secretaria de estado da saúde programa de

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SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL
JANIELE DOS SANTOS
ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO UTILIZADAS NO ABANDONO DO
TABAGISMO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
Marília
2014
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL
JANIELE DOS SANTOS
ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO UTILIZADAS NO ABANDONO DO
TABAGISMO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa
de Aprimoramento Profissional\SES-Fundap, elaborado na
Faculdade de Medicina de Marília em Enfermagem em
Psiquiatria e Saúde Mental, sob a orientação Adalberto
Jesus Silva da Rosa.
Área: Saúde Mental
Marília
2014
Santos, Janiele dos
Identificação dos fatores motivacionais do tabagismo /
Janiele dos Santos. - - Marília, 2014.
Orientador: Adalberto Jesus Silva da Rosa
Trabalho de Conclusão de Curso (Programa de
Aprimoramento Profissional) – Secretaria de Estado da SaúdeFundap, elaborado na Faculdade de Medicina de Marília em
Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental.
Área: Saúde Mental.
1. Tabagismo, prevenção & controle. 2. Abandono do uso de
tabaco. 3. Assistência à saúde. 4. Tratamento.
JANIELE DOS SANTOS
ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO UTILIZADAS NO ABANDONO DO
TABAGISMO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS).
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa
de Aprimoramento Profissional/SESFundap, elaborado na
Faculdade de Medicina de Marília em Enfermagem em
Psiquiatria e Saúde Mental.
Área: Saúde Mental
Comissão de Aprovação:
_______________________________
Adalberto Jesus Silva da Rosa
Orientador
_______________________________
Profª. Camila Mugnai Vieira
Coordenador PAP (SES/Fundap) – FAMEMA
Área: Saúde Mental
_______________________________
Profª. Drª. Roseli Vernasque Bettini
Coordenadora PAP (SES/Fundap) – Famema
Data de Aprovação: _______________
RESUMO
SANTOS, J. Estratégias de tratamento utilizadas no abandono do tabagismo no
Sistema Único de Saúde (SUS). Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Enfermagem em
Psiquiatria e Saúde Mental do Programa de Aprimoramento
Profissional/SESFundap/FAMEMA). Faculdade de Medicina de Marília. Marília. 2014.
Numero de páginas 32 p.
Este estudo teve por objetivo conhecer as ações realizadas referentes ao tratamento do
tabagismo, sua epidemiologia e as terapias farmacológicas e não farmacológicas oferecidas
aos dependentes de tabaco, em tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS). Para tal estudo
foi realizado um levantamento bibliográfico, analisando portarias, diretrizes/ consensos e
pesquisas cientificas. Considerando que o tabagismo é um grande problema de saúde pública,
a Organização Mundial de Saúde, traz as principais ações para controle do tabagismo, que
incluem: Monitorizar o uso do tabaco estabelecendo políticas de prevenção, proteger a
população contra a exposição à fumaça do cigarro, oferecer apoio para a cessação do
tabagismo, alertar para os danos, banir a publicidade relacionados com o tabaco e aumentar o
imposto sobre o tabaco. O Brasil também está nesta luta, que vem obtendo resultados
satisfatórios como mostram diversas pesquisas, e as campanhas e propostas anti-tabágicas
corrobora para este declínio de fumantes. Em 1989, o Ministério da Saúde lançou o Programa
Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), junto ao Instituto Nacional de Câncer José
Alencar Gomes da Silva (INCA). Já em 2012, 175 mil pessoas foram atendidas em
unidades credenciadas ao PNCT, e 1.159 municípios. A meta é reduzir de 15% para 9% a
proporção de fumantes na população adulta até 2022. De acordo com o protocolo clinico e
diretrizes terapêuticas da dependência à nicotina, a abordagem do fumante para a cessação de
fumar tem como eixo central, intervenções cognitivas e treinamento de habilidades
comportamentais, visando à cessação e a prevenção de recaída e em casos específicos pode
ser utilizado um apoio medicamentoso. O programa Nacional de tratamento do tabagismo
oferece a terapia cognitiva comportamental (TCC) em grupo ou individual e/ ou tratamento
farmacológico, fornecendo os medicamentos de 1ª linha, como a Goma de Mascar com
Nicotina 2 mg; Adesivos Transdérmicos de Nicotina com 7 mg, 14 mg e 21 mg e Bupropiona
em comprimidos de 150 mg. Em relação a TCC, estudos explicam que qualquer que seja a
duração dessa abordagem há um aumento da taxa de abstinência, porém, quanto maior o
tempo total da abordagem (freqüência da abordagem multiplicada pelo tempo gasto em cada
contato) maior a taxa de abstinência. Já a terapia farmacológica é utilizada para melhora dos
sintomas de abstinência, variando sua eficácia em torno de 18 à 77 %. A taxa de sucesso de
abstinência pode aumentar em 15% a 30% com a utilização de intervenções psicossociais e
farmacológicas. O sucesso da cessação do tabagismo está relacionado com o balanço entre a
motivação, grau de dependência nicotínica, síndrome de abstinência, carga genética, apoio
familiar, profissionais capacitados, infraestrutura de apoio, continuidade do programa e oferta
gratuita de medicamentos.
