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A vida de Dona Tina
PARTE 1
A família, a infância, a adolescência, casamento, mudança para o bairro Santa Monica e a missão do
Pirajá. (transcritos de sua própria narração)
Eu, Izaltina Luiza de Lima, Dona Tina Nasci na cidade de Pará De Minas no bairro
Sítio, no dia 21 de junho de 1926. Meus pais: Modesto Batista e Rita Praxedes de Jesus.
Com muita pobreza se casaram e tiveram nove filhos. Éramos muito pobres, meu pai nem
emprego ele tinha. Ele fazia biscate e deu para nos criar. Quando eu nasci minha mãe já
tinha perdido três filhos: João, Antonio e Vicentino. Um com três anos, outro com dois e
outro com seis anos.
Passou muita dificuldade com a morte destes meninos porque o amor do pai e da
mãe é muito grande. Depois nasceram Maria e José. Depois eu, depois de mim, Geraldo,
Raimundo e Rosa. Eu era a sexta dos filhos.
Quando eu nasci, não tinha relógio nesta época. Meu pai ficou na dúvida se era
vinte ou vinte e um. Mas pela lua ele sabia que era vinte e um, dia de São Luiz Gonzaga e
ia colocar meu nome: se fosse homem, Luiz se fosse mulher, Luiza. Mas a minha mãe
tinha uma amiga chamada Izaltina e colocou esse nome. Então eu fiquei chamando
Izaltina Luiza da Conceição. Os dois nomes. Meu pai queria Luiza e conceição. Então
ficou dois nomes próprios. Depois do meu nascimento, minha mãe teve três filhos:
Geraldo, Raimundo e Rosa.
Quando eu estava com sete anos meu pai faleceu deixando minha mãe viúva com
seis filhos: Maria, José, eu, Geraldo, Raimundo e Rosa. Com sete anos eu fiquei sem o
meu pai. Minha mãe viúva, nova, trinta e três anos. Ele disse: Cria tudo Ritinha. Deus vai
lhe dar uma benção. E olhando para a imagem de São Geraldo disse:
- Ô São Geraldo, justo agora.
Assim falou porque o meu pai era muito fiel a ele. E assim veio a falecer.
Meu pai era um homem que trabalhava muito. Trabalhava no biscate. Rezava nas
casas. Rezava terço nos cruzeiros. Era muito assim, na oração. Ninguém podia
conversar, assim (quando estava rezando) dizia minha mãe. A gente quando ia dormir,
com toda a nossa pobreza, ele punha todos no colo e cantando o hino de São Geraldo ele
punha todos nós na cama para dormir. Punha um por um. O meu pai era um grande
homem cheio de virtude e fé. A única coisa que eu tive de herança na minha vida foi à fé
do meu pai e da minha mãe que me ensinou a viver uma vida cristã, uma vida forte na
oração, porque quem é forte na oração vence tudo.
Eu fui crescendo. Depois que meu pai morreu minha mãe começou a trabalhar
sozinha conosco, com a Maria e o José trabalhando pouco, porque quase não tinha
serviço naquela época. Na fabrica não podia por causa da idade. Frequentei somente os
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três primeiros anos na escola: 1º, 2º e 3º ano. Aprendi muita matemática. Mas continuar
era muito difícil porque minha mãe teve que me tirar da escola para trabalhar e ajudá-la. E
assim ela nos criou trabalhando na lavagem de roupa. Meu pai deixou a Rosa com seis
meses, o Mundinho com dois anos, o outro com quatro e eu com sete anos.
Então a Sociedade de São Vicente de Paulo nos ajudou muito nesta época. Dava
assim um leite para a menina (Rosa) porque a minha mãe não podia comprar. E criou até
os seus nove anos. Quando estava com nove anos, ela morreu. Foi um sofrimento no
coração de uma mãe perder uma filha.
Quando ela morreu um dos meus irmãos que era o José falou: eu não aguento mais
ficar sem a Rosa. E foi e sumiu. Foi trabalhar fora para ganhar dinheiro. La ele ficou anos
e mais anos. Quando chegou aqui, a voltar para casa, nós já morávamos aqui em Belo
Horizonte. Tanto à mãe perdeu ele quanto perdeu a menina.
Com isso, foi passando o tempo e ela fazia biscoito e eu saia vendendo no tabuleiro,
nas ruas de Pará de Minas que era assim muito atrasado. Naquela época tinha muita
gente pobre e eu sendo pobre também não podia ver um menino chorar querendo
comprar um biscoito, querendo comprar um bolinho. Ai eu dava para ele, pois não podia
comprar. Mas eu tinha que trazer o dinheiro de volta para a minha mãe para poder
comprar as coisas. Eu sentava com o tabuleiro, com a mão no rosto. Tinha um senhor,
que chamava Afonso Mendonça, ao me ver ele falava:
- Ei Tina já sei o que você quer. Deu os biscoitos tudo para os outros, para os
pobres, e está aí querendo um dinheirinho para levar para a sua mãe?
Eu balançava a cabeça que era. Então ele me entregava o dinheiro e dizia:
- Fica esta caridade. Me dá um pouquinho dessa caridade.
E assim foi muitos anos, buscando lenha no mato para poder vender um feixe de
lenha, atravessando os matos e assim foi muito tempo a minha vida.
Também de manhã eu saia para pedir esmola. Sempre faltava pão lá em casa eu ia
pedir nas casas esmolas para os meus irmãos que eram pequenos e precisava de se
alimentar. Foi muito humilde. Foi muito sofrida. Neste pouco a gente sabe que os pobres
é sofrimento.
Mas teve um dia que eu estava já com a minha idade de 10 para 12 anos. Foi em
Pará de Minas o Padre Eustáquio com a turma de padres. Eu tinha um pecado que eu
não tinha coragem de contar ao padre José Viegas que a mãe lavava roupa para a tia
dele e ela contava as coisas para ele e eu fiquei com medo dele contar e eu guardei esse
pecado. Minha mãe estava passando falta das coisas. Eu vi um dinheiro na casa de uma
dona, do jogo do bicho e eu achei que podia tirar ali aquele dinheiro que estava em cima
da mesa e falar mentira para ela. Ah mentira que me doeu! Não fale mentira! Eu fiquei
com a consciência pesada e chegando eu falei para ela que eu tinha encontrado no jardim
em frente à igreja de Nossa Senhora. Mas eu sabia que aquilo era um pecado tirar as
coisas dos outros, que a minha mãe não deixava. Se ela soubesse ela ia atrás. Aí eu
fiquei pensando aqui na minha consciência. Mas quando o Padre Eustáquio foi em Pará
de Minas uma missão bonita, eu falei agora vou confessar. Eu contei para ele. Ajoelhei
diante dele no confessionário e falei. Enfrentei uma fila porque todo mundo queria
confessar com ele. Aí ele deu um sorriso e deu a benção e disse para mim:
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- Minha filha, este pecado você da ele para mim. Eu quero este pecado. Eu sei que a
sua consciência está doendo esses anos. Sofrendo só seu sofrimento, na sua consciência já
pagou este pecado!
Depois eu contei para a minha mãe, depois que eu confessei e que eu contei para
ela o que eu tinha feito. Porque o Padre José Viegas tínhamos muito medo dele. Ele era
bravo e podia contar para a minha mãe.
Eu nasci no dia 21 de junho e fui batizada no dia 3 de julho pelo padre José Pereira
Coelho. É a minha vida. Fui crescendo e trabalhando e ajudando a minha mãe nos
afazeres de tudo da casa. Era alegre, satisfeita. Tinha alegria porque minha mãe fazia
que tivéssemos muita alegria.
À noite, todos ajoelhavam, rezava o terço. Eu lembro como se fosse hoje, o que ela
nos ensinou muito foi à oração. Foi tão bonito a minha vida de infância, com muita
pobreza e muita alegria e muita inocência. A gente era inocente e sabia aceitar as coisas.
Muita gente nos ajudava: a Joana e tinha a Alice, da companhia telefônica, me
ajudou muito.
Eu fazia Adoração ao Santíssimo lá onde minha mãe fazia todas as quintas-feiras de
10 hs. as 11 hs. Era horário dela e eu via maravilhas ali no Santíssimo Sacramento e
chegava contando e fazia as orações do santíssimo. Era predileta na nossa vida.
Na minha primeira comunhão, não pude fazer roupa direito porque não tinha
condições naquela época, mas depois Deus ajudou que a professora de Pará de Minas
mandou que nós todos fizéssemos o uniforme. Foi bom! O uniforme da escola Getúlio
Vargas. Dava uniforme para todo mundo. Aquela sainha azul preguiada e blusinha
branca. Eu ficava toda feliz!
E desde pequena que eu faço retiro. Lá também fazia retiro. Desde pequena eu
gostava de ficar três dias sem conversar. Mas não conversava não. É caladinha.
E as festas! Aquelas festas bonitas, as festas alegres cheias de virtude, cheias de fé,
de tudo. Eu só esperava que a minha mãe me levasse um pouco para a gente não poder
passar tanta dificuldade como passava. Mas tudo foi criado na graça de Deus porque foi
passando os tempos.
Depois quando fui chegando na minha idade de 15 anos, Aí na fábrica da
Companhia Melhoramento, fichei lá na fábrica, mas quando fui trabalhar não pude entrar
porque só podia entrar de 15 anos e eu estava com 16. Mas eu não era registrada ainda
no cartório, ainda nessa época a minha mãe não pode. Então um amigo nosso, minha
mãe lavava roupa lá para Dona Cristina, ele fez o registro meu e dos meus irmãos todos,
não eramos registrados, e então ele pôs um ano menos, ele pôs 1926 e nasci em 1927 e
ai eu trabalhei na Companhia Melhoramentos de Pará de Minas, cinco anos e meio.
Depois uma parente nossa aqui de Belo Horizonte falou para a mãe que ela deveria
vir pra cá, morar aqui que ela ia nos ajudar um pouco aqui. Mas nós pagávamos aluguel.
Um aluguelzinho. Então viemos para cá do mesmo jeito. Morávamos numa casa na rua,
numa favela lá em cima na Rua Indianópolis. Tinha uma casinha à gente morava. E eu
vim aqui em Belo Horizonte, arrumei meus papéis, saí de lá num dia e no outro dia
comecei a trabalhar na companhia da fábrica da cachoeirinha. Mas o meu trabalho,
continuava muita falta das coisas porque a gente, o salário era pouco e os meninos eram
pequenos. Ganhava pouco, mas tudo passou.
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Minha vida foi muito cheia de virtude porque a minha mãe era muito virtuosa. Bonita,
não quis casar mais. Foi criar todos do jeito que ela deu conta de criar.
E fui crescendo. Quando eu estava com 19 anos eu tive um tumor no seio. Mas eu
tinha muita vergonha de falar. Tinha muita vergonha de falar com a minha mãe que era no
seio, falava que era debaixo do braço, um tumor muito grande. E foi muito horrível porque
pelo o que o médico falou, da santa casa de misericórdia, que era gravíssimo aquilo ali.
Hoje, se fosse falar hoje falava que era câncer, mas eu nem sei o que foi. Foi um tumor
diferente e só me curou um tal de timonil que hoje não acha mais dessa injeção.
Quando estava com meus 17 anos, conheci algumas irmãs de caridade. E eu tomei
muita amizade com elas que me deu aquela vontade de ser Irmã de caridade. Elas me
falavam tão bonito! E falavam comigo:
- O Tina, se você quiser ser Irmã nós vamos te ajudar. Pergunta sua mãe se ela
deixa! Aí eu cheguei perto da minha mãe e falei assim:
- Oh mãe, deixa eu ser irmã de caridade?
Minha mãe falou:
- Nossa, não pode porque você é a filha que me ajuda, minha filha. Você não
pode me abandonar agora, pois é minha companheira. Como é que eu vou fazer
sem você? Olha, eu tenho vontade de você casar. Para servir a Deus não é
necessário ser irmã de caridade. No casamento, você também pode servir a Deus.
Depois você vai encontrar um rapaz com quem você vai casar e a esposa que vive
bem com o seu marido e é bem casada é muito mais fácil salvar. Não pode não.
Você não pode ser irmã pode falar com elas e tira isso da sua cabeça!
Assim eu fiz. Falei com elas de tudo e que não podia ser por causa da minha mãe.
Assim, com os meus 22 anos eu vim para Belo Horizonte, de Pará de Minas para
Belo Horizonte e trabalhei na fábrica de tecidos do Bairro Cachoeirinha. Ali foi o meu
sofrimento.
Nós moramos em muitas casas porque nós éramos muito despejadas porque a
minha mãe não estava dando conta de pagar o aluguel. Por quê? Porque ganhava
pouquinho.
Ah! Eu esqueci de falar um coisa: a minha irmã com nove anos, morreu. Aí ficou o
Dinho, Mundinho, eu e Maria. Maria casou muito mal casada porque o marido dela bebia
muito. Eles ficaram em Pará de Minas e José tinha ido embora, quando a Rosa morreu.
Ficou eu e a minha mãe, Dinho e Mundinho. O que parece nos dias de hoje, todos
morreram. Morreram todos os meus irmãos. Dos nove só tem um aqui contando a minha
história e já estou com os meus oitenta e um anos.
Depois, não tinha vontade de casar. Quando estava trabalhando aqui no
cachoeirinha aí minha mãe, estou contando tudo errado assim porque é muito difícil
(descrever uma vida), a minha mãe disse, tinha um moço que gostava de mim, mas
diferente. Um rapaz não podia pegar nem na mão, quando o moço pegava na mão
achava que não deveria. Eu gostava dele e não queria namorar ele porque assim eu não
queria namorar. Ele queria namorar, mas do jeito que ele queria. Achava que como eu
vim de Pará De Minas, que eu já tinha sido noiva. Aí eu sofri muito com isso. Eu morava
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na Rua Guanabara no bairro Concórdia perto da igreja Nossa Senhora das Graças, e
trabalhava na fábrica da Cachoeirinha. Meu irmão tinha que ir me buscar todos os dias
porque trabalhava a noite.
Eu vestia só roupa usada das minhas primas que elas me vendiam para depois
pagar. Só que não podia comprar uma roupa nova. Elas faziam muitas roupas e vendiam
a usada para mim. Quando eu não pagava elas me difamavam perante os colegas de
trabalho, na porta do local em que trabalhava ou da casa em que residia.
