c e n t r o d e i n f o r m a ç ã o d o m e d i c a m e n t o ORDEM DOS FARMACÊUTICOS A nova Norma de Orientação Europeia para a Investigação de Biodisponibilidade e Bioequivalência (I) Introdução: No boletim do CIM de Setembro/Outubro 1993 publiquei um pequeno artigo de divulgação dos conceitos de Biodisponibilidade e Bioequivalência, metodologias de avaliação, condução de estudos e análise de resultados. Na época, tinha acabado de ser publicada (em 1992) uma Norma de Orientação (Note for Guidance) pelo Comité de Especialidades Farmacêuticas (Committee for Proprietary Medicinal Products – CPMP) que procurava introduzir na então Comunidade Europeia as normas para avaliação de bioequivalência já em uso nos Estados Unidos. Dever-se-á dizer que o referido artigo se encontra ainda largamente actual e que os conceitos não evoluíram de forma muito assinalável, pelo que é aconselhável a sua leitura. O que se segue é uma actualização destes conceitos, de certa forma incorporados numa nova versão da Norma de Orientação (NO) que entrou em vigor em Janeiro de 2002. Tem-se hoje uma melhor compreensão do papel da bioequivalência na avaliação de medicamentos inovadores e genéricos (Fig. 1) em que o que interessa é assegurar que as diferentes formas que assume uma substância APPROVAL PATENT EXCLUSIVITY EXPIRATION M. A. APPLICATION SINGLE MANUFACTURER VARIATIONS E F F I C A C Y S A F E T Y ADDITIONAL MANUFACTURERS activa (quer durante o desenvolvimento de um novo medicamento, quer nas alterações de fabrico e composição que se lhe seguem durante o tempo de vida terapêutica da substância activa) mantêm a mesma qualidade e desempenho estabelecidos no desenvolvimento original do medicamento e corporizados nas suas especificações de qualidade. Nessa medida, a nova NO aplica-se a estudos de determinação de biodisponibilidade e estabelecimento de bioequivalência, quer para medicamentos inovadores e suas alterações, quer para medicamentos genéricos. No caso da União Europeia, o novo sistema de aprovação de medicamentos, com a criação da Agência Europeia de Avaliação de Medicamentos (EMEA) em Londres, instituiu um procedimento centralizado, destinado a novas substâncias e um procedimento de reconhecimento mútuo aberto a novas moléculas mas sobretudo destinado a genéricos e outros tipos de medicamentos, com autorização de introdução no mercado (AIM) requerida com base em pedidos abreviados. A Norma de 1992 deixava algum espaço a interpretações no que diz respeito às situações em que a demonstração de bioequivalência poderia ser feita com base em estudos in vitro (ensaios de dissolução) e grande rigidez quanto ao conceito de medicamento de referência. Estas diferenças deram origem a dificuldades na aplicação do procedimento de Reconhecimento Mútuo, o que motivou a formação de um grupo dependente do CPMP, destinado a proceder à revisão dessa Norma. Alguns dos problemas decorrentes quer da evolução de conceitos na avaliação do desempenho biológico das formas/ formulações orais, quer nos conhecimentos científicos dos últimos anos, serão em seguida abordados. SPECIFICATIONS ESSENTIAL SIMILARITY ESSENTIAL SIMILARITY ESSENTIAL SIMILARITY FORMULATION QUALITY AND PERFORMANCE TIME Figura 1: A eficácia e a segurança estabelecidas para um medicamento contendo uma molécula inovadora são indissociáveis da sua forma física corporizada nas suas especificações e características de qualidade (substância activa e forma farmacêutica). Ao longo da sua vida terapêutica, protegida ou não por patente de invenção, é necessário assegurar que o desempenho das sucessivas formas que o medicamento assume seja essencialmente similar ao medicamento original. Relação farmacocinética/farmacodinâmica: Um pressuposto importante na utilização de marcadores farmacocinéticos como substituto da avaliação clínica é o de que as concentrações de fármaco no sangue são um bom indicador da concentração no local de acção e portanto existe uma correlação entre o efeito clínico