Projeto Terapêutico Global Unidade I 2013

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GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE
CIAPS – ADAUTO BOTELHO
PROJETO TERAPÊUTICO DOS POSTOS DE INTERNAÇÃO DOS USUÁRIOS DO
CIAPS ADAUTO BOTELHO – UNIDADE I
Comissão de Projeto Terapêutico do CIAPS AB
Equipe Multidisciplinar do CIAPS AB
Diretoria Técnica do CIAPS AB
Gerência Técnica do CIAPS AB
Responsabilidade Técnica do CIAPS AB
Organizadores
CUIABÁ MT
Agosto de 2013
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APRESENTAÇÃO
O Centro Integrado de Assistência Psicossocial – CIAPS Adauto Botelho, consiste
em um conjunto de instituições de saúde mental, que são atualmente a principal
referência estadual na área. Tem o objetivo de prestar atendimento aos cidadãos
portadores de transtornos mentais, promovendo a implantação e implementação de
assistência à saúde mental da população. É composto pelas seguintes Unidades:
CAPS AD – atendimento multidisciplinar a dependentes químicos e uso
prejudicial de substâncias psicoativas, de ambos os sexos;
CAPSi – atendimento multidisciplinar a crianças e adolescentes com
transtorno mental grave e invasivo, em sofrimento psíquico, e suas
comorbidades;
Pronto Atendimento – PA livre demanda e assistência à urgência e
emergência em saúde mental 14 leitos;
Unidade I – Composta pelos postos de internação para adultos de ambos
os sexos, portadores de transtorno mental severo em crise 70 leitos;
Unidade II Pascoal Ramos
– internação masculina a pacientes
psiquiátricos em cumprimento de medida de segurança 22 leitos;
Unidade III – internação de usuários dependentes químicos do sexo
masculino 50 leitos;
Lar Doce Lar – residência de cidadãos portadores de deficiência física e
mental tutelados pelo Estado de Mato Grosso 22 moradores.
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O presente documento visa tornar público o Projeto Terapêutico dos postos de
internação dos usuários do CIAPS Adauto Botelho – Unidade I.
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INTRODUÇÃO
De acordo com a cartilha do Ministério da Saúde “Humanizasus, Prontuário
Transdisciplinar e Projeto Terapêutico”, o Projeto Terapêutico é um documento que
expressa um processo de elaboração transdisciplinar, ou seja, uma pactuação entre os
profissionais de diversas áreas que fazem parte das equipes que atendem cada
paciente. O Projeto Terapêutico deve “necessariamente, incluir ações que visem ao
aumento de autonomia do doente e da família sobre o seu problema, no sentido do
cuidado de si com a transferência de informações e técnicas de cuidado”.
O Projeto Terapêutico da Unidade I – Internação do Centro Integrado de
Assistência Psicossocial (CIAPS) “Adauto Botelho” utiliza o Plano Nacional de
Humanização como base da condução terapêutica e está consubstanciado em duas
cartilhas do Ministério da Saúde: “Humaniza SUS, Prontuário Transdisciplinar e Projeto
Terapêutico” e a “Clínica Ampliada, Equipe de Referência e Projeto Terapêutico
Singular”. Ambas definem as diretrizes que visam a assistência singularizada dos
usuários.
É importante ressaltar que este Projeto Terapêutico é um documento dinâmico,
devendo ser revisado periodicamente pelas equipes de saúde mental da Unidade I.
Neste documento, encontram-se sistematizadas as pactuações entre os profissionais,
que já vêm ocorrendo cotidianamente, e que segue os dispositivos da Clínica Ampliada
e da Escuta. Clínica Ampliada propõe que o profissional de saúde desenvolva a
capacidade de ajudar as pessoas, não só a combater as doenças, mas a transformar-se,
de forma que a doença, mesmo sendo um limite, não a impeça de viver outras coisas na
sua vida.
Nas doenças crônicas ou muito graves isto é mais importante, porque o resultado
sempre depende da participação da pessoa doente, e essa participação não pode ser
entendida como uma dedicação exclusiva à doença, mas, sim, uma capacidade de
“inventar-se” apesar da doença. A Escuta significa, num primeiro momento, acolher toda
queixa ou relato do usuário mesmo quando possa parecer não interessar diretamente
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para o diagnóstico e tratamento. Mais do que isto, é preciso ajudá-lo a reconstruir (e
respeitar) os motivos que ocasionaram o seu adoecimento e as correlações que o
usuário estabelece entre o que sente e a vida – as relações com seus convivas e
desafetos, ou seja, perguntar por que ele acredita que adoeceu e como ele se sente
quando tem este ou aquele sintoma.
Quanto mais a doença for compreendida e correlacionada com a vida, menos
chance haverá de se tornar um problema somente do serviço de saúde, mas sim,
também, do sujeito doente. É mais fácil, assim, evitar a infantilização e a atitude passiva
diante do tratamento. Pode não ser possível fazer uma escuta detalhada o tempo todo
para todo mundo (dependendo do tipo de serviço de saúde), mas é possível escolher
quem precisa mais, e é possível temperar os encontros clínicos com estas “frestas de
vida” (Ministério da Saúde, 2007).
A partir deste Projeto Terapêutico, a Unidade I do CIAPS Adauto Botelho torna
público o seu compromisso com os ideais da Reforma Psiquiátrica e da Luta
Antimanicomial no Brasil, de acordo com as premissas da lei nº 10.216/2001, com a
Política Nacional de Humanização, com as Diretrizes da Organização Mundial de Saúde
(OMS) e da Organização Panamericana de Saúde (OPAS). Ressalta ainda que, de
acordo com esta legislação, o tratamento em saúde mental não é exclusividade do
CIAPS Adauto Botelho, quaisquer hospitais devem estar preparados para uma
internação psiquiátrica, sendo a internação sempre o último recurso terapêutico. Reitera,
ainda, a inserção do CIAPS no contexto do Sistema Único de Saúde do Estado de Mato
Grosso, segundo os princípios de Acessibilidade, Equidade e Integralidade da
Assistência consagrados na Lei nº 8080.
Este Projeto Terapêutico está composto por duas partes: a primeira retrata o
histórico do CIAPS Adauto Botelho, as diretrizes, ações e fundamentação teórica em
saúde mental; a segunda parte contém as ações voltadas à condução terapêutica em si,
que visa colocar em prática a direção do tratamento realizado pelas equipes. A
legislação e referências seguidas pela Unidade I do CIAPS Adauto Botelho são:
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LEIS E PORTARIAS
•
Lei 10.216/2001 de 06 de abril de 2001 do Ministério da Saúde - Dispõe
sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e
redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
•
Portaria nº 251/GM, de 31 de janeiro de 2002, Estabelece diretrizes e
normas para a assistência hospitalar em psiquiatria, reclassifica os hospitais
psiquiátricos, define e estrutura, a porta de entrada para as internações psiquiátricas na
rede do SUS e dá outras providências.