Eu era muito bonita. Todos falavam que eu era muito bonita e isso era muito ruim
para mim porque um tanto de rapaz tinha vontade de me namorar, muitos rapazes, mas
eu não achava assim, vontade de namorar. Minha companheira era minha mãe que eu
saía com ela. Aí eu fui numa festa e tinha um rapaz que olhou para mim e diz ele que
apaixonou comigo na mesma hora em que ele me viu. É o meu atual marido. Aí ele veio
me acompanhando. Nós chegamos em casa e eu falei que nós estávamos despejada da
casa e falei com ele que nós estávamos procurando um lugar para morar que a pessoa da
casa precisava da casa. Nós estávamos atrasadas com o aluguel eu estava procurando
um barracão. Ele disse no primeiro dia que me viu, dia 2 de outubro, ele falou: Papai tem
uma casinha para morar. Uma casinha desocupada na Rua João de Deus Matos lá perto
de casa. Domingo eu venho aqui. Vou conversar com ele! No primeiro dia que eu namorei
ele.
Quando fez quinze dias que eu estava namorando ele me levou para conhecer o pai
dele, a mãe dele que era madrasta dele, mas criava ele como filho. É nos olhamos o
barracão. O pai dele foi até lá e me mostrou. Quando passou aqui perto desse lote, aqui
onde estou morando agora, ele falou assim:
- Oh eu comprei este lote aqui epretendo me casar e morar aqui!
Só tinha 15 dias de namoro. Do lote escorria uma água e descia para o meio da rua,
a rua era de terra. Eu pensei:
- Comigo não!
Eu custei a gostar do casamento porque eu não tinha vontade. Mas era uma missão
que eu tinha que cumprir. Aí nós fomos lá olhamos o barracão e mudamos para lá. Rua
João de Matos. E lá eu fiquei morando quatro anos e ele começou a fazer esta casinha
aqui.
A madrasta dele ajudando. Ele era sapateiro ganhava pouco, mas tinha comprado
este lote aqui. Ele comprou o lote e falou que ia fazer uma casa. E foi passando e eu
trabalhando na Cachoeirinha e morando aqui no Ipiranga. O bairro aqui chamava era
Campos Elísios. Não era bairro Ipiranga. Era muito cheio de mato, cheio de casas, tudo
era muito diferente.E todo dia meu irmão me buscava lá no cachoeirinha. Ai eu passei a
trabalhar de uma até as dez horas da noite. E assim foi passando o tempo.
Nós fomos namorando e ele foi fazendo a casinha com muito sacrifício, muita luta.
Quando passou cinco anos nós casamos. Já estava com 27 anos. E para mim fazer o
enxoval. Aí eu sentava naquele morro e chorava, porque não tinha condições de fazer o
meu enxoval. Um casamento que só a misericórdia de Deus. Sempre ali firme na oração.
Sempre ali desejando com a esperança. Eu falava com a minha mãe é bom ter paciência
né? Ela falou! É porque nós temos fé. E a esperança? Isso eu vivo desde menina: a
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esperança! Paciência, fé e esperança as três virtudes que Deus pôs no meu modo de
viver.
Sempre muito obediente a ela porque ela era muito enérgica. Queria as coisas
direito. Tudo tem que ser muito certo porque ela foi criada com honestidade, com
pobreza, mas a maior riqueza que ela tinha era a virtude. Minha mãe era muito virtuosa.
Meu pai era virtuoso. Meu pai nunca pôs um nome feio na gente. Ele falava, quando tinha
uma briguinha entre os meninos, falava:
- Filho de Deus não faça isso, filho de Deus. Nunca!
Por isso que eu nunca falei um nome feio porque meu pai não deixou nem minha
mãe, nós falarmos.
E assim foi a minha vida. Estava fazendo meu enxoval, custei muito, lutei muito, e
sempre a minha mãe, quando nós mudamos para cá, nós passamos a fazer adoração na
igreja da Boa Viagem. Eu ia com ela lá para a Boa Viagem onde ela não deixava
perdermos a missa de domingo. Não deixava de rezar o terço de Nossa Senhora. Quando
era em outubro ela punha a gente para rezar o Rosário. Tinha que rezar o rosário.
Agora, na minha vida tem muita coisa assim que eu passei muita dificuldade, muita
humilhação, muitas coisas, mas tudo isso fez parte na minha vida que me ajudou a
crescer, me ajudou a vencer todas as coisas. Eu quero dizer aqui agora que muitas coisas
eu deixei passar porque eu não tenho condições de me lembrar de tanta passagem na
minha vida, tanta passagem difícil.
Depois quando eu casei, quando marcou o casamento o Padre Pedro Gontijo, nós
fomos lá para confessar. O meu marido ele não era assim, um religioso. A família dele
toda era religiosa, mas ele não frequentava. O padre Pedro Gontijo perguntou se ele era
católico. Ele respondeu que não gostava da religião católica. O padre disse:
- O homem não pode ficar sem religião. Você promete meu filho a procurar? Um
homem não pode viver sem Deus!
Então o Padre Pedro Gontijo falou com a minha mãe:
- Você tem coragem Dona Ritinha de deixar a Tina casar com um homem desses,
que não tem religião, sendo a senhora muito religiosa e sua filha também?
Aí ele falou assim:
- A católica não! Eu nunca vou proibi-la de sua religião.
Neste dia, ele confessou e comungou. E ficou assim. Foi o nosso casamento no dia
20 de junho de 1953. Já vim para esta casinha aqui. A casa era a mesma coisa que era
aqui. Assim foi a nossa vida. Um ano depois que eu tinha casado com ele, estávamos
felizes, chegou um testemunho de Jeová, bateu na porta, encheu a cabeça do Levi e ele
gostou. Ele falou comigo: agora eu encontrei a religião. Tina! E essa daí. Com poucos
dias eles encheram a cabeça dele. Ficou fanático e minha cruz começou a pesar. E disse:
- Aqui não pode ter imagem nem terço.
Ele quebrou meus terços, minhas imagens que estavam na sala que a minha mãe
tinha me dado. Fiquei muito triste. Eu chorava... Chorava... Fui lá e contei ao Padre Pedro
o que tinha acontecido e ele falou comigo:
- Vai rezando lá, pelos dedos, que você vai vencer. Você vai vencer tudo com
paciência. Você não tem paciência?
- Tenho!
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- Com muita paciência que você vai vencer.
Assim, aumentou mais a minha paciência, a minha fé, mais a minha esperança.
Onde ele passou, batizou, testemunha de Jeová.
Tive cinco filhos, dos quais dois morreram. Lutei muito na criação dos meus filhos. O
meu esposo ficava pregando o Evangelho, às vezes, à noite toda. Expulsou-me de casa,
preferia mais viver sem mim, a largar a sua religião, querendo me passar à força para a
sua religião. Começou a quebrar os meus quadros e imagens de santos, meus terços,
jogou o crucifixo na fossa, judiou comigo, etc. As duas famílias lamentavam e se
revoltavam contra ele.
Primeiro ele sarou. Foi o milagre que eu tive. Hoje ele está com os seus cinqüenta e
dois anos. Ele queria que eu acompanhasse ele de toda maneira. Não podia! Eu fiquei tão
chateada porque os irmãos dele (da religião), como eles falavam, tanto fez a cabeça dele
que ele passou a ficar meio irritado, meio chateado. Aquele homem que era tão bom
estava sendo muito ruim na família. O seu pai estava com raiva dele e a família toda ficou
contra ele. Da parte do pai dele, nem vinha aqui, só vinha na minha casa quando ele não
estava. Quando ele estava trabalhando. E minha mãe sempre chateada, meus irmãos,
por quê? Ele queria que todos acompanhassem ele. Eu principalmente. Ele não queria
que eu ficasse fora da religião, que ele queria passar com vida (teoria da religião) e eu
estava fora dela (não ia para o céu).
E assim fui passando. E eu ia no Padre Pedro e ele dava os conselhos: eu ia vencer
com a minha paciência, com a minha fé que eu tinha, com a minha esperança. Por isso
que eu falo que desde pequena é a paciência, a fé e a esperança que foi o meu consolo
na minha vida.
Lutei demais porque éramos pobres. Conforto nada. Criando os filhos tudo sozinha
sem poder pagar uma pessoa para ficar comigo. Sempre lutando ainda trabalhando para
ajudar. Fazia doce para vender, Iavava roupas. Os meninos, na época do batismo, fui
tapeando ele, mas foi com muita dificuldade que os meus filhos foram batizados na Igreja
Católica, às vezes, até escondidos.
Quando ele permitiu batizar falou que quando eles crescessem ele ia batizá-los de
novo. E eu assim o fiz. Então os meninos foram batizados. Bendito Seja Deus! E foi
passando os anos. Ele na dele e eu na minha. Eu católica e ele testemunha de Jeová.
Nunca mais o Levi foi na igreja. Ele só foi na igreja para preparar para o seu casamento,
na igreja da Renascença, onde ele confessou, comungou e foi à missa. Mesmo quando
ele ainda não era testemunha de Jeová ele nunca mais foi à missa. Ainda que ele não
passasse para outra religião ele não ia na missa, ele era um homem bom, mas faltava
alguma coisa. Muitas coisas na igreja eu fazia, nos batizados ganhei muitos afilhados.
Quando eu batizava as crianças que eu ia ser madrinha, tinha de ser com outra
pessoa ao meu lado. Eu falava mesmo com as pessoas que para mim batizar ou
consagrar tinha que ser com outro padrinho diferente. Isso para mim era uma dor eu
sofria muito de ver os casais tudo nas igrejas com os esposos e eu não, sozinha.
Nesse tempo nem parecia que eu era casada. Mas ele não ia mesmo. Não entrava
em igreja nenhuma. Eu não sei se ele vivia na linha mesmo. Ele foi uma pessoa assim. E
foi passando os anos. Ai, os anos já iam mudando as coisas, as minhas coisas e quando
ele viu que eu não passava, ele já tinha quase 20 anos de testemunha de Jeová e eu era
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firme na minha fé católica, amando Nossa Senhora com o meu amor por Ela tão grande!
Como eu poderia largar a Minha Mãe do Céu para passar para o lado deles que não
amava Nossa Senhora.
Foi passando os anos na dificuldade da vida e ele sempre firme na dele. E eu
pensava: nunca mais voltarei! Como de fato assim ficou. Ele foi melhorando porque as
minhas orações dominou muito o gênio dele. No ele viver comigo os testemunhas de
Jeová todos achava que eu era muito importante para ele. Podia ser separado de religião
que eu tratava todos eles bem, porque eles são todos meus irmãos. Era fora só de
religião.
Mesmo ele fazendo sofrer, os testemunhos de Jeová que eram irmãos do Levi na fé
eles tinham prazer de vir aqui passear. Eu dava até atenção como de fato eu fui com ele
em São Paulo, no Rio de Janeiro. Em São Paulo, numa assembléia que eles tiveram, mas
não na fé deles. Aí eu procurava as igrejas eu e a minha cunhada. Mas a gente
aproveitava a oportunidade de ir por causa das condições. A gente não podia e ir, com
eles ficava mais fácil. Assim passou. Meus meninos foram crescendo ele doido para levar
os meninos para o salão dele, de Jeová.
Ele queria fazer um salão de toda maneira aqui na minha casa. Eles exigiam dele. E
eu falava com o Levi:
- Tudo pode ser, menos isso que você quer. Não podemos fazer porque vai atrapalhar aqui
nosso quintal. Vai ficar feio. Eu acho que não dá certo.
Eles falavam com ele:
- A sua esposa não pode ser assim. Quem canta na casa é o galo e não a
galinha!
Mas ele gostava muito de mim. Eu tenho certeza que o amor dele era muito
verdadeiro na minha pessoa. Então foi passando. E fui criando esses meninos, tão
pequenos! Eu arranjava eles para ir com ele lá na assembléia para ir no salão. Os
meninos chegavam e falavam assim:
- Mãe, é tão ruim no salão de Jeová. A gente gosta é da igreja, a gente
acompanha o padre. Eu gosto da igreja. Eu não gosto de lá.
Nem um dos dois meninos. Aí ele disse:
- Ó Tina resolve isso aí, em quanto é tempo, você pode ainda resolver a
passar para Testemunha de Jeová.
Aqui vinha sentinela, tinha tanto livro de Jeová. Mas falar francamente, eu nunca abri
um livro para ler, nem revista, não tinha vontade. No meu coração só falava em Deus e
Nossa Senhora, no meu trabalho. E depois os meninos foram crescendo e sempre na
religião católica comigo e de vez em quando ia com ele. Jamais o Levi ia na igreja mas a
gente começou a passar a viver muito melhor porque ele foi entendendo e as minhas
orações foram convertendo o Levi.
Fui a Aparecida do Norte umas quarenta vezes. Eu fazia romaria duas vezes por
ano. Fazia em maio e fazia em outubro. Até num ano das romarias eu levei ele comigo.
Ele foi como se fosse a passeio. Chegou lá e procurou o salão de testemunha de Jeová.
Ele não foi na igreja. Mas tudo passou. Até em Curvelo que eu também fazia romaria para
Curvelo e uma vez eu consegui levar ele, mas chegando lá ele procurou o salão dos
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testemunhas de Jeová e eu a igreja. Assim foi nossa vida toda caminhando no matrimonio
que Deus nos uniu. E é muito profundo o matrimonio fazendo ali uma aliança com Deus
uma vida religiosa, vivida.
Então foi passando, os meninos crescendo e as pessoas unidas comigo. Um uniu
outros não, porque muitos achavam que eu deveria acompanhá-lo. A família, os
testemunhas de Jeová as mulheres ficaram chateadas de ver que eu não tinha vontade
mesmo de passar. E tive uma força muito grande que eu venci, trabalhando nas minhas
orações para que eu nunca passasse para a religião dele, como esposa tinha obrigação e
ele. Eu tinha esperança que voltasse a religião católica, para mim e para toda a família.
Então foi passando os tempos nós com muito trabalho, com muita luta muita força,
de muita coragem para vencer. Ai eu tive muita coragem de vencer porque era difícil. Por
quê? Porque eu sempre queria o Levi ao meu lado para nós irmos à missa, para nós
freqüentarmos as coisas da igreja e não tinha. Eu lutei sozinha na minha vida conjugal
que eu tinha com ele mais de trinta anos. Ia sozinha na igreja. Sozinha quando tinha as
festas da igreja. Eu sempre falava com ele. Quando foi um dia, ele teve uma enfermidade
eu já estava nos meus 33 anos de casada, ele teve uma enfermidade (pressão) e o
medico falou que era bom até ele mudar de casa para ele poder melhorar.
Eu conheci nessa época um Padre lá na Santa Mônica, Padre Luiz Alacon que era
como um vigário. Para mim ele era da Igreja católica romana, e como ele era mesmo da
Igreja católica na Bolívia, esse padre chegando em São Paulo foi barrado por causa de
uma causa política, eles, os Padres (e até bispos) ficaram contra ele. Foi ali preso por
causa disso. Eles falaram que aqui no Brasil ele não podia seguir a religião, o sacerdócio
romano. Foi ordenado Romano e não podia ser. A família vivia triste, bolivianos, o pai
dele Sr Davi e a mãe Dona Rosa, sua Irma Marlene, sua tia vieram aqui no Brasil
passear, numa época em que eu tomei conhecimento deles. Eles me contaram tudo como
foi à vida religiosa dele lá na Bolívia e que eu tivesse assim um pouquinho de cuidado
com ele, que eu fosse amiga dele.
