UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE LETRAS COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS MESTRADO EM LETRAS LOYDE SIMÕES DUARTE GÜEMES A LÍNGUA ESPANHOLA EM CURSOS DE GRADUAÇÃO DE TURISMO NITERÓI 2009 LOYDE SIMÕES DUARTE GÜEMES A LÍNGUA ESPANHOLA EM CURSOS DE GRADUAÇÃO DE TURISMO Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Letras da Universidade Federal Fluminense, como requisito final para obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Estudos da Linguagem. Subárea: Linguística aplicada ao ensino/aprendizagem de língua estrangeira. Orientadora: Professora Doutora Márcia Paraquett Niterói 2009 Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Gragoatá G925 Güemes, Loyde Simões Duarte. A língua espanhola em cursos de graduação de turismo / Loyde Simões Duarte Güemes. – 2009. 126 f. Orientador: Márcia Paraquett. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Letras, 2009. Bibliografia: f. 95-100. 1. Língua espanhola – Estudo e ensino. 2. Turismo. I. Paraquett, Márcia . II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Letras. III. Título. CDD 460.0202 LOYDE SIMÕES DUARTE GÜEMES A LÍNGUA ESPANHOLA EM CURSOS DE GRADUAÇÃO DE TURISMO Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Letras da Universidade Federal Fluminense, como requisito final para obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Estudos da Linguagem. Subárea: Linguística aplicada ao ensino/aprendizagem de língua estrangeira. Aprovada em abril de 2009. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________ Profa. Dra. Márcia Paraquett – Orientadora (UFF) _______________________________________________________ Profa. Dra. Rosineide Guilherme da Silva Panno (EPSJV-FIOCRUZ) _______________________________________________________ Profa. Dra. Lygia Maria Gonçalves Trouche (UFF) _______________________________________________________ Profa. Dra. Leda de Carvalho (FacCCAA) (suplente) _______________________________________________________ Prof. Dr. Xoán Carlos Lagares Diez (UFF) (suplente) Niterói 2009 Ao Martin (in memorian), amor que me acompanhou por 19 anos e me apresentou a língua espanhola, que tanto me encanta. Ao Antonio, amor que surgiu durante a realização deste mestrado e cujo encontro estava marcado há dez mil anos. MEUS AGRADECIMENTOS A Deus por estar presente em todos os dias da minha vida. Aos meus pais pelo amor, incentivo e confiança que depositaram em mim em todos os momentos. A Márcia Paraquett, minha orientadora querida, pela amizade, carinho, apoio, também pelas críticas, sempre construtivas e, principalmente, por acreditar em mim. A Magaly e José Eustáquio pelo carinho com que, tão gentilmente , me receberam em sua casa todas as terças e quartas feiras, durante o ano em que assisti às aulas. À Universidade Federal Fluminense pela oportunidade de realização deste mestrado. À professora Norimar Júdice, de quem tive o privilégio de ser aluna, pela sabedoria e pelo conhecimento compartilhado com os alunos. A Nelma, da secretaria de pós-graduação da UFF, pela boa vontade que sempre demonstrou, quando precisei da sua ajuda. A Márcia Gil pela disponibilidade e apoio em um momento de crise. Ao Guilherme e ao Gustavo pela paciência, nos fins de semana, em que ocupei todo o tempo da Zuleide. A Ana Maria, colega de mestrado, pela amizade e carinho demonstrados. A Ana Paiva pela boa vontade e pela contribuição em vários momentos desta dissertação. Aos alunos da Escola Técnica Limassis sem os quais esta pesquisa não teria sido idealizada. Às Faculdades que participaram desta pesquisa pela disponibilidade no envio de seus planos de ensino. AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Ao Antonio, meu marido, por ter compreendido o que me acontecia em um momento crucial de incerteza e indecisão e por ter provocado a reação, a partir da qual esta dissertação foi realizada. A Zuleide, um anjo que Deus colocou no meu caminho. Colega de mestrado que se tornou uma grande amiga, sem a ajuda da qual o trajeto percorrido teria sido muito mais difícil. O sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que se confirma como inquietação e curiosidade, como inconclusão em permanente movimento na história. Paulo Freire, 2002 RESUMO Esta pesquisa estuda o ensino/aprendizagem da língua espanhola em cursos de Turismo de quatro faculdades da região sudeste do Brasil, no que tange às abordagens de aprendizagem de língua estrangeira. Em um primeiro momento, fezse uma explanação sobre o que representa o curso de Turismo no Brasil com respeito à legislação, às áreas de atuação, objetivos e aptidões de um turismólogo e suas perspectivas de atuação profissional. Para construção do referencial teórico, recorreu-se ao pensamento de autores, representantes da Linguística Aplicada, que nortearam os conceitos apresentados sobre as abordagens de aprendizagem de uma língua estrangeira. Como os princípios que norteiam esta pesquisa consideram que não é possível dissociar o ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira das culturas envolvidas no processo, fez-se uma reflexão sobre o conceito de cultura. Todo esse percurso teve como objetivo fundamentar a análise dos planos de ensino das faculdades. A análise, feita no último capítulo, foi separada por tópicos, passando pela ementa, objetivos, conteúdo curricular, metodologia, bibliografia e carga horária. Esta análise foi feita considerando, separadamente, cada plano de ensino. De acordo com os resultados, fez-se uma reflexão sobre o percurso traçado em cada plano, com as respectivas considerações. Concluiu-se que nenhuma das faculdades segue uma única linha de pensamento com relação às abordagens ; que tentam conduzir o ensino do idioma de uma forma ora comunicativa, ora intercultural, mas continuam enraizadas a uma perspectiva gramatical. Considerou-se que os objetivos desta pesquisa foram cumpridos. PALAVRAS-CHAVE: Língua Estrangeira. Espanhol. Turismo. RESUMEN Esta investigación estudia la enseñanza-aprendizaje de la lengua española en cursos de Turismo de cuatro facultades de la región sureste de Brasil, en lo que se refiere a los abordajes de aprendizaje de lengua extranjera. En un primer momento se hizo una explicación de lo que constituye el curso de Turismo en Brasil con respeto a la ley, a las áreas de actuación, objetivos y aptitudes de un profesional de Turismo y sus perspectivas de actuación en el mercado. Para la construcción del marco teórico, se buscó el pensamiento de autores, representantes de la Lingüística Aplicada, que orientaron los conceptos presentados sobre los abordajes de aprendizaje de una lengua extranjera. Como los principios que guían esta investigación creen que no es posible disociar la enseñanza-aprendizaje de una lengua extranjera de las culturas involucradas en el proceso, se hizo una reflexión sobre el concepto de cultura. Todo ese recorrido tuvo por objeto fundamentar el análisis de los planes de estudio de las facultades. El análisis realizado en el último capítulo, fue separado por temas, pasando por el resumen, los objetivos, contenidos curriculares, metodología, bibliografía y carga de horas. Este análisis se hizo considerando, separadamente, cada plan de estudios. Teniendo en cuenta los resultados, se hizo una reflexión sobre el recorrido en cada plan, con las respectivas consideraciones. Se concluyó que ninguna de las facultades sigue una única línea de pensamiento con relación a los abordajes; que intentan conducir la enseñanza del idioma de una manera ora comunicativa, ora intercultural, pero siguen arraigadas a una perspectiva gramatical. Se consideró que los objetivos de esta investigación fueron cumplidos. PALABRAS-CLAVE: Lengua extranjera. Español. Turismo. 1 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ....................................................................................................12 1 O CURSO DE TURISMO NO BRASIL ..................................................................16 1.1 O QUE DIZ A LEI ........................................................................................................................................ 17 1.2 ÁREAS DE ATUAÇÃO................................................................................................................................ 18 1.3 OBJETIVOS E APTIDÕES ......................................................................................................................... 22 1.4 PERSPECTIVAS........................................................................................................................................... 25 2 A LINGUÍSTICA APLICADA EM NOSSOS DIAS .................................................28 2.1 UMA BREVE RETROSPECTIVA ............................................................................................................. 28 2.2 O CONCEITO DE CULTURA NO ENSINO/APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA ..... 32 3 ABORDAGENS DE APRENDIZAGEM..................................................................36 3.1 ABORDAGEM GRAMATICAL................................................................................................................. 37 3.2 ABORDAGEM COMUNICATIVA............................................................................................................. 38 3.3 ABORDAGEM SOCIOCONSTRUCIONISTA ......................................................................................... 41 3.4 ABORDAGEM MULTICULTURAL/INTERCULTURAL ..................................................................... 42 4. METODOLOGIA DA PESQUISA..........................................................................48 4.1 CONTEXTO DA PESQUISA....................................................................................................................... 48 4.2 PERFIL DOS SUJEITOS ENVOLVIDOS ................................................................................................. 50 4.3 APRESENTAÇÃO DA FUNDAÇÃO ROGE E DAS ESCOLAS EM ESTUDO.................................... 50 4.3.1 Fundação Roge – Escola Técnica Limassis ............................................................................................. 51 4.3.2 UNISAL – Lorena ................................................................................................................................... 52 4.3.3 Faculdade de São Lourenço..................................................................................................................... 54 4.3.4 UNIVAS – Universidade Vale do Sapucaí.............................................................................................. 55 4.3.5 PUC Minas – Campus de Poços de Caldas.............................................................................................. 56 4.4 INSTRUMENTOS DE PESQUISA ............................................................................................................. 57 2 5 PLANOS DE ENSINO E ABORDAGENS DE APRENDIZAGEM..........................60 5.1 UNISAL.......................................................................................................................................................... 61 5.1.1 Ementa ..................................................................................................................................................... 61 5.1.2 Objetivos.................................................................................................................................................. 62 5.1.3 Conteúdo Programático ........................................................................................................................... 63 5.1.4 Metodologia............................................................................................................................................. 67 5.1.5 Bibliografia.............................................................................................................................................. 68 5.1.6 Carga horária ........................................................................................................................................... 69 5.2 FACULDADE DE SÃO LOURENÇO ........................................................................................................ 70 5.2.1 Ementas ................................................................................................................................................... 70 5.2.2 Objetivos.................................................................................................................................................. 71 5.2.3 Conteúdo Curricular ................................................................................................................................ 72 5.2.4 Metodologia............................................................................................................................................. 74 5.2.5 Bibliografia.............................................................................................................................................. 74 5.2.6 Carga Horária .......................................................................................................................................... 75 5.3 UNIVÁS.......................................................................................................................................................... 76 5.3.1 Ementa ..................................................................................................................................................... 76 5.3.2 Objetivos.................................................................................................................................................. 77 5.3.3 Conteúdo Programático ........................................................................................................................... 79 5.3.4 Metodologia............................................................................................................................................. 84 5.3.5 Bibliografia.............................................................................................................................................. 85 5.3.6 Carga horária ........................................................................................................................................... 86 5.4 PUC MINAS – POÇOS DE CALDAS ......................................................................................................... 86 5.4.1 Ementa ..................................................................................................................................................... 87 5.4.2 Objetivos.................................................................................................................................................. 88 5.4.3 Conteúdo Curricular ................................................................................................................................ 89 5.4.4 Metodologia............................................................................................................................................. 90 5.4.5 Bibliografia.............................................................................................................................................. 91 5.4.6 Carga horária ........................................................................................................................................... 91 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................92 REFERÊNCIAS.........................................................................................................95 ANEXOS .................................................................................................................101 ANEXO A........................................................................................................................................................... 102 ANEXO B........................................................................................................................................................... 104 ANEXO C........................................................................................................................................................... 111 ANEXO D........................................................................................................................................................... 116 ANEXO E........................................................................................................................................................... 125 12 APRESENTAÇÃO Em maio de 1998, depois de viver quase seis anos na Argentina, especificamente em Córdoba, capital, voltei ao Brasil sem ter um rumo definido para minha vida profissional. Tinha fluência no idioma espanhol, mas a minha experiência profissional no magistério era como professora de matemática, em que sou licenciada. Informalmente, resolvi dar aulas particulares de espanhol, para passar o tempo, enquanto não decidia o que fazer e o que aconteceu foi que fiquei encantada com a nova atividade. A partir daí, comecei a ser solicitada para ministrar aulas de espanhol em escolas públicas e cursos de idiomas, devido à falta de professores autorizados pelo MEC (Ministério de Educação e Cultura) na minha cidade. A época coincidia com o boom da língua espanhola no Brasil. Muita gente queria aprender, principalmente profissionais de diversas áreas que tinham a visão do que representaria o domínio dessa língua em um futuro próximo. Trabalhando no Curso de Idiomas FISK, no SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) – com grupos de 20 alunos, todos de nível superior – e no antigo CESU (Centro de Estudos Supletivos), atual CESEC (Centro Estadual de Educação Continuada), em turmas enormes com até 80 alunos, senti a necessidade de procurar conhecimentos da estrutura da língua espanhola e da metodologia para o ensino de Língua Estrangeira, já que a minha área era a das Ciências Exatas. Procurei, então, o mestrado na UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), onde ingressei como aluna especial e onde tive meu primeiro contacto com a Linguística Aplicada. Por diversos motivos tive que interromper os estudos na universidade até início de 2006, quando ingressei no programa de pós-graduação da UFF (Universidade Federal Fluminense), agora como aluna oficial. 13 No ano de 2002, comecei a lecionar espanhol em uma escola técnica, criada por uma fundação, em um dos cursos técnicos oferecidos, o de Turismo Rural. Era o primeiro ano de funcionamento da escola. Eu era a única professora responsável pela disciplina, tanto para ministrar as aulas como para organizar o programa e, inclusive, para elaborar material didático, dado que nessa escola, por ser de cunho filantrópico e atender alunos carentes, não se podia solicitar que os alunos adquirissem livros. Para o desempenho desta tarefa, foram fundamentais os conhecimentos de Linguística Aplicada adquiridos no Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP. Desde então, continuo lecionando espanhol nessa escola, aumentando cada vez mais o envolvimento com o ensino da língua espanhola no curso técnico de Turismo Rural. A convivência com profissionais de Turismo, um deles, coordenador do curso, outros, professores de disciplinas técnicas, trouxe-me a informação de que, na atualidade, o Turismo é uma das atividades econômicas mais importantes e promissoras em todo o mundo, por estar o setor em constante expansão. E, devido à dimensão internacional da atividade turística, torna-se obrigatória a existência de uma língua que seja o veículo de comunicação nesse contexto intercultural e multicultural. O inglês, considerado universal, é um requisito básico para a atuação do profissional em Turismo. Porém, o conhecimento de outros idiomas, principalmente o espanhol, aumenta consideravelmente as oportunidades no mercado de trabalho diante do crescente número de turistas de países hispânicos que visitam o Brasil. A língua espanhola está, gradativamente, conquistando uma posição importante e tornando-se uma língua necessária para aqueles que se dedicam profissionalmente ao Turismo no Brasil. Freitas (2004, p. 61), em sua dissertação de mestrado, nos informa que, segundo dados estatísticos da EMBRATUR (2003), os turistas originários de países hispânicos representaram cerca de 50% do total de visitantes que recebemos nos últimos anos. A cidade onde resido e a escola técnica na qual leciono espanhol estão situadas no sudeste do Brasil, região onde existem várias faculdades que oferecem o curso superior de Turismo e, em vários deles, são ministradas aulas de espanhol. Conversando com ex-alunos que seguiram estudando Turismo em nível superior e com pessoas envolvidas nessa área – o coordenador e alguns professores do curso técnico em que leciono, graduados em Turismo e/ou Hotelaria; um guia de turismo internacional, também graduado em Turismo e pessoas diretamente envolvidas com 14 agencias de Turismo – percebi que há indícios de uma deficiência no direcionamento e no ensino/aprendizagem de espanhol nesses cursos. Alguns desses alunos teceram comentários sobre a inadequação do ensino de Espanhol na faculdade de Turismo, para o fim a que se propõe. Uma coisa é o planejamento de um curso e outra é a colocação em prática desse mesmo planejamento. Muitas vezes, as condições oferecidas pela instituição inviabilizam a realização de um trabalho coerente com os planos traçados. A formação dos professores também tem um peso importantíssimo, quiçá fundamental, na elaboração e execução de um estudo de línguas em um determinado curso, dentro de uma abordagem realmente funcional. A sobrecarga de trabalho, a falta de incentivo e apoio ao aperfeiçoamento do professor também são fatores determinantes para a ocorrência de problemas no decorrer do processo de ensino/aprendizagem de espanhol, não só no curso de Turismo como também em qualquer curso que contenha em sua grade curricular o ensino da língua espanhola (informação verbal).1 Devido a todos os fatores considerados nesta apresentação e tendo em conta que vários de meus alunos já foram e outros, provavelmente, irão para um curso superior de Turismo, considero relevante uma pesquisa sobre a situação real do ensino/aprendizagem da língua espanhola nos cursos de Turismo do Brasil no nível de graduação. Com o objetivo de identificar e compreender a estrutura do programa da disciplina espanhol em cursos superiores de Turismo de parte da região sudeste do Brasil e o desenvolvimento dos processos de ensino/aprendizagem do espanhol nos referidos cursos, surgiu a pergunta que norteou esta pesquisa: −Quais são os modelos de abordagem do ensino de espanhol utilizados nos cursos de graduação de Turismo de uma parte da região sudeste do Brasil? Procurei observar os resultados desta investigação dentro dos princípios da Linguística Aplicada contemporânea, visando contribuir para a melhoria do curso de espanhol nos cursos superiores de Turismo. Para o desenvolvimento da investigação, como a pesquisa se refere ao ensino de espanhol dentro de cursos de Turismo, considerei importante dedicar o 1 Comunicação pessoal feita pela Profa. Dra. Rosineide Guilherme da Silva Panno por ocasião da defesa desta dissertação. 15 primeiro capítulo a uma explanação sobre o que representa o curso de Turismo no Brasil. O segundo capítulo trata da base teórica na qual esta pesquisa está fundamentada. Neste capítulo, cito alguns autores como Maria Antonieta Alba Celani, José Carlos Paes de Almeida Filho, Luis Paulo Moita Lopes, Kátia Mota, Robert Lado e Edleise Mendes. No capítulo seguinte, faço uma breve exposição sobre alguns tipos de abordagens de aprendizagem de língua estrangeira, como a gramatical, a comunicativa, a socioconstrucionista e a multicultural/intercultural. A metodologia da pesquisa aparece no capítulo quatro, no qual apresento o contexto da pesquisa, o perfil dos sujeitos e as escolas que participaram desta pesquisa. O quinto capítulo se refere à análise proposta por esta dissertação. Foram analisadas quatro Instituições de Educação Superior (IES) da região sudeste do Brasil por meio dos seus planos de ensino. Algumas das obras citadas nesta pesquisa não foram traduzidas para a língua portuguesa. Optei, nestes casos, por manter a citação na língua espanhola, com tradução minha para a língua portuguesa em nota de rodapé. 16 1 O CURSO DE TURISMO NO BRASIL Segundo a Organização Mundial do Turismo, “o turismo compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras” (apud SANCHO, 2001, p. 38). Complementando a definição acima, Sancho acrescenta que “qualquer que seja o motivo da viagem, o turismo inclui os serviços e produtos criados para satisfazer as necessidades dos turistas” (2001, p. 39). Gil (2003) complementa, concordando com a Organização Mundial de Turismo, que, para que toda essa situação aconteça, é necessário um interrelacionamento entre las motivaciones y experiencias de los turistas, las expectativas y los ajustes hechos por los residentes del área receptora y los roles jugados por las numerosas agencias e instituciones que interceden entre ello, además del importante grupo de culturas y sus optimizaciones para el encuentro 2 cara a cara de los diferentes actores. (apud RODRÍGUEZ, 2007, p.15) Decorrente da rede formada por esse inter-relacionamento, apresentado acima, temos o surgimento dos cursos de formação dos profissionais da área de Turismo em nível superior, com o fim de qualificá-los para o exercício profissional. 2 As motivações e experiências dos turistas, as expectativas e os ajustes feitos pelos residentes da área receptora e os papéis desempenhados pelas numerosas agências e instituições que intercedem para isso, além do importante grupo de culturas e suas otimizações para o encontro cara a cara dos diferentes atores. 