•
Portaria nº 2.391, de 26 de dezembro de 2002 também do MS
Regulamenta o controle das internações psiquiátricas involuntárias (IPI) e voluntárias
(IPV) de acordo com o disposto na Lei 10.216, de 6 de abril de 2002, e os
procedimentos de notificação da Comunicação das IPI e IPV ao Ministério Público pelos
estabelecimentos de saúde, integrantes ou não do SUS.
•
Portaria 469, de 6 de abril de 2001 também do MS Altera a sistemática de
remuneração dos procedimentos de internação em hospital psiquiátrico e dá outras
providências.
•
Portaria GM/MS nº 52, de 20 de janeiro de 2004 Institui o Programa Anual
de Reestruturação da Assistência Psiquiátrica Hospitalar no SUS – 2004 (PNASHPsiquiatria).
REFERÊNCIAS
•
Cartilha do Ministério da Saúde “Humaniza SUS, Prontuário Transdisciplinar e
Projeto Terapêutico”, Brasília/DF, 2004.
•
Cartilha do Ministério da Saúde “Clínica Ampliada, Equipe de Referência e
Projeto Terapêutico Singular”, Brasília/DF, 2007.
•
Cartilha do Ministério da Saúde “Álcool e Redução De Danos uma abordagem
inovadora para países em transição”, Brasília/DF, 2004.
•
Cartilha do Ministério da Saúde, “Ambiência”, 2ª edição, Brasília-DF, 2006.
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I. HISTÓRICO DO CIAPS ADAUTO BOTELHO
De acordo com Oliveira (2005), a primeira medida institucional em saúde mental
em Mato Grosso ocorreu em 1905, quando foi inaugurada a Enfermaria dos Alienados
na Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá. Esta medida, com meio século de diferença
dos outros polos brasileiros, refletia as preocupações governamentais com as questões
sanitárias, higiênicas e de reorganização do espaço urbano.
Ao longo dos anos que se seguiram, a Enfermaria dos Alienados da Santa
tornou-se insuficiente para o atendimento da demanda. Na década de 30 começou-se a
utilizar, para abrigo e reclusão dos “loucos” de Cuiabá uma chácara localizada às
margens do rio Coxipó, que ficou conhecida como a “Chácara dos Loucos”. O local era
mantido pelo Governo de Mato Grosso e havia guarda feita por policiais, atendimento
médico e de enfermagem esporádicos, além de voluntários.
Em 1955 o governo de Mato Grosso e o Serviço Nacional de Doenças Mentais
firmaram um convênio para a construção de um Hospital Psiquiátrico, e, assim em 1957
inaugurou-se o Hospital Adauto Botelho, na mesma região onde existia a Chácara dos
Loucos.
Nesse período da história da saúde pública brasileira, a tendência predominante
da assistência psiquiátrica era o modelo curativo, individual e especializado, o que
resultou na super-lotação dos hospitais psiquiátricos no país. Na década de 70, o
Hospital Adauto Botelho possuía 250 leitos e contava com 500 pacientes internados.
(OLIVEIRA, 2005)
Em 1975 iniciou-se no Estado o Serviço de Saúde Mental. Até então, Mato
Grosso era um dos únicos Estados que ainda não dispunha de um órgão de
coordenação das atividades em Saúde Mental. Uma das primeiras ações desse serviço
foi a ampliação dos leitos do Adauto Botelho, o que ilustra as práticas manicomiais
vigentes na época, de exclusão social pela internação sem mudança nos aspectos
técnicos e administrativos.
Até o final dos 80 a assistência aos doentes mentais era de responsabilidade do
único hospital público existente. De acordo com Oliveira (2005), a “Indústria da Loucura”
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não ocorreu em Mato Grosso nesse período, porém, a desassistência e reclusão eram a
regra da assistência em saúde mental.
No ano de 1989 inaugurou-se o Instituto de Neuropsiquiatria (INC), contrariando
um movimento nacional que se iniciara no final da década de 70, conhecido como
Reforma Psiquiátrica, iniciado por familiares, usuários e trabalhadores da saúde mental.
Esse movimento reivindicava condições humanas de assistência e o fim dos hospitais
psiquiátricos que funcionavam como verdadeiros depósitos de pessoas, sem objetivos
terapêuticos, utilizando-se do cárcere e de práticas punitivas.
Mesmo na contramão do movimento da Reforma Psiquiátrica, o Instituto de
Neuropsiquiatria é implantado no Estado e logo conveniado à rede pública em 1990.
Inicialmente com 150 leitos, um ano e meio depois já possuía 500 leitos. (OLIVEIRA,
2005)
Em março de 1991 o Hospital Adauto Botelho é fechado para reforma. Por dois
anos e meio Mato Grosso ficou dependente de um único hospital psiquiátrico, privado e
conveniado. Devido ao intenso crescimento populacional e à falta de ações
psicossociais e comunitárias no Estado, crescem em 268% o número de leitos. Segundo
Oliveira (2005), esse foi o momento em que funcionou a “Indústria da loucura”, ou seja,
quando a dita doença mental passa a ter valor de moeda, beneficiando a instituição
privada com a manutenção de leitos por longos períodos.
Em 1993 reinaugurou-se o Hospital Adauto Botelho, agora denominado CIAPS
Adauto Botelho por englobar outras unidades e não apenas a internação. Com poucos
leitos, o hospital funcionava como uma espécie de regulação ao INC, que ainda se
manteve em funcionamento até o ano de 2004 quando foi descredenciado da rede e por
consequência, desativado.
Com uma centena de pessoas em situação de abandono no INC, o município de
Cuiabá implantou dez residências terapêuticas para acolhê-las. Algumas, por critérios
estabelecidos pela equipe de triagem, foram encaminhadas à Unidade I do CIAPS.
Algumas foram reinseridas socialmente, porém, ainda há moradores nas alas feminina e
masculina. O Pronto Atendimento foi implantado no mesmo ano de fechamento do INC,
com o objetivo de acolher os casos de crise aguda, evitando internações desnecessárias
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e referenciando aos outros serviços existentes na rede.
O presente projeto visa, entre várias outras ações a serem descritas a seguir,
romper com a herança histórico cultural deixada por esses acontecimentos passados,
que deixaram marcas manicomiais profundas em nossa sociedade.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DO TRABALHO DAS EQUIPES NA UNIDADE DE
INTERNAÇÃO
Desde o início da Reforma Psiquiátrica no final da década de 70 e
especialmente após a aprovação da Lei 10216/2001, a prioridade da assistência em
saúde mental deslocou-se dos hospitais psiquiátricos para os serviços de base
comunitária. Nasce a Política de Saúde Mental, que visa a reinserção social das
pessoas portadoras de transtorno mental, em substituição ao modelo manicomial até
então vigente no país. É importante ressaltar que esse passo não apenas
redimensionou o atendimento das pessoas com transtorno mental, mas também a forma
com que a sociedade lida com a loucura.
