ROSEMERI VECHI DA SILVA E SILVA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DO TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA: UM ESTUDO DE CASO Artigo apresentado ao curso de pósgraduação em Psicologia da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do Título de Especialista em Psicopatologia e Psicodiagnóstico. Orientador: Profa. MSc. Cibelle Antunes Fernandes. Brasília 2010 Ao meu amado e querido companheiro, pelo seu infindável apoio. Em realidade, não é o objetivo do Diagnóstico Psicológico catalogar o sujeito nem enumerar os elementos constitutivos de sua personalidade, mas por meio de uma descrição dinâmica, em que a etiologia do quadro também seja considerada, buscar uma compreensão efetiva e humana da pessoa que está à nossa frente e / ou ao nosso lado. Odette Lourenção van Kolck 5 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DO TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESQUIZOTIPICA: UM ESTUDO DE CASO ROSEMERI VECHI DA SILVA E SILVA Resumo: O presente trabalho tem por objetivo descrever e caracterizar a dinâmica singular do funcionamento mental de um indivíduo, cujo sofrimento psíquico está associado a hipótese diagnóstica de Transtorno da Personalidade Esquizotípica, por meio de estudo de caso e segundo o método clínico compreensivo. Desta forma, esta pesquisa apresenta os indicadores psicodinâmicos relativos à história de vida, imagem corporal, relação com o meio, personalidade enquanto emoções internalizadas e externalizadas, condições intelectuais, capacidade de adaptação e controle afetivo, impulsivo e emocional do caso estudado. O sofrimento psíquico se caracteriza por grave patologia egóica, com repercussões no funcionamento adaptativo, depressão e intensa angústia. Porém, apesar da patologia, o caso apresenta uma atividade psíquica representacional e, portanto, uma atividade do pensamento, que permite uma luta constante para manter a integridade do ego, o que é comum nos casos de Transtorno da Personalidade Esquizotípica. Este estudo pode ser útil como apoio ao desenvolvimento de generalizações de critérios diagnósticos relacionado à psicopatologia em questão , assim como à clinica individual. Palavras-chave: Transtorno da Personalidade Esquizotípica. Psicodiagnóstico. Indicadores Psicodinâmicos. 1 INTRODUÇÃO Este estudo procurou centrar-se na análise da dinâmica do funcionamento mental por meio da singularidade de um caso clínico com hipótese diagnóstica de Transtorno da Personalidade Esquizotípica (TPE). É nosso propósito distinguir certas condutas psíquicas traduzidas no processo de psicodiagnóstico, que poderão servir de apoio ao desenvolvimento de generalizações de critérios psicopatológicos para futuros estudos e pesquisas, assim como à clinica individual da patologia em questão. Para uma maior compreensão do funcionamento psíquico no Transtorno da Personalidade de forma geral, faz-se necessário uma breve revisão de conceitos acerca da personalidade. Na visão psicodinâmica, derivada da teoria psicanalítica de Freud, a personalidade consiste numa ordenação consciente e inconsciente e de constantes conflitos das estruturas psíquicas, entendidas em referência à segunda tópica freudiana como: ego, superego e id. Esta ordenação se configura ao longo da vida e ao longo do alcance e da realização de determinadas etapas do desenvolvimento psicoemocional, por meio dos elementos metapsicológicos, tais como: a angústia organizadora, as modalidades de relação objetal predominantes, as técnicas defensivas mais intensas e o grau de desenvolvimento egóico e pulsional (VAISBERG & MACHADO, 2000). Para Bergeret (1988, p. 107) a estrutura de personalidade é "... modo de organização permanente mais profundo do indivíduo, aquele a partir do qual se desenrolam os ordenamentos funcionais ditos ‘normais’, bem como os avatares da morbidade." A partir deste 6 conceito, o autor faz uma discussão entre estrutura de personalidade, caráter e sintomatologia. A estrutura de personalidade é apresentada como a organização estável dos elementos metapsicológicos, enquanto o caráter é o funcionamento manifesto e não mórbido da estrutura. Nesta discussão, a sintomatologia é apresentada como o modo de funcionamento mórbido da estrutura, que se dá pela descompensação dos fatores internos e externos de conflitualização com os variados mecanismos de defesa e adaptação. A personalidade é definida, também, como uma composição dos aspectos relacionados à constituição corporal, ao temperamento e ao caráter. Segundo Dalgalarrondo (2000), a constituição corporal comporta um conjunto de propriedades morfológicas, metabólicas, bioquímicas e hormonais transmitidas ao indivíduo, principalmente pelos