final sistémico e a concentração no sangue (Fig.2). Este pressuposto, embora não demonstrado na maior parte dos casos, nunca foi contradito por factos documentados. Julho/Agosto 2003 Boletim do CIM Director: J. A. Aranda da Silva Boletim do CIM Julho/Agosto 2003 CATENARY CHAIN TYPE OF MODEL FOR IV/IV AND PK/PD Tissue Binding Dose Solution IV/IV Correlation Plasma Concentration Effect Compt Surrogate PD end-points Metabolite (s) Urine PK/PD Relationship Main clinical end-point Figura 2: Um ensaio clínico recorre em geral a marcadores farmacodinâmicos preditores do efeito final. No pressuposto, não contradito pelos factos, de que as concentrações de fármaco no sangue são bons preditores das concentrações na biofase, pode-se utilizar a farmacocinética como determinante do efeito (relação farmacocinética /farmacodinâmica). Já se torna mais difícil de aceitar que uma correlação entre os resultados de um ensaio de dissolução in vitro sejam preditores da farmacocinética e, consequentemente, da farmacodinâmica e esta, por sua vez, do efeito clínico. Por isso a necessidade de impor fortes condições à dispensa de ensaios de bioequivalência in vivo. Definições: Um conceito fundamental na relação entre diferentes formas farmacêuticas de um fármaco é o de similaridade essencial, definido na aprovação da directiva dos pedidos abreviados (Directiva 87/21 mais tarde incorporada na 65/65). São similares essenciais os equivalentes farmacêuticos (mesmas substância, dose e forma) para os quais, se necessário, se demonstrou bioequivalência, por meio de estudos de biodisponibilidade adequados. O tribunal de justiça europeu deliberou em acórdão modificar esta definição retirando a condição (se necessário) mas, simultaneamente, omitindo que a bioequivalência fosse demonstrada com base em estudos de biodisponiblidade, o que abre a possibilidade de utilizar estudos de outra natureza – clínicos, farmacodinâmicos ou biogalénicos – in vitro para a demonstração de bioequivalência. Esta possibilidade foi incorporada na nova Norma, abrindo assim a possibilidade de demonstrar bioequivalência com base em ensaios de dissolução, desde que observadas certas condições. Medidas de velocidade de absorção: Por definição, biodisponibilidade é o grau de absorção e a velocidade de absorção. O grau de absorção é medido directamente a partir das concentrações plasmáticas através do integral da função concentração/tempo (área sob ou subtensa à curva concentração/tempo - AUC). Quanto à velocidade de absorção, não existe parâmetro farmacocinético fiável para a medir. Utiliza-se em geral a concentração máxima ou pico (Cmax) ou o tempo necessário para a atingir (tmax), mas existem limitações quanto ao seu significado. Foram propostas outras medidas de velocidade, como o Cmax/AUC ou AUC parciais – medidas até ao máximo ou antes do máximo – mas não existe consenso quanto à sua utilização para fins regulamentares, pelo que continua a utilizar-se Cmax e tmax, instituindo limites de aceitabilidade para os desvios encontrados nos estudos, desde que exista significado clínico para essas diferenças. Admite-se para Cmax, tal como para AUC, um intervalo de 80 a 125% para a razão teste/referência, o qual pode ser alargado para, por exemplo, 75 a 133%, desde que justificado no protocolo do estudo. Mecanismos de permeação gastrointestinal: Os conhecimentos acerca dos mecanismos de transporte através da parede intestinal aumentaram consideravelmente no decorrer do último decénio. Sabe-se hoje que a maior parte dos xenobióticos são transportados por um processo de difusão passiva transcelular ou, quando existe afinidade estrutural com substâncias endógenas, difusão facilitada ou transporte activo também transcelular, através dos enterocitos que revestem e, de facto, constituem a parede intestinal (Fig. 3). Algumas substâncias participam em trajectos paracelulares e ainda de endocitose. Intestinal Lumen Transcellular path Active transport Passive transport Particle