Como Foucalt (1991) aborda, a partir da segunda metade do século XVII a
sociedade ocidental modifica sua relação com a loucura com a criação de asilos em toda
a Europa e no século XIX essa relação se dissolve, separando os loucos, agora vistos
como doentes, da sociedade dita sã. O médico, no hospital, empenhava um trabalho de
devolver a razão ao louco, visto como perigoso à sociedade. Nessas instituições, a
rotina era algo automático, aplicada a todos os pacientes indistintamente, como se
formassem uma massa uniforme e pretendia-se, obediente, como pretendeu Pinel em
seu tratamento moral (FOUCALT, 1991).
A Reforma Psiquiátrica Brasileira, entendida como um “processo político e social
complexo” (MELLO, 2007), implica não somente os serviços e profissionais de saúde,
mas também os usuários, familiares, universidades, estudantes, movimentos sociais,
diversos setores da sociedade como Justiça, Educação, Cidadania e Trabalho, entre
outros. A lógica manicomial passa a ser substituída pela lógica do território, envolvendo
toda a sociedade, incidindo sobre seus valores e preconceitos.
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Porém,
a
instituição
fechada,
muitas
vezes
alicerçada
por
práticas
eminentemente manicomiais, ainda sobrevive em vários Estados do país, mesmo sendo
criticada há muitos anos por seu efeito de exclusão social visivelmente maléfico ao
portador de transtorno mental e a sua família. (SILVA, 2011)
Muitas vezes, o procedimento e a ordem suprimem o singular, a construção da
clínica caso a caso, fechando-se em diagnósticos prontos e gerais, que pouco
contribuem para que qualquer incidência do sujeito seja possível. Como menciona Elia e
Pinto (2007), a instituição fechada não diz respeito apenas ao impedimento do ir e vir
dos usuários, mas também ao fechamento de “todo e qualquer saber e a todo e
qualquer fazer (clínico, social, educacional, comunitário, humanitário, e outros)” (ELIA e
PINTO, 2007, p. 28).
Segundo Silva (2011), o desafio para as equipes que aí atuam pode ser assim
formulado: Como desenvolver um trabalho sem incorrer no grave equívoco de adaptar
as pessoas à instituição? Como possibilitar movimento onde só há inércia e muros?
Como pode um hospital fazer rede e contribuir com a desinstitucionalização?
Como lembra Silva (2011), desinstitucionalização não é o mesmo que
desospitalização. A Reforma Psiquiátrica não se restringe ao fechamento de hospitais
psiquiátricos e abertura de CAPS. Amarante (2007) ressalta que a desinstitucionalização
não se limita apenas à reorganização de serviços, mas visa alcançar as práticas e
concepções sociais.
De acordo com a Lei 10.216, a internação deve ser o último recurso terapêutico,
porém, muitas vezes a sociedade (ou até outros serviços de saúde) demandam que seja
o primeiro e o único. A judicialização da saúde muitas vezes coloca a internação no
centro da assistência através das internações compulsórias sem critérios clínicos, como
aborda Bezerra (2013, p. 109, grifo nosso):
No CIAPS Adauto Botelho, em Mato Grosso, esta é uma questão muito
mais complexa que extrapola ações de âmbito clínico, envolvendo
questões principalmente jurídicas. A internação psiquiátrica é dada a
manejos diversos que podem nem se aproximar do que lembraria uma
necessidade clínica de internação. Nos encaminhamentos e formas
como as pessoas chegam até o Pronto Atendimento (PA) logo se nota
uma abertura a todo tipo de interpretação do que seria uma
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“desorganização subjetiva”, ou uma “ruptura de laços sociais”. Alega-se
o risco que um cidadão corre, bem como sua família, ou mesmo, o risco
que o cidadão oferece à sociedade etc. Rapidamente é possível
perceber que a internação psiquiátrica ainda é um ato que carrega
consigo toda a história da loucura.
As dificuldades de funcionamento de uma rede psicossocial em Cuiabá e no
interior do Estado, muitas vezes resultam na lotação da Unidade de internação do
Adauto Botelho, que se vê “constantemente pressionado pela sociedade a ter que dar
uma resposta sobre o incômodo da loucura” (BEZERRA, 2013, p. 110).
De acordo com Silva (2011), é preciso reafirmar que o hospital não é o centro da
assistência. A internação como último recurso, deve ser de curta permanência, de
maneira que se preservem os laços sociais e a reinserção na comunidade. Não se trata
de resguardar a ordem social “guardando” as pessoas no hospital.
Como situa Bezerra (2013, p.114), “a internação psiquiátrica deveria funcionar
como uma intervenção clínica avançando para além dos “absurdos humanos”, para ser
um lugar onde estes mesmos “absurdos” sejam trabalhados e conquistem um lugar fora
da instituição”.
Na condução dos casos, os profissionais devem resguardar o espaço de
expressão da subjetividade dos pacientes, de maneira que esses não fiquem
submetidos à ordem institucional, e sim o contrário: o funcionamento institucional deve
se moldar de acordo com a terapêutica. As questões administrativas, todas as
intervenções, atividades e atendimentos devem estar voltados a esse fim.
Diante do sofrimento psíquico grave, o manejo clínico não deve se basear no
senso comum, por isso a importância da discussão dos casos em equipe, da formação
continuada e da supervisão clínico-institucional, as duas últimas ainda não realizadas
nas unidades de que tratam esse projeto.
Nesse sentido, Bezerra (2013, p. 117, 118) alerta que na abordagem e escuta
ao paciente, os membros da equipe devem abster-se de se basear em suas crenças,
sentimentos pessoais, gostos e motivações, simpatias ou antipatias: “Deste modo a
relação deixa de ser clínica, não visa uma intervenção, o que torna difícil construir e
discutir em equipe a direção clínica dos casos [...]”
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No tocante ao relacionamento com a rede, o CIAPS é um complexo de unidades
que historicamente se constituiu como referência no atendimento em saúde mental à
população e, dessa forma, espera-se que a função da Unidade de internação não se
limite apenas a receber e tratar pessoas em surto psicótico agudo.