mecanismos genéticos e determinam alguns aspectos do indivíduo, tais como: sua aparência física, o perfil de seus gestos, sua voz, o estilo de seus movimentos, tendo influência sobre as suas experiências psicológicas O temperamento, de acordo com este autor, é o conjunto de particularidades psicofisiológicas e psicológicas inatas e é determinado por fatores genéticos ou constitucionais precoces, produzidos por fatores endócrinos ou metabólicos e refere-se aos aspectos afetivos e conativos da personalidade. Já o caráter seria a soma de traços de personalidade, expressa no modo básico do individuo reagir perante a vida, caracterizando os aspectos cognitivos da personalidade. A personalidade é um tema complexo, pois é estruturada por múltiplos fatores que abrangem a continuidade ou descontinuidade de características ao longo do tempo e está relacionada à adaptação ao meio, a forma de agir no mundo, podendo configurar, na sua forma ou intensidade, uma dimensão de normalidade ou patologia. Na dimensão da patologia, observam-se os Transtornos da Personalidade que são variações extremas da normalidade que causam prejuízo ao funcionamento do indivíduo, má adaptação social e sofrimento subjetivo. Os transtornos relacionados à personalidade são crônicos, geralmente se originam na infância, continuam na fase adulta e afetam todos os aspectos da vida. Transtorno de Personalidade é definido pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV - TR, 2002) da seguinte forma: Um Transtorno da Personalidade é um padrão persistente de vivência íntima ou comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é invasivo e inflexível, tem seu início na adolescência ou começo da idade adulta, é estável ao longo do tempo e provoca sofrimento ou prejuízo. (DSMIV-TR, 2002, p 641) Neste sentido, o individuo que sofre de Transtorno de Personalidade desenvolve um modo peculiar, mal adaptativo e inflexível de perceber, relacionar-se e pensar sobre o ambiente e sobre si mesmo, o que causa prejuízo funcional ou sofrimento subjetivo significativo. Geralmente o Transtorno se manifesta nas áreas da cognição, afetividade, funcionamento interpessoal e controle dos impulsos. O DSM-IV - TR (2002) descreve o Transtorno de Personalidade em três grupos com base em semelhanças descritivas. O Grupo A é o da “singularidade” ou “excentricidade” e compreende os Transtornos da Personalidade Paranóide, Esquizóide e Esquizotípica. O grupo B é o das pessoas que se mostram “dramáticas”, “emotivas” ou “imprevisíveis”; inclui os Transtornos da Personalidade Anti-Social, Boderline, Histriônica e Narcisista. O grupo C é o da “ansiedade” e do “medo”; abrange os Transtornos da Personalidade Esquiva, Dependente e Obsessivo-Compulsivo. O Transtorno da Personalidade Esquizotípica, objeto de nosso estudo, pertence ao Grupo A, que se refere a “singularidade ou a excentricidade”. Refere-se também ao transtorno do espectro esquizofrênico e é considerado uma psicopatologia derivada dos traços e sintomas da esquizofrenia. Para Holmes (1997) trata-se de um transtorno marginal, por 7 apresentar uma sintomatologia congruente com a sintomatologia da esquizofrenia, porém com intensidades menores. Os sintomas positivos na esquizotipia estão associados com a excentricidade na fala e no comportamento, com experiências incomuns, bem como, um fácil engajamento em pensamentos intuitivos e mágicos. Os sintomas negativos estão voltados para anedonia, avolição, ausência de amigos íntimos, embotamento afetivo e isolamento social. Do ponto de vista psicodinâmico, o Transtorno da Personalidade Esquizotípica é decorrente de um desenvolvimento do ego fragmentado muito precocemente, com graves prejuízos no sentido do self. Os elementos metapsicológicos são caracterizados por relações objetais primitivas, representações mentais empobrecidas, distorções no pensamento, angústia intensa, geralmente decorrentes de traumas precoces e técnicas de defesa deficitária. (GABBARD et al., 2007) Atualmente, o Transtorno da Personalidade Esquizotípica é definido pela Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10, 2003) como Transtorno Esquizotípico (F21), caracterizado por um comportamento excêntrico, anomalias do pensamento e do afeto que se assemelham àquelas da esquizofrenia, mas os sintomas não são suficientemente severos para justificar o diagnóstico de esquizofrenia. A sintomatologia pode comportar: afeto frio ou inapropriado; anedonia; comportamento estranho ou excêntrico; retraimento social; idéias paranóides ou bizarras sem que se apresentem idéias delirantes autênticas; ruminações obsessivas; transtornos do curso do pensamento e perturbações das percepções; períodos transitórios ocasionais quase psicóticos