necessidades hídricas das cultivares terra maranhão e terrinha na

Propaganda
NECESSIDADES HÍDRICAS DAS CULTIVARES
TERRA MARANHÃO E TERRINHA NA REGIÃO DO
RECÔNCAVO BAIANO
R. C. Oliveira1; E. F. Coelho2; M. S. Amorim3; R. T. M. Araújo1; T. P. Andrade4; D. L. Barros1
RESUMO: A bananeira é uma planta altamente dependente de água. O déficit hídrico pode
causar uma diminuição da turgescência celular refletindo em uma menor taxa de crescimento.
Ainda não se sabe como as lâminas influenciam no crescimento, sendo esse fator de extrema
importância para melhor entendimento da cultura. O objetivo do trabalho foi avaliar o
crescimento vegetativo de dois cultivares de bananeira do subgrupo Terra, quando tratadas com
diferentes lâminas de irrigação, na região do recôncavo baiano. A pesquisa foi conduzida nos
campos experimentais da Embrapa Mandioca e Fruticultura, situada no município de Cruz das
Almas, BA. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados em esquema
fatorial 4x2, com três repetiçôes. As lâminas administradas correspondiam a 33, 66, 99 e 133%
da ETo e as cultivares avaliadas foram a Terra Maranhão e Terrinha. Durante o período de
avaliação foram coletados dados mensais de altura, diâmetro do pseudocaule e área foliar. As
diferentes lâminas apresentaram efeito na variável diâmetro de pseudocaule, da cultivar Terra
Maranhão. A cultivar, como fonte de variação, demonstra efeito significativo sobre todas as
variáveis avaliadas.
PALAVRAS-CHAVE: manejo de irrigação, plátanos, variáveis de crescimento.
WATER REQUIREMENT OF CULTIVARS TERRA
MARANHÃO AND TERRINHA IN THE REGION OF
RECÔNCAVO BAIANO.
ABSTRACT: The banana plant is highly dependent on water. Hidric deficit could lead a
decreasing in cell turgor reflecting a lower growth rate. It is unclear how the irrigation water
depths influence the growth, this factor is extremely important for better understanding of
culture. The objective of the work was to evaluate the vegetative growth of two plantain
cultivars, when submitted to different irrigation water depths in the region of Recôncavo Baiano
in state of Bahia, Brazil. The search was conducted in experimental fields of Embrapa Cassava
& Fruits, located in Cruz das Almas, BA. The experimental plot followed a random block
design in factorial scheme 4x2, with three replications. The irrigation water administered
corresponded to 33, 66, 99 and 133% of ETo and cultivars evaluate were the Terra maranhão
1
Bolsista de Iniciação Científica – FAPESB, UFRB- BA
Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, CNPMF, Cruz das Almas- BA
3
Apresentador, graduando em Engenharia Agronômica, Bolsista Embrapa, Cruz das Almas- BA.
4
Técnico Agrícola da Embrapa Mandioca e Fruticultura, CNPMF, Cruz das Almas-BA
2
R. C. Oliveira et al.
and terrinha. During the evaluation period were collected monthly: height, diameter of the
pseudo stem and leaf area. The different water depths had variable effect on pseudo stem
diameter, Terra Maranhão cultivar. The cultivar as a source of variation, shows an signicant
effect on all variables.
KEYWORDS: irrigation management, plantain, growth variable.
INTRODUÇÃO
A água é provavelmente o fator abiótico mais limitante à produção de banana (Turner,
1995). O cultivo tem uma alta demanda hídrica. Precipitação média anual de 2.000 a 2.500 mm,
uniformemente distribuída durante o ano e 25 mm por semana são necessários para crescimento
satisfatório (Robinson, 1996). A deficiência hídrica resulta na diminuição do volume celular,
aumento na concentração e uma progressiva desidratação do protoplasto (Larcher, 2000). Todos
os processos vitais são afetados de alguma forma pelo declínio do potencial hídrico. A primeira
e mais sensível resposta ao déficit hídrico é a diminuição da turgescência e, associada a esse
evento, a diminuição do processo de crescimento, em particular, o crescimento em expansão
(Larcher, 2000; Taiz & Zeiger, 2004). A altura é um descritor importante do ponto de vista
fitotécnico e de melhoramento, visto que, influi nos aspectos de densidade de plantio e manejo
da cultura, interferindo diretamente na produção. Embora a altura da planta só se estabilize no
terceiro ano (Alves, 2001), o primeiro ciclo já evidencia a tendência do comportamento da
cultivar quanto a essa característica. Essa característica também determina a maior ou menor
facilidade na operação de colheita, podendo também influenciar no tombamento de plantas
adultas ou quebra do pseudocaule pela ação do vento. Além da altura de planta, o tombamento
pode estar associado ao reduzido perímetro do pseudocaule e a produção de grandes cachos
(Alves, 2001). O conhecimento das relações hídricas dessas cultivares pode contribuir com o
uso eficiente da água na cultura no sentido de identificar cultivares eficientes no uso de água e
tolerantes à seca. O trabalho visou avaliar os efeitos de diferentes regimes hídricos no
crescimento das cultivares Terra Maranhão e Terrinha, subgrupo Terra, de forma a
disponibilizar informações mais precisas, já que, o conhecimento disponível é na maioria das
vezes extrapolado de outras cultivares.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado sobre um Latossolo Amarelo álico de textura média nos campos
experimentais da Embrapa Mandioca e Fruticultura, situada no município de Cruz das AlmasBA (12º66’S; 39º15’W; 225 m de altitude). O clima da região é classificado como úmido a
subúmido, com uma pluviosidade média anual de 1.143 mm.
