Concepção dos Moradores da Zona Urbana do Município de

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Concepção dos Moradores da Zona Urbana do Município de
Guarantã Do Norte/MT Sobre a Espécie Achatina Fulica
Autora: Cíntia Cavalcante de Souza Costa (FAFIPA)*
Autora: Letícia Queiroz de Souza Cunha (UEG)*
Coautor: Juliano Ciebre dos Santos (FSA)*
Resumo: O objetivo principal desta pesquisa foi verificar como os moradores da zona urbana
de Guarantã do Norte/MT estão lidando com a presença de A. fulica. A presente pesquisa foi
realizada na zona urbana do município de Guarantã do Norte no estado de Mato Grosso. Através
de questionários semiestruturados, aplicados de forma individual, na residência do entrevistado,
foram coletadas informações sobre a relação entre os guarantaenses e a espécie em questão. A
introdução do caracol A. fulica no município de Guarantã do Norte modificou a vida de muitos
moradores observando-se alteração de hábitos e implicações psicológicas. Dessa forma é
necessário que o poder público, a educação e a população trabalhem juntos, a fim de melhorar
a eficiência das ações no controle desse caracol com a finalidade de garantir uma vida digna às
presentes e futuras gerações.
Palavras-chave: Achatina fulica; Guarantã do Norte; Controle.
1. INTRODUÇÃO
Os deslocamentos de espécies têm proporcionado à sociedade moderna benefícios nunca antes
vistos em todas as regiões do planeta (OLIVEIRA et al., 2002). Por todo planeta organismos
considerados exóticos foram transportados, tanto acidentais quanto intencionalmente, pelo ser
humano para novos ambientes, interagindo com as espécies nativas (MARINI-FILHO, 2002).
Existem espécies que ao serem artificialmente introduzidas em ambientes que não fazem parte
de sua distribuição geográfica natural, chamadas exóticas, adaptam-se às condições climáticas
*
Cíntia Cavalcante de Souza Costa, Licenciada em História pela Faculdade Estadual de Educação, Ciências e
Letras de Paranavaí (FAFIPA, Paranavaí-PR, 2002), Especialista em Educação Ambiental e a prática escolar
pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão (IBPEX, Curitiba, 2005). Atualmente docente do ensino
superior na Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte – MT, Rua Jequitibá, nº 40, Jardim Aeroporto.
Cep: 78520-000. E-mail: [email protected]
Letícia Queiroz de Souza Cunha, Licenciada em Ciências – Habilitação em Biologia pela Universidade
Estadual de Goiás (UEG); Pós Graduada em Educação Ambiental pela Universidade do Estado de Mato Grosso
(UNEMAT) e em Metodologia e Didática no Ensino Superior pela Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã
do Norte (FCSGN); Professora da Educação Básica de Mato Grosso, e-mail: [email protected]
*
*
Juliano Ciebre dos Santos, Licenciado em Informática pela Fundação Santo André (FSA, Santo André-SP,
2004), Especialista em Informática aplicada à Educação e Mestre em Educação Desenvolvimento e Tecnologias
pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS, São Leopoldo-RS, 2008). Atualmente docente do
ensino superior na Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte-MT, Rua Jequitibá, nº 40, Jardim
Aeroporto. Cep. 78520-000. E-mail: [email protected].
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regionais multiplicando-se rapidamente no ambiente provocando a eliminação de espécies
nativas, sendo consideradas invasoras (JAIME, 2005).
O efeito negativo das espécies exóticas invasoras sobre as espécies nativas deve-se ao fato de
possuírem atributos físicos e comportamentais mais competitivos além da inexistência de
predadores naturais (FISCHER & COLLEY, 2005).
Segundo o Biólogo André Jean Deberdt da Coordenação Geral de Fauna do Ibama, "a
supremacia das espécies invasoras provoca desequilíbrios ambientais nos nichos onde elas se
inserem. Mais grave ainda são os patógenos que muitas vezes acompanham estas espécies,
representando um grave risco para a fauna e flora nativas e para o homem" (JAIME, 2005).