com ilusões intensas, alucinações auditivas ou outras e idéias pseudo delirantes, ocorrendo em geral sem fator desencadeante exterior. O DSM-IV - TR (2002) reforça que o Transtorno Esquizotípico é uma patologia da personalidade cuja característica essencial é um padrão invasivo de déficits sociais e interpessoais, marcado por agudo desconforto e reduzida capacidade para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico. Este padrão começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos. A manifestação clínica do Transtorno da Personalidade Esquizotípica consiste muitas vezes em: idéias de referências, sem a convicção delirante; crenças estranhas ou “pensamento mágico”, alterações da percepção e o discurso com construções idiossincráticas, sendo freqüentemente desconexo, digressivo ou vago, porém sem um real descarrilamento ou incoerência. O paciente pode apresentar desconfiança, podendo ter ideação paranóide. É nítida a incapacidade para lidar com afetos e a interação com os outros se dá de maneira inadequada, rígida ou constrita. Excentricidade com maneirismos incomuns e modo desleixado de vestir-se também são características, assim como a ansiedade social intensa, que não diminui com a familiaridade (CID-10, 2003). Segundo o DSM-IV - TR (2002), cerca de 30 a 50% dos indivíduos diagnosticados com este transtorno têm um diagnóstico concomitante de Transtorno Depressivo Maior, quando admitidos em um contexto clínico. Também é comum a existência de co-ocorrência de outros Transtornos da Personalidade como Esquizóide, Paranóide, Esquiva e Borderline. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Esquizotípica estão mais propensos a terem sintomas tipo psicóticos persistentes que podem piorar sob estresse. O Transtorno da Personalidade Esquizotípica ocorre em aproximadamente 3% da população geral (DSM-IV - TR, 2002 ), sendo mais comum no sexo masculino. Sabe-se relativamente pouco sobre as causas do Transtorno de Personalidade Esquizotípica. Estudos sobre família, gêmeos e adoção indicam uma maior prevalência do transtorno entre os parentes de pessoas com esquizofrenia, revelando tanto uma carga genética quanto uma influência ambiental (BARLOW e DURAND, 2008). Apesar da vasta manifestação clínica referente ao Transtorno da Personalidade 8 Esquizotípica, os indivíduos portadores do transtorno dificilmente buscam tratamento, o que diminui as possibilidades de estudos e pesquisas para uma maior compreensão da manifestação e condição do transtorno (GABBARD et al., 2007). Em função do que foi exposto, o psicodiagnóstico de um caso de Transtorno da Personalidade Esquizotípica torna-se relevante para contribuir com o estudo da patologia e seu diagnóstico. Para a psicologia uma das formas de se avaliar e estudar a personalidade é através do psicodiagnóstico. De acordo com Cunha (2000), o psicodiagnóstico é um processo que busca identificar no funcionamento psicológico suas forças e fraquezas, focando na existência ou não de psicopatologia. O psicodiagnóstico, na sua forma científica, consiste em um levantamento prévio de hipóteses que serão confirmadas ou não, através de passos predeterminados, com objetivos precisos e duração limitada. Nesses passos, integram-se a aplicação de técnicas e testes psicológicos com a finalidade de entender a dinâmica da personalidade do indivíduo. O psicodiagnóstico é finalizado com a comunicação de resultados. Este estudo tem como objetivo descrever e caracterizar o funcionamento psicológico no Transtorno da Personalidade Esquizotípica, a partir do psicodiagnóstico de um caso com sintomatologia diversa e de difícil compreensão. A avaliação realizada indicou hipótese diagnóstica de Transtorno da Personalidade Esquizotípica. De forma mais específica, este trabalho visa analisar e definir os indicadores psicodinâmicos relativos à história de vida do caso estudado, a representação da imagem corporal, sua relação com o meio e a personalidade enquanto: emoções internalizadas e externalizadas; condições intelectuais; capacidade de adaptação e controle afetivo, impulsivo e emocional. 