O plantio foi feito no dia 22/12/2010, sendo que, inicialmente a demanda hídrica era suprida
apenas pela precipitação. As irrigações foram iniciadas em agosto de 2011 e se estenderam até
dezembro do mesmo ano. O delineamento experimental foi em blocos casualizados em esquema
fatorial 4x2 totalizando oito tratamentos, constituídos por 4 lâminas de irrigação (33, 66, 99 e
133% da ETo) e pelas cultivares Terra-Maranhão e Terrinha, com três repetições, perfazendo 24
unidades experimentais. Cada subparcela foi constituída por 6 plantas, sendo 4 plantas úteis e 2
utilizadas como bordadura. O espaçamento utilizado entre plantas era de 2 m x 2,5 m.
R. C. Oliveira et al.
O sistema de irrigação utilizado foi o de microaspersão, sendo uma linha lateral para cada
duas fileiras de plantas e um aspersor para cada quatro plantas. A lâmina aplicada era baseada
nos dados da ETo, medidos na estação meteorológica da Embrapa Mandioca e Fruticultura.
As duas cultivares foram avaliadas durante a fase vegetativa do seu primeiro ciclo. Foram
coletados dados mensais de altura de planta, diâmetro do pseudocaule a 20 cm do solo, e área
foliar, obtida pelos valores de comprimento e largura da terceira folha, juntamente com o
número total de folhas, aplicados na equação proposta por Zucoloto et al. (2008). De acordo
com a literatura, a fórmula é destinada ao cálculo de área foliar da bananeira prata anã, porém,
admite-se que, a semelhança do limbo foliar entre essas cultivares garanta um resultado
satisfatório. (Equação 1).
AFT = 0,5187 * (C* L* N) + 9603,5 (1)
Em que,
AFT= Área Foliar Total;
C= Comprimento da terceira folha;
L= Largura da terceira folha;
N= Número de folhas.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias de cada tratamento
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos através da análise de variância demonstram efeito significativo das
cultivares sobre as variáveis: altura de planta, diâmetro do pseudocaule, área foliar e número de
dias até o florescimento, sendo que, como era esperado, a Terra Maranhão demonstra valores
médios superiores aos da cultivar Terrinha, já que, é uma cultivar de porte mais elevado e de
ciclo mais longo (Tabela 1).
A variação na altura de planta foi de 290 a 375 cm, para a cultivar Terrinha e de 400 a 460 cm
para a Terra Maranhão. Essa mesma cultivar ainda apresenta valor médio de altura bastante distinto
do obtido por Faria (2010) em um trabalho realizado em Guanambi, BA, onde esse mesmo valor foi
de 448 cm. Provavelmente isso é resultado das diferenças de luminosidade e temperatura das duas
regiões, afetando distintamente a fase vegetativa da planta. Esse descritor fenótipo é importante na
determinação de fatores como espaçamento de plantio, práticas de manejo, tratos culturais, além
disso, demonstra forte ligação com problemas de tombamento e dilaceração foliar. Esses problemas
estão também associados ao diâmetro do pseudocaule e o tamanho do cacho.
