Roteiro de aula teórica:

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DISCIPLINA DE UROLOGIA
CURSO DE MEDICINA
Quinta semana de aulas
23/08/10 a 27/08/10
Roteiro de aula teórica:
1. Fimose, frênulo, parafimose
2. Varicocele
3. Hidrocele
Roteiro de aula prática:
1. Postura do clínico frente às queixas urológicas:
1.1 Varicocele
1.2 Fimose
1.3 Hidrocele
1.4 Secreção uretral
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1. Fimose
É uma malformação congênita muito comum, acometendo 20 % dos
homens recém
nascidos.
É uma
condição
clínica
caracterizada
por
estreitamento do prepúcio, com ou sem aderência à glande, impedindo a
exposição desta. Pode haver correção espontânea ao longo dos anos.
Há uma variação que é confundida muito com a fimose, que é o prepúcio
redundante com anel estreito. Muitos também chamam de fimose. Porém esta
situação difere da fimose por se conseguir a exposição da glande com maior ou
menor dificuldade, na dependência do grau de estreitamento do prepúcio.
Também pode estar associada a aderência do prepúcio à glande.
Tanto na fimose, como no prepúcio redundante, as alterações
encontradas podem associar-se ao frênulo balanoprepucial curto. Chamado
corriqueiramente de “freio”, é uma dobra de pele que se origina no meato
uretral e estende-se até o sulco bálano-prepucial. Sendo muito curto, dificulta a
higienização da região e, no adulto pode romper-se durante o coito.
A fimose tem como fatores complicantes o acúmulo de secreções e pele
descamada entre a pele prepucial e o sulco balanoprepucial. Esse acúmulo de
secreções pode condicionar a ocorrência de balanopostites bacterianas ou
fúngicas, ou ainda eczemas de contato com urina. A eritroplasia de Queyrat,
manisfestação histológica pré-maligna do câncer de pênis, demanda
postectomia também, esteja no prepúcio ou na glande.
O tratamento da fimose, do prepúcio redundante ou do frênulo
balanoprepucial é eminentemente cirúrgico. Se o paciente está na vigência de
um quadro infeccioso, um tratamento clínico adequado deve ser adotado, antes
do procedimento cirúrgico.
É um hábito arraigado entre pediatras não indicar a cirurgia corretiva,
sendo comum orientarem “massagem”, a qual é forçar a retração do prepúcio
para dilatar o anel de pele. É uma prática pouco útil e não recomendada, pois
muitas mães não sabem a intensidade necessária para a retração da pele e
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acabam por ferirem seus filhos. Em alguns casos, mesmo que se consiga a
retração do prepúcio, permanece o anel de pele estreito, dificultando a
higienização da região e permitindo o acúmulo de esmegma.
A cirurgia corretiva chama-se “postectomia” e deve ser acompanhada de
“plástica do freio balanoprepucial” se este for curto. Deve ser realizada após a
criança abandonar as fraldas, pois antes disso ocorre o contato da urina com a
ferida operatória. Se, no entanto, a criança apresentar infecções recorrentes,
mesmo utilizando fraldas, a cirurgia deve ser antecipada para se evitar
complicações.
Alguns cremes à base de hialuronidase podem propiciar algum aumento
da
elasticidade
do
anel,
permitindo
que
em
casos
menos
graves
(estreitamentos leves), possa haver exposição da glande. É uma terapêutica de
resultados temporários, pois esses pacientes na adolescência irão sofrer do
mesmo problema pelo crescimento do pênis. Volta ocorrer estreitamento do
prepúcio e acúmulo de pele descamada, urina, suor e esperma. É o “smegma”,
responsável por processo inflamatório crônico na glande e no colo do útero
(cevicites) das parceiras deste indivíduo. É esse processo inflamatório crônico
que futuramente condicionará o surgimento da eritroplasia de Queyrat e câncer
de pênis e na sua parceira, o câncer de colo de útero.
O Brasil tem um índice muito baixo de homens postectomizados. Somos
paralelamente, campeões em câncer de pênis e de colo de útero.
Um agravante de se postergar essa cirurgia até a idade adulta, é que
após a cirurgia, a sensibilidade para o ato sexual se torna diferente,
habitualmente menos sensível. Isso pode mudar o comportamento sexual do
indivíduo. As ereções podem propiciar a rotura de pontos.