2 MATERIAL E MÉTODOS O método utilizado nesta pesquisa é o qualitativo na modalidade de estudo de caso, a partir da realização de um psicodiagnóstico dentro do contexto do método clínico compreensivo. O método clínico compreensivo foi cientificamente fundamentado por Trinca (1983), que busca uma visão global e significativa da personalidade e dos pontos nodais do desenvolvimento do individuo, por meio da compreensão da dinâmica psíquica, intra familiar e sociocultural, utilizando-se de referenciais múltiplos, para explicar os vários pontos que integram a subjetividade humana. Os instrumentos para o diagnóstico de tipo compreensivo são definidos a partir das necessidades geradas no processo, com a finalidade de maior elucidação e compreensão do caso. Neste processo foram utilizados os seguintes instrumentos: Entrevistas clínicas, Técnica Projetiva de Desenho: Casa, Árvore e Pessoa (HTP), Mini-Exame do Estado Mental (MMSE), Escalas Beck: BHS(Escala de Desesperança Beck), BAI(Inventário de Ansiedade Beck), BDI(Inventário de Depressão Beck), BSI(Escala de Ideação Suicida Beck) e o Método de Rorschach. A pesquisa foi realizada no Centro de Formação em Psicologia Aplicada – CEFPA situado no Térreo do Ed. São Gaspar Bertoni (Bloco M), no Campus I da Universidade Católica de Brasília no primeiro semestre de 2010 e foi estruturada em seis sessões. O processo, como um todo, iniciou-se no contato com a psicóloga responsável pelo encaminhamento para esclarecimentos da necessidade e objetivo da avaliação. Em seguida, a entrevista inicial com o paciente e acompanhante, para esclarecimentos sobre o processo e devida assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecimento. O participante foi submetido à entrevista psicológica semi estruturada, que possibilitou a coleta de informações referentes à infância, adolescência e fase adulta. Em seqüência, foi aplicado o HTP com 9 análise estruturada a partir do Manual e Guia de Interpretação do HTP (Buck, 2003). Utilizamos, ainda, o Mini Exame do Estado Mental, que fornece informações sobre diferentes parâmetros cognitivos, agrupados nas categorias de orientação temporal e espacial, memória de curto prazo e evocação, calculo, praxia, e habilidades de linguagem e viso-espaciais. Para verificação de sintomas e sua intensidade, recorremos às Escalas Beck, um inventário de depressão ansiedade, desesperança e ideação suicida. Por fim, o Método de Roschach foi utilizado, com a análise segundo a escola francesa. Finalizamos o processo com a entrevista devolutiva. 2.1 SUJEITO Carlos, nome fictício, 44 anos, cursou até o 5º ano do ensino fundamental, casado, mora com a esposa e dois filhos. Compareceu a todas as entrevistas acompanhado da esposa, demonstrou-se interessado e cooperativo. Duas das entrevistas foram realizadas com a participação da esposa. Provém de uma família de Uberaba, é o segundo filho do primeiro casamento de seus pais, de uma prole de três. Sobre sua infância, recorda-se pouco, apenas que tinha alguns amigos, brigava muito e era chamado por seus colegas de “doente”. Imputa ao pai castigos inapropriados: “como se me colocasse numa senzala”. Segundo Carlos, “nasceu com problemas de saúde”, mas não soube explicar o que ocorreu, diz não ter recebido informações da mãe, pois não tinham um bom relacionamento. Seus pais se separaram quando ele estava com 14 anos e, a partir de então, passou a viver com o pai e as irmãs. Relata que sua avó oferecia apenas a casa, sem os cuidados ou preocupação com a manutenção da família. Em função disso, diz ter um “sentimento de abandono pela mãe e de maus tratos pela avó”. Passou a ficar na rua, comia comida do lixo e vigiava carros. Seu primeiro emprego foi de empacotador. Apresenta histórico de uso contínuo e intenso de álcool e outras drogas, e só cessou porque ficou com medo dos efeitos alucinógenos das drogas. Aos 26 anos foi contratado como motorista numa empresa de grande porte, trabalhou efetivamente por 10 anos e há 8 anos está de licença médica, por conta dos problemas de saúde (hipertensão e diabete). Declara que sempre sofreu de ansiedade, na adolescência buscava aliviar a angustia, usando artifícios como gritos, isolamento e até ingestão de capim. Na fase adulta passou para o uso de álcool e outras drogas, que cessou, como já dito, por medo dos efeitos alucinógenos. Descreve algumas “visões estranhas” (sic), dando uma conotação espiritual, pois via o avô e o pai após a morte. Ultimamente, segundo o próprio, essas “visões” sumiram. No entanto, evita ficar no escuro com medo de ver algo, diz que ao apagar as luzes “as coisas aparecem ou vê no rosto da esposa a imagem de um monstro”. Refere-se a um medo intenso de ser esfaqueado pelas costas. Às vezes, chega a se virar protegendo o corpo. Refere-se, também, a uma impressão de estar sendo possuído (sic). Porém, o que mais o incomoda, são seus “pensamentos ruins”, que seriam pensamentos de morte. Relata que chega a enrolar uma toalha fria na cabeça para “aliviar o tormento”. Descreve, ainda, um sentimento desagradável “de uma bola na garganta” (sic). Ultimamente chora sem motivo, associa seu mal estar ao uso continuo de medicação. Segundo sua esposa, Carlos não tem preocupações com sua aparência e higiene pessoal, ela é quem cuida dele, tendo que “ficar cobrando sua higiene, como se ele