É preciso também que suas ações extrapolem os muros da instituição, atuando
no território com a comunidade, usuários e familiares, fazendo articulações, tecendo
relações, ou seja, realizando um trabalho efetivamente psicossocial. Esse deve ser o
papel de um serviço de saúde, no caso aqui, um hospital psiquiátrico que trabalhe
dentro da política de saúde mental preconizada pelo Sistema Único de Saúde. (SILVA,
2011)
Assim como a equipe está sempre se constituindo, a rede também está sendo
cerzida, caso nos ponhamos no movimento de “furar” a ordem institucional manicomial.
Elia (2004, p.120) ressalta que rede é “uma noção que implica necessariamente a
dimensão da alteridade, havendo ou não serviços outros, além daquele em que se
processa determinado ato de cuidado.”
Dessa forma, a simples existência de outros serviços não garante o trabalho em
rede: é preciso o ato de tecê-la, só possível pela impossibilidade de trabalhar
isoladamente. Silva (2011) Afirma que é preciso criar novas formas de cuidado que
inclua ao invés de excluir, que acolha ao invés de afastar, que faça, ao invés de esperar.
As portas dos serviços e das casas se abrem, novas perspectivas se apresentam onde
só havia a porta fechada de uma enfermaria. Para que isso seja possível, é preciso que
as equipes se apropriem, em seu cotidiano, das práticas psicossociais, dos princípios da
Clínica Ampliada que devem substituir a Clínica Tradicional.
Vale ressaltar que a Clínica Ampliada exige o trabalho em equipe e a articulação
dos profissionais como ponto fundamental de toda e qualquer ação a ser realizada por
um serviço de saúde. (BRASIL, 2007)
Nesse viés, não há hierarquia de saber e sim uma corrente que faz elos entre os
profissionais que conduzem o tratamento e, juntos, buscam inventar a clínica caso a
caso, resguardando a singularidade, evitando a fragmentação das ações e facilitando as
intervenções terapêuticas não invasivas.
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CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO TERAPÊUTICO DOS POSTOS DE INTERNAÇÃO
DA UNIDADE I
O objetivo da Unidade I do CIAPS Adauto Botelho é atender em nível de
internação, usuários em crise aguda ou crônica de sofrimento psíquico, provenientes do
Pronto Atendimento, cujo prognóstico de internação seja superior a 72 (setenta e duas)
horas, após avaliação conjunta do médico e de pelo menos 02 (dois) profissionais de
nível superior. Comporta 70 (setenta) leitos SUS, sendo 20 (vinte) leitos na internação
feminina e 50 (cinqüenta) leitos na internação masculina.
O primeiro critério para a internação do paciente é o contato com seus familiares
ou responsáveis, no próprio ato de admissão em caráter de urgência ou emergência no
Pronto Atendimento. Esse contato deve ser realizado para levantamento do quadro
anterior, tratamentos em vigor ou já iniciados anteriormente, a obtenção de
consentimento expresso para o ato de internação na Unidade I, além do termo de
consentimento expresso que é preenchido no ato da admissão no Pronto Atendimento.
O segundo critério é a indicação clínica sancionada pela equipe multiprofissional
do Pronto Atendimento, mediante prévia consulta quanto à disponibilidade de leitos nas
alas masculina e feminina. Para os efeitos do lotacionograma funcional, cada Posto de
Internação é e está sendo tratado como uma unidade independente, o que se justifica
pelas características físicas e espaciais das instalações e as características dos
usuários e suas demandas e necessidades específicas, quais sejam:
•
Posto I Feminino – mulheres em crise aguda, adultas jovens, com boa saúde
orgânica: 20 leitos;
•
Posto I – pacientes em crise aguda, adultos jovens, com boa saúde orgânica:
30 leitos;
•
Posto II – pacientes idosos ou muito jovens ou com maiores limitações na
autonomia física e/ou mental ou sem referências familiares: 20 leitos.
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A fim de efetivar o objetivo de atender à crise e reinserir socialmente, as
equipes desta unidade, resguardadas as especificidades dos postos, sustentam suas
práxis apoiadas em ações gerais, que são concretizadas nos atendimentos, atividades e
oficinas terapêuticas. Essas ações serão descritas abaixo.
CONJUNTO DE AÇÕES:
A Atenção em Saúde Mental nos Postos de Internação do CIAPS Adauto Botelho
prevê um conjunto articulado de ações, organizados em nove eixos principais:
I. Formação Continuada
II. Oficinas Terapêuticas
III. Atendimentos em grupo
IV. Atendimentos individuais
V. Programas de Atenção à Família
VI. Programa de Assistência Clínica Diária
VII. Programa de Assistência Médica Clínica e Psiquiátrica
VIII.
A admissão de pacientes provenientes do Pronto Atendimento, após as 72
horas de observação, deverá ocorrer impreterivelmente até as 18 horas
IX.
Programas de relacionamento com a rede
I. Formação Continuada – nas reuniões de equipe dos postos de internação,
semanalmente, os profissionais realizam estudos sobre Projeto Terapêutico Singular,
cujo objetivo, além de formar o pensamento dos servidores em saúde mental, é dar
suporte teórico à construção dos Projetos Terapêuticos de cada paciente, bem como
subsidiar as discussões sobre a condução terapêutica dos casos nos diversos níveis de
atuação.
II. Oficinas Terapêuticas – Compreende a necessidade de trabalhos dirigidos
em duas frentes: Reabilitação e Socialização. Na Reabilitação, compreende os
trabalhos de: jogos educativos e reeducativos, funções neuromotoras e cognitivas
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(memória, atenção, psicomotricidade e percepção), bem como a habilitação e/ou
reabilitação laboral. Na Socialização, atividades recreativas, lúdicas, artísticas e de
exploração do espaço extra-hospitalar. São atividades abertas ou seletivas e ocorrem
em dias e horários fixos, determinados previamente, com periodicidade no mínimo
semanal cada uma.
III. Atendimentos em grupo – A critério dos membros da equipe, por critérios
específicos, atividades que exploram a interação entre os usuários, por meio da palavra,
do gesto, da expressão corporal, entre outros. São atividades seletivas e ocorrem em
dias e horários fixos, determinados previamente, com periodicidade no mínimo
semanal cada uma.
IV. Atendimentos
individuais
–
Atividades
específicas
dos
diversos
profissionais, de acordo com a necessidade avaliada, incluindo acompanhamento
técnico das visitas. São atividades seletivas e ocorrem a critério do respectivo
profissional, com periodicidade no mínimo semanal.
V. Programas de Atenção à Família – Além das ações empreendidas com cada
família, que são conseqüência das necessidades do atendimento individual, também há
o grupo de apoio familiar, que consiste em acolhida da família, orientação quanto aos
objetivos e plano terapêutico do paciente, discussão de alta, condutas na pré-alta, entre
outros temas pertinentes. Deve ser conduzido por assistente social ou por psicólogo. É
uma atividade fechada e deve ocorrer em dia e horário fixo, com periodicidade
semanal.
