Congresso de Inovação, Ciência e Tecnologia do IFSP - 2016 ETEC GETÚLIO VARGAS: MATERIALIDADE E ESPACIALIDADE DA PRIMEIRA ESCOLA PROFISSIONAL MASCULINA ISABELA HELENA PERES NUNES1 1 Graduanda em Arquitetura e Urbanismo, Bolsista PIBIFSP, IFSP, Câmpus São Paulo, [email protected] Área de conhecimento (Tabela CNPq): História da Arquitetura e Urbanismo – 6.04.01.01-0 Apresentado no 7° Congresso de Iniciação Científica e Tecnológica do IFSP 29 de novembro a 02 de dezembro de 2016 - Matão-SP, Brasil RESUMO: Este relatório é resultado da pesquisa de Iniciação Científica ETEC Getúlio Vargas: Materialidade e Espacialidade da Primeira Escola Profissional Masculina, pertencente ao programa de Iniciação Científica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP). O estudo a seguir apresenta a primeira etapa da pesquisa realizada entre março e junho de 2016, que consiste na revisão bibliográfica acerca das propostas de ensino e da arquitetura escolar durante a República Velha (1889-1930) e o Período Vargas (1930-1945), nos quais se insere a escola em questão. A pesquisa tem por objetivo analisar a materialidade e a espacialidade da Escola Técnica Getúlio Vargas, atentando para as relações entre projeto arquitetônico e o programa de ensino no contexto da educação profissional em São Paulo. PALAVRAS-CHAVE: Escola Profissional Masculina; Arquitetura Escolar Paulista; ETEC Getúlio Vargas ETEC GETÚLIO VARGAS: MATERIALIDADE E ESPACIALIDADE DA PRIMEIRA ESCOLA PROFISSIONAL MASCULINA ABSTRACT: This report is the result of the Research Mentorship ETEC Getúlio Vargas: Materiality and Spatiality of São Paulo’s Fist Men’s Professional School, belonging to the Scientific Initiations Program of the Federal Institute of Education, Science and Technology of São Paulo (IFSP). The study below shows the first stage of the survey conducted between March and June 2016, which is the collection of information about the proposals for education and school architecture during the Old Republic (1889-1930) and the Vargas period (1930-1945), which includes the school in question. The research aims to analyze the materiality and spatiality of Techinical School Getúlio Vargas, noting the relation between architectural design and education program in the context of professional education in São Paulo. KEYWORDS: Men’s Professional School; Modernist Architecture in São Paulo; ETEC Getúlio Vargas INTRODUÇÃO O edifício da primeira Escola Profissional Masculina, localizado à Rua Piratininga, 105, Brás, insere-se no significativo conjunto de bens arquitetônicos que recentemente passaram a ser conhecidos como “Escolas da República”, em referência às construções escolares realizadas durante a República Velha (1889-1930). Em São Paulo, não por acaso, as escolas públicas profissionalizantes se instalam no Brás, bairro fabril que possuía uma das maiores concentrações de indústrias e moradias operárias nas primeiras décadas do século XX. Fundada em 1911, a escola masculina se transfere em 1917 para a Rua Piratininga em um edifício projetado entre 1913 e 1915 pelo engenheiro-arquiteto Carlos Rosencrantz (1875-1951). Segundo Wolff (2010) o projeto é bastante peculiar em termos plásticos, com uma fachada “neobarroca” e uma simplicidade quase fabril no restante do edifício, seguindo os esquemas tipológicos característicos do período em questão. Em 1940, com a ampliação da demanda pelo ensino profissional, encomenda-se um projeto de ampliação das instalações que publicado em revistas de arquitetura da época, revelando uma filiação ao modernismo arquitetônico. Em 1964 a escola é desmembrada e a escola técnica se transfere para o atual endereço, no bairro do Ipiranga; o edifício à Rua Piratininga segue abrigando órgãos públicos. Curiosamente, o edifício não é incluído no processo de tombamento realizado pelo Condephaat nos anos 2000, no qual se protege mais de uma centena de escolas construídas durante a República Velha, destacando-se o seu significado cultural, histórico e arquitetônico. MATERIAL E MÉTODOS Quanto à metodologia, a pesquisa foi dividida em três eixos. O primeiro deles, em andamento, é a revisão bibliográfica acerca do ensino técnico e profissionalizante em São Paulo e da arquitetura escolar paulista, em especial as escolas profissionalizantes da primeira metade do século XX, compondo os capítulos 1 e 2. O segundo eixo consiste no recolhimento de documentação referente ao espaço da ETE Getúlio Vargas, desde a sua fundação aos dias de hoje, mas com foco principal no edifício da Rua Piratininga. A pesquisa será feita em arquivos, como o Centro de Memória Professor Aprígio Gonzaga, a própria ETEC Getúlio Vargas, o CONDEPHAAT, o Arquivo Público do Estado de São Paulo e o Arquivo Público Municipal, bem como por um levantamento fotográfico detalhado realizado a partir das visitas à instalação. O terceiro eixo é a análise espacial propriamente dita, que deverá seguir a metodologia