fosse uma criança”. O relacionamento com a família encontra-se prejudicado, não consegue se aproximar dos filhos, principalmente da filha. A esposa reclama dos objetos que ele recolhe na rua e do período em que gastava muito dinheiro, comprando aparelhos eletrônicos para abrir e ver o que tinha dentro. Declara estar deprimida e cansada, que precisa cuidar de tudo sozinha, sente-se insegura e temerosa ao lado do marido, pois já sofreu agressões no passado. Por exemplo, foi surpreendida por ele segurando uma tesoura em sua direção e, por ultimo, 10 acordou, no meio da noite, com ele segurando uma vela e deixando a cera quente cair sobre seu braço. Para Carlos, tudo piorou após a morte do pai, que morreu ao seu lado enquanto conversavam, não consegue esquecer a cena e acredita ter responsabilidade pela morte. Frequentemente vai ao cemitério, passa algum tempo conversando com o pai e capinando. Memorizou todos os epitáfios dos túmulos ao redor do túmulo do pai. Refere-se a humor deprimido e desesperança, porém diz ter um desejo de fazer um curso técnico em eletrônica e consertar coisas, assim como seu pai. Apresenta dificuldades sociais, prefere o isolamento, pois sente muita raiva de algumas pessoas. Diz ter medo de morrer, o que o impede de ter atividades de lazer com o filho. Expressa e apresenta sintomas de ansiedade (tremores nas mãos e sudorese). Reclama de tremores e sensações de choques nas pernas, choro involuntário e uma angústia descrita como uma “bola que sobe e desce do estomago à garganta”. Relata vivência de sadismo com animais e, no passado, de comportamento agressivo em casa e na rua. Apresenta boa aparência, porém com certo descuido pessoal. Postura encurvada, pouca capacidade de expressão facial. Baixa auto-estima e preocupação com o corpo. Em seu discurso, observa-se uma incongruência entre o tempo objetivo e a descrição de sua história, com muitas lacunas, dando uma sensação de diminuição do fluir do tempo. Não há sintonia entre o passar do tempo e o seu relato. Refere-se a distorções visuais, objetos como se estivessem distantes e a imagem de rosto deformada. Idéias de referência (ser agredido), idéia fixa (imagens mnêmicas ou falsas lembranças recorrente dos castigos da infância) e ideação suicida, estão presentes. Apresenta indícios de pensamento mágico onde o pensar segue os desígnios dos desejos, fantasias e temores adequando a realidade ao pensamento. Possui um pensamento inibido com diminuição da velocidade e de números de conceitos. Observa-se limitação na memória episódica. Possui afetividade com características de hipomodulação, pobreza de sentimentos, distanciamento e inadequação. Refere-se à anedonia e pânico. Em razão do seu funcionamento emocional e interpessoal, o examinado apresenta uma vida restrita e improdutiva. Apresenta-se em tratamento psicológico e psiquiátrico em CAPS II . Informa uso dos seguintes psicofármacos: paroxetina, carbamazepina, diazepan, tegretol e haldol. 3 RESULTADOS Os resultados são referentes aos instrumentos utilizados no processo de psicodiagnóstico composto por: Técnica Projetiva de Desenho: Casa, Árvore e Pessoa (HTP), Mini-Exame do Estado Mental (MMSE), Escalas Beck: BHS, BAI, BDI, BSI e o Método de Rorschach. 3.1 HTP Apresenta em seus desenhos indícios de uma estrutura psíquica desequilibrada e muito confusa. Funcionamento ineficiente voltado para o passado com pontos de fixação revelados nos desenhos, pobre contato com a realidade, distanciamento das relações sociais, desenvolvimento de uma vinculação patológica com familiares e imagem corporal negativa. Há um predomínio da fantasia em sua vivência, sendo essa, a fonte primária de realização. Expressa forte evitação de estímulos visuais, traçado obsessivo, sentimentos paranóicos demonstrando uma estrutura de personalidade de núcleo psicótico. O sentimento de inadequação, necessidade de se manter afastado do contato social e seu potencial agressivo 11 são fortemente ressaltados em seus desenhos. Apresenta dificuldade em controlar os impulsos do seu corpo. No entanto, mantém preservado alguns mecanismos de controle neurótico. Por exemplo, há forte atuação de mecanismo de defesa neurótico obsessivo, que pode ser observado em seus traços precisos. Verifica-se pouca flexibilidade, negativismos e intransigência. O desenho revela ausência de estimulação calorosa e saudável, pouco contato afetivo e falta de modelo de autoridade. A expressão da afetividade está voltada para o distanciamento, rejeição, hostilidade e relacionamentos patológicos. Foi possível observar traçados característicos de desesperança, ansiedade, ambiente percebido como ameaçador e hostil e um desejo intenso de ocultar ou disfarçar os conflitos