CAMPANHA DO ADVENTO – ANO B SEREMOS LUZ Diocese de Coimbra Departamento Espiritualidade/Liturgia PRÓLOGO Mais um ano, o SDEC faz uma proposta de vivência do Tempo do Advento para as crianças e adolescentes das nossas catequeses, assim como para a restante comunidade. Trata-se duma forma de sintonizar com a grande «Catequese da Igreja» que é o Ano Litúrgico, com o seu ritmo e o enfase da celebração dos mistérios e tempos mais significativos. Não deixa de ser também uma forma de purificar o Natal de tudo aquilo que o degenera do seu sentido e significado mais profundos e que é evidente aos olhos de todos. Ao afirmar a centralidade do Nascimento de Jesus, no meio de tantas outras imagens e histórias que o pretendem substituir em outros «natais», pretende-se recuperar este acontecimento central da fé cristã e viver toda a esperança que ele consigo traz. Não será difícil seguir as indicações que se propõem nesta «campanha» nem executar ou concretizar as actividades que lhe dão forma prática. As reflexões às leituras que acompanham cada semana, são um contributo para ajudar os catequistas e outros a aprofundarem a mensagem que é proposta. Elas foram inspiradas em alguns autores como P. Juan Jáuregui, P. Luis Betés e P. Amaro Gonçalo. O restante foi fruto da criatividade de quem a construiu e da proposta espanhola da CCS, para o presente ano. Entretanto, se assim for conveniente para as comunidades, pode-se optar só por fazer a «coroa do advento», devendo ser as crianças a construírem as velas progressivamente ao longo deste tempo; ou optar pela «constelação das estrelas», com a mesma preocupação. Era importante também que algo da «campanha» fosse sinalizado na celebração dominical de cada comunidade, ou nos «Ritos iniciais» ou após a «homilia», ou ainda no momento de «acção de graças». No entanto, o SDEC sabe das dificuldades que muitas comunidades possuem de pôr em prática este tipo de «campanhas», umas vezes por falta de condições a vários níveis, outras vezes por não haver quem faça! Contudo, não deixa de exortar todas e cada uma das Paróquias, a partir do grupo de catequistas, que dinamize este tempo, tendo em conta a proposta feita, adequando-a à realidade concreta. Mais do que uniformidade, interessa que este seja mais um sinal de unidade e vitalidade, promovido pelas Catequeses paroquiais, numa perspectiva sempre nova de evangelização. Por fim, resta agradecer à Helena Barreiros e à Maria Celeste Castelhano que reflectiram e forjaram esta ideia, orientando-a para que fosse acessível e disponibilizada para todos os que a queiram aproveitar. No final deste guião, estão indicados os seus emails para o esclarecimento de possíveis dúvidas. Os serviços do SDEC estão também sempre disponíveis para auxiliar em qualquer circunstância, desde que contactados previamente. Marcado este ano pastoral pelo ritmo da «Caridade», recordemos a reflexão dum Padre da Igreja, afirmando que «o cristão, pelo seu testemunho e estilo de vida, deveria ser capaz de fazer brilhar a «luz» da caridade, pois como aconteceu com os Magos, os outros segui-los-ão até Jesus. Com efeito, no meio de tantas «estrelas» cadentes que nos levam a lado nenhum que, neste Natal e no tempo que o prepara, brilhemos para que muitos, dos que nos rodeiam, possam viver esse encontro com o Salvador do mundo, o Deus Menino nascido em Belém. P. Rodolfo Leite 1. INTRODUÇÃO REFLEXIVA Estamos a pouco tempo de comemorarmos a data que celebra um importantíssimo acontecimento dos tempos: o nascimento de Jesus. Neste tempo de Advento, há sentimentos misturados pairando no ar. Pessoas que vão e vêm pelas ruas, preocupadas apenas com os presentes que irão oferecer aos filhos, pais, parentes ou amigos. Outros, porém, sofrem nesse dia a perda irreparável de entes queridos que não irão estar presentes nas comemorações, esquecendo-se de que a vida é eterna e que só morremos realmente, quando deixamos de acreditar nos nossos sonhos. Alguns sofrem por estarem longe de seus filhos, pais ou irmãos que estão distantes. Há aqueles que sofrem por não terem condições financeiras para oferecer aos filhos o tão esperado presente de Natal, e talvez nem mesmo possuam dinheiro para comprar um alimento para ser servido à mesa no dia de Natal. E o verdadeiro sentido desta data, onde entra? Onde fica a lado caritativo do Natal? Jesus não veio ao mundo para que seu nascimento fosse comemorado com bens materiais. Jesus veio ao mundo para que nossa visão de vida ganhasse um novo sentido de esperança. Veio ensinar-nos a deixar de lado nosso egoísmo; veio ensinar-nos o amor ao próximo, mas não aquele amor que só ama os que realmente estão próximos a nós. Isso é fácil! Jesus veio ensinar-nos que devemos estender a nossa visão para além daquilo que conseguimos enxergar. E existe muito, muito mesmo o que se vê. Há pessoas que se preocupam demais com coisas que vistas pelo lado espiritual, perdem a sua importância. Jesus veio pregar o amor, a compreensão, o desapego, a caridade e a solidariedade. Amor que se deve estender a todos os seres vivos. Desapego aos bens materiais, porque ao nascer não trazemos nada nas mãos, a não ser o desejo de aprender e crescer espiritualmente. E ao partir levamos apenas as nossas experiências de vida. Solidariedade e caridade para com o irmão necessitado do pão para seu corpo sim, mas muito mais do pão para sua alma. E essa solidariedade e caridade, não devem ser praticadas apenas no decorrer das festividades de Natal e Ano Novo. Devem ser postas em prática a vida inteira, assim como Jesus nos ensinou. Pessoas existem que se confraternizam