Devido à gravidade desse problema o Ministério do Meio Ambiente (MMA), juntamente com
a Empresa brasileira de pesquisas agropecuárias (EMBRAPA) e o Programa Global de Espécies
Invasoras (GISP), organizaram a reunião de trabalho sobre espécies exóticas invasoras, com o
objetivo de traçar estratégias regionais para prevenir a introdução de espécies potencialmente
invasoras e de propor planos de manejo para as espécies que já se tornaram pragas nos
ecossistemas sul-americanos (MARINI-FILHO, 2002).
A Constituição Federal Brasileira, no art.225, parágrafo 1º, inciso VII, veda as práticas que
coloquem em risco a função ecológica ou provoquem a extinção de espécies da fauna, tornandose necessário o controle e, dependendo da espécie, a proibição de sua entrada, cabendo ao
IBAMA o dever de exercer tal controle, conforme o art. 4º da Lei 5.197 de 03 de janeiro de
1967 e a lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, no capítulo V, Art.31 (IBAMA, 1998).
Segundo o artigo 18º da portaria 102/98 do IBAMA e o Artigo 31º da Legislação Ambiental
Brasileira a importação de invertebrados vivos é proibida. O que caracteriza ilegal a introdução
do Achatina fulica, também conhecido como “Gigante Africano”, ou “Escargot Chinês” nos
anos 80 em uma exposição em Curitiba/PR, como sucedâneo do Helix sp. (IBH, 2003/04;
SILVESTRE, 2006, AMARAL, 2003).
O caracol A. fulica é uma espécie conhecida pelo seu alto potencial invasor constando como
uma das cem piores espécies da Lista da União para a Conservação da Natureza (UICN)
(AMARAL, 2003).
Desde publicação do primeiro registro de infestação ambiental do A. fulica, informando sobre
a necessidade de monitoramento da espécie exótica em vida livre, os órgãos governamentais
para controle e fiscalização foram ineficientes e a transferência ilegal desse caracol, incentivada
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pela quantidade de cursos de “escargot” e pela divulgação comercial feita através da mídia,
ocorreu, aumentando nos anos seguintes a sua disseminação pelo território brasileiro (Teles &
Fontes, 1997).
A. fulica é originária da África, com ocorrência de Natal e Moçambique no sul do Kenya à
Somália italiana ao norte. Devido ao fato de apresentar desenvolvimento de massa muscular
mais rápido, possuir maior resistência a fatores ambientais e ser mais eficiente na postura e no
número de ovos em relação ao Helix sp. foi levada a vários países como alternativa econômica
(Raut & Barker 2002).
A ausência de retorno financeiro culminou na soltura das matrizes dos criadouros da espécie A.
fulica, o que possibilitou o estabelecimento de grandes populações em vida livre tornando-se
praga agrícola e ameaçando a saúde pública por ser vetor de dois vermes pertencentes ao gênero
Angiostrongylus: o Angiostrongylus costaricensise o Angiostrongylus cantonensis (SILVA,
2003, IBAMA, AMARAL, 2003).
No Brasil o caramujo A. fulica se encontra disseminado por 23 estados englobando diferentes
ecossistemas (Teles et al., 1997; Vasconcellos & Pile, 2001; Teles & Fontes, 2002). No estado
de Mato Grosso encontra-se registro de A. fulica em vários municípios, sendo um deles o
Guarantã do Norte (SEMA, 2004).
O objetivo principal desta pesquisa foi verificar como os moradores da zona urbana de Guarantã
do Norte/MT estão lidando com a presença de A. fulica. Tendo como objetivos específicos:
averiguação da existência de caracóis nos lotes residenciais; análise das formas de controle
utilizadas pela população no combate à espécie e identificação do conhecimento acerca das
possíveis consequências à saúde e ao meio ambiente.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Histórico do Município
A região do município de Guarantã do Norte foi habitada primeiramente por várias nações
indígenas, dentre elas os Kreen-Akarole e os Kaiapós, os quais foram levados para o Parque
Nacional do Xingu quando a região foi ocupada pelos “brancos”. Com a implantação da BR
163 começa o processo de colonização do norte mato-grossense. Em 1980, teve início o Projeto
de assentamento de Colonos de Peixoto de Azevedo – PAC, com o objetivo de atender 300
famílias cujas terras foram desapropriadas, na região sul (FERREIRA, 1997).
