ACONTECEU EM NOVA DANTZIG: UM EVENTO CHAMADO “COLHER DE CHÁ” Ailton dos Santos Manso (UEL) Lucas Fruzeri (UEL) Universidade Estadual de Londrina – UEL Resumo: O presente artigo que será elaborado tem como objetivo analisar o evento de rock Colher de Chá, realizado no ano de 1973 na cidade de Cambé, norte do Paraná, no contexto da ditadura militar que foi instaurada no país no ano de 1964. Partindo de um enfoque sobre o evento, a idéia do trabalho é abordar o período da ditadura militar, a década de 70 e as principais correntes culturais que influenciaram este evento, como no caso, a contra-cultura. O referencial teórico é constituído pelo conceito de cultura, os elementos da contra-cultura em suas origens nos Estados Unidos, suas influencias e manifestações no Brasil da década de 70, uma abordagem sobre a ditadura militar no país e notícias de jornais deste período que abordaram o evento em seu acontecimento. A proposta é mostrar como o evento Colher de Chá sofreu influências destes elementos culturais e do período analisado e como esse evento foi um marco no quesito liberdade cultural num momento delicado da história do Brasil. Palavras-chave: Colher de Chá; Ditadura; Contracultura; Manifestações. 1828 Introdução A Ditadura Militar no Brasil foi um evento de forte expressão no contexto histórico do país. O pós 64 é lembrado como um divisor de águas e 1968 um momento em que a pouca liberdade que restava a alguns movimentos do país, agora também estava ameaçada. Nesse momento, a contracultura ganha forma e adeptos e no norte do Paraná, numa cidade chamada Cambé é realizado o “Colher de Chá”, um festival de rock que tinha como objetivo exaltar a liberdade artística. Fortemente influenciado pela contracultura, esse evento ousou com a liberdade e promoveu um festival em que elementos do rock, das artes e o desejo pela liberdade se fizeram presente. O presente trabalho tem como intuito compreender de forma simples a contracultura, como esta se inseriu no cotidiano brasileiro, qual era o contexto do Brasil frente a esse movimento e como o festival “Colher de Chá” se enquadra nesse momento histórico do país. Contra-cultura: origens, conceitos, uma geração em confronto O movimento contracultura surgiu em meados da década de 60, porém, alguns autores afirmam que é possível perceber seus elementos ainda em décadas anteriores, como nas de 40 ou 50. Foi um forte movimento de contestação à cultura vigente da época e ao modo de vida estabelecido em que um capitalismo selvagem ditava as regras, o mundo exilava a Guerra Fria e a Guerra do Vietnã era presente. Esse movimento teve forte propagação na Europa e Estados Unidos, porém suas influências também chegaram a outros países, como os da América do Sul, o Brasil foi um deles. Segundo Carlos Alberto Messeder Pereira a contracultura estaria ligada a “novas maneiras de pensar, modos diferentes de encarar e de se relacionar com o mundo e com as pessoas” (1983, p. 8). O período deste aflorar de pensamento está centrado ainda nas décadas de 40, 50 e ganha força em 60 e 70. O rótulo contracultura foi dado primeiramente pela imprensa norte-americana, entretanto esse termo foi se popularizando, ganhando força e visibilidade. Os valores deste movimento tiveram raízes com os beatniks nos 1829 anos 1950 e se estabelecendo com os grandes festivais do fim dos anos 1960, o festival de Woodstook realizado em 1969 é um exemplo. É no interior desta geração de rebeldes marginalizados dos bairros boêmios que surge a poesia beat, à qual se ligam nomes como Allen Ginsberg, líder e inspirador do flower Power (o poder da flor) dos anos 60 [...]