***Balanopostites de repetição podem indicar déficit imunológico. Muito
comum nos diabéticos e aidéticos. A possibilidade de infecção por HPV deve
ser considerada***.
***A postectomia e a frenuloplastia são meios de tratamento cirúrgico da
ejaculação precoce***.
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As balanopostites fúngicas por cândida são as mais comuns (existem as
baterianas, virais e mistas) e devem ser tratadas com fluconazol 150 mg, 1
comprimido em dose única e cremes com anti-fúngicos (canesten , nistatina,
cetoconazol, omcilon) 3 vezes ao dia, por 7 a 10 dias. Se houver processo
inflamatório importante (comum nas candidíases), o creme anti-fúngico deve
conter corticóide tópico associado (candicort, trok). Se ainda houver processo
infeccioso bacteriano associado, o creme deve conter antibiótico tópico
(quadriderme, novacort). Se o quadro for grave, pode se associar antibióticos
via oral (sulfa ou cefalexina). Nas crianças abaixo dos 12 anos, o antifúngico
via oral deve ser evitado. As parceiras dos infectados por fungos, devem sofrer
tratamento mesmo que não apresentem sintomas.
***O uso de preservativos, ou ainda a abstenção sexual, devem ser
estimulados por um período de até 15 dias, pois as recorrências são
freqüentes***.
***A parafimose é uma condição clínica que ocorre quando a retração forçada
do prepúcio estenótico causa demasiada compressão da circulação superficial
(venosa e linfática), com conseqüente edema distal e impossibilidade de
retorno à condição original. Se não for reduzida, poderá condicionar dor intensa
e isquemia do prepúcio (veremos à frente)***.
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A postectomia mantém a glande sempre exposta e, conseqüentemente,
mais fácil de ser higienizada. O fato do pênis ficar sempre em contato com as
roupas íntimas também mantém a pele seca e limpa, dificultando o acúmulo de
smegma e suas conseqüências.
A idade ideal para postectomia vai dos 3 até os 10 anos. Antes disso a
criança usa fraldas e a presença de urina, bem como a aderência da ferida
cirúrgica às fraldas, é incômoda. Acima dos 10 anos, a freqüência de ereções
aumenta muito (as ereções são o grande problema da postectomia para
adultos), ocorrendo dor e deiscências de pontos com freqüência.
Postectomia :

Anestesia
Deve ser troncular, na base peniana, com lidocaína 2 %, 10 ml na
região dorsal, entre o arco púbico e o corpo peniano para bloqueio do nervo
dorsal do pênis. Outros 10 ml são infiltrados ao redor de toda a base peniana
na tela sub-cutânea, completam o bloqueio. Pode-se fazer uma solução de 10
ml de lidocaína 2% e 10 ml de neocaína a 0,5%, e infiltradas da mesma
maneira.
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Essa solução permite um início de ação relativamente rápido por conta
da lidocaína e um período de anestesia de até 4 horas, por conta da neocaína.
As doses dos anestésicos devem ser corrigidas para crianças. Sedação para
crianças é fundamental para que se possa infiltrar a região. O bloqueio
anestésico poderá ser feito por anestesista, mas habitualmente é o urologista
que o faz, já com o paciente sob condutas de antissepsia e assepsia. A
sedação para os adultos também é bem vinda. Alguns interpretam como dor a
sensação de toque que os anestésicos locais deixam ocorrer, ficando inquietos
durante o procedimento.

Técnica :
Inicia-se
pela
frenuloplastia
(já
descrita
anteriormente),
sem
a
necessidade de nova infiltração anestésica no local do freio. Após a
frenuloplastia, partimos para a postectomia. A partir da coroa da glande,
mensura-se 1 a 2 cm e realiza-se incisão circunferencial da mucosa subbalânica com bisturi. Traciona-se distalmente o prepúcio e mensura-se a
distância que não permitirá muita sobra de pele até a área já incisada. Deve-se
considerar alguma folga de pele nos adultos nesse momento, pensando nas
ereções. Temos então o prepúcio marcado proximal e distalmente, com o anel
de pele entre as incisões. Exerese e hemostasia dos vasos superficiais de pele
nesse momento.
Esses vasos são os principais responsáveis por hematomas póscirúrgicos e uma hemostasia cuidadosa com eletrocautério a 15 W deve ser
performada. Passa-se então à sutura das porções restantes do prepúcio.
