada interna ou impedância devido ao efeito pelicular. Na fig. 4, a impedância interna Zintii do condutor i é definida como sendo [8]: Zint ii j m i ber(m ri ) j bei(m ri ) 2 ri ber '(m ri ) bei '(m ri ) (10) sendo: m 2 f i i (11) Nas equações (10) e (11), i, ri e i são: a resistividade, o raio e a permeabilidade do i-ésimo subcondutor do feixe, respectivamente. Os termos ber e bei são as funções de Kelvin, enquanto que os termos ber’ e bei’ são as derivadas dessas mesmas funções [9]. Para os condutores mostrados na fig. 4, define-se a matriz de coeficientes de potencial [P] a partir dos elementos genéricos abaixo [7]: 2h 1 ln i 2 0 ri D 1 Pik ln ik 2 0 dik Pii (12) (13) Nas equações (12) e (13), 0 é a permissividade do vácuo cujo valor é 8.854 ηF/km [9]. A partir da matriz [P], obtém-se a matriz de capacitâncias [C] para os condutores i e k por meio da seguinte relação: [C] [P]1 (14) A matriz de admitâncias transversais pode ser expressa então como sendo: (15) [Y] j [C] III. ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DAS REPRESENTAÇÕES CONVENCIONAL E NÃO CONVENCIONAL O comportamento dos parâmetros elétricos longitudinais e transversais em função da frequência de linhas de transmissão, bem como comportamento eletromagnético frente a transitórios de origens diversas, estão intrinsicamente relacionados às caracteristicas geométricas e fisicas da linha e seus condutores. Ademais, o solo sobre o qual a linha de transmissão é projetada exerce uma grande influência sobre suas caracteristicas elétricas. Serão mostrados resultados para duas linhas de transmissão, sendo uma linha de transmissão trifásica convencional de 440 kV e a outra uma linha suportada por torres de altura elevada, 300 m, tal como descrito anteriormente. A linha típica será denominada ao longo da análise como a representação convencional, enquanto que a linha com torres de altura elevada será denominada como representação não convencional. As duas representações apresentam silhuetas semelhantes, no entando, as configurações geometricas das fases e da torre apresentam variações de acordo com as descrições de um dos fabricantes. Ou seja, as representações apresentam variações na altura das fases e distância entre elas, tal como descrito em detalhes na fig. 5. A. Parâmetros elétricos longitudinais A fig. 6, logo a seguir, mensura a diferença entre as resistências relativas às representações convencional e não convencional, considerando a resistividade do solo variável: 100, 1000 e 10000 Ωm. As curvas pontilhadas indicadas por "a" mostram a relação entre as resistências mútuas enquanto que as curvas indicadas por "b" mostram a relação entre as resistências próprias. Nessa mesma figura, a resistência da representação convencional é denominada Rc enquanto que a resistência da representação não convencional é dada por Rn. A variação entre os parâmetros das duas representações é mensurada por meio da simples relação Rc/Rn. Fig. 6. Variação entre as resistências das representações convencional e não convencional, considerando a resistividade do solo variável: 100 Ωm (curva 1), 1000 Ωm (curva 2) e 10000 Ωm (curva 3). Fig. 5. Configuração geométrica das representações convencional e não convencional. Na fig. 5, os feixes de condutores A, B e C constituem as fases da linha enquanto que os condutores 1R e 2R são os cabos para-raios. Os condutores das fases são do tipo Grosbeak, com 1.021 cm de raio, espaçados 0.4 m um do outro. Os cabos para-raios são do tipo EHWS-3/8" e são implicitamente representados na modelagem das duas representações de linha [10]. Considerou-se que as duas linhas operam com tensão nominal de 440 kV. Inicialmente foram calculados os parâmetros longitudinais e transversais da representação convencional e não convencional, cujas silhuetas são descritas na fig. 5. Estes parâmetros foram calculados para frequências inferiores a 1 MHz. Vale ressaltar que nessa faixa encontra-se grande parte do conteúdo harmônico presente em fenômenos eletromagnéticos transitórios; decorrentes de descargas atmosféricas, operações de manobras e chaveamentos. Além disso, a metodologia utilizada no cálculo dos parâmetros (descrita anteriormente em II) apresenta uma performance adequada dentro da faixa de frequências estipulada. Os resultados apresentados na fig. 6 mostram que, em baixas frequências, as resistências longitudinais de ambas as representações são similares. No entanto, verifica-se que para frequências superiores a 10 kHz, as resistências próprias e mútuas relativas à representação convencional apresentam um maior perfil em função da frequência que a representação não convencional. Observa-se também que a variação entre as resistências é mais sensível para baixos valores da resistividade do solo. A fig. 7 mostra a relação entre as indutâncias mútuas das representações convencional e não convencional entre as fases B e C (figura 5), considerando a resistividade do solo variável: 100 Ωm, 1000 Ωm e 10 kΩm. A indutância da representação convencional é denominada por Lc enquanto que a indutância da representação não convencional é denominada por Ln. Fig. 7. Variação entre as indutâncias mútuas das representações convencional e não convencional, considerando a resistividade do solo variável: 100 Ωm (curva 1), 1000 Ωm (curva 2) e 10000 Ωm (curva 3). Com base nos resultados apresentados na fig. 7, conclui-se que as indutâncias mútuas calculadas para representação convencional em função da frequência são maiores que as indutâncias mútuas associadas à representação não convencional, independentemente do tipo de solo e da faixa de frequências. Em baixas frequências, a diferença entre as duas representações é praticamente entre 6% a 8%, enquanto que em frequências próximas de 1 MHz, a diferença varia entre 13% a 16%, dependendo da resistividade do solo. As indutâncias próprias associadas às duas linhas