. „Howl‟ (1956) [...] exprime toda a dramaticidade da angustiante experiência desta geração [...] (PEREIRA, 1983, p.34). Essa nova possibilidade de mundo era visto por estes jovens como alternativo comparado com a cultura estabelecida pela época. “Diante de um sistema forte, que fazia a sociedade caminhar, [...] jovens queriam se rebelar [...], mas não seguindo o modelo tradicional imposto já pela sociedade, [...] mas por meio de outros modos e meios”. (PEREIRA, 1983, p. 29). Foram características dos movimentos libertários dos anos 1960: [...] ascensão da ética da revolta e da revolução; [...]; recusa de guerras coloniais ou imperialistas; negação da sociedade de consumo; [...] aparecimento de aspectos precursores do pacifismo, da ecologia, da antipsiquiatria, do feminismo e de movimentos homossexuais (RIDENTE, p.153, 2003) Essa contestação ganhou forma, movimento e conquistou jovens. Segundo Pereira (1983), teve forte apelo junto a uma juventude de classe média que vivia o medo de uma possível nova guerra, no caso entre Estados Unidos e União Soviética. Vivia-se numa sociedade marcada pela ciência, pelas normas e pela racionalidade. Todos estes valores mais estas influencias que vinham se estabelecendo no decorrer dos anos propiciaram esse movimento. O lançamento do poema Howl (uivo) de Allen Ginsberg em 1956, o aparecimento do rock‟in roll sintetizado na provocativa figura de Elvis Presley [...] do psicodelismo musical das bandas de rock progressivo, como Pink Floyd, Yes, entre tantas, e das reflexões existenciais de Bob Dyllan [...] figuravam na lista de vivências da maioria dos jovens convertidos a essa experiência histórica (LIMA, 2013, p.185) [...] a contracultura caracterizava-se por pregar a liberdade sexual e o uso de drogas [...]. O amor livre e as drogas seriam liberadores de 1830 potencialidades humanas escondidas sob a couraça imposta aos indivíduos pelo moralismo da chamada „sociedade de consumo (RIDENTE, p. 147, 2003) Brasil: repressão, anseios, a busca por uma identidade e liberdade Ditadura, repressão, pós 64, AI-5, “milagre econômico”. Essa era a realidade do Brasil no final na década de 60 e começo de 70. A contracultura ganhou força no país entre 1970 e 1973 e possuiu aqui um diferencial frente a outros países, o Brasil estava vivendo numa ditadura forte e violenta. Na década de 60, começava-se a se instaurar no país um desejo pela busca de uma identidade nacional. Entretanto, com o pós-64, houve mudanças nos ideais, algo precisava ser feito. Essa luta passou a ser contra uma ditadura e posteriormente, pós-68, com a instituição do AI-5, a luta foi contra o aparelho repressor do Estado e toda falta de liberdade. Mas voltando um pouco no tempo. Num primeiro momento, ainda na década de 60, muitos no país buscavam transformar o mundo e revolucionar os costumes. Um período romântico, em que os homens acreditavam ser possível promover uma vida diferente, “a utopia revolucionária romântica do período valorizava acima de tudo a vontade de transformação” (RIDENTE, p.24, 2000). Nesse sentindo, o Brasil já vinha vivendo suas próprias efervescências. As manifestações estão engajadas em torno dessa temática: encontrar raízes brasileiras, renegar valores estrangeiros e sustentar uma identidade nacional. Entretanto, em 1964 há o golpe militar e esse fato muda drasticamente os rumos do país. Segundo Napolitano (2002) esse golpe mudaria drasticamente a cultura e a sociedade como um todo. Instalada a ditadura, mudam-se os ares e os movimentos ficam frente a um novo inimigo mais real, os militares com seu Estado repressor. Diante deste cenário, é na cultura em que se encontra um maior campo de resistência contra a ditadura. Entretanto em 1968, um novo golpe contra a liberdade é dado e o AI-5 é instaurado. Esse era o contexto histórico do Brasil com o golpe militar em 1964 e a instauração do AI-5 em 1968. Segundo Brandão e Duarte esse movimento “tratavase de uma forma de inconformismo diante da repressão e do conservadorismo vigente no país” (2004, p.103). Ainda segundo os autores, 1831 Ouvir rock, informar-se sobre as ideias e atitudes de seus músicos, [...] tornou-se uma forma de contestar, de procurar um novo objetivo, um novo ideal. Não se tratava apenas de ouvir a música, mas de ter contato com a carga de símbolos [...] com [...], as possibilidades de ruptura com os discursos conservadores de direita e esquerda. (2004, p. 104). É nesse instante que torna-se interessante perceber as particularidades do Brasil nesse momento histórico e como a contracultura se modela frente a essa realidade. Enquanto nos Estados Unidos vivia numa democracia em que era permitido suas manifestações, no Brasil a liberdade era restringida ou totalmente censurada. O Brasil, além da relativa vulnerabilidade econômica em relação aos Estados Unidos, passou por um momento crítico de limitada liberdade de expressão devido à implementação da ditadura militar [...]