nesta época do ano, se perdoam mutuamente das ofensas trocadas, apertam as mãos, abraçam-se, cantam, bebem e riem juntos. Mas no dia seguinte, quando a vida volta ao normal, todas as promessas são esquecidas e cada qual retoma sua vida e os seus propósitos dissolvem-se no ar como o fumo. O mesmo egoísmo volta a dominar suas vidas. O Natal é uma data bonita que deve ser comemorada com a alma, com alegria, com amor. Jesus nasceu com o objectivo claro e único de dar a vida por nós, para nos salvar. Vamos procurar mostrar-Lhe que o seu sacrifício não foi em vão. Vamos procurar fazer deste Natal não apenas mais uma data em que trocaremos presentes, abriremos champanhe e brindaremos junto dos nossos mas, sim, uma data de renovação dos nossos propósitos de vida e de renascimento interior. É o que se propõe em mais esta caminhada do Advento, onde, em cada Domingo vamos abrir o nosso coração para uma atitude de ajuda e compreensão dos nossos irmãos em Cristo, da nossa família, dos nossos colegas de escola ou de trabalho. Com este propósito conseguido, poderemos então dizer que anunciamos a verdadeira alegria da vinda de Jesus, o Verbo Divino que se fez Carne para nos salvar com o Seu amor gratuito, incondicional e dirigido a todos e a cada um de nós. A PROPOSTA DESTA CAMPANHA TEM COMO OBJECTIVOS: Reflectir sobre o mistério da encarnação de Jesus e levar a todos a alegria da Sua vinda, neste tempo tão necessitado de amor e solidariedade. Iniciar a construção da constelação da alegria com uma estrela de esperança em cada um dos domingos do Advento. A iluminação do céu será coadjuvada pela colocação de velas (uma em cada domingo) que representarão o compromisso caritativo e de oração comunitária. Celebrar o Natal do Senhor Jesus na perspectiva da sua essência de fraternidade e luz. Proporcionar aos Gaiatos mais um momento de partilha, de alegria e de vivência cristã concreta. Anunciar ao “mundo” a Boa Nova da vinda de Jesus, enquanto oportunidade de renovação espiritual e pessoal, com ênfase especial no domingo da Epifania. CONCRETIZAÇÃO PRÁTICA: A Ursa Maior, constelação mais conhecida por todos, “oferecerá” a sua configuração para estabelecermos a caminhada. Na sala de catequese será feita, semanalmente, a reflexão do Evangelho, com orientação disponível no guião. O grupo com a responsabilidade da preparação das leituras da Eucaristia das 11 horas, dispõe também da sugestão para a introdução e para a oração de acção de graças. Construirão ainda uma vela (nos anexos deste guião), que acompanhará a mensagem de cada domingo, a ser apresentada no momento da Admonição. Em cada semana, na catequese, será entregue uma estrela a cada criança, onde constará o propósito semanal. Esta estrela deve ser trazida para a Eucaristia de cada domingo e colocada num “céu a iluminar”, no painel alusivo à campanha e que ficará visível na igreja. Conjuntamente, será feita a partilha de bens alimentares e produtos de higiene, cujo alvo é a população da Casa dos Gaiatos (opção da Paróquia de S. José, Coimbra). Para casa, cada criança levará, ainda, logo no início do Advento, “um poster” com o desenho da constelação e deverá colorir uma estrela por semana. No Natal, colorirá o presépio e fará uma mensagem ao Menino Jesus. Na primeira catequese de 2012, a criança deverá trazer o seu “poster” colorido para que com todos possa ser feita uma “exposição” no salão polivalente, no dia da Festa da Epifania, dia em que se acolhem os Gaiatos e se faz a entrega dos bens partilhados. Este “poster” está disponível em formato A4 de modo a ser compatível com o espaço disponível, face ao potencial número de “posters” a expor. Que seja uma caminhada de renovação espiritual cheia de esperança em Jesus a LUZ da LUZ 2. MEDITAÇÕES E SUGESTÕES PARA A OPERACIONALIZAÇÃO Inspiradas em Juan Jáuregui; Luis Betés, Amaro Gonçalo PRIMEIRA SEMANA – LUZ DA PAZ Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!» 1. É o desejo ardente de quem espera uma luz! É a ânsia do coração inquieto, na noite escura. É um grito de alerta na alma da sentinela que aguarda, vigilante, a surpresa de uma chegada! Isaías, o profeta do Advento, vem despertar-nos o coração adormecido para o desejo mais profundo de Deus, na certeza inabalável de que Ele virá e descerá sobre nós! Como é elevado este anseio! Como é tamanha esta esperança! É o desejo de Deus, como único Redentor, que brota do nosso pobre coração caído na lama, como folha seca. É o anseio de contemplar o rosto de Deus Pai num coração desfeito. É a esperança de que o Senhor volte para nós o Seu olhar, de que volte à nossa companhia, de que Ele venha até nós! Sem este verdadeiro anseio, sem este forte desejo da vinda do Senhor, o Advento é uma oportunidade perdida. Será «outra vez Advento», mas não «Advento de novo». 2. Mas o mesmo profeta antevia já a realização do que esperava: «vós já descestes, Senhor, e perante a vossa face estremeceram os montes. Nunca os ouvidos escutaram, nem os olhos viram que um Deus, além de vós, fizesse tanto em favor dos que praticam a justiça». Sim. Ele já veio. Já mostrou a sua face. Veio há dois mil anos, na humildade da natureza humana. Com Cristo, Deus mostrou o seu rosto, fez-se ver e ouvir. Entrou no nosso mundo, tomou-o como sua casa. E com a sua vinda, foram-nos fiados e confiados todos os bens! São Paulo pôde mesmo dizer aos coríntios: «já não vos falta nenhum dom da graça, a vós que esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo» (I Cor.1,7)! 