Palavras-chave: Controle do tabagismo. Tratamento. Tabagismo.
ABSTRACT
SANTOS, J. Estratégias de tratamento utilizadas no abandono do tabagismo no
Sistema Único de Saúde (SUS). Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Enfermagem em
Psiquiatria e Saúde Mental do Programa de Aprimoramento
Profissional/SESFundap/FAMEMA). Faculdade de Medicina de Marília. Marília. 2014.
Numero de páginas 32p.
This study aimed to know the actions taken relating to smoking cessation treatment,
epidemiology and pharmacological and nonpharmacological therapies offered to tobacco
users in treatment in the Unified Health System (SUS). For this study, a literature survey was
conducted, analyzing ordinances, guidelines / consensus and scientific research. Considering
that smoking is a major public health problem, the World Health Organization, brings the
main actions for tobacco control, including: Monitor tobacco use prevention policies
established to protect the public against exposure to tobacco smoke, offer support for smoking
cessation, warn of the damage, ban-tobacco advertising and raising the tax on tobacco. Brazil
is also in this fight, which has achieved satisfactory results as shown by several studies, and
anti-smoking campaigns and supports proposals for this decline in smoking. In 1989, the
Ministry of Health launched the National Tobacco Control Program (NTCP), from the
National Cancer Institute José Alencar Gomes da Silva (INCA). In 2012, 175,000 people
were treated in accredited units to NTCP, and 1,159 municipalities. The goal is to reduce from
15% to 9% the proportion of smokers in the adult population by 2022. According to the
clinical protocol and therapeutic guidelines of nicotine dependence, the approach of the
smoker to smoking cessation has a central axis, cognitive and behavioral skills interventions,
aimed at cessation and relapse prevention and training in specific cases can be used a
medicated support. The national smoking cessation program offers cognitive behavioral
therapy (CBT) group or individual and / or pharmacological treatment, providing the 1st line
drugs, such as chewing gum with 2 mg nicotine; Nicotine transdermal patches with 7 mg, 14
mg and 21 mg tablets and Bupropion 150 mg. Regarding CBT studies explain that whatever
the duration of this approach there is a higher rate of abstinence, however, the higher the total
time of the approach (approach frequency multiplied by the time spent in each contact) higher
rate of abstinence. Have pharmacologic therapy is used to improve the symptoms of
withdrawal, varying efficacy around 18 to 77%. The success rate of withdrawal can be
increased by 15% to 30% with the use of psychosocial and pharmacological interventions.
The success of smoking cessation is related to the balance between motivation, degree of
nicotine dependence, withdrawal symptoms, genetic background, family support, skilled
professionals, infrastructure support, continuity of the program and offer free medicines.
Keywords: Tobacco control. Treatment. Smoking.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................07
2. OBJETIVOS .............................................................................................................. ........09
3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 09
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................................10
4.1. EPIDEMIOLOGIA E POLITICAS PUBLICAS DE SAUDE .........................................10
4.2. ABORDAGENS TERAPEUTICAS..................................................................................16
4.3. ABORDAGEM NÃO FARMACOLOGICA....................................................................18
4.4. ABORDAGEM FARMACOLOGICA..............................................................................22
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................27
7
1.