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Ao mesmo tempo os colonos sem-terra que saíram do Paraná, em consequência da mecanização
das lavouras, e arrendaram terras no Paraguai estavam sendo expulsos, devido ao vencimento
do contrato que haviam firmado por um período de três anos. Com o intuito de resolver esta
questão os colonos, liderados pelas freiras Dominicanas, enviaram uma solicitação ao
Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), a qual requeria
terras para assentar 500 famílias brasileiras (FERREIRA–1997).
A solicitação foi atendida através do segundo projeto de assentamento para a região, o Projeto
de Assentamento Braço Sul, que em 1981 assentou 330 famílias que viviam na divisa do Brasil
com o Paraguai. Neste quadro surgiu o município de Guarantã do Norte. Fundado em 1979 foi
elevado à categoria de distrito em 16 de novembro de 1981 pela Lei n° 4.387 e a categoria de
município em 13 de Maio de 1986 através da Lei n° 5008, desmembrando – se, assim, do
município de Colíder. O nome da cidade, Guarantã de Norte, tem origem em uma árvore típica
da região, de mesmo nome, com classificação botânica Esembechia leiocarpa, da família das
rutáceas (FERREIRA, 1997).
Está localizado na divisa do estado de Mato Grosso com o Pará, com coordenadas geográficas
09°54’37’’, longitude Oeste Gr. e altitude de 260m no Planalto Residual norte, Serra do
Cachimbo. Sua extensão territorial é de 4.763,31 Km2 contando com uma população
aproximada de 27.264 habitantes (IBGE, 2000).
Distante de Cuiabá cerca de 725Km faz divisa com os municípios de Novo Mundo, Matupá e
o Estado do Pará. Dentre as atividades econômicas destaca-se a agropecuária e o extrativismo
vegetal (FERREIRA–1997).
2.2 Coleta de dados
Os dados foram coletados na zona urbana do município, entre julho e novembro de 2006, devido
ao fato da espécie A. fulica apresentar variações comportamentais no período seco e chuvoso.
As amostras foram aleatórias, sem distinção de classe social, com sujeitos residentes em regiões
altamente infestadas e regiões pouco infestadas por essa espécie.
Os procedimentos metodológicos utilizados nesse estudo tiveram o apoio teórico de Rezende
(1990), que defende a linha fenomológica. Segundo o autor a pesquisa essa linha contém três
momentos importantes, sendo que o primeiro a Constatação – observação da realidade para
descrevê-la de forma significativa, a partir da coleta de dados. O segundo a Compreensão –
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quando tenta-se entender a realidade constatada e o terceiro a Projeção – prospectiva que referese a parte prática da pesquisa, ou seja, são as ações colocadas em prática para que se possa
atingir o objetivo da pesquisa.
Utilizou-se a observação assistemática, que se caracteriza por ser não-estruturada, livre e
simples, o que possibilita recolher e registrar os fatos da realidade sem a utilização de meio
técnico especial ou a necessidade de fazer perguntas diretas (Rezende, 1990).
Para a entrevista a estratégia utilizada foi o desenvolvimento de um questionário
semiestruturado, com questões abertas e fechadas, no intuito de registrar o maior número de
informações pertinentes à pesquisa, além de reservar um espaço para observações e
depoimentos pertinentes.
O questionário foi aplicado de forma individual, na residência do entrevistado, para melhor
observar as condições dos lotes com e sem a ocorrência de A. fulica. Ao final obteve-se um
total de 74 moradores entrevistados, com relatórios em fichas individuais.
2.3 Descrição da espécie
A espécie A. fulica possui a seguinte classificação biológica: Reino Metazoa; Filo Mollusca;
Classe Gastropoda; Subclasse Pulmonata; Ordem Stylommatophora; Subordem Signurethra;
Superfamília Achatinoidea; Família Achatinidae; Gênero Achatina; Espécie Achatina fulica
(STORER et al.; SIMONE, 1999).
É um molusco terrestre com musculatura bem desenvolvida, sendo suas partes visíveis a
cabeça, o pé e a concha calcária, constituída de carbonato de cálcio, que lhe serve de abrigo e
proteção (RIBAS, 1986, STORER et al., 2000).
