A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE EPIs NAS UNIDADES DE

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE EPIs NAS UNIDADES DE
EMERGENCIAS PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DOS
RISCOS BIOLÓGICOS
Jacineide Amaral do Santos de Santana*
RESUMO
Este é um artigo de revisão bibliográfica na qual a autora pretende descrever a importância da
utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), pelos membros da equipe de
enfermagem que trabalham em unidades de emergência, objetivando a diminuição da
exposição à esse tipo de risco através da prevenção. Haja vista, que esse setor é considerado
uma unidade de alta complexidade e com um alto fluxo de profissionais e usuários dos
serviços de saúde. Entretanto, os dados atuais da Previdência Social no Brasil, no que tange
os acidentes de trabalho, tornam relevantes a abordagem desse tema na confecção desse
trabalho, e pelo quantitativo de profissionais de enfermagem envolvidos. Estima-se que os
acidentes de trabalho pelo mau uso e/ou pela falta dos EPI causam centenas de vitimas
diariamente, tendo em vista que esses números não refletem a globalidade total, pois os
especialistas em segurança do trabalho acreditam em um número de 50% de subnotificações.
Para a realização desse estudo foram selecionados, dois livros, e diversos trabalhos
disponíveis na web, os quais foram selecionados a partir da leitura de seus resumos. Além
desses foram encontrados 10 artigos no LILACS, 06 artigos no SCIELO, duas resoluções de
Normatização do Ministério do Trabalho e Emprego. Os textos foram encontrados quando
digitado os descritores no site google acadêmico abaixo. Concluiu-se que é possível minorar
os dados de risco biológicos nesse setor para os profissionais de enfermagem com
investimento das instituições com na execução de programas de educação permanente, bem
como a conscientização coletiva dos profissionais dessa classe.
Palavras-chave: EPI em enfermagem. Riscos biológicos em enfermagem
* Pós Graduanda em Emergência em Enfermagem
Atualiza Cursos:
e-mail: [email protected]
1. INTRODUÇÃO
Os serviços de emergência hospitalar poder ser considerados como uma das áreas do hospital
com maior complexidade de assistência e com maior fluxo de atividades profissionais e de
usuários. O conceito de emergência, por mais amplo e diversificado que seja, implica sempre
em uma situação crítica como aquela em que o indivíduo entra em desequilíbrio
homeostático, por enfrentar obstáculos que se antepõem a seus objetivos de vida. Nesse setor
os profissionais de saúde necessitam de conhecimento, qualificação visando uma melhor
agilidade nos atendimentos. Com isso esse trabalho objetiva principalmente descrever a
importância da utilização dos EPI pela equipe de enfermagem na prevenção dos riscos
biológicos, bem como objetiva fomentar uma discussão sobre a responsabilidade e
conscientização das instituições de saúde e principalmente dos profissionais que atuam nesse
setor, sendo necessário a abordagem de alguns aspectos legais e normatizações já legisladas e
vigentes no Brasil. Dessa forma, todos devem ser tecnicamente capazes e habilitados no uso
de materiais e equipamentos para prestar o primeiro atendimento com segurança para si e para
o usuário do serviço.Também chamadas de Pronto Socorro, nas emergências hospitalares
chegam todo tipo de pacientes, geralmente sem diagnósticos pré-estabelecidos e confirmados,
que vem por demanda espontânea ou chegam de ambulâncias especializadas no atendimento
pré-hospitalar, sendo o primeiro contato realizado principalmente pela equipe de enfermagem.
Em virtude do dinamismo necessário e exigido nesse setor, frequentemente a assistência
direta por parte da equipe de enfermagem se faz sem o uso dos devidos dispositivos
indispensáveis para o atendimento que são os Equipamentos de Proteção Individual (EPI),
tornando o atendimento de forma mais rápida, eficaz, porém não necessariamente mais
eficiente, pois, depender das características e sintomas apresentadas pelo paciente o tempo de
atendimento é fundamental e prioritário em detrimento da biossegurança (NAZARIO ; 1999).