íntimos. Apesar dos desenhos apresentarem uma gestalt preservada, na fase do inquérito, sua fala traz as distorções perceptivas que demonstram uma projeção direta do mundo interno e sua intensa luta para manter a integridade do ego. 3.2 MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL (MMSE) Preservada a capacidade de orientação temporal e espacial. Capacidade preservada de memória de curto prazo e atenção, porém limitação na capacidade de evocação. Compreensão da linguagem verbal preservada. Limitação na capacidade de cálculos matemáticos complexos. Prejuízo na linguagem escrita e apraxia construcional. O escore nesta avaliação foi de 25, num total de 30, considerado normal em função de ter uma escolaridade inferior ao 9º ano do ensino fundamental. De modo geral, as funções mentais superiores estão preservadas. 3.3 ESCALAS BECK Inventário de Depressão Beck – BDI pontua 45, sem considerar o item perda de peso, em função da Diabete, nível grave de depressão. Inventário de Ansiedade Beck – BAI o nível de intensidade da ansiedade foi considerado grave. Escala de Desesperança Beck – BHS escore de desesperança de 17, nível grave. Escala de Ideação Suicida Beck – BSI, na triagem apresenta uma atitude voltada para o desejo de morte, apresenta ideação suicida, no teste pontua que tem feito alguns preparativos para cometer suicídio, mas não está muito certo de sua coragem. Essa avaliação indica presença de sintomas de depressão com ideação suicida, desesperança e ansiedade. 3.4 ANÁLISE DO MÉTODO DE RORSCHACH A análise do método do Rorschach comporta indicadores referentes às condições intelectuais, à capacidade de adaptação, ao controle afetivo, impulsivo e emocional juntamente com a avaliação qualitativa do teste, relacionados abaixo: 12 3.4.1 Condições Intelectuais O examinando apresenta produção normal, indicando capacidade produtiva (R=21). Do ponto de vista da organização do pensamento, apresenta indício de lentificação (T/R=53'',T.m.r=47'') que pode estar relacionada a organicidade ou processos depressivos. Tem uma visão de conjunto, porém a capacidade de síntese encontra-se prejudicada pelo afeto (G=19%, seguidos de determinantes FE e G Confabulada). O contato com a realidade está presente, porém de forma concreta e percebida como ameaçadora. Tenta controlar a situação ansiogênica, preocupando-se com as minúcias, no entanto não é bem sucedido, pois sua capacidade de crítica está prejudicada (F+=42%), com elevação de Dd que marcam uma invasão fantasmática difícil de conter, seguidos de determinantes ClobF, F-, FE e EF. A desorganizante invasão do imaginário também é constatada nas respostas K em (H). A capacidade de crítica, de rotular com precisão e de atenção estão afetadas, aparecendo indícios de patologia do ego (F+=42%). O controle geral sobre os dinamismos psíquicos não está funcionando, aparece controle intelectual mais frouxo, mais vulnerável, indivíduo dominado pelos afetos e impulsos (F=33%). Os aspectos disfuncionais de rigidez e defensivos da inteligência são reflexos da confusão ideativa e dos problemas de ordem emocional (D%= 57%;Dd=23%;FE=1; EF=5; ClobF=2). Há falha do pensamento lógico, com integrações inadequadas (combinação confabulatória, lógica autista). Existe incoerência e tendência à dispersão do pensamento (A=38%). Predomina a inteligência do tipo prática. A patologia do ego interfere negativamente na capacidade intelectual. 3.4.2 Capacidade de Adaptação A capacidade de adaptação à diversidade de situações de vida está prejudicada: a adaptabilidade intelectual está alterada (Ban=1); o sentido de realidade está presente (D+57%), contudo com vivências de ameaça e tendência à dispersão do pensamento (A%=38; IR=2, (H) = 8, com conteúdo sinistro). O contato social é difícil (FC=0). O contato humano profundo e a capacidade de se identificar com o humano estão prejudicados (H=0). A autoconfiança está ausente, aparece tristeza, visão de mundo pessimista e tendência à angústia (FE=5, EF=1). Potencialidade de realização prejudicada por confusão ideativa. Busca o envolvimento e confirmação do examinador em função de sentimentos de insegurança e dependência. A presença de impulsividade e angústia excessiva limita ainda mais o processo adaptativo. 3.4.3 Controle Afetivo, Impulsivo e Emocional Demonstra imaturidade afetiva, com grande dificuldade de reagir de forma adequada FC<CF+C (0:1). O examinado registra tipo vivencial introversivo, ou seja, a expressão afetiva voltada para o mundo interior, tende mais a imaginar do que agir (K:ΣC= 3:1). No entanto, está em desacordo com o interesse pelo ambiente indicando gravidade de conflito psíquico enfrentado pelo examinando (RC%= 47%). Esse resultado revela que ele tem interesse pelo ambiente imediato, mas tem se fechado para o mesmo enquanto atitude consciente. O controle interno das emoções demonstra certo equilíbrio (K:Kan+Kp= 3:2). Conta, ao seu favor, a presença de respostas E, que podem atenuar a impulsividade, o problema é que os conteúdos são carregados de vivências de angústia que levam à inibição motora e ao fechamento (ΣC:ΣE= 1:5.5, presença de respostas ClobF). 