As características que diferenciam essa espécie das nativas são: concha cônica marrom ou
mosqueada de tons mais claros, com o corpo de tonalidade cinza-escuro. Os indivíduos são de
grande porte podendo atingir mais de 20 cm de comprimento de concha e pesar até 500 g. Seus
ovos são de coloração branco-leitosa ou amarelada, com tamanho um pouco maior que uma
semente de mamão (SILVA, 2003; RIBAS, 1986).
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2.4 Resultados e Discussão
De acordo com a pesquisa realizada todos os indivíduos da amostra (n = 74) conhecem o caracol
A. fulica. A idade média dos entrevistados foi de 43,29 anos, com representantes que possuíam
grau de escolaridade variando entre analfabetos até graduados, numa frequência de 2,7% (n =
4) analfabetos, 43,24% (n = 32), ensino fundamental incompleto, 2,7% (n = 4) com o segundo
grau incompleto, 2,7% (n = 4) com o segundo grau completo e por último 40,54% (n = 30) com
o ensino superior completo.
A introdução dessa espécie no município, segundo depoimento de funcionários da SEMA,
unidade de Guarantã do Norte (comunicação pessoal, 2006), se deu de forma ilegal, por um
morador que trouxe as matrizes de Goiânia-GO para vender como aperitivo aos clientes do seu
bar. Esse fato é confirmado pelo Instituto Brasileiro de Helicicultura (IBH) e pelo Instituto
Hórus, os quais divulgam que a introdução dessa espécie no Brasil se deu com o intuito de
criação comercial para suprir restaurantes e pesque-pague em substituição ao verdadeiro
“escargot” (Helix sp.).
A espécie era criada em um viveiro e se proliferou muito em pouco tempo. Ao assistirem uma
reportagem sobre os riscos potenciais do A. fulica, a família decidiu queimar o criatório, porém,
já havia muitos indivíduos em vida livre, segundo descreve funcionários da SEMA unidade de
Guarantã do Norte (comunicação pessoal, 2006).
Devido à grande quantidade de lotes vagos, número reduzido de predadores, proteção de alguns
moradores e a grande quantidade de chuvas na região esses animais encontraram condições
favoráveis e reproduziram muito espalhando-se por vários bairros da cidade, narra um
funcionário da SEMA unidade de Guarantã do Norte (comunicação pessoal, 2006).
Através de observação in locu, constatou-se que havia caracóis da espécie A. fulica em vida
livre na zona urbana, nos lotes residenciais, nas margens de córregos urbanos e no depósito de
lixo da cidade.
O relato de uma moradora da Rua Angelim, Bairro Cidade Nova, configura o que é afirmado
por artigo publicado pelo IBAMA (2005) no Instituto Hórus e Guilherme (2005) dos hábitos
arborícolas dessa espécie: “Os caramujos sobem no muro, nas paredes, eu tive que derrubar o
pé de mamão de tanto caramujo que tinha, não tem jeito de plantar cebolinha nem em canteiros
altos”.
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Nas casas localizadas na proximidade do córrego verificou-se grande quantidade de indivíduos,
provavelmente devido à umidade e grande oferta de alimento. Uma criança, cuja residência faz
divisa com o local em questão, conta sua relação com o A.fulica: “Eu acho todo dia o caramujo
africano nas plantas e no chão. Mato tudo com o facão” (comunicação pessoal, 2006).
A presença desse animal no depósito de lixo da cidade leva a crer que indivíduos dessa espécie
estão sendo transportados pelos caminhões de coleta urbana e pelos próprios moradores, junto
com entulhos. O que caracteriza um sério problema, pois esse local é isolado em meio às
chácaras, significando potencial risco de ocupação das áreas rurais pelo A. fulica.
As formas de controle da população de A. fulica citadas pelos moradores foram: coleta apenas
no período de campanha 29,72% (n = 22), utilização de sal 27,06% (n = 20), queima 16,21%
(n = 12), esmagamento 5,4% (n = 4), colocação de caracóis vivos para o recolhimento junto ao
lixo urbano 5,4% (n = 4) e 16,21% (n = 12) não controlam.
Esse resultado leva a crer que nos períodos do ano sem campanha o controle da espécie diminui,
porém ela se encontra em atividade o ano inteiro. Fato relatado por um entrevistado: “Em baixo
das plantas, todos os dias quando vou jogar água, na parte da tarde eu encontro caramujo
africano, parecem que eles brotam da terra” (COMUNICAÇÃO PESSOAL, 2006).