Apesar de o hospital ser uma instituição de promoção à saúde dos indivíduos, esse, também
pode ser causador de doenças para equipe de saúde. Virtualmente, qualquer categoria
profissional pode estar sob risco. Além disso, visitantes e outros profissionais que estejam
ocasionalmente nos serviços de saúde também podem sofrer exposições a material biológico.
No entanto, os trabalhadores da equipe de enfermagem são os que mais sofrem acidentes de
trabalho e vivenciam condições insalubres e inadequadas de trabalho. Envolvidos na dinâmica
da assistência ao paciente e focados no fazer e impulsivamente intuídos em preservarem a
vida dos paciente com risco eminente de morte, se esquecem da manutenção da sua
integridade, se expondo aos riscos pertinentes desse atendimento. Por esse motivo, se tornam
mais sucesptíveis a acidentes do trabalho e doenças ocupacionais (SIMÃO, 2011).
Há uma gama de patologias que suscetibilizam os profissionais da equipe de enfermagem à
diversos riscos ocupacionais, dente eles, físicos, químicos, ergonômicos, ambientais, porém o
risco biológico são os que mais acometem essa classe de profissionais, pois estão
constantemente e diretamente em contato com sangue e fluidos corporais. Hepatite B (HBV),
Hepatite C (HCV), Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), Tuberculose (BK), Varicela,
Herpes Zoster, Sarampo, entre outras (SPAGNUOLO, 2008).
Conforme as estatísticas observadas, a equipe de enfermagem é uma das principais categorias
sujeita a exposições a material biológico. Esse número elevado de exposições relaciona-se
com o fato de o grupo ser o maior nos serviços de saúde, ter mais contato direto na assistência
aos pacientes e também ao tipo e à freqüência de procedimentos realizados por seus
profissionais.
Baseado no exposto ate o momento é o que fomenta e motiva a confecção desse estudo, no
qual objetiva prioritariamente descrever a importância da prevenção da equipe de enfermagem
à riscos biológicos com o uso de EPI, para que dessa forma haja uma maior conscientização
por parte dos profissionais de enfermagem no uso constantes e rotineiro dos dispositivos de
segurança, bem como estimular ás instituições a realizar palestras e estratégias de educação
continuada que enfatizem a importância do uso dos EPI na prevenção de acidentes de
trabalho principalmente biológicos.
2. METODOLOGIA
A pesquisa de revisão bibliográfica foi através da busca de livros, sites e artigos relacionados
com a temática. A abordagem da pesquisa pretendeu descrever a importância da utilização
dos equipamentos de proteção individual pela equipe de enfermagem para prevenção contra
riscos biológicos nas unidades de emergência, haja vista que esse é um dos riscos
ocupacionais que mais acometem essa classe de profissionais. Essa pesquisa que tem caráter
qualitativo ainda tem como intuito demonstrar a vulnerabilidade assistencial dos profissionais
da classe de enfermagem nesse setor, através da descrição de normatizações de
obrigatoriedade pertinentes e intrínsecas na NR 06 e 32, perpassando com dados literários
históricos de relevância com o tema.
Para tanto, foram encontrados 10 no LILACS, 06 no SCIELO, duas resoluções de
Normatização do Ministério do Trabalho e Emprego. Os textos foram encontrados quando
digitado os descritores no site google acadêmico abaixo. Com isso esse trabalho será possível
criar idéias para diminuir os dados exorbitantes dos eventos e incidentes dos risco biológicos
no referido setor para os profissionais de enfermagem com investimento das instituições com
a execução de programas de educação continuada, bem como a conscientização coletiva dos
profissionais dessa classe.
3. Utilização dos EPIs pelos profissionais de saúde ( um breve histórico)
A Exposição aos fatores de riscos aos quais os trabalhadores de enfermagem estão sujeitos já
era uma preocupação em meados do século XII, na Itália, ao descrever as doenças dos
trabalhadores, citou as dermatites e a exaustão como doenças das parteiras, Essas doenças
estavam relacionadas ao trabalho das parteiras na assistência às parturientes, ficando durante
horas agachadas com as mãos estendidas. Além da postura inadequada, sofriam nas mãos os
danos causados pela irritação do contato com as estruturas institucionais. ( RAMAZZI, 1985).