. Inserida neste contexto sócio/cultural brasileiro, a contracultura foi inicialmente identificada [...] como um cunho político de luta e rebeldia. [...] que se consolidou através dos anos 1960 e parte dos anos 1970. (GUIMARÃES, 2012, p. 8-9) Nessa contestação a esse momento de repressão, Ridente (2003) afirma que esse período, a década de 60 e 70, é marcado por uma busca de identidade e liberdade, por um romantismo revolucionário que buscava se posicionar frente ao Estado. “Buscava-se no passado uma cultura popular autêntica para construir uma nova nação” (RIDENTE, p. 136, 2003). A essa busca da identidade, soma-se o desejo pela liberdade. No campo da música, segundo Napolitano “após o Ato Institucional nº5, [...], houve um corte abrupto das experiências musicais ocorridas no Brasil ao longo dos anos 60 [...] a censura prévia interferiram de maneira dramática e decisiva na produção e no consumo de canções”. (2002, p.1). Segundo Villarino “[...] a cultura tornara-se um espaço para onde haviam migrado as poucas formas de resistência, até pelas lacunas deixadas pelos censores.”1 Nesse cenário de repressão, as manifestações culturais tiveram grande enfoque, força e motivação. “A música, aliada ao teatro, tornou-se o grande espaço de sociabilidade da juventude de esquerda, cada vez mais carente de espaços públicos para se expressar” (NAPOLITANO, p. 120, 2001). 1 VILLARINO, Ramon Casas. A MPB em movimento: música, festivais e censura. 1832 Dentro da música, um movimento que ganhou destaque nesse período foi o tropicalismo. Segundo Ridente esse movimento tinha em suas bases fortes influências da contracultura e “reconstruía à sua maneira o romantismo revolucionário do período” (p.45, 2000). O grupo formado por Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa teve muito impacto na sociedade brasileira. Assim como o tropicalismo, o rock também fazia oposição ao moralismo da época, aos costumes valorizados pelo sistema e nesse sentindo, contra a ditadura. É nesse contexto, segundo Napolitano (2002), que as músicas tiveram forte função de resistência, consolidando-as inclusive como um espaço de resistência cultural e política. Nesse sentindo, ao longo dos anos 60 e 70, em meio a ditadura, Ridente afirma que “a revolução brasileira [...] foi cantada em verso e prosa na música popular” (p.43, 2000). Mas não apenas na música, no cinema por meio do Cinema Novo ou no teatro também. Em todas estas áreas, esse romantismo revolucionário ganhava forma e contexto. Segundo ainda Ridente (2000), estas manifestações, muito marcadas pela contracultura, foram uma forma de se encontrar o povo brasileiro. Aconteceu em Nova Dantzig: um evento chamado “Colher de Chá” Um crepúsculo cheio de nuvens avermelhadas foi o pano de fundo para a apresentação inicial dos Mutantes, às 18h30 [...] Todo de branco com duas echarps coloridas amarradas nos pulsos, Sérgio, guitarrista do conjunto, tomou de assalto as milhares de pessoas. [...]. Entre a multidão, uma figura estranha, coberta de peles, andava de um lado para o outro com um balde de água na mão. [...]. Um clima estranhamente belo naquilo tudo. (FOLHA DE LONDRINA, 13 DE FEVEREIRO DE 1973) Arquivo Pessoal Wilson Vidoto 1833 Um clima estranho no ar, um presente marcado por silêncios, temores e receios, entretanto, ao mesmo, um clima de desejo por liberdade pairava sobre todos. Um som pesado, roupas coloridas, vestimentas descontraídas e muito álcool. É nesse clima e com a descrição acima do jornal Folha de Londrina do dia 13 de fevereiro de 1973, que iremos falar sobre um evento que não chegou a entrar para história oficial do Brasil, mas que marcou fortemente as estruturas de uma pequena cidade a época. O evento de rock “Colher de Chá” foi realizado no dia 11 de fevereiro de 1973, na pequena cidade de Cambé, antes chamada de Nova Dantzig, o nome da cidade ainda fora mudado na década de 1940. Na década de 1970, o país vivia sob o regime da ditadura militar, ou seja, tempos difíceis, pouca liberdade e muita repressão. Nesse contexto um clima de apreensão percorria a todo o país. A ditadura militar, instaurada em 1964 por meio de um golpe, mudou os ares do Brasil. Após esse evento, muitos setores da sociedade foram