Quando eu soube que ele estava numa igreja, a Igreja brasileira aceitou ele como
Padre, e pode celebrar missas. E ele foi um sofredor muito grande porque ele ama a
Igreja Católica Apostólica Romana. E esse Padre, eu comecei a rezar. Nós íamos daqui
do Renascença bastante gente para ir até lá porque lá era um lugar de Nossa Senhora da
Conceição Aparecida que ali estava presente para poder ajudar a todos aqueles filhos
que ali fossem. E ali foi passando, todos foram abandonando quando ele começou a ter
grandes provações na vida dele. Mas Nossa Senhora não me deixou eu nunca abandonálo. Foi aí o meu sofrimento que começou ali no bairro Santa Mônica. Eu ia todas as
quintas feiras, domingos, sábados. Fazíamos especiais para Monlevade, para muitos
lugares, sendo até, acompanhando. E tornou-se assim um pouquinho da minha vida um
pouco de trabalho, mas também um amor muito grande por Nossa Senhora da Conceição
Aparecida.
Um dia, tinha mais de 1000 pessoas lá naquele pátio, ele precisou de uma pessoa
para rezar, ele escolheu a minha pessoa, se eu podia rezar o terço para toda aquela
multidão. Naquele momento em que eu estava no palanque e comecei a rezar, eu senti
uma força muito grande ali, naquele momento. Antes de me conhecer, um outro dia, ele
viu o Espírito santo descendo em mim e falou, no meio de mais de 2000 pessoas que o
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Espírito Santo Tinha descido numa pessoa ali presente. Neste dia eu estava com uma
úlcera no estômago que estava doendo muito, e neste momento senti uma melhora muito
grande. Depois ele me disse:
- Você foi à única que recebeu o Espírito Santo para poder rezar para todos e servir a
Deus, mas é o carisma que você nasceu com ele.
Assim foi passando os meus tempos. A família dele da Bolívia vinha muito aqui para
vê-lo, vinha para a minha casa. Nós quinze anos do meu primeiro filho que é o Roberto,
toda a família dele almoçou aqui em casa. E ele passou a ser um grande amigo da família
até do meu marido que era testemunha de Jeová.
Um dia o Padre disse ao Levi: Levi vamos ver se você vai vencer a comadre Tina, (
Ele me chamava assim) ou ela vai te vencer! Aí, o Levi disse só Deus sabe, mas eu
nunca deixo esta religião pela católica. Foi à resposta dele. Mas o tratava muito bem.
Assim foram passando os anos, passando o tempo e assim foi passando.
O dia em que ele teve doente, o médico disse que ele deveria mudar daquela casa
do bairro Santa Mônica, onde teria sua capelinha. Conversando com os meus filhos, com
o meu esposo, ele estava doente também naquela época, o médico tinha falado a mesma
coisa com ele que eu tinha que mudar daqui para ele mudar a depressão que nele veio.
Isso foi em 1972. Conversando com ele, aí ele disse para mim: vamos mudar. Trocamos a
nossa casa com o Padre Luiz. Ele vem pra cá e nós vamos para lá. Aí eu tinha uma
lojinha pequenininha no bairro da serra. Eu larguei o bairro da serra e fui para o bairro
Santa Mônica. Foi uma grande provação para mim porque a família toda ficou revoltada,
mas os filhos me acompanharam. Mesmo eles estudando ficaram aqui com uma pessoa e
a noite dormiam lá. Miriam, tirei ela do colégio que ela estudava, nas Paulinas e coloquei
ela no Orfanato lá no colégio Santo Antonio em venda nova. Assim foi passando os
tempos.
Nós mudamos no dia 22 de março de 1972. Lá tinha também um abrigo de velhos
para eu olhar. Era uma parte da casa dele. Ele veio para a minha casa e eu fui para a
casa dele com o meu marido e com os meus filhos. E aqui ele ficou. O povo começou a ir
até lá na Igrejinha, ia bastante de gente a procura de uma graça, de amar mais a Deus. E
eu estava lá com bastante gente em oração e no tempo dele o povo já estava sumindo.
Parece que o demônio entrou ali naquele lugar para poder ter uma outra separação.
E nesse meio tempo lá já tinha missa que o Padre José Alves do bairro São Paulo
permitia que um padre o ajudasse. Padre Soares celebrava missa lá, ele é da igreja
católica por isso que a gente ouvia missa lá e esse padre ainda ajudava o Padre José
Alves que até gostava do Padre Luiz Alacon, Padre Antonio Gonçalves também gosta
muito dele que sabe que ele era um padre que queria voltar para a igreja católica, mas
dom João de Rezende Costa não o aceitou. Todos os bispos o aceitaram, mas ele não
aceitou.
Tudo isso que estou falando aqui é uma verdade inspirada por Nossa Senhora.
E assim foi passando o tempo do padre aqui e eu lá. Um dia o Padre foi até lá e
quando ele viu a multidão que estava comigo, multidão que não caberia, ele me mandou
chamar aqui ( No Ipiranga). Eu chegando ele disse para mim:
- Comadre Tina, eu não vou ficar aqui mais. Eu tenho que voltar para a minha casa!
10
Aí começou o meu sofrimento porque o meu esposo, o Levi já estava gostando de
lá, já tinha até plantado feijão, já estava feliz. Ele trabalhava na cidade e levava o pão da
tarde e gostava, assim, já se sentindo uma pessoa diferente. A depressão dele foi curada.
E aconteceu que começou o sofrimento porque o Padre não queria mais ficar aqui.
O meu marido não queria voltar. Olha a minha situação. Foi aí que começou um drama
maior na minha vida.
Eu comecei a procurar uma casinha em Santa Mônica para morar porque o meu
esposo não queria voltar. Tinha uma senhora que mora aqui onde mora a Dona Luzia
esta aqui de frente que queria alugar a minha casa porque o padre deixou a minha casa e
foi para lá. O Levi não queria voltar, queria também ficar como a Miriam que muito
gostava de lá e não queria mais voltar.
Mas foi no começo de um dia, aí passou e o padre me pedindo sem parar para que
eu desse a minha parte da casa dele que eu morava, para mim vir para cá e deixar lá
para ele. E o Levi não queria voltar. A tristeza minha toda era o meu marido ter gostado
de lá porque ele já estava passando muito bem. Quando eu comecei a arranjar uma casa,
arrumei um fiador para mim para poder ficar lá mesmo, para o Santa Mônica e já ia
colocar a minha chave lá na imobiliária que eu ia alugar até para essa Dona Aqui, mas
quando eu conversei com São Luiz Gonzaga que me acompanhava e quando eu comecei
a conversar com ele e falei:
- Ó são Luiz Gonzaga, com toda a sua pureza de jovem ajuda a sua filha. Se vós achares que
esta casa, eu morar aqui vai dar certo, não deixe que alguém alugue a casa e que eu também não
fique aqui. Faça o melhor!
Só rezando. E ele, o Padre Luiz fechou a capelinha e não deixava rezar nas quintas
feiras. O povo chegava para rezar, a capela fechada. Flores chegando sem parar para
mim e eu não sabia onde colocava as flores. Eu enfeitava a minha casinha de flor por que
a capela estava fechada e assim foi passando.
Não demorou muito, ele mandava toda a noite aqueles jovens que estavam com ele,
e outros padres, bater na minha porta e dizer que eu saísse de lá, que eu não podia ficar
lá, que eu tinha de arranjar uma casa e mudar, pois precisava daquela casa ali para ele
fazer uma festa. E esta festa dele ia ser no dia 8 de maio.
E nesse dia 5 de maio, eram três horas, o pessoal chegou para rezar. Como ele
tinha trancado as porta da Igreja e me proibido de rezar com o povo lá, eu fui com as
pessoas para o mato, a onde tinha um descampado, e lá nós fomos rezar o terço de
Nossa Senhora. Muitos ficaram revoltados, mas conseguir controlar a situação. Quando
foi à tarde, aí começou mais um drama, ele já vinha todo dia falando sobre está minha
saída; não sei se era numa quarta-feira, ou numa sexta-feira, dia cinco de maio as 19:30
hs., quando eu estava no meu quarto rezando, ele punha um radio lá numa altura e ficava
falando, dando gargalhadas como se fosse um demônio. Eu achando ruim tudo que
estava acontecendo e falei:
- Ô minha Mãe.
Eu rezava e falando e chorando e as lágrimas desciam, sozinha, na beirada da
minha cama, o marido na minha cama já dormindo e o Padre Luiz batendo na porta,
falando que sábado ele precisava da casa.
11
Quando eu estava assim, sofrendo, nesse momento que eu tive uma graça tão
grande que eu nunca mais vou esquecer na minha vida que Nossa Senhora apareceu
para mim, toda de branco e me disse estas palavras:
- eU Não pUS MUiTA lUz pArA VoCê Não ASSUSTAr porqUe eU preCiSo lhe
FAlAr.
Um ano antes eu já tinha tido uma visão com Ela em voz, Ela me falando lá no bairro
da Serra onde eu fiquei um ano trabalhando também dando catequese e Nossa Senhora
continuou dizendo:
- FilhA VolTe pArA A SUA CASA!
Ainda me deu um papelzinho, pegou na minha mão e me deu um papelzinho e falou:
- VolTA pArA A SUA CASA, e’ AqUi qUe eU eSToU. é AqUi qUe eU Moro. é AqUi
qUe eU eSToU pArA TodoS qUe CheGAreM. FAz UM peqUeNiNiNho orATório e
CoMeçA TUA MiSSão. VAi Ser MUiTA, MUiTA CrUz, MAS VoCê VAi VeNCer. GUArde
SeGredo. Não FAle A NiNGUéM o qUe ACoNTeCeU AGorA. Só depoiS qUe eU
MANdAr FAlAr, qUe eU VoU VolTAr de NoVo. MAS TUdo qUe e FeiTo por VoCê é
FeiTo por MiM. MUiTA CrUz, MUiTo eSpiNho VoCê VAi reCeber. MAS Vá, FilhA e
FiqUe!
Eu respondi somente, para Ela:
- Como eu poderia fazer um oratório na minha casa se o meu marido é testemunha de Jeová?
Ela me respondeu:
- ele VAi ACeiTAr, AiNdA VAi Se CoNVerTer!
Naquelas palavras, Ela desapareceu, Ela não veio assim com muita luz porque foi
assim que eu vi, de olhos abertos e Ela não veio com luz. Ela disse um dia para mim, se
não eu cairia e não saberia fazer nada o que estava para acontecer. Aí eu deitei, acordei
o meu marido que estava dormindo e falei assim:
- Levi, Levi, acorda, Levi, acorda! Vamos voltar para a nossa casa, Levi! Vamos voltar para lá.
Ele falou assim:
- Não! Eu daqui eu não saio!
Eu falei:
- Vamos Levi, eu vou te prometer meu filho, eu nunca mais vou acompanhar aqui e nunca mais
vou sair para fazer nada, Eu vou falar com você. Eu vou ficar quietinha lá, eu só vou à missa e fico
quieta.
Aí ele com muito custo disse:
- Faz o que você quiser, mas eu não tiro uma palha do lugar!
Eu falei:
- Tá bom.
Eu fui lá acordei a Miriam, os meninos que estavam dormindo este dia, que a Miriam
acordou e disse:
- Mãe, não vou não, que agora que estou tão bem no colégio, aqui!
Eu disse:
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- Ó minha filha um dia você vai saber por quê!
Eu estava muito magra, muito assim sofrida. Aí eles então concordaram. Toda vida
estes filhos todos foram muito chegados a mim.
Levantaram muito falso de mim, de poder acompanhar o Padre. Fui muito vitima de
falso, de calúnia, até da própria família minha. Mas Nossa Senhora não deixou que nada
eu guardasse dentro do meu coração, ó ódio, nem o rancor, nem nada, de ninguém. Aí foi
passando.
Quando foi está sexta-feira, eu levantei alegre e cheia de felicidade, já não era
aquela pessoa sofrida porque eu estava com aquela força da Mãe de Deus. Foi onde eu
levantei, tinha uma senhora em frente que tinha um amor muito grande por mim, ela é
baiana, chama Dona Francisca que eu falei com ela assim:
- Olha eu vou voltar para a minha casinha!
Mas foi bom. Mandei que os meninos buscassem a chave na imobiliária, dispensei a
outra que já estava quase alugada e vim para minha casa. Então quando eu cheguei a
família toda ficou cheia de vida. A madrasta do meu marido que era minha sogra, chorava
e me abraçava como se eu tivesse sumido e tinha voltado de novo. E nesse meio tempo
eu chamei os meninos, eles limparam a casa toda, limparam o barracãozinho, que estava
aí, tudo foi limpo porque o padre tinha muito cachorro e às vezes eles sujam um pouco o
quintal, limpamos tudo. Aqui tudo era lote. Eu só apenas tinha um barracãozinho, aqui em
frente, onde nós estamos aqui assim, mas lá, não aqui, que era uma cobertinha que a
minha mãe tinha quando ela morava aqui nesse barracãozinho.
Então, eu vim aqui, nós ajeitamos tudo. Isso foi numa sexta-feira. Quando foi no
sábado eu fui chamar um caminhão para buscar a minha mudança. E quem veio levar a
minha mudança foi o sobrinho da minha sogra, que agora a menina dela recebeu uma
graça aqui esses dias, porque ele que apanhou a minha mudança. Ele falou que só podia
buscar a minha mudança no domingo. Sábado ele não tinha condição. Eu fiquei alegre e
naquela noite mesmo, sábado, eu chegando lá na porta lá do padre que estava junto com
os velhinhos. Lá era muito grande e estava até bem acomodado. A minha casa ficou
fechada oito dias. Eu falei com ele:
- Só amanhã, eu não te entregarei a casa hoje, mas domingo eu te entrego esta
casa para o senhor viver a vida do senhor com a sua equipe, o seu apostolado.
Sem raiva nenhuma, com amor a ele, que ele estava me ajudando a santificar.
Neste momento ele falou assim, tenso e disse:
- Ó meu Deus está parecendo um pesadelo tudo isso!
E eu fui para casa. Quando foi domingo, três horas da tarde que o moço falou que
poderia ir buscar. Quando chega o caminhão, antes tinha ido muita gente para rezar
comigo. Quando eles viram a mudança saindo começaram todos a chorar e disseram:
- Meu Deus, porque isso está acontecendo?
Aí eles, viram o caminhão. O Padre Luiz ficou sentado lá na porta da casa dele.
Tinha um velho lá que gostava muito de mim, o Senhor Afonso, ele falou:
- Meu Deus a minha vida aqui acabou, a senhora vai embora como é que eu
vou ficar aqui sem a senhora, Dona Tina?