Historicamente os trabalhadores da área de saúde não eram considerados como categoria
profissional de alto risco para acidentes do trabalho. A preocupação com os riscos biológicos
surgiu somente a partir da epidemia de HIV/AIDS nos anos 80, quando o Center for Disease
Control and Prevention (CDC) introduziu as “ Precauções Padrão”, enfatizando a necessidade
de todos os trabalhadores da saúde, rotineiramente, usarem luvas ao entrar em contato com
fluidos corporais (NIOCH 2000). A maioria dos casos de contaminação pelo HIV em todo o
mundo por acidente de trabalho, mais de 70% dos casos comprovados e 43% dos prováveis,
envolveram a categoria de enfermagem e de profissionais da área de laboratório
respectivamente. Os profissionais de enfermagem são responsáveis por grande parte dos
procedimentos que envolvem material perfuro-cortante nos serviços de saúde. O número de
profissionais de laboratório infectados pelo HIV, entretanto, é desproporcional ao número de
indivíduos na força de trabalho. Nos EUA, por exemplo, os flebotomistas correspondem a
menos do que 1/20 do número de profissionais das equipes de enfermagem. Outras categorias
profissionais comuns contaminadas pelo HIV foram médicos clínicos, incluindo estudantes de
medicina, responsáveis por 12% e 10% dos casos comprovados e prováveis, respectivamente,
e médicos cirurgiões e dentistas, responsáveis por 12% dos casos prováveis de contaminação,
mas por menos de que 1% dos casos comprovados (NEVES HCC, 2010) .
Ainda na década de 90, os estudiosos das repercussões do processo de trabalho na saúde dos
trabalhadores hospitalares voltaram-se também para um outro aspecto da questão: os fatores
que compõem os riscos ocupacionais a que estes trabalhadores encontram-se expostos no
ambiente de trabalho .As instituições hospitalares brasileiras começaram a se preocupar com a
saúde dos trabalhadores no início da década de 70, quando os pesquisadores da Universidade
de São Paulo (USP) enfocar a saúde ocupacional de trabalhadores hospitalares. Eles
observaram e constataram em 1971 que ocorreram 4.468 acidentes de trabalho em
estabelecimentos hospitalares brasileiros, sugerindo a necessidade de procedimentos
preventivos para o controle dos riscos ocupacionais. No entanto, a preocupação com riscos
biológicos surgiu apenas a partir da constatação dos agravos à saúde dos profissionais que
exerciam atividades em laboratórios onde se dava a manipulação com microrganismos e
material clínico desde o início dos anos 40(GOMES JR, 1974).
4.Descrição da funcionalidade dos EPI utilizados nas Unidades de Emergência, na
prevenção dos Riscos Biológicos
Dentre os diversos Equipamentos de Proteção Individual, vale ressaltar os que mais são
utilizados nas emergências para prevenção dos riscos biológicos. Vale salientar que, antes de
qualquer outra colocação classificação, cumpre esclarecer que os EPI foram concebido como
única e exclusivamente para serem adotados apenas em situações bem específicas e
legalmente previstas (GOMES JR, 1974).
Para evitar a exposição a sangue, fator que previne a transmissão de patógenos é necessário
conhecer e adotar no seu dia as medidas de Precauções Padronizadas (PPC). Neste caso é
possível reduzir o risco de expansão de agentes patógenos que causam infecções outras
transmitidas pelo sangue (NEVES HCC, 2010) .