proposta pelo crítico de arquitetura italiano Bruno Zevi em Saber ver a arquitetura, onde indica que se observem diversos aspectos ligados à compreensão do objeto arquitetônico, como a análise urbanística, a volumétrica, a arquitetônica e dos elementos decorativos. (ZEVI, 1996, p. 54-55). Serão estudados ainda o desenvolvimento do programa de necessidades da escola e a análise de sua estrutura e materiais construtivos, que refletem as tecnologias disponíveis em cada época. Este eixo da pesquisa, juntamente com o segundo eixo, deverá compor o capítulo 3 do trabalho. Em relação aos materiais e equipamentos, serão necessários à realização da pesquisa: máquina fotográfica digital para registro de imagens; computador com editor de texto, editor de imagens e software AutoCAD para desenvolvimento dos trabalhos; sala para reunião entre orientador e orientando (disponíveis na área de Construção Civil). RESULTADOS E DISCUSSÃO A pesquisa tem como objetivo geral uma reflexão sobre os espaços do ensino técnico e profissionalizante em São Paulo, a partir do caso emblemático representado pela ETEC Getúlio Vargas, antiga Escola Profissional Masculina. Para isso, foi realizado o estudo acerca das escolas construídas durante a República Velha (1889-1930), e do ensino técnico e profissionalizante em São Paulo, apontando as modificações mais significativas ocorridas nesse âmbito e seus significados e analisando como elas interferem nos projetos arquitetônicos das escolas. As primeiras experiências da arquitetura pública escolar em São Paulo ocorreram a partir da década de 1870, que ampliou no decorrer da República. (WOLFF, 2010, p.91). Analisou-se o contexto histórico em que essas escolas se inserem, bem como a arquitetura, que se apresentam em volumetrias em grandes blocos contidos, rígida simetria dos espaços, ornamentação das fachadas e programas pouco abrangentes, apresentando apenas salas de aula e, em alguns casos, espaços administrativos. Em 1911 observa-se um aumento do orçamento das verbas destinadas às construções escolares. Nesse mesmo ano é inaugurada a Escola Profissional Masculina, no Brás, bairro fabril, representando as primeiras preocupações do governo do Estado com a qualificação das profissões técnicas e artesanais, devido às novas necessidades advindas da urbanização e industrialização. Segundo Wolff (2010), o projeto é bastante peculiar, em termos plásticos, com uma fachada “neobarroca”, e uma simplicidade quase fabril no restante do edifício, seguindo esquemas tipológicos característicos do período em questão. A pesquisa prevê a reconstituição e a análise do histórico do edifício da Escola Profissional Masculina à Rua Piratininga, com a recuperação do projeto arquitetônico original e o levantamento das modificações e reformas mais significativas ocorridas ao longo do tempo. Com o início da Primeira Guerra Mundial, a construção de novos prédios escolares fica estagnada, sendo retomada só em 1917, com projetos que não diferem muito das tipologias apresentadas. O retorno das pesquisas arquitetônicas para escolas públicas acontece somente na década de 1930, quando o país inicia sua fase moderna, marcada em 1936 com o prédio do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro. A partir desse momento, como coloca Artigas (1970, p. 12), não somente a arquitetura, como também o pensamento educacional, modernizam-se, e as novas escolas passam a apresentar programas de necessidades mais complexos, incluindo, além das salas de aula, sanitários, diretoria, sala de professores e bibliotecas. CONCLUSÕES A revalorização da arquitetura eclética, a partir da década de 1970, e os esforços profissionais ligados à defesa do patrimônio escolar paulista, como Silvia Wolff, originaram o processo de tombamento, em 2010, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), de um conjunto de 126 escolas construídas durante e República Velha (1889-1930). Embora o prédio da Escola Profissional Masculina não tenha sido agrupado a esse conjunto, ele carrega o mesmo significado cultural, histórico e arquitetônico das edificações públicas construídas pelo Governo do Estado nesse período. Nesse sentido, destacamos a importância do testemunho material representado pelo edifício ainda existente, assim como da reunião da documentação a respeito da história da escola, de seu programa de ensino e de seus espaços. AGRADECIMENTOS À Deus, à minha família, à minha orientadora, Ana Carolina Carmona Ribeiro, ao Instituto Federal de São Paulo e aos meus amigos. REFERÊNCIAS ARTIGAS, Vilanova. “Sobre Escolas”. In: Revista Acrópole, n. 377, p.10-13, set. 1970. Disponível em < http://www.acropole.fau.usp.br/edicao/377 > Acesso em 09.06.2016 WOLFF, S. Escolas para a República: Os Primeiros Passos da Arquitetura das Escolas Públicas Paulistas. São Paulo, Edusp, 2010. 384 p. ZEVI, B. Saber Ver Arquitetura. 5ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996. 286p.