3. Mas o Senhor vem continuamente. Atravessa-se, no nosso caminho, entra na nossa vida, quantas vezes surpreendentemente, a qualquer hora da noite ou do dia, com notícias e acontecimentos, que ora nos arrasam ora nos acordam, ora nos chamam a Ele e para ele. Esta intensa Luz – que Ele é –, que dissipa as trevas, põe a claro a cegueira dos nossos falsos desejos, das nossas necessidades artificiais, das nossas luzes intermitentes. De algum modo, a luz intensa e permanente, que é Cristo e que só Ele nos traz, presta-se a alertar-nos para o aparato inútil de tantas coisas que nos encandeiam! Só com esta «luz de vigia», podemos descortinar os sinais de Deus, encontrar o essencial da vida! Que ao chegar esta Luz, Ele nos encontre na própria casa e em Paz. 4. É a casa do mundo, é a casa da Igreja, é a casa de cada um, o lugar onde esperamos activos na construção da Paz. Esperamo-lo, não preocupados com o dia e a hora, mas ocupados na tarefa que o Senhor a todos e a cada confiou: sermos luz de Paz para todos os que nos rodeiam! Vamos viver este Advento de maneira simples, a partir da nossa casa, onde tudo começa. O tempo de crise que se vive é propício a acautelar o essencial, a vigiar pela fidelidade! Que o Senhor desperte em nós este desejo, este anseio e esta vontade firme de irmos ao encontro de Cristo, nossa Luz, pelos caminhos da Paz. O desejo do coração é a nossa luz de vigia, no tempo da espera, pacificados! Por isso clamamos: Vinde, Senhor Jesus! Sede a nossa Luz. Entrai e alumiai todos os que estão em casa (Mt.5,16)! 2.1 NA SALA DE CATEQUESE (REFLEXÃO COM AS CRIANÇAS) Reflectir sobre o Evangelho, com as crianças, e tendo em conta a sua idade, sensibilizar para a atitude esperada, neste caminho do Advento, também através da história das velas, que inicia nesta primeira semana. VIGIAR: Significa estar atento para cuidar de alguém, como quando fazem connosco quando estamos doentes. Significa também preparar-se para o que vai acontecer, a fim de não sermos surpreendidos. Quando Jesus diz: «Acautelai-vos, vigiai…» quer que o nosso coração esteja em paz e que seja capaz de alargar essa paz àqueles que nos rodeiam. Assim, estaremos preparados para O receber. COMPROMISSO PARA A SEMANA 1. Pensar em palavras de paz e escrevê-las, ou desenhar, na estrela, algo que signifique a paz. 2. REZAR, TODAS AS NOITES ANTES DE DORMIR, por todas as crianças que não conhecem Jesus e, portanto não O esperam. 3. TRAZER A ESTRELA PARA A EUCARISTIA DO DOMINGO. VAMOS ILUMINAR O CÉU! 4. Partilhar algum LEITE para que todas as crianças da CASA DO GAIATO possam estar paz, sem terem fome. Para o grupo que prepara a Eucaristia Dominical, PREPARAR A ADMONIÇÃO com a leitura do seguinte texto, que acompanha a apresentação da VELA DA PAZ: Para ajudar a compreender a mensagem de Natal, em cada semana do Advento, vamos descobrir a história de quatro velas que vão ajudar a iluminar o nosso céu e nos segredam: Eram uma vez quatro velas que ardiam lentamente… a noite era tão silenciosa que se podia ouvir o que diziam entre si. A primeira vela disse: «Eu sou a luz da paz, porém sintome muito débil, pois cada vez há menos paz no mundo. Creio que me vou apagar». A chama foi enfraquecendo e apagou-se. Hoje, Jesus adverte-nos, no Evangelho, para estarmos alerta e vigiarmos. Cada um de nós deve eleger a paz e ser seu mensageiro. A paz que Jesus vem trazer ao mundo, depende também de cada um de nós. PREPARAR A ORAÇÃO DE ACÇÃO DE GRAÇAS para ser rezada em conjunto, na Eucaristia: Senhor, estás a preparar para nós o presente maravilhoso da Tua vinda! Para receber-Te bem, vou tentar ser menos revoltado e conflituoso, esforçar-me por permanecer tranquilo e ser paciente com os que me rodeiam, desde os familiares aos colegas. Apaziguarei os mais chateados e não andarei de má cara para ninguém… porque desejo que o meu coração esteja preparado para celebrar um Natal em paz. Vem, Jesus, eu estou à Tua espera! Ámen. SEGUNDA SEMANA – LUZ DO AMOR Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Está escrito no profeta Isaías: «Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, que preparará o teu caminho. Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas’». Apareceu João Baptista no deserto a proclamar um baptismo de penitência para remissão dos pecados. Acorria a ele toda a gente da região da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém e eram baptizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. João vestia-se de pêlos de camelo, com um cinto de cabedal em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. E, na sua pregação, dizia: «Vai chegar depois de mim quem é mais forte do que eu, diante do qual eu não sou digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias. Eu baptizo-vos na água, mas Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo». 1. Tão bela como oportuna, esta mensagem de Advento: “Consolai, consolai o meu Povo. Falai ao coração de Jerusalém” (Is. 40, 1-2)! É um imperativo, que soa e ressoa, como verdadeira «boa nova» (Mc. 1, 1), no vasto deserto da solidão que hoje se vive, seja no isolamento de quatro paredes sem calor humano, seja na confusão anónima das ruas e centros da cidade, em que nos tocamos e cruzamos sem nos vermos, sem chegarmos a sentir nada uns pelos outros! Mas há outras tantas formas de solidão, dos que lutam sozinhos, dos que combatem sem apoios, dos que falam sem ser ouvidos, dos que caminham pelo mundo sem estrelas nem companhia! 