Clique aqui para ler a matéria completa.

Propaganda
A professora Tabata Ribeiro e o filho
mais novo dela, Natan, de três meses
A fase da
chupeta
O objeto atrapalha a amamentação
e pode causar deformidades na
arcada dentária e na fala; chupar o
dedo também pode ser prejudicial
O uso de chupeta é muito difundido
nos países ocidentais. No entanto, a
prática é bastante controversa por diversos motivos. O primeiro deles diz
respeito à amamentação. “A sucção do
bebê ao mamar no seio materno é completamente diferente do ato de sugar o
bico de uma mamadeira ou de uma
chupeta”, diz a pediatra Elisabeth Fernandes, da clínica pediátrica Crescer.
Isso faz com que bebês que usem chupeta acabem desmamando mais cedo.
26
Ronny Santos/Folhapress
Segundo a pediatra e nutróloga Denise Lellis, o maior problema é quando
a chupeta é dada logo na maternidade,
antes mesmo que o bebê aprenda a mamar corretamente. “Não adianta passar
a ideia de que a chupeta é uma vilã. Ela
ainda é muito usada pois ajuda, de fato,
a acalmar a criança. Mas é preciso saber dos pontos negativos também.”
O uso intensivo e prolongado desse
recurso pode gerar alterações ósseas
nas arcadas dentárias e também na
musculatura da região bucal. “A musculatura da boca se torna mais flácida,
e a criança apresenta dificuldade em
mantê-la fechada. A língua aprende a
ficar no lugar errado, pois a chupeta
ocupa seu lugar dentro da boca, poden-
pais e filhos
do provocar futuramente alterações na
fala”, destaca a odontopediatra Claudia
Romani, da Clínica Sinthesi.
Foi após considerar todos esses pontos que a professora Tabata Ribeiro, 29
anos, comprou uma chupeta para seu
filho mais novo, Natan, de três meses. O
menino mais velho dela, Felipe, dois
anos, chupa o dedo desde antes do nascimento. “Em um ultrassom que fiz
quando estava grávida de seis meses, já
o vimos com o dedo na boca. E segue assim até hoje”, conta. Tabata até tentou
trocar o dedo pela chupeta, mas Natan
nunca aceitou.
Segundo Elsa Giugliani, presidente
do departamento científico de aleitamento materno da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), a principal diferença entre a chupeta e o dedo é a questão
instintiva. “Colocar o dedo na boca é natural na fase em que o bebê vai descobrindo as mãos, e a imensa maioria
abandona o hábito depois de um ano. Já
a chupeta é uma imposição do adulto, e
a criança pode acabar criando um laço
com esse objeto. Retirá-lo depois pode
ser mais difícil.” Ela lembra, também,
que as crianças que usam chupeta tendem a começar a falar mais tarde.
“Principalmente as que usam o objeto
durante o dia. Para falar, a criança precisa estar com a boca livre.”
Tabata conta que o filho mais velho é
acompanhado de perto para evitar que
o hábito de colocar o dedo na boca ao
dormir ou ao ver televisão traga complicações. “Não sou a favor de nada
brusco. Às vezes, falo para ele tirar o
dedo da boca, mas ele não dá muita
atenção. O pediatra disse que, daqui a
alguns meses, ele será capaz de entender melhor a situação, e aí mudaremos
esse hábito aos poucos.”
Segundo a odontopediatra Claudia,
os prejuízos para a criança que chupa o
dedo ou a chupeta são bastante semelhantes. “Duas crianças que chupam
chupeta podem ter alterações completamente diferentes uma da outra, dependendo da intensidade com que
usam o objeto e de se a chupam de frente ou de lado. Não existe uma regra. O
mesmo vale para o dedo.”
(Julia Couto)
Ronny Santos/Folhapress
Felipe tem dois anos e chupa
o dedo, principalmente, enquanto
vê televisão ou está dormindo
Agora Revista da Hora Domingo,24/7/2016 27
■
Download