foram calculadas e analisadas com o mesmo embasamento aplicado as indutâncias mútuas. Na fig. 8 é descrita a variação Lc/ Ln para as indutâncias próprias: 13.22 [Cc ] 3.67 3.67 9.73 [Cn ] 2.81 2.81 3.67 3.67 12.64 1.38 ηF/km 1.38 12.64 2.81 2.81 10.34 3.64 ηF/km 3.64 10.34 (16) (17) As matrizes expressas por (16) e (17) são associadas às capacitâncias das representações convencional e não convencional, respectivamente. Verifica-se que as capacitâncias aparentes da representação não convencional são menores que as capacitâncias aparentes da representação convencional. Com base em uma analise qualitativa das equações descritas em (12)-(15) e com base na geometria das torres, os resultados obtidos das capacitâncias em (16) e (17) eram previsíveis. Com base nas características dielétricas descritas nas matrizes (16) e (17), pode-se acrescentar que a representação composta por torres não convencionais pode apresentar menores perdas devido ao efeito corona e eventuais descargas destrutivas entre fases e entre fase-terra. IV. CONCLUSÃO Fig. 8. Variação entre as indutâncias próprias das representações convencional e não convencional, considerando a resistividade do solo variável: 100 Ωm (curva 1), 1000 Ωm (curva 2) e 10000 Ωm (curva 3). Com base nos resultados apresentados na fig. 8, observa-se que ao contrario das resistências e indutâncias mútuas, as indutâncias próprias apresentam variações muito pequenas, praticamente nulas para altas resistividades do solo e discretas quando considerada uma baixa resistividade do solo, e em altas frequências (como descrito pela curva 1). No entanto, de forma geral, as diferenças entre as duas representações de linhas, associadas as variações das indutâncias próprias, podem ser consideradas desprezíveis dentro da faixa de frequência estudada. De modo geral, com base no conjunto de curvas apresentado nas figuras 6, 7 e 8, pode-se concluir que o trecho de linha não convencional, devido principalmente às distâncias entre as fases e a altura elevada dos condutores, apresenta menores valores para os parâmetros longitudinais em comparação com a representação convencional. Esse comportamento é mais acentuado em baixas resistividades do solo, o que vem a ser o caso da região amazônica, caracterizada por um solo arenoso e com elevado índice pluviométrico. B. Parâmetros elétricos transversais Neste item são analisadas as matrizes com as capacitâncias aparentes associadas as representações de linha convencional e não convencional, cujas silhuetas são descritas na fig. 5. Com base nas equações (12)-(15) foram obtidas as seguintes matrizes: Este estudo apresenta algumas conclusões importantes sobre esta forma emergente de transmissão de energia elétrica. Primeiro, com base nas análises realizadas no domínio da frequência, foi demonstrado que as indutâncias mútuas da representação não convencional em 60 Hz, com base na estrutura de torre com mais de 280 metros, são aproximadamente 7% a 9% menores quando comparadas às indutâncias calculadas a partir de um trecho de linha utilizando torres convencionais, com aproximadamente 36 metros. Por outro lado, as resistências próprias e mútuas calculadas a partir das duas configurações apresentam valores muito próximos em 60 Hz, demonstrando que as variações geométricas entre as duas torres não implica em variações significativas na potência ativa dissipada ao longo do sistema de transmissão. De forma geral, variações mais acentuadas são observadas em frequências mais elevadas, acima de 10 kHz, entre as resistências e indutâncias calculadas a partir das duas representações. As resistências (próprias e mútuas) e indutâncias mútuas apresentam variações mais acentuadas em altas frequências, próximas a 1 MHz, principalmente devido a diferença de altura entre as representações e a variação das distâncias entre as fases. Além disso, a representação da linha não convencional mostrou-se mais sensíveis à variação da resistividade do solo, mais especificamente para baixos valores. Todas as características apresentadas até então resultam em variações no campo eletromagnético mútuo entre as fases e no retorno da corrente através do solo, que por sua vez, podem resultar em transitórios eletromagnéticos com níveis de tensão e correntes mais acentuados sobre a seção de linha utilizando as torres de altura elevada. Outras questões importantes devem ser levadas em conta no estudo dessa nova tecnologia. Primeiramente, a região amazônica é caracterizada por alta umidade do solo devido às precipitações diárias, grandes bacias hidrográficas, umidade do ar e áreas de várzea. Portanto, a resistividade do solo é em geral muito baixa, possibilitando maiores níveis de sobretensões sobre o sistema de transmissão em destaque neste artigo. Outra questão se refere à altura elevada das torres e ao posicionamento dos cabos para-raios. Devido à altura da torre e ao alto índice ceráunico da região amazônica, as fases dessas seções de linha estão mais sujeitas a descargas atmosféricas, pois os cabos para-raios não oferecem uma blindagem efetiva. Todos esses aspectos são temas de futuros estudos e devem ser estudados com critério para a implementação adequada dessa nova tecnologia de transmissão. AGRADECIMENTOS À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES/Processo 4570-11-1) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq). REFERÊNCIAS [1] W. M. Frota. “Melhorias estruturais de suprimentos para os sistemas elétricos isolados de Manaus e Macapá”, Revista T & C Amazônia, vol. 3, n. 6, pp.23-29, 2005. [2] G. N. D. De Doile, R. L. Nascimento. “Linhão Tucuruí-1800 km de integração regional”, Revista T & C Amazônia, vol. 8, n. 18, pp.58-62, 2010. [3] Technique catalog. Hebei Eissun Communication Equipment CO. (2010, November) Available: http://www.hebeicomms.com/cp1.htm. 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