17 1.1 O QUE DIZ A LEI De acordo com o MEC, nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Turismo, aprovada em 06 de novembro de 2003 e homologada em 08 de abril de 2004, observamos o seguinte: quanto ao Perfil Desejado do Formando, espera-se que ele esteja apto a atuar em mercados altamente competitivos e em constante transformação, cujas opções possuem um impacto profundo na vida social, econômica e no meio ambiente, exigindo uma formação ao mesmo tempo generalista, no sentido tanto do conhecimento geral, das ciências humanas, sociais, políticas e econômicas, como também de uma formação especializada, constituída de conhecimentos específicos, sobretudo nas áreas culturais, históricas, ambientais, antropológicas, de Inventário do Patrimônio Histórico e Cultural, bem como o agendamento, organização e gerenciamento de eventos e a administração do fluxo turístico; quanto às Competências e Habilidades, observamos que no item XIV se espera do egresso o domínio de diferentes idiomas que ensejem a satisfação do turista em sua intervenção nos traços culturais de uma comunidade ainda não conhecida; quanto aos Conteúdos Curriculares, o item II, que trata de conteúdos específicos, recomenda que os cursos de graduação em Turismo deverão contemplar o domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira. No entanto, há faculdades que oferecem 80 horas/aula de espanhol durante todo o curso, ou menos, o que torna praticamente impossível o cumprimento do texto legal no que se refere à língua em questão; quanto às Atividades Complementares, as Diretrizes orientam a estimular a prática de estudos e atividades independentes, transversais, opcionais, de interdisciplinaridade, de permanente e contextualizada atualização profissional específica, sobretudo nas relações com o mundo do trabalho, estabelecidas ao longo do curso, notadamente integrando-as às diversas peculiaridades regionais e 18 culturais. Essas Atividades Complementares são consideradas componentes curriculares que possibilitam o reconhecimento, por avaliação, de habilidades, conhecimentos e competências do aluno, inclusive as adquiridas fora do ambiente escolar. A abertura oferecida aos estudantes de turismo quanto à aquisição de um outro idioma permite e reconhece a habilidade exigida de domínio de uma língua estrangeira adquirida em um curso de idiomas situado, por exemplo, fora do ambiente escolar. Pode-se deduzir que essa abertura foi concedida devido à insuficiente carga horária para a exigência de domínio dessa habilidade. 1.2 ÁREAS DE ATUAÇÃO Atualmente, no Brasil, verificam-se uma diversificação qualitativa e uma oscilação quantitativa muito grandes na demanda turística. Podemos explicar esses fenômenos relacionando diversos fatores: a existência de uma grande oferta de produtos turísticos; a facilidade de crédito permite que pessoas que antes nem sonhavam em viajar a turismo possam agora realizar seus sonhos; a globalização, produzida pela massificação de sofisticados meios de comunicação, fomenta o intercâmbio cultural que provoca um aumento de informações sobre o que existe no mundo, gerando a curiosidade e o desejo de conhecer novas terras e outros costumes e, consequentemente, o natural crescimento da atividade turística; a ascensão social permite e, muitas vezes, exige que o cidadão viaje mais; a grande difusão de excursões e de viagens coletivas a preços acessíveis, através da mídia tentadora, está popularizando o turismo; a grande quantidade e o valor que é dado aos inúmeros eventos e festividades culturais, religiosas e esportivas em várias partes do Brasil e do mundo levam as pessoas a querer viajar. 19 Porém, apesar das facilidades de crédito e de todo o exposto anteriormente, existem fatores externos e internos que podem provocar uma diminuição quantitativa na demanda turística. Podemos relacionar alguns desses fatores: estradas em estado de conservação precário; problemas decorrentes de deficiências técnicas ou motivados por reivindicações classistas nos terminais de embarque/desembarque dos aeroportos, portos e rodoviárias; possibilidade de ameaças de atentados; grande divulgação, pela mídia, de episódios isolados envolvendo violência em determinada cidade turística; crises financeiras momentâneas no Brasil e/ou em outros países; sazonalidade da área com respeito às estações. Tudo isso faz com que oscile a demanda pois ampliou-se o mercado e diversificou-se o tipo de cliente. Consequentemente, o profissional de turismo tem que ter conhecimentos que o levem a buscar alternativas para captar público quando as circunstâncias estiverem desfavoráveis. O profissional de Turismo trabalha com o sonho do cliente e se este almeja um determinado destino que esteja saturado, ou a viagem não pode ser concretizada por algum motivo estratégico, deve-se apresentar-lhe outras possibilidades, contribuindo assim para que o turista altere o roteiro de sua viagem e permaneça como cliente. Esse profissionalismo é necessário para o crescimento do setor e, no campo do Turismo, a formação em nível superior proporciona essa oportunidade de profissionalização e também de especialização diante dos vários setores de atuação que a atividade abrange. Dentre os fatores que justificam a crescente necessidade de formação específica para o Turismo, Ruschmann (2002, p. 2) relaciona: a importância econômica, social e cultural do fenômeno; a especificidade da matéria Turismo, que exige estudos mais profundos que aqueles ministrados em cursos técnicos ou de curta duração; a interdependência entre os diversos ramos da atividade. São necessários, portanto, conhecimentos sobre o funcionamento de cada um deles, para que sejam desenvolvidos produtos turísticos que satisfaçam os 20 desejos e as necessidades dos turistas, e que sejam economicamente viáveis para os empreendedores; a necessidade cada vez mais premente de pesquisas com metodologia científica, as quais exigem a atuação de pessoas que, além de conhecimento profundo do fenômeno, tenham elevado nível intelectual. De acordo com a autora (2002, p. 6) e com o Guia do Estudante (2006, p. 166.), quanto ao mercado de trabalho, o Turismo abrange empresas e atividades de várias naturezas, com serviços especializados em: Hospedagem – empresas de diversas categorias (hoteleiras; extra-hoteleiras como albergues, pousadas, pensões; motéis, campings etc.) relacionadas com acomodação em geral. Neste setor, o profissional pode administrar hotéis e supervisionar os serviços oferecidos aos hóspedes, negociar com fornecedores de mantimentos, auxiliar no planejamento da montagem e na organização de novos empreendimentos hoteleiros. Transportes – rodoviários, aéreos, ferroviários, marítimos, fluviais. O transporte, para ser qualificado como turístico, tem que ser considerado um meio e não um fim. Quando é um fim, ele passa a ser o atrativo. O próprio passeio passa a ser o objetivo. As empresas de transporte rodoviário trabalham com duas linhas: rota fixa e atendimento a turistas. Este corresponde ao aluguel de ônibus e/ou fretamento para fazer, por exemplo, o transporte de hóspedes do hotel para o aeroporto e vice-versa. As empresas de aviação estão intimamente ligadas ao turismo. Há muita solicitação de vôos charter, que são vôos fretados para grupos de turistas. É importante ter pessoas dentro da empresa aérea com capacitação profissional para fazer esses contatos. As linhas turísticas ferroviárias ainda são poucas no Brasil e, normalmente, não são utilizadas como meio de transporte, mas como passeio. Como exemplo podemos citar a estrada de ferro Campos do Jordão, que vai de Pindamonhangaba a Campos do Jordão. Ela não é uma rota fixa, já que se exige uma reserva com um grupo fechado. 21 Quanto à atividade turística no transporte marítimo, havia uma lei no Brasil que proibia a navegação de cabotagem, que corresponde a pegar carga e passageiros de um porto a outro, seguindo dessa forma por vários portos. Quando da revogação dessa lei, iniciou-se efetivamente a atividade turística com os cruzeiros marítimos, cuja acessibilidade de custo e facilidade de crédito permitiram a expansão da atividade no Brasil, nos últimos anos. O transporte fluvial no Brasil ainda não está relacionado com o turismo. No norte e no rio São Francisco, ele é usado como transporte comum pela população, e não por turistas. Em alguns lugares já se explora o transporte com embarcações menores associado ao turismo e, dessa forma, começa a ser uma realidade, apesar de pequena. Alimentação – restaurantes e similares. Alimentação e turismo sempre estiveram intimamente relacionados, desde os primeiros restaurantes. As hospedagens antigas surgiram dos restaurantes. Primeiro vieram as tabernas, que consistiam em lugares para comer e beber, das quais as primeiras hospedarias são oriundas. Um bom hotel hoje em dia necessita de um bom restaurante, um bom serviço de bar, um bom café da manhã. Um turismólogo não precisa ser especialista na área de gastronomia, mas a visão que ele adquire na sua formação profissional é muito maior do que a de um administrador, porque ele tem o preparo para satisfazer o hóspede, o cliente. Recreação – clubes, empresas, agências, navios, hotéis etc. No começo existiam os baby-sitters. Mais tarde a recreação surgiu, dentro da hotelaria e outras áreas afins, com profissionais de educação física. Mais recentemente, os profissionais de turismo inseriram esta atividade como mais um setor de atuação. Agenciamento – agências de viagem e turismo, agências receptivas, agências transportadoras etc. Neste setor, o profissional pode organizar roteiros turísticos e ecoturísticos e apresentá-los aos clientes, informando-os sobre meios de transporte, opções de hospedagem e atrações dos locais que serão visitados; emitir passagens; reservar vagas em hotéis, restaurantes e espetáculos. 22 Eventos – empresas organizadoras de eventos. Esta área também é chamada de turismo de negócios e cabe ao profissional de turismo organizar viagens e eventos como congressos, feiras e convenções. Planejamento – órgãos oficiais de turismo. Cabe ao profissional identificar o potencial turístico e elaborar estratégias de exploração nesse segmento em um município, em um estado ou em uma região; analisar o impacto do turismo sobre o meio ambiente e a cultura local, estimular a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável da atividade. Marketing O profissional de turismo pode desenvolver análises de mercado, buscando estratégias para satisfazer as necessidades dos clientes, mantê-los fiéis e captar novos; criar projetos de divulgação de um município, um estado, uma região, uma propriedade ou um produto, de modo a atrair visitantes e investimentos. Magistério Devido à falta de profissionais com formação, titulação e experiência para ministrar os conhecimentos das disciplinas técnico-profissionalizantes, os docentes dessas disciplinas geralmente são profissionais da área, bem-sucedidos, que são convidados pelas instituições de ensino para transmitir sua experiência. A falta de titulação exigida por lei é permitida nesse caso, por ser a área considerada emergente. 1.3 OBJETIVOS E APTIDÕES O profissional de turismo deve possuir a capacidade para interagir com as diferenças culturais, as múltiplas visões e interesses que caracterizam este setor. A prestação de serviços na área turística requer de seus profissionais a consciência de que os interesses da clientela deverão estar acima dos seus próprios. Servir com respeito, atenção e cortesia é fundamental para o sucesso individual e, consequentemente, de todo o empreendimento. Por isso, a busca da 23 satisfação dos turistas é primordial. Concordo com Ruschmann (2002, p. 11) que é necessário compreender que as pessoas viajam com o desejo de vivenciar novas experiências e espera-se de um profissional de Turismo que possa perceber e avaliar os desejos, gostos e necessidades do turista, pois o ajuda a realizar sonhos. Lidar com pessoas, dividir sonhos, compartilhar de momentos mágicos, são situações rotineiras para os profissionais de turismo. Para um bom desempenho em tão delicada função, é preciso ter vocação, uma disposição inata para a profissão e alguns requisitos técnicos específicos, como o domínio de línguas estrangeiras e uma cultura geral sobre usos e costumes, história, geografia e política de outros povos. O bacharel em turismo necessita dessas aptidões para poder lidar com a grande responsabilidade de atender pessoas que estão longe de seus territórios, de suas rotinas, para viver momentos de lazer e magia, para realizar sonhos e fantasias. Falar de turismo é falar de capital humano, pois na indústria turística o mercado são as pessoas. O que torna o setor de serviços, particularmente o Turismo, tão diferente de outras indústrias como a manufatureira é a natureza do produto. No serviço turístico, com relação aos erros que acontecem, mesmo que possam ser remediados a posteriori, não há tempo de corrigi-los no momento em que se produzem. Por isso, a importância da comunicação com o turista na sua própria língua. O turismólogo poderá não estar em contato direto com o turista, mas se faz necessário que conheça o seu idioma, a cultura e os costumes da sociedade de onde ele vem, até para administrar e/ou gerenciar com mais propriedade a indústria turística em qualquer um de seus setores. A indústria do turismo, de acordo com Sancho (2001, p. 347), por ser de prestação de serviços, tem características muito diversas das de indústrias manufatureiras, como por exemplo: o serviço é intangível, tornando impossível saber com certeza se o produto turístico vai ser satisfatório para o cliente antes de sua entrega, pois a sua satisfação dependerá, por exemplo, do tempo meteorológico, da interação com as pessoas do local e com os outros visitantes, entre outros fatores; a experiência turística não pode ser transferida; 24 o produto não vendido se perde. Por exemplo, o assento de um avião vazio ou um quarto de hotel sem ocupação representa vendas perdidas que nunca poderão ser recuperadas; o serviço não pode ser provado; o cliente é quem vai ao produto; o cliente participa na produção. A atividade turística se caracteriza por ser heterogênea em vários aspectos: idiomáticos, sociais, das nacionalidades, etários e culturais. Decorre daí a diversidade de gostos e necessidades. É preciso ter uma visão multicultural3 para identificar e satisfazer os interesses dos clientes sem deixar de zelar pelos da empresa, que necessita lucrar para se manter, crescer e melhor atender. Como o setor lida com capital humano, essas características da sua natureza costumam criar certa insegurança do lado de quem entrega o produto, que pode ser minimizada com um alto grau de profissionalismo. Portanto, faz-se necessário um ensino de qualidade para obter profissionais flexíveis que possam promover a satisfação do cliente. Assim, o conhecimento da língua desse cliente estrangeiro – considerado o de língua espanhola, nesta pesquisa – torna-se de vital importância. Segundo Ruschmann (2002, p. 13), a formação escolar em nível superior não é suficiente. [...] O estudante terá de complementar seus estudos acadêmicos com outras atividades, entre elas: estágio profissional, leitura, filiação a associações profissionais, cursos extracurriculares, participação em eventos e estudos de idiomas. O estudo de idiomas é fundamental, pois o turismo, sendo um fenômeno internacional, envolve o deslocamento de pessoas de todas as nacionalidades, falando as mais diversas línguas. O turismo receptivo internacional fica impossibilitado de exercer, com segurança, sua função sem a atuação de profissionais que falem o idioma do visitante e tenham um amplo conhecimento da sua diversidade cultural. 3 Entende-se, aqui, por visão multicultural, um conhecimento das várias culturas dos povos de onde vêm os turistas, dos seus costumes. 25 Para atingir o objetivo final da formação em turismo, que é “a realização de um fator humano que seja capaz de se adaptar com grande flexibilidade aos objetivos futuros que o setor está requerendo” (SANCHO, 2001, p. 349), faz-se necessária a união da formação teórica com a prática, ou seja, uma colaboração universidade/empresa que proporcionaria cooperação em pesquisa e desenvolvimento, possibilidade de acesso direto à contratação de pessoal com maior qualificação, melhoria nos programas de estudos e maior intercâmbio de informações sobre as necessidades das empresas. 1.4 PERSPECTIVAS No Guia do Estudante (2006, p.166) encontramos informações obtidas do Banco Central de que 2005 foi o melhor ano da história do turismo brasileiro. O ano fechou com a entrada de 3,861 bilhões de dólares, um crescimento de quase 20% em relação a 2004. O mesmo artigo informa que a Empresa Brasileira de InfraEstrutura Aeroportuária (Infraero) registrou, também em 2005, um crescimento de pouco mais de 10% no desembarque de aviões vindos do exterior. Diante desse aumento significativo no número de turistas no Brasil, é possível prever que deve haver um crescimento na oferta de empregos para quem se formar nessa área nos próximos anos. Acrescento aqui que esses são os dados estatísticos mais recentes que encontrei sobre essas informações. O mercado de trabalho na área de turismo está em expansão com a chegada ao Brasil dos resorts de grande porte e o aumento de investimentos privados em novos projetos turísticos. As áreas mais beneficiadas são as de planejamento e hotelaria. Outro polo em crescimento é o de transporte aéreo. O aumento de voos internacionais leva as companhias aéreas a contratar bacharéis em turismo, mas essa demanda é por profissionais poliglotas, com boa fluência em outros idiomas. Outra área importante é a de turismo de negócios, mais concentrada nas regiões sul e sudeste, onde se encontram os grandes centros empresariais, notadamente São Paulo, que sedia o maior número de feiras e eventos comerciais. Segundo o Ministério do Turismo, atualmente são mais de duzentas as áreas com potencial para a exploração da atividade turística. No nordeste também ocorre um 26 crescimento e aperfeiçoamento do atendimento ao turista nas capitais e cidades próximas, com o consequente aumento de oportunidades de trabalho nos hotéis e secretarias de turismo da região. Percebe-se, portanto, que em todo o país há oportunidades de trabalho para um profissional. Ruschmann (2002, p. 29) escreve que durante o I Simpósio Latino-Americano de Docentes e Pesquisadores Científicos do Turismo, realizado em Salvador, Bahia, em 1993, foram consideradas diferenças e semelhanças existentes no âmbito da América Latina e o contexto global no qual ela se insere, levando em conta aspectos sócio econômicos de fluxos turísticos nacionais e internacionais: desenvolver um projeto pedagógico permanente, voltado para a utilização de novas práticas de ensino na formação profissional em turismo, para uma consequente absorção dos graduados pelo mercado de trabalho; realizar uma análise qualitativa das estruturas curriculares e dos programas dos diversos cursos superiores de turismo, considerando a interdisciplinaridade; estruturar uma proposta metodológica fundamentada em projetos integrados, baseados no conhecimento do contexto da formação dos recursos humanos para o turismo, na sua adequação ao mercado de trabalho e nas tendências para o setor; buscar a atualização e modernização das técnicas de ensino e das diferentes correntes de pensamento nas disciplinas da área de concentração; enfatizar a necessária visão holística na docência em turismo, uma vez que a dinâmica da atividade e a complexidade do fato e do fenômeno turístico exigem adequação e revisão permanentes dos modelos, que devem ser adaptados às realidades locais e suas características ambientais, culturais, socioeconômicas e políticas. (ibid, p. 29-30) 4 Na visão da autora, essas recomendações são vitais para formar um bom profissional para o mercado de trabalho. É necessário que se coloquem em prática as diversas propostas apresentadas em encontros, congressos, pesquisas etc., para que haja uma real evolução na formação de novos profissionais do setor. O problema levantado por esta dissertação se relaciona com as questões acima citadas, visto que analisa os modelos de abordagem do ensino de espanhol 4 Na abordagem holística, existe hoje um movimento chamado interdisciplinaridade,que busca a superação da disciplinaridade. Na docência, sua função é superar a fragmentação do conhecimento, a falta de uma relação deste com a realidade do aluno. No nível superior, o destaque da interdisciplinaridade é grande, dadas as questões da reforma do nível superior e o desafio de formar profissionais mais bem preparados para o mercado de trabalho. (FAZENDA, Ivani. O que é interdisciplinaridade. Ática, 2007, p. 9) 27 utilizados em alguns cursos de graduação de Turismo da região sudeste do Brasil, com o intuito de estimular a discussão sobre o tema e de contribuir com as novas práticas de ensino sugeridas nos projetos pedagógicos. 28 2 A LINGUÍSTICA APLICADA EM NOSSOS DIAS Este capítulo tem como objetivo dar sustentabilidade à análise realizada nesta pesquisa sobre os processos de ensino/aprendizagem de espanhol em cursos superiores de turismo. Para esse fim, apresento uma breve retrospectiva da Linguística Aplicada no Brasil, detendo-me em alguns autores cujos conceitos nortearam estes estudos. 2.1 UMA BREVE RETROSPECTIVA A Linguística Aplicada, doravante LA, considerada uma ciência que estuda questões de linguagem em seus múltiplos aspectos, tem direcionado suas pesquisas nos últimos anos para áreas voltadas não só ao ensino/aprendizagem de língua estrangeira, mas também ao estudo de problemas advindos do uso da linguagem dentro e fora da sala de aula, localizando-se assim, de forma muito mais abrangente, dentro das ciências sociais. A professora Maria Antonieta Alba Celani, uma das pioneiras nas pesquisas em LA no Brasil, responsável pela criação, em 1970, do primeiro Programa de Pósgraduação (stricto sensu) em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo5 , defende uma LA atuante na política educacional brasileira. Celani (2000) aborda a questão da importância e da relevante contribuição da LA no cenário brasileiro. Segundo a autora (ibid., p. 19-20), a LA “como articuladora 5 Informação retirada do site www.unb.br/il/let/helb/ 29 de muitos domínios do saber, em diálogo constante com vários campos que têm preocupação com a linguagem”, tem um papel relevante não só “no equacionamento de problemas de ordem educacional, social, política e até econômica” (2000, p. 1920), como também na busca de soluções para esses problemas. A contribuição da LA é mais abrangente, portanto, no ensino/aprendizagem de línguas, seja como língua materna ou estrangeira, mas é no âmbito de língua estrangeira que a LA sempre teve uma atuação intensa. Pode-se, inclusive, concluir que foi a partir dessa área de atuação que ela se desvinculou da Linguística, tornando-se uma ciência independente e não simplesmente uma aplicação da linguística, como foi por muitos anos confundida. Outra área de atuação da LA, ainda de acordo com Celani, está na relação que se faz aos distúrbios da comunicação, ou seja, à educação linguística de portadores de deficiências. Também atua na formação de docentes, área para a qual Celani reivindica uma política educacional responsável e séria. E como as pesquisas se desenvolvem nos programas de pós-graduação, é neles que a LA mais contribui. Nas práticas pedagógicas, destacando-se na interação em sala de aula, na produção de programas e materiais de ensino de línguas e na avaliação da aprendizagem, a LA também é atuante. Considerando que “a linguagem é patrimônio de toda a humanidade” (ibid., p. 32), o papel da LA é “fazer com que os resultados dos estudos a respeito de sua natureza e de seu papel na vida humana, nos seus mais variados aspectos, sejam postos a serviço da humanidade” (ibid.). Enfocando a LA no Brasil desde sua introdução, nos idos de 1970, verificamos que as pesquisas evoluíram de uma visão direcionada ao ensino/aprendizagem de língua estrangeira para uma ciência de cunho social, preocupada com os aspectos da linguagem nas relações humanas e em como ela pode ser veículo de libertação ou de opressão. Antes de abordar autores que dedicaram suas pesquisas ao papel social desempenhado pela linguagem, convém lançar um olhar sobre os primeiros estudos feitos no Brasil, direcionados ao ensino/aprendizagem de língua estrangeira em sala de aula. Um dos grandes nomes dentro da LA é o professor Almeida Filho. O autor (1993) parte da noção de que aprender uma língua estrangeira é aprender a significar na nova língua. Segundo suas palavras, 30 aprender uma língua (...) é aprender a significar nessa nova língua e isso implica entrar em relações com outros numa busca de experiências profundas, válidas, pessoalmente relevantes, capacitadoras de novas compreensões e mobilizadoras para ações subsequentes. (ibid., p. 15) O autor se direcionou ao estudo do comunicativismo visando à sala de aula, desenvolvendo um estudo baseado na abordagem comunicativa e nas competências do professor no processo de ensino/aprendizagem de língua estrangeira. Segundo preconiza o pesquisador: O ensino comunicativo é aquele que organiza as experiências de aprender em termos de atividades relevantes/tarefas de real interesse e/ou necessidade do aluno para que ele se capacite a usar a língua alvo para realizar ações de verdade na interação com outros falantes-usuários dessa língua. (ibid., p. 36) Com o passar do tempo, alguns autores dedicaram-se a pesquisas em LA com o olhar direcionado para a linguagem no seu aspecto social, dentro e/ou fora da sala de aula, bem como à relação linguagem/identidade social. Moita Lopes encaminhou suas pesquisas para o socioconstrucionismo, dedicando-se aos problemas da linguagem no contexto social, enfocando arquétipos comportamentais, raciais, sociais, culturais, econômicos e o linguajar típico de cada grupo, observando e registrando as conseqüências do uso da linguagem na aceitação/rejeição de cada um no contexto social global. Dentre muitos, o uso da linguagem é um dos fatores que determinam a forma como o indivíduo é ou não aceito em suas relações sociais. O autor ressalta que “o discurso é o espaço de construção das identidades sociais” (2003, p. 13), portanto, “aquilo que a pessoa é, ou sua identidade social, é exatamente o que é definido nos e pelos discursos que a envolvem ou nos quais ela circula” (ibid., p. 20). Moita Lopes também afirma que “todo uso da linguagem envolve ação humana em relação a alguém em um contexto interacional específico. [...] Assim, é impossível pensar o discurso sem focalizar os sujeitos envolvidos em um contexto de produção [...]” (2003, p. 19). Com relação à aprendizagem em sala de aula, o autor (ibid, p.18) afirma que “a LA contempla, entre outros, aspectos sociais e psicológicos”. Sob esse prisma, pode-se afirmar que a LA também atua associada a outras ciências como a Psicologia, a Sociologia, a Pedagogia, a Estatística, a Antropologia e a outras com que, de alguma forma, pode dialogar. No que se refere 31 às relações interdisciplinares estabelecidas pela LA, Moita Lopes (2006, p. 15) ressalta “a necessidade de atentar para teorizações extremamente relevantes nas ciências sociais e nas humanidades que precisam ser incorporadas à LA”. É essa forma de interagir que faz da LA, na visão do linguista aplicado, uma ciência indisciplinar ou mestiça. Entendo que o campo da LA está localizado nas ciências sociais, [...]