2. A ferida da solidão conduz hoje muitas pessoas a uma ansiedade incontrolada e a um desejo imenso de encontrar algo com que se entreter ou alguém com quem falar. Nós próprios recorremos muitas vezes, a homens e mulheres bons, para lhes expor os nossos problemas, na secreta esperança de que eles partilhem o nosso fardo, e nos libertem da nossa solidão. Criamos, por vezes, expectativas devastadoras, pois ninguém é capaz de nos responder cabalmente às nossas perguntas; nada e ninguém pode satisfazer completamente os nossos desejos e preencher inteiramente o coração! Muitos casamentos chegaram ao fim, sem que nenhum dos esposos fosse capaz de satisfazer a expectativa, muitas vezes escondida e inconfessada, de que o outro afastasse definitivamente a sua solidão. Depois, para enganarmos a solidão, inventamos vários anestésicos como a pornografia, o álcool e a diversão tonta ou irresponsável. Mas – bem o sabemos - o alívio é temporário e, por fim, voltamos a estar sós, de novo por nossa conta e risco! Só Deus, em última instância, nos pode consolar! 3. Então o que podemos fazer, com a nossa solidão, que tantas vezes assalta a nossa consciência, como uma sensação desesperada de isolamento? Não resolveríamos o problema, com uma nova compra, uma nova diversão, uma nova aventura, na amizade, no amor, no casamento? São questões difíceis, que brotam dos corações feridos. Escutando o coração, podemos começar a sentir que, ali, no meio da nossa tristeza, há alegria; que no meio dos nossos medos, corre um rio de paz. Se nos escutarmos aí, veremos então que Deus nos fala ao coração. De facto, «quem crê nunca está só»! (Bento XVI). 4. Esta estrada exigente é o nosso caminho da conversão. Em vez de fugirmos da nossa solidão e de tentarmos esquecê-la ou negá-la, havemos de protegê-la, de modo que dê frutos. Havemos de aprender a chorar, a estar de vigília, a esperar a madrugada. É algo muito duro! Precisamos de muita coragem, para entrar nesse deserto da nossa solidão, e transformá-lo num jardim de recolhimento. Acreditar que a nossa solidão esconde uma beleza desconhecida é um desafio à própria fé: o Amor. Mas só assim podemos iniciar uma vida espiritual séria. Isto é o que se chama preparar, “no deserto” (Is.40, 3), o caminho do Senhor! Trata-se de passar dos sentidos inquietos para o espírito sereno de quem ama e de quem é amado por Ele; ultrapassar os desejos de exteriorização, por uma verdadeira busca interior: «onde tu estás?». Depois sim, depois de saborearmos esse recolhimento, tornar-se-á possível uma vida nova. Ela nos libertará de falsos laços, para nos ligar a Deus e aos outros, de uma forma nova e surpreendente! Esta é a verdade que nos libertará…! 5. É nesse recolhimento profundo, que se pode descobrir a brandura e a ternura, com que se pode amar verdadeiramente os outros. Deixemos, por isso, que nos fale ao coração: Consolai. Consolai o meu Povo. Procurai mais consolar, que serdes consolados. Estai com aqueles que estão sós, no seu sofrimento, e tomai-o como vosso. Abri as portas do coração e da vida aos mais sós. Partilhai com o próximo a sua dor de solidão. Nesse sofrimento compartilhado, fazei entrar, com toda a suavidade, a luz terna do Amor. Consolai, consolai o meu Povo! Fazei da solidão, própria ou do outro, um espaço aberto à comunhão. Consolai. Acendei, assim, no coração dos outros, uma luz de presença, que brilhe já como estrela da nossa esperança! 2.2 NA SALA DE CATEQUESE (REFLEXÃO COM AS CRIANÇAS) MENSAGEIRO: Aquele que é enviado para levar e anunciar uma notícia. João Batista diz: «Endireitai as veredas…» o que significa suprimir todos os obstáculos que nos impedem de avançar e nos fazem tropeçar. Converter-se é mudar de vida com o desejo de ser melhor. COMPROMISSO PARA A SEMANA 1. Pedir perdão a Deus, na Eucaristia dominical, pelas más palavras e acções, que são os obstáculos que nos impedem de estar bem com Ele. 2. Rezar, todas as noites antes de dormir, o Acto de Contrição após o exame de consciência. 3. Trazer a estrela para a Eucaristia do Domingo. Nela deve estar escrito o nome de um amigo ou familiar, a quem amas muito. 4. Partilhar algum do nosso ARROZ para que as crianças da CASA DO GAIATO sintam que também são amadas. Para o grupo que prepara a Eucaristia Dominical, PREPARAR A ADMONIÇÃO com a leitura do seguinte texto, que acompanha a apresentação da VELA DO AMOR: A segunda vela, estava muito triste por tudo o que acabara de ouvir, e expressou-se deste modo: «Eu sou a luz do amor, mas também não tenho força para permanecer acesa, pois cada vez há menos amor no mundo». E dizendo estas palavras, a vela apagou-se… Imaginas o que sucederia se o amor deixasse de existir no mundo? João Batista adverte-nos: «Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas». Também tu podes preparar a vinda de Jesus, mudando a tua maneira de viver! Escolhe amar como ama Jesus e sê o seu mensageiro. O amor que Jesus vem trazer ao mundo, também depende de ti. PREPARAR A ORAÇÃO DE ACÇÃO DE GRAÇAS para ser rezada em conjunto, na Eucaristia: Jesus: Tu és o Filho muito amado de Deus. Tenho a sorte de Te ter como amigo. Posso confiar-Te o que me faz feliz e dizer-Te o que me entristece. Sei que me atendes porque me amas. Vou escutar os conselhos de João Batista, procurando tempo para brincar com os meus amigos ou com o meu irmão ou minha irmã. Animarei os meus amigos tristes… porque desejo ter o coração preparado para celebrar o Natal com amor. Vem Jesus, eu Te espero! Ámen. TERCEIRA SEMANA – LUZ DA CONFIANÇA Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Foi este o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram, de Jerusalém, sacerdotes e levitas, para lhe perguntarem: «Quem és tu?» Ele confessou a verdade e não negou; ele confessou: «Eu não sou o Messias». Eles perguntaram-lhe: «Então, quem és tu? És Elias?». «Não sou», respondeu ele. «És o Profeta?». Ele respondeu: «Não». Disseram-lhe então: «Quem és tu? Para podermos dar uma resposta àqueles que nos enviaram, que dizes de ti mesmo?» Ele declarou: «Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías». Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram: «Então, porque baptizas, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?» João respondeu-lhes: «Eu baptizo em água, mas no meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias». Tudo isto se passou em Betânia, além Jordão, onde João estava a baptizar. 1. O mercado organiza-se, a todo o vapor, para nos vender, no meio da crise, a poção mágica da alegria. Movimento, boas palavras, promoções antecipadas, sorrisos artificiais, em todo o tipo de «natais». Mas um passeio atento, pelo coração da «cidade» real, faz-nos ver o outro lado da rua. A rua da melancolia, de um certo desencanto e cansaço vencido. O que sobra, por aí, em prazer empacotado, vendido e comprado, faltanos em graça e alegria! 2. Espanta-nos, por isso, o tom solene e imperativo de São Paulo: «Vivei sempre alegres»! Se já nos parece tão difícil desfrutar a graça de alguns momentos de alegria, este desafio a viver sempre alegres, parece-nos uma ousadia insensata! Todavia, o Apóstolo sabia bem o que estava a dizer! Ele trazia e conhecia, no próprio corpo, as marcas de Jesus, sabia das agruras da tribulação, das dores e perigos de uma vida tão sofrida! Por certo, São Paulo estará a desafiar-nos então para uma outra alegria. Não uma alegria exterior e banal, não uma alegria superficial e divertida, a reboque dos copos da vitória ou da derrota, da sorte ou do azar, da morte ou da vida, da saúde ou da doença, da boa ou da má disposição, do sucesso ou do fracasso. Não. Tamanha alegria, que dura e perdura, para lá dos nossos humores, só pode brotar como milagre da graça, na nossa alma vazia que apenas sabe confiar! 3. Significativamente, na primeira leitura, aparece este hino de louvor: «Exulto de alegria por causa do Senhor, minha alma rejubila, por causa do meu Deus» (Is.61.10). Numa palavra: “a verdadeira fonte da alegria é a certeza de sermos amados por Deus, com um amor apaixonado e fiel, um amor maior que as nossas infidelidades e pecados, um amor que perdoa” (Bento XVI). Sim, é Deus a causa única da nossa alegria. Toda a alegria que se dá fora dele ou sem Ele, não satisfaz. Pelo contrário, arrasta a pessoa para um redemoinho no qual não pode estar verdadeiramente contente. Nenhuma alegria resiste sempre, se vier a apoiar-se em coisas que, de repente, nos podem ser tiradas ou destruídas. Ao dizer «vivei sempre alegres», Paulo diz-nos: «Alegra-te sempre, porque Deus te ama sempre! A grande alegria vem do facto de existir este grande Amor de Deus, por ti. Tu és alguém que és indefectivelmente amado (a), criado e redimido por Ele. E isto está estabelecido para sempre!» Esta é realmente «a Boa Nova», que nos enche da perfeita alegria! É uma alegria que existirá e subsistirá, mesmo nas circunstâncias de uma vida difícil. Aliás, só este fio de alegria torna possível atravessarmos com serenidade, coragem, grandeza e confiança, os momentos mais obscuros do coração e da vida. Precisamos desta alegria de viver, que só a fé nos pode dar! 4. Se a fé nos introduz nesta Confiança do amor de Deus, que permanece e prevalece, sobre todas as coisas, então é urgente revestir de alegria a nossa fé! Sente-se, hoje, entre os cristãos, um bafo de tristeza, uma triste monotonia, sintomas de um certo cansaço da fé e de pouca confiança n’Ele. Ora a fé que se vive na confiança só pode gerar alegria de vida! Uma fé sem alegria, é como uma vela apagada, uma vida sem confiar. Sem a alegria, não há luz, no teu olhar! Ora “a candeia do teu corpo são os teus olhos. Se os teus olhos estiverem sãos, todo o teu corpo estará iluminado. Examina, pois, se a luz que há em ti não é escuridão. Se todo o teu corpo está iluminado, todo ele será luminoso, como quando a candeia te ilumina com o seu fulgor” (Lc.11,34-36). 5. A Madre Teresa afirmava: “Não há melhor maneira de manifestar a nossa gratidão a Deus e aos homens do que aceitar tudo com alegria. Um coração ardente de amor, é necessariamente um coração alegre”. Por isso, não deixemos nunca que a tristeza se apodere de nós, ao ponto de te fazer esquecer a alegria de Cristo, que nasceu e deu a vida por nós. Continuemos a confiar em Jesus e darmo-nos aos outros, pelo amor que nos une a Ele. Que a nossa força não seja outra, que a alegre confiança em Jesus. Vivemos felizes e em paz. Aceitemos tudo o que Ele dá, e demos-Lhe tudo o que ele toma de nós! 2.3 NA SALA DE CATEQUESE (REFLEXÃO COM AS CRIANÇAS) TESTEMUNHA: Diz-se daquele que assistiu a um acontecimento ou que ouviu alguma coisa e o comunica a outras pessoas. Em grego, testemunha diz-se “martirios”, donde vem a palavra mártir. No Evangelho, Jesus compara-Se à luz e o Seu nome MESSIAS, que em aramaico (idioma de Jesus) se aplica a Jesus Cristo para indicar que é o Filho, bendito por Deus, o Salvador esperado. Essa mesma palavra, em grego, significa “Cristo” o mesmo que dizer “ungido com o santo óleo”. COMPROMISSO PARA A SEMANA 1. Apoiar alguém que não tenha amigos para que possa ter confiança na tua aceitação para com essa pessoa. 2. Rezar, todas as noites antes de dormir, pelos que vivem sós e sem o apoio de ninguém. 3. Trazer a estrela para a Eucaristia do Domingo. Escreve nela o teu compromisso de dizeres a verdade. 