Revolução Francesa 1789 - 1799 Marco tradicional do início da Idade Contemporânea: “A história ‘moderna’ termina em 1789, com aquilo que a Revolução batizou de ‘Antigo Regime’. (...) 1789 é a chave para o antes e para o depois. Separa-os, e portanto os define, ‘explica’.” (François Furet) • A Revolução estabeleceu modelos políticos e constitucionais. • Conceitos como cidadania, Estado-nação, mobilização popular, soberania do povo, liberdade, igualdade e fraternidade passaram a ter um novo significado a partir de 1789. • Foi uma revolução essencialmente burguesa, mas não exclusivamente burguesa, uma vez que sem a revolução popular e a revolução camponesa não seria possível derrubar o Antigo Regime (privilégios da nobreza e do clero). França às vésperas da Revolução • Sociedade francesa estava dividida em três ordens ou estados. • Contradições econômicas: desenvolvimento das forças produtivas e permanência de relações feudais. • Intervenção do Estado na economia. • Déficit público crônico agravado pela Guerra dos Sete Anos, 1756 – 1763, e Guerra de Independência das Treze Colônias, 1776 – 81. • Excessiva carga tributária sobre o Terceiro Estado, equivalente à 80% da renda dos camponeses gastos com impostos. • 88% da renda dos trabalhadores urbanos era gasto com a compra de pão. “Que é o Terceiro Estado? Tudo Que tem sido até agora na ordem política? Nada. Que deseja? Vir a ser alguma coisa.” Panfleto intitulado (Qu’est-ce que le Tiers État? 1788) As fases da Revolução Francesa • Monarquia Constitucional (1789 – 1792): impasse entre os deputados reunidos na Assembleia dos Estados Gerais acerca do déficit público e do sistema de contagem de votos. Principais medidas: abolição dos privilégios feudais; extinção da servidão; Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (26 de agosto de 1789). “Esse documento é um manifesto contra a sociedade hierárquica e de privilégios nobres, mas não um manifesto a favor de uma sociedade democrática e igualitária. ‘Os homens nascem e vivem livres e iguais perante as leis’, dizia seu primeiro artigo; mas ele também prevê a existência de distinções sociais, ainda que ‘somente no terreno da utilidade comum’. A propriedade privada era um direito natural, sagrado, inalienável e inviolável. (...) A Declaração afirmava (...) que ‘todos os cidadãos têm o mesmo direito de colaborar na elaboração de leis’; mas ‘pessoalmente ou através de seus representantes’. (Eric Hobsbawm). Burguesia (alta) já havia alcançado seus objetivos: • Monarquia constitucional; • Sufrágio censitário; • Defesa da propriedade privada; • Igualdade jurídica • Governo representativo; • Extinção dos privilégios hierárquicos de nascimento; • Implantação de um Estado laico; • Superação dos entraves fiscais. • Nacionalização dos bens do clero e a emissão de bônus garantidos pelos bens nacionalizados. • Elaboração da Constituição Civil do Clero, com o objetivo de garantir a lealdade do clero às mudanças revolucionárias. • Promulgação da Constituição de 1791. A França passa a ser uma Monarquia Constitucional. • O rei Luís XVI tenta fugir em junho de 1791. • 1792 o rei é destituído do poder e é eleita uma nova assembleia por meio do sufrágio universal masculino. • Momento de radicalização da revolução. Convenção Nacional (1792-1795): eleita por sufrágio universal, era formada por 749 deputados. Sua principal tarefa era defender a revolução de seus inimigos internos e externos. Fase marcada pelo aumento das pressões populares e pelo radicalismo das posições políticas. Extinguiu a Monarquia, proclamou a Primeira República da França, acabou com a escravidão nas colônias. • Início do Calendário Republicano, que tinha como princípio “revolucionar o tempo”. Grupos que estavam no poder: • Girondinos: corrente