13 3.4.4 Avaliação Qualitativa Os fenômenos especiais denotam os traços mais regressivos do teste. Foram encontrados os seguintes fenômenos: conteúdos mórbidos e sinistros, ênfase nos olhos, envolvimento, combinação confabulatória, ilusão de semelhança, choque ao branco, diminuição da consciência de interpretação, anulação da consciência, verbalização de relação, resposta par, cena animal, perseveração de conteúdo, desvitalização, gesticulação, movimento Klein, lógica autística, atenção ao centro e auto referência. O choque ao branco suscita uma atitude ambivalente perante a figura feminina, podendo sugerir uma identificação com a figura feminina defendida pelo mecanismo de defesa de formação reativa. Ilusão de semelhança=4 características associais que projetam sobre o meio suas próprias dificuldades e que tendem a atribuir ao outro sua própria culpa, que combinado com perseveração pode indicar uma projeção paranóide. A freqüência de conteúdos mórbidos revela depressão, mas também está associada à perversidade. O conteúdo sinistro, representando 38% das respostas, combinado com a autoreferência e a diminuição e anulação da consciência de interpretação estão presentes em função da percepção distorcida da realidade com acento em ideações persecutórias. Os elementos persecutórios são reforçados por Dd percebidas de maneira inabitual, no interior da prancha e movimento Klein, associadas a engramas de má qualidade formal, com ênfase nos olhos, denunciam angustia fóbica, assim como representam um núcleo psicótico da personalidade e tendência a comportamentos bizarros. O examinando apresenta dificuldade de descriminar o eu-não eu e confunde fantasia e realidade, implica a diminuição do contato com a realidade (diminuição da consciência de interpretação=2), assim como, apresenta a perda absoluta do senso de juízo da realidade, comum em psicóticos, denunciado diante do comportamento de anulação da consciência de interpretação e auto-referência, considerando o que está representado na prancha como real. 4. DISCUSSÃO Os resultados da avaliação apontam para o diagnóstico do Transtorno da Personalidade Esquizotípica. De uma forma geral, os testes revelam um Transtorno Depressivo Maior concomitante, possibilidade descrita pelo DSM-IV. Com relação aos indicadores relativos à história de vida do caso estudado como: poucas lembranças afetivas da infância, relacionamento familiar empobrecido e marcado por episódios de brigas e separação, bem como um funcionamento social e ocupacional prejudicados pela presença de ansiedade. O HTP evidenciou um desenvolvimento de ego fragmentado, com pontos de fixação no passado trazendo prejuízos ao desenvolvimento do self. Mecanismo de defesa deficitário, com poucas estruturas defensivas atuantes, demonstrando apenas certo controle do tipo obsessivo. Afetividade prejudicada por sentimentos de hostilidade e rejeição no passado. Tais indicadores parecem corroborar com as observações de Gabbard (2007), com relação a fragmentação precoce do ego de um tipo associado a estados esquizofrênicos. O protocolo de Rorschach traz uma discussão maior sobre os indicadores psicodinâmicos que argumentam a favor do transtorno estudado. A personalidade, enquanto emoções internalizadas e externalizadas é apresentada com predomínio de elementos psicóticos caracterizados por: frágil manutenção do controle intelectual sobre o meio externo, (F=33%, K=3); baixa percepção da realidade a que estão integradas as demais pessoas, 14 revelada na freqüência insignificante de respostas populares e lógica autista; falta de identificação e fragilidade de representação de si, com representação do humano em (H) e figura encapuzada. No que se refere às condições intelectuais, apesar da produção normal e uma visão de conjunto, observa-se pouca capacidade de síntese, concretude do pensamento, prejuízo no contato com a realidade percebida de forma ameaçadora. A capacidade crítica é deficitária abrindo espaço para uma desorganizante invasão imaginária, reforçando indícios de patologia do ego. Percebe-se pouco controle intelectual tornando o individuo vulnerável, dominado pelos afetos e impulsos. Predomina a inteligência tipo prática. A alteração do pensamento é fortemente identificada na presença de conteúdos mórbidos e sinistros, anulação