Prioritariamente antes da colocação e manuseio de qualquer EPI, deve-se executar a lavagem
das mãos. Baseado na publicação do trabalho de Nascimento,2008 abaixo serão explanados os
EPI de uso comum e obrigatório para a prevenção da exposição aos riscos biológicos nas
unidades de emergência:
- Luvas de procedimento – são indicadas quando há possibilidade de contato com sangue e
secreções, com mucosa ou pele não íntegra. Os profissionais de enfermagem geralmente são
que primeiramente tem contato com os pacientes e são os responsáveis pela realização de
punção venosa periférica e realização de HGT, procedimento que verifica a glicemia através
do uso de uma lanceta (pérfuro-cortante) que é puncionado numa região distal do corpo,
geralmente em um dos dedos das mãos ou no lóbulo de uma das orelhas;
- Máscaras – devem ser utilizados na iminente vigência de realização de procedimentos em
que haja possibilidade de respingo de sangue ou outros líquidos corpóreos nas mucosas da
boca, nariz e os olhos do profissional, como tosses espirros;
- Capotes e aventais – são recomendados nos procedimentos com possibilidade de contato
com material biológico, inclusive superfícies contaminadas;
- Sapatos fechados - apesar de grande parte dos profissionais não se aterem a necessidade do
uso desse item por não estar diretamente relacionado com o contato direto com o paciente,
esses são fundamentais para proteção de eventuais acidentes como a queda de um perfuro
cortante em direção ao pés do profissional e também prevenindo o contato desses com locais
úmidos ou com quantidade significativa de material infectante. O uso obrigatório desse item
já faz parte, assim como os outros, do acervo de EPI catalogados na NR 32;
- Óculos de Segurança – Padronizadamente devem ser com lentes incolores e transparentes e
Podem ser utilizados para proteção dos olhos e parte da face para eventuais contatos com
secreções corpóreas e partículas voláteis. Nas unidades de emergência são comumente usados
em procedimentos de suturas, entubação orotraqual (de responsabilidade médica),e de
eventuais passagem de sondas vesicais, nasoenterais e nasogástricas, esses que são de
responsabilidade dos enfermeiros.
Vale salientar que é dever das instituições fornecer todos os EPI relacionados de forma
gratuita, bem como é dever do profissional utiliza-los durante os procedimentos.
5.A vulnerabilidade e a obrigatoriedade do uso de EPI nas unidade de Urgência e
Emergência
O numero de trabalhadores com doenças ocupacionais tem sido acentuado e cresce o número
de acidentes do trabalho até mesmo por causa da deficiência e ineficiência na capacitação e
prevenção quanto aos riscos em que estes trabalhadores estão submetidos. Preocupado com a
questão da saúde do trabalhador e as doenças ocupacionais o Ministério do Trabalho e
Emprego criou a Norma Regulamentadora (NR) 32 através da Portaria n. 485 de 11 de
novembro de 2005. Esta norma se remete à segurança no trabalho e estabelecimentos de
Saúde (CANINI, 2002).
Todavia, Marziale e Robazzi (2004) acreditam que a enfermagem é o maior grupo de
representatividade dentro do hospital e q por estar ligada diretamente ao cuidado está exposta
a muitas situações de risco, devido a falta de equipamentos ou até mesmo a negligência de seu
uso pelo próprio trabalhador na realização de procedimentos invasivos que envolvem contato
com sangue e fluidos corporais, manipulação e transporte inadequado de agulhas, seringas e
outros.
Embora, já existissem outras Normas Regulamentadoras que abordam a segurança do
trabalhador como a NR-5, a CIPA, a NR-6 na qual será abordada com pormenores mais a
frente, a NR-7 e o PCMSO, não havia uma norma específica que abordasse a diversidade dos
riscos existentes no ambiente de
trabalho dos EAS (Estabelecimentos de Assistência a
Saúde). Os profissionais eram regidos por intuição, ou seja, era necessário adotar
correlacionar entre outras leis vigentes, para se ter um funcionamento regular das instituições
de saúde ( NASCIMENTO, 2008).
A NR 32 tem a finalidade de ser implantada no serviço de saúde para tentar minimizar esses
índices preocupantes e inserir medidas de proteção á saúde e segurança dos trabalhadores na
área da saúde, entende-se esse como todo e qualquer ambiente destinado a promoção e
assistência à saúde de um determinado local (WADA, 2006).