Eu falei:
13
-É Deus. Deus vai te ajudar.
E assim eu mudei para aqui para está casa. Voltei para a minha casa. Foram apenas
45 dias de mudança. Foi muito triste para uma pessoa que pensou que tudo ia dar certo,
assim em outro lugar, que aqui nunca poderia ser nada, apenas um oratóriozinho para
rezar. Mas tudo isso foram os acontecimentos. Aí eu nunca mais pensava que isso ia ficar
somente nesse oratório e ali eu ia rezar e tudo ia ficar daquele jeitinho que Nossa
Senhora falou comigo. Mas tudo foi diferente.
Quando eu voltei para cá eu não tinha nada. Eu apenas tinha a imagem de São Luiz
Gonzaga que foi esse próprio Padre quem me deu, Alacon, por ser o santo do meu dia.
Ele deu no meu aniversario de 1967 ou 1968 por aí e ele me acompanhava. Então
quando nós mudamos, eu pensei comigo: ah meu Deus, como eu vou começar aqui a
rezar se eu não tenho nenhuma imagem, não tem nada, vou fazer aqui um altarzinho! Aí
eu fiz o primeiro. Foi no barracãozinho onde está aquela Cruz de Cristo, até foi feito. Fiz
um altar e as pessoas que me acompanhavam lá viram e eu comecei a rezar. Mas antes
eu fui lá na favela onde eu fiquei em 1971 e pedi a senhora que era dona de uma
imagenzinha de Nossa Senhora Aparecida que ela ficava comigo todas as quintas-feiras
se ela me podia arranjar ela de novo que eu tinha muito amor por aquela imagem. Ela
disse:
- Ela já não está no bairro da serra e está andando de casa em casa. Ela não
está aqui, mas eu vou com você lá e aí você leva essa imagem!
E nós fomos. Desci aquelas barreiras da favela até chegar no outro lado de lá, onde
a dona estava, toda chique. A imagem estava muito bonita, uma casa muito rica. E a dona
falou assim:
- Eu não posso deixar de entregar. A senhora pode levar!
Deixou que trouxesse ela para a casa. Eu trouxe ela, até foi na mão, assim no
ônibus. Quando cheguei aqui pus ela no oratório. Aí comecei o meu trabalho ali naquele
oratório de Nossa Senhora. Nesse meio tempo quem veio rezar primeiro foi a Joanita
aquela que eu tinha um amor muito grande e que ela estava num lugar muito bom que ela
recebeu muitas graças aqui. Veio rezar e falou:
- Eu tenho dois vestidos de anjo, duas asas, duas coroinhas, tenho dois vasos
de samambaia e eu os dou para você para poder colocar.
Nem as flores eu não tinha nessa época por causa da mudança as flores todas
ficaram lá.
Aí começou nesse primeiro dia lá eu rezei 11 de maio quinta-feira 3 horas da tarde,
quando fiquei chorando de saber que eu gostava tanto do bairro Santa Mônica, da capela
de lá como eu poderia ficar sem poder ir lá? Sem poder rezar? As lágrimas desciam,
choravam que os meus olhos não suportavam as lágrimas que ali derramava, porque
Nossa Senhora me disse: Sofrimento, Sofrimento! Aí começou mais um sofrimento! Faça
o oratório, como Ela pediu. Não era ali naquele lado. Eu teria que alugar aquele barracão
para ainda ajudar na despesa. Aí eu tinha um comodozinho, ali onde está a oração, na
capelinha, onde está o Nosso Senhor dos Passos, tinha um comodozinho igual a esse
daqui, pequenininho com o vasculante virado para lado, foi onde eu fiz o altar. E o meu
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filho Roberto foi o primeiro que me deu aquela mão tão forte e está me dando até no dia
de hoje.
Aqui estava tudo sujo. Fez um caminhozinho, tinha um pé de manga ali, nós
pusemos ali, fizemos o altar ali naquele lugar simples e humilde e eu coloquei o São Luiz,
coloquei Nossa Senhora e eu mesmo fiz uma cruz que está na arvorezinha santa, uma
preta, pus aquele crucifixo que está na mina, coloquei eu mesma, fiz a cruz, pus o Jesus
lá e eu tinha uma medalha, eu tinha uma cruz que tinha ganhado lá do Padre e ela estava
um pouquinho quebrada. Nossa Senhora apareceu para mim e disse:
-Tire eSSA CrUz e põe UMA MedAlhA do SANTíSSiMo SACrAMeNTo!
Aí eu tirei a cruz e pus esta medalha. Nós começamos e também aí foi o meu
trabalho aqui rezando. Era pequenininho assim e aí o pessoal começou a querer vir rezar
aqui começando o meu oratório, Nossa Senhora junto comigo me dando firmeza e
coragem, paciência e minha fé foi aumentando cada vez mais. Quanto mais eu sofria
mais fé eu tinha. Aí foi passando e o meu marido sempre com raiva, sempre gritava
comigo e falava!
- Pois é você não deixou fazer aqui o salão e agora está aqui o oratório que eu
deixei você fazer!
Eu fale:
- Ô Levi isso é por Deus!
Então eu conheci o José Ferreira Matos, foi por intermédio da Sra. Joanita e ele veio
até aqui, um vicentino, um grande pregador da palavra de Deus. Ele amava Nossa
Senhora muito mais do que um de nós que estamos aqui. O amor de José de Matos para
Nossa Senhora não tinha um que amava mais. E ele tinha o padre que nesse tempo aqui,
veio conhecer e ficou unido comigo na oração. Foi uma ajuda muito grande.
Começou a capelinha e nós aumentamos mais um pedacinho. Eu conheci um leigo
que fez um curso em Divinópolis e veio também para me ajudar. Conheci por intermédio
do Senhor Geraldo da Dona Maria. Nossa Senhora foi encaminhando as pessoas que
eram chegadas à igreja. Fizemos ali a capelinha maior um pouquinho, mais ainda virada
para o barracão porque eu não tinha condição de pôr nem uma porta, não tinha condição
de nada. Era uma cortina assim vermelha. Primeiro de tudo, antes de aumentar, como já
contaram aqui, que deu uma ventania, uma chuva tão forte que inundou Belo Horizonte
toda. A minha casa ficou toda inundada, todo mundo assustou e disse que a capelinha da
Dona Tina, já não é nada! Lá, não teve nada e francamente eu acho que nem a cortina
molhou. Tudo estava como um dia antes. Foi um milagre que nós tivemos neste dia. Aí o
pessoal começou a vir rezar. O Padre João de Deus ficou sabendo porque tudo eu conto
para os padres. Contei para ele que eu estava rezando aqui. Ele mandou as irmãs lá da
igreja dele, lá as irmãs todas vestidas, tudo assim, gente boa, mandou vir aqui se eu tinha
aqui a hóstia consagrada, o quê que eu estava fazendo aqui porque eu tinha vindo lá do
Alacom, alguma coisa eu estava de contato com ele igual o dia que eu estive mais de
uma hora conversando com ele e contei toda a minha vida para o padre João de Deus.
Ele que não tomou conhecimento tanto quanto deveria ter dado, não é? Então ele viu que
nada tinha, apenas um altar, o terço a oração e uma novena. As irmãs falaram: a gente
tem que cumprir ordens do sacerdote. Falei:
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- Tudo bem!
A prudência, tudo a gente tem que olhar porque tudo que é de Deus é verdade e
tudo que é verdade não pode ter mentira e se houver mentira não tem Deus, tudo termina.
Aqui é de Deus porque eu sei que não vai terminar.
Quando foi no dia 5 de março de 1973, o Padre João Rocha lá da igreja São Judas
Tadeu que ele ajudava o Padre João de Deus, veio aqui e celebrou uma Santa Missa.
Agora, nesse intervalo eu tive que olhar dois velhinhos que o padre Alacon, tinha mudado
lá para outro lugar, acho que é para o bairro Rio Branco e fechou o asilo dele e não pode
ir para frente e ele ligou para mim se eu podia tomar conta de dois, um velhinho e um
mais novo porque ele não sabia onde ia colocar então eu ia fazer este grande favor para
ele. Eu falei:
- De coração eu mandarei buscar.
E pus lá na garagem as duas caminhas onde eu olhei cinco anos e o outro foi um
ano e meio porque ele era doente também. Então eu mandei buscar. Esse dia, que eu
mandei buscar, o sofrimento com a minha família foi maior ainda. Mas tudo passou. Eles
morreram comigo.
Eu dei muita assistência do jeito que eu pude e eles eram muito felizes. Aonde eu
tenho aqui a oração de são José foi em 1972 que um deles me deu Sr. Afonso lá em
Santa Mônica, quando eu mudei para cá ele ficou chorando quando eu vim e me deu
aquele retratinho de São José, lá do abrigo Belo Horizonte que ele era de lá quando ele
foi transferido do Santa Mônica falou:
- Vou te dar está oração que ela vai te acompanhar você e a sua família.
Hoje eu estou passando e dando para todas as famílias. Ela foi dada por um homem
muito santo que era um pobrezinho que precisava de todos. Nesse meio tempo então,
entrando aqui o padre João Rocha celebrou a missa.
Quando o Padre João de Deus veio de viagem, achou ruim com ele e disse:
- Você não poderia ter celebrado a missa lá na Dona Tina, não dei ordem.
Ele falou:
- Mas eu já celebrei e ainda já iniciei lá a campanha da fraternidade.
Tudo passou e eu fiquei sendo amiga do padre João de Deus. Ele me chamou e nós
conversamos e ele me disse:
- A senhora Dona Tina podia fazer uma coisa: vem para a minha igreja, vem tocar
órgão!
Eu falei:
- Eu não sei. Eu não sei nada. Eu não sei tocar nada. Se o senhor deixar padre, eu faço aqui
então.
Nós iniciamos aqui, por exemplo, a quarta-feira a novena de Nossa Senhora do
Perpétuo Socorro. Ele disse:
- Não pode porque lá na Lajinha nós já a temos, aqui não pode.
Eu falei:
- Então depois nós vamos conversar sobre esse assunto.
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Aí eu comecei a preparar meninos para a primeira comunhão. Foi onde foi feita a
primeira comunhão aqui no dia 22 de dezembro de 1973. Eu já tinha preparado meninos.
Como comecei a fazer o meu especial para Aparecida do Norte. Ia lá duas ou três vezes
por ano. Levava todas as pessoas para a conversão. E assim foi passando o tempo e
mudamos a capelinha para onde vocês vem agora. Mas para mudar foi muito sacrifício
porque aqui nunca tinha esmola porque a gente não pedia. Então a gente fazia leilão. Eu
fiz tudo assim, mas com leilão. Ele me ajudou muito com os leilõezinhos. Dona Tereza, eu
lembro das pessoas que me acompanharam aqui. Eu tinha muita queda para leilão. Eles
falavam:
- A senhora tem muita queda para estas coisas!
Agente rezava todas as quintas-feiras como Nossa Senhora pediu, as três horas da
tarde! Assim foi o começo da capelinha.
Nesse meio tempo, conversando com uma senhora dentro do ônibus, Sr.Conceição
Diniz, eu estava falando com ela sobre aqui, ela me disse que tinha uma parente que
estava com vontade de construir uma capela no loteamento que tinha feito, hoje é o bairro
Pirajá.
Ela, Esmeralda Rodrigues, veio até aqui na capelinha, foi onde a conheci. Ela me
disse:
- Eu tenho lá no Pirajá, um loteamento, lá jogado (sobra de dois lotes que não
constava na planta do loteamento) e eu queria que a senhora fizesse uma
capelinha igual a essa aqui porque lá quero dar para a igreja.
Agora, lá entrou muito espinho, muito espinho que todos sabem que eu já contei
aqui( ver no livrinho do começo do bairro Pirajá). Foram muitos espinhos mesmo. Fui
mesmo reprovada, depois de tudo pronto. O padre era muito meu amigo, mas entrou
aquela... É por isso que Nossa Senhora fala aqui, a inveja!
Porque Ela está falando da inveja aqui? E porque às vezes a pessoa vem aqui vê e
fala assim:
- Tudo é bonito, eu vou lá para fora, vou dar mensagens, vou falar da minha cabeça o que está falando!
Mas tudo não passa de uma mentira de uma inveja, porque tudo o que aqui
acontece vem de Deus, desde o sofrimento de nascença. Neste sofrimento foi assim que
conhece o Cônego Pedro Terra. Eu fiquei lá no Pirajá para cuidar daquele loteamento, o
padre deixou e nós fizemos. E ele muito amigo meu, mandava o padre lá celebrar missa.
Era aquela amizade tão grande! Entrou uma fofoca e uma inveja tão grande que nos
separou. E ele acreditou. E o padre só faltou me chamar lá no altar eu estava assistindo
aquela missa, e perante ao publico todo falou que eu era vigarista, que eu era uma
pessoa que estava querendo o terreno para o meu marido, que é testemunha de Jeová,
que eu queria fazer dali, não era um templo de Deus e que ninguém fosse naquela
capelinha. Isso foi no sábado e ele repetiu nas missas de domingo, que era três vezes,
Padre Jose Alves. O povo do Pirajá revoltou porque sentia na capela que era uma capela
muito santa. E aconteceu que antes ele mesmo tinha dado ordem ao Cônego Terra
(porque neste dia ele não podia ir) de inaugurar a capelinha do bairro Pirajá e, como já
tínhamos preparado 40 meninos, fazer a primeira comunhão deles. Nós já estávamos lá
com a capela com uma comunidade já toda unida. Essa inauguração foi filmada pela
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Rede Globo de televisão. Tudo isso aconteceu (após a inauguração) por meio de uma
fofoca. De uma inveja. É por isso que a inveja é do demônio. Ninguém deve ter inveja de
nada neste mundo. Não pode ter inveja nem da tua beleza. Se for bonita não tenha inveja
da sua beleza. Que às vezes você mesmo tem inveja de você mesmo. No pecado da
inveja entra o orgulho. O pecado da inveja entra a mentira, entra o ciúme, a desunião,
entra a vaidade, entra o rancor, o ódio, a preguiça, que entra tudo nisso por causa da
inveja.
Nesse meio tempo tudo aconteceu. Se eu for contar tudo não da para falar agora os
acontecimentos lá do bairro Pirajá. Foram muitas lágrimas. Eu estava fazendo uma
novena de treze terças-feiras para o Santo Antonio. Eu comecei a fazer a novena lá e eu
era amiga do padre. Quando foi no oitavo dia, eu ia fazer treze, era treze terças-feiras, eu
mais a minha comadre, a Luzia, que ela é que era a minha companheira aqui de todos os
momentos, nós fomos fazer, quando nesse dia não tinha uma pessoa para cantar. Uma
pessoa falou:
- Dona Tina a senhora podia cantar na missa!