calados, entretanto ainda no campo da cultura conseguia se manter uma certo grau de liberdade. Contudo, em 1968 a ditadura promulga o AI-5 e com essa medida, segundo Napolitano (2002), setores que ainda tinham voz dentro desse cenário foram silenciados e a liberdade mostrava sua ausência. Em meio a essa ausência de liberdade, então nasce e acontece o “Colher de Chá”, um evento de rock que tinha na base de sua formação as ideias de uma cultura, ou melhor dizendo, uma contracultura. A contracultura que teve origem nos Estados Unidos tinha como palco a Guerra Fria, a Guerra do Vietnã, um capitalismo selvagem e o desejo de buscar uma nova sociedade. Porém aqui ela se adaptou à própria realidade brasileira, a ditadura militar. Nesse estranho cenário de repressão, em plena década de 1970, elementos desta contracultura começam a se alastrar por entre os jovens. Aos poucos ideias como liberdade sexual, o uso de drogas e a busca por uma vida que se colocava contra os valores ditados pela sociedade da época, ganhavam adeptos e promoviam um clima de certezas misturado a dúvidas. Fortemente influenciado por essa contracultura, o evento “Colher de Chá” foi realizado para ser um festival de rock. Um festival em que os jovens pudessem ouvir música, cantar, gritar e vivenciar aqueles elementos. Segundo Napolitano (2002), 1834 apesar de toda repressão promovida pelo AI-5, a música ainda era ainda um campo de resistência. Marcaram presença no evento as bandas Os Mutantes, Escaladácida, Joelhos de Porco, Tony Osanah. Entre os organizadores do evento estão Claudio Coimbra, Roberto Pereira, Paulo Troiano e Wilson Vidoto. A intenção dos organizadores era fazer um festival de música que pudesse alinhar em meio ao seu evento exposição de artes e artesanato. A idéia inicial era ter realizado o evento em Londrina, porém devido ao festival ser destinado ao rock com todos seus elementos da época, o evento não foi acolhido e os organizadores tiveram que reelaborar todo o evento. Nesse sentido a idéia migra para a cidade de Cambé e o Clube Cascata entra como a opção mais viável para a realização do evento. O clube, segundo os organizadores do festival, oferecia os recursos básicos para o evento, o local continha um bom campo aberto, um rio, um espaço onde poderia ser montado o palco e o espaço para receber os espectadores e possíveis barracas dos que viriam a acampar para participar do evento. Após fechado o local, começaram os contatos para trazer as bandas que poderiam tocar no evento. Dentre as bandas confirmadas, a sensação ficou para Os Mutantes que nesse momento já era conhecida em termos nacionais. Um hino nacional em solo de guitarra deu inicio hoje às seis horas da manhã ao esperado festival de rock do Brasil [...] a sede do Clube Cascata está praticamente lotada por gente vinda de quase todas as partes do Brasil [...]. Quinze conjuntos musicais, dos quais Os Mutantes, Tony Osanah, A Semente, Joelho de porco, Os barrocos, Os vultos, [...]. Conversando com André Securo, titular da Delegacia de Policia Local ele afirmou [...] “acho que será uma festa muito bonita de confraternização onde o ponto alto do evento é a valorização [...] da música que é uma filosofia de paz e harmonia entre as pessoas, cuja afirmação acho bastante válida”. (Cambé Noticias, 18 de fevereiro de 1973) Um clima de descontração pairava sobre o festival. O “Colher de Chá” além de contar com o rock em seu meio, contava também com expressões artísticas. Durante o evento havia uma casa, cedida pelo Clube Cascata e neste local todos que chegassem ao festival, poderiam expressar seus sentimentos, por meio de pinturas que remetiam a elementos da cultura e contracultura que faziam parte da época. 