. Ela não pode, portanto, ficar à parte das discussões em tais campos. [...] Se quisermos saber sobre linguagem e vida social nos dias de hoje, é preciso sair do campo da linguagem propriamente dito: ler sociologia, geografia, história, antropologia, psicologia cultural e social etc. [...] Parece essencial que a LA se aproxime de áreas que focalizam o social, o político e a história. Essa é, aliás, uma condição para que a LA possa falar à vida contemporânea. (ibid., p.96) Mota (2004) trata essa questão apresentando estudos da relação entre a linguagem e a identidade social. A autora nos mostra que, nessa relação, os discursos não só representam a vida social, mas também a constituem, podendo ditar regras hegemônicas que possam vir a ter cunho político ou posicionando-se por uma coexistência de diversas línguas sem, necessariamente, uma homogeneização de identidades. Partindo dessa base, Mota desenvolve uma abordagem para o ensino/aprendizagem de língua estrangeira voltada para a estreita relação entre língua, cultura e formação de identidades. O papel do professor, segundo a pesquisadora, é fundamental para a visão que os alunos terão de si mesmos e de suas culturas, podendo provocar a exclusão ou a inclusão dos mesmos, de acordo com os conteúdos culturais adotados nas suas práticas pedagógicas. Espera-se desse professor uma postura engajada em mudanças sociais que visem à derrubada dos muros da discriminação e à promoção da tolerância ao diferente. A autora promove o ensino de cultura numa educação denominada multicultural estabelecendo que, para consegui-lo, se faz necessário seguir alguns pontos básicos: a) desenvolver a multiplicidade de olhares na percepção das culturas estrangeiras; b) redescobrir os valores culturais das identidades de origem dos aprendizes; c) viabilizar um intercâmbio constante entre múltiplas identidades que permeiam os universos pessoais e profissionais de cada indivíduo; d) afirmar o posicionamento político de minorias marginalizadas. (MOTA, 2004, p. 48-49) 32 Apesar de trabalharem com abordagens diferentes, Moita Lopes e Mota têm pontos concordantes. Tanto é que a autora em seu artigo “As diferenças, resgatando o coletivo – novas perspectivas multiculturais no ensino de línguas estrangeiras” (2004, p.35-60) concorda com o autor quando este fala da educação e de como ela deve colaborar para que o educando entenda melhor seu papel político, social e histórico e o cita quando este afirma que a aprendizagem de uma LE (Língua Estrangeira), ao contrário do que podem pensar alguns, fornece talvez o material primeiro para tal entendimento de si mesmo e de sua própria cultura, já que facilita o distanciamento crítico através da aproximação com uma outra cultura. (MOITA LOPES, 1996, apud MOTA, 2004, p. 39-40) Esta breve exposição do posicionamento dos autores que nortearam esta pesquisa não se esgota aqui. Voltarei a valer-me desses conceitos quando tratar das abordagens dentro do ensino/aprendizagem de Língua Estrangeira. Da maneira como percebo a LA, preocupada em situar as questões de linguagem em seu contexto social, político, histórico e cultural, considero que também é importante expor alguns conceitos sobre cultura e educação intercultural, fundamentos básicos para a compreensão das características do ensino/aprendizagem de espanhol que pondero como sendo mais adequado aos dias atuais. 2.2 O CONCEITO DE CULTURA NO ENSINO/APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA As relações entre cultura e ensino /aprendizagem de Língua Estrangeira, doravante LE, vêm crescendo entre nós e têm mobilizado o interesse de muitos pesquisadores. A cultura, os projetos de vida e as identidades dos sujeitos envolvidos nas interações que acontecem em sala de aula têm orientado o olhar e as reflexões de pesquisadores em direção à perspectiva intercultural na abordagem da prática pedagógica. 33 O crescimento dos movimentos sociais – de cultura popular, dos “Sem Terra”, feministas, grupos indígenas, consciência negra, homossexuais, etc – levam ao crescimento da consciência das diferentes culturas existentes na sociedade brasileira. As reivindicações desses grupos ao reconhecimento e valorização das suas identidades culturais fazem com que a educação busque caminhos para incorporar essa diversidade cultural ao seu cotidiano, levando ao desenvolvimento de uma educação multicultural. Acompanhando o desenvolvimento dessa consciência, a pluralidade cultural é um dos temas transversais propostos pelo MEC (1996), conforme podemos observar no seguinte texto: Tratar da diversidade cultural brasileira, reconhecendo-a e valorizando-a e da superação das discriminações aqui existentes é atuar sobre um dos mecanismos de exclusão, tarefa necessária, ainda que insuficiente, para caminhar na direção de uma sociedade mais democrática. É um imperativo de trabalho educativo voltado para a cidadania, uma vez que tanto a desvalorização cultural – traço bem característico da nossa história de país colonizado – quanto a discriminação são entraves à plenitude da cidadania para todos – portanto, para a própria nação. (PCNs, 1997, p. 20) O ensino/aprendizagem de LE/Espanhol no Brasil não poderia ficar alheio a essa evolução de pensamento, estendendo-se para um multiculturalismo que considera a diversidade cultural não só dos países hispânicos, como também a grande diversidade cultural existente dentro do próprio Brasil, refletida na sala de aula de LE. De acordo com o pensamento que norteia esta pesquisa, não é possível dissociar o ensino/aprendizagem de uma LE das culturas envolvidas no processo. Assim, para uma melhor compreensão do que se entende por cultura, considero importante fazer aqui uma breve colocação sobre esse conceito. Kluckhohn e Kelly (apud LADO, 1971, p. 150) definem cultura como “todos os esquemas de viver historicamente criados, explícitos e implícitos, racionais irracionais e não racionais, que existem em qualquer tempo determinado como guias potenciais para o comportamento dos homens”. Contudo, será possível estabelecer um único conceito para a palavra cultura? Tal empreitada demandaria um grande esforço sem, no entanto, a garantia do resultado esperado, uma vez que, ao longo da história, vários foram os significados assumidos pelo termo em questão. Mesmo nos detendo unicamente nos sentidos 34 atuais que a palavra “cultura” comporta, é difícil chegar a um consenso, já que a noção de cultura é tomada por várias ciências humanas, como a sociologia, a antropologia, a história, etc. Para uma análise mais ampla, muito teria de ser mobilizado. Para a realização desta pesquisa, recorro também ao pensamento de Cuche (2002). O etnólogo francês parte da afirmação de que “o homem é essencialmente um ser de cultura” (ibid., p. 09). Mais à frente, ele esclarece que “a cultura permite ao homem não somente adaptar-se a seu meio, mas também adaptar este meio ao próprio homem, a suas necessidades e seus projetos. Em suma, a cultura torna possível a transformação da natureza” (ibid., p. 10). Do que foi dito acima, pode-se depreender que atribui-se importância, não ao conceito de cultura, mas ao uso que fazemos dela. Sua relevância pode ser percebida através do ensino/aprendizagem de LE com a utilização de uma abordagem com foco na interculturalidade. Apreender a língua tentando entender a cultura do outro proporciona um encontro e/ou uma afirmação da própria identidade. Concordo com o pensamento de LADO (1971, p. 22) segundo o qual, diante de um determinado fato, a interpretação do comportamento do outro que fala a língua considerada estrangeira, pode levar à reflexão e à “oportunidade de entendermos muito melhor a nós mesmos e ao que fazemos”. Nessa comparação de culturas podemos encontrar “a mesma forma, mas sentido diferente” ou “o mesmo sentido, mas forma diferente”. (ibid, p. 154;158). A compreensão, de fato, dessas diferenças culturais só ocorre quando visitamos um país estrangeiro, quando entendemos e somos entendidos. Contudo, o conhecimento e a análise das culturas diferentes de outros povos podem contribuir para que sejamos mais tolerantes com nossos vizinhos, para que não os julguemos melhores ou piores do que nós, mas simplesmente diferentes. Os termos interculturalismo e multiculturalismo, que surgirão no decorrer desta dissertação, são muitas vezes utilizados como sinônimos. Segundo Candau e Anhorn (2000), “a expressão multiculturalismo tem sido mais utilizada pela bibliografia de língua inglesa e interculturalismo pela produção científica oriunda dos países da Europa continental”. Mota (2004) nos apresenta os termos intercultural e multicultural de uma forma diferenciada. Citando Kramsch, afirma: 35 “intercultural” refere-se ao encontro entre duas culturas ou grupos étnicos diferentes, enquanto que “multicultural” refere-se à coexistência de grupos de identidades múltiplas em uma sociedade multicultural ou aos múltiplos papéis sociais que um indivíduo assume em várias comunidades discursivas. (apud MOTA, 2004, p. 57) Nesta dissertação, optei pelo primeiro termo pois é a forma com a qual mais me identifico. Portanto, darei ênfase ao caráter intercultural que considero mais adequado a um curso de espanhol numa graduação de turismo. Não é uma tarefa simples colocar no cenário do ensino/aprendizagem de línguas a idéia de ensinar cultura. Como afirma Mendes (2004, p. 93), ensinar e aprender línguas como cultura exige a adoção de uma perspectiva bastante clara do que está sendo considerado ‘cultura’ e o modo como será abordada, tanto nos planejamentos de cursos, como na produção de materiais didáticos para este fim. Também concordo com Mendes quando nos fala que é pensando no processo de ensino/aprendizagem de línguas como conjunto de ações engajadas social, cultural e politicamente, e no indivíduo como sujeito atuante e crítico, o qual está imerso em ambientes sociais, históricos e políticos específicos, que destacamos a importância de uma reflexão sobre o que significa ensinar língua como cultura e sobre a eleição da interculturalidade como modo privilegiado de criação e elaboração de novas perspectivas para se ensinar e aprender línguas. (ibid., p. 91) Para uma melhor compreensão do processo de ensino/aprendizagem de uma LE, considero importante uma explanação sobre os principais tipos de abordagens que existem neste universo da linguagem e que acompanharão a análise a que me propus fazer nesta pesquisa. 36 3 ABORDAGENS DE APRENDIZAGEM A LA, no mundo inteiro, inclusive no Brasil, dedicou-se, em grande parte, a pesquisas voltadas para o ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras. Com o passar do tempo, ampliaram-se as pesquisas para o campo da linguagem no seu contexto social. E para todos os que se dedicam ao tema, uma das grandes contribuições da LA foi o crescimento das pesquisas sobre as abordagens de ensino/aprendizagem de LE, pois estas se fazem necessárias para que se realize o processo. A abordagem de aprendizagem, de uma maneira geral, é apresentada por Almeida Filho como sendo uma filosofia ou concepções integradas de ensinar e aprender línguas para compreender e analisar o processo (interpretando aulas, avaliando materiais, investigando aprendizes em seus esforços de aprender, etc) e servir-se dele para formar novos professores ou auxiliar professores em busca de formação permanente/continuada. (ALMEIDA FILHO, 2001a, p. 21) O conceito de abordagem é muito amplo e deve ser compreendido como sendo uma orientação para aquilo que o professor faz. Como esse fazer está diretamente relacionado com os métodos e procedimentos utilizados, podemos ter uma série distinta deles dentro de uma mesma abordagem. Portanto, segundo Trouche e Júdice (2005), pode-se concluir que a abordagem é a “utilização consciente de uma teoria de ensino formalizado. [...] portanto, fundamenta essencialmente todo um processo específico de aprender”. Farei uma breve exposição de algumas abordagens de ensino de línguas estrangeiras, sem a intenção de descrever com detalhes as abordagens predominantes em cada época e tampouco discorrer sobre os seus conceitos, pois 37 não é o foco desta investigação, mas aos quais me remeto na análise dos planos de ensino das IES que fazem parte do contexto desta pesquisa, efetuada no capítulo 5. Tratarei de expor alguns tipos de abordagens, como a gramatical, a comunicativa, a socioconstrucionista e a multicultural/intercultural. 3.1 ABORDAGEM GRAMATICAL Até meados do século XX, a abordagem predominante no ensino de línguas era a gramatical, com uma base totalmente estruturalista e composta de diversos métodos. O uso da língua era muito limitado, pois a linguagem praticada pelos alunos era a da sala de aula e não aquela que os alunos estariam usando na vida real. Dentro dessa abordagem, os linguistas se separavam em duas correntes, a empiricista e a racionalista (DILLER, 1978 apud MAIA, 2000). Na abordagem gramatical empiricista, conforme Maia (2000), é proposto que a aquisição de línguas é uma espécie de formação de hábitos através de condicionamentos. Quanto aos métodos de ensino, em sua maioria, são variações dos métodos de imitação, de mímica e de memorização de exercícios repetitivos. O uso da língua é automático. Discorrendo sobre o pensamento de Bloomfield, a autora considera que “a linguagem humana não é essencialmente diferente da linguagem de gestos ou da linguagem animal [...], a mente humana é uma ‘tábula rasa’ e o mundo ao redor é que impõe o conhecimento” (ibid). Segundo Maia (2000), a visão racionalista surgiu como consequência de uma rejeição à visão empiricista no ensino de línguas. O uso da língua tem uma função intelectual, onde o aprendiz deveria pensar na língua. Segundo essa concepção, saber uma língua é ser capaz de criar novas sentenças na língua, e não de imitar sentenças produzidas por um nativo, como no ponto de vista empiricista. Mas para isso, o aprendiz tem de saber os fundamentos gramaticais aceitáveis nessa língua, ou seja, aprender as regras para poder criar e entender sentenças. Maia (ibid) resume a visão de alguns teóricos racionalistas, segundo a qual “o homem nasce com a habilidade de pensar e aprender a língua humana, seja ela qual for” e, ainda, que “o homem é dotado de um cérebro extremamente organizado e capaz de desenvolver atividades mentais que nenhum outro animal é”. 38 O ensino gramatical com foco na forma, na estrutura, no domínio do sistema linguístico passou a ser conhecido como o Método da Gramática e Tradução, e é extremamente difundido e utilizado até hoje em muitas escolas, no mundo todo, pois “ele requer poucas habilidades específicas dos professores. Testes envolvendo regras gramaticais e traduções são fáceis de serem elaborados e podem ser avaliados objetivamente”. (BROWN, 1987 apud MACOWSKI,1993, p. 38) Na abordagem gramatical ou estruturalista, a sala de aula é considerada o lugar formal para aprender sobre a língua, onde se sistematizam os conhecimentos linguísticos, se exercitam estruturas e modelos padronizados, mecânicos, desvinculados de um contexto de uso na língua alvo. Nos dias de hoje, ainda encontramos muitos materiais didáticos onde a ênfase é colocada na estrutura da língua, apesar de que, às vezes, aparecem disfarçadas entre textos que apresentam amostras de aspectos culturais visando uma aparência de abordagem intercultural, considerada vanguarda, ou entre tarefas/atividades visando aparentar uma abordagem comunicativa, bastante difundida. Mas não corresponde aos objetivos desta pesquisa fazer uma análise dos materiais disponíveis para o ensino de língua estrangeira. De uma forma geral, em um ensino de línguas com uma abordagem de natureza gramatical, estuda-se a gramática, a sintaxe e a fonética, com suas regras e funções, e acredita-se que, dessa maneira, internalizando as formas, o aluno possa desvendar a língua em questão. 3.2 ABORDAGEM COMUNICATIVA A abordagem comunicativa teve sua origem na Inglaterra, quando terminavam os anos 60. Surgiu como um modelo alternativo ao ensino de línguas nas escolas, até então predominantemente formalista. Todos que buscavam uma abordagem mais humanista ou um processo mais interativo para o ensino de línguas encontraram eco nas investigações sobre essa nova forma de abordagem. Ao invés de trabalhar a língua por meio de vocabulário e de conceitos gramaticais, usavam-se sistemas de significados necessários para o uso comunicativo da língua. Esses conceitos foram defendidos por Wilkins e essa idéia de significado, considerada 39 como a força organizadora central da aprendizagem, retirava a gramática da preocupação central no processo de ensino/aprendizagem. A mudança de foco da forma para o significado trouxe uma nova visão para as concepções de língua, do que é aprender e do que é ensinar línguas. Durante os anos 70, a abordagem comunicativa se expandiu pela Inglaterra e pelos Estados Unidos e se consolidou no final dessa década. O movimento reconstrucionista6 apresentava novos valores educacionais. A importância da educação como instrumento de mudança social proporcionou uma visão de língua como meio de comunicação verbal e de interação social. O processo de ensino/aprendizagem de uma língua já não era mais visto como uma simples codificação ou decodificação de informações e mensagens através de um código linguístico, característica da abordagem gramatical. Em 1977, inspirado na obra de Wilkins, Notional Syllabuses, o professor José Carlos Paes de Almeida Filho foi o primeiro brasileiro a defender uma dissertação de mestrado com foco na abordagem comunicativa para o ensino de um idioma, tendo sido este o primeiro trabalho sobre as bases comunicacionais produzido na Europa sobre um contexto brasileiro.7 No final dos anos 70 e através dos anos 80, tivemos no Brasil muitas pesquisas sobre o movimento comunicativista e a consolidação da abordagem comunicativa no ensino/aprendizagem de uma LE. Na conceituação de abordagem comunicativa, a língua é, antes de tudo, um instrumento de comunicação e interação social onde há uma negociação na construção de discursos e os participantes se envolvem num processo que vai muito além da simples decodificação de signos linguísticos. Para a abordagem comunicativa, aprender uma língua “é adquirir competência comunicativa, ou seja, saber transmitir e interpretar mensagens e negociar significados interpessoais dentro 6 O movimento Reconstrucionista surgiu nas décadas de 20 e 30 e preocupava-se com os valores que deveriam ser trabalhados pela escola. Esperava-se que os alunos usassem os conceitos recentemente emergentes das Ciências Sociais e da Estética para identificar e resolver os problemas sociais existentes. Com a evolução do pensamento reconstrucionista, na década de 50, acreditava-se que a escola deveria ajudar o individuo não só a se desenvolver socialmente mas também a aprender a participar no planejamento social, confrontando o aluno com o conjunto de problemas enfrentados pela humanidade. Atualmente, a representação mais importante do Reconstrucionismo Social, tanto na teoria como na prática, é Paulo Freire. (informações retiradas de <http://www.lite.fae.unicamp.br/papet/2002/ep162/curreconstrsoci.htm>. Acesso em: 15/02/09) 7 Informação retirada de <http://www.unb.br/il/let/helb/>. Acesso em: 18/02/2009 40 de contextos específicos” (MAIA, 2000, p. 18) e ensinar uma língua “é propiciar o desenvolvimento da competência comunicativa do aluno, além da competência linguística, através de vivências de situações de uso real nessa nova língua, construindo novos significados na interação com os outros.” (ibid) Almeida Filho, o grande nome do comunicativismo no Brasil, apresenta a abordagem de aprendizagem de uma LE, de uma forma geral, como sendo constituída por seis conceitos, a saber: um conceito de aluno aprendente de língua como pessoa em processo de socialização humanizadora; um conceito de língua estrangeira e de linguagem humana; um conceito de aprender língua outra que não a L1; um conceito de ensinar uma nova língua a quem deseja ou precisa dela; um conceito de sala de aula de língua estrangeira (ou de representação do lugar de aprendê-la); um conceito de papéis a desempenhar no processo seja como aluno seja como professores. (ALMEIDA FILHO, 2001a, p.20) O autor considera como sentidos centrais da abordagem comunicativa: anti-anterioridade (anticentralismo) da gramática ou estrutura frástica no processo de ensino aprendizagem de línguas; foco em recortes de atividades desejadas produzidos na própria línguaalvo; primazia na construção de sentidos na LE num ambiente de compreensibilidade e ausência de pressão emocional; processo complexo de ensinar e aprender línguas no qual a dimensão linguística da forma não é a mais importante, mas subsidiária da dimensão social, cultural e eventualmente política; aprender comunicação na comunicação, mesmo que, no inicio, com andaimes facilitadores; deslocar a idéia de aprender língua pela língua para aprender outras coisas na língua-alvo e, nesse ambiente, aprender a língua; uso de nomenclatura não-gramaticalista, isto é, de terminologia específica; observação dos interesses e eventuais necessidades e fantasias dos participantes para compor objetivos do curso. (ibid, p.26) Portanto, o professor que deseja utilizar esse tipo de abordagem no ensino/aprendizagem de LE deve agir conscientemente, fundamentando-se no comunicativismo, que se baseia, principalmente, no potencial funcional e comunicativo da linguagem e que considera muito mais importante comunicar-se do que ter o domínio do sistema linguístico. 41 3.3 ABORDAGEM SOCIOCONSTRUCIONISTA A abordagem socioconstrucionista no ensino/aprendizagem de línguas é o produto de várias mentes trabalhando juntas e não a de um professor isolado procurando passar conhecimentos a seus alunos. “É um processo de coparticipação em uma comunidade de aprendizagem” (MOITA LOPES, 2003, p.14) em que a visão do discurso e das identidades sociais tem a perspectiva do socioconstrucionismo8 . Nessa teoria, a compreensão de quem somos na vida social contemporânea passa pela formação e afirmação da nossa identidade e a escola, na abordagem socioconstrucionista, é considerada de extrema importância como formadora de identidades. Essa questão, colocada por Moita Lopes (2003, p.19-20), não se refere à identidade pessoal como parte da natureza da pessoa, mas sim à identidade social construída em práticas discursivas. O autor (2006, p. 87) considera, inclusive, que os conhecimentos devem ser produzidos ou construídos através do viés da interdisciplinaridade e que estão intimamente ligados ao modo como as pessoas vivem suas vidas cotidianas, seus sofrimentos, seus projetos políticos e desejos. Quanto à interdisciplinaridade, o autor cita Klein quando esta afirma que “o conhecimento está sendo reestruturado com a criação de ‘campos híbridos’, ‘com cada vez mais empréstimos entre as disciplinas e ‘com uma permeabilidade crescente entre as fronteiras’” (1990 apud MOITA LOPES, 2006, p. 98). Pennycook (2000, p. 73) também aborda o tema da interdisciplinaridade, afirmando que ela está relacionada com “movimento, fluidez e mudança”. O cerne da abordagem socioconstrucionista é “lidar com a diferença com base na compreensão de nós mesmos como outros” (MOITA LOPES, op.cit., p. 89), opondo-se, portanto, à hegemonia de uma suposta cultura dominante e “defendendo a responsabilidade e a solidariedade para com o outro na vida social e em novas formas de conhecer” (ibid). 8 O socioconstrucionismo entende que o ser seria fruto de narrativas autobiográficas, num processo de auto-historicização – mas envolvendo o outro, porque nunca fazemos isso isoladamente. Sempre narramos, contamos e construímos narrativas – que também não são fixadas – levando em consideração o olhar do outro, aquele para quem narramos, mesmo que esse outro seja um eu projetado. (FABRICIO, Branca. Somos múltiplos, mutáveis e fragmentados. Multirio, Rio de Janeiro, abril 2007. Seção Na Sala de Aula. Disponível em: <www.multirio.rj.gov.br/portal/home.asp>. Acesso em: 23 fev. 2009). 42 Em seus estudos sobre a construção da identidade social de gênero da mulher, Coimbra afirma, apoiando-se no socioconstrucionismo, que o contexto escolar é um espaço institucional de construção do aprendizado, onde conhecimentos são construídos, e é nesse espaço que, como agentes sociais, também aprendemos a nos colocar, a representar os outros nas interações sociais e a nos constituir como sujeitos discursivos. (COIMBRA, 2003, p. 210) No ensino/aprendizagem de LE com uma abordagem socioconstrucionista, procura-se considerar diversas questões sociais, como por exemplo, as questões de gênero e sua importância no contexto sócio-histórico; a construção das masculinidades, considerando o papel do homem na vida social; a reconstrução das identidades sociais dos idosos; a construção da homossexualidade diante das relações escolares; a sexualidade na escola; questões de discurso, poder, racismo e posicionamento; a construção da identidade profissional e inúmeras outros temas concernentes à visão socioconstrucionista do discurso e das identidades sociais. Ou seja, deve-se levar em conta “a compreensão de que os agentes discursivos, ao se localizarem em uma conversa, atuam segundo marcas históricas, raciais, culturais, institucionais, de gênero e de sexualidade, por exemplo” (PAULA, 2003, p.181). 