Pontos separados ou contínuos de categute simples ou cromado 3-0 para os
adultos e 5-0 para crianças. Adotamos há muitos anos a sutura contínua pelos
resultados estéticos superiores (a cicatriz não fica com aspecto de “trilhos de
trem” característica da sutura com pontos separados) e pelo menor incômodo
no pós-operatório, por não existirem os “bigodes” dos pontos separados, que
prendem nas roupas íntimas neste período.
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Alguns urologistas utilizam o mononylon para esta sutura. Essa prática
envolve retirada de pontos, o que é desconfortável, mas os resultados estéticos
são excelentes dessa forma.
O curativo imediato (em anel) é compressivo, com aplicação extensa de
qualquer pomada com antibiótico, mais no intuito de não aderir curativo à ferida
operatória. Oriento a permanência desse curativo por 24 horas, o que em
crianças é difícil. A micção deve ser monitorada pelas mães, evitando-se que a
urina escorra para o curativo. Após 24 horas, o curativo deve ser removido com
água morna e a área higienizada com sabonete neutro (ou mesmo o comum),
para remover as crostas de sangue. É prática consagrada aplicar iodopovidona
e pomada antes do novo curativo. Na verdade, não há necessidade de mais
nada além da higiene cuidadosa com água e sabonete. Habitualmente não
oriento novo curativo, apenas a aplicação extensiva da pomada com
neomicina, para evitar a aderência às roupas íntimas. Havendo sangramento
após a retirada do primeiro curativo, o mesmo deve ser refeito. Para crianças, o
pênis deve ser coberto com um copinho de plástico, preso à pele com fita de
curativo, o qual permite que a mesma possa vestir um pijama, ou outro tipo de
roupa e se cobrir com lençóis sem o incômodo do toque.
Para adultos, o curativo antes de dormir é uma meio útil para proteger
um pouco a sutura da tração provocada pelas ereções noturnas e para acordar
o paciente, pois a ereção causa aperto do curativo e causa dor, despertando o
paciente. O fato do paciente acordar, pode evitar a manifestação da ereção
noturna.

Analgésicos e antibióticos
Para adultos os analgésicos e antibióticos são dispensáveis. Raramente
ocorrem queixas álgicas. Alguns pacientes não conseguem diferenciar entre o
incômodo da glande em contato com as roupas íntimas e dor real,
demandando uso de analgésicos fracos como dipirona ou paracetamol. Esse
mecanismo em crianças é importante e deve ser minimizado com uso de
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analgésicos e anti- inflamatórios, por pelo menos 03 dias. O uso de antibióticos
é controverso. Em tese não são necessários. Em crianças, algumas mães não
conseguem realizar higiene adequada, acumulando crostas de sangue e
predispondo infecções. Entende-se nessa situação o uso de antibióticos como
profilaxia a potencial infecção. Os serviços que adotam essa prática têm
baixíssimos índices de infecção nessa cirurgia. Os antibióticos mais utilizados
são a cefalexina, a amoxilina e sufazotrim.
Os pontos soltam-se por volta do sétimo dia, quando o fio é o categute
simples e até 30 dias quando é utilizado o categute cromado. Atividade sexual
e masturbação são orientados apenas após 30 dias da cirurgia, salvo se
durante esse período houver deiscência de alguns pontos, o que levará a se
estender mais esse prazo.
Essa ocorrência no adulto é freqüente e habitualmente a conduta é
expectante quando uma pequena área da sutura sofreu deiscência. Deiscência
extensa da sutura é rara e quase sempre associada à masturbação ou tentativa
de relações sexuais. Porém pode demandar ressutura.
Parafimose
A parafimose é uma urgência em Urologia. É determinada pela
compressão do terço médio peniano pelo anel prepucical. Aquele indivíduo que
possui o anel prepucical estreito, ou mesmo fimose, quando realizam tração do
prepúcio pra trás no intuito de expor a glande, podem não conseguir voltar à
posição original. O anel causa compressão de veias e vasos linfáticos do
prepúcio, dificultando o retorno do fluxo. A artéria dorsal do pênis, que tem
pressão elevada e é mais profunda, mantém seu fluxo e conseqüentemente
ocorre edema progressivo pela falta de retorno venoso e linfático da glande e
do prepúcio distal ao anel, agravando a situação. Cursa com dor cada vez
maior e demanda resolução rápida. Na maioria dos casos a redução manual é
suficiente, fazendo com que o prepúcio volte a cobrir a glande. Lubrificar com
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lidocaína gel 2% pode ser útil. Se o paciente não permite a redução por dor, o
bloqueio anestésico de todo o pênis é indicado (já visto na postectomia).