Porém, logo após a criação da NR 6, já foi possível estabelecer legislativamente a
especificidade e obrigatoriedade do uso de EPI. A NR 6 dispõe: “[...] considera-se
Equipamento de Proteção Individual (EPI) todo dispositivo ou produto, de uso individual
utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e
a saúde no trabalho”.Via de regra, este equipamento tem de ser aprovado previamente por um
órgão competente do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e seu fornecimento é
realizado sempre de maneira gratuita, sendo os EPI obrigatórios aos empregados que dele
necessitarem. Tanto o fabricante como o importador, assim como empregados e empregadores
também têm obrigações bem específicas com relação a seu uso, assim como sua correta
manutenção e seu correto descarte.
Todos os equipamentos de proteção são utilizados para prevenir que o profissional de
enfermagem prejudique a sua própria saúde durante a execução de sua atividade laboral.
A correta adesão ao uso dos EPI traz inúmeros benefícios diretos tanto aos trabalhadores
quanto aos empregadores, no qual podemos citar: maior produtividade dos profissionais,
considerável diminuição do número de licenças no trabalho, redução direta de gastos
hospitalares com materiais e equipamentos, preservação da saúde dos trabalhadores.
É bom salientar que o uso dos EPI deve ser sempre adequado às necessidades do
procedimento a ser executado. O profissional de enfermagem exerce uma atividade
profissional exposta a muitos riscos de trabalho, principalmente o biológico, sendo o uso
correto dos EPI uma fonte comprovada de proteção tanto para si como para as pessoas ao seu
redor.
Esses equipamentos são utilizados também quando não é possível minimizar ou eliminar os
riscos do ambiente onde o profissional desempenha sua atividade ou quando as medidas de
proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou não oferecerem completa proteção contra
os riscos de acidentes do trabalho e/ou de doenças profissionais e do trabalho (BRASIL,
2001). Toda a empresa é obrigada a fornecer aos seus empregados, gratuitamente, os
equipamentos de proteção individual adequado e em perfeitas condições para a atividade que
este profissional desempenha. Podemos considerar como responsabilidades do empregador:
- Adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade;
- Fornecer ao trabalhador somente o EPI com a indicação do certificado de aprovação – CA;
- Exigir seu uso;
- Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, conservação e guarda;
- Substituí-lo imediatamente, quando danificado ou extraviado;
- Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;
- Comunicar ao Ministério do Trabalho e Emprego qualquer irregularidade observada.
Os profissionais também possuem suas responsabilidades, pois para o uso adequado do EPI é
necessário o entendimento e sua utilização correta. São responsabilidades do empregado:
- Utilizar o equipamento de proteção individual apenas para a finalidade a que se destina;
- Responsabilizar-se pela guarda e conservação;
- Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio ao uso;
- Cumprir as determinações do empregador sob o uso pessoal.
Os profissionais de enfermagem muitas vezes não utilizam os equipamentos de proteção
individual por diversas razões, sempre discutíveis e fúteis, ou até mesmo por falta de
orientação. Para cada EPI existem várias desculpas, sendo que a mais usual é sobre a
utilização das luvas de procedimento, referindo que há uma diminuição da sensibilidade em
procedimentos como punção de acesso venoso periférico ou ainda que não há possibilidade de
utilizar as luvas para atividades que são utilizados esparadrapos.É importante destacar que os
equipamentos de proteção individual são utilizados para a proteção do trabalhador, mas temos
uma grande dificuldade para implementar procedimentos que façam com que todos os
profissionais de enfermagem utilizem os EPI. E por último, a falta de conscientização dos
profissionais de enfermagem pode levá-los ao acometimento de uma doença grave, como por
exemplo, a hepatite B, a AIDS, pela falta de uso dos equipamentos de proteção individual,
tendo uma repercussão para toda a sua vida (MINAYO; 1997).