VI. Programa de Assistência Clínica Diária – Consiste na previsão diária dos
atendimentos específicos realizados pela equipe de psicólogos, assistentes sociais,
nutricionistas, arteterapeutas, Fisioterapeuta e Terapeutas Ocupacionais, realizados
sempre que considerados necessários pela equipe multiprofissional e pelo próprio
profissional, em caráter de acompanhamento sistemático ou por pedido de interconsulta.
VII. Programa de Assistência Médica Clínica e Psiquiátrica – Consiste na
previsão semanal do acompanhamento realizado pelos médicos aos usuários do
serviço, em caráter de acompanhamento sistemático, por pedido de interconsulta, ou
pela constatação de urgência feita pela equipe multiprofissional.
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VIII.
Programas de Relacionamento com a Rede – Como o objetivo primeiro
de toda a atenção hospitalar é dar condições para o usuário retornar à sua autonomia
possível, ou amplia-la, de forma a que consiga minimizar o impacto da internação e
recuperar sua cidadania plena, os servidores organizam-se em ações destinadas à
inserção profissional, comunitária, familiar ou institucional, de acordo com o Projeto
Terapêutico Singular previamente determinado pela equipe de assistência.
Cabe ao Responsável Técnico – RT – zelar pela observância e pela supervisão
técnica deste Projeto Terapêutico, junto com o Responsável Técnico de Enfermagem,
assistido pela Secretária de Responsabilidade Técnica, através da condução das
reuniões semanais que são realizadas com a equipe de cada Posto de Internação, bem
como através da ação coordenada em interação direta com os profissionais de toda a
Unidade I. Nesse sentido, o Responsável Técnico também é acompanhado pela
Diretoria Técnica e pela Diretoria Geral do CIAPS.
O Projeto Terapêutico Global e Singular – PTGS – refere-se ao tratamento
terapêutico exercido durante o tempo de internação em instituição total, e, portanto, um
momento da vida do sujeito em que se encontra excluído das redes afetivas e sociais.
Sendo assim, a programação prévia auxilia diretamente sua existência neste período, já
que se constituem em referências organizadoras da experiência de vida, em relação à
sua auto e alo-orientação.
Para que se produza tal efeito, claro, não se obriga o paciente a participar destas
atividades, mas ele será sempre informado do que ocorre a sua volta, referenciando-o
no tempo e no espaço do hospital, mantendo as demais referências simbólicas (dia,
hora, contexto social e político da cidade, do estado, do país, entre outros), de maneira a
favorecer sua inserção simbólica até o momento de sua alta e de sua volta ao convívio
social, onde tudo tem horário e local certos para acontecer.
Para que a equipe possa comunicar-se entre si e também para que o andamento
das atividades seja de pleno conhecimento de quem está envolvido em seu cuidado, é
obrigatório haver o registro de todas essas atividades no prontuário do paciente,
incluindo a discussão na equipe das atribuições de atividades e da definição do Projeto
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Singular e do Técnico de Referência. Os profissionais técnicos de nível superior devem
realizar registro em prontuário pelo menos uma vez por semana.
DESCRIÇÃO DAS AÇÕES TERAPÊUTICAS DA UNIDADE I
Oficinas terapêuticas coletivas
São atividades dirigidas ao conjunto dos pacientes internados na Unidade I. São de
periodicidade mensal ou anual, e acontecem dentro das dependências da Unidade I, sob
coordenação da Artetarapia e execução de todos os membros da equipe multidisciplinar.
São elas:
Oficina de Carnaval – ocorre nas proximidades do feriado nacional de mesmo
nome, objetivando a confraternização de pacientes, familiares e servidores, tendo
como tema as canções populares que fazem parte do cancioneiro nacional desta
época. Realizada anualmente no mês de fevereiro.
Oficina Junina – festividade que incorpora as tradições de festas juninas ao
cotidiano dos pacientes, ocorrendo anualmente no mês de junho.
Gincana cultural – Esta é uma atividade regular, de periodicidade anual, no mês de
agosto, que foi originalmente idealizada pelos grupos de estágio que compõem a
equipe terapêutica da Unidade I. Consiste em uma série de brincadeiras
competitivas, nas quais prevalece o espírito de cooperação.
Oficina da Primavera – Ocorre anualmente no mês de setembro, e tem como
principal temática a entrada da estação das flores, explorando os símbolos relativos
à estação e o conjunto de significados que podem ser atribuídos a ela.
Arte no Parque – Esta atividade anual ocorre no mês de outubro, no dia 10 ou em
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data próxima, em virtude de ser o Dia Mundial da Saúde Mental. Atividades
envolvendo usuários, familiares e servidores ocorrem na Praça interna ao Parque da
Saúde, no qual a Unidade I está instalada, objetivando também aproximar o público
dos trabalhos terapêuticos e mensagens deste grupo.
Oficina de Natal – Ocorre anualmente, no mês de dezembro, em data próxima ao
dia 25, tendo por objetivo explorar os temas e símbolos natalinos à vivência dos
usuários.
Aniversariantes do mês: de periodicidade mensal, visa promover a socialização
entre funcionários, pacientes e familiares em um clima festivo e comemorativo,
contribuindo para orientação auto psíquica e resgate da auto estima.
Sessão de Cinema: periodicidade semanal, visa proporcionar momentos culturais e
de entretenimento, promovendo uma interação coletiva. Os temas e filmes são
discutidos e selecionados em reuniões multidisciplinares, considerando fatores como
enredo, dinamismo, músicas entre outros, desconsiderando temas que tragam em
cena violência, pânico ou outros que agudizem os sintomas psíquicos.
Show de Calouros: periodicidade anual, tem por objetivo proporcionar a livre
expressão dos sentimentos de maneira verbal e ou corporal, bem como de interação
entre pacientes, servidores e familiares.
Oficinas Terapêuticas grupais
São atividades dirigidas a pacientes por indicação dos membros da equipe, de
periodicidade semanal, conduzidas por profissionais específicos, de acordo com a
proposta terapêutica e o perfil do usuário. São elas:
Oficina do Movimento: estimular atividades corporais (caminhada, conscientização
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corporal e respiratória, relaxamento e equilíbrio geral do organismo em contato com
a natureza, utilizando espaços públicos (atividade externa) próximos ao CIAPS,
como o Parque Zé Bolo Flô ou Horto Florestal, proporcionando formas de
atendimento que não se limitem ao espaço hospitalar (atividade externa), mantendo
o paciente o mais próximo da comunidade, através de uma abordagem socializante.
Atividade conduzida por pelo menos um profissional técnico de nível superior e um
técnico de enfermagem.