3.4 ABORDAGEM MULTICULTURAL/INTERCULTURAL O ensino/aprendizagem de uma LE com uma abordagem multicultural proporciona a oportunidade ao professor e ao estudante de conviver com o diferente, de ver o mundo sob outra perspectiva através do contato com as múltiplas manifestações culturais de diversas comunidades linguísticas. Aprender uma LE com o olhar na cultura do outro, questionando, dialogando, comparando com a sua própria faz com que o estudante amplie o autoconhecimento e passe a ver a si mesmo com outro olhar. Essa comparação que acontece automaticamente ao ter 43 contato com a cultura do outro, amplia o conhecimento de mundo9 do aluno. Quando me refiro à cultura do outro, não necessariamente significa um outro estrangeiro. O Brasil constitui uma sociedade multicultural, formada pelas migrações e deslocamentos dos povos que para aqui vieram e dos que aqui já estavam. Este fato pode ser comprovado simplesmente olhando à nossa volta e até mesmo dentro de uma sala de aula. Nosso vizinho, nosso aluno, nosso colega da carteira ao lado, qualquer um deles pode trazer dentro de si uma realidade cultural tão diversificada e diferente da nossa que, ao fazermos a comparação da cultura desse outro com a nossa, sem o olhar do preconceito, estaremos propiciando um conhecimento da equidade, ou seja, do que temos em comum e do que nos diferencia, proporcionando o desenvolvimento de uma postura mais crítica com relação às políticas sociais e mais tolerante diante das diferenças. A abordagem multicultural se baseia, principalmente, na desconstrução de estereótipos e na promoção da tolerância das diferenças. Acredito, como Paiva (2003, p. 126), na relevância do ensino de uma segunda língua como instrumento/ferramenta sócio-cultural e não como um fim em si própria, para que o aluno faça um melhor sentido do seu dia a dia na sua cultura de origem, ao mesmo tempo em que passe a cultivar uma ‘percepção positiva da sua própria cultura e da cultura do outro: o sensibilizar-se interculturalmente’. É preciso tomar muito cuidado com os materiais utilizados que se intitulam inter ou multiculturais, pois eles podem apresentar tendências conservadoras, trazendo textos e imagens de diversas culturas, mas cujo foco principal permanece nos valores culturais socialmente privilegiados, ou então com tendência humanista liberal, os quais se destinam às classes populares numa forma de inclusão social, mas cujo objetivo é manter as relações de poder. Podemos também encontrar 9 O conhecimento de mundo, também denominado conhecimento prévio ou enciclopédico, refere-se ao conhecimento que o aluno já incorporou às suas estruturas cognitivas no processo de participar de relações interacionais no mundo social. [...] Esse conhecimento é adquirido tanto formalmente, por meio de várias situações de aprendizagem, quanto informalmente. [...] Ele varia de pessoa para pessoa, uma vez que reflete experiências e vivências próprias. (DIAS, Reinildes A produção textual como processo interativo no contexto do ensino e aprendizagem de línguas estrangeira. Matraga: Revista do Programa de Pos graduação em Letras/Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Caetés, ano 11. n. 16, p. 203-218, 2004. 44 materiais com tendência liberal de esquerda que, sob o disfarce de valorização da cultura do grupo ao qual pertencem os alunos, implicitamente representam uma política de segregação. Há ainda materiais com uma perspectiva crítica/revolucionária, que seriam aqueles que se comprometem com o papel transformador da escola. Cabe ao professor a consciência do que representa trabalhar com uma abordagem intercultural e a seleção de conteúdos e materiais didáticos que utilizem discursos contextualizados na diversidade cultural. “É preciso estar atentos para os significados das formas culturais que circulam nas atividades escolares” (MOTA, 2004, p. 45), pois “é no discurso das culturas vivas que o educador e o educando conseguem refletir sobre suas histórias, seus relatos pessoais, a multiplicidade de identidades, suas possibilidades de transformação social” (GIROUX, 1986 apud MOTA, 2004, p. 45). No ensino/aprendizagem de uma LE sob a perspectiva da interculturalidade, podemos fazer uso de uma série enorme de recursos. Passarei a citar alguns exemplos retirados de autores que defendem a utilização desse tipo de abordagem, conforme exponho abaixo: como recurso metodológico o professor pode preparar oficinas pedagógicas de conscientização intercultural. Mota (2004) em seu artigo “Incluindo as diferenças, resgatando o coletivo – novas perspectivas multiculturais no ensino de línguas estrangeiras”, apresenta exemplos desse tipo de método10 que podem servir de orientação ao professor que queira enveredar-se pelos caminhos da abordagem intercultural no ensino/aprendizagem de LE; um estudo das expressões idiomáticas de um povo, onde estão “enraizadas experiências históricas” (ORTIZ, 2004, p. 74), além de oferecer informação cultural, oferece também materiais funcionais e interativos na língua alvo: “o estudo da língua se integra ao da cultura” (ibid). Todos os povos possuem, em seu linguajar, expressões que não podem ser traduzidas. Para compreendê-las, faz-se necessário penetrar no mundo cultural desses povos. 10 O termo método é entendido aqui como caminho para se chegar a um fim. 45 “Desta forma, simples personagens de manifestações literárias ou de cultura popular podem passar para o aluno, com um tom humorístico e irônico, todo um universo de informações históricas, culturais, além de dar a oportunidade para que ele desenvolva a sua competência linguísticocomunicativa e sociocultural” (ORTIZ, 2004, p. 76), ao mesmo tempo em que pode estabelecer comparações com a forma de expressar a mesma situação em língua materna; ao se trabalhar com a literatura, a língua surge como uma das maneiras de manifestar a cultura de um povo e, por isso, a literatura reflete as representações da cultura desse povo. Portanto, trabalhar com sua literatura é refletir as representações de sua cultura. Nascimento (2004, p. 185) nos relata que a literatura abraça várias formas de conhecimento, como a História, a Sociologia, a Antropologia, a Geografia e que, através da leitura do texto literário e da leitura do sentimento, numa ampla partilha dos bens culturais, o professor que seja também um leitor, conseguirá inquietar o aluno e despertar-lhe a fome do texto. A autora concorda com Grammont (1999), ao defender que a leitura “permite ao homem identificar sua história em outras histórias, o que o torna capaz de compreender e aceitar o mundo do outro” (NASCIMENTO, p. 186). Brito (2004) também defende “o ensino do espanhol como língua estrangeira relacionando a literatura, a leitura como processo discursivo e o aspecto cultural, para a aprendizagem do idioma” (ibid.). A autora nos passa a idéia de que “os textos literários tem um grande valor para a sociedade, pois a representam” (ibid.) e acrescenta que “eles são verdadeiros componentes culturais no ensino de espanhol como língua estrangeira” (ibid.). E a pesquisadora conclui que “se o objetivo da leitura é interagir texto - leitor, a literatura compõe um material riquíssimo para o ensino de língua estrangeira, pois os textos literários são diálogos infinitos com o leitor, eles se valem da riqueza da cultura dos povos (ibid.); Paraquett (2004, p. 197) nos sugere “vivenciar a utilização das artes plásticas na aula de E/LE e, ao mesmo tempo, informar sobre questões históricas que construíram/constroem a identidade do universo cultural hispânico” e completa que “isso significa estabelecer diálogos interdisciplinares entre língua, história e pintura”. (ibid.). A autora, no seu artigo “Uma integração interdisciplinar: artes plásticas e ensino de línguas estrangeiras” nos proporciona, através do que ela própria 46 denomina microprojeto, material didático para trabalhar com a pintura de Velázquez e de Goya dentro do cenário político-social da Espanha do século XVII a XVIII. Faz também a intertextualidade com um texto brasileiro, destacando a oportunidade inegável para o despertar da consciência intercultural do aluno, através da reflexão sobre a importância do conhecimento cultural que precisam ter os aprendizes brasileiros na aula de LE. No ensino/aprendizagem de LE sob a ótica da abordagem intercultural, “a sala de aula não é uma ilha cultural de imersão no mundo do estrangeiro” (MOTA, 2004, p. 39). Portanto, não se pode rejeitar as tradições culturais dos alunos. É preciso “incluir as culturas locais, ou outras culturas silenciadas”, (ibid., p. 38) para que, dessa forma, através dos discursos sociais, políticos, culturais e de histórias particulares, possamos contribuir com a “formação da consciência crítica de cidadania” (ibid., p. 40) do aluno e com a formação de uma sociedade onde exista mais solidariedade. A pedagogia multicultural acredita na valorização da voz do sujeito/professor e do sujeito/estudante, assim como no desenvolvimento da sensibilidade de escuta às múltiplas outras vozes, desconstruindo a polarização dos saberes e assumindo, através do dialogismo, uma perspectiva de construção do conhecimento de forma dialética e multidimensional. (ibid., p. 41) Quero deixar claro que o posicionamento das autoras nas quais me baseei para apresentar exemplos de recursos metodológicos difere quanto ao sentido dado ao que se denomina abordagem intercultural ou multicultural. Nascimento (2004) e Brito (2005), quando falam de literatura e de leitura, vinculando essa discussão ao cultural, apresentam uma proposta de caráter temático. Ou seja, através da leitura e do estudo da literatura, estas autoras afirmam que se chega às manifestações da cultura do outro, e a partir dessa interculturalidade, promove-se a compreensão e aceitação do mundo do outro, edificando-se a experiência de ensinar e aprender uma LE. Ortiz (2004) faz o mesmo a partir do refrão. Já Paraquett e Mota (2004) trabalham com uma proposta mais política. O que as autoras querem dizer quando se referem à utilização de uma abordagem intercultural/multicultural está relacionado à promoção de discussões que integrem as culturas, que façam os alunos se 47 sentirem integrados e não marginalizados, ajudando-os a tomar decisões, a serem mais críticos, a terem auto-estima. Contudo, pondero que essas propostas caminham paralelamente com o que considero uma abordagem intercultural ou multicultural, pois neste tipo de abordagem utiliza-se algum aspecto da cultura do outro para, de forma temática ou através do discurso crítico, desconstruir estereótipos e promover a tolerância das diferenças, chegando-se a um denominador comum que é o ensino/aprendizagem de uma LE. Concluindo este panorama das abordagens, concordo com Paraquett (2007) quando afirma que, atualmente, no Brasil, o comunicativismo, o socioconstrucionismo e o multiculturalismo interagem entre si, pois “as três propostas orientam para um trabalho onde professores e alunos são protagonistas de um processo coletivo que pressupõe responsabilidades compartilhadas” (ibid., p. 52), ou seja, “a sala de aula é o espaço da interação, da construção de identidades, da experiência de atividades relevantes, do uso da linguagem como discurso, do auto-conhecimento e, por isso mesmo, da transformação social”. (ibid.) Contudo, pondero que essas três correntes se diferem nas abordagens. Enquanto a abordagem comunicativa “almeja a aquisição subconsciente quando o aprendiz se envolve em situações reais de construir significados na interação com outros falantes/usuários dessa língua” (ALMEIDA FILHO, 1998, p.12), a abordagem socioconstrucionista se preocupa com a formação/construção da identidade social através do discurso com o outro e a abordagem multicultural/intercultural procura o conhecimento e crescimento pessoal por meio do conhecimento da cultura do outro, que pode ser o estrangeiro (considerado o de língua espanhola, nesta pesquisa) ou o colega ao lado. 48 4. METODOLOGIA DA PESQUISA 4.1 CONTEXTO DA PESQUISA No ano de 2002, teve início a minha ligação com a atividade turística. Era o primeiro ano de funcionamento da Fundação Roge em Delfim Moreira. Eu organizava o programa, planejava as aulas e lecionava espanhol no curso de Turismo Rural, atividades que exerço até a presente data. Devido às características filantrópicas da instituição, não havia material disponível nem se podia solicitar aos alunos que comprassem livros. Esse fato me obrigou a criar os meios para a prática do ensino – experiência enriquecedora que muito me beneficiou. As fontes para a coleta de material didático foram as publicações especializadas em turismo, a internet e as consultas feitas aos demais professores da área turística. As informações reunidas indicavam o Turismo como sendo uma atividade econômica promissora, com perspectiva de crescimento em nível regional e internacional. Desde então, continuo lecionando espanhol nessa escola, aumentando cada vez mais o envolvimento com o ensino da língua espanhola no curso técnico de Turismo. Por haver a perspectiva do crescimento do mercado turístico e a oportunidade para a absorção de mão-de-obra mais qualificada, passei a investigar o ensino de espanhol em algumas faculdades de Turismo do sudeste do Brasil, região onde se encontra a escola técnica em que leciono espanhol, na expectativa de que alguns dos meus alunos de Delfim Moreira viessem a ingressar em um desses cursos superiores de Turismo. Delfim Moreira, pequena cidade da serra da Mantiqueira onde está situada a Escola Técnica Limassis, chegou a ser a maior produtora mundial de marmelo em 49 meados do século XX. Em 1919, instalaram-se as primeiras fábricas do município. No decorrer dos anos, houve grandes safras frutíferas, sendo a maior delas em 1956, atingindo uma produção de 13 milhões de quilos de marmelo. Sediou fábricas das maiores indústrias de doces do Brasil, como a Cica, a Peixe e a Colombo. Esta atividade prolongou-se aproximadamente até 1980, quando essas culturas começaram a ser desvalorizadas e a produção entrou em declínio. Dessa época de ouro, restou a cultura doceira disseminada na população delfinense. Recentemente, instalou-se em Delfim Moreira uma nova fábrica de doces, na tentativa de resgatar essa cultura, confirmando a antiga vocação da cidade. Lá não encontramos dificuldade para comprar uma marmelada caseira, produzida com marmelo do quintal, pelas doceiras da cidade. O referido marmelo é o resultado de uma luta contínua para se manter vivo esse aspecto histórico-cultural. Também encontramos o doce de cidra, de casca de laranja, de abóbora, de pera, de figo, de pêssego, de goiaba, de gila (uma fruta rara, parecida com a melancia, cuja semente foi trazida por um nobre português) e doce de leite, todos produzidos do mesmo modo artesanal, a partir dos produtos da terra. Delfim Moreira participou até recentemente do circuito turístico “Terras Altas da Mantiqueira”, formado por diversas cidades da região com vocação para o turismo rural, porém, atualmente, pertence ao circuito “Caminhos do Sul de Minas”. Uma das principais características da cidade é a religiosidade do povo, que dá ensejo à realização de quermesses que movimentam toda a cidade e seu entorno e que incluem, além de procissões e novenas, leilões de gado, shows de música sertaneja, barracas com comidas típicas como a famosa sopa de marmelo, barracas com artesanato local. A cidade possui muitas belezas naturais como cachoeiras, trilhas, matas de araucárias, montanhas com vegetação típica da região, clima excelente, piscicultura de truta e ainda se encontra no trajeto do “Caminho do Ouro”, incluído no circuito turístico da “Estrada Real”, que faz o resgate histórico da estrada por onde escoava a produção de ouro das Minas Gerais, com destino a Portugal. O povo delfinense conhece o potencial turístico da região e anseia por oportunidades para explorá-lo. A Escola Técnica Limassis foi criada na cidade por um delfinense conhecedor da necessidade de formação de mão-de-obra especializada para atender à indústria 50 do turismo, sendo ele mesmo proprietário de um complexo hoteleiro, construído nos arredores da cidade. 4.2 PERFIL DOS SUJEITOS ENVOLVIDOS Os alunos do curso técnico de Turismo da Escola Técnica Limassis têm um perfil diversificado. Alguns são provenientes da zona rural de Delfim Moreira e de outros municípios vizinhos, como também do vale do Paraíba, região de São Paulo próxima a Delfim Moreira, com a intenção de se formar no curso técnico, voltar para a propriedade da família e lá desenvolver pequenos projetos na área do turismo rural como pousadas, restaurantes, hotéis-fazenda, etc. Outros são oriundos da zona urbana, pretendem concluir o curso técnico de turismo rural e dar sequência a seus estudos no nível universitário, ingressando em uma faculdade de turismo, hotelaria, gastronomia, etc. E há outros com objetivos diversos. Quanto ao aspecto econômico do corpo discente, em alguns períodos, predominam alunos provenientes de famílias de baixa renda, muitos vivendo da já falida pecuária leiteira, na região. Em outros períodos, inverte-se a situação, embora a Escola Técnica Limassis, instituição sem fins lucrativos, tenha sido criada com o propósito de dar oportunidade de formação escolar profissionalizante a jovens carentes. 4.3 APRESENTAÇÃO DA FUNDAÇÃO ROGE E DAS ESCOLAS EM ESTUDO Esta pesquisa se propôs a investigar como se encontra o ensino da língua espanhola dentro dos cursos de turismo de quatro IES da região sudeste do Brasil. Para definir quais instituições fariam parte do corpus desta pesquisa, foi feita uma seleção de faculdades a serem investigadas, que correspondeu à escolha dos alunos do curso técnico de turismo da Escola Técnica LIMASSIS, como opção para continuidade dos estudos em nível superior. 51 As informações abaixo sobre a Fundação Roge, à qual pertence a Escola Técnica Limassis, e sobre as escolas pesquisadas foram divulgadas por elas próprias na Internet. 4.3.1 Fundação Roge – Escola Técnica Limassis A Escola Técnica LIMASSIS está localizada no município de Delfim Moreira, sul de Minas Gerais, que se encontra na Serra da Mantiqueira, a uma altitude de 1.207 metros. A escola faz parte da Fundação ROGE, uma entidade sem fins lucrativos. A missão da fundação é oferecer educação profissionalizante gratuita de qualidade a jovens, formando-os como cidadãos e preparando-os para o mercado de trabalho, servindo como difusora de tecnologia. Oficialmente, a Fundação ROGE foi instituída no dia 1° de novembro de 1999. Podemos considerar, entretanto, que o seu nascimento ocorreu anos antes, quando um de seus instituidores, o empresário Carlos Rogério Campos Lima, conheceu no triângulo mineiro um trabalho social voltado à educação. A partir de então, o empresário e seu sócio, Getúlio Raimundo de Assis - ambos proprietários da empresa ROGE Distribuidora e Tecnologia S.A., idealizaram a Fundação ROGE, a qual, através da educação profissionalizante oferecida pela Escola Técnica LIMASSIS, poderia trazer desenvolvimento à pequena cidade de Delfim Moreira e à região do Sul de Minas. A Escola Técnica LIMASSIS iniciou suas atividades em fevereiro de 2002, funcionando com 3 cursos Técnicos: Agricultura, Pecuária e Turismo Rural. Em 2003, em parceria com a UNIFEI - Universidade Federal de Itajubá - foi criado o curso Técnico de Meio Ambiente e Agroenergia, todos oferecidos de forma totalmente gratuita aos alunos. Da sua criação, em 1999, até agosto de 2003, a Fundação ROGE teve em seus instituidores 100% de apoio para a manutenção das despesas com o ensino oferecido pela Escola Técnica LIMASSIS. Em meados de 2003, a instituição iniciou oficialmente seu processo de autosustentabilidade através do lançamento da Campanha de Responsabilidade Social, que atraiu diversos parceiros – pessoas físicas e jurídicas – que desde esta 52 data têm compartilhado com a instituição os ideais de educação e de responsabilidade social, doando recursos financeiros ou trabalho voluntário para o incremento da receita da instituição. As atividades de autosustentabilidade foram intensificadas em 2005 com a implantação das áreas produtivas nos setores de Agricultura, Pecuária e Turismo Rural, através da contratação de 06 Técnicos formados na 1ª turma da Escola Técnica LIMASSIS. Esses técnicos iniciaram a vida profissional com a incumbência de realizar atividades de captação de recursos para a instituição, ao mesmo tempo em que têm sido beneficiados em seus perfis profissionais e pessoais com a constante integração com a comunidade local e regional. O espaço físico da escola é privilegiado e corresponde a um prédio de administração onde se situa a biblioteca e um prédio de salas de aula. O projeto da Fundação ROGE é arrojado e inclui a ampliação da escola com outros prédios, além da construção de outros empreendimentos como área de eventos, hotel e restaurante. Um dos projetos, o de laboratórios, já está concretizado através de uma parceria com as Centrais Elétricas Brasileiras S/A – ELETROBRÁS – que é o Núcleo Integrado de Capacitação Técnica - NICATEC – com o intuito de reforçar a competência na formação de recursos humanos para o ensino técnico de forma permanente. A intenção dos empreendedores é obter, a partir dessa nova estrutura, recursos que contribuirão para a manutenção da escola. O hotel e o restaurante, por exemplo, serão utilizados como laboratório para os alunos de turismo e gerarão receitas para a instituição. 4.3.2 UNISAL – Lorena O Centro Universitário Salesiano de São Paulo é patrimônio da Congregação Salesiana. Denominada Sociedade de São Francisco de Sales, a congregação foi fundada na Itália por São João Bosco, em 1859, com a finalidade principal de trabalhar na formação da juventude. 53 Dom Bosco foi um sacerdote italiano que dedicou sua vida ao trabalho com os jovens. Seu projeto educativo, denominado Sistema Preventivo, é adotado nas escolas e demais obras salesianas. Razão, religião e amorevolezza são os valores do Sistema Preventivo, e amorevolezza é o elemento-chave dessa pedagogia. Essa palavra italiana não tem tradução literal para o português e é entendida como bondade, carinho, afeto, amor. Esses valores devem nortear todas as ações dos Salesianos nas escolas e obras sociais que a congregação mantém em quase todo o mundo. Entre as instituições de ensino salesianas está o Centro Universitário Salesiano de São Paulo, criado em novembro de 1997. Na verdade, o UNISAL nasceu muito antes, e tem suas origens na antiga Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena, inaugurada em março de 1952. Em 1993, os salesianos criaram as Faculdades Integradas, unindo as faculdades salesianas de Lorena, Americana, Campinas e São Paulo. Quatro anos depois, elas formaram o Centro UNISAL. O Centro Universitário Salesiano de São Paulo é uma instituição educacional de caráter católico, credenciada pelo Ministério da Educação, por meio de Decreto Presidencial, no dia 24 de novembro de 1997. É mantido pelo Liceu Coração de Jesus, associação civil e religiosa constituída por religiosos salesianos, de caráter educacional, cultural, beneficente, assistencial e filantrópico, fundado em 5 de junho de 1885, com sede em São Paulo. O Centro UNISAL ministra cursos sequenciais, cursos de graduação, de pósgraduação lato sensu e stricto sensu (especialização e mestrado), de aperfeiçoamento e de extensão em suas quatro Unidades, localizadas em Americana, onde está a sede, Campinas, Lorena e São Paulo. Os quatro Programas de Mestrado do UNISAL (Direito, Administração, Educação e Ensino de Ciências) são recomendados pela CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação. O Centro UNISAL é uma das 53 IUS – Instituições Salesianas de Educação Superior – presentes em países da América, Europa, Ásia e África. 54 Cursos de Graduação História Ciência da Computação Psicologia Matemática Administração Filosofia Pedagogia Direito Geografia Tecnologia em Hotelaria Tecnólogo Em Sist. Para Internet Turismo 4.3.3 Faculdade de São Lourenço As atividades de ensino da Faculdade de São Lourenço se iniciaram em 1992 com a implantação do curso de Administração, o primeiro curso superior a ser ministrado na cidade de São Lourenço, atendendo dessa maneira um grande anseio da comunidade local. O segundo passo foi dado em 1994, com a autorização para funcionamento do curso de Pedagogia. Os cinco anos seguintes foram de estruturação e consolidação dos dois cursos autorizados. Os reconhecimentos dos cursos ocorreram no ano de 1996. Em 1999 um antigo sonho da comunidade regional se concretizou com a implantação do curso de Direito da Faculdade de São Lourenço. No ano de 2000, foi a vez da Faculdade de São Lourenço oferecer para a microrregião onde está inserida um curso voltado para a realidade econômica desta com a oferta do curso de Turismo e Hotelaria. Nada mais lógico do que dar para esta região a formação necessária para a melhoria e qualificação da mão-de-obra do setor econômico que sempre a caracterizou: o turismo e a hospedagem. Assim, através da Portaria MEC 700, de 26 de maio de 2000, publicada no Diário Oficial da União em 30 de maio de 2000 foi autorizado o funcionamento do curso de Turismo e Hotelaria, um dos poucos no Brasil e oferecer dois bacharelados em um único curso. Em 2001, a primeira etapa de ofertas de cursos superiores, dentro do projeto de expansão da Faculdade de São Lourenço, é coroada com a autorização para funcionamento do curso de Sistemas de Informação. 55 O crescimento da Faculdade de São Lourenço, na oferta de seus cursos superiores, gerou a necessidade de ampliação do espaço físico obrigando a Sociedade Educacional Santa Marta iniciar, no ano de 2001, a construção de mais um prédio. Este novo prédio foi totalmente concluído no final do ano de 2002 e conta com 3.296 m² de área construída. Hoje, além dos cursos de graduação, a Faculdade de São Lourenço atua também no seguimento de pós-graduação lato-sensu. 4.3.4 UNIVAS – Universidade Vale do Sapucaí A Universidade do Vale do Sapucaí – Univás – é uma Instituição de Ensino mantida pela Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí. Possui personalidade jurídica própria, sem fins lucrativos, com sede e foro na cidade de Pouso Alegre, Minas Gerais, sendo administrativa e financeiramente autônoma. A Universidade do Vale do Sapucaí - Univás rege-se pela legislação brasileira da educação superior, por seu Estatuto, Regimento Geral, por atos normativos internos e, no que couber, pelo Estatuto da Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí, sua Mantenedora. É uma entidade particular presente em Pouso Alegre há quatro décadas, que ao longo de sua existência formou aproximadamente 10.000 profissionais atuantes no mercado de trabalho. A Universidade oferece educação nos níveis de graduação e pós-graduação, com objetivos de desenvolver conhecimentos e habilidades com as competências necessárias para o futuro profissional. A Univás oferece 22 cursos de graduação distribuídos nos Campi Central e Fátima, 4 cursos de Pós-Graduação stricto sensu, sendo 3 Mestrados e 1 Doutorado Interinstitucional em parceria com a Universidade Federal de São Paulo-Unifesp e vários cursos de pós-graduação lato sensu. A Instituição conta na área da saúde com o Hospital das Clínicas “Samuel Libânio”, um Hospital Universitário que é referência para 54 municípios do Sul de Minas e atende uma população de aproximadamente um milhão de habitantes. O corpo docente da Univás dispõe de 299 professores, sendo 159 mestres e doutores. A Universidade do Vale do Sapucaí – Univás – está localizada na cidade de Pouso Alegre, Sul de Minas Gerais, às margens da Rodovia Fernão Dias – BR 381, 56 numa área estratégica e de acesso aos três maiores centros de produção e consumo do país. A cidade possui um dos melhores índices de qualidade de vida do Brasil; é centro industrial e educacional e está próxima das estâncias hidrominerais, circuito das malhas e do vale da eletrônica, além de situada em uma região com grande potencial em turismo ecológico. UNIVÁS (Universidade do Vale do Sapucaí) é uma Universidade paga (Privada - Filantrópica) fundada em Minas Gerais no dia 18 de Outubro, no ano de 2005. Esta Universidade possui 4 anos de tradição. Cursos de Graduação Administração História Administração Hospitalar Jornalismo Biologia Letras Ciências Biológicas Matemática Ciências Contábeis Medicina Comércio Exterior Normal Superior Educação Física - Licenciatura / Bacharelado Educação Física – Bacharelado Nutrição Enfermagem Pedagogia Farmácia Psicologia Fisioterapia Publicidade e Propaganda Gestão de Negócios Sistemas de Informação Turismo 4.3.5 PUC Minas – Campus de Poços de Caldas O campus de Poços de Caldas faz parte da PUC Minas - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, sediada em Belo Horizonte. A PUC Minas foi criada em 1958. É, hoje, uma das cinco maiores universidades brasileiras. Atualmente, conta com nove unidades: Coração Eucarístico, São Gabriel, Betim, Barreiro, Contagem, e os campi de Poços de Caldas, Arcos, Serro e Guanhães. 