A cultivar Terrinha, por apresentar um diâmetro reduzido do pseudocaule, sendo este
desproporcional ao tamanho do cacho, demonstrou ser altamente susceptível ao tombamento,
sendo necessária a prática de tutoramento. O diâmetro de pseudocaule aferido a uma altura de
20 cm do solo, apresentou variações que vão de 19,75 cm a 28,34 cm para a cultivar Terrinha e
de 27,39 cm a 35,03 cm para a Terra Maranhão, sendo os valores médios apresentados na
Tabela 1. Essa mesma cultivar ainda responde de forma significativa para a variável diâmetro,
de acordo com a lâmina aplicada (Figura 2A), sendo que, a lâmina 4 (133% ETo) demonstra a
maior média, porém, não difere significativamente das lâminas 2 e 3 (66% e 99% da ETo
respectivamente) (Tabela 2).
R. C. Oliveira et al.
A área foliar é um fator decisivo para uma produção satisfatória, já que, interfere diretamente
na taxa fotossintética do vegetal. Durante o experimento foi observado por parte da cultivar
Terrinha uma alta susceptibilidade ao ataque da Sigatoka Amarela reduzindo bastante a área
foliar principalmente após o florescimento. Diante disso os valores mínimo e máximo de área
foliar, observados para essa cultivar variaram de 3,57 m² a 12,77m². Para a Terra Maranhão
esses mesmos valores foram de 9,36 m² a 19,98 m², porém devido ao seu porte mais elevado
observou-se uma maior dilaceração do limbo foliar por conta do vento.
O número de dias do plantio ao florescimento não sofre influência significativa por efeito
das lâminas, porém, a cultivar terrinha demonstra uma tendência no aumento desse período, em
quase um mês, à medida que se eleva o valor da lâmina. Diferente disso, a cultivar Terra
Maranhão reduz esse período em 15 dias, com o aumento progressivo das lâminas (Figura 1).
CONCLUSÃO
A cultivar Terra Maranhão apresenta ciclo mais longo e porte mais alto que a cultivar
Terrinha, além disso, responde de forma significativa às diferentes lâminas, apresentando um
maior diâmetro de pseudocaule quando tratada com a lâmina 4 (133% da ETo).
A cultivar Terrinha não sofre influência significativa por parte das diferentes lâminas, em
nenhuma das variáveis avaliadas, por outro lado, quando se aumentou a lâmina, também houve
um aumento no número de dias até o florescimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, E.J. Cultivo da bananeira tipo Terra. Cruz das Almas: Embrapa-CNPMF, 2001. 176p.
FARIA, H.C.; DONATO, S. L. R.; PEREIRA, M. C. T.; SILVA, S. O. Avaliação Fitotecnica de
Bananeiras Tipo Terra Sob Irrigação em Condições Semi-Áridas. Revista Ciência Agrotecnologia, lavras,
v. 34, n.4, p.830-836, jul/ago, 2010.
LARCHER, W. Ecofisiologia Vegetal. RIMA Artes e textos. São Carlos, 2000.531p.
Bananas and platains. Oxon, UK: CAB International, 1996. 238p.
ROBINSON, J. C.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 719p. TURNER, D. W. The
response of the plant to the environment. In: Bananas and Plantains. ZUCOLOTO, M.; LIMA, J. S. de S.;
COELHO, R. I. Modelo matemático para estimativa da área foliar total de bananeira ‘Prata-Anã’. Revista
Brasileira Fruticultura, Jaboticabal, v. 30, n. 4, p. 1152-1154, 2008.
Tabela 1: Médias de altura, diâmetro, área foliar e dias do plantio ao florescimento, referentes as duas
cultivares avaliadas.
Cultivar
Altura
Diâmetro
Área Foliar
Dias até o
(cm)
(cm)
(m²)
florescimento
Terra Maranhão
Terrinha
427,66 a
326,33 b
31,16 a
22,93 b
13,80 a
8,95 b
378,72 a
321,17 b
R. C. Oliveira et al.
Tabela 2: Médias de diâmetro de pseudocaule da cultivar Terra Maranhão, de acordo com as diferentes
lâminas de irrigação.
Precipitação + Lâminas (mm)
1- 1102,85
2- 1140,04
3- 1177,23
4- 1215,54
Diâmetro (cm)
30,33 a
30,77 a b
31,43 a b
32,12 b
Figura 1: Número de dias do plantio ao florescimento e suas respectivas lâminas, para a cultivar Terrinha (A).
Número de dias do plantio ao florescimento e suas respectivas lâminas, para a cultivar Terra Maranhão (B).
Figura 2: Crescimento em diâmetro, do pseudocale da cultivar Terra Maranhão e suas respectivas lâminas (A).
Crescimento em diâmetro, do pseudocale da cultivar Terrinha e suas respectivas lâminas (B).
Download