Oficinas artísticas: difundir o conceito de arte associado ao de terapia pelas
diversas linguagens da arte, promovendo o exercício da cidadania, a expressão de
liberdade e convivência, através da inclusão pela arte. Busca também valorizar o
potencial criativo, expressivo e imaginativo, percepções visuais, motoras e corporais.
Atividade conduzida pela arteterapia.
Oficina de dança: possibilitar que o paciente entre em contato com seu corpo e
aprimore sua condição física, resgatando ou desenvolvendo sua consciência
corporal e identidade. Visa também a socialização, retirando-os do isolamento social
em que, muitas vezes, chegam ao tratamento. Atividade privativa da fisioterapia.
Oficina literária: utiliza-se como ferramenta diversos materiais literários, a fim de
estimular a criatividade e a livre expressão de idéias, lembranças, sentimentos e a
própria escrita como forma de percepção e expressão. Atividade coordenada pela
arteterapia do Posto II Masculino.
Oficina da beleza: essa oficina consiste na apropriação de um "salão de beleza"
montado dentro da instituição, na enfermaria feminina. Segundo Mendonça (2005),
essa oficina tem um sentido estético, de higienização, de convívio, de fazer borda na
corporeidade do psicótico, tão maltratada na psicose. Atividade coordenada pela
fisioterapia do Posto Feminino acompanhada por um técnico de enfermagem.
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Barbearia do Sr. Joaquim: acompanhados pela enfermagem e um profissional de
apoio, os pacientes da ala masculina são estimulados aos autocuidados diários, o
que produz efeitos na imagem corporal e no convívio social.
Socialização no pátio: o pátio é um ambiente de “estar” de pacientes e/ou de seus
familiares, “estar com” é estar com o outro na maneira em que este outro pode estar,
comunicando-se ou não de forma objetiva, apresentando conteúdos inteligíveis ou
não, estando com os humores abrandados ou não” (SOUZA, 2010). Na Unidade I
essa área é um importante espaço de encontros e integração, já que se trata de um
espaço de encontro entre sujeitos, e apresenta-se como um dispositivo que
potencializa a capacidade de ação e reflexão das pessoas envolvidas nos processos
de trabalho, possibilitando a produção de novas subjetividades. É conduzida por
todos os membros da equipe, já que, além de se constituir em um momento de
realização de outras atividades terapêuticas, e independentemente disso, a efetiva
significação desse momento depende em grande parte da atividade de
acompanhamento terapêutico e exercida pelos diversos profissionais da equipe
multidisciplinar.
Visita Assistida: nesta modalidade de visita, a família é recebida antes do início do
horário de socialização no pátio, para ser orientada quanto ao estado do paciente e
outras orientações tidas como necessárias, ou ainda quando o estado mental do
paciente dificulte a integração espontânea, para auxiliar o encontro afetivo de todos.
Esta atividade deve ser realizada pelo Técnico de Referência do paciente.
Grupo de familiares: atividade que deve ocorrer semanalmente, destinada a prover
familiares e responsáveis legais, sobretudo os cuidadores, sobre informações
gerais, temas relativos ao cuidado em saúde mental (terapia, cotidiano do paciente,
medicação, entre outros), normas e rotinas do hospital.
Atendimentos individuais: realizados diariamente por todas as categorias
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profissionais resguardadas suas especificidades, possui o objetivo de acolher,
fortalecer o vínculo, favorecer o tratamento através da escuta ativa, compilar dados
e informações que contribuam para a avaliação do quadro atual e para formulação
do Projeto Terapêutico Singular. Não se restringe às salas de atendimento, podendo
ser realizado em qualquer lugar no espaço da instituição onde seja possível o
estabelecimento da escuta.
AÇÕES
DESENVOLVIDAS
PELOS
PROFISSIONAIS
TÉCNICOS
DE
NÍVEL
SUPERIOR NAS ALAS MASCULINA E FEMININA
De acordo com a recomendação da PNH (Brasil, 2007), os profissionais das
equipes multiprofissionais de saúde devem trabalhar de modo transdisciplinar, ou seja,
articulando ações em conjunto de maneira co responsável.
Segundo Souza (2010), “uma equipe transdisciplinar decorre portanto de uma
equipe que já se constitua interdisciplinar, pois o referencial ocorre no transcender da
comunicação, do compromisso e do resultado decorrente desta forma de interação entre
seus membros.”
Assim, em saúde mental, as especialidades não conseguem abarcar a
complexidade do sofrimento psíquico de maneira isolada, demandando maior
comunicação e integração entre os profissionais, que construirão, para cada paciente,
uma condução terapêutica diferenciada.
Com exceção das avaliações específicas das categorias, a maioria das ações
realizadas no cotidiano das Unidades ocorrem no coletivo e podem ser conduzidas por
qualquer profissional da equipe de referência.
São elas:
•
Acolhimento e Avaliação do paciente, valorizando a escuta para reunir dados
que possibilitem maior conhecimento do mesmo;
•
Entrevista de anamnese com familiares do paciente com o objetivo de buscar
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informações relevantes de sua realidade pessoal, social, econômica, cultural e
história de vida para subsidiar a conduta terapêutica da equipe;
•
Promover o vínculo entre paciente e equipe multidisciplinar;
•
Condução e participação EM TODAS as atividades terapêuticas;
•
Visitas Domiciliares com a finalidade de conhecer o ambiente familiar e
orientar a família sobre a continuidade do tratamento em serviços substitutivos,
buscando reduzir as reincidências de internações;
•
Acompanhamento de licenças terapêuticas, propostas como recursos
terapêuticos adicionais, para pacientes em internação de longa permanência,
trabalhando o vínculo e a aceitação dos familiares para a reinserção social do
paciente;
•
Cuidados na alta, realizando encaminhamento e acompanhamento do
paciente para os serviços de referência: CAPS, CAPS ad, Policlínicas e Pronto
Socorro Municipal, Unidades Básicas de Saúde, Ambulatórios e Programa de Saúde
da Família. Tem por objetivo aumentar a adesão do usuário aos serviços
substitutivos. Consiste em orientar os familiares ou responsáveis quanto à
importância da atuação dos mesmos na adesão ou continuidade do tratamento (fora
da internação). Também inclui contatos realizados com as Unidades de Referência
em Saúde Mental para orientar aos profissionais dos serviços substitutivos no início
do atendimento, bem como colher informações referentes ao caso.
•
Acompanhamento de pacientes no retorno a sua residência, nos casos em
que se julgarem necessários, inclusive os provenientes de outros municípios;
•
Participação em reuniões, comissões, qualificações (capacitações), palestras
e eventos;
•
Elaboração de relatórios multidisciplinares;
•
Evolução obrigatória, no mínimo semanal, de todos os atendimentos
realizados nos prontuários de cada paciente;
•
Acompanhamento de pacientes em audiências e outros procedimentos
judiciais;
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•
Contribuir com o fluxo de faturamento dos prontuários, preenchendo todos os
campos dos formulários, além de zelar para que os prontuários permaneçam no
local determinado na instituição.