6. Agentes Biológicos segundo NR 32
Considera-se risco biológico a condição e exposição ocupacional de trabalhadores à agentes
biológicos, onde estes entram em contato com microorganismos modificados ou não., culturas
de células e parasitas (BRASIL, 2001). Os agentes biológicos se classificam de acordo com o
grau de risco em que os trabalhadores estão expostos, sendo que este grau de risco 1, 2, 3, 4,
conforme (BRASIL, 2005, p.16):
- Grau de Risco 1; baixo risco individual para o trabalho e para coletividade, com baixa
probabilidade de causar doenças ao ser humano.
- Grau de Risco 2; risco individual moderado para o trabalhador e com probabilidade de
disseminação para a coletividade. Podem causar doenças e infecções graves ao ser humano,
para as quais existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.
- Grau de Risco 3; risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade de
disseminação par a coletividade. Podem causar doenças e infecções graves ao ser humano,
para as quais nem sempre existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.
- Grau de Risco 4; risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade de
disseminação par a coletividade. Apresenta grande poder de transmissibilidade de um
individuo a outro. Podem causar doenças e infecções graves ao ser humano, para as quais não
existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.
Os agentes biológicos estão sendo considerados como um dos principais geradores de
insalubridade, e para os profissionais da enfermagem que estão diretamente em contato com
os pacientes no ambiente hospitalar, com isso realiza-se diariamente e rotineiramente
atividades que envolvem materiais biológicos, o que é um risco se houver acidentes de
trabalho, por isso, evidencia-se o uso de EPI, que devem ser fornecidos aos funcionários
gratuitamente pela instituição (PINTO MOURA;GIR;CANINI,2006).
Segundo Brevidelli, Cianciarulho, 2002; os acidentes com perfuro cortantes podem chegar a
um terço de acidentes envolvendo toda a enfermagem. As maiores exposições aos riscos
podem ocorrer durante certos procedimentos como exemplo: a retirada de sangue, punção
venosa periférica e recapeamento de agulhas contaminadas. Do ponto de vista social a NR 32
também pretende ampliar o conhecimento quanto aos riscos que os trabalhadores da saúde
estão expostos em seu dia a dia de trabalho. (MARINHO, 2004).
7. Percepção e conhecimento dos membros da equipe de enfermagem quanto à exposição
aos riscos biológicos.
È sabido pelos profissionais de enfermagem desde a sua formação técnica e superior sobre a
sua vulnerabilidade a inúmeros riscos biológicos nos quais os mesmos são submetidos na sua
rotineira vida nas urgências e emergências. Apesar disso, a negligência com relação ao uso
dos EPI e desobediência às normas de segurança aumentam o seu risco de contaminação com
sangue e fluidos corporais, que são os principais agentes biológicos expostos por esses
profissionais. Mauro, 1990, analisou uma população de 1.218 trabalhadores de um hospital
universitário de São Paulo e constatou uma incidência de 8,2% de acidentes de trabalho,
desses 64% eram da equipe de enfermagem e 51% desses foram vítimas foram constatado o
contato com mucosa ocular, pérfuro-cortante e contato de aerossóis (tosse e espirro)dos
pacientes. Desses, 1,18 % foram diagnosticados com hepatite B (HBV)e 0,5% com dermatites
cutâneas ou infecções oculares e 0,2% HIV. Os acidentes com agulhas são caracterizados
como um sério problema nas instituições hospitalares, uma vez que são os maiores
responsáveis pela transmissão de infecções sanguíneas para a equipe de enfermagem,
principalmente por manutenção de prática de risco sem utilização de precauções padrão.
