Banca faz guião para isolar crise no Chipre

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Com a devida vénia transcrevemos artigo publicado na edição do Jornal de Negócios
Banca faz guião para isolar crise no Chipre
Maria João Gago | [email protected], Nuno Aguiar | [email protected]
Redes dos maiores bancos nacionais preparadas para esclarecerem clientes. Dúvidas terão
sido poucas. Situação do Chipre, cuja banca pesa mais do dobro da portuguesa na economia, é
específica.
As redes de alguns dos maiores bancos portugueses estão preparadas para garantir aos clientes que a
situação do Chipre é específica e que a taxa sobre os depósitos cipriotas não será aplicada em Portugal.
No entanto, ao que o Negócios apurou junto de algumas instituições financeiras, terão sido poucas as
questões sobre a situação cipriota levantadas aos balcões das instituições financeiras nacionais. A rede
Multibanco da SIBS também não registou "nenhum comportamento atípico".
Para precaver a necessidade de esclarecer os clientes, alguns dos grandes bancos prepararam
guiões com as ideias mais importantes a transmitir pelas agências. Afastar o receio de os depósitos dos
portugueses possam ser sujeitos a uma taxa idêntica e explicar por que é que as situações do sistema
financeiro dos dois países não é comparável.
Uma das grandes diferenças entre a banca cipriota e a portuguesa é o peso nas economias de cada
país. Os ativos da bancado Chipre superam os 126 mil milhões de euros, multiplicando por sete o valor
do PIB do país. Já em Portugal, a dimensão do sector financeiro é equivalente a três vezes a economia já
que os ativos bancários totalizam cerca de 500 mil milhões.
Outro facto que separa os dois países são as perdas resultantes da exposição à dívida grega Os
bancos portugueses perderam cerca de mil milhões com a reestruturação da dívida grega - sobretudo o
BPI e o BCP -, enquanto abanca cipriota terá registado prejuízos de cerca de 4,5 mil milhões. Aliás, esta
foi uma das razões que ditou a fragilidade do sistema financeiro do Chipre, o que levou o país a pedir
ajuda. Por seu turno, os bancos portugueses já aplicaram um programa de capitalização, que lhes
permitiu cumprir exigências de solidez mais elevadas que a média europeia, ainda que, em três bancos
privados, com apoio do Estado.
Banco de Portugal e DECO tranquilizam depositantes
A mensagem de tranquilidade face a um eventual contágio da situação cipriota a Portugal foi
transversal a todos os intervenientes do sector financeiro português, do Banco de Portugal à DECO Associação de Defesa de Consumidores.
"Os nossos depositantes podem estar tranquilos, seguros, confiantes, de que têm um sistema
financeiro [em Portugal] dos mais estáveis e dos mais capitalizados neste momento na Europa. [A
situação do Chipre] é um problema específico de um país que não é transponível para nenhum outro",
sublinhou o governador do BdP, Carlos Costa.
A taxa sobre os depósitos cipriotas é "uma medida que causa receio. Mas esse receio é infundado
em relação a Portugal e à banca portuguesa", afirmou o analista financeiro da revista Proteste da
DECO, João Sousa, à Lusa. Uma ideia partilhada pelo presidente da Associação Portuguesa de Bancos.
"Não faz nenhum sentido fazer qualquer comparação entre a situação cipriota e a do nosso país e
pensar que em Portugal pode ser aplicada a mesma medida", disse Fernando Faria de Oliveira àquela
agência. *com NA
2013-03-19
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