Introdução
O resultado da Pesquisa Especial de Tabagismo (PETAB) realizada em 2008 mostra
que neste mesmo ano 17, 2 % da população adulta eram fumantes totalizando 24, 6 milhões
(BRASIL, 2011a). Entre os 17,2% dos fumantes atuais, a maioria fazia uso diário de produtos
de tabaco (15,1%) enquanto que o percentual de fumantes ocasionais era de apenas 2,1%
(BRASIL, 2008a).
O tabaco pode ser usado de diversas maneiras de acordo com sua forma de
apresentação: inalado (cigarro, charuto, cigarro de palha); aspirado (rapé) ou mascado (fumode-rolo) (BRASIL, 2013a).
A composição química do fumo depende do tipo de folha do tabaco, envolvendo desde
seu cultivo até o processamento (CUNHA et al, 2007). Segundo Goodman et al. (2006), a
fumaça do cigarro contém mais de quatro mil substâncias químicas, que estão presentes em
duas fases: a particulada (condensada) e a fase gasosa. Entre os componentes da fase
condensada estão o monóxido de carbono, dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio, amônia,
nitrosamidas voláteis, cianeto de hidrogênio, compostos voláteis contendo enxofre,
hidrocarbonetos voláteis, álcoois, aldeídos e cetonas e a fase particulada contém nicotina,
água e alcatrão (GOODMAN et al., 2006).
De acordo com Chatkin (2006) a nicotina exerce sua ação farmacológica ligando-se a
receptores colinérgicos nicotínicos, causando a dependência, isso explica porque cerca de
70% dos fumantes querem abandonar o fumo, mas não o conseguem. Isso por que a nicotina é
uma droga psicoativa capaz de influenciar acentuadamente a função cerebral. Ainda que a
dependência à nicotina seja o principal fator associado com a manutenção do tabagismo,
dados da literatura sugerem que o vício exibe um espectro multifatorial (CHATKIN, 2006).
O uso do tabaco se deu por meio das grandes navegações, onde o tabaco foi difundido
para todo o mundo. O uso do tabaco teve origem na América Central e América do Sul. Em
meados do século XIX, surgiram as indústrias de cigarro, principalmente nos Estados Unidos
e Inglaterra. Ao final do século e inicio do século XX, a crescente produção de cigarros,
começou a enfrentar desafios, pois frentes religiosas iniciaram ações anti-tabágicas, sendo
burladas pelas indústrias. Durante a Segunda Guerra Mundial o cigarro tornou- se moeda de
troca e na década de 40, o cinema valorizou o hábito de fumar através de personagens
8
famosos, com isso a fabricação e o consumo do cigarro aumentaram ainda mais. Na mesma
época iniciaram estudos acerca dos riscos envolvendo o tabagismo (BOEIRA, 2002).
Desde 1970, o tabagismo e suas consequências, foram temas de discussão da
Organização Mundial da Saúde (OMS), que elaborou um relatório “O hábito de fumar e a
saúde”, referindo ao tabagismo como hábito, somente em 1993 incluiu o tabagismo como
transtorno mental e de comportamento decorrentes do uso de substâncias psicoativas, na
Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças (BRASIL, 2004a).
Reconhece que o tabagismo é um grande problema de saúde pública, considerando que
seu consumo leva a diversas doenças, como as cardiovasculares, doenças pulmonares
obstrutivas crônicas, câncer de pulmão e outras neoplasias (BRASIL, 2004b).
Para controle do tabagismo no Brasil, além de criar legislações, em 1989 foi criado o
Instituto Nacional do Câncer (INCA) do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004b). O Inca
tornou-se referência nacional para elaboração de pareceres técnicos utilizados como subsídio
na criação de políticas, em âmbito legislativo e econômico, Criando também o Programa
Nacional de Controle do Tabagismo (PCNT) que tem como principais objetivos, o primeiro a
prevenção da iniciação do tabagismo, como publico alvo crianças e adolescentes, e o segundo
objetivo envolvendo ações para estimular os fumantes a deixarem de fumar. (BRASIL, 2001).
A partir de 2005, o tratamento para cessação do tabagismo passou a ser implantado em
unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), de forma planejada e monitorada. Esse
processo colaborou para a formação de profissionais de saúde agora sensibilizados para a
questão da dependência de nicotina, para a necessidade de investigar o status de fumante dos
pacientes nas suas rotinas de atendimento e de oferecer apoio para cessação de fumar
(BRASIL, 2011a).