delivery (endocytosis) Paracellular path P-glycoprotein efflux Apical Basolateral First Pass Metabolism Submucosa Capillary blood flow Figura 3: O conhecimento dos mecanismos de passagem de um fármaco através da parede intestinal é essencial para um delineamento correcto dum ensaio de biodisponibilidade. A parede intestinal está revestida por uma camada de enterocitos. Os aspectos mais salientes são: o mecanismo de difusão passiva transcelular é de longe o mais frequente; a conjugação do metabolismo na parede intestinal com o efluxo promovido pela glicoproteína P e um vasto número de transportadores do mesmo tipo recentemente identificados contribui para uma forte diminuição da biodisponibilidade absoluta, são fonte de não-linearidade na absorção e de interacções em elevado número de classes de fármacos. Mas o que tem sido claramente demonstrado é a existência de um mecanismo de protecção contra substâncias exógenas potencialmente agressivas, adicionalmente ao conhecido efeito de 1ª passagem hepática. As isoenzimas do citocromo P450 – em particular a mais abundante em humanos (CYP3A4) – que existem nos hepatocitos, existem igualmente nos enterocitos e são responsáveis por um processo de biotransformação pré-sistémico significativo. Além disso, foi identificado um, entre outros, transportador de efluxo (no sentido basolateral – apical do enterocito, i.e., de retorno ao lúmen intestinal) da família dos MDR (multiple drug resistance factor) das células tumorais – a glicoproteína P (PgP). A acção conjugada destes mecanismos diminui consideravelmente a biodisponibilidade absoluta, com implicações diversas. Estes conhecimentos são necessários para o bom planeamento de um estudo farmacocinético para demonstração de bioequivalência. José A. Guimarães Morais (Fac. Farmácia Univ. Lisboa) A dor pós-operatória (DPO) é considerada uma forma de dor aguda e possui a particularidade de ter um início relativamente bem definido, quer no local, quer no tempo, e de ter uma intensidade que, geralmente, diminui em função do tempo como consequência do processo de recuperação cirúrgica. Em 2001, a Direcção-Geral da Saúde e a Associação Portuguesa para o Estudo da Dor elaboraram um documento intitulado “Plano Nacional de Luta Contra a Dor”, que reconhece a necessidade de um controlo eficaz e seguro da DPO, tendo em vista reduzir o sofrimento do doente, as complicações pós-operatórias (e.g., complicações pulmonares, cardíacas e tromboembólicas) e o tempo de internamento. Cerca de 90% das intervenções cirúrgicas provocam dor de intensidade moderada a grave e, segundo as estatísticas norte-americanas, 50% a 75% dos doentes apresentam um inadequado controlo da DPO. Entre as razões que conduzem a esta situação, há a referir a insuficiente avaliação da dor por parte dos profissionais de saúde, o medo dos efeitos secundários (e.g., depressão respiratória e dependência associadas aos opiáceos) e ao facto de o sofrimento não ser valorizado (e.g., existe muitas vezes a percepção de que a dor é uma consequência inevitável e aceitável de qualquer cirurgia). Neste contexto, diversos autores são unânimes em afirmar que a dor deve ser definida como o 5.º sinal vital, a par com a temperatura, a tensão arterial e as frequências cardíaca e respiratória. A escolha da técnica analgésica para a DPO depende do tipo de cirurgia (menor, média ou maior) e da intensidade esperada de dor, da história clínica do doente (e.g., patologia cardíaca ou respiratória, alergias), dos objectivos para a sua recuperação (e.g., movimentação, deambulação precoce, sono sem interrupções) e das condições de monitorização da dor no pós-operatório. Embora estejam também descritas técnicas não-farmacológicas (e.g., estimulação eléctrica transcutânea, técnicas comportamentais ou cognitivas) para o tratamento da DPO, as técnicas farmacológicas constituem a modalidade terapêutica predominante neste tipo de dor e são estas as abordadas neste artigo. As técnicas farmacológicas para o