Raras vezes será necessária a incisão do anel prepucial para ampliar
seu diâmetro e permitir a redução da parafimose. A incisão deve ser feita
perpendicularmente ao anel e sobre este, demandando infiltração de
anestésico. Se o paciente for manejado em centro cirúrgico e não no pronto
socorro e o mesmo concordar, pode ser realizada de imediato a postectomia. A
postectomia é na verdade o tratamento definitivo para a não ocorrência de
parafimose novamente.
A “parafimose da UTI” é um fato freqüente nessas unidades. Pacientes
não contactuantes, habitualmente sondados, têm o prepúcio deixado retraído
após a higiene genital, ocorrendo parafimose. A enfermagem deve ser
orientada para que após a sondagem, ou após a higienização genital desses
pacientes, o prepúcio deva ser devolvido à posição original.
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2. Varicocele
É a dilatação das veias (2) testiculares no plexo pampiniforme. De origem
ainda obscura, mas guardando proximidade com a fisiopatologia das varizes de
membros
inferiores
(incompetência
de
válvulas).
Associa-se
ainda
a
característica que a veia gonadal (fusão das veias testiculares) esquerda drena
para a veia renal, ao contrário da veia gonadal direita, que drena par a veia
cava
(menor
extensão,
conseqüentemente,
menor
pressão).
Essa
característica anatômica leva a entender o porquê da maior incidência das
varicoceles à esquerda (80 %). É uma ocorrência muito freqüente (até 15 %
dos adolescentes), porém de diagnóstico pouco habitual, pois não cursa com
dor nos estágios iniciais.
O refluxo do sangue pelas veias do plexo pampiniforme provoca uma
dilatação progressiva das veias, com possibilidade de dor. O aumento da
pressão venosa e da temperatura junto ao testículo pode provocar decréscimo
da espermatogênese e da maturação dos espermatozóides. Também o
afilamento dos túbulos seminíferos e anomalias funcionais das células de
Leydig são encontrados. Temos então pacientes inférteis por diminuição da
quantidade e qualidade dos espermatozóides.
O diagnóstico se faz habitualmente pelo exame físico (achado de exame
físico), pois raramente há dor como queixa. Podemos ter um paciente
queixando-se de infertilidade, que vai nos levar a pensar em varicocele e então
pesquisá-la. Ao exame físico, podemos classificá-la em graus I, II e III quando
são palpáveis. Quando não há varicocele palpável, nem pela manobra de
reforço (em pé, fazendo Valsalva), recorre-se à ecografia Doppler, que
mensura o calibre dos vasos e determina se há aumento do fluxo venoso.
***O tratamento da varicocele é cirúrgico. Indica-se cirurgia se há dor
e/ou infertilidade. Se há a varicocele assintomática e sem alterações do
espermograma, este paciente deve ser acompanhado anualmente com
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espermogramas, pois podem ao longo dos anos, evoluirem com déficit
numérico e funcional dos espermatozóides***.
***A correção da varicocele permite uma melhora do espermograma em
torno de quatro meses após o procedimento cirúrgico. Podem ocorrer falhas
terapêuticas, necessitando nova intervenção cirúrgica. Existem quatro tipos de
procedimentos cirúrgicos para a correção da varicocele e todos baseiam-se na
premissa da ligadura das veias dilatadas no funículo espermático. A drenagem
venosa passa a ser feita pela dilatação de pequenas veias que drenam para a
veia femoral e plexo venoso da próstata***.
***Quando já ocorre atrofia testicular, o fracasso do tratamento é quase
certo, devendo ser realizada a biópsia testicular juntamente com a correção da
varicocele, para o estudo dos túbulos seminíferos***.
***Varicoceles bilaterais são raras. Varicoceles em idosos devem levar
ao médico assistente a pensar em tumor renal com trombo estendendo-se para
dentro da veia renal e ocluindo a veia gonadal***.
***Ainda é obscura a causa da oligospermia na varicocele unilateral.
Teoricamente um testículo bem funcionante forneceria um espermograma
normal, porém não ocorre isso na maioria dos casos. Investiga-se a ocorrência
de anticorpos causados pela varicocele que influenciariam a espermatogênese
do testículo contra-lateral.