Eu ainda cantei na missa toda alegre, toda satisfeita que dali daquela novena, eu ia
receber uma graça da escritura lá do bairro Pirajá, nestá novena. E quando terminou tudo
o padre me chamou lá na sacristia. Eu falei:
- Será o que ele quer comigo? Será que é alguma coisa do Pirajá que ele quer que eu faça?
E nós éramos muito amigos, mas muito mesmo. Até hoje eu tenho por ele muita
estima dentro do meu coração porque tudo não passou de inveja, tudo não passou do
demônio que não queria uma igreja no Pirajá porque era de Nossa Senhora Aparecida
também. Então ele me chamou e falou tudo que ele podia falar. Ai eu virei para ele e falei:
- Padre, não é o senhor que está falando porque o demônio entrou até em Pedro também.
Ele disse:
- Não, é eu mesmo que estou falando.
Mas eu vi que não era ele. Ele estava com o rosto diferente. Eu saí de lá toda
manchada de roxo.
Mais tarde compreendi que naquelas palavras ocultava quem verdadeiramente
falava, mas não era o padre. E ele mandou que fechasse a igreja do Pirajá. E ainda
peguei na mão dele e falei:
- Padre eu vou, eu vou fechar a igreja, mas não sei se Nossa Senhora vai fechar, eu não sei se
Jesus Cristo vai querer fechar ali, mas se não for de Deus ela não vai ser fechada e se for de Deus
ela vai ser uma grande igreja, uma igreja de muita conversão.
A minha comadre falou que se fosse ela, nunca mais mexia com igreja. Mas eu saí
de lá, a minha comadre começou a chorar comigo e eu chorei tanto, muito, sem poder
falar com os meus filhos, com meu marido. O meu sofrimento era dentro do meu quarto.
Assim nem minha família ficou sabendo disso, nem mãe, nem irmão, nem tios nem
ninguém, só Deus; e nem meus filhos também. O sofrimento começou muito grande ali de
ver uma igreja fechada construída com tanto carinho e com tanto amor, de Nossa
Senhora! Fui lá, fechei a igreja! Nesse dia, era dia de Santa Rita, que o padre fez isso, 22
de maio de 1979. O padre mandou que eu fechasse e eu fui, fui cumprir as ordens dele
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porque ele é o superior, ele é o pastor da igreja. Fui chamei as pessoas, fechei, chamei a
Tereza e falei:
- Tereza, você anda com Nossa Senhora aí esses restos dos dias nas casas e faz a coroação
que está fazendo aqui e acompanha e vai nas casas porque nas casas não tem importância, mas
fecha a igreja, tira todas as imagens. Tira também o Sagrado Coração de Jesus. Vocês começam a
fazer coroação d’Ele também como faziam lá!
O pessoal revoltou, a casa dela cheia e o pessoal revoltou, lá da comunidade, contra
o padre. Eu falei:
- Não, se vocês largarem aquela igreja se for contra o padre José Alves, eu nunca mais volto
aqui no bairro Pirajá. Eu não vou dar assistência mais porque nós vamos vencer. O demônio não pode
com quem pode!
E depois dos papéis prontos padre José Alves falou em público outra vez tudo que
havia falado comigo. Quando ele viu a escritura, ele ficou branco porque havia fechado a
capela e falado mal de mim, em público me difamando. E ele disse:
- Eu falei que a senhora ia sofrer com o povo e acabou sofrendo comigo!
E eu o perdoei e ele não me pediu perdão.
Em 1979 já tinha três anos que a capela tinha sido inaugurada com catequese, com
tantas coisas bonitas! Tudo passou. Nesse meio tempo foi tudo fechado, meu sofrimento
continuando cada vez mais aqui porque era a minha alegria essa capelinha do Pirajá,
sendo que o meu marido que falava que não deixava sair, tudo ele deixou. Mas eu não
deixei os meus especiais, não deixei de fazer as minhas romarias para levar o povo até a
cidade de Aparecida do Norte e de Curvelo.
Quando foi em 1980 eu comecei lá no Padre Ari foi onde abriu o caminho para mim.
Lá no padre Ari eu trabalhei com ele, 11 anos de evangelização e eu contei tudo para ele.
E contei tudo para o Cônego Terra o que estava acontecendo e ele disse:
- Dona Tina eu vou falar com a senhora, essa inveja que ouve com a senhora lá, foi
como da capela aqui do São Judas Tadeu, foi maior ainda!
Mas ele comentou que a própria pessoa que teve essa inveja, foi um padre. Ele
comentou dessa inveja, quem foi e mandou que eu guardasse segredo.
Então tudo que foi feito daqui desde 1971 já vai fazer 24 anos desde a favela até
aqui, foi isso que vocês estão vendo, poucas coisas que eu estou contando.
PARTE 2
Complemento do primeiro capítulo por Luzia Campos, Eustáquio e Elias
A Dona Tina disse que os pais dela eram muito pobres de dinheiro mais ricos de
Deus. O pai dela morreu em cinco de março. Ele adoeceu com pneumonia. Ele era viúvo
tinha um filho que se chamava Cláudio, casou com mais de 40 anos e a mãe dela casou
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com 17 anos. A mãe dela não tinha vontade de se casar, mas o padre falou para ela se
casar porque ele era um homem muito bom e que ia dar certo. A Dona Tina pedia pão
velho nas casas, ganhava e ficava alegre. O irmão dela, o Dino, tinha vergonha e
mandava ela pedir, falava que ela era boba. Ela custou a andar e conversar por isso só
ficava no canto. O pai dela ficava preocupado. A Maria, irmã dela era mais esperta. O pai
dela era muito bom para a mãe dela e sempre levava coisas gostosas para ela e a Maria
fingia que estava dormindo ia pé ante pé e via a mãe dela comendo e comia também e
falava:
- Você e boba!
A mãe dela não gostava que ela passasse batom e nem esmalte. Um dia ela passou
esmalte e a mãe fez com que tirasse com caco de telha. Ela não gostava que ficasse na
casa de vizinho e batia com vara de marmelo quando desobedecia. A mãe dela sofreu
muito o nascimento de Dona Tina foi muito difícil.
O pai dela não desprezava ninguém. Toda moça que se perdia que os pais tocavam
de casa, ele acolhia na casa dele e as aconselhava. A Dona Tina tinha tanto medo de
homem que um dia um namorado dela pegou em sua mão e ela lhe deu um beliscão. Ela
ficava nervosa com as amigas dela porque elas no namoro abraçava, beijava e ela não
gostava do jeito delas namorarem. Um dia, ela tirou um pouco dos cabelos de sua
sobrancelha e tentou esconder de sua mãe, pois estava arrependida por causa das dores
que sentia então sua mãe percebendo lhe disse: olha para mim, você está diferente. O
que você fez? Depois que ela contou sua mãe lhe bateu para ela nunca usar nada de
vaidade. Contou também que uma vez o Presidente da Republica Getúlio Vargas foi em
Pará de Minas e ela chegou perto dele e disse:
- Seu Getúlio me dá uma esmola?
Ele olhou para ela e lhe deu o dinheiro. Ela voltou para casa toda feliz, pois ele,
naquele dia matou sua fome. E ela não esquece dele em suas orações. Disse que ele foi
muito caridoso e que está num bom lugar, ele e o Presidente Tancredo Neves, que ia
fazer algo pelos pobres.
Contou também que em agosto de 1994 quando limpava o jardim, ela parou diante
da árvore que está do lado das escadas do Santuário, Nossa Senhora fez meditar no
passado como foi plantada aquela árvore. Ela foi plantada com muitas lágrimas, pois na
época a sua tia Conceição saiu do emprego e montou uma pensão lá na avenida do
contorno perto do frigorífico Perrela. A mãe da Dona Tina foi morar com a conceição e
sofreu muito lá, pois foi com seus dois irmãos e não tinha como pagar o aluguel na casa
onde moravam na Rua São Luiz e foi de lá que a Dona Tina trouxe a muda da planta. E
quando foi plantar lá surgiu à dona da casa cobrando dela as dívidas do aluguel. Ela não
tinha como pagar. Tinha ganhado o Fernando há poucos dias e foi plantando a árvore
chorando e com ela me xingando. Foram muitas lágrimas. A árvore tem a mesma idade
do Fernando. Contou também que um dia o Sr Levi (seu marido) deu lhe um soco nas
costas que machucou tanto que durante muitos dias ela não conseguia dormir de tanta
dor que ela sentia e disse que o Sr Levi não sentiu a gravidade de seu ato e ela aguentou
esse sofrimento calada e sorrindo, sem deixar transparecer nada para ele e para
ninguém, pois meditava nos ensinamentos da sua mãe que lhe ensinou que uma esposa
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nunca deve descarregar os seus sofrimentos no seu marido, nem com ninguém, tem que
aguentar a cruz.
PARTE 3
Missão do santuário início das aparições (transcritos de sua própria narração)
No dia 5 de dezembro de 1987, eu (Dona Tina) estava com as meninas que tinham
feito a primeira comunhão e eu falei com elas:
- Nós vamos fazer uma perseverança e traz uma pesquisa para mim. Aquela que ficar melhor,
eu dou para vocês um presentinho!
Então neste dia somente tinha sete crianças porque estava chovendo muito. E neste
dia o meu marido, já estava enfermo e eu tinha arrumado ele na cama direitinho, eu já
tinha dado lanche para ele, meus filhos ainda estavam dormindo. Então eu vim para cá
para rezar com as crianças. Nesse dia eram 9 horas da manhã quando eu comecei a
rezar com eles e no sábado antes eu falei traga uma pesquisa! E eles trouxeram esta
pesquisa para mim que eram sete. Eu só falei assim:
- Não vou ler agora porque agora nós vamos rezar o terço e eu vou pedir a Mirinha para me
ajudar para ver qual está mais bonita para depois eu dar um presentinho para vocês!
Eu guardei aquela pesquisazinha que eles fizeram aquela coisa bonita sobre o
catecismo, sobre o natal. Quando foi eu falei:
- Vocês querem a bíblia ou o tercinho agora?
Eles falaram:
- Queremos rezar o terço!
- Então tá, vamos rezar o terço.
Então foi nesse momento que nós começamos a rezar o terço, que quando
estávamos cantando, a Aparecida que estava assim, agachadinha, falou:
- Dona Tina, Nossa Senhora está aqui flutuando em cima da nossa cabeça.
Ela está em cima da cabeça da senhora.
Ai eu falei:
- Meu Deus, meu Deus! O que será meu Deus, Meu Deus!
Ela falou:
- Ela está de capa vermelha e está chorando.
Então as meninas olharam, mas antes as meninas falaram:
- Aparecida está brincando!
Mas nos olhinhos dela escorriam duas lágrimas. E eu falei:
- Ela não está brincando!
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Eu sabia que um dia, Nossa Senhora voltaria porque Ela falou comigo, mas eu não
sabia como: se era com criança, se era comigo sozinha ou como que Ela queria a
representação d’Ela aqui de novo, como Ela viria se era como Ela apareceu para mim, ou
se era daquele jeito que Ela veio de capa vermelha chorando e disse:
- VeM, VeM AjUdAr A SAlVAr eSSe MUNdo qUe eSTá perdido!
Então as meninas começaram as três viram, começaram as crianças todas a chorar
por causa daquele fenômeno (aquela luz) que estava dentro daquela capelinha e Ela
flutuando em todas as cabeças. Eu não A vi nesse dia somente senti a presença d’Ela
que estava aqui. foi, quando eu mandei chamar as mães. Todos chorando! Só o Andrè
que foi forte. Ele falou:
- Eu não choro, eu quero ser forte. Eu estou sentindo uma coisa, mas eu
quero ser forte porque eu não posso...
Então eu disse:
- Então vá meu filho, você que está forte, vai lá e chama a mãe das crianças para virem até
aqui.
Uma era a Diva, a outra era a Sr.Filinha aqui, sobrinha do Levi. Tudo era parente.
Isso é que eu achei interessante, Dela ter vindo assim com os meninos um pouco
parentes. Eu mandei chamar também uma dona vizinha que a filha dela também estava.
Os filhos do Zezé, os dois também, os dois não, só a menina. Aí ele foi chamar. Vieram
alguns que estavam em casa. Quando as meninas estavam naquele choro e Nossa
Senhora chorando também e aí Ela disse:
- FiqUeM eM orAção A SeMANA TodA, SeiS horAS, NUNCA MAiS lArGUe A
TiNA AqUi eM orAção pArA poder No diA 12, Meio diA, eU eSTArei AqUi de NoVo.
TodoS oS diAS àS 6 horAS.
As meninas começaram a não me largar. Elas não aguentavam ficar nem na escola
nem nas suas casas. Tudo era ligado a mim. Vinham para mim e eu com o meu marido
doente, mas eu tinha que dar assistência a todas aquelas crianças principalmente àquelas
que viram Nossa Senhora. Quando foi no dia 12 que apareceu a Adriana. Nossa Senhora
mandou Adriana e Ângela virem aqui também e procurar um catecismo.
Por intermédio d’Ela as meninas vieram. Foi onde, na terceira aparição as meninas
vieram. Na segunda aparição, Adriana já ficou em êxtase e disse:
- Nossa Senhora está pegando na minha mão, mas eu não estou vendo Ela.
Ela disse que um dia eu vou vê-la. Eu vou ser a filhinha Dela!
Tudo começou foi assim. E Ela disse:
- SábAdo eU VolTo diA 19.
O quê que eu fiz: no dia 12 eu mandei chamar o padre Waldemar. As meninas,
como a luz era muito forte, era tão grande naquela capelinha que elas caíram em êxtase.
E mandei chamar o padre Waldemar. Ele viu as meninas aí, na segunda aparição. Aí eu
fui ao Cônego Terra falar com ele também o que estava acontecendo. Ele chorou e falou:
- Muito sofrimento na sua vida!
Fui no padre Ari e contei para ele também. Eu trabalhava lá. Ele ficou assim muito,
triste que ele falou assim:
22
- Bonito mais sofrido!
Então assim a minha vida começou com os padres e eles sabendo os
acontecimentos aqui. Escrevi para o padre Vidigal também que eu tinha comunicação
com ele em Roma, o que tinha acontecido aqui e ele mandou uma cartinha para mim, me
falando do fenômeno que tinha acontecido no sol, lá em Roma, que os meninos que
viviam com o padre falaram que Nossa Senhora estava aparecendo lá perto do sol. Isso
foi o que o padre Vidigal escreveu. Falou comigo! Muita prudência Dona Tina que isso é
muito perigoso, e que o demônio vem também em luz e mostra as pessoas que também é
Nossa Senhora. E contando, que nesse dia eles chamaram, eu tenho a carta aí, eles
chamaram mais de 1000 pessoas para verem a vinda de Nossa Senhora. Nada
aconteceu! O padre apaixonou, ficou triste, sofrido e ele foi até para um outro lugar
trabalhar numa paróquia. Nunca mais ele quis falar isso, porque o outro falou que estava
vendo. E ele me respondeu a carta: prudência Dona Tina, prudência! Eu conheço a
senhora, eu sei que a senhora é igual a um padre que a senhora vai ter prudência dentro
de uma igreja.