tratamento da DPO são habitualmente divididas em dois grupos: convencionais e não convencionais. As técnicas convencionais recorrem à administração de analgésicos não opiáceos e opiáceos por métodos tradicionais (IM, IV, oral e rectal). As técnicas não convencionais recorrem à administração de anestésicos locais (AL) e/ou opiáceos por métodos não tradicionais, exigem mais perícia e estrutura organizativa e, na generalidade dos casos, proporcionam um alívio mais eficaz da DPO: • analgesia espinhal, por via epidural (com opiáceos e/ ou AL) ou intratecal (com opiáceos). Os medicamentos administrados por estas vias não devem possuir conservantes. A analgesia do neuroeixo está particularmente indicada na cirurgia maior; • técnicas analgésicas regionais com AL, como por exemplo, bloqueios regionais periféricos usando os plexos braquial, intercostal ou intrapleural e infiltrações subcutâneas ou subaponevróticas das incisões cirúrgicas; • analgesia controlada pelo doente (Patient Controlled Analgesia – PCA), que é um sistema automatizado de administração de fármacos que permite ao doente, dentro de determinados parâmetros (dose, frequência) previamente estabelecidos pelo médico, a auto-administração de opiáceos e/ou AL. As vias mais utilizadas são a intravenosa (opiáceos) e a epidural (opiáceos e AL), mas podem ser usadas outras vias de administração. Este sistema está geralmente associado a um melhor alívio da dor e a uma maior satisfação do doente (dando-lhe a sensação de um maior controlo da sua dor). MEDICAMENTOS DA DOR PÓS-OPERATÓRIA Os medicamentos mais utilizados na terapêutica da DPO pertencem aos seguintes grupos: anestésicos locais, analgésicos opiáceos (fortes e fracos), analgésicos não opiáceos (sem acção anti-inflamatória e os AINEs) (Tabela I). Anestésicos locais Os AL bloqueiam de forma reversível a produção e a condução dos impulsos nos nervos com que entram localmente em contacto, impedindo assim que os estímulos nóxicos (ou outros quaisquer) atinjam o sistema nervoso central. De um modo geral, a sua acção restringe-se ao local de aplicação e termina quando o analgésico se difunde. Os AL variam substancialmente no que se refere à potência, toxicidade, duração de acção e capacidade de penetrar as diversas barreiras celulares, o que vai determinar a aplicabilidade dos diferentes princípios activos às potenciais vias de administração. Um exemplo a referenciar é a analgesia epidural com AL, que está particularmente indicada na grande cirurgia torácica, abdominal e dos membros inferiores; neste tipo de analgesia, os AL de eleição são a bupivacaína, a levobupivacaína (com menor potencial cardiotóxico que a mistura racémica) e a ropivacaína, em virtude da excelente analgesia que proporcionam, com rápido início de acção e longa duração de acção, sem indução de bloqueio motor, através da utilização de baixas concentrações. Analgésicos opiáceos Os opiáceos produzem analgesia e outros efeitos fisiológicos através da ligação a receptores opiáceos centrais (localizados nos cornos posteriores da espinhal medula) e periféricos. Estes últimos receptores explicam a possibilidade de obtenção de analgesia pós-operatória no local cirúrgico (e.g., administração intra-articular de morfina). A morfina é o opiáceo mais utilizado no tratamento da DPO, sendo aquele de que se dispõe de mais larga experiência clínica. A petidina é considerada menos adequada que a morfina no tratamento da DPO, devido ao seu metabolito norpetidina, o qual se pode acumular, mesmo em doentes com uma clearance renal normal, originando excitação do SNC e convulsões. Devem ser usados outros opiáceos antes de se considerar a sua utilização, parti- Julho/Agosto 2003 Terapêutica Farmacológica da dor pós-operatória Boletim do CIM Tabela I – Medicamentos mais utilizados na DPO(1). Grupo farmacoterapêutico Bupivacaína Anestésicos locais Analgésicos opiáceos fortes(2) Analgésicos opiáceos fracos Analgésicos não Julho/Agosto 2003 Princípio activo Vias de