•
Comunicar a alta aos familiares ou órgãos responsáveis (SMS, SMAS e
outros) para garantir providências de retorno do paciente ao seu município de
origem.
•
Comunicar aos familiares e/ou responsáveis (e Sistema Judiciário, em caso
de Internação Compulsória) os casos de fuga, bem como comunicar aos
assistentes administrativos designados pela Diretoria Administrativa para que eles
realizem Boletim de Ocorrência junto à Delegacia;
•
Participar junto à equipe multidisciplinar da comunicação de óbito e tomar
providências cabíveis que o caso requeira (seguindo protocolo de óbito);
• Modificar, quando necessário, o ambiente hospitalar, contribuindo com a
condução terapêutica;
• Encaminhar para os outros profissionais da equipe, os pacientes que
apresentarem sintomas ou questões específicas de outra área;
• Contribuir com a investigação social dos casos de pacientes sem referências
familiares e sobre o próprio paciente, com registro em prontuário;
• Acompanhar atividades de estagiários de sua categoria, ato que é facultado a
cada profissional, mediante atribuição do Responsável Técnico.
CONDUÇÃO TERAPÊUTICA DE PACIENTES NA UNIDADE I
Os pacientes admitidos na Ala Masculina são encaminhados pelo ProntoAtendimento. Os pacientes chegam conduzidos pela equipe técnica do Pronto
Atendimento,
após
confirmação
da
existência
de
vaga,
aviso
prévio
do
encaminhamento, prontuário devidamente preenchido e tendo sido avaliado pelo médico
plantonista, revisado pelo médico e por pelo menos dois profissionais de nível superior.
O encaminhamento dos pacientes provenientes do Pronto Atendimento deve ocorrer
impreterivelmente até às 18 horas.
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A equipe de enfermagem da Ala Masculina decidirá em qual dos dois postos de
enfermagem será internado, segundo seu perfil patológico, compleição física e
características pessoais.
Em sua admissão, o paciente terá o primeiro contato com o técnico de nível
superior, perfil enfermagem. No prazo máximo de 24 horas, o paciente deverá passar
por nova avaliação dos outros técnicos de nível superior do posto ao qual foi
encaminhado. Nos casos de admissão na sexta-feira à tarde, o prazo de avaliação dos
outros profissionais poderá se estender até no máximo 72 horas.
O profissional técnico de nível superior da enfermagem deve ser considerado o
primeiro Técnico de Referência do usuário, em caráter provisório. É este profissional que
deve, em primeiro lugar, ter a iniciativa de solicitar aos demais profissionais a
conveniência de sua inserção nas diversas modalidades terapêuticas constantes deste
Projeto, sendo ainda objeto de discussão clínica nas reuniões de equipe.
Nas reuniões de equipe ocorrerá a discussão dos casos de maneira singular,
considerando os aspectos sociais (suporte familiar, trabalho, condições sócio
econômicas), vínculo entre paciente e profissionais da equipe, bem como a revisão da
hipótese diagnóstica realizada pelo Pronto Atendimento na admissão para confirmar a
condução terapêutica a ser conferida ao usuário. Na primeira reunião de equipe
subsequente à admissão no Posto, deve ser definido um profissional técnico de
referência em caráter permanente que será responsável por coordenar o Projeto
terapêutico singular do paciente.
Todas as avaliações, incluindo as decisões tomadas em reuniões de equipe,
deverão sempre ser evoluídas em prontuário, devendo ser lidas por todos os envolvidos
no cuidado ao paciente. Tais evoluções são o registro do tratamento do paciente, e
servirão de base para as discussões que culminarão na decisão de alta e
encaminhamento para serviços abertos da comunidade de origem.
Durante o tempo da permanência do paciente na Internação, seus familiares
devem ser estimulados a frequentar o hospital nos horários de visitação, e convocados
para as reuniões de grupo familiar.
É também nas reuniões de equipe que devem ser discutidas a alta, de acordo
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com os critérios definidos neste Projeto, e os encaminhamentos necessários,
caracterizando-se o tempo que se estende desde esta definição, os contatos regulares
com os familiares até a efetiva saída do paciente do hospital, como “Pré-Alta”.
Quadro de atividades terapêuticas:
O cronograma de atividades terapêuticas será organizado internamente.
CRITÉRIOS DE ALTA DA UNIDADE I
O tratamento da pessoa portadora de transtorno mental tem como finalidade
permanente, contribuir com a reinserção familiar e social do paciente evitando
hospitalizações prolongadas. Sendo assim, a alta é fator condicionante, deverá ser
efetuada quando:
1) Ocorrer melhora do quadro psiquiátrico mental do paciente, com a remissão
dos sintomas que motivaram sua internação;
2) A
pedido
de
familiares,
mediante
orientações
e
encaminhamentos
necessários, além do preenchimento obrigatório dos formulários que
oficializam o pedido de desinternação;
3) Em consenso da equipe e dos familiares como alternativa terapêutica,
considerando a constatação de que a permanência do paciente na internação
não caracteriza mais eficácia de tratamento;
4) Quando o paciente necessitar de cuidados em outras unidades de saúde para
tratamento de quadros clínicos específicos, ou seja, alta por transferência.
Havendo a alta, o paciente será encaminhado para os serviços abertos, tais
como: CAPS AD, CAPS I, CAPS II e Policlínicas que disponham de tratamento em
saúde mental, conforme área de abrangência da residência do usuário. Nos casos que o
paciente resida em outro município será orientado a buscar o serviço junto a Secretaria
de Saúde de origem.
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A orientação será feita aos familiares ou responsáveis pelo paciente, visando
garantir a continuidade do tratamento, ressaltando a importância da participação familiar
para sua reabilitação. A equipe deve ainda detalhar, em evoluções no prontuário, as
razões da alta concedida, encaminhamentos realizados, medicação de alta, e outras
informações relevantes para o entendimento do caso. Na alta, serão liberados
medicamentos em quantidade suficiente para até 3 (três) dias.
Em relação aos pacientes oriundos do interior do Estado em alta hospitalar,
estabelece-se um prazo de 72 (setenta e duas) horas para o Município de origem
providenciar o retorno do paciente. Esta determinação deverá ser divulgada aos
municípios através de ofício circular do CIAPS Adauto Botelho, para conhecimento e
cumprimento para as Secretarias Municipais de Saúde.