E ai começou o meu trabalho com os padres. Eles não dando muita assistência, mas
com os padres. Aí, todo mundo ficou conhecendo aqui esse santo lugar que depois vocês
vão ver no filme. Quando apareceu um senhor aqui com uma máquina de filmagem ali na
entrada eu falei: meu filho, aqui não pode, ser visto em lugar nenhum porque isso aqui e
capaz de ser provisório porque Nossa Senhora quer falar alguma coisa! Aí, ele me deu
aquele abraço e falou:
- Dona Tina, um dia a senhora vai precisar desse filme. Eu sou da S.S.V.P. Sou
o Professor Augusto, lá do bairro Sagrada Família.Viajo muito e dou palestras em
todo o Brasil. Eu vou filmar apenas aquilo que eu sei que a senhora vai precisar
não tudo porque eu não posso estar aqui todos os dias presente!
Então ele começou a fazer a primeira filmagem. Então nós temos poucas. E muito
grande o que Nossa Senhora pediu entre eu e as meninas. E vocês agora vão ver aqui
nesse filme como, para começar a chegada d’Ela, para Ela pedir as coisas, para
acontecimento o que foi para traz, o que foi contado, apenas uma parte dos
acontecimentos porque se eu ficasse contando aqui nem precisava passar o filme porque
nós ficaríamos aqui três dias e ainda não ia contar tudo. São apenas coisinhas que aqui
foi contado agora. Eu queria que todos prestassem bem atenção nos acontecimentos que
já foram contados eu com as crianças. Agora, como Nossa Senhora já disse, um dia tudo
ia ser por mim, mas naquela época tinha de ser com as crianças porque ninguém ia
acreditar porque mesmo sendo aqui, eu, muitos ainda não acreditam, mas umas crianças
inocentes de nove anos, pelos acontecimentos d’Ela, que o povo ia acreditar nos
acontecimentos do dia 05 de dezembro de 1987, e para chegar num certo lugar para dar
esta verdade como Ela está dando aqui. Foi preciso que tudo acontecesse porque se não
ninguém de nós, nenhum daqueles que estavam aqui não tinham tido este privilégio.
E nesse meio tempo, quando Ela, depois vocês vão saber dos acontecimentos,
como foi crescendo, quem ajudou e quem está aqui junto conosco.
É este um pedacinho deste apostolado aqui que vocês foram chamados e às vezes
não sabem dar valor. Feliz daqueles que foram chamados e está aqui perseverante junto
com a Mãe de Deus, sem sair para lugar nenhum, somente para a missa, para a
23
Eucaristia porque não tem outro trabalho bonito do que aquele que vive a Eucaristia, que
sabe amar a Jesus Cristo, vivo no Santíssimo Sacramento. Louvado seja o Nosso Senhor
Jesus Cristo! Nossa Senhora da Conceição Aparecida que é a padroeira do Brasil. Rainha
dos pecadores rogai por nós!
É muito importante gente, no dia 5 de Dezembro, um dia antes da Nossa Senhora
chegar aqui, dia 04 para o dia 05 o meu filho Roberto Luiz de Lima, lá no bairro Ribeiro de
Abreu que ele mora, Nossa Senhora foi lá na casa dele e deu ele uma visão que ele
chamou até a esposa e falou, tremendo, acho que a luz foi forte e ele era fraco e disse:
- Filho VoU Te leVAr NUM lUGAr.
E ele viu que era uma Senhora bonita que ele não dava conta de olhar para o rosto
d’Ela trouxe ele aqui. Quando chegou aqui falou:
-é AqUi MeU Filho, qUe eU TroUxe VoCê!
Quando ele chegou aqui ele viu que era a casa da mãe dele e disse:
- Mas aqui é minha casa! É aqui que eu moro!
E nesse momento apareceu um cachorrão, (enorme) preto, de olhos vermelhos,
bravo e ele queria tirar esse cachorro e Ela falou:
- ele Não SAi CoM VoCê!
Ela só olhou. O Roberto contou assim que até hoje fica trêmulo quando ele lembra
disso; Ela só olhou, e fez um sinal e o cachorrão foi saindo. E ele foi saindo e ficou
trêmulo doente e a Verônica (sua esposa) disse que foi preciso dele, no outro dia em que
foi trabalhar, um amigo dele lá do Banco falou assim:
- Roberto, eu vou levar você num franciscano. Eu conheço um padre que é
muito bom e ele vai entender para ele dar uma benção.
Então ele levou o Roberto num Franciscano, não sei contar, não sei onde que foi ele
levou o Roberto lá. O padre deu uma benção e ele contou tudo como que foi. Mas antes
dele levar ele lá, eu liguei para ele no banco e falei:
- Roberto, eu vou te contar, depois você aparece aqui, eu vou te contar para você meu filho, o
que aconteceu aqui!
Ele falou;
Mãe, eu vou contar para senhora primeiro porque o meu é muito difícil, da senhora
deve ser problema do pai. Ele falou:
- Eu vou contar o meu primeiro!
E contou como foi que aconteceu com ele; e quando eu contei, aí ele ficou pior. Ele
falou: meu Deus, meu Deus muito semelhante o que aconteceu, foi o que aconteceu
comigo nessa noite. Ele ficou trêmulo. Nesse meio tempo que o colega levou ele lá e o
padre falou com ele:
- Filho, isso é muito perigoso porque o demônio está em toda parte, ele vem como
Nossa Senhora, ele vem como todos os santos e fala que está aparecendo aqui e ali. Muito
perigoso! Como é que é a vida da sua mãe?
Aí, ele contou a minha vida, tudo que ele sabia para o padre:
- Ela tem uma capelinha, mas lá é novena, ela prepara é meninos para a
primeira comunhão. Lá são as novenas de Nossa Senhora e lá ela faz especial
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para Aparecida, leva muita gente para a conversão. O padre a conhece, ela
trabalha com o padre.
Aí, ele virou e falou assim:
- Lá é de Deus. Você leva esse incenso e três terças-feiras você incensa a capelinha
toda com o incenso daqui, que eu vou te dar, e leva esta vela benta.
Deu uma vela benta de cera e falou:
- Você acende, mas você põe a capelinha assim: toda perfumada de incenso e acende
está vela. Vai você, sua esposa, sua mãe e quem estiver dentro da casa.
E o padre deu uma benção para ele. E assim fez. Quando ele trouxe o incenso, pôs
o carvão, foi assim que ele continuou a sua vida e não teve mais nada.
Mas quando eu contei ao padre Cônego terra, sobre os acontecimentos, que eu
esqueci de contar, o Cônego Terra na terceira aparição, ele falou comigo assim:
- Ô Dona Tina, eu sei quem é a senhora, mas também o demônio anda por toda a
parte. A senhora pega um pouco de água benta e joga e fala assim! Se for Nossa Senhora
que aqui vai continuar e ninguém vai tirar isso daqui, mas se for o demônio que afasta
daqui que não pode ter isso aqui!
E quando eu fiz assim, na terceira aparição, as meninas disseram:
- Dona Tina, Nossa Senhora está dando um sorriso tão bonito.
E disse:
- Ô MiNhA FilhA SoU eU MeSMA qUe eSToU AqUi!
Foi à parte muito bonita. Nunca sairei daqui! E Ela está aqui. Então Ela falou que ia
fazer uma representação. O que Aparecida fez? Ela foi para um aniversário não sei onde
e se pintou, pôs jóia, tudo, passou batom e Adriana coitadinha é que recebeu Nossa
Senhora. Ela perguntou:
- Onde está Aparecida?
Ela já fez isso, já mandou Aparecida fazer isso para nós vermos hoje, a vaidade da
pessoa. Essas meninas vieram representar isso. Mais nada. Elas não vieram aqui como
videntes de Nossa Senhora para conversar com Nossa Senhora para serem assim
proclamadas para ser para todo mundo falar, ah, ela é vidente! Muitas pessoas já falaram
isso comigo. Aqui não é verdadeiro. Por quê? É porque lá no vilarejo de Piedade dos
Gerais, ela não parou de ver. E lá ela usa calça esporte, ela usa tudo e lá nunca parou de
ver Nossa Senhora. É por isso que lá e verdadeiro e aqui é mentira! Quantas pessoas do
apostolado falaram isso aqui! Ah, eu não sei de nada. Só sei de quem está falando eu não
sei se Deus está perdoando! Só falei isso: não sei se está sendo perdoado. Porque se ela
está falando lá ou não recebendo Nossa Senhora, eu não vou nem contra nem a favor
porque eu não conheço e não vejo. Mas eu tenho que acreditar que o povo vai lá e vem
tudo bem, quer dizer que ela está recebendo Nossa Senhora, mas de um modo diferente.
Ela já é, deve ser uma locução interior ela deve ser um modo diferente que ela recebe
Nossa Senhora.
Aqui é diferente porque Nossa Senhora falou que aqui é diferente. Vocês. Vão ver
aqui é a Face, você vê. O povo não esperou as meninas acabarem de receber as
mensagens d’Ela ali naquele poço. Eu vou contar para vocês é aquele poço de água. Ali
era um lugar que era de enfeite. Era cheio de príncipe d’água e saia aquelas flores
bonitas e o Fernando meu, está aqui de prova que toda a vida ele gostou de plantas, ele
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também não acreditava muito que ele também para acreditar não é fácil. Nossa Senhora
falou pelas meninas. Tira tudo que eu preciso desse poço. Eu preciso dessa caixa limpa,
bem limpinho, tira tudo! Quando ele viu no outro dia que eu tirei tudo, que toda vida eu
gostei de ser obediente mesmo com a minha fraqueza e pus dentro de uma bacia para de
noite, Ela precisava daquilo ali, ele ainda veio e falou comigo:
- Pra que tirar isso? Essas meninas estão brincando, mãe!
Quer dizer, ele foi uma pessoa na minha vida que me acompanhou mais sempre
dando o contra. Por quê? Porque ele também ainda não acreditava, os meus próprios
filhos. É aqui, assim desse jeito. Agora, o Roberto já acreditava porque Ela foi lá na visão
falar com ele. Roberto também mora longe e não estava sabendo o que nós estávamos
passando aqui, que eu e mais os meus filhos passamos aqui na provação tão grande que
Nossa Senhora nos colocou de saber. A Mirinha (filha) mesmo, quantas vezes encerava a
casa, arrumava meu marido lá no quarto, a Nossa Senhora pedia três velas, quatro velas
e aí no outro dia ficava tudo cheio de vela para poder limpar.
E assim foi esses anos todos que as meninas estavam comigo. Então quer dizer a
Aparecida estava fazendo uma representação igual hoje, o Geraldo, o Pedro, está
fazendo. O Francisquinho está fazendo. O pessoal chega aí e fala:
- Eu quero o Francisquinho para poder me ajudar porque ele já tem aquele carisma,
Nossa Senhora sabe que ele tem, para poder cuidar de um e do outro! Eu quero o Lucas,
eu quero que ele converse comigo. Eu quero o Elias, eu quero a Lurdinha, eu quero a
Angélica, muito querida aqui, eu quero a Luzia, eu quero a Maria José, eu quero um, eu
quero outro, por quê? O povo tem carência, mas Nossa Senhora já colocou o povo aqui
d’Ela que chega aqui. O quê que Ela falou:
- NiNGUéM pode SAir TriSTe.
Mas aqui está passando tempos e tempos e muitos saem por causa de quê? Porque
às vezes vai no outro lugar e fala que lá é bem melhor porque falou:
- Acabou.
E vão embora! Deu a mensagem, mas não tem trabalho.
Mas aqui é para trabalhar. Quem não quiser trabalhar aqui, quer dizer, aqui não tem
lugar, porque aqui, o lugar aqui, é um trabalho. E o trabalho aqui é mais espiritual. Não é
trabalho de construção. É trabalho espiritual. O que é trabalho espiritual? Perseverança.
O que é perseverança? E a gente aceitar o que Nossa Senhora vem e fala porque é Deus
é quem manda. Ela não vem aqui sem Deus mandar. Ela fala:
- TerMiNoU, VoU eMborA, já CheGoU A horA!
Quer dizer, Ela tem as horas porque tem dia que a gente reza o terço, reza e Ela não
dá mensagem. Quantos dias que Ela fala assim:
- AGorA VAi Ser ASSiM.
Quinta-feira já tem que ir lá para a capelinha d’Ela porque Ela vai dar mensagem lá.
Quer dizer, Ela tem os planos de Deus para falar na hora certa. Então essas meninas
vieram aqui que ela já deu uma das mensagens aqui, não e Cleuza? Ela já deu uma das
mensagens aqui que tudo isso ia ser é comigo mesma. Como que eu ia interpretar?
Quem que ia interpretar para mim quando eu falasse? Tinha que ser. Sem eu, elas não
faziam nada. Eu tinha que chegar. A firmeza delas era no meu braço, uma num braço e a
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outra no outro braço. Eu saia e Ela não deixava e olhando ainda o meu marido lá doente
pedindo socorro. Quer dizer, tudo passou! Por que passou? Porque tudo é de Deus. Tudo
de Deus é passagem. Nós aqui estamos passando. E esta passagem vamos aproveitar
enquanto nós tivermos ainda vida, força, tem pé para andar para poder chegar lá. Então
são bastante coisas bonitas que aqui passaram. O que está acontecendo aqui hoje como
Ela falou:
- eSSe reTiro é SANTo, SANTo e SANTo! pArA TodoS FiCAreM No SilêNCio e
MediTAr.
E vocês que estão aqui e foram chamados, que foi chamado d’Ela, vocês
agradecem a Deus e a Ela por estarem aqui porque vocês foram aqueles felizes. As
pessoas que às vezes colocaram o nome e não pode vir e os que estão aqui é porque Ela
queria que estivesse aqui. Então, vocês estão até de parabéns de estarem aqui, para
aqueles que não viram o começo, aqueles que não sabem como foi está aparição aqui,
hoje já sabe como foi porque eu nunca contei o que aconteceu. Foi por Ela. Está noite
que Ela disse:
- CoNTA TUdo, TodoS TeM qUe SAber UM poUqUiNho do SeU SoFriMeNTo.
Mas se eu fosse contar tudo como Nossa Senhora falou aqui, Ela já está avisando:
- CheGA Não CoNTA MAiS.
Porque se eu fosse contar o resto talvez vocês não iam ver este filme porque ia ser
mais triste. Então Ela mandou que parasse. Estava aqui. Está aqui conosco durante este
tempo todo que nós estamos neste retiro e todo o dia, toda hora, todo minuto. Não vamos
abandonar o que é de Deus, a casa da Mãe de Deus!