política que expressava as aspirações da alta burguesia. Defendiam posições moderadas temendo que as camadas populares assumissem o controle da revolução; • Jacobinos: representantes da pequena e média burguesia e do proletariado de Paris, defendiam posições mais radicais de interesse popular; • Planície: burguesia oportunista que mudava de posição conforme suas conveniências imediatas, embora, frequentemente, apoiassem os girondinos. “Não reconheço uma humanidade que massacra o povo e perdoa os déspotas” Robespierre. • Execução do rei em 21 de janeiro de 1793. • Afastamento dos girondinos. • Momento de dificuldades: tropas estrangeiras cercam a França; revoltas de camponeses incentivadas pela Igreja; crise econômica e carestia de alimentos nas cidades desesperando os mais pobres; girondinos apoiando uma contrarrevolução. • República Jacobina (2 de junho 1793 a 27 de julho de 1794): início do “Período do Terror” com a instalação do Tribunal Revolucionário responsável pelo julgamento sumário dos suspeitos. • Outras medidas: abolição da escravidão nas colônias; obrigatoriedade do ensino público e gratuito; “Lei do Máximo” que estabeleceu o “dirigismo econômico”; confisco das propriedades da nobreza imigrada; reforma agrária que deu origem a, aproximadamente, 3 milhões de pequenas propriedades; exército por recrutamento em massa; implantação do Grande Terror. • Inicio da Reação Termidoriana com um golpe dos girondinos. Aproximadamente 17 mil pessoas foram guilhotinadas e 25 mil executadas sumariamente. “Santa Guilhotina, protetora dos patriotas, rogai por nós; Santa Guilhotina, terror dos aristocratas, protegei-nos. Máquina adorável, tende piedade de nós. Máquina admirável, tende piedade do nós. Santa Guilhotina, livrai-nos dos nossos inimigos. (com a melodia da Marselhesa) Ó, celeste guilhotina, Você abrevia rainhas e reis, Por sua influência divina Reconquistamos nossos direitos (bis)” Diretório (1795-1799): de caráter burguês e moderado. • Governo de cinco diretores. • Volta do sufrágio censitário. • Dependência girondina do exército para conter as revoltas populares e também as ameaças externas à França. • Agravamento da crise econômica • Destaque para o general Napoleão Bonaparte que em 9 de novembro de 1799 liquida a revolução, conforme suas próprias palavras, no chamado Golpe do 18 Brumário. “A França deseja qualquer coisa de grande e durável. A instabilidade perdeu-a, é a fixidez que ela invoca. (...) Quer, enfim, colher o fruto de dez anos de sacrifícios.” (Albert SOBOUL). Abriu-se, assim, caminho para a instalação da ditadura bonapartista (1799-1815). • Consulado (1799-1804) • Império (1804-1814) • Governo dos Cem Dias (março a junho de 1815) • Congresso de Viena: representou o espírito antiliberal e antirrevolucionário da Europa. • • • • • • Napoleão e a consolidação dos princípios liberais na França 1799 – nova Constituição é decretada. Código Civil Napoleônico: consolidou o Estado burguês com a garantia das liberdades individuais, a ordem pública, e a proteção à propriedade. Acordo entre o Estado e a Igreja Católica. 1804: Napoleão proclama-se Imperador. Política expansionista levando à transformação geopolítica do continente europeu. Uniformização do sistema de pesos e medidas, códigos de leis, cargos políticos e militares. • Elite: condecorações por serviços prestado à nação – Legião de Honra e títulos nobiliárquicos – criando distinção entre os cidadãos. • Guerras Napoleônicas: motivados por conduzir a liberdade a todos os povos que viviam sob o jugo de governos despóticos. • Ideal revolucionário substituído pelo expansionismo militar. • Bloqueio Continental: proibia o acesso de navios ingleses aos portos dos países aliados ou dependentes da França. • Fracasso na campanha contra a Rússia.