Estima-se que após um acidente com agulha a contaminação com o vírus da hepatite B (HBV)
é de 6 a 30%, com o vírus da hepatite C (HCV) é de 0,5% a 2%, e com o vírus da AIDS (
HIV) é de 0,3 % a 0,4%. No estudo do mesmo autor acima a categoria mais acometida por
esse tipo de infortúnio no geral foram dos auxiliares e técnicos de enfermagem, esses que
estão em contato direto com o paciente, na maior parte do tempo, administrando
medicamentos, realizando curativos e outros procedimentos que os mantêm em constante
contato com o material perfuro e cortante. Esses dados constatam, sugerem a teoria que a
prevenção ainda é a melhor maneira de evitar agravos à saúde, tornando indispensável o
treinamento, a educação continuada e a conscientização da equipe quanto ao uso adequado
dos EPI de acordo com o tipo de procedimento. Contudo. Tornou-se relevante também nesse
estudo a investigação do conhecimento dos trabalhadores de enfermagem sobre o risco
biológico a que estão expostos e com isso foi possível descrever que o conhecimento é
suficiente para que as medidas de biossegurança sejam seguidas, porém apesar do
conhecimento adquirido e da consciência sobre os riscos, os estudos bibliográficos nos quais
foram a base desse estudo, mostraram que muitos dos profissionais citaram dezenas de
argumentos fúteis para o não uso adequado dos EPI, ocasionando dessa fora diversos agravos
à sua saúde.. Dessa forma, faz-se necessário um maior empenho por parte prioritariamente de
responsabilidade dos profissionais, associados aos investimentos educacionais das instituições
de saúde.
8. Resultados e Discussões
No Brasil, os trabalhadores de enfermagem, através de uma concepção idealizada da
profissão, submetem-se aos riscos ocupacionais com ênfase ao isco biológico, sofrem
acidentes de trabalho e adoecem, não atribuindo esses problemas às condições insalubres e
aos riscos oriundos do trabalho. Ao iniciar as pesquisas foi possível constatar a publicação de
diversos artigos cujo tema abordado era a importância do uso de EPI pela equipe de
enfermagem nas unidades de urgência e emergência. Foi constatado nesse estudo que após a
leitura do vasto material disponível na web, que os profissionais de enfermagem conhecem os
riscos de forma genérica e que esse conhecimento não se transforma numa ação segura de
prevenção de acidentes e doenças diretamente ligadas aos riscos biológicos, apontando para a
necessidade de uma ação que venha modificar essa situação. No entanto, foi possível,
também, inicialmente realizar a leitura de alguns deles para que fossem tiradas as principais
idéias que destacassem o tema abordado neste artigo. A medida com que ia lendo o vasto
material disponível, foi possível ampliar ainda mais os conhecimentos sobre a importância da
utilização dos EPI uma vez que além de acidentes que podem ocasionar existe também o risco
na contração de doenças do trabalho.
Por esse motivo foram selecionados os artigos que mais se adequavam a temática proposta e
que continham informações relevantes e importantes capazes de fazer com que o objetivo da
realização da pesquisa fosse atingido.
9. Considerações Finais
Esse estudo permitirá aos profissionais e estudantes de enfermagem uma reflexão sobre os
riscos biológicos existentes no ambiente das unidades de emergência, assim como uma maior
ampliação do conhecimento dos demais profissionais de saúde em geral sobre a aplicabilidade
da NR-32 que é a legislação brasileira específica ara segurança e saúde do trabalhador ,
podendo assim minimizar ao máximo os acidentes ocupacionais, relacionados aos riscos
biológicos. Os profissionais de enfermagem que laboram nesse setor expõem-se
significativamente aos riscos ocupacionais devido a grande rotatividade dos pacientes, sem
histórico prévio, ao dinamismo e agilidade inerentes ao atendimento prestado neste local.
Nesse estudo, foi possível vislumbrar a necessidade de se promover também políticas de
educação continuada e de conscientização para diminuir os dados estatísticos e incidência da
classe.
RERFERENCIA
1. Ramazzini B. As doenças dos trabalhadores. São Paulo: Fundacentro; 1985.
2 . National Institute for Occupational Safety and Health. Guidelines for protecting the
safetyand health care workers [online]. Atlanta;1988. Available from: <http://
www.cdc.gov/niosh/hcwold1.html> (01 oct. 2013).