PARTE 4
Sofrer com alegria. Diálogo de Dona Tina com as pessoas mesmo gemendo de dor
por causa das feridas nas pernas
Conversando com a Dalva Dona Tina disse:
- Chora não, Minha filha! Esse mundo é assim mesmo, cheio de ilusão. Só tem ilusão. Só tem
tristeza.
As pessoas não sabem que está tudo gravado (nas aparições), sem saber de nada o que está
acontecendo.
Se você desse conta de ouvir uma gravação aqui; daquela de lastimarão na hora que eu estava
fazendo aqueles curativos, aqui. O mundo todo vai ficar sabendo.
E por isso que Deus me colocou, hoje faz um mês que eu estou nesse purgatório aqui, este
sofrimento dessas pernas, essas duas que sofreram. Eu não vi abrir (a ferida) quer dizer que até no
dia 31, eu servi o povo como servia, sem dor. Ninguém sentia o que eu estava passando. Ninguém! Eu
sentia dor. À noite, desse tempo pra cá, eu não durmo à noite. Eu ficava a noite toda acordada
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gemendo de dor, sem ninguém perto de mim. É de uma poltrona pra cá, no outro dia eu tinha que
levantar alegre e satisfeita para acudir o povo que chegava perto de mim. Aí, deu uma chagazinha
aqui assim, muito pouca, nessa perna de cá. Não tinha nada apenas uma coisinha à toa. Aí, ela foi se
abrindo sem eu ver. Uma dor e inchava. Tinha dia que eu pensava: como é que o meu pé vai entrar
nesse sapato aqui. Esse sapato aqui, todo mundo me dava um sapato e eu não calçava (...) e (aqui,
Dalva, ficava aqui, a perna assim, aquela, até no dia 31.). No dia primeiro de dezembro Nossa Senhora
permitiu, Ela não deixou eu desanimar, que aguentasse tudo que eu ia passar. Hoje eu levantei, não
precisou ninguém ficar comigo. Luzia dormiu. Tinha de ter vigia perto de mim, porque eu estava aqui,
o suor dia e noite. A Bete ficou aqui em vigia.
Luzia: Dalva a Dona Tina estava correndo perigo de morrer.
Eu estava correndo perigo de morrer. Aqui suava daqui pra cá assim. Elias dormia
aqui no meu quarto. Elias, a Bete, a Terezinha e a Luzia, de plantão, que durante o dia ela tinha de
fazer o curativo. Eram os curativos. Você sabe o tanto de perna, se eu fosse fazer o cálculo de quanto
eu gastei dessa e com a pomada Nestozil. Como a gente está gastando assim, só essa pomada que eu
podia por, só para anestesiar umas horas. Mas mesmo assim você vai ver como que era ali o
sofrimento o sofrimentozinho! Você me viu assentada naquela cadeira, Jesus vinha, falava em
línguas. Depois vinha mensagens, uma falando sobre os médicos, outras falando sobre fazendeiros,
outras sobre pessoas cruéis, outros, de tudo quanto há.
D. Tina:
Luzia: Eu estava representando aquelas pessoas.
Eu estava representando aquelas pessoas (que Nossa Senhora mandava
representar e oferecia as dores que sentia) na hora do curativo. Você estava representando aquele
povo mau.
Dona Tina:
Luzia: Até a prostituta eu representei. Muitos perdeu porque a tomada do
gravador saia. A mensagem era na hora da dor, do desespero, aquela dor mais
forte, a cama até tremia assim, sabe. Então eu fazendo o curativo, não podia ficar
cuidando do gravador. Então muito se perdeu. Quando eu ia olhar, a tomada
soltou. Então algumas perdeu, mas tem mensagem para tudo que existe neste
mundo e a única mensagem que ela não sofreu foi a do Papa. Não sentiu dor
nenhuma. Eu fazendo o curativo a dor vinha fortíssima, mas do Papa foi à única
que ela não sentiu dor.
Nas duas pernas saiu as feridas igualzinho uma com a outra. Depois, segundo
Nossa Senhora, foi uma doença que Ela colocou em mim, era uma doença que não tem cura. Não
podia ir ao médico. Se eu fosse no médico eles iam cortar minha perna.
Dona Tina:
Luzia: Ela revelou o nome da doença.
E, revelou o nome da doença. É uma toxina que não podia falar; até a parente da
Bete, que é medica, lhe falou assim com ela, se alguém (da medicina) falar com ela nessa doença vai
Dona Tina:
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ser condenado, que a medicina não pode falar essa doença mais! Por quem tem essa doença, mas o
médico trata, não sara, fica diabético. Olha para você ver tudo isso foi descoberto aqui. Aqui está
sendo descoberto coisas que você nem queira saber.
Na Eucaristia, na hora da consagração, ao ajoelhar, na hora da consagração de Cristo, na hora
que começa o Santo eu vejo Jesus Cristo vivo, ali, a onde nasce na minha perna um sofrimento, de um
minuto para outro. Essa marca na minha perna apareceu sem eu saber como foi! Está vendo? Está
quase curada. Esse machucado parece uma chaga.
Olha lá as gotas d água. Você está vendo aquilo ali? São os pingos d’água que saia, água e
sangue. Você vê, quando Jesus estava suando o mesmo suor d’Ele saia aqui na minha perna. Então a
pomada que tirava a dor, a única pomada que tirava a dor, estava acabando nas farmácias. Aí eles
começaram a pedir em outras. De hora em hora tinha que limpar e na mesma hora vinha à água (que
minava de sua perna, a toxina) e tirava ela fora. Olha lá o sangue escorrendo. Acho que não estou
sofrendo nada, acho pouco. Olha os outros que estão sofrendo tanto nos hospitais. Dalva: Ó! Tevi mais
suor, Luzia?
Luzia: Não. Ela suava mais era do lado direito, a dor era do lado direito.
Dona Tina: Mas essa aqui ainda tem um pouco de inflamado.
Dalva: Nó Dona Tina, esse lado heim?
Dona Tina: E! Olha lá. Olha lá o suor. É o mundo. Sofrer pelo pecado do mundo. O povo só quer
ganância do dinheiro. Ninguém quer mais amar não. O amor acabou. Acabou tudo! Não existe. Eles
querem ver a pessoa sofrer. Ninguém quer ver o outro porque se tivesse no meio de tantos ao menos
um ele podia até valer: não pode deixar que eu vou até valer, eu vou te valer pelos outros! Mas, cadê?
Você não acha não. Mas, como se diz. Ainda tem gente boa.
Aparece o Cirineu na nossa vida, você está vendo aqui, eu estou aqui, mas com os de fora. Cadê
minha família? Se a Mirinha visse essa perna, escondendo. Os meninos não podiam saber não. A
Mirinha ainda falava assim:
- Ô Luzia, você não me conta. Me conta o que a mãe está passando!
Às vezes a Miriam chegava aqui, eu tinha que alegrar o meu coração, porque tudo era médico,
médico! Os padres, Padre Ari disse:
- Não sei, tô desconfiado que a Dona Isaltina...?
Dalva: Tem um médico, Dona Tina, que eu conheço, um tão bom!
D. Tina: No meu caso não é médico.
Luzia: Mas Deus não permitia. Era um trabalho que ela está fazendo para
Deus.
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Dona Tina: Eu tive uma visão com um médico, agora, que eu estava numa fila, tudo é visão, eu
virei para ele e falei assim:
- O senhor, doutor, o senhor vai acabar.
Os médicos vão todos sumir. Vão todos consultar só na oração. Vi acabar. Tem muito medico
ruim. Tem muito medico bom.
Luzia: Ela falava comigo que se ela fosse no medico atrapalhava os planos de Deus.
Deus não permitiu nem contar pra ninguém.
Dalva:
- Dona Tina:
Um dia, eu estava no desespero porque um apóstolo veio conversar comigo. Eu
falei:
- Que bom que você veio!
Eu estava ali na cadeira e ele ali no cantinho. Ele conversou comigo, a Luzia lembra, está
gravado ele falando comigo, eu só não sei, o que foi Luzia?
Luzia: A senhora lastimou que não estava aguentando mais aí ele falou que a
senhora estava sofrendo mais do que ele. A senhora foi mais forte do que ele.
Eu fui mais forte, que ele queria ainda perder a vida e eu queria viver. Que ele
pediu a Deus para tirar a vida dele e eu, queria viver. Ezequiel! Ezequiel veio, pediu para mim cantar o
Magnificat para Ele, na hora deu dor!
Dona Tina:
Luzia: Eu suava assim Dalva e o povo chegava perto da gente e perguntava se
era água, era umidade que tinha lá. Achava que alguém entrava lá, passava pano
molhado. Primeiro ficava sete dias e sete noites, direto.
Agora aqui Dalva, fica assim. Aqui já não tem mais nada. Agora, está aqui, aqui
atrás toda ferida, aqui gasta quase um tubo de Nestozil toda vez que vai fazer o curativo.
Dona Tina:
Dalva: E quando coloca pano assim por cima, não fica doendo não?
Não, tem que amarrar porque se não, isso aqui está representando a nudez do
mundo. Não podia ficar descoberto não. Quando tira, dói. Tem que cobrir na mesma hora. Se não
cobrir eu tenho vergonha de ficar sem roupa, representando aqui, uma vez representou roupa. Aqui é
tudo cheio de quadrinho. Você que não pode ver agora. Aqui, você está vendo este quadradinho aqui?
Esse aqui e a gazinha. Só aqui tem oito. Gasto e mais gasto a gente tem, mas só isso, eu estou bem.
Estou alegre.
Dalva: Uma senhora estava com uma ferida, já no tempo de amputar a perna
Dona Tina:
(...). O médico receitava açúcar e foi sarando.
Dona Tina:
Mas o meu não. Uma dona falou isso comigo. O açúcar diz que cura mesmo, mas
quando é ferida.
Mas a minha não é ferida. A minha é na pele. A pele estava morta. A pele morreu então ela não
podia ter contato com a carne que estava viva. As duas davam choque. Por isso é que eu sofria.
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Aquele pé que estava nesse sapato aqui, para mim fazer o retiro, eu tava com esse pé assim quando
eu fui fazer esse retiro. O único que dava para poder entrar. Agora já está bonitinho, já calço ele, já
anda, quer dizer, de uns três dias para cá. Então, aquilo que você está vendo ali, está de fora a fora
na perna, de um lado a outro. Então a pele vai saindo não pode ficar em contato com a que está
curada porque está saindo. Muito sofrimento e trabalhando com dor e alegre. Se fosse uma perna só,
mas duas. Uma só a gente aguentava. Aquilo tudo que você está vendo ali é água.
É isso aí: 02 de janeiro, foi o dia, eu já contei esse mês para mim, mês inteirinho sem sair da
porta para fora. Agora pelo menos, era tudo assim na cama, a Luzia trazia, agora de uns três dias
para cá, Ela mandou andar. Eu já andando, tudo, já fui no banheiro, já fui lá fora, abri a porta, fui na
areazinha, quer dizer, tudo sem médico. Eu falei: sabe qual e o médico? Deus! Aqui eu estou vivendo
na orientação de Nossa Senhora. Se eu vou andar, Ela quem manda. Se Ela não mandar eu não levanto
porque eu estou desobedecendo. Eu tenho que ser obediente aqui em tudo. Eu ficava desse lado aqui,
eu suava essas blusas que eu tenho essas verdes. Há uns tempos atrás a Luzia teve que remendar
minhas blusinhas todas. A Cecília fez quatro camisolas para mim porque era só quanto punha aqui, na
mesma hora daqui para cima, (ela mostrou com um gesto) pingava o suor tudo aqui. Mas o suor não
era um suor igual ao nosso não, era igual uma geladeira. Gelava tudo.
Luzia: Não molhava a cama.
E não molhava a cama. Tinha que trocar assim tinha que por a roupa toda. Era
assim como eu estou conversando com você. Muito esquisito.
Dona Tina:
Luzia: E com uma dor no braço.
Dona Tina:
E depois vinha essa dor no braço, esse braço assim, mas que foi que doeu
(mostrou o braço) sem poder tomar um remédio para tirar a dor. Não podia tomar que o remédio
também, não curava não.
Luzia: Primeiro ela tomou, mas não valia não é, Dona Tina?
Dona Tina: No inicio eu fui até no Dr. Marcio, antes do mês de setembro eu fui lá. Ele mandou
tomar Benzetacil. A pomada que ele receitou quase acabou comigo. O comprimido que ele receitou, os
antibióticos, me deu uma intoxicação que eu tive que parar e tomar chantinom para acabar com a
intoxicação. Quer dizer que não era nada de médico. Era de Deus mesmo. Eu fui porque Nossa
Senhora falou que eu tinha que ir porque tinha que ter receita médica para eles não falarem, não é.
Dalva: É porque essas feridas vão até no osso, às vezes.
Dona Tina: Mas isso aí não é ferida. E uma pele morta.
Dalva: Só para dor, não é?
Dona Tina:
Só para dor. Me deu essa pele e não atingiu nada na carne. Pergunta Luzia. Não é
Luzia?
Luzia: Está do mesmo jeito.
31
Dona Tina: Está do mesmo jeito. Então vinha aqui assim, o sangue saia assim.
Luzia: Tem trinta dias que eu estou ajudando e o sangue está do mesmo jeito.
Tem dia Dalva, que fica tudo roxo. Parece que quando o mundo lá fora piora, que
roxeia tudo.
Dona Tina. Essa perna (direita) eu brinco com ela:
- Ah menina, tem que ser igual à outra, amiga da outra (e ria).
Você acredita que Ela Me pôs aqui e tirou esse povo todo daqui para dormir lá. Pôs só uma
criança para dormir aqui que não podia me valer. Eu sozinha a noite toda. Eu ia na cozinha, eu fazia
meus curativos sozinha, tudo sozinha. O retiro que nós fizemos essa perna, desse jeito que você está
vendo, com meia, ficar de meia, não sei porque a senhora gosta tanto de meia.
Luzia: Eles falavam que ela não sarava porque estava usando meia. Ficava
calor e machucado tinha de ficar exposto.
Porque eles descobriram, não é. Eu tinha uma faixa, tinha que por faixa, se eles
vissem ia me levar no medico e não ia me curar não. Eles iam me levar para o hospital e ia dar
antibiótico e ias estragar meu organismo todo. Nossa Senhora precisa do meu fígado, meu estomago,
intestino, tudo Ela precisa.
Dona Tina:
Luzia: Mina água e sangue, não é Dona Tina.
Água e sangue. Ali passava a pomada e ela ia toda lá para os fundos e não ficava
por causa da água e do sangue. No dia primeiro de janeiro eu já não fui à missa. No dia 31 faz um mês
e eu não voltei mais. É muita coisa não é, Dalva. No dia que eu dei o primeiro passo foi dia 20, dia de
São Sebastião eu fiquei com um pé com sapato e outro descalço. Até o dia 20 eu não tinha levantado
ainda. Parecia que estava morto, não queria ir para o chão. Porque o vivo não queria aceitar o morto.