administração utilizadas na DPO Infiltração intersticial, Intra-articular, Bloqueio nervoso periférico, Epidural Hipotensão, Levobupivacaína Infiltr. intersticial, Bloq. nervoso periférico, Epidural Retenção urinária, Ropivacaína Infiltr. intersticial, Bloq. nervoso periférico, Epidural Bloqueio motor. Lidocaína Aplicação tópica directa (gele, aerossol) Morfina Oral, IM, IV, Intra-articular, Epidural, Intratecal Fentanil IM, Epidural, Intratecal Petidina IM, IV Codeína Oral, IM, SC Di-hidrocodeína Oral Tramadol Oral, IM, IV Paracetamol Oral, Rectal, IV Metamizol Oral, IM, IV Sedação, Alucinações, Depressão respiratória, Náuseas, Vómitos, Obstipação, Retenção urinária, Prurido. Paracetamol: Toxicidade hepática com doses elevadas. opiáceos sem acção anti-inflamatória Principais efeitos secundários AAS / Acetilsalicilato de lisina Oral, IM, IV Metamizol: Agranulocitose, Hipersensibilidade. Variam em intensidade e frequência, dependendo do fármaco e das reacções Cetoprofeno Oral, IM, Rectal Diclofenac Oral, IM, IV, Rectal opiáceos com acção Indometacina Oral, Rectal úlceras e hemorragias digestivas, reacções de anti-inflamatória Flurbiprofeno Oral, Rectal hipersensibilidade, toxicidade hepática e renal, (AINEs) Ibuprofeno Oral hemorragias no local cirúrgico. Naproxeno Oral Cetorolac Oral, IM, IV Parecoxib IM, IV Analgésicos não (1) (2) individuais de cada doente. Sintomatologia digestiva (náuseas, dispepsia, diarreia), Os inibidores selectivos da COX-2 apresentam maior segurança a nível gástrico e da agregação plaquetária. Mencionam-se apenas os princípios activos para os quais existem medicamentos com AIM em Portugal. Nos EUA é também muito utilizada a hidromorfona (oral, IM, IV, epidural). A hidromorfona não se encontra comercializada em Portugal. cularmente em insuficientes renais. O fentanil apresenta uma elevada lipossolubilidade, pelo que, quando administrado por via epidural ou intratecal, apresenta, relativamente à morfina, um início de acção mais rápido, uma duração de acção mais curta e uma menor migração cefálica no LCR. Os opiáceos fracos (di-hidrocodeína, codeína, tramadol) estão indicados na dor moderada. Analgésicos não opiáceos Os analgésicos não opiáceos actuam fundamentalmente por diminuição da síntese de prostaglandinas a nível do local de agressão, com a consequente redução da estimulação nóxica, embora alguns possam ter igualmente um mecanismo de acção central (e.g., paracetamol, cujo mecanismo de acção parece estar relacionado com inibição da síntese de prostaglandinas no SNC). Os analgésicos não opiáceos sem acção anti-inflamatória mais utilizados são o paracetamol (e a sua pró-droga administrada por via IV, propacetamol) e o metamizol. Os AINEs têm interesse na DPO associada a um processo inflamatório significativo (e.g., lesão óssea ou dos tecidos moles). Os analgésicos não opiáceos tornaram-se obrigatórios no tratamento da DPO, quer em monoterapia (particularmente em cirurgia ambulatória), quer em combinação com os opiáceos. Analgesia multimodal ou balanceada A analgesia multimodal ou balanceada constitui actualmente a terapêutica padrão na DPO e consiste na utilização de associações de fármacos (e.g., opiáceos e AL, opiáceos e AINEs), assim como de técnicas analgésicas (e.g., bloqueio nervoso periférico com AL e opiáceos sistémicos por PCA) que, actuando por mecanismos diferentes a diversos níveis do processamento da dor, conduzem a uma somação ou potenciação no alívio da dor. Apresenta ainda a vantagem de permitir a utilização de doses terapêuticas menores de cada um dos grupos de fármacos, minorando os seus efeitos secundários. M. Morgado, A. Bento, C. Bidarra, F. Campos, I. Freire, J. Ribeiro, O. Fonseca, P. Goulão (Serv. Farm. Centro Hospitalar Cova da Beira) R. Almeida, (Assistente Hospitalar de Anestesiologia do Centro Hospitalar Cova da Beira) Bibliografia • Diniz A., Calado B. et al. Plano nacional de luta contra a dor. 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