3. Gomes JR. Saúde ocupacional no hospital. Ver Paul Hosp 1974; 22 (6):274-6.
4. Simão SAF, Souza V, Borges RAA, Soares CRG, Cortez EA. Fatores associados aos
acidentes biológicos entre profissionais de enfermagem. Cogitare enferm [Internet]. 2010
Jan/Mar
[cited
2011
May
13];15(1):87-91.
disponível
em:
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/cogitare/article/view/17177/11312
5. Nazário NO. Fragmentos de uma construção do assistir em Situações de Emergência/
Urgência. Florianópolis (FLN): Editora Insular; 1999.
6. Garlet ER, Lima MADS, Santos JLG, Marques GQ. Organização do trabalho de uma
equipe de saúde no atendimento ao usuário em situações de urgência e emergência.
Texto & contexto enferm [Internet]. 2009 Apr/June [cited 2011 Apr 19]; 18(2): 266-72.
Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v18n2/09.pdf
7. Spagnuolo SR, Baldo SCR, Guerrini I. Análise epidemiológica dos acidentes com
material biológico registrado no centro de referência em saúde do trabalhador –
Londrina – PR. Rev bras epidemiol [Internet]. 2008 June [cited 2011 Apr 11];11(2):315-23.
Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v11n2/13.pdf
8. Neves HCC et al; O uso de equipamentos de proteção individual por profissionais em
unidades deendoscopia; Revista de Enfermagem; 18(1) .; 61-6; 2010.
9. Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online :
Mais
de
1000
cursos
online.2001;
http://www.portaleducacao.com.br/enfermagem/artigos/9694/o-uso-de-equipamentos-deprotecao-individual-pelos-profissionais-de-enfermagem#ixzz2dN7RM1ti
10. Minayo-Gomez C, Thedim-Costa SMF.A construção do campo da saúde do
trabalhador: percurso e dilemas.Cad Saúde Pública 1997; 13 (supl.2): 21-32.
11. Mauro MYC .Riscos ocupacionaisemsaúde. Rev EnfermAtual 1990; 1: 17-25.
12. CANINI, S. R. M S; GIR, E.; HAYASHIDA, M. e MACHADO, A. A. Acidentes
perfurocortantes entre trabalhadores de enfermagem de um hospital universitário do
interior paulista. Rev. Latino-am de Enfermagem, Ribeirão Preto, v.10, n.2, p.172-178,
mar /abr. 2002.
13 .WADA, Célia. Norma do Ministério do Trabalho- NR 32, out. 2006. Manual do
Ministério do Trabalho.
Disponívelem:<http://www.cmqv.org/website/artigo.asp?cod=1461&idi=1&id=4220>.
Acesso em: 8 set. 2013.
14. MARZIALE, Maria Helena Palucci; ROBAZZI, Maria Lúcia do Carmo Cruz. A norma
regulamentadora 32 e suas implicações sobre os trabalhadores de enfermagem.
Rev. Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v.12, n.5, set./out. 2004.
Disponível em:<http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010411692004000500019&lng=pt&nrm=isso>. Acesso em: 10 ago. 2013.
15. NASCIMENTO, Cláudio Alves de Lima. Implantação na NR 32 no Hospital Cruz Azul
de São Paulo, São Paulo, jun. 2008.
Disponível em:<http://www.institutodeengenharia.org.br/site/ieadm/arquivos/arqnot818.pdf>.
Acesso em: 11 ago. 2013.
16. PINTO MOURA, Josely et al. Acidentes ocupacionais com material perfurocortante
em um hospital regional de minas gerais, Brasil. Rev Cienc. enferm. v.12, n. 1, p. 2937 jun. 2006.
Disponível em: <http://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S071795532006000100004&script=sci_arttext>. Acesso em: 06 out. 2013.
17. BREVIDELLI, Maria Neimei; CIANCIARULHO, Tâmara I. Análise dos acidentes com
agulhas em um hospital universitário: situações de ocorrência e tendências. Rev.
Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v.10 n.6 nov./dez. 2002.
Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010411692002000600005&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 04 nov. 2013.
18. MARINHO, João. Profissão perigo. COREN-SP. São Paulo, n. 52 jul/ago. 2004.
Disponível em: <http://www.corensp.org.br/072005/noticias/revista/anteriores/52/06.pdf>.
Acesso em: 06 set. 2013.