4. Partilhar MASSAS OU ENLATADOS para que as crianças da CASA sintam que as apoiam e podem confiar no futuro. DO GAIATO Para o grupo que prepara a Eucaristia Dominical, PREPARAR A ADMONIÇÃO com a leitura do seguinte texto, que acompanha a apresentação da VELA DA CONFIANÇA: A terceira vela, disse: «Eu sou a confiança. Mas agora já não sou indispensável, já não sirvo para nada! Não conheço muita gente que creia em Deus… Portanto, não faz sentido que eu continue a iluminar por mais tempo». E, ao terminar de falar, apagou-se com um suspiro. Imaginas o que sucederia se não existisse a confiança no mundo? Deus tem confiança em João Batista. Ele enviou-o para preparar a vinda de Jesus. Como João Batista, podes vir a ser um mensageiro da confiança. A confiança que deve existir no mundo, também depende de ti. PREPARAR A ORAÇÃO DE ACÇÃO DE GRAÇAS para ser rezada em conjunto, na Eucaristia: Senhor Deus, Pai de Jesus: Estou impaciente para celebrar o Natal. Tu escolheste alguns profetas, como Isaías e João Batista, para preparar o caminho de Jesus. Tinhas uma grande confiança neles e protegeste-os com todo o Teu amor. Também eu desejo ouvir os outros e mostrar-lhes que podem contar comigo… Senhor Deus, Pai de Jesus, ajuda-me a continuar a tua cadeia de amor e de confiança. Ámen. QUARTA SEMANA – LUZ DA ESPERANÇA Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo; bendita és tu entre as mulheres». Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?» O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível». Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra». 1. David sonhou construir um grande palácio, uma digna moradia, para nela guardar, com toda a segurança, a arca da aliança, a arca de Deus! Mas o Senhor falou ao profeta Natã e trocou as voltas a David! Pelo que se vê, o coração de David e o coração de Deus andavam «de candeias às avessas»! Na verdade, David imagina que a glória de Deus se há-de manifestar na exuberância das riquezas! E Deus escolherá sempre o caminho da simplicidade e da pobreza! O Rei pensa já na madeira de cedro para o Templo. Deus espera ainda encontrar um lugar, no coração da débil carne humana! David procura pedras preciosas para uma bela moradia. E Deus prefere construir uma morada de pedras escolhidas. David tem pressa em «guardar» Deus na própria casa, como relíquia preciosa. E Deus há-de armar a sua tenda e viver entre os homens. David tem pressa de realizar a sua obra, antes ainda de morrer! Deus tem todo o tempo do mundo e sabe que os frutos da vida virão para lá da sua morte. David é assim figura do Homem, apostado e apressado em cumprir o seu programa! Ao contrário, Deus realizará, no silêncio paciente dos séculos, o seu desígnio de amor! Há, sem dúvida, entre David e Deus, um conflito de interesses! O programa dos homens, nem sempre anda afinado com o projecto de Deus! Deus e David, Deus e Homem, de candeias às avessas! 2. Bem diferente é a sinfonia e a sintonia entre Deus e a criatura humana, naquele belíssimo quadro evangélico da Anunciação a Maria! Deus vem ao encontro desta pobre filha de Israel, pedir humildemente o consentimento livre da criatura humana. Deus quer entrar nela, como em sua própria casa, “como a luz do sol pela vidraça”. E quando vem, Maria lá está. Habitada por Deus, porque está sempre onde Deus está. Há entre Deus e Maria, uma plena sintonia, de pensamentos, de palavras e de desejos, como se em Maria transluzisse, em toda a sua transparência, a luz e a beleza de Deus. Maria só pensa numa coisa, só diz uma palavra, só conhece um desejo: cumprir a vontade de Deus! Diante deste Deus, que se propõe assim encarnar no seu seio, a Virgem Maria não impõe, nem negoceia um programa já definido. O seu programa é mesmo o de não ter programa nenhum, é simplesmente o de cumprir a vontade de Deus, estar disponível inteiramente para as surpresas do Seu mistério. Maria sabe que Deus não a chama para realizar o que tem na cabeça! Deus chama-a para realizar, o que pede o coração de Deus! E ambos querem o mesmo. Nessa sintonia do coração, faz-se Luz. E Maria, a digna morada do Altíssimo, dará à luz a Luz de Deus! Este é o berço da esperança cristã. 3. Talvez fosse, para nós, mais fácil aceitar este Jesus e reconhecê-lO como Filho de Deus, se a Sua manifestação fosse estrondosamente potente ou prepotente. Mas Deus quis vencer a soberba da nossa inteligência, fazendo-se homem, sendo menino. Na debilidade de um Menino, Deus não se impõe; a sua vinda apela mais ao nosso coração, interpela, como a Maria, a nossa decisão livre de aceitar o Seu amor! Por isso, o mistério de Deus feito homem continuará a ser um desafio para a fé e para a esperança, a partir do que Deus quer e não dos apetites que possuímos. 4. Estamos às portas do Natal, porventura com alguns projectos ainda em mente, ou em carteira, dos quais provavelmente Deus não tomará parte! Que Maria nos leve a uma íntima e sincera busca da vontade de Deus, mesmo quando esta põe em crise os nossos projectos pessoais, porque perdemos a esperança! Que Maria nos prepare, no silêncio do coração, para sonharmos ao ritmo da esperança, como ela viveu! Que Ela nos ensine a arrumar cuidadosamente a casa, a preparar um lugar, a adornar o coração, para aí Deus poder nascer e habitar! 2.4 NA SALA DE CATEQUESE (REFLEXÃO COM AS CRIANÇAS) ANJO GABRIEL: Mensageiro de Deus para revelar os seus projectos ao ser humano. Gabriel significa em hebraico “Deus é a minha fortaleza”. DAVID: Significa “amado por Deus”. JOSÉ: Quer dizer “Deus faz crescer a minha descendência”. JESUS: Significa “Deus salva”. Com este nome descobres que Deus O enviou para salvar todos os homens. No Evangelho, Lucas narra o acontecimento da Anunciação. Maria, fica sobressaltada e receosa, mas tem uma grande confiança em Deus. Se a vontade de Deus é que ela traga Jesus ao mundo, então está de acordo, por isso responde com um sim. Maria aceita o projecto de Deus. COMPROMISSO PARA A SEMANA 1. Escrever uma mensagem de esperança para alguém que esteja triste ou doente. 