57 São cerca de 52 mil alunos, matriculados em 43 cursos de graduação e pósgraduação, ministrados por 2.100 professores e sustentados por uma infra-estrutura técnica e administrativa que reúne aproximadamente 1.000 funcionários. O campus Poços de Caldas está instalado, há dez anos, em um terreno de 243 mil m², sendo 17,5 mil m² de área construída. São oito prédios que abrigam: 30 laboratórios atendendo às áreas de Ciências Biológicas, Ciências Exatas, Anatomia Animal, Arquitetura, Fisioterapia, Pedagogia, Psicologia, Turismo e 10 laboratórios de informática, clínica de fisioterapia, hospital veterinário, 52 salas de aula e biblioteca informatizada, com 86 mil volumes. A PUC Minas campus de Poços de Caldas oferece, também, um centro esportivo com cerca de 912 m² e três auditórios: um com capacidade para 60 lugares, o segundo para 94 lugares e outro para 250 pessoas. Cursos no campus de Poços de Caldas A PUC Minas – campus de Poços de Caldas, sempre observando as necessidades do mercado, oferece um leque variado de cursos de graduação: Administração Enfermagem Arquitetura e Urbanismo Fisioterapia Ciência da Computação Medicina Veterinária Ciências Contábeis Virtual Pedagogia Direito Psicologia Engenharia Civil Turismo Engenharia Elétrica 4.4 INSTRUMENTOS DE PESQUISA Esta pesquisa utilizou dois instrumentos. O primeiro compôs-se de um questionário (Anexo A) que foi entregue aos alunos do curso de Turismo Rural da Escola Técnica Limassis de 2º e 3º anos de 2007, bem como a alunos egressos de 2006, 2005 e 2004, sendo: 58 11 alunos do 2º ano de 2007 16 alunos do 3º ano de 2007 15 ex-alunos formados em 2006 13 ex-alunos formados em 2005 25 ex-alunos formados em 2004 Os questionários foram respondidos por 27 alunos e 20 ex-alunos, num total de 47, correspondendo a, aproximadamente, 59% do total de questionários entregues. Não houve necessidade de identificação para que os alunos se sentissem à vontade. Após a devolução dos questionários, os dados foram coletados e relacionados conforme tabela abaixo: FACULDADES Quantidade de escolhas UNISAL – Lorena 10 Faculdade de São Lourenço 8 UNIVÁS – Pouso Alegre 7 PUC – Minas – Poços de Caldas 5 Anhembi Morumbi – São Paulo 4 UFOP – Ouro Preto 3 UFF – Niterói 3 UFMG – Belo Horizonte 3 USP – São Paulo 2 SENAC – Campos do Jordão 2 Após este levantamento feito com os alunos, foi solicitado às quatro faculdades com maior quantidade de escolhas, o plano de ensino de espanhol do curso de turismo dessas escolas, entregues à autora desta pesquisa no decorrer do ano de 2007 e 2008. O segundo instrumento utilizado nesta pesquisa foi constituído pelos planos de ensino das faculdades selecionadas (Anexos B, C, D, E), a saber: 59 UNISAL – Lorena Faculdade de São Lourenço UNIVÁS – Pouso Alegre PUC Minas – Poços de Caldas Esta investigação desenvolveu-se de acordo com a perspectiva da pesquisa documental, considerando que se procurou identificar como está se desenvolvendo o processo de ensino/aprendizagem da língua espanhola, através da análise dos planos de ensino dos cursos de Espanhol das faculdades pesquisadas. Considerando que o curso de Turismo se situa dentro das Ciências Sociais, a pesquisa teve também um cunho interpretativista, privilegiando a interpretação dos dados obtidos dentro de seu contexto social e a crítica aos paradigmas encontrados. 60 5 PLANOS DE ENSINO E ABORDAGENS DE APRENDIZAGEM Uma vez que o objetivo desta pesquisa é identificar e compreender a estrutura do programa da disciplina espanhol em cursos superiores de Turismo na região sudeste do Brasil, o desenvolvimento dos processos de ensino/aprendizagem do espanhol nos referidos cursos e a identificação de qual a abordagem de aprendizagem utilizada, passarei a analisar os planos de ensino de cada uma das IES apresentadas. Serão abordados, nesta análise, aspectos referentes à ementa, aos objetivos, aos conteúdos curriculares, à metodologia, à bibliografia e à carga horária, reportando-me sempre à fundamentação teórica desta pesquisa. Esta análise, como estudo documental e interpretativo, pretende proporcionar uma visão geral do tipo aproximativo do ensino do espanhol, vista através desta amostragem de faculdades. Pretende, ainda, estimular a discussão de aspectos específicos, tais como a carga horária, os métodos de ensino adotados, a bibliografia utilizada, os conteúdos ministrados, a forma como esta disciplina pode contribuir para a formação da identidade social e profissional do aluno, o relacionamento com a indústria do turismo e o desenvolvimento de uma maior tolerância diante das diferenças, entre outros. Essas questões serão discutidas sempre com o intuito de que haja uma verdadeira evolução na formação de novos profissionais do setor, mais conscientes, mais críticos e melhor capacitados para um desempenho diferenciado. É importante considerar um fato ocorrido recentemente e que afetou a grande maioria das faculdades de Turismo: o MEC, de acordo com a Resolução CNE/CES 2/2007, publicada no Diário Oficial da União, Brasília, em 19 de junho de 2007, Seção 1, p. 6 – Parecer CNE/CES nº 8/2007–, alterou a carga horária mínima dos cursos de graduação de Turismo no Brasil, diminuindo de 4 para 3 anos. Assim, de um total de mais de 3000 horas aula, as faculdades estão se vendo levadas a 61 ministrar o mesmo curso em 2400 horas aula, doravante h/a. Este fato refletiu na carga horária de espanhol do curso de Turismo em diversas faculdades. Como se torna crítico diminuir o número de h/a de matérias estruturantes, as disciplinas consideradas complementares foram as que mais sofreram cortes no tempo disponível para cumprir as metas, como é o caso da língua espanhola. Os planos de ensino das referidas IES constam nos anexos desta dissertação. 5.1 UNISAL 5.1.1 Ementa Desenvolvimento de competências como a comunicação interpessoal, intercultural e expressão da realidade. Aprofundamento das necessidades gerais da língua espanhola, tanto oral como escrita, destinadas ao profissional dos serviços turísticos. Analisando a ementa desta IES, observo, na primeira parte, uma preocupação com a alteridade nas referências à comunicação interpessoal, o que sugere uma abordagem socioconstrucionista, para a qual a identidade social é construída em práticas discursivas. O desenvolvimento da competência intercultural e a expressão da realidade, citados na ementa, refletem a preocupação com o aumento do conhecimento de mundo do aluno, neste caso, desenvolvendo-se em situação formal de ensino/aprendizagem, aspectos considerados principalmente na abordagem intercultural. A segunda parte da ementa trata, especialmente, das necessidades da língua para fins específicos, neste caso, para o profissional dos serviços turísticos e não fornece meios para analisar a abordagem utilizada para este fim. De acordo com os conceitos estudados e apresentados nesta pesquisa, a abordagem socioconstrucionista e a abordagem intercultural andam próximas uma da outra. As inferências quanto à abordagem utilizada pela IES em estudo serão feitas à medida que os outros itens forem sendo analisados. 62 5.1.2 Objetivos Objetivo Geral do curso: O curso de Turismo pretende capacitar o profissional, tanto para enfrentar os desafios regionais, como habilitados para a implementação de ações em Turismo, como gerador de recursos sócio-econômicos na promoção do desenvolvimento sustentável para melhoria da qualidade de vida, capazes de promover a conscientização das comunidades sobre a importância das atividades turísticas para o desenvolvimento local, como meio potencializador das riquezas existentes e de comercialização da produção turística. Ainda, para atuar no mercado nacional e internacional, considerando que vivenciamos um crescimento dos investimentos na rede hoteleira, das facilidades de viagens, das ofertas de lazer, de valorização do turismo como formação cultural e de integração com o local visitado. Objetivos específicos da disciplina: 1. Incorporar as quatro destrezas básicas, assim como exercícios e atividades comunicativas que permitem a familiarização com os procedimentos básicos da profissão 2. Desenvolver a capacidade de identificar termos específicos da linguagem (estrangeira) comercial do turismo, reconhecer sons e aplicá-los em textos e exercícios 3. Extrair e transmitir informação técnica específica do turismo (em língua estrangeira) e posicionar-se com responsabilidade e respeito com relação ao próximo no exercício da profissão No plano de ensino da disciplina Espanhol desta IES, o objetivo geral apresentado foi o do curso de Turismo, de forma ampla, no qual a mesma está integrada. Com relação à disciplina Espanhol, foram apresentados os objetivos específicos. Portanto, me limitarei a analisá-los, pois esta é a proposta desta pesquisa, sem deixar de considerá-los como parte do todo apresentado no objetivo geral do curso. No primeiro objetivo específico descrito, as quatro destrezas, incorporadas às atividades, caracterizam a utilização de uma abordagem comunicativa. Tais destrezas englobam compreensão oral, compreensão escrita, expressão oral, expressão escrita. Quanto às atividades comunicativas, são atividades com significados práticos e, neste caso específico, direcionados para procedimentos do profissional de turismo. Considerando o segundo objetivo específico apresentado, para que o aluno possa identificar, reconhecer e aplicar termos comerciais do turismo e sons 63 específicos da língua espanhola, pressupõe-se que ele vá interagir e praticar, características de uma abordagem comunicativa. Quanto ao terceiro objetivo específico, a primeira parte se refere à aplicação de destrezas adquiridas, o que me leva a ponderar que a abordagem comunicativa, considerada no primeiro objetivo, se transfere para os outros. Contudo, na segunda parte, quando se considera a importância do posicionamento com responsabilidade e respeito com relação ao próximo no exercício da profissão, me reporto à abordagem socioconstrucionista, na qual se defende “a responsabilidade e a solidariedade para com o outro na vida social e em novas formas de conhecer” (MOITA LOPES, 2006, p. 89). Reporto-me, também, à preocupação deste tipo de abordagem com a construção, entre outras, da identidade profissional do aluno. Pondero que, quanto aos objetivos específicos da disciplina Espanhol da IES em estudo, a abordagem comunicativa é considerada como mais apropriada para o desenvolvimento das competências comunicativa e linguística no aluno e que, de uma forma mais abrangente, se mostra inserida numa educação socioconstrucionista. 5.1.3 Conteúdo Programático O conteúdo programático em estudo se apresenta separado pelos meses e pelos dias em que acontecem as aulas, ocupando dois semestres, no sétimo e no oitavo períodos. Os conteúdos a serem estudados estão inseridos em diversas atividades propostas, o que considero uma forma adequada de apresentá-los em um plano de ensino. Fevereiro: 1. Atividade: Leitura 1. Conteúdo: Apresentação do plano de curso / O espanhol no mundo / Localização geográfica dos países que falam espanhol. 2. Atividade: Prática da oralidade 2. Conteúdo: Alfabeto / Fonética / Pronomes sujeitos 3. Atividade: Exercícios gramaticais 3. Conteúdo: Verbos ser e estar Março: 1. Atividade: Leitura / Exercícios gramaticais 1. Conteúdo: Artigos / Verbos regulares / Palavras heterogenéricas 2. Atividade: Prática da oralidade 2. Conteúdo: Palavras heterotônicas / Acentuação gráfica 64 3. Atividade: Prática da oralidade 3. Conteúdo: Fórmulas para conversação: saudações, cortesias, despedidas, pedidos 4. Atividade: Exercícios gramaticais 4. Conteúdo: Pronomes possessivos / Pronomes demonstrativos 5. Atividade: Exercícios gramaticais 5. Conteúdo: Expressões típicas do idioma / Vocabulário / Números Abril: 1. Atividade: Exercícios gramaticais. 1. Conteúdo: Diferenças entre muy e mucho / Verbos irregulares no presente do indicativo 2. Atividade: Leitura / Prática da oralidade 2. Conteúdo: Falsos cognatos / Verbos no futuro Maio: 1. Atividade: Leitura / Prática da oralidade 1. Conteúdo: Pronomes reflexivos / Verbos pronominais 2. Atividade: Exercícios gramaticais 2. Conteúdo: Verbos irregulares no presente / Pronomes interrogativos e exclamativos 3. Atividade: Leitura / Exercícios gramaticais 3. Conteúdo: Verbo haber / Pretérito perfeito composto / Particípio regular e irregular 4. Atividade: Exercícios gramaticais / Leitura 4. Conteúdo: 1- Verbos no pretérito perfeito simples ( Indefinidos) / 2Fórmulas de obrigação Junho: Atividade: Leitura / Prática da oralidade Conteúdo: Verbo gustar / Outros verbos irregulares no presente Agosto: 1. Atividade: Leitura / Prática da oralidade 1. Conteúdo: Pronomes pessoais complementos 2. Atividade: Exercícios gramaticais 2. Conteúdo: Colocação dos pronomes complementos 3. Atividade: Sem registro 3. Conteúdo: Verbos no subjuntivo Setembro: 1. Atividade: Sem registro 1. Conteúdo: Verbos no subjuntivo / Verbos no imperativo 2. Atividade: Prática da oralidade 2. Conteúdo: Vocabulário: gastronomia 3. Atividade: Leitura 3. Conteúdo: Advérbios 4. Atividade: Sem registro 4. Conteúdo: Conjunções Outubro: 1. Atividade: Prática da oralidade 1. Conteúdo: Vocabulário: Huellas de la cocina 2. Atividade: Sem registro 2. Conteúdo: Parônimos e Antônimos Novembro: Atividade: Prática de conversação Conteúdo: Vocabulário 65 Dezembro: Atividade: Prática de conversação Conteúdo: Vocabulário No mês de fevereiro, observo que os itens “o espanhol no mundo” e “localização geográfica dos países que falam espanhol” são apresentados ao aluno com uma perspectiva cultural, pois estão insertos numa atividade de leitura com um texto intercultural.. Porém, em outra aula do mesmo mês, na atividade de prática da oralidade, apresentam-se os itens “alfabeto”; “fonética” e “pronomes sujeito”, o que pode sugerir um estudo de palavras e sons independentes do contexto de produção com simples repetição por parte do aprendiz (traço da perspectiva gramatical), pode, também, referir-se a um estudo com interação entre os alunos através de situações propostas, dialogadas, que levem à prática da oralidade e que caracterizariam outra perspectiva sem, contudo, oferecer subsídios para definir qual seja. Ainda em fevereiro temos o estudo dos verbos ser e estar através de atividades explicitadas como exercícios gramaticais que, em si, não oferecem ao aluno a oportunidade de estudar a língua contextualizada, caracterizando, portanto, uma perspectiva gramatical. Em março, verifico o conteúdo gramatical de artigos, verbos regulares e palavras heterogenéricas inserido em uma leitura e com a possibilidade de internalização dos conceitos através de exercícios gramaticais. Faço aqui uma crítica com respeito ao estudo de artigos sem relacioná-los aos substantivos, pois só se explica o uso de um artigo se este vem integrado ao substantivo ao qual se refere. Exercícios gramaticais não determinam o sentido das palavras, e estas só têm sentido quando estão localizadas. Verifico, em seguida, o estudo de palavras heterotônicas e acentuação gráfica inserido na atividade de prática da oralidade, e volto a ponderar que, sem a definição de que tipo de prática da oralidade se refere, torna-se difícil inferir a abordagem utilizada nesse estudo. Continuando com a atividade de prática da oralidade, temos o estudo de fórmulas para conversação, como saudações, cortesias, despedidas e pedidos. Se for limitado a uma repetição e memorização de frases feitas, caracteriza-se por ser um estudo com perspectiva gramatical, mas, em se tratando de um estudo baseado em situações concretas de convívio social e que busca o domínio de regras de uso, teríamos a perspectiva comunicativa. Portanto, repito que, sem a explicitação do que se trata essa prática da oralidade, torna-se difícil fazer inferência quanto à abordagem de aprendizagem 66 utilizada. Ainda no mês de março, temos a apresentação de pronomes possessivos, pronomes demonstrativos, expressões típicas do idioma, vocabulário e números, todos estudados dentro de exercícios gramaticais, caracterizando-se como abordagem gramatical, pois não trabalha o contexto em que essas palavras e expressões podem ser produzidas e compreendidas. Estudar expressões típicas do idioma seria uma oportunidade excelente de utilização de uma abordagem intercultural, fazendo a comparação das expressões populares de outra cultura, seus significados, seus usos e a comparação com a linguagem que se usaria para as mesmas situações na cultura dos aprendizes. Neste caso, o estudo da língua se integraria ao da cultura, conforme Ortiz (2004, p.74). De abril a outubro, se apresentam de forma constante as atividades de leitura, prática da oralidade e exercícios gramaticais, repetindo-se a fórmula adotada em fevereiro e março, conforme descrito acima. Inseridos nessas atividades, estão descritos, de forma escalonada, conteúdos da estrutura da língua como diferenças entre muy e mucho; falsos cognatos; verbo haber; verbo gustar; verbos regulares e irregulares em tempos de presente, passado e futuro e nos modos indicativo, subjuntivo e imperativo, intercalados com o estudo de pronomes reflexivos, pronomes interrogativos e exclamativos; pronomes complementos e sua colocação; advérbios, conjunções, parônimos e antônimos. No mês de setembro, entre verbos no imperativo e advérbios, apresenta-se o estudo de vocabulário da gastronomia na atividade de prática da oralidade. A gastronomia é um tema estudado no curso de turismo, portanto, justifica-se este estudo, mas se não for dentro de um contexto, este vocabulário, de maneira isolada, perde o sentido, pois uma língua só tem vida na realização discursiva. A falta de uma maior explicitação da atividade relacionada não permite uma inferência segura da abordagem utilizada. No mês de outubro, também aparece o estudo de vocabulário de cozinha relacionado a um texto específico, porém com a mesma atividade de prática da oralidade. Novembro e dezembro apresentam uma atividade definida como prática de conversação e o conteúdo correspondente consta como vocabulário, o que me leva a pensar em uma tentativa de abordagem comunicativa, mas tampouco posso concluir com segurança por falta de mais dados informativos. O plano de ensino em estudo apresenta uma atividade interdisciplinar, extraclasse, com o objetivo de organizar um cardápio regional na língua espanhola e apresentá-lo a uma banca examinadora. Este trabalho é desenvolvido de abril a 67 novembro, e é dito que os alunos têm a incumbência de levantar dados sobre a culinária regional e organizar os cardápios, tendo como estratégias a tradução e a pesquisa de vocabulário e receitas. Pode-se pensar, neste caso, em uma perspectiva comunicativa, pois os alunos estariam vivenciando uma situação com um significado real. Porém, tratando-se de uma atividade extraclasse, é provável que os alunos desenvolvam o trabalho sem a orientação do professor. Também se espera, com esta atividade, o desenvolvimento da convivência e do trabalho em equipe, o que denota a preocupação com a interação com o outro, característica de uma abordagem socioconstrucionista, na qual a identidade social é construída em práticas discursivas. Apesar dos objetivos específicos e da ementa me levarem à conclusão do uso de uma abordagem comunicativa inserida numa educação socioconstrucionista, o conteúdo programático apresentado neste plano de ensino está calcado na estrutura formal da língua, sendo ministrado através de atividades como exercícios gramaticais, prática da oralidade e leituras. Tal constatação contradiz a conclusão anterior. Em um ensino/aprendizagem de LE com abordagem comunicativa, segundo Trouche (2005), não se prioriza a aprendizagem de regras gramaticais e de uso, e sim a aquisição de uma língua e de uma consequente visão de mundo. O conhecimento dessas regras não garante uma competência comunicativa. No ensino comunicativo de uma LE, algumas regras gramaticais deverão ser incorporadas, mas em função do uso, desenvolvidas através de atividades com produção de sentido numa interação social em sala de aula, pois, “uma dada abordagem de ensino de LE se concretiza nos procedimentos em sala de aula.” (TROUCHE; JÚDICE, 2005) 5.1.4 Metodologia As metodologias sugeridas neste plano de ensino para serem utilizadas nas aulas de espanhol são: Aula expositiva, dialogada e participativa Trabalhos práticos Trabalho em grupo Seminários 68 Uma aula expositiva tem mais características de uma abordagem com perspectiva gramatical, porém, uma aula dialogada ou uma aula participativa levamme a inferir uma perspectiva comunicativa. Trabalhos práticos também sugerem uma abordagem comunicativa. Já um trabalho em grupo exige uma interação entre os alunos num processo coparticipativo, podendo representar uma perspectiva tanto comunicativa como socioconstrucionista ou intercultural. Essa inferência depende de mais dados sobre o tipo de trabalho em grupo proposto, o que o plano de ensino em estudo não proporciona. Os seminários correspondem a uma excelente estratégia para auxiliar o desenvolvimento da identidade social e profissional do aprendiz, que é um dos objetivos buscados com a utilização de uma abordagem socioconstrucionista. 5.1.5 Bibliografia Bibliografia Básica: 1 - HERMOSO, A. Gonzáles. Cuenot, J.R. Alfaro, M. Sánches. Curso Práctico – Gramática de Español Lengua Extranjera. 7ª edição, Espanha. Edelsa – grupo didascalia, S.A.,2000. 2 - SILVA, Cecilia Fonseca. SILVA, Luz Maria Pires. Español a través de textos. 1ª edição, Rio de Janeiro. Ao Livro Técnico. 2001 3 - BELTRÁN, Blanca Aguirre. El Español por profesiones – Servicios Turísticos. 3ª edición, Espanha. SGEL – sociedad general española de librería, S. A. 1999 Bibliografia Complementar: 1 - BECHARA, Suely Fernandes. MOURE, Walter Gustavo. ¡OJO! con los falsos amigos. Editora Moderna – São Paulo. 1998. 2 - Larousse Diccionario de la Lengua Española. Enterprise idiomas. São Paulo. 3 - ESTEBAN, Gemma Garrido. DIAZ VALERO, Javier Llano. CAMPOS , Simone Nascimento. Conexión- curso de español para profesionales brasileños. 1ª edição, Espanha. Difusión editora – Cambridge University Press, 2001. O plano de ensino também inclui periódicos na sua bibliografia, apesar de não defini-los, o que considero apropriado, pois os jornais e revistas de países de língua espanhola representam uma fonte riquíssima para o estudo da língua com uma perspectiva intercultural. Através de jornais e revistas pode-se ver o mundo pelo 69 olhar do outro, o estrangeiro e, dessa forma, por meio do discurso, comparando o que temos em comum e o que nos diferencia, podemos desenvolver uma postura mais crítica e a tolerância diante das diferenças, de forma paralela com a aquisição da língua. O plano de ensino apresentado não define quais periódicos são utilizados. Considero esta bibliografia adequada para a proposta desta IES, pois não só atende à perspectiva gramatical – que surge mais destacada na análise dos conteúdos e na indicação de um livro de textos e de outro para fins específicos, além dos periódicos – mas também abre espaço para as outras perspectivas, comunicativa, socioconstrucionista e intercultural, que são inferidas em algumas ocasiões, conforme apresento nas análises dos itens anteriores. O curso de espanhol para profissionais brasileiros apresentado na bibliografia complementar, o livro de textos da bibliografia básica e os periódicos podem ser uma excelente ferramenta para o professor com uma abordagem que não seja a gramatical. É bom vê-los entre os livros quando os outros planos de ensino já analisados apresentaram em suas bibliografias somente livros de gramática e dicionários. 5.1.6 Carga horária Consta no plano de ensino da IES em estudo uma carga horária dedicada ao ensino /aprendizagem do espanhol de 144 h/a durante dois semestres consecutivos, correspondendo ao sétimo e oitavo períodos. Considero esta carga horária adequada e suficiente para a proposta de curso apresentada, mas pondero que haveria muito mais aproveitamento e resultado na aquisição da língua espanhola se as aulas acontecessem durante todo o período do curso de Turismo, acompanhando, dessa maneira, o desenvolvimento da identidade social e profissional do aluno num processo interdisciplinar. Porém, conforme comunicação telefônica e por correio eletrônico com a coordenação do curso, a partir de 2009, esta faculdade diminuiu a carga horária das aulas de espanhol. Das 144 h/a anteriores, passou-se para 36 h/a, oferecidas no último período, em função da diminuição do curso para 3 anos. Penso que, com essa nova carga horária, o professor poderá dar somente algumas noções sobre o que representa a língua espanhola. Considero que, com essas 36 h/a e com uma perspectiva intercultural, o 70 professor poderá despertar no aluno a consciência da necessidade da língua espanhola para um melhor desempenho da profissão e levá-lo a procurar o conhecimento em cursos fora do ambiente escolar, conforme já previsto em lei e apresentado na seção 1. 