Características como hermafroditismo, meses postura de grande número de ovos, com variações
entre 50 a 600 ovos por desova, podendo chegar a até 5 posturas por ano, alcançar a maturidade
sexual aos 4 meses e resistência a seca e ao frio, são alguns dos fatores responsáveis pela rápida
e eficiente dispersão dessa espécie, segundo Guilherme (2005) e o Instituto Hórus, podendo
haver variações de acordo com fatores ambientais, devido ao metabolismo desses animais
(RIBAS, 1986).
Em 70,27% (n = 52) dos quintais há caracóis da espécie A. fulica, causando alterações na vida
dos moradores e na economia do município, como aponta o depoimento de um funcionário da
fábrica de carrocerias localizada na rua sapotis esquina com a avenida guarantã: “Não compro
mais verduras aqui da cidade, porque tenho nojo da baba deles. Dizem que causa doença. Eles
aparecem mais quando chove, quando ta seco, eles ficam embaixo das madeiras e só saem de
noite, come tudo e sobe nas paredes causa muito estrago” (COMUNICAÇÃO PESSOAL,
2006).
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Na opinião dos entrevistados sobre os danos causados à população 91,89% (n = 68) disseram
que A. fulica transmite doenças, 2,7% (n = 2) acreditam que essa espécie é inofensiva e 5,4%
(n = 4) relatam desconhecer sobre o assunto. O que demonstra que a maioria da população tem
conhecimento dos riscos ocasionados a saúde, pois segundo dados relatados pelo IBAMA e o
MMA essa espécie está envolvida na transmissão de dois nematóides: Angiostrongylus
cantonensis e o Angiostrongylus costaricensis.
No item pesquisado sobre os danos causados ao ambiente, os resultados demonstram que a
população necessita de mais informações, pois, apesar de 54,05% (n = 40) dizerem que a
espécie causa danos, esses não souberam dizer com clareza quais eram. 10,81% (n = 8)
afirmaram que o caracol não prejudica o ambiente e 35,14% (n = 26) relatam que desconhecem
sobre o assunto. Por ser uma espécie considerada generalista podendo se alimentar de, pelo
menos, 41 plantas de culturas agrícolas de interesse comercial para o Brasil, além de plantas
ornamentais e nativas ameaçam o equilíbrio dos ecossistemas e à agricultura (IBAMA/MMA,
2005).
A introdução deste caracol no município de Guarantã modificou a vida de muitos moradores,
que relatam a dificuldade em controlar a população de caracóis do seu quintal, observando-se
mudanças de hábitos, como recolhimento de indivíduos todos os dias, aumento do gasto com
cal e, ou, sal e implicações psicológicas como sentimento de nojo, medo de adquirir doenças,
etc. (comunicação pessoal, 2006).
3. CONSIDERAÇOES FINAIS
Apesar dos órgãos governamentais realizarem campanhas de coleta entre os meses de janeiro a
maio, devido à maior incidência de indivíduos, por ser período chuvoso, nota-se que a
população ainda está carente de informações, e muitas vezes não considera a proliferação dessa
espécie como um problema, convivendo com ela, de forma direta, através do consumo de
alimentos cultivados em contato com o A. fulica.
Segundo a descrição de moradores (comunicação pessoal, 2006) A. fulica está ativo durante
todo o ano fazendo-se necessário desenvolver um controle contínuo. A melhor estratégia no
combate a esta verdadeira praga é a divulgação de informações, no sentido de esclarecer o papel
da população no controle e na disseminação de espécies, desenvolvendo técnicas de controle e
evitando que outras áreas sejam infestadas.
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Esta pesquisa poderá permitir o estabelecimento de estratégias, no sentido de melhorar as
práticas de saneamento ambiental e consequentemente melhora no controle dessa espécie
possibilitando a população uma melhor qualidade de vida.
Dessa forma é necessário que o poder público, a educação e a população trabalhem juntos, a
fim de melhorar a eficiência das ações no controle do caracol A. fulica, divulgando a educação
ambiental desde os primeiros anos de vida do ser humano visando garantir uma vida digna as
futuras gerações.
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