2. Rezar, antes de dormir, uma Avé Maria por aqueles que não fazem a vontade de Deus. 3. Trazer a estrela para a Eucaristia do Domingo. Escreve nela o teu compromisso de fazeres a vontade de Deus. 4. Partilhar PRODUTOS DE HIGIENE para que as crianças da CASA DO GAIATO sejam voluntariosas a cumprir as orientações de quem as cuida. Para o grupo que prepara a Eucaristia Dominical, PREPARAR A ADMONIÇÃO com a leitura do seguinte texto, que acompanha a apresentação da VELA DA ESPERANÇA: Subitamente entra um menino e viu as três velas apagadas… Porque estão apagadas? Têm que estar acesas!» E dizendo isto, o menino começou a chorar. Então a quarta vela disse: «Não chores pequeno; enquanto arde a minha chama, poderemos dar vida às minhas três irmãs, porque eu sou a esperança… mas preciso de ti para que brilhe de novo a paz, o amor e a confiança». Cheio de alegria, o menino pegou na vela da esperança e com a sua chama acendeu as outras três velas. PREPARAR A ORAÇÃO DE ACÇÃO DE GRAÇAS para ser rezada em conjunto, na Eucaristia: Senhor, escolheste Maria para ser a mãe de Jesus, e confiaste os dois a José. Como Maria e José, eu Te digo SIM, porque sei que também sou um teu filho amado. Quero fazer parte do Teu projecto e crescer na paz, no amor e na esperança. Senhor, estou preparado e cheio de esperança. Vem, eu Te espero. Ámen. NATAL DE JESUS – LUZ DA LUZ Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Lucas Quando os Anjos se afastaram dos pastores em direcção ao Céu, começaram estes a dizer uns aos outros: «Vamos a Belém, para vermos o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer». Para lá se dirigiram apressadamente e encontraram Maria e José e o Menino deitado na manjedoura. Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que os ouviam admiravam-se do que os pastores diziam. Maria conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração. Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado. 1. Num dos anúncios dos anos anteriores, em época natalícia, acerca dum produto de bebé, lia-se “O Natal é a maior festa do mundo”. Com efeito, para além do produto que se queria vender, é verdadeira a afirmação. Pelo clima que o caracteriza, o Natal é uma festa universal! Mesmo sem o olhar da fé, como não sentir, nesta celebração cristã anual, algo de tão extraordinário e transcendente, algo de tão íntimo e tão comovente, que fala ao coração de todos os homens e mulheres de boa vontade? Basta pensar que o Natal é a festa que canta o dom da vida! Ora, o abraço de um recém-nascido suscita normalmente sentimentos de atenção e de prontidão, de comoção e de ternura, ou não fosse um bebé a expressão mais tocante da «dependência» total: nove meses de escuridão no seio materno, as fraldas, a higiene diária repetida, a chupeta, a alimentação, os cuidados médicos, o frio, o gatinhar, o soletrar e a aprendizagem gradual das palavras. Só o amor é capaz de sustentar a sua carência radical! 2. Estamos, diante de um acontecimento histórico, que São Lucas situa num contexto muito preciso: nos dias em que saiu o decreto do primeiro censo de César Augusto, quando Quirino já era governador da Síria (cf. Lc. 2, 1-7). Esta é uma noite, datada historicamente, na qual se verificou um acontecimento de salvação, que Israel esperava há séculos. Na escuridão da noite de Belém, há um «anúncio» e acendeu-se realmente uma grande luz: o Criador do universo fez-se Carne, fez-se pessoa, unindo-se indissoluvelmente à natureza humana, até ser realmente «Deus de Deus, luz da luz» e ao mesmo tempo homem, «verdadeiro homem»! 3. Um recém-nascido, que chora numa gruta miserável! Pensai: Deus sujeito a isto! Será digno de Deus tornar-se assim uma criança indefesa? Numa cultura orgulhosa de si própria, quase achamos normal que Deus se faça Homem. Mas não assim, ao tempo do nascimento de Jesus. A simples hipótese de Deus se revestir da carne humana, era muito mal vista, quer pela cultura grega, que desprezava o corpo como miserável, quer pelos judeus, para quem a ideia do Deus Altíssimo habitar no meio de nós, era um escândalo de todo insuportável. Todavia, na gruta de Belém, Deus revela-se, como humilde «infante», vencendo assim a nossa presunção intelectual. Talvez nos tivéssemos rendido mais facilmente, frente ao poder ou frente à sabedoria deste mundo! Mas Deus não quer a nossa rendição; ele não nos esmaga com a potência ou prepotência de uma falsa divindade; antes apela ao nosso coração e à nossa decisão livre de aceitar o seu amor por nós. 2.5 NA SALA DE CATEQUESE (REFLEXÃO COM AS CRIANÇAS) MANJEDOURA: Recipiente, normalmente de pedra, que contem a comida para os animais. PASTORES: Cuidavam das ovelhas no campo para depois as venderem na cidade. Eram pobres e analfabetos. As pessoas da cidade não os aceitavam e não se abeiravam deles. Jesus nasceu em Belém, muito longe de Nazaré, aldeia onde viviam Maria e José. Não teve um berço, mas sim um manjedoura cheia de palha. Jesus vem também para os mais pobres, os que vivem distantes de suas casas, os que são rejeitados como os pastores do seu tempo. Hoje não há muitos pastores, porém há muitas pessoas que são rejeitadas… Durante quatro semanas, as velas mostraram o caminho da paz, do amor, da confiança e da esperança. Foi como que a preparação de um presépio para acolher Jesus. COMPROMISSO PARA A SEMANA 1. Contar, em família, a história do nascimento de Jesus e a história das quatro velas. 