5.2 FACULDADE DE SÃO LOURENÇO 5.2.1 Ementas Língua Espanhola I: O estudo desta disciplina oferece ao aluno um primeiro contato com a língua espanhola. Noções básicas de gramática e de funções comunicativas para a produção de textos, bases para comunicação verbal, para o profissional de turismo no âmbito do mercosul e do mercado globalizado. Língua Espanhola II: O estudo desta disciplina oferece ao aluno a continuação do aprendizado da língua espanhola I. Noções de gramática e de funções comunicativas para a produção de textos, comunicação verbal para o profissional de turismo e hotelaria. No mercado globalizado. Pode-se observar que a gramática, nessas ementas, é considerada o primeiro fator importante, seguido de funções comunicativas, sendo as duas concebidas como bases para a produção de textos. Esta colocação leva-me a considerar que esta IES trabalha com uma abordagem gramatical, mas também apresenta uma tendência para a abordagem comunicativa, quando apresenta a comunicação verbal para o mercado globalizado. Na abordagem de natureza gramatical acredita-se que, internalizando as formas, o aluno poderá desvendar a língua em questão, e na comunicativa, trabalha-se com significados, procurando chegar a uma competência linguística. 71 5.2.2 Objetivos Língua Espanhola I: Capacitar o aluno para desenvolver a linguagem escrita e oral a ser expressa em padrão culto; ampliar e enriquecer vocabulário do aluno a fim de aprimorar sua expressão na língua espanhola. Estimular o pensamento ordenado e lógico, coerência e coesão. Dar condições ao aluno para a compreensão básica da utilização para a linguagem falada e oferecer condições necessárias para que o aluno possa se expressar. Língua Espanhola II: Potencializar o aluno na utilização da gramática para linguagem falada. Oferecer ao aluno condições necessárias para que o mesmo possa se expressar na língua espanhola de maneira clara, precisa e objetiva no cotidiano do turismo e hotelaria. Ao analisar os objetivos propostos em Língua Espanhola I, a referência ao padrão culto no desenvolvimento da linguagem escrita e oral leva-me a ponderar que há um enfoque acerca dos elementos formais como garantia da comunicação eficaz em detrimento da linguagem coloquial. Ou seja, acredita-se que com a apreensão dos mecanismos linguisticos desenvolver-se-á habilidades para a consumação da comunicação oral e/ou escrita. Em Língua Espanhola I, nesta IES, procura-se oferecer condições para que o aluno possa expressar-se, calcada na forma, na estrutura da língua. Em Língua Espanhola II, enfatiza-se a utilização da gramática para que o aluno adquira condições de expressar-se dentro do setor do turismo e hotelaria. Nesta análise, observo que há coerência entre os objetivos propostos e as ementas de Língua Espanhola I e II. As observações feitas acima sobre as ementas e os objetivos levam-me a considerar que a abordagem de aprendizagem é de cunho gramatical com uma leve tendência para o comunicativo. 72 5.2.3 Conteúdo Curricular Língua Espanhola I: 1 – Interpretação da lingua espanhola l.1- Introdução a Comunicação l.2- Interpretação de texto em Espanhol l.3- Abecedário em Espanhol (avaliar o conhecimento do aluno) l.4- Pronunciação das Letras l.5- Vocabulário apresentado em todas as unidades voltado para o turismo e hotelaria 2 – Introdução a gramática 2.1 – Símbolos Ortográficos; 2.2 – Artigos determinados, indeterminados e contrações; 2.3 – Uso do plural e singular; 3 – Gramática 3.1 – Pronomes pessoais; 3.2 – Verbos (infinitivo, particípio e gerundio). 3.3 – Verbos no presente do indicativo, principalmente (haber) 3.4 – Verbos no pretérito perfeito do indicativo. 4 – Aperfeiçoamento gramatical 4.1 – Pronomes possessivos; 4.2 – Pronomes demonstrativos; 4.3 – Pronomes relativos; 4.4 – Pretérito Indefinido. 5 – Numerais, Vocabulários e Gramática 5.1 – Numerais cardinais (horas); 5.2 – Numerais ordinais; 5.3 – Produção de textos; 5.4 – Pretérito Imperfecto; 5.5 – Futuro Imperfecto. Língua Espanhola II: 1- Gramática 1.1 Revisão do conteúdo língua espanhola l 1.2 As preposições 1.3 Os pronomes complemento direto e indireto 1.4 A Apócope 1.5 Vocabulário apresentado em todas as unidades voltados paro o turismo e hotelaria 2- Gramática 2.1 Interpretação de texto 2.2 Aula prática (visita ao parque das águas ) 2.3 Elaboração do trabalho sobre o parque 3- Gramática (Verbos) 3.1 Pretérito pluscuamperfecto 3.2 Futuro perfecto 3.3 Modo Subjuntivo (Presente) 3.4 Interpretaçâo de texto sobre turismo e hotelaria 4-Gramática (Continuação Verbos) 4.1 Pretérito Perfecto 4.2 Pretérito Pluscuamperfecto 4.3 Futuro Imperfecto 4.4 Futuro Perfecto 4.5 Modo Imperativo 5- Aulas práticas (Comunicação) 5.1 Comunicação cotidiana na recepção do hotel 73 5.2 Comunicação a respeito das dependências externas do hotel 5.3 Comunicação a respeito das dependências internas do hotel 5.4 Comunicação especifica em passeios pelo hotel O conteúdo programático de Língua Espanhola I, no plano de ensino em análise, apresenta uma sequência quase toda de estrutura da língua. No 1º capítulo constatamos, em 1.2, o título “Interpretação de Texto em Espanhol” e no último capítulo, entre o estudo de numerais e de verbos no passado e no futuro, aparece o item 5.3, intitulado “Produção de Textos”. Estes são os únicos itens que me levam a pensar na possibilidade de uma abordagem intercultural, dependendo do teor do texto apresentado e dos métodos adotados. Se o tema abordado levar o olhar à cultura do outro e o professor provocar e permitir um questionamento e um diálogo de culturas, contribuindo assim para o crescimento do aluno e dele próprio, podemos falar de uma abordagem intercultural. O mesmo pode ser ponderado com relação ao item “Produção de Textos”. O conteúdo programático de Língua Espanhola II tambám apresenta uma sequência de estrutura da língua. No final do 1º capítulo, item 1.5, encontramos um estudo de vocabulário específico do turismo. Estudo de vocabulário é, também, uma característica de abordagem gramatical na qual se sistematizam os conhecimentos linguísticos, se exercitam estruturas e modelos padronizados. O capítulo 2 apresenta o título de Gramática, mas, em seu conteúdo encontram-se: interpretação de texto, aula prática e elaboração de trabalho. A aula prática se compõe de uma visita a um parque turístico da cidade e o trabalho refere-se ao mesmo parque. Numa abordagem gramatical, a sala de aula é o lugar formal para aprender sobre a língua. O que foi observado até o presente momento leva-me a refletir que essa aula prática transfere a sala de aula formal para um ambiente externo, mas continua com o mesmo tipo de abordagem. O último capítulo apresentado se compõe todo de aulas práticas com temas próprios para estudantes de turismo, centralizando conhecimentos relacionados com um hotel. Não foi apresentado o tempo destinado a cada capítulo, mas, de acordo com o desenvolvimento do conteúdo programático, pode-se deduzir que o percurso metodológico para este capítulo esteja constituído de memorização de frases, exercitando estruturas e modelos padronizados. Os conteúdos programáticos analisados evidenciam a prioridade para a abordagem gramatical no ensino/aprendizagem da língua espanhola dessa IES. 74 5.2.4 Metodologia Língua Espanhola I: Aulas expositivas dialogadas, trabalhos em equipe, interpretação de texto em Espanhol e vocabulário em laboratório. Simulações. As aulas serão ministradas somente em Espanhol. Língua Espanhola II: As aulas serão ministradas somente em espanhol, diálogos, trabalhos em equipe. Aulas expositivas dialogadas representam uma tentativa de abordagem comunicativa. Interpretação de texto em espanhol, sem especificação do tipo de texto utilizado e dos métodos, não permite uma conclusão de abordagem, conforme colocado na análise do conteúdo curricular. As simulações e o fato de as aulas serem ministradas na língua são características de uma aula comunicativa. 5.2.5 Bibliografia As Bibliografias básica e complementar são as mesmas para Língua Espanhola I e Língua Espanhola II. Bibliografia Básica: HERMOSO, A. GONZÁLEZ . CUENOT J. R, ALFARO, M.Sanchez. Curso Práctico Gramática de Español lengua Estranjera, 3ª ed. Madrid: EDELSA, 2004. 05 FLAVIAN, Eugenia ( et al ). Minidicionário Espanhol/ Português –Português/ Espanhol. 17ª ed. Ática, São Paulo: 2000. 03 Bibliografia Complementar: VALENZUELA SOTO, Florencio. El Verbo: Auxiliares, Irregulares Defectivos. 12ª edicion. Espana Foundation Books S. A. , 1997 01 JIMENEZ GARCIA, Maria de Los Angeles. Minidicionário Espanhol três em Um. Scipione, São Paulo: 2000. 01 Dicionário Larousse Básico Espanhol/Português-Português/Espanhol Ática, São Paulo: 2001. 01 ALMOYNA, Julio Martinez. Dicionário de Espanhol – Português. Porto Editora, Porto. 01 75 As bibliografias básica e complementar da IES em estudo são compostas de um livro de gramática, um de conjugação de verbos, um dicionário monolíngue/bilíngue e três dicionários bilíngues. Este material de apoio é importante para a proposta do curso e denota uma característica do ensino de espanhol nesta IES que é o Método da Gramática e Tradução, utilizado em muitas escolas em todo mundo. 5.2.6 Carga Horária A Faculdade de São Lourenço, como não formou turma de turismo em 2009, continua com a mesma carga horária que vinha oferecendo, pois suas turmas ainda são de 4 anos. Esta IES proporciona a seus alunos de Turismo 144 h/a de espanhol, distribuídas em dois semestres consecutivos, representando 4 h/a semanais: Língua Espanhola I, oferecida no 7º período; e Língua Espanhola II, no 8º período. Considero esta carga horária adequada e suficiente para a proposta de curso apresentada, pois quatro h/a semanais, no decorrer de dois semestres, proporcionam ao aprendiz um tempo de vivência com o espanhol razoável para o desenvolvimento das habilidades requeridas a um profissional de turismo com relação à língua espanhola. Porém, o aprendiz que sentir a necessidade de uma melhor desenvoltura com relação às quatro destrezas11 requeridas para o domínio de uma LE, deverá procurar esse conhecimento fora do ambiente escolar, como já está previsto nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Turismo, no item Atividades Complementares, apresentado no capítulo 1. 11 As quatro destrezas a que me refiro são: compreensão escrita, compreensão oral, expressão escrita e expressão oral. 76 5.3 UNIVÁS 5.3.1 Ementa A ementa apresentada é a mesma, tanto para Língua Espanhola I como para Língua Espanhola II Introdução do aluno no conhecimento da língua espanhola. Desenvolvimento da competência de operar criativamente com dados de uma língua estrangeira moderna a serem armazenados no decorrer do curso. Hierarquizar e correlacionar informações sob domínios da língua espanhola. Conhecimento básico de gramática aplicada à leitura e produção de textos. Observando a ementa reproduzida acima, o primeiro item citado – Introdução ao conhecimento da língua espanhola – não me fornece dados para uma análise, pois introdução a uma LE pode ser realizada de diversas maneiras, tanto expondo algumas estruturas da língua como, por exemplo, tratando de aspectos culturais dos falantes dessa língua. No segundo item, a ementa fala em armazenamento de dados que devem ser usados criativamente. Esta informação pode referir-se a um aspecto gramatical, como também pode ser lexical, discursivo ou até mesmo cultural. Ou seja, a ementa não esclarece, com este item, a perspectiva adotada. O terceiro item também não proporciona elementos para uma análise, pois existem infinitas informações que são pertinentes a uma língua, podendo ser de cunho gramatical, lexical, fonético, cultural ou até político. A hierarquia e a correlação entre essas informações vão depender, portanto, do seu respectivo teor. O quarto item refere-se à gramática relacionada com a leitura e produção de textos. Com estes dados não se pode saber se o percurso traçado, no que se refere à compreensão ou à produção, parte da gramática para chegar ao texto, ou se parte do texto para chegar à estrutura da língua. 77 5.3.2 Objetivos Língua Espanhola I: Ao final do curso, o aluno deverá ser capaz de: 1 - aplicar corretamente as formas de tratamento formal e informal, com as respectivas concordâncias; 2 - desenvolver a habilidade de leitura, isto é, entender, interpretar, retirar o sentido do texto; 3 - conhecer e aplicar estratégias de leitura para facilitar, aprimorar e levar a um domínio satisfatório o potencial de leitura aluno-leitor; 4 - dominar pontos gramaticais essenciais para a escritura e tradução de pequenos textos; 5 - ter consciência da língua materna e como ela pode ser útil para entendimento de uma língua estrangeira; 6 - manter uma conversa de curta duração; 7 - pronunciar corretamente os fonemas da língua espanhola. Língua Espanhola II: O registro dos objetivos de Língua Espanhola II difere dos objetivos de Língua Espanhola I apenas no item 6. No lugar de “manter uma conversa de curta duração”, apresenta “dominar o vocabulário relativo à área de Turismo”. Analisando os objetivos descritos acima, observo, no item 1, uma preocupação com a correta utilização das formas de tratamento na língua espanhola, o que considero importante para o bom desempenho de um profissional de turismo com relação à competência linguística e comunicativa. Este é um aspecto cultural do mundo hispânico que difere muito do português e pode significar o sucesso ou o fracasso da relação que se estabelece no processo discursivo com o outro, neste caso, o estrangeiro de língua espanhola. A forma proposta para tratar este tema gramatical, de modo a que os alunos saibam usar os pronomes de tratamento adequadamente, ressalta uma perspectiva discursiva no ensino da língua. Significa, portanto, que a língua está sendo tomada como discurso, em uso, e não abstratamente. Os itens 2 e 3 deixam clara a utilização da leitura através de textos. Julgo necessário que um profissional de turismo esteja em contato com a cultura do outro, ampliando seu conhecimento de mundo e sensibilizando-se interculturalmente. E considero também que a leitura é uma ferramenta de grande utilidade para este fim. Portanto, pondero que os objetivos citados são coerentes com um curso de turismo. 78 Contudo, uma inferência quanto à abordagem, neste caso, depende do teor dos textos que forem usados, o que poderá ficar claro na análise dos conteúdos. O item 4 apresenta o domínio de aspectos gramaticais como base para a escrita e a tradução. Este objetivo se apresenta em seguida daqueles que evidenciam a necessidade do domínio da leitura. Esta ocorrência me permite ponderar que os aspectos gramaticais considerados são decorrentes da prática da leitura, ou seja, correspondem a um estudo da gramática em uso, denotando uma perspectiva discursiva e que procura servir de apoio para a escrita e a tradução. Considero que essas habilidades são importantes para um profissional de turismo devido à amplitude do seu campo de ação. Ainda com relação ao item 4, faço uma ressalva quanto à colocação da palavra “escritura”. Embora tenha um sentido abrangente, não está apropriada ao contexto, considerando-se que a palavra “escrita” significaria a mesma coisa e seria pertencente ao campo semântico da área de aquisição/aprendizagem de línguas, pois a expressão escrita (e não a escritura) se constitui em uma das quatro destrezas do processo de aprender línguas. Com relação ao item 5, reporto-me a Kulikoswiski e Gonzalez quando afirmam que no interesa tanto, pues, la ‘distancia real’ entre el español y el portugués, mensurable por los estudios de los lingüistas, sino mucho más esa ‘distancia construida’ por el que aprende, en función de factores que pueden 12 estar en muchos lados(1999, p. 17) . A consciência da língua materna para o entendimento da língua espanhola pode ser muito importante se a referência for a diferença discursiva. Porém, a colocação feita não deixa claro este aspecto e não oferece dados para uma inferência quanto à abordagem de aprendizagem utilizada. Referindo-me ao item 6, pondero que, para manter uma conversa em língua espanhola, mesmo que seja de curta duração, é necessário que o aprendiz tenha adquirido as habilidades ou destrezas denominadas compreensão oral e expressão oral. Quanto ao último objetivo, considero que ele completa o anterior, pois, para a 12 Portanto, não interessa tanto a distância real entre o espanhol e o português, mensurável pelos estudos dos linguistas, mas, sim, interessa muito mais essa distância construída pelo aprendiz em função de fatores que podem estar em muitos lados. 79 expressão oral, faz-se necessário o conhecimento de como se produzem os fonemas em língua espanhola. Porém, a definição desses objetivos não oferece dados para uma inferência quanto à abordagem utilizada para este fim. Observo que vários objetivos estão pautados na leitura, o que pressupõe textos, e, portanto, o professor encontra-se com uma abertura para a utilização de diversos tipos de abordagem. Se houver uma seleção de textos que levem o aprendiz ao encontro de outras culturas, pode-se pensar numa perspectiva intercultural. A partir da análise do conteúdo programático poderei fazer inferências mais seguras sobre as abordagens de aprendizagem utilizadas no ensino de espanhol do curso de Turismo dessa IES. Com relação aos objetivos de Língua Espanhola II, limito-me a comentar a retirada do item “manter uma conversa de curta duração”, e a apresentação do item “dominar o vocabulário relativo à área de Turismo”. Ponderando que alguém que vai trabalhar como turismólogo precisa falar, na língua alvo, temas próprios de sua área, considero fundamental que o aprendiz domine o vocabulário específico da área de Turismo. Ao final da análise dos objetivos de Língua Espanhola I e II, constato que há uma coerência entre esses objetivos e o curso de Turismo no qual se inserem. 5.3.3 Conteúdo Programático O conteúdo programático dos planos de ensino I e II, correspondentes ao quinto e ao sexto períodos do curso, se apresenta separado pelos dias de aula, conforme pode ser verificado no anexo E. Relacionei-os abaixo, separados por numeração, pois não interessa aos propósitos desta pesquisa o conteúdo de dias marcados para avaliações e correções das mesmas. Língua Espanhola I: 1. - Apresentação do curso, professor, material e proposta de trabalho - Por que o brasileiro deve falar espanhol? - Frases contendo “falsos amigos” (falsos cognatos) - Espanhol no mundo - Países de fala hispânica / Mercosul - Saudações 80 2. - O que é e qual a importância da língua instrumental - Alfabeto (pronuncia e grafia) - Semelhanças e diferenças do alfabeto com o português - Saudações e despedidas - Formas de apresentação (formal e informal) 3. - Artigos definidos e indefinidos - Exercícios aplicativos - Texto - Configuração do texto em língua espanhola, com noções de pontuação 4. - La llegada en el hotel - Exercícios de vocabulário 5. - Descripción física - Exercícios de aplicação 6. – Tiendas; - Exercícios de aplicação 7. - Las profesiones - Exercícios de aplicação 8. - Los transportes públicos - Exercícios de aplicação 9. - En el aeropuerto - Exercícios 10. - De viaje - Exercícios 11. - La comida - Exercícios 12. - A comer - Exercícios 13. - En la cocina - Exercícios 14. - El ócio - Exercícios Língua Espanhola II: 1. - Reapresentação do curso, professor, material e proposta de trabalho - Reafirmação da importância da língua instrumental - Revisão do conteúdo gramatical: alfabeto (pronuncia e grafia) / Revisão oral 2. - Semelhanças e diferenças do alfabeto com o português - Saudações e despedidas (revisão) - Formas de apresentação (formal e informal) - Exercícios de aplicação 3. - Artigos definidos e indefinidos - Exercícios aplicativos e de revisão - Saudações escritas: expressões usadas para começar uma carta, formal e informal 4. - Vocabulário comum em agências de turismo: funciones, tipos - Exercícios de aplicação 5. - Los departamentos de un hotel - Exercícios de vocabulário 6. - Perfiles profesionales - Planilla de un hotel - Ofertas de trabajo 7. - Aquisição de léxico específico da área de turismo - Exercícios de aplicação 8. - Vocabulário e estruturas comunicativas sobre países hispanohablantes (Mercosul) - El Ócio 9. - Interpretação textual: textos diversos ligados a Turismo 10. - El español en el mercado turístico 81 - Exercícios de vocabulário 11. - Textos diversos ligados ao léxico de Turismo - Exercícios de vocabulário 12. - Textos diversos ligados ao léxico de Turismo - Exercícios de vocabulário Analisando primeiramente Língua Espanhola I verifico, no item 1, a possibilidade de o professor trabalhar os temas apresentados com uma perspectiva intercultural. São temas que possibilitam um encontro de culturas e oferecem a ocasião de levar ao aprendiz, segundo Kulikowsky e González (1999), uma imagem da língua estrangeira como objeto de estudo que pode determinar seu sucesso ou seu fracasso com relação à aquisição desse conhecimento específico. Porém, faço uma ressalva para o estudo dos falsos cognatos e das saudações. Quando este estudo está fora de um contexto cultural ou mesmo de uma atividade com significado, valendo-se de modelos de frases ou de lista de palavras, corre-se o risco de que o aprendiz construa uma imagem de que a diferença entre as línguas está situada apenas no âmbito lexical. Os chamados “falsos amigos” são elementos pertinentes ao aprendizado da língua. A questão está na ênfase que é dada a esses elementos, podendo levar o aprendiz a uma visão reducionista do idioma. Lembrando que cabe ao professor a seleção de conteúdos e materiais didáticos que utilizem discursos contextualizados na diversidade cultural, reitero que este primeiro item do conteúdo oferece uma grande oportunidade para um estudo com uma perspectiva intercultural. No item 2, focalizando o espaço reservado à língua instrumental, considero importante esclarecer que, segundo CELANI (1998, apud MARTINS; ROCHEBOIS; PAULA, 2007), a diferença entre o ensino geral de línguas e o ensino instrumental está no fato de que, no primeiro não há uma definição exata dos fins a serem alcançados, enquanto no segundo, os objetivos são delineados. E se este tema foi abordado logo no principio do curso, pode-se concluir que a proposta de ensino/aprendizagem de espanhol nessa IES é a de um estudo da língua para fins específicos. Presumo, no caso, que seja para as necessidades determinadas pela profissão de turismólogo. Ainda no item 2, verifico o estudo oral, escrito e comparativo do alfabeto, seguido de saudações e despedidas, além de formas de apresentação. Porém, não consta neste item nenhum texto que abarque este conteúdo, levando-me a pensar em um estudo desses itens separado de qualquer contexto e caracterizando uma perspectiva gramatical. 82 O item 3 contém o estudo de artigos sem constar os substantivos que os justificam. Como este estudo aparece antes de um texto, pondero que seja feito isoladamente, numa perspectiva gramatical e, posteriormente, levado ao texto. Como este item também fala de texto, pressupõe-se que haja leitura. O mesmo texto é utilizado para trabalhar a pontuação. Porém, não consta na descrição do conteúdo o tipo de texto utilizado, o que dificulta uma inferência da perspectiva considerada. Do item 4 ao 14, verificam-se onze títulos, escritos em espanhol13, correspondentes a situações do cotidiano e que apresentam um vocabulário que considero necessário ao conhecimento lexical específico que um profissional de turismo deve ter. Contudo, não fica claro se esses assuntos serão abordados através de textos – pressupondo leituras – ou se correspondem a um estudo do léxico relativo a cada tema sem a devida contextualização. Somente a atividade constante no item 4 está especificada como “exercícios de vocabulário”. Já as atividades dos tópicos 5 a 8 apresentam-se como “exercícios de aplicação”; nos outros, constam apenas como “exercícios”. Ora, exercícios de vocabulário podem representar uma simples repetição de palavras para tentar uma memorização, como também um exercício focado no processo discursivo. Exercícios de aplicação sugerem que o aprendiz vai aplicar conhecimentos adquiridos em alguma atividade proposta, mas não está esclarecida a situação em que a mesma acontece. Quando a atividade se apresenta somente como “exercícios”, torna-se difícil inferir a perspectiva adotada. Percebo, nesta análise de Língua Espanhola I, basicamente, uma preocupação com o léxico. Contudo, considero a proposta irregular, não seguindo, portanto, nenhum tipo de abordagem mais específica. Dessa forma, encontro-me impedida de fazer uma inferência segura quanto à abordagem de aprendizagem adotada no ensino da língua espanhola no curso de Turismo dessa IES. Passando à análise de Língua Espanhola II, observo que os três primeiros itens são quase uma repetição da proposta inicial de Língua Espanhola I, e estão expostos nas formas de: reapresentação, reafirmação e revisão. Somente o último aspecto do item 3 apresenta algo novo, que corresponde a um estudo lexical escrito sobre expressões utilizadas, formalmente e informalmente, para começar uma carta. 13 São eles: 4. A chegada no hotel / 5. Descrição física / 6. Lojas / 7. As profissões / 8. Os transportes públicos / 9. No aeroporto / 10. Viajando / 11. A refeição / 12. Vamos comer / 13. Na cozinha / 14. O lazer. 83 Pondero que, devido ao pouquíssimo tempo disponível para o trabalho com a língua espanhola, e tratando-se de um curso de nível superior, esses itens poderiam ser dispensados. Em seu lugar, sugiro o trabalho com textos autênticos e atualizados, relacionados ao mercado do Turismo no mundo, ou com textos relacionados à cultura dos povos da língua alvo, enfim, algum material que desse ensejo a um processo discursivo que levasse à reflexão e, até mesmo, aos temas levantados nesses itens. O item 4 trabalha com um léxico específico, necessário a um profissional de Turismo em um de seus campos de ação, que é uma agência de turismo. Desta forma, está justificada a ênfase dada à língua instrumental neste conteúdo programático. O item 5 apresenta um tema que é concernente ao turismólogo – setores de um hotel – e uma atividade apresentada como exercícios de aplicação. Não há indícios de haver um texto como suporte para esse tema e, tampouco, que tipos de exercícios de aplicação são propostos. Com isso, posso inferir que se trata novamente de um estudo de léxico específico. Encontramos três temas no item 6: perfis profissionais, planilha de um hotel e ofertas de trabalho. Porém, não consta a atividade para trabalhar com esses temas e nem o suporte proporcionado. Novamente me remeto a um estudo de léxico descontextualizado e de difícil inferência quanto à perspectiva adotada. O item 7 confirma o estudo de léxico específico e também não esclarece o tipo de exercícios de aplicação proposto como atividade. Quanto ao item 8, o estudo do léxico continua como um dos aspectos considerados, porém, encontro um estudo das estruturas comunicativas sobre países que falam espanhol com uma referência ao Mercosul. Não percebo, neste tópico, um estudo do que seja o Mercosul, o que considero que seria importante. Como não são somente os países do Mercosul que falam espanhol, pois temos no mundo mais de vinte países que têm esse idioma como língua oficial e como não está explicitado o que se quer dizer por estruturas comunicativas sobre países de língua espanhola, pondero que se torna difícil qualquer inferência quanto a esse tópico do item 8. Encontramos, ainda, o título El ócio, como segundo tópico, que é uma repetição do último item de Língua Espanhola I, sem especificação da atividade relacionada. 