O morto queria ser enterrado. O negócio aqui é sério demais, minha filha. Aqui é uma história mesmo.
Não tem outra coisa não. Os meus três netos e as crianças daqui, Nossa Senhora deu uma penitência,
todos andando ajoelhados aqui nove dias duas vezes por dia, todos machucaram o joelho, de inflamar.
Dona Tina:
Luzia: Eles iam na capela e vinham de joelhos (até o quarto) debaixo de chuva.
Dona Tina: Debaixo de chuva. Tudo machucado, fazendo penitência com
esses quadros da Via Sacra, todo dia, até sábado, nove dias perto de mim. Agora
está rezando o Rosário.
Luzia: O médico da Homeopatia, falou, se ela ficar curada, vai ser custoso.
Custoso porque não tem cura, nem no médico nem na medicina. Isso tudo que eu
estou passando ninguém aqui sabe.
Dona Tina:
A Luzia falou: Esse suor, meu Deus, a perna teve uma melhora, mas esse suor,
essa dor, a senhora não vai agüentar não Dona Tina!
Aí, parou o suor, à noite eu dormi sozinha, não precisou. Nossa Senhora já tirou
os vigias de ontem para hoje. Eu dormi a noite toda. Levantei, fui no banheiro, fui lá fora, já troquei a
minha roupa, tirei a minha roupa sozinha, hoje! Nossa Senhora mandou filmar, as duas pernas, que o
Dona Tina:
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povo todo vai ver. Até os bispos vão ver. Os médicos todos vão ver. Veio um senhor me visitar e
disse:
- A senhora tem que ir para o médico!
Eu falei:
- Não eu estou tratando com o médico! Cada curativo um terço. Três terços. Não podia apanhar
friagem, não podia ficar descoberto, as duas pernas. É a nudez.
Luzia: Tinha hora que ela tremia de dor. Nossa Senhora não permitiu que ela
gemesse, mas permitia a carne tremer.
Dona Tina: Aqui é um mistério que o mundo inteiro vai saber o que passou aqui. Dom Serafim, todo
mundo vai saber. Vai ser ao vivo porque eles vão ver o que é e porque os padres estão todos
encabulados comigo aqui dentro. Se vocês verem as coisas que estão aqui dentro você fica
impressionada as maravilhas, as tristezas, as dores e sofrimento.
Luzia! Às vezes ela estava chorando de dor, tremendo de dor, com as minhas
trapalhadas na hora de fazer o curativo ela começa a rir. Na dor, achava graça.
Alegria e tristeza tudo misturado.
Dona Tina: Os outros ligavam para mim, às vezes até fazendo curativo e perguntavam:
- Está tudo bom?
- Está, graças a Deus aqui está uma beleza. Aqui está as mil maravilhas!
Dalva: Mas é muita força de Deus, não é?
Aqui eu estou com ele, não é. Estou cumprindo uma missão. Você cumprir uma
missão é uma coisa. A fortaleza é outra. Um dia Dalva, você vai dar um testemunho para mim, você
está representando aquela aqui na casa d’Ele que vai dar esse testemunho, falando do conforto que
recebeu aqui no Santuário.
Dona Tina:
PARTE 5
Penitência da carne transcritos do relato de Dona Luzia.
Na hora do recolhimento, Nossa Senhora mostrou Dona Tina todos os tipos de carne
que ela fazia: lagarto recheado, torresmo, pernil, costelinha, lombo, carne moída nesta
hora a boca dela encheu d’água e lágrima nos olhos, porque a coisa que ela mais
gostava; a carne. Mas Deus tirou para nunca mais ela comer. Quando ainda comia carne
era um sacrifício não comer nas quartas-feiras, por causa da Nossa Senhora do Carmo. A
mãe dela levou-a na igreja de Nossa Senhora do Carmo e deu para ela o escapulário e
disse para ela não comer carne na quarta-feira. Era devoção e na sexta-feira ela não
comia porque fez promessa para os meninos dela não ter doença e no sábado é devoção
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a Nossa Senhora. Ela ficava alegre quando era domingo para comer carne. Padre Ari
dizia para ela que podia comer carne, por conta dele, mas ela não comia. Uma vez, eles
mandaram carne de boi no sábado e ela não comeu e falou:
- Amanhã vou comer!
Mas no outro dia eles fizeram foi frango e ela não comeu a carne de boi. Um dia, a
Miriam fez uma feijoada e ela não comia feijoada. Ela tinha a carne para fazer o bife
(carne que ela mais gostava) a Miriam mandou para ela. Então ela foi à casa da tia dela,
Conceição levou a feijoada e ela falou que não comia. A Tia Conceição falou:
- Você é muito enjoada leva frango e me dá feijoada!
Dona Tina levou o frango e pensou:
- Vou comer o frango (que já estava pronto) e a tarde passo o bife!
Quando foi três horas da (tarde) quando ela estava rezando na cruz, Nossa Senhora
falou com ela, que Deus tinha falado que não era para ela comer carne nunca mais na
sua vida. Tudo que Deus pede ela faz e não é fácil, mas ela não é doente e tem saúde.
PARTE 6
Trajetória vencida através das três palavras que ela nos ensinou:
Paciência, fé e esperança
1
Falecimento do Sr.Levi.
Na hora em que o Senhor Levi estava morrendo Dona Tina falou com o Fernando
para tirar uma leitura para ver o que Deus queria falar com eles e saiu Jô, 5-15. Enquanto
Fernando lia, a Miriam estava perto e ela (DT) segurava nas mãos do Sr. Levi e o limpava
e o pulso dele já estava fraquinho e ela dizia para ele perdoá-la por tudo que ela não
havia feito por ele se não o tinha olhado direito. Quando ele acabou de morrer ela o
cobriu, pois antes ele não sentia frio não o deixava cobrir. Antes dele morrer, ela chamou
o Dr. Marcio. O Padre Narciso chegou e mandou dar um copo com leite, fez suco com
laranja do próprio quintal e ele tomou quatro colheres. Ela tinha uma preocupação muito
grande, pois o Cônego terra falou que quando o Sr. Levi morresse era capaz de quebrar a
perna dele, pois do pai dele teve que quebrar para colocar no caixão. Mas sempre pedia a
Nossa Senhora para não deixar isso acontecer e quando ele acabou de morrer a perna
voltou ao normal e não precisou quebrar, graças a Deus e Nossa Senhora, e também
Nossa Senhora já havia mandado preparar os documentos dele. Dona Tina já sabia que
ele ia morrer, mas não falou para os filhos. Ele ficou quatro anos na cama. Cinco padres
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fizeram a encomendação do corpo: Waldemar, Cônego Terra, José Narciso, Felix e Ari.
Na hora que o estavam enterrando o sol apareceu quando Ela cantou (Quão grande és
Tu) e as pessoas ficaram impressionadas e perceberam a força que Deus e Nossa
Senhora deram para ela naquele momento.
2
Dia em que Dona Tina quebrou o braço.
Em 07 de fevereiro de 2001, quarta-feira, eu estava na areazinha do meu quarto.
Tinha uma tábua muito pesada atrás da porta. A porta fechou sozinha e a tábua caiu no
meu braço e eu caí com o corpo todo no chão. O braço inchou muito, na mesma hora. E
eu disse: Ai meu Deus! Levantei, passei água benta, ainda troquei de roupa. O povo
estava fazendo adoração. Chamei a Luzia e ela chamou o Elias para me levar no hospital
e pedi a Luzia para não contar nada a ninguém para não preocupar. Deus deu uma
benção e no hospital eles me atenderam na hora. Disseram que o braço estava muito
quebrado e precisava fazer uma cirurgia. Eu disse que não podia fazer cirurgia, pois tinha
muito trabalho na igreja. Eles engessaram o meu braço e marcaram para voltar depois de
oito dias para fazer outra radiografia. Quando voltei lá (depois de oito dias) eles disseram
que não precisava mais fazer cirurgia, pois o braço já estava colando.
Depois de trinta e cinco dias eu já estava curada foi onde eu tive uma visão que
levantasse aquela tábua e escrevesse os 10 mandamentos da Lei de Deus que estão
enterrados. O mundo não está cumprindo. E está tabua se encontra na capela. Antes,
quando viram o braço engessado o povo assustou, pois ninguém sabia.
3
A estampa do Sagrado Coração de Jesus e Sagrado Coração de Maria
Minha mãe trocou um quadro com a estampa do Sagrado Coração de Jesus e
Sagrado Coração de Maria e me deu. Foi à prestação porque ela era muito
pobre.,Quando ela me deu ela ainda estava devendo o quadro. Deu-me de presente do
meu casamento.
Quando o meu marido um ano depois que ele passou para testemunha de Jeová,
ele pegou o meu quadro, o São Geraldo, terço, foi tudo arrebentado. O meu quintal era
cheio de cisco, árvore, não tinha capela tudo aqui era quintal e ele rasgou, quebrou e
jogou tudo ali no meio do quintal. Eu vim chorando por esse mato afora procurando Nossa
Senhora e o Sagrado Coração de Jesus, não por causa de um quadro porque quadro a
gente arrumava outro mais porque foi a minha mãe que trocou com tanto sacrifício e me
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deu. Arrebentou tudo e jogou tanta coisa fora. Corri aqui e vim procurar e não achei mais
nada.
Achei depois um pequenino rosto de Jesus. Nossa Senhora foi toda rasgada. Eu
peguei aquele rosto cortei o pedaço que estava rasgado e consegui recuperar o rosto de
Jesus. E ficou guardado comigo esse tempo todo. Eu o ponho dentro do meu livro e O
vejo.
Todo dia. Um dia depois que ele começou a aceitar as minhas imagens, meus quadros,
aquelas coisas, eu peguei aquele pequenininho retrato e coloquei no meu quarto. Isso
aconteceu há 33 anos atrás, que foi um ano e poucos depois de casada e a estampa
durante o tempo todo do meu casamento, ela não sumiu.
O quadro se encontra no quarto da Dona Tina.
4
Viagem para Igarapé
Em 26 de abriu de 2007, Dona Tina foi para a cidade de Igarapé para cuidar da
saúde. Uma comunidade muito simples que a recebeu com muito carinho, comunidade
São Francisco de Assis. Na época o pároco Padre Mário visitou-a várias vezes. Ela
permaneceu aproximadamente três meses. Voltou para Belo Horizonte em 07 de Junho.
Enquanto permaneceu em Igarapé, resolvia problemas, ajudava as pessoas,
orientava, ficava em penitência aqueles que a procuravam pessoalmente ou por
telefonemas e uniu à comunidade de São Francisco de Assis com a comunidade do
Santuário de Nossa Senhora Aparecida.
5
O sofrimento final até a vitória
O sofrimento final de Dona Tina teve início com o término do retiro anual de 2008 em
16 de fevereiro onde teve início ao seu calvário. Enfraquecendo dia a dia até que os filhos
tomaram a decisão de levá-la ao hospital.
24/02/08
01:00 (madrugada) Dona Tina foi internada no hospital Odilon. Ela havia sofrido mais um
derrame que afetou uma parte do cérebro.
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27/02/08
Dona Tina foi transferida para o Hospital Madre Tereza, levada para o CTI. O médico
disse que ela corria risco de vida, pois o cérebro foi quase tomado pelo derrame.
10/03/08
Às 16:00 ela foi levada para a enfermaria e encontrava-se com varias feridas no corpo de
tanto virá-la de um lado para o outro.
12/03/08
Dona Tina se encontrava com muita febre e era retirada a secreção do pulmão.
Dia 13 de Março de 2008, à noite, Dona Tina nos deixou, voltando à casa do Pai. Ela ficou
hospitalizada dezenove dias. Antes de ir para o hospital Nossa Senhora revelou o nome
novo que Deus deu para dela, era: PAZ.
6
Mensagem sobre o santuário
Nossa Senhora quando aqui Ela veio, Ela disse:
- AqUi é A MiNhA MorAdA. TeNhA MUiTo reSpeiTo, MUiTo exeMplo, FAle
bAixo, Não dê GArGAlhAdA.
Depois Ela disse:
- Não VeSTe MAiS CAlçA CUMpridA iSSo é de hoMeM.
Devido à polêmica que isto gerou e os padres estavam sofrendo, Nossa Senhora
permitiu usar desde que não fosse justa.
Tudo aqui Ela deixou. Usa-se o véu. Ela disse:
- USe o VéU!
Se uma das meninas ficasse sem o véu, Ela falava:
- poe o VéU!
Representa muita coisa boa para Deus e para Nossa Senhora o véu cobrindo a sua
cabeça. Mais o que Ela deixou, muita procissão nós fazemos aqui. Pega a minha imagem
e vamos andar! Quantas e quantas procissões nós tínhamos que acompanhar a Mãe de
Deus. Mas tudo tem o seu tempo. Naquele tempo era muito bom porque existia a
obediência. Hoje a obediência acabou. Não tem mais. Cada um faz o que quer e como
quer. Mas lá no céu Deus está olhando a Sua casa a Sua morada aqui na terra.
Depois Ele vai cobrar. A cobrança é muito triste. Nós devemos andar na obediência.
Ser obediente para não ser cobrado porque continua a mesma coisa, a mesma coisa
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desde o início até no dia de hoje. Mas não adianta fazer mais. Aí chega um dia Deus
cobra de cada um, que Ela mesma disse:
- Aqui é diferente de todos os lugares. Aqui é diferente. Aparição daqui não é aquela
mesma de Fátima, nem a de Lourdes, nem de Medjugorge, nem em outros lugares. Aqui
é diferente.
Aparição daqui é outra que Deus quis assim! E assim está até hoje!
Essa mensagem resume o que é a aparição de Nossa Senhora da Conceição Aparecida
aqui no Santuário através de Dona Tina.
Dona Tina nossa saudosa mãe espiritual nos deixou grande exemplo de vida. Todos
os sentimentos e virtudes que possam existir em um ser humano nela se encontra. Sua
vida foi em plena obediência a Deus e a Nossa Senhora e a serviço do próximo,
especialmente os mais necessitados. Em sua catequese nos deixou o tema que
melhorássemos para que o mundo melhorasse também. Com o seu carinho de mãe
estava sempre pronta a ajudar nas adversidades qualquer um que a procurasse
(pessoalmente, telefonemas, cartas) e compartilhava também nos momentos alegres. Na
sua missão aqui no santuário em prol da paz e conversão mostrou-nos que com paciência
fé e esperança alcançaremos a vitória e encontraremos a paz.
Agradeço a Deus Pai e a Virgem Maria por nós ter dado a graça de conhecer e
conviver com Dona Tina.
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