da consciência de interpretação, perseveração de conteúdos, ênfase em conteúdos como olhos e presença de face, indicando sentimento de culpa e suspeitas paranóicas. A capacidade de adaptação é prejudicada por vivências de ameaça e tendência à dispersão do pensamento. Encontra-se grande dificuldade de contato social, ausência de autoconfiança, tristeza e pessimismo. A presença de angústia excessiva limita potencialmente o processo adaptativo. Com relação à afetividade, observa-se tipo vivencial introversivo, com grande dificuldade de reagir de forma adequada FC<CF+C (0:1). Os resultados revelam certo interesse pelo ambiente imediato, porém com uma postura de fechamento e isolamento consciente. Os indicadores relativos ao controle dos afetos apontam uma manutenção do equilíbrio (K:Kan+Kp= 3:2), que apesar de apresentar certo controle interno possibilitando uma ponderação ao impulso (K=3:Kan=1+Kp=1), identifica-se na presença de ClobF=2, uma angustia que provoca regressão tanto de pensamento como da afetividade, que impedem o pensamento de se desenvolver de um modo livre das contaminações e regulam toda sua conduta afetiva, intelectual e adaptativa. A presença do ClobF numa personalidade de núcleo psicótico leva à hipótese de instalação da psicose. 5 CONCLUSÃO A avaliação psicológica como um todo demonstra que o comportamento, o pensamento e o afeto apresentam alterações em seu funcionamento. O comportamento apresenta-se como excêntrico, com características obsessivas e tendência ao retraimento social. O pensamento não apresenta um curso coerente e está contaminado por distorções na percepção, ilusões e idéias paranóides, porém não são autenticamente delirantes. Por fim, as alterações do afeto comportam em hipomodulação do afeto, pobreza de sentimentos, distanciamento, inadequação afetiva e anedonia. A sintomatologia apresentada mostra-se condizente com os critérios descritos da CID 10 e do DSM-IV-TR- para o Transtorno da Personalidade Esquizotípica e foram sinalizados pelos instrumentos utilizados no psicodiagnóstico. Concluímos que o caso estudado com transtorno da personalidade esquizotípica apresenta indicadores psicodinâmicos sugestivos de sofrimento psíquico, com grave patologia egoica de estrutura de personalidade psicótica. Identificou-se um funcionamento lógico marcado pela invasão afetiva prejudicando a utilização dos recursos produtivos. No funcionamento afetivo predomina a vivência introversiva, marcada por elevada angústia que regula a conduta afetiva, intelectual e adaptativa. A identidade mostrou-se pouco integrada, apresentando conflitos ligados à dificuldade de diferenciação do outro. Presença de depressão em função da angustia decorrente do transtorno. Apesar da patologia, o examinado apresenta uma atividade psíquica representacional e, portanto, uma atividade do pensamento, que lhe 15 permite uma luta constante para manter a integridade do ego. Consideramos que este estudo pode ser útil como apoio ao trabalho clínico ampliando a compreensão quanto aos aspectos diagnósticos. Como perspectiva futura, esperamos a abertura de novos estudos e pesquisas para o desenvolvimento de generalizações de critérios diagnósticos que caracterizam a patologia em questão, principalmente com a utilização do Método Rorschach que se mostrou mais efetivo na pontuação dos indicadores. ASSESSMENT OF PSYCHOLOGICAL DISORDER: A CASE STUDY SCHIZOTYPAL PERSONALITY Abstract: This paper aims to describe and characterize the dynamics of mental functioning in the uniqueness of a case of diagnosis of Schizotypal Personality Disorder, through a case study of a process of psychological assessment. Thus this study presents the psychodynamic indicators relating to life history, body image, relationship with the environment, personality, emotions as internalized and externalized, intellectual conditions, adaptability and control affective, impulsive and emotional case study The data show a psychological distress, severe ego pathology, with consequences in adaptive functioning, depression, and intense anguish. However, despite the pathology, the case presents a representational psychic activity and thus an activity of thought, which allows a constant struggle to maintain the integrity of ego common in cases of Schizotypal Personality Disorder. The purpose of this study serve to support the development of generalizations of psychopathological criteria for future studies and research, as well as the individual clinical, pathology in question. Keywords: Schizotypal Personality Disorder. Psychodiagnostic. Psychodynamic indicators. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARLOW, D.H. 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