84 Dos itens 9 ao 12 podemos observar uma preocupação com a leitura, através de textos relacionados ao Turismo. A atividade correspondente ao item 9 é a de interpretação textual; as dos outros, porém, resumem-se a exercícios de vocabulário. Neste caso, posso inferir que o estudo do léxico é realizado a partir de textos específicos da área do Turismo. Quanto à perspectiva desse estudo, existe a possibilidade da interculturalidade, de acordo com os textos apresentados e, também, com o objetivo proposto em relação a essas leituras. Contudo, como a maioria das atividades relacionadas a essas leituras está descrita como exercícios de vocabulário, não há um direcionamento com respeito a uma abordagem de aprendizagem específica. O que observo é um direcionamento à compreensão escrita, num estudo para fins específicos a partir do léxico em espanhol. 5.3.4 Metodologia A metodologia dos planos de ensino I e II se apresenta através de estratégias: Aulas expositivas Aulas práticas Aulas teóricas práticas/Demonstrativas Preleção dialogada Leituras programadas Estudo dirigido Discussão em pequenos grupos Considero que as estratégias apresentadas representam a preocupação em diversificar as aulas de língua espanhola. Contudo, não posso fazer nenhuma inferência, porque, de acordo com as análises anteriores, não há uma indicação de qual estratégia é usada nas aulas cujos conteúdos foram analisados. 85 5.3.5 Bibliografia Língua Espanhola I: Bibliografia básica: 1 - AGUIRRE B., TOMÁS J.M., LARRU, J. TRATO HECHO. Español en los negócios, nivel elemental. Madrid, SGEL, 2001. 2 - ESTEBAN, GEMMA G; DIAS-VALERO, JAVIER.L; CAMPOS, SIMONE N. Conexión: curso de español para profesionales brasileños. Madrid: Ambridge& Difusión, 2001. 3 - FLAVIAN, E. & FERNANDEZ, G. E. Dicionário esp./port. – port./esp., São Paulo: Àtica 4 - HOYOS, BALBINA L. F. Diccionario de falsos amigos. Español/portugues Portugues/Español. São Paulo: Interprise,1999. Bibliografia secundária: 1 - HERMOSO, ALFREDO G. Conjugar es fácil en Español de España y de América. Madrid: Edelsa, 1996. 2 - REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Diccionario de la Lengua Española. Madrid: Editorial Espasa Calpe 2 vol, 1996. 3 - BELTRÁN, B. A. (1994) El Espanõl por profesiones: Servicios Turísticos. Madri: SGEL, 2001. 4ª edição. Língua Espanhola II: Bibliografia básica: 1 - AGUIRRE B., TOMÁS J.M., LARRU, J. TRATO HECHO. Español en los negócios, nivel elemental. Madrid, SGEL, 2001. 2 - ESTEBAN, GEMMA G; DIAS-VALERO, JAVIER.L; CAMPOS, SIMONE N. Conexión: curso de español para profesionales brasileños. Madrid: Ambridge& Difusión, 2001. 3 - Espanhol mais fácil para falar. São Paulo: Larousse, 2003. Bibliografia secundária 1 - HERMOSO, ALFREDO G. Conjugar es fácil en Español de España y de América. Madrid: Edelsa, 1996. 2 - REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Diccionario de la Lengua Española. Madrid: Editorial Espasa Calpe 2 vol, 1996. A bibliografia básica e a secundária adotadas, tanto em Língua Espanhola I como em Língua Espanhola II, apresentam três coleções que são cursos de espanhol destinados a profissionais, sendo um deles especificamente ao profissional de Turismo. Compõem-se também de dicionários bilíngues e monolíngues, de um livro de conjugação de verbos e de um dicionário de falsos amigos, confirmando a 86 tendência ao estudo de vocabulário. Verifico a presença de um livro intitulado Espanhol mais fácil para falar, que passa a sensação de um livro destinado à oralidade, mas que se trata de um livro com frases feitas que, supostamente, ajudam o aprendiz de espanhol. Pondero que esse tipo de livro pode ser de utilidade para o estudo de vocabulário. Considero que a bibliografia analisada é adequada para a proposta dessa IES, pois atende ao que parece ser o foco desse estudo de espanhol, ou seja, estudo do léxico direcionado à compreensão escrita. 5.3.6 Carga horária O curso de Turismo desta IES é realizado num período de quatro anos. A disciplina Língua Espanhola I, no 5º período, tem uma carga horária de 34 h/a teóricas; Língua Espanhola II, no 6º período, com uma carga horária de 38 h/a, divide-se entre 30 h/a teóricas e 8 h/a práticas. Na análise deste plano de ensino não foi possível observar em que momento ocorrem essas aulas práticas. Consta em Língua Espanhola II, no final do período, dois dias de aula reservados à apresentação de trabalhos. Como não há uma especificação, não tenho meios de inferir que trabalho seria este e nem quando e de que forma eles ocorrem. Como a convergência do estudo da língua parece estar direcionado ao domínio da compreensão escrita, considero a carga horária apresentada insuficiente para o bom desempenho do profissional de Turismo no que tange a essa habilidade. 5.4 PUC MINAS – POÇOS DE CALDAS Antes de iniciar a análise do plano de ensino desta instituição, considero importante dizer que esses dados me foram proporcionados por um ex-aluno da Escola Técnica Limassis, hoje aluno do curso de Turismo da PUC Minas-Poços de Caldas, devido à falta de resposta da instituição. Reproduzo aqui as palavras 87 textuais deste aluno, enviadas por e-mail, juntamente com o plano de ensino: OBS: segundo a coordenação do curso de turismo da PUC houve uma nova formulação junto ao MEC no curso de turismo, fazendo com que algumas matérias fossem tiradas da grade curricular e outras tivessem um corte no número de aulas, fazendo assim com que o curso diminuísse de 4 anos para 3 anos. Infelizmente uma das matérias muito importantes como o espanhol foi tirada do curso, agora temos que correr atrás do prejuízo. Como se vê, essa instituição já não apresenta essa disciplina na sua grade. No entanto, mantenho o referido documento como parte do corpus desta dissertação porque ela revela uma parcela da realidade que se vivia e ainda se vive no contexto de minha pesquisa. 5.4.1 Ementa Prática de leitura e compreensão de textos na língua espanhola. Estudo das estruturas gramaticais de nível básico. Aquisição e aplicação de vocabulário técnico específico da área. Os três aspectos apresentados na ementa, sendo, primeiramente, o de ler e compreender textos, seguido do de conhecer as estruturas gramaticais básicas da língua e o conhecimento e uso de vocabulário específico da área, me levam a considerar que o conhecimento gramatical e lexical são feitos a partir de textos. O fato de apresentar, em primeiro lugar, a prática de leitura e compreensão de textos pode significar um estudo da gramática em uso, e não da gramática por si própria, na qual se internaliza a forma para tentar chegar à compreensão leitora. Dependendo do tipo de textos utilizados, pode-se pensar em um ensino com perspectiva intercultural, direcionado a fins específicos e, neste caso, a uma das quatro destrezas, a compreensão escrita. 88 5.4.2 Objetivos Objetivos Gerais: Demonstrar ao aluno a relevância dos conhecimentos de língua espanhola para sua atuação profissional. Familiarizar o aluno com o espanhol escrito, de modo a capacitá-lo a compreender e interpretar textos diversos relacionados com sua área de estudo específica. Dotar o aluno de estratégias de enfrentamento de textos em língua espanhola, incorporando a concepção de que leitura em língua estrangeira pressupõe, simultaneamente, ativação de conhecimentos culturais prévios e domínio das estruturas da segunda língua. Refletir sobre o alcance e utilidade de instrumentos de consulta, como dicionários e gramáticas na aquisição da compreensão de leitura. Objetivos Específicos: - Identificar o espanhol escrito como modalidade com estruturas próprias, eventualmente distintas das do português; - Compreender e interpretar os textos apresentados de modo a que as estratégias praticadas possam ser utilizadas em quaisquer outros contextos de leitura; - Adquirir um repertório lexical recorrente nos textos específicos da área de estudo; - Iniciar-se na gramática do espanhol escrito; Os objetivos apresentados condizem com a ementa, levando à confirmação de que o estudo do espanhol está direcionado à compreensão escrita. Os itens dos objetivos específicos evidenciam que o estudo da gramática e do léxico, apresentados como últimos itens desses objetivos, são realizados a partir dos textos apresentados. Detendo-me nos objetivos gerais, verifico que é destacada a afirmação de que a concepção de leitura em língua espanhola pressupõe ativação de conhecimentos culturais prévios, definidos nesta pesquisa como conhecimentos de mundo, conforme nota de rodapé no capítulo 3, onde destacou-se também a ampliação do conhecimento de mundo do aluno como decorrência da comparação entre culturas. Ainda no capítulo 3, afirmou-se que os textos, no caso os literários, são verdadeiros componentes culturais no ensino de espanhol como língua estrangeira. Este recorte nos objetivos gerais leva-me a considerar, a depender dos gêneros de textos utilizados, a tentativa de utilização de uma abordagem intercultural direcionada à compreensão escrita. Considerando que aspectos da cultura do outro que emergem dos textos em questão possam ajudar a desconstruir estereótipos e promover a tolerância das diferenças, tal fato poderia levar-me à 89 confirmação de que o estudo de espanhol dessa IES tenha características de uma abordagem intercultural, ou que, pelo menos, possibilite esse tipo de abordagem. 5.4.3 Conteúdo Curricular I - Apresentação da disciplina; II - Semelhanças e diferenças entre o espanhol e o português: falsos cognatos; variações consonantais comuns; variações vocálicas comuns; III - Estruturas gramaticais básicas: artigos; pronomes; conjugações verbais; IV - Espanhol aplicado ao turismo: textos técnicos de turismo; vocabulário específico da área; O conteúdo curricular apresentado no plano de ensino em estudo é reduzido, pois foi composto de apenas quatro itens. O primeiro deles não fornece dados para nenhum tipo de inferência. O segundo leva a pensar na confirmação de um dos objetivos específicos, o de identificar a língua espanhola com estruturas próprias, sendo, portanto, uma língua diferente do português. Esse aspecto é importante porque ressalta o que afirmam, entre outros, Kulikoswiski e Gonzalez (1999), no que se refere às diferenças que marcam, discursivamente, o português e o espanhol. No entanto, a forma como se explicitam os aspectos a serem desenvolvidos (falsos cognatos, variações consonantais comuns; variações vocálicas comuns) confirmam que o conteúdo curricular ainda se prende a uma representação de língua como sendo uma lista de palavras que significam e que têm formas e sons, independentes do contexto de sua produção. O terceiro trata especificamente do estudo da estrutura gramatical básica da língua, como os artigos, os pronomes e as conjugações verbais, deixando transparecer que essa gramática é estudada de forma separada, e não como uma gramática na perspectiva discursiva, na qual a forma seria identificada e estudada na medida em que se tornasse necessária para uma melhor compreensão dos textos apresentados. Além disso, causa-me estranhamento ver a seleção dos itens gramaticais. Parece-me que seria difícil que alguém adquirisse a destreza da compreensão escrita, sem conhecer outros elementos gramaticais, próprios à coerência e coesão textual. Portanto, a forma como os itens gramaticais foram elencados mostra que a língua não é vista como discurso, mas sim como uma lista 90 de palavras e regras gramaticais. O quarto item propõe que se trabalhe com textos técnicos de turismo e vocabulário específico da área. Este conteúdo demonstra a tendência ao ensino de espanhol para fins específicos. Neste ponto, suscito novamente a discussão sobre os gêneros de textos utilizados, que poderiam levar à possibilidade de utilização de uma abordagem intercultural, desde que levassem ao conhecimento e discussão sobre a cultura do outro, possibilitando uma comparação com a cultura dos aprendizes. 5.4.4 Metodologia A metodologia das aulas de espanhol está indicada através dos métodos didáticos utilizados, que são: 1 - Leitura de textos em classe e em casa, privilegiando estratégias de inferência de estruturas e vocabulário desconhecidos; 2 - Exercícios individuais e coletivos de fixação de vocabulário e apreensão de estruturas gramaticais; 3 - Exercícios convencionais de gramática; 4 - Audição de textos falados, especialmente músicas e spots publicitários; 5 - Pesquisas orientadas na internet; 6 - Elaboração de periódico bilingue com temas relacionados ao turismo; O item 1 se refere à leitura, o que mostra uma coerência com a ementa e os objetivos, embora ressalte o aspecto da estrutura da língua e o vocabulário, preocupando-se menos com os sentidos. O item 2 trata de exercícios individuais e coletivos, ou seja, interação e prática, ainda presos, no entanto, ao vocabulário e à estrutura gramatical. O item 3 explicita a necessidade dos exercícios convencionais de gramática, o que mostra que a perspectiva que sobressai é a gramatical no sentido normativo, abandonando-se o discursivo. O item 4 se refere ao desenvolvimento da destreza da compreensão oral e ainda possibilita ao professor, a partir da seleção dos textos, trabalhar com a abordagem intercultural. Esses aspectos, no meu ponto de vista, são adequados a um curso de turismo, onde os aprendizes vivenciarão uma experiência profissional ligada à compreensão oral. O item 5 se refere ao uso da Internet, o que estende a aprendizagem da língua para 91 além da sala de aula, observando-se, no entanto, que é necessário que o professor prepare atividades que orientem a prática dos alunos. Finalmente, o item 6 sugere a produção de um periódico bilíngue sobre temas específicos da área do aprendiz, o que consiste em uma atividade adequada, pois lhe permite o exercício da expressão escrita, a percepção do contraste entre as duas línguas, a discussão de temas relativos a sua área e a interação entre os alunos. No entanto, da forma como a proposta é apresentada, parece-me difícil que os alunos consigam elaborar um periódico com os conhecimentos recebidos, na medida em que o curso se pauta numa concepção de língua como uma lista de palavras e regras gramaticais. 5.4.5 Bibliografia GONZÁLEZ HERMOSO, A.; CUENOT. J.R.; ALFARO, M.S. Gramática de español lengua extranjera: normas, recursos para la comunicación. 3.ed. Madrid, EDELSA, 1997. 271P. ISBN 8477110727 A bibliografia apresentada se resume a um único livro de gramática prática de espanhol, totalmente direcionado a uma abordagem gramatical, sendo limitadora mas, infelizmente, coerente com essa perspectiva reduzida da língua. Uma bibliografia adequada deveria ter livros que permitissem uma aquisição mais abrangente e que considerassem aspectos discursivos e culturais, além de especificidades sobre Turismo. 5.4.6 Carga horária No plano de ensino de Espanhol em estudo não consta a carga horária da disciplina, o que impossibilita qualquer tipo de comentário. 92 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta pesquisa, procurei analisar os planos de ensino da disciplina Língua Espanhola dos cursos de Turismo de quatro faculdades do sudeste do Brasil. Com a intenção de chegar a uma conclusão no que diz respeito às abordagens de aprendizagem adotadas nas aulas de espanhol, solicitei às faculdades os respectivos planos de ensino, graças aos quais se tornou possível a concretização desta dissertação. Ao refletir sobre as abordagens de aprendizagem de LE, mais especificamente de espanhol, precisava construir uma base teórica sobre o assunto. Desse modo, em primeiro lugar, procurei uma fundamentação concernente com a LA, em cuja área se insere a pesquisa. A intenção era construir uma visão mais ampla sobre essa área do conhecimento para, então, investigar o desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem da língua espanhola a partir dos planos de ensino e das abordagens de aprendizagem utilizadas. O percurso foi feito por etapas e cada plano de ensino foi observado detalhadamente. Não houve a preocupação de comparar os resultados encontrados, pois este não era o objetivo desta pesquisa. A análise foi feita considerando cada plano de ensino como um todo e, somente após o término de uma análise, passouse à outra. Considerei, em cada um dos planos, os itens: ementa, objetivos, conteúdo programático, metodologia, bibliografia e carga horária. O método utilizado foi o mesmo, ou seja, terminava a análise de um item antes de passar a outro. Este procedimento teve a finalidade de averiguar se havia coerência entre as perspectivas de abordagem detectadas em cada item, permitindo-me comprovar a existência (ou não) de um fio condutor com relação às abordagens de aprendizagem que pudesse ser determinado a partir dos planos de ensino. 93 Todo esse processo permitiu-me identificar e compreender a estrutura do programa da disciplina Língua Espanhola e, desse modo, foi possível identificar algumas linhas de atuação quanto às abordagens de aprendizagem utilizadas em cada uma das faculdades Quanto à Faculdade de São Lourenço, observei que há uma coerência entre os itens analisados e que, apesar de uma aparente abertura a uma abordagem intercultural, o desenvolvimento das aulas de espanhol ocorre dentro de uma abordagem gramatical, com uma leve tendência à comunicativa. Com relação à PUC Minas - Poços de Caldas, a principio, a análise do plano leva a pensar numa perspectiva intercultural direcionada à compreensão escrita. Porém, no decorrer da análise, verifica-se um ensino pautado na concepção de língua como lista de palavras e regras gramaticais, denotando um ensino com perspectiva gramatical. Portanto, posso inferir que não há uma coerência entre os itens analisados e, consequentemente, não há uma única linha de atuação com relação às abordagens de aprendizagem. O plano de ensino da faculdade de Turismo da UNISAL pressupõe, no início, a adoção da perspectiva socioconstrucionista paralela à intercultural. Em seguida, passa a adotar uma perspectiva comunicativa. Logo depois, percebo influências, tanto da perspectiva intercultural como da gramatical, com um conteúdo programático calcado na estrutura formal da língua. Posso considerar que esta instituição procura inserir-se numa educação de cunho socioconstrucionista, pela preocupação apresentada com relação à comunicação interpessoal. Observo no plano de ensino desta IES uma diversidade de tentativas de abordagens, podendo inferir, portanto, que não há, com relação às mesmas, uma linha de conduta permeando o trajeto do ensino/aprendizagem de espanhol. Quanto à UNIVÁS, observo que esta IES demonstra, no seu plano de ensino, um direcionamento à compreensão escrita, num estudo para fins específicos a partir do léxico em espanhol. Há uma coerência entre os objetivos e o que se espera de um curso de Turismo. Observo, também, que há uma preocupação com a língua tomada como discurso, denotando uma perspectiva discursiva e uma abertura para o professor trabalhar com uma perspectiva intercultural. Porém, não encontro dados que me permitam concluir quanto às abordagens de aprendizagem utilizadas. Apesar dos resultados apresentados pelas análises dos planos de ensino das IES não demonstrarem uma situação muito clara com relação às perspectivas 94 utilizadas, não se pode esquecer que “uma dada abordagem de ensino de LE se concretiza nos procedimentos em sala de aula” (TROUCHE; JÚDICE, 2005). É sabido que há uma distância entre o que se encontra nos registros e o que acontece na prática. A tendência da educação moderna acadêmica, baseada nas exigências das instituições e do próprio alunado, é que teoria e prática se aproximem cada vez mais. Tomo a fala de Abdala (2004), para concluir que estudios curriculares desarrollados en las últimas décadas, especialmente aquellos realizados desde una visión práctica del curriculum, muestran cada vez con mayor claridad la naturaleza de los vínculos entre intenciones y prácticas, es decir, entre lo escrito y la acción de los sujetos en las instituciones. Se reconoce que el curriculum no se reduce al documento escrito, ni se identifica por lo tanto solamente con los textos y que la prescripción, no siempre es aceptada ni aplicada en las aulas tal como ha sido concebida por sus mentores. Se pone en cuestión la eficacia absoluta del curriculum escrito,para admitir en cambio que la prescripción siempre es resignificado por los actores en los diferentes ámbitos en que éstos 14 participan. Portanto, pondero que a concretização de um plano de ensino pode variar de acordo com o envolvimento dos personagens principais nessa história, ou seja, professores e alunos. Considero que o objetivo desta pesquisa foi cumprido e reitero a intenção de colaborar para a melhoria do ensino/aprendizagem da língua espanhola nos cursos de Turismo do Brasil. 14 Estudos sobre programas curriculares desenvolvidos nas últimas décadas, especialmente aqueles realizados com uma visão prática do programa, mostram cada vez com mais clareza a natureza dos vínculos entre as intenções e as práticas, ou seja, entre o escrito e a ação dos sujeitos nas instituições. É sabido que o programa curricular não se reduz ao documento escrito, nem se identifica, portanto, somente com os textos e que a programação nem sempre é aceita e tampouco aplicada nas salas de aula da maneira que foi concebida por seus idealizadores. Questiona-se a eficácia absoluta do programa curricular escrito para admitir, em seu lugar, que a programação sempre é resignificada pelos personagens nos diferentes âmbitos em que estes participam. 95 REFERÊNCIAS ABDALA, N. C. 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Responda a essa pergunta só se você é aluno atual do curso técnico de Turismo Rural: — No caso de você tentar o vestibular para Turismo ou algo do gênero, como Hotelaria, por exemplo, para qual (ou quais) faculdade(s) você faria? Escreva, no máximo, três, por ordem de preferência: 1ª) ......................................................................................................... 2ª) ......................................................................................................... 3ª) ......................................................................................................... 2. Responda a essa pergunta só se você já se formou no curso técnico de Turismo Rural e está fazendo faculdade de Turismo ou a lgo do gênero: — Em que faculdade você estuda? ............................................................................................................... 3. Responda a essa pergunta só se você já se formou no curso técnico de Turismo Rural e não está fazendo faculdade de Turismo ou algo do gênero: — Se você fosse estudar Turismo numa faculdade, qual (ou quais) você escolheria? Escreva, no máximo, três, por ordem de preferência: 1ª) ......................................................................................................... 2ª) ......................................................................................................... 3ª) ......................................................................................................... 104 ANEXO B UNISAL – LORENA Curso: Turismo Disciplina: Espanhol Código da Disciplina: Prof: Período: 4º A/B Carga Horária: 144h Curso: anual Ano Letivo: 2008 Eixo 1: Formação geral EMENTA: Desenvolvimento de competências como a comunicação interpessoal, intercutural e expressão da realidade. Aprofundamento das necessidades gerais da língua espanhola, tanto oral como escrita, destinadas ao profissional dos serviços turísticos. OBJETIVO GERAL DO CURSO O curso de Turismo pretende capacitar o profissional, tanto para enfrentar os desafios regionais, como habilitados para a implementação de ações em Turismo, como gerador de recursos sócio-econômicos na promoção do desenvolvimento sustentável para melhoria da qualidade de vida, capazes de promover a conscientização das comunidades sobre a importância das atividades turísticas para o desenvolvimento local, como meio potencializador das riquezas existentes e de comercialização da produção turística. Ainda, para atuar no mercado nacional e internacional, considerando que vivenciamos um crescimento dos investimentos na rede hoteleira, das facilidades de viagens, das ofertas de lazer, de valorização do turismo como formação cultural e de integração com o local visitado. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA DISCIPLINA 1. Incorporar as quatro destrezas básicas, assim como exercícios e atividades comunicativas que permitem a familiarização com os procedimentos básicos da profissão. 2. Desenvolver a capacidade de identificar termos específicos da linguagem (estrangeira) comercial do turismo, reconhecer sons e aplicá- los em textos e exercícios. 3. Extrair e transmitir informação técnica específica do turismo (em língua estrangeira) e posicionar-se com responsabilidade e respeito com relação ao próximo no exercício da profissão. Competências e habilidades “do eixo” 1. Dominar diferentes idiomas que ensejem a satisfação do turista em sua intervenção nos traços culturais de uma comunidade ainda não conhecida. 2. Contribuir para a visão multidisciplinar de outras áreas do conhecimento turístico. 3. Refletir sobre questões emergentes no mundo contemporâneo. PERFIL DO EGRESSO • O perfil do profissional do Turismo enfatiza a capacidade para planejar, implantar, organizar e gerir programas de desenvolvimento de destinos e empreendimentos turísticos, utilizando-se de formação técnica e cientifica que potencialize suas características: o trato com o público, espírito inovador e de decisão, criatividade, adaptação ao trabalho em equipe e facilidade de se inserir em novos contextos. • A responsabilidade ética e social destaca-se com relevância no desempenho do profissional em Turismo. Além disso, a capacidade de atuação nos diversos setores do mercado turístico em todas as áreas concernentes à profissão CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: DATA (*) CONTEÚDO ATIVIDADES 11 1- Apresentação do plano de Leitura: Diferentes curso diferentes acentos. países, Fevereiro 2- O espanhol no mundo. Total de aulas: 12 18 25 03 Março Total de aulas: 10 3- Localização geográfica dos países que falam espanhol. 