1835 Arquivo Pessoal Wilson Vidoto Contracultura, liberdade, música, um som que marcava todos os presentes. O “Colher de Chá” além de promover o rock, propôs uma liberdade artística que tentasse se sobrepor ao regime que nesse momento histórico era forte, presente e violento. Segundo os jornais da época, Cambé Noticias e Folha de Londrina, não houve incidentes ou problemas com relação a violência. Segundo o Jornal Cambé Notícias, compareceram ao evento uma média de 5 mil pessoas. O custo do ingresso ficou no valor de Cr$ 5,00 (cruzeiros). O “Colher de Chá” foi um festival para promover a música brasileira, em particular, as cantadas em português. Isso porque o “Colher de Chá” desejava passar certas mensagens aos brasileiros, sendo assim, as musicas em português teriam o um melhor recebimento. O festival em si foi de extrema importância, pois conseguiu reunir em seu evento elementos de uma contracultura, bandas de rock que faziam parte do cenário nacional e um desejo por liberdade que movia a muitas pessoas. O festival não se opôs declaradamente contra a ditadura, entretanto o trabalho realizado e a idéia repassada se enquadraram dentro de um espírito de liberdade que movia gerações neste período. O mais interessante a se perceber sobre o “Colher de Chá” é como este evento conseguiu ser estruturado em meio a repressão do governo militar. A ditadura apenas não censurou canções, manifestações ou a opinião de muitos, mas calou também muitas vozes. É neste cenário que o “Colher de Chá” foi planejado e ganhou vida. Considerações Finais Repressão, silêncios, temores e medo. Esses foram os sentimentos e as circunstâncias que pairavam sobre o Brasil na década de 1960 e 1970. Um período onde a liberdade já não se mostrava tão presente. 1836 Com a instauração do golpe militar, as estruturas da sociedade foram fortemente abaladas e vários setores do país foram impactados por este novo contexto social. Frente a essa nova realidade, o movimento da contracultura se estabelece e ganha forma. Diante da repressão, busca-se a liberdade. É neste cenário de conflitos e temores, porém em volta por uma ânsia pela liberdade que o evento “Colher de Cha” ganha corpo. Esse evento conseguiu representar o desejo de uma geração, de jovens e adultos que viviam sob as sombras deste regime e que viram neste evento um momento para bradarem por liberdade, mesmo que estas tenham sido apenas em forma de melodias, artes e músicas. O festival “Colher de Chá” não se colocou claramente frente ao governo e nem pretendia isso de certa forma, apenas desejava ser um evento para vangloriar um dos bens que mais estavam em falta naquele momento tão delicado da história brasileira, a liberdade. Esse evento revelou uma região do Brasil longe dos grandes centros e que ao seu modo, fez também sua participação na luta contra a ditadura. Referências BRANDÃO, Antonio Carlos; DUARTE, Milton Fernandes. Movimentos culturais de juventude. 2 ed. Reform - São Paulo: Editora Moderna, 2004. CAMBÉ NOTICIAS, 18 de fevereiro de 1973 FOLHA DE LONDRINA, 13 DE FEVEIRO DE 1973. GUIMARÃES. Felipe Flávio Fonseca. Traços da contracultura na cultura brasileira da Década de 1960: um estudo comparado entre Movimentos contraculturais nos Estados Unidos e no Brasil. XVIII Encontro Regional ANPUH – MG. 2012. Disponível no endereço < http://www.encontro2012.mg.anpuh.org/resources/anais/24/1340743615_ARQUIVO _ArtigoContracultura-ANPUH.pdf>. Acesso em 05 de junho de 2014. HOLLANDA, Heloisa B. de; GONÇALVES, Marcos. Cultura e participação nos anos 60. São Pualo: Editora Brasiliente. 1982. LIMA, Ademir Alves. Excurso sobre o conceito de contracultura. Revista Holos. Ano 29, vol. 4. 2013. Disponível no endereço < http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/1536/715>. Acesso em 10 de junho de 2014. NAPOLITANO, Marcos. A música popular brasileira nos 70: resistência política e consumo cultura. 2002. Disponível no endereço < http://www.iaspmal.net/wpcontent/uploads/2011/12/Napolitano.pdf>. Acesso em 11 de junho de 2014. 1837 ___________________A arte engajada e seus públicos (1955/1968). Revista Estudos Históricos. Rio de Janeiro, nº28, 2001, p. 103-124. Disponível em < http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2141/1280>. Acesso em 10 de junho de 2014. PEREIRA, Carlos Alberto Messeder. O que é contracultura. São Paulo: Editora Brasiliense. 1983. RIDENTE, Marcelo. Em busca do povo brasileiro: artistas da revolução, do CPC à era da TV. Rio de Janeiro: Editora Record, 2000. ________________Cultura e Política: Os anos de 1960-1970 e sua herança. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida. (orgs.) O Brasil republicano: o tempo da ditadura – regime militar e os movimentos sociais em fins do século XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, p.138. 1838