2. Rezar, antes de dormir, a oração de boas vindas a Jesus. O seguinte texto, que pode ser lido na Eucaristia do dia de Natal, se planeado atempadamente (este ano o Natal é num Domingo): Todos nós, maiores ou mais pequenos, somos algo parecidos com as velas que fomos apresentando nas Eucaristias do Advento. Muitas vezes, temos necessidade de alguém que nos ajude a conservar acesa a nossa chama. Na noite de Natal, fazemos muitas vezes o propósito de sermos melhores, de pensarmos mais naqueles que precisam de amor, de pão para comer, de brinquedos, de casa para morar, de saúde, etc… Podemos fazer com que o Natal não dure só um dia, mas sim que se prolongue por todo o ano, acolhendo e ajudando os que precisam do nosso gesto de ajuda, de escuta, de carinho, de orientação… que hoje simbolizamos com a luz verdadeira de uma vela. ORAÇÃO DE ACÇÃO DE GRAÇAS para ser rezada em conjunto, na Eucaristia: Que magnífico dia! Feliz aniversário, para Ti, Jesus! Porque me preparei, este Natal será diferente. Vou lembrar-me do significado das velas apresentadas, em especial da vela do amor, que hoje me trouxeste de modo mais carinhoso, através do Teu nascimento. O meu coração está cheio de alegria, de paz e de esperança. Este é o meu presente para Ti! DOMINGO DA EPIFANIA – LUZ DO ANÚNCIO Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Mateus Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho. 1. Voltemos então ao princípio: «O Natal é a maior festa do mundo. Dê-lhe uma estrela”! E que «Estrela» poderíamos oferecer ao Natal, para que seja de Cristo? Podia ser a «Estrela do Anúncio», que luz e produz a alegria de passarmos a ser amados, para vencermos as correntes frias do nosso tempo e da nossa vida?! Podia até ser a «Estrela do Anúncio» ousado e corajoso, que luz, mas não deixa de se inclinar, na humildade, silenciosamente, no serviço aos mais pequenos do mundo e da sociedade! Uma Estrela assim irá reencaminhar, com sentido novo, a mensagem já por todos sabida e recebida: Deus habita no meio de nós…! 2. Mas isto tudo ou por si só, não basta para assimilar plenamente o valor da festa do Natal e de outro «Anúncio» que ele comporta. Nós celebramos um acontecimento central da nossa história: Deus fez-se Homem. Este recém-nascido é o Filho de Deus! Não nos limitamos a comemorar o nascimento de um grande personagem; não celebramos, em abstracto, o mistério do nascimento do Homem ou, em geral, o nascimento da vida; muito menos celebramos o princípio de uma grande estação! No Natal, recordamos algo de essencial para a fé cristã, uma verdade. 1.1 NA SALA DE CATEQUESE (REFLEXÃO COM AS CRIANÇAS) MAGOS: Investigadores astrólogos muito respeitados nos seus países. PASTOR DE ISRAEL: Jesus, que com a sua humildade revestida de um cuidado extremo, iria apresentar-Se como a salvação do povo de Israel, dando vida à aliança com Deus. ADORAR: Gostar muito, ser apaixonado. PROSTRAR: Inclinar-se até ao chão, em sinal de adoração e respeito. PRESENTES: Jesus recebeu dos Magos: ouro que se oferecia aos reis; incenso com que se honravam os deuses e mirra uma substância que se usava para embalsamar os defuntos, representando o anúncio da Paixão de Cristo. Os Magos perceberam todas estas condições existentes em Jesus: um rei; um Deus e um homem comum. COMPROMISSO PARA A SEMANA 1. Anunciar a alegria de conhecerem Jesus. 2. Vir à Festa da Epifania e trazer o cartaz que pintaram durante o Advento para a exposição no Salão Polivalente. NA SALA DE CATEQUESE (na 1ª catequese após as férias) Reflectir com as crianças e tendo em conta a sua idade, sobre o Evangelho e a vivência do Natal, em família, realçando a mensagem de amor e de esperança que Jesus traz ao mundo, em cada ano que se comemora o seu nascimento. Falar também sobre a necessidade de anunciar essa alegria a todos. Para o grupo que prepara a Eucaristia Dominical, PREPARAR A ADMONIÇÃO com a leitura do seguinte texto, que acompanha a apresentação da VELA DO ANÚNCIO: Os pastores foram os primeiros a receber a Boa Nova do nascimento do Salvador. Porém, essa notícia não chegou ao palácio de Herodes, que era rei. A palavra de um pastor não era tida em conta. Por isso, uns ilustres e misteriosos personagens seguiram uma estrela que anuncia o nascimento de um novo rei. Os Magos prostram-se diante de um recém-nascido, tornando-se mais pequenos que Jesus. Mudaram totalmente o seu estatuto e sentiram-se felizes. É esse o convite feito também a cada um de nós: Sermos anunciadores de Jesus. PREPARAR A ORAÇÃO DE ACÇÃO DE GRAÇAS para ser rezada em conjunto, na Eucaristia: Jesus, que eu seja sempre o teu presente, através das minhas boas acções. Que sempre Te considere como o rei e o Deus do meu coração, que tão bem entendes como ser humano, que por vezes tem falhas. Quero ser capaz de não Te desiludir nas mais pequenas coisas através das quais possa anunciar-Te! UMA BOA CAMINHADA ANEXOS CONTRIBUTOS PARA: 1. A construção das velas da coroa de Natal 2. Poster da caminhada na constelação da alegria 3. Estrela modelo, na última página da Introdução, se desejarem construir o céu estrelado (constelação da alegria) VELA DA PAZ – 1º Domingo VELA DO AMOR – 2º Domingo VELA DA CONFIANÇA – 3º Domingo VELA DA ESPERANÇA – 4º Domingo VELA DO ANÚNCIO – Epifania ADVENTO DE 2011 SEREMOS LUZ NOME ________________________________ ANO DE CATEQUESE _____________________ CATEQUISTA(S) ________________________ CONTACTOS PARA QUALQUER ESCLARECIMENTO ADICIONAL [email protected] [email protected]