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
Anestesia
As técnicas abertas, com ou sem o uso de lupas, habitualmente são
realizadas sob bloqueio peridural. Podem ser feitas com sedação por propofol
ou midazolan com anestesia local associada (lidocaína 2 % com neocaína 0,5
% infiltrados nos locais de incisão – veremos à frente). A técnica de
videolaparoscopia exige anestesia geral. Alguns autores preconizam anestesia
por blolqueio para cirurgias videolaparoscópicas de hérnias inguinais, que pode
perfeitamente ser transportada para a correção de varicocele, dada a
similaridade dos procedimentos. Estudos devem ser conduzidos no intuito de
confirmar essa possibilidade. A embolização por radiologia intervencionista
demanda somente anestesia local para punção da veia femoral.

Técnica
Discute-se muito a real utilidade e a relação custo-benefício da
videolaparoscopia para a correção de varicocele. As técnicas abertas,
utilizando pequenas incisões, têm boa resolutividade e não demandam a
anestesia geral. Quando se opta por técnica videolaparoscópica, após o
pneumoperitônio, a ótica deve ser introduzida na cicatriz umbilical, um trocater
de 5 mm no flanco e outro trocater de também 5 mm na fossa ilíaca
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homolateral à varicocele. Na emergência das veias testiculares junto ao ânulo
inguinal profundo, aplicam-se clipes metálicos nas duas veias após dissecção
cuidadosa das mesmas.
A técnica de Palomo adota a ligadura alta das veias na emergência das
mesmas no ânulo inguinal interno, como na técnica videolaparoscópica. É
realizada incisão transversal de 5 cm à partir da borda lateral do músculo reto
abdominal, em direção lateral, na altura de espinha ilíaca ântero-superior.
Dissecam-se os músculos obliquo externo, o interno e o transverso e então se
tem acesso ao ânulo inguinal interno e conseqüentemente ao funículo
espermático. Disseca-se o funículo e isola-se as duas veias varicosas, com ou
sem magnificação de imagens. Pode ser feita somente a ligadura das veias, ou
ligadura com secção. Os fios utilizados são os mais variados possíveis, como
algodão, categute e polidiaxona. Cuidado para não lesionamento de outras
estruturas como nervo e ducto deferente. Para essa abordagem, a
preocupação com a artéria testicular não precisa ser excessiva, pois nessa
altura de incisão, a mesma não se encontra mais no funículo, por ser ramo da
artéria pudenda interna. É necessária a sutura dos planos musculares com
polidiaxona 2-0, aproximação da tela sub-cutânea com categute 2-0 e sutura de
pele usando mononylon com sutura contínua ou com pontos interrompidos.
A técnica de Ivanisseviche adota a ligadura baixa, com acesso cirúrgico
na altura do ânulo inguinal superficial. O funículo é isolado é aberto para
identificação das veias varicosas. São ligadas como na técnica de Palomo.
Como não há abertura de planos musculares, somente há a necessidade de
aproximação da tela sub-cutânea com categute 2-0 e sutura de pele.
A técnica de Palomo gera uma cicatriz exatamente onde as calças
sofrem a compressão do cinto, causando desconforto. Não é fácil de ser
realizada em pacientes obesos e necessita de sutura de planos musculares.
A técnica de Ivanisseviche, por ser mais baixa, tem a chance aumentada
de lesão da artéria deferencial e testicular. Marmar propôs o uso de lupa para a
realização da cirurgia de Ivanisseviche, sendo hoje a técnica mais indicada.
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O paciente habitualmente recebe alta em 12 horas, após o término do
período anestésico do bloqueio peridural. Se for feito com anestesia local e
sedação, o paciente poderá receber alta em poucas horas.
A embolização por radiologia intervencionista ainda não está firmada
como parte do arsenal terapêutico para o tratamento da varicocele. É
promissora, mas tem custos elevados. O introdutor é colocado na veia femoral
contra-lateral à varicocele e o cateter é posicionado na emergência das veias
gonadais na veia renal. A cola é então injetada, obstruindo a luz das veias.
Antibiótico sistêmico não é necessário no pós-operatório, somente o
profilático. Um novo espermograma deve ser realizado em torno de quatro
meses de pós-operatório. Na falha terapêutica, o paciente pode ser submetido
à outra técnica cirúrgica diferente da originalmente adotada.