Fica determinado que, no caso de o município não cumprir este prazo, a equipe
comunicará o fato à Assessoria Jurídica, que se responsabilizará por realizar a denúncia
junto ao Ministério Público, pelos motivos cabíveis, tendo em vista o sofrimento mental
gerado
para
o
paciente
pela
circunstância
de
permanecer
internado
desnecessariamente. Aquele prazo será estendido quando se fizerem comprovados
motivos de força maior, tais como: declaração de estado de calamidade pública ou
isolamento devido a fatores climáticos (inundações, obstrução do trafego rodoviário).
DESCRIÇÃO DOS POSTOS DE INTERNAÇÃO
1.1 – Posto de Internação Masculino I
O Posto de Internação Masculino I possui 30 (trinta) leitos SUS, divididos em 06
enfermarias, com até 05 (cinco) leitos cada. O Posto de enfermagem situa-se
fisicamente no centro das enfermarias. Suas reuniões de equipe acontecem
semanalmente, às quartas-feiras, entre 13 e 15 horas. Conta com uma equipe formada
por:
01 Psicólogo de atenção ao usuário, com 40h semanais
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01 Psicólogo de atenção à rede e famílias, com 30h semanais
01 Arteterapeuta, 40h semanais
01 Assistente Social de atenção à rede e famílias, com 30h semanais
01 Assistente Social de atenção ao usuário, com 40h semanais
01 Terapeuta Ocupacional, com 30h semanais
01 Nutricionista, com 30h semanais
01 Psiquiatra, com 20h semanais
01 médico clínico, com 20h semanais
01 Secretário de Posto
Equipe de Enfermagem 24 horas por dia – 1 enfermeiro (a) e 3 técnicos de
enfermagem por turno
O Posto I caracteriza-se por sua atenção ao usuário em crise aguda, em sua
maioria adultos jovens, com baixa demanda para cuidados clínicos intensivos, e
maior demanda para cuidados psiquiátricos, independentemente de seu tempo de
permanência no hospital. Compreende a necessidade de tratamento do quadro
psicopatológico agudo, associado a uma fragilidade sócio-familiar para sua permanência
no tratamento em meio aberto – demandando, portanto, o desenvolvimento,
recuperação e manutenção da sociabilidade e dos laços afetivos, consoante ao alcance
de uma estabilização do quadro psicopatológico, favorecendo a reinserção familiar,
comunitária e social.
Posto de Internação Masculino II
O Posto de Internação Masculino II possui 20 (vinte) leitos SUS, divididos em
duas enfermarias coletivas, com aproximadamente 10 (leitos) cada. O Posto de
enfermagem situa-se fisicamente entre as duas enfermarias. Suas reuniões de equipe
acontecem semanalmente, às quartas-feiras, entre 15 e 17 horas. Conta com uma
equipe formada por:
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01 Psicólogo, 30h semanais
01 Arteterapeuta, 40h semanais
01 Assistente Social de atenção à Rede, usuário e Família, com 30h
semanais
01 Terapeuta Ocupacional, com 30h semanais
01 Nutricionista, com 30h semanais
01 Psiquiatra, com 20h semanais
01 médico clínico, com 20h semanais
Equipe de Enfermagem 24 horas por dia – 1 enfermeiro (a) e 3 técnicos de
enfermagem por turno
01 Secretário de Posto
O Posto II caracteriza-se por sua atenção ao usuário portador de condições
clínicas ou físicas que demandam cuidados intensivos, particularmente os de
enfermagem, independentemente de sua idade ou tempo de permanência no hospital.
Compreende, portanto, a necessidade de desenvolver, recuperar e manter a
sociabilidade e laços afetivos, tanto quanto as habilidades cognitivas, combatendo os
efeitos deletérios do embotamento afetivo, do agravamento de processos demenciais e
de exclusão social.
Posto de Internação Feminino I
O Posto de Internação Feminino I possui 20 (vinte) leitos SUS, divididos em 06
enfermarias, com 04 (quatro) leitos cada. O Posto de enfermagem situa-se fisicamente
no centro das enfermarias. Suas reuniões de equipe acontecem semanalmente, às
segundas-feiras, entre 13 e 15 horas. Conta com uma equipe formada por:
01 Psicóloga, com 30h semanais
01 Arteterapeuta, 40h semanais
01 Assistente Social de atenção à Rede e família, com 40h semanais
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CIAPS – ADAUTO BOTELHO
01 Assistente Social de atenção ao usuário, com 30h semanais
01 Fisioterapeuta, 40h semanais
01 Nutricionista, com 30h semanais
01 Psiquiatra, 30h semanais
01 médico clínico, com 20h semanais
Equipe de Enfermagem 24 horas por dia – 1 enfermeiro (a) e 3 técnicos de
enfermagem por turno
01 Secretário de Posto
O Posto Feminino I caracteriza-se por sua atenção à usuária em crise
aguda, independentemente de sua necessidade de cuidados intensivos, idade ou
tempo de permanência no hospital.
PROTOCOLOS DE AÇÃO:
Para atender a determinadas intercorrências durante o tempo da internação do
paciente, foram elaborados guias de conduta para os servidores, tendo como principal
objetivo referendar tecnicamente os mesmos em relação à situações específicas, quais
sejam: ocorrência de fugas, pacientes que são vítimas ou autores de agressões físicas,
abuso sexual e atentado violento ao pudor, acidentes com traumatismos sofridos pelos
pacientes, a irrupção de sintomas emergenciais clínicos ou cirúrgicos dos pacientes, em
caso de óbito por causas naturais não definidas ou por causas violentas, cuidados na
concessão de licenças terapêuticas, além de orientar a equipe em relação ao uso de
contenção, de controle de atividades de estagiários e na solicitação de medicação de
alto custo.
Trata-se de uma coleção de documentos denominados “Protocolos”, que são
rotineiramente revisados e divulgados através de programas de educação continuada a
todos os servidores da Unidade I. São ações técnicas específicas, descritas
internamente para atos de cuidado e/ou providências funcionais, burocráticas ou legais
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pertinentes aos cuidados e direitos do paciente internado, dentre os quais:
1-Protocolo em Caso de Fuga Usuários em Internação Voluntária ou Involuntária
2-Protocolo em Caso de Fuga de Usuários em Internação Compulsória
3-Protocolo de Exames Laboratoriais
4-Protocolo de Ação em Caso de Agressão Física
5-Protocolo de Ação em Caso de Morte Natural sem Definição
6-Protocolo de Ação em Caso de Morte Violenta.
7-Protocolo de Licença terapêutica de até 72 horas
8-Protocolo de Alta a pedido da família
9-Protocolo de contenção
10-Protocolo para estágio de estudantes do ensino superior em saúde
11-Protocolo de solicitação de medicação de alto custo
12-POP Enfermagem
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARANTE, P. Saúde mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro: Editora
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