1- Alfabeto Prática da oralidade 2- fonética 3- Prono mes sujeitos Verbos ser e estar Exercícios gramaticais 1- Artigos Leitura: sobre a importância de aprender idiomas. 2- Verbos regulares. Exercícios gramaticais 3- Palavras heterogenéricas. 1- Palavras heterotônicas Prática da oralidade 2- Acentuação gráfica. 17 1- Fórmulas para conversação: -saudações -cortesias -despedidas -pedidos Prática da oralidade. 24 1- Pronomes possessivos. Exercícios gramaticais 2- Pronomes demonstrativos. 31 Abril Total de 07 aulas: 12 1- Expressões típicas do idioma. 2- Vocabulário. 3- Números 1- Diferenças MUCHO. entre MUY Exercícios gramaticais e Exercícios gramaticais. 2- Verbos irregulares no presente do ind. 1-Falsos cognatos. Leitura: La Navidad 14 28 Maio Total de aulas: 16 2- verbos no futuro Prática da oralidade Avaliação Avaliação individual escrita 1- pronomes reflexivos Leitura: A qué hora? 2- verbos pronominais Prática da oralidade 05 1- verbos irregulares no presente. Exercícios gramaticais. 12 2- pronomes exclamativos 19 26 Junho Total de aulas:16 interrogativos e 1- Verbo HABER 2- Pretérito perfeito composto 3- Particípio regular e irregular Leitura: En mi habitación Exercícios gramaticais 1- Verbos no pretérito perfeito Exercícios gramaticais. simples (indefinidos). Leitura: El tráfico 2- Fórmulas de obrigação Verbo GUSTAR Leitura: Gustos 02 Prática da oralidade 09 Avaliação 16 Outros verbos presente Avaliação escrita individual irregulares no 23 Agosto Total de aulas: 16 Semana de 2ª chamada Avaliação escrita individual Leitura: Año Nuevo 01 - Revisão 1Pronomes pessoais complementos Colocação dos pronomes complementos Colocação dos pronomes complementos Verbos no subjuntivo 1- Verbos no subjuntivo 2- verbos no imperativo 08 15 22 29 Vocabulário: gastronomia Advérbios Avaliação Conjunções Prática da oralidade Leitura: Destinos Avaliação individual escrita 04 11 18 25 Setembro Prática da oralidade Exercícios gramaticais Exercícios gramaticais Total de aulas: 20 Outubro Prática da oralidade. 06 Vocabulário: Huellas de la cocina 13 20 27 Avaliação Parônimos e Antônimos Mostra de iniciação científica Avaliação em grupo 03 Vocabulário Prática de conversação 10 17 24 Avaliação Avaliação Avaliação oral individual Avaliação oral individual 01 Vocabulário Prática de conversação 08 15 Segunda Chamada de provas Segunda Chamada de provas Total de aulas: 16 Novembro Total de aulas: 16 Dezembro Total de aulas: 12 Atividade Extra- classe Atividade: Interdisciplinar (Alimentos e bebidas) Objetivo: organizar um cardápio regional na língua espanhola e apresentá- lo à banca examinadora Competências e Habilidades: - levantar dados sobre a comida regional - organizar os cardápios e traduzir para o espanhol, mediante pesquisa de vocabulário e receitas. - desenvolver a convivência e o trabalho em equipe. Previsão de Aplicação: abril a novembro Critério de avaliação: - trabalho escrito – 0-5 - apresentação oral – 0-5 METODOLOGIAS DE ENSINO UTILIZADAS Sugestões: Aula expositiva, dialogada e participativa Trabalhos práticos Trabalho em grupo Seminários RECURSOS INSTRUCIONAIS: Data-show Retroprojetor DVD CD Lousa e giz Livro didático SISTEMA DE AVALIAÇÃO - Avaliação contínua em sala de aula - Avaliação escrita individual - Avaliação por equipe - Avaliação da oralidade BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 1- HERMOSO, A. Gonzáles. Cuenot, J.R. Alfaro, M. Sánches. Curso Práctico – Gramática de Español Lengua Extranjera. 7ª edição, Espanha. Edelsa – grupo didascalia, S.A.,2000. 2- SILVA, Cecilia Fonseca. SILVA, Luz Maria Pires. Español a través de textos. 1ª edição, Rio de Janeiro. Ao Livro Técnico. 2001 3- BELTRÁN, Blanca Aguirre. El Español por profesiones – Servicios Turísticos. 3ª edición, Espanha. SGEL – sociede general española de librería, S. A. 1999. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: 1- BECHARA, Suely Fernandes. MOURE, Walter Gustavo. !OJO! con los falsos amigos. Editora Moderna – São Paulo. 1998. 2- Larousse Diccionario de la Lengua Española. Enterprise idiomas. São Paulo. 3- ESTEBAN, Gemma Garrido. DIAZ VALERO, Javier Llano. CAMPOS , Simone Nascimento. Conexión- curso de español para profesionales brasileños. 1ª edição, Espanha. Difusión editora – Cambridge University Press, 2001. Periódicos: ASSINATURA DO PROFESSOR: _____________________________________ ASS. DO COORD. DE CURSO: _____________________________________ 111 ANEXO C FACULDADE DE SÃO LOURENÇO CURSO DE TURISMO & HOTELARIA PROGRAMA DE ENSINO DADOS SOBRE A DISCIPLINA DISCIPLINA: LÍNGUA ESPANHOLA I SEMESTRE: 1° ANO: 2005 C.H. SEMESTRAL: 72 CÓDIGO: TB 113 A H/A CRÉDITOS SEMESTRAIS: 04 EMENTA: O estudo desta disciplina oferece ao aluno um primeiro contato com a língua espanhola. Noções básicas de gramática e de funções comunicativas para a produção de textos, bases para comunicação verbal, para o profissional de turismo no âmbito do mercosul e do mercado globalizado. OBJETIVOS: - Capacitar o aluno para desenvolver a linguagem escrita e oral a ser expressa em padrão culto; ampliar e enriquecer vocabulário do aluno a fim de aprimorar sua expressão na língua espanhola. - Estimular o pensamento ordenado e lógico, coerência e coesão. - Dar condições ao aluno para a compreensão básica da utilização para a linguagem falada e oferecer condições necessárias para que o aluno possa se expressar. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: 1 – INTERPRETAÇÃO DA LINGUA ESPANHOLA l.1- Introdução a Comunicação l.2- Interpretação de texto em Espanhol l.3- Abecedário em Espanhol (avaliar o conhecimento do aluno) l.4- Pronunciação das Letras l.5- Vocabulário apresentado em todas as unidades voltado para o turismo e hotelaria 2 – INTRODUÇÃO A GRAMÁTICA 2.1 – Símbolos Ortográficos; 2.2 – Artigos determinados, indeterminados e contrações; 2.3 – Uso do plural e singular; 3 – GRAMÁTICA 3.1 – Pronomes pessoais; 3.2 – Verbos (infinitivo, particípio e gerundio). 3.3 – Verbos no presente do indicativo, principalmente (haber) 3.4 – Verbos no pretérito perfeito do indicativo. 4 – APERFEIÇOAMENTO GRAMATICAL 4.1 – Pronomes possessivos; 4.2 – Pronomes demonstrativos; 4.3 – Pronomes relativos; 4.4 – Pretérito Indefinido. 5 – NUMERAIS, VOCABULÁRIOS E GRAMÁTICA 5.1 – Numerais cardinais (horas); 5.2 – Numerais ordinais; 5.3 – Produção de textos; 5.4 – Pretérito Imperfecto; 5.5 – Futuro Imperfecto. METODOLOGIA DE ENSINO: Aulas expositivas dialogadas, trabalhos em equipe, interpretação de texto em Espanhol e vocabulário em laboratório. Simulações. As aulas serão ministradas somente em Espanhol. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO: Avaliação escrita com questões objetivas e discursivas, pesquisas, exercícios orais e escritos. BIBLIOGRAFIA BÁSICA: HERMOSO, A. GONZÁLEZ . CUENOT J. R, ALFARO, M.Sanchez. Curso Práctico Gramática de Español lengua Estranjera, 3ª ed. Madrid: EDELSA, 2004. 05 FLAVIAN, Eugenia ( et al ). Minidicionário Espanhol/ Português – Português/ Espanhol. 17ª ed. Ática, São Paulo: 2000. 03 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: VALENZUELA SOTO, Florencio. El Verbos: Auxiliares, Irregulares Defectivos. 12ª edicion. Espana Foundation Books S. A. , 1997 01 JIMENEZ GARCIA, Maria de Los Angeles. Minidicionário Espanhol três em Um. Scipione, São Paulo: 2000. 01 Dicionário Larousse Básico Espanhol/ Português – Português/ Espanhol. Atica, São Paulo: 2001. 01 ALMOYNA, Julio Martinez. Dicionário de Espanhol – Português. Porto Editora, Porto. 01 PROFESSOR(A): ASSINATURA: COORDENADOR(A): ASSINATURA: FACULDADE DE SÃO LOURENÇO CURSO DE TURISMO & HOTELARIA PROGRAMA DE ENSINO DADOS SOBRE A DISCIPLINA DISCIPLINA: LÍNGUA ESPANHOLA II SEMESTRE: 1° ANO: 2005 C.H.SEMESTRAL: 72 CÓDIGO: TB 113 B H/A CRÉDITOS SEMESTRAIS: 04 EMENTA: O estudo desta disciplina oferece ao aluno a continuação do aprendizado da língua espanhola I. Noções de gramática e de funções comunicativas para a produção de textos, comunicação verbal para o profissional de turismo e hotelaria. No mercado globalizado. OBJETIVOS: Potencializar o aluno na utilização da gramática para linguagem falada. Oferecer ao aluno condições necessárias para que o mesmo possa se expressar na língua espanhola de maneira clara, precisa e objetiva no cotidiano do turismo e hotelaria. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: 1- (Gramática) 1.1 Revisão do conteúdo língua espanhola l 1.2 As preposições 1.3 Os pronomes complemento direto e indireto 1.4 A Apócope 1.5 Vocabulário apresentado em todas as unidades voltados paro o turismo e hotelaria 2- Gramática 2.1Interpretação de texto 2.2 Aula prática (visita ao parque das águas ) 2.3 Elaboração do trabalho sobre o parque 3- Gramática (Verbos) 3.1 Pretérito pluscuamperfecto 3.2 Futuro perfecto 3.3 Modo Subjuntivo (Presente) 3.4 Interpretaçâo de texto sobre turismo e hotelaria 4-Gramática (Continuação Verbos) 4.1 Pretérito Perfecto 4.2 Pretérito Pluscuamperfecto 4.3 Futuro Imperfecto 4.4 Futuro Perfecto 4.5 Modo Imperativo 5- Aulas práticas (Comunicação) 5.1 Comunicação cotidiana na recepção do hotel 5.2 Comunicação a respeito das dependências externas do hotel 5.3 Comunicação a respeito das dependências internas do hotel 5.4 Comunicação especifica em passeios pelo hotel METODOLOGIA DE ENSINO: As aulas serão ministradas somente em espanhol, diálogos, trabalhos em equipe. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO: Avaliação oral e escrita, pesquisas, com questões objetivas e discursivas. BIBLIOGRAFIA BÁSICA: HERMOSO, A. GONZÁLEZ . CUENOT J. R, ALFARO, M.Sanchez. Curso Práctico Gramática de Español lengua Estranjera, 3ª ed. Madrid: EDELSA, 2004. 05 FLAVIAN, Eugenia ( et al ). Minidicionário Espanhol/ Português – Português/ Espanhol. 17ª ed. Ática, São Paulo: 2000. 03 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: VALENZUELA SOTO, Florencio. El Verbos: Auxiliares, Irregulares Defectivos. 12ª edicion. Espana Foundation Books S. A. , 1997 01 JIMENEZ GARCIA, Maria de Los Angeles. Minidicionário Espanhol três em Um. Scipione, São Paulo: 2000. 01 Dicionário Larousse Básico Espanhol/ Português – Português/ Espanhol. Atica, São Paulo: 2001. 01 ALMOYNA, Julio Martinez. Dicionário de Espanhol – Português. Porto Editora, Porto. 01 PROFESSOR(A): ASSINATURA: COORDENADOR(A): ASSINATURA: 116 ANEXO D PLANO DE ENSINO - ANO 2008 1º SEMESTRE Curso Série Disciplina Departamento TURISMO Semestral [ X ] Anual [ ] V Período Língua Espanhola I TURISMO Carga Horária Teórica Prática Total 34h/a 34h/a Docente da Disciplina Nome Responsável ou Auxiliar Tempo de dedicação 1. EMENTA DA DISCIPLINA Introdução do aluno no conhecimento da Língua Espanhola. Desenvolvimento da competência de operar criativamente com dados de uma língua estrangeira moderna a serem armazenados no decorrer do curso. Hierarquizar e correlacionar informações sob domínios da Língua Espanhola. Conhecimento básico de gramática aplicada à leitura e produção de textos. 2. OBJETIVOS Ao final do curso, o aluno deverá ser capaz de: * aplicar corretamente as formas de tratamento formal e informal, com as respectivas concordâncias; * desenvolver a habilidade de leitura, isto é, entender, interpretar, retirar o sentido do texto; * conhecer e aplicar estratégias de leitura para facilitar, aprimorar e levar a um domínio satisfatório o potencial de leitura aluno-leitor; * dominar pontos gramaticais essenciais para a escritura e tradução de pequenos textos; * ter consciência da língua materna e como ela pode ser útil para entendimento de uma língua estrangeira; * manter uma conversa de curta duração; * pronunciar corretamente os fonemas da Língua Espanhola (x) Aulas expositivas (x) Aulas práticas 3 . METODOLOGIA DE ENSINO Estratégias ( ) Iniciação à pesquisa (x ) Estudo dirigido (x) Aulas teóricas práticas/Demonstrativas ( ) Seminários (x) Preleção dialogada (x) Discussão em pequenos grupos (x) Leituras programadas ( ) Estágios supervisionado ( )Discussão caso clínico/anátomo- (x) Outras clínico/patológico Recursos Audio-Visuais (x) Quadro negro (x) TV / Vídeos / Filmes (x) Retro-projetor (x) Textos (x) Projetor de diapositivos ( ) Projetor de Lâminas (x) Outros 4. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO O processo de avaliação será contínuo e cumulativo e estará dividido em: 35 pontos – avaliação na última ultima semana de abril de 2008; (avaliação individual). 35 pontos – avaliação na ultima semana de maio de 2008; (avaliação em duplas). 20 pontos de trabalho relacionado a países de Língua Espanhola; 10 pontos de atividades orientadas, trabalhos em sala de aula, freqüência, participação efetiva nas atividades propostas. Será considerado reprovado o aluno que obtiver, ao final do período, nota igual ou inferior a 59 pontos ou ainda aquele que não compareceu a, pelo menos, 75% das aulas dadas. O aluno será aprovado com nota igual ou superior a 60 pontos, desde que tenha comparecido a, pelo menos, 75% das aulas dadas. Estas atividades acontecem sem data marcada e não serão repetidas, salvo se solicitado avaliação substitutiva. 5. ESTRATÉGIAS DE RECUPERAÇÃO O sistema de avaliação será contínuo, considerando o processo de ensino e aprendizagem como um todo. Ao aluno que for considerado defasado em relação ao aproveitamento geral da sala será indicado leituras extra-classe com orientações individualizada. Antes do término do período letivo o aluno sem média igual a 60,0 pontos terá aula de recuperação em horário normal de aula e poderá fazer nova prova no valor de 100 pontos, considerando toda o conteúdo trabalhado no semestre bem como bibliografia indicada. O resultado final será a média da soma das avaliações antes da recuperação mais esta última nota. Na aula seguinte a cada avaliação de 35 pontos haverá uma aula de correção e comentários sobre as questões da prova, promovendo assim a recuperação de conteúdo. Data 14/02 6. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO E CALENDÁRIO DE ASSUNTOS Assunto Professor -Apresentação do curso, professor, material e proposta 21/02 28/02 06/03 13/03 27/03 03/04 10/04 17/04 24/04 08/05 15/05 29/05 05/06 12/06 19/06 26/06 03/07 10/07 de trabalho (avaliação, trabalhos, pontuação, etc). -Por que o brasileiro deve falar Espanhol? -Frases contendo “falsos amigos” (falsos cognatos); - Espanhol no mundo. -Países de fala hispânica / Mercosul -Saudações. -O que é e qual a importância da Língua Instrumental -Alfabeto (pronuncia e grafia) -Semelhanças e diferenças do alfabeto com o Português -Saudações e despedidas -Formas de apresentação (formal e informal) -Artigos definidos e indefinidos -exercícios aplicativos -texto -Configuração do texto em Língua Espanhola, com noções de Pontuação. -“La llegada em El hotel”; -exercícios de vocabulário; -“descripción física”; - exercícios de aplicação; -“Tiendas”; - exercícios de aplicação; -las profesiones” - exercícios de aplicação; -los transportes públicos; - exercícios de aplicação; -“em El a eropuerto” -exercícios; -“De viaje”; -exercícios; -“La comida”; -exercícios; -“A comer”; -exercícios. -“em La cocina”; - exercicios -Resumo dos conteúdos e revisão para a 1ª primeira avaliação; -1ª Avaliação -“El ócio”; -exercícios; - 2ª Avaliação escrita (trabalho em grupo) -Correção das avaliações, feedback do curso; -término das aulas, entrega das notas; 7. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. AGUIRRE B., TOMÁS J.M., LARRU, J. TRATO HECHO. Español en los negócios, nivel elemental. Madrid, SGEL, 2001. 2. ESTEBAN, GEMMA G; DIAS-VALERO, JAVIER.L; CAMPOS, SIMONE N. Conexión: curso de español para profesionales brasileños. Madrid: Ambridge& Difusión, 2001. 3. FLAVIAN, E. & FERNANDEZ, G. E. Dicionário esp./port. – port./esp., São Paulo: Àtica 4. HOYOS, BALBINA L. F. Diccionario de falsos amigos. Español/portugues Portugues/Español. São Paulo: Interprise,1999. 8. BIBLIOGRAFIA SECUNDÁRIA 1. HERMOSO, ALFREDO G. Conjugar es fácil en Español de España y de América. Madrid: Edelsa, 1996. 2. REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Diccionario de la Lengua Española. Madrid: Editorial Espasa Calpe 2 vol, 1996. 3. BELTRÁN, B. A. (1994) EL Espanõl por profesionesa: Servicios Turísticos. Madri: SGEL, 2001. 4ª edição. 9. OBSERVAÇÕES ____________________________ Responsável pela Disciplina Aprovado no Departamento em _____/_____/_____ ________________________ Chefe do Departamento Nota da autora da dissertação: Reconheço que o texto apresenta algumas inadequações gráficas, que podem ser erros de digitação, e que foram mantidos. No entanto, optei por alterá-las nos fragmentos utilizados nas análises. PLANO DE ENSINO - ANO 2008 Curso Série Disciplina Departamento TURISMO 6º Período Língua Espanhola II TURISMO Teórica 30h/a Nome Semestral [X] Carga Horária Prática 08h/a Docente da Disciplina Responsável ou Auxiliar Anual [ ] Total 38h/a Tempo de dedicação - 1. EMENTA DA DISCIPLINA Introdução do aluno no conhecimento da língua espanhola. Desenvolvimento da competência de operar criativamente com dados de uma língua estrangeira moderna a serem armazenados no decorrer do curso. Hierarquizar e correlacionar informações sob domínios da língua espanhola. Conhecimento básico de gramática aplicada à leitura e produção de textos. 2. OBJETIVOS Ao final do curso, o aluno deverá ser capaz de: * aplicar corretamente as formas de tratamento formal e informal, com as respectivas concordâncias; * desenvolver a habilidade de leitura, isto é, entender, interpretar, retirar o sentido do texto; * conhecer e aplicar estratégias de leitura para facilitar, aprimorar e levar a um domínio satisfatório o potencial de leitura aluno- leitor; * dominar pontos gramaticais essenciais para a escritura e tradução de pequenos textos; * ter consciência da língua materna e como ela pode ser útil para entendimento de uma língua estrangeira; * dominar o vocabulário relativo à área de Turismo; * pronunciar corretamente os fonemas da Língua Espanhola. 3 . METODOLOGIA DE ENSINO Estratégias (x) Aulas expositivas ( ) Iniciação à pesquisa (x) Aulas práticas (x) Estudo dirigido (x) Aulas teóricas práticas/Demonstrativas ( ) Seminários (x) Preleção dialogada (x) Discussão em pequenos grupos (x) Leituras programadas ( ) Estágios supervisionado ( )Discussão caso clínico/anátomo-clínico/patológico (x) Outras Recursos Audio-Visuais (x) Quadro negro (x) TV / Vídeos / Filmes (x) Retro-projetor (x) Projetor de diapositivo s (x) Outros (x) Textos ( ) Projetor de Lâminas 4. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO O processo de avaliação será contínuo e cumulativo e estará dividido em: A pontuação do aluno, no total de 100, será dividida da seguinte forma: 35 pontos – avaliação na última semana de setembro de 2008; (avaliação individual). 25 pontos- atividade em sala na última semana de outubro de 2008 (avaliação em duplas); 25 pontos para apresentação de costumes e cultura de países de fala espanhola; 15 pontos de atividades orientadas, trabalhos em sala de aula e freqüência Será considerado reprovado o aluno que obtiver, ao final do período, nota igual ou inferior a 59 pontos ou ainda aquele que não compareceu a, pelo menos, 75% das aulas dadas. O aluno será aprovado com nota igual ou superior a 60 pontos, desde que tenha comparecido a, pelo menos, 75% das aulas dadas. 5. ESTRATÉGIAS DE RECUPERAÇÃO Tendo em vista o sistema continuado de avaliação, da mesma forma, a recuperação será implementada durante o processo por meio de entrevista individual com o aluno que for considerado defasado em relação ao aproveitamento geral da classe, e solicitação de tarefas complementares ou sínteses pessoais dos conceitos estudados para verificação do nível de compreensão e do envolvimento com a disciplina. Serão aplicadas duas atividades de recuperação qualitativa durante o semestre, não havendo possibilidade de alteração na nota já obtida pelo aluno. 6. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO E CALENDÁRIO DE ASSUNTOS Data Assunto Professor -Reapresentação do curso, professor, material e proposta de trabalho (avaliação, trabalhos, pontuação, etc). -Reafirmação da importância da Língua Instrumental; 05/08 -Revisão do conteúdo gramatical: -Alfabeto (pronuncia e grafia) Revisão oral; 12/08 19/08 -Semelhanças e diferenças do alfabeto com o Português; -Saudações e despedidas (Revisão); -Formas de apresentação (formal e informal); - Exercícios de aplicação; -Artigos definidos e indefinidos -exercícios aplicativos e de revisão - Saudações escritas: expressões usadas para começar uma carta, formal e informal; 02/09 -Vocabulário comum em agências de Turismo: funciones, tipos; - Exercícios de aplicação; -Los departamentos de un hotel; -Exercícios de vocabulário; 09/09 -Perfiles profissionales; -Planilha de un Hotel; -Ofertas de trabajo; 26/08 16/09 23/09 30/09 07/10 14/10 -Aquisição de léxico específico da área de turismo; - Exercícios de aplicação; -Revisão dos conteúdos para a avaliação; -Avaliação individual valendo 35 pontos; -Correção da avaliação no quadro, discussão dos erros com a sala; - Vocabulário e estruturas comunicativas sobre paises hispanohablantes (Mercosul); - El Ócio; - Interpretação textual: textos diversos ligados a Turismo - Revisão dos conteúdos para a avaliação; -Avaliação escrita em duplas; -“El español en el mercado turistico”; 11/11 -Exercícios de vocabulário; - Textos diversos ligados ao léxico de Turismo 18/11 - Exercicios de vocabulário; - Textos diversos ligados ao léxico de Turismo 25/11 - Exercicios de vocabulário; - Apresentação do trabalho 02/12 - Apresentação do trabalho; 09/12 - Encerramento das atividades, entrega de trabalhos e atividades, 16/12 entrega das notas; 7. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. AGUIRRE B., TOMÁS J.M., LARRU, J. TRATO HECHO. Español en los negócios, nivel elemental. Madrid, SGEL, 2001. 21/10 28/10 04/11 2. ESTEBAN, GEMMA G; DIAS-VALERO, JAVIER.L; CAMPOS, SIMONE N. Conexión: curso de español para profesionales brasileños. Madrid: Ambridge& Difusión, 2001. 3. Espanhol mais fácil para falar. São Paulo: Larousse, 2003. 8. BIBLIOGRAFIA SECUNDÁRIA 1. HERMOSO, ALFREDO G. Conjugar es fácil en Español de España y de América. Madrid: Edelsa, 1996. 2. REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Diccionario de la Lengua Española. Madrid: Editorial Espasa Calpe 2 vol, 1996. 9. OBSERVAÇÕES O aluno que obtiver 60 (sessenta) ou mais pontos cumulativos e 75% (setenta e cinco por cento) ou mais de freqüência da carga horária prevista para a disciplina será considerado aprovado. Não será concedida oportunidade de recuperação sob a forma de exame final e nem sob a forma de prova de segunda época ao aluno que não alcançar a nota mínima e/ou a freqüência obrigatória para a aprovação. ____________________________ Responsável pela Disciplina Aprovado no Departamento em _____/_____/_____ ________________________ Chefe do Departamento Nota da autora da dissertação: Reconheço que o texto apresenta algumas inadequações gráficas, que podem ser erros de digitação, e que foram mantidos. No entanto, optei por alterá-las nos fragmentos utilizados nas análises. 125 ANEXO E PUC MINAS – POÇOS DE CALDAS Curso de Turismo – Disciplina: Espanhol EMENTA Prática de leitura e compreensão de textos na língua espanhola. Estudo das estruturas gramaticais de nível básico. Aquisição e aplicação de vocabulário técnico específico da área. OBJETIVOS OBEJETIVOS GERAISDemonstrar ao aluno a relevância dos conhecimentos de língua espanhola para sua atuação profissional. Familiarizar o aluno com o espanhol escrito, de modo a capacitá- lo a compreender e interpretar textos diversos relacio nados com sua área de estudo específica. Dotar o aluno de estratégias de enfrentamento de textos em língua espanhola, incorporando a concepção de que leitura em língua estrangeira pressupõe, simultaneamente, ativação de conhecimentos culturais prévios e domínio das estruturas da segunda língua. Refletir sobre o alcance e utilidade de instrumentos de consulta, como dicionários e gramáticas na aquisição da compreensão de leitura. OBJETIVOS ESPECÍFICOS- Identificar o espanhol escrito como modalidade com estruturas próprias, eventualmente distintas das do português; - Compreender e interpretar os textos apresentados de modo a que as estratégias praticadas possam ser utilizadas em quaisquer outros contextos de leitura; - Adquirir um repertório lexical recorrentes nos textos específicos da área de estudo; - Iniciar-se na gramática do espanhol escrito; MÉTODOS DIDÁTICOS- Leitura de textos em classe e em casa, privilegiando estratégias de inferência de estruturas e vocabulário desconhecidos; - Exercícios individuais e coletivos de fixação de vocabulário e apreensão de estruturas gramaticais; - Exercícios convencionais de gramática; - Audição de textos falados, especialmente músicas e spots publicitários; - Pesquisas orientadas na internet; - Elaboração de periódico bilingue com temas relacionados ao turismo; PLANO DE ENSINO DE DISCIPLINA I- Apresentação da disciplina; II- Semelhanças e diferenças entre o espanhol e o português: *falsos cognatos; *variações consonantais comuns; *variações vocálicas co muns; III- Estruturas gramaticais básicas: *artigos; *pronomes; *conjugações verbais; IV- Espanhol aplicado ao turismo: *textos técnicos de turismo; *vocabulário específico da área; BIBLIOGRAFIA- GONZÁLEZ HERMOSO, Alfredo; CUENOT. J.R.; ALFARO, M. Sánchez. Curso práctico gramática de español lengua extranjera: normas, recursos para la comunicación. 3.ed. Madrid: EDELSA, 1997. 271P. ISBN 8477110727 (Documento enviado por um aluno desta IES, que foi aluno do curso técnico de Turismo Rural da Escola Técnica Limassis, em Delfim Moreira) OBS: segundo a coordenação do curso de turismo da PUC houve uma nova formulação junto ao MEC no curso de turismo, fazendo com que algumas matérias fossem tiradas da grade curricular e outras tiveram um corte no número de aulas, fazendo assim com que o curso diminuisse de 4 anos para 3 anos. Infelizmente uma das matérias muito importantes como o espanhol foi tirado do curso, agora temos que correr atrás do prejuízo. (Observação escrita pelo mesmo aluno que enviou o plano de ensino)