3. Hidrocele
A hidrocele é o acúmulo de líquido semelhante ao peritoneal no espaço
formado entre a túnica vaginal e a túnica albugínea do testículo. Pode ser uni
ou bilateral e congênita ou adquirida. Existem diferentes formas, como a
hidrocele de cordão, a hidrocele comunicante e a hidrocele septada, com
etiopatogenias, apresentações clínicas e história natural variadas.
A hidrocele comunicante acontece por manutenção do “processo
vaginal” aberto, comunicando a cavidade peritoneal com o testículo. O
processo vaginal é uma reflexão do peritônio que acompanha o testículo
quando este desce do abdome para o escroto durante a gravidez. Até o final da
gravidez ele se fecha no canal inguinal, ficando uma estrutura residual junto ao
funículo espermático. Quando o processo vaginal não se fecha, ocorre uma
comunicação entre a cavidade abdominal e o testículo. Então, essas crianças
quase sempre nascem com hidrocele bilateral. São hidroceles menores pela
manhã e maiores à tarde e redutíveis, pois o líquido drena para o peritônio.
Podem cursar com hérnia inguino-escrotal, contendo omento ou intestino
delgado. As hidroceles comunicantes habitualmente se fecham dentro de um
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ano de idade. As que não se corrigem até um ano, ou são muito grandes, ou
ainda cursam com hérnia, têm indicação cirúrgica.
A hidrocele simples ocorre pelo acúmulo de líquido secundário a trauma
local, radioterapia, epididimite aguda, orquite, tuberculose testicular e também
idiopática. Habitualmente é progressiva, unilateral e pode chegar a tamanhos
consideráveis.
A hidrocele de cordão é uma variação da hidrocele simples, havendo a
segmentação e apreensão do líquido junto ao funículo espermático. Isso
pressupõe que haja manutenção da patência do processo vaginal.
Ainda existe mais uma variação, a hidrocele septada, onde ocorre a
existência de diversas lojas de líquido.
O líquido é um concentrado protéico aquoso, semelhante ao plasma
sangüíneo.
O diagnóstico se faz pela história clínica, exame físico (com transiluminação positiva) e, eventualmente, é necessária a ecografia.
O diagnóstico diferencial se faz com os tumores testiculares,
hematomas, hérnias inguino-escrotais e linfedema escrotal (elefantíase).
O tratamento sempre é cirúrgico e é indicado quando existe dor, ou por
questão estética, ou ainda por tamanho excessivo. A ocorrência de hérnia
inguino-escrotal associada, imprime maior importância à indicação do
tratamento cirúrgico.

Anestesia
Para adultos pode ser utilizada a anestesia local para pequenas
hidroceles, bloqueando-se o funículo espermático com uma solução de 10 ml
de lidocaína a 2 %, mais 10 ml de neocaína a 0,5 %, misturadas em uma
mesma seringa. Grandes hidroceles dificultam a apreensão do funículo para
ser bloqueado, sendo preferidos os bloqueios peridural ou raquidiano. Crianças
devem receber anestesia geral, podendo-se lançar mão de bloqueio local para
analgesia pós-cirúrgica.
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
Técnica
Tricotomia no momento do procedimento, incisão longitudinal ou
transversal no hemi escroto afetado, abertura de pele, tela sub-cutânea e da
túnica vaginal. Drena-se o líquido da hidrocele e então retira-se o testículo do
escroto. A túnica vaginal deve ser aberta totalmente, expondo-se o testículo.
Quando a túnica vaginal é redundante, é necessário reduzi-la, retirando-se o
excesso. Everte-se a mesma para que sua face interna se torne a externa e
vice-versa. Esta manobra tem por objetivo fazer com que a face interna, que é
a produtora do líquido da hidrocele, fique em contato com a tela sub-cutânea e
esta absorva o líquido que venha ser produzido. A túnica vaginal evertida é
suturada com catgute simples 3-0, sutura contínua ou interrompida. Devolve-se
o testículo para o escroto e realiza-se sutura contínua ou interrompida da tela
sub-cutânea e pele, também com categute simples 3-0. Os pontos de pele são
absorvidos em sete a dez dias e então caem. Durante esse período, curativos
diários devem ser realizados. Não é necessária a utilização de antibióticos.
***Não se deve puncionar nenhuma hidrocele, sob o risco de infectá-la.
No caso das hidroceles comunicantes, havendo infecção do líquido da
hidrocele, poderá ocorrer peritonite por contigüidade***.
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