Os métodos de tratamento do tabagismo podem ser farmacológico ou não
farmacológico. O tratamento não farmacológico aborda o comportamento tabágico, de acordo
com Santos (2010), este tratamento é realizado através da avaliação da motivação para cessar
o tabagismo e na mudança de comportamentos, através de intervenções por meio de
orientações e terapias. O tratamento farmacológico visa diminuir a dependência à nicotina,
com uso de medicamentos e reposição nicotínica. Entende-se que a eficácia do tratamento se
dá a partir da associação dos tratamentos (FOCCHI; BRAUN, 2005).
Considerando que o tabagismo tornou- se uma pandemia e que causa milhões de mortes
evitáveis ao ano, tornando preocupação para a saúde pública, que vem com propostas de
tratamento através das politicas publicas de saúde, Ressaltando as dificuldades dos fumantes
em parar de fumar torna-se indispensável o aprimoramento dos métodos para ajudá-los. Cabe
9
entender quais as formas de tratamento de tabagismo disponíveis, a fim de tratar os pacientes
que já apresentam dependentes conforme o CID 10.
2.
Objetivos
Compreender

Quais as ações realizadas referentes ao tratamento do tabagismo e sua epidemiologia.

Quais as terapias farmacológicas utilizadas no tratamento da dependência tabágica no
SUS.

E quais as técnicas psicossociais utilizadas na abordagem dos dependentes de tabaco
no SUS.
3.
Metodologia
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, que segundo Marconi e Lakatos (2001), este
tipo de pesquisa trata-se de um levantamento da bibliografia publicada referente a certos
assuntos, com o objetivo de permitir o conhecimento e a análise de todas as informações. Para
pesquisa foi realizada uma revisão da literatura nacional e internacional na língua portuguesa,
utilizando os bancos de dados MEDLINE, LILACS-BIREME e SCIELO, sendo selecionados
artigos de revisão, editoriais e diretrizes escritos na língua portuguesa, que abordam a
epidemiologia, políticas públicas e tratamentos referentes ao tabagismo. Utilizaram-se os
descritores de pesquisa em saúde (palavras-chaves): controle do tabagismo, tratamento e
idioma português. A revisão foi ampliada através de busca em outras fontes, tais como
documentos governamentais e não governamentais e estatísticas de saúde relacionadas ao
tabagismo e referências citadas nos artigos obtidos. O total de artigos obtidos através dessa
busca foi de 47.
Após o levantamento bibliográfico, os artigos encontrados foram analisados de forma
temática, divididos em temas relacionados às ações desenvolvidas pelas politicas públicas de
saúde e ao tratamento tabágico farmacológico e não farmacológico oferecidos pelo Sistema
Único de Saúde (SUS).
10
4.
Resultados e Discussão
4.1.
Epidemiologia e Políticas públicas de saúde
É sabido que o tabagismo é um grande problema de saúde pública, que leva a diversas
comorbidades. Assim surge em todo o mundo programas que visam à prevenção, promoção,
proteção e apoio à cessação do tabagismo (OMS, 2009).
De acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (2009), as
principais ações para controle do tabagismo incluem: Monitorizar o uso do tabaco e
estabelecer políticas de prevenção, proteger a população contra a exposição à fumaça do
cigarro, oferecer ajuda para a cessação do tabagismo, alertar para os danos do cigarro, banir a
publicidade, promoções e patrocínios relacionados com o tabaco e aumentar o imposto sobre
o tabaco.
O Brasil também está engajado nesta luta, que vem obtendo resultados satisfatórios como
mostram diversas pesquisas (INAN, 1990; BRASIL, 2008a; BRASIL, 2011a; BRASIL,2007
,2008b ,2009ª ,2010, 2011b, 2012, 2013b) . As principais pesquisas relacionadas ao
tabagismo, realizadas nos últimos 24 anos, foram as:

Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN), realizada em 1989 pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Inquérito Domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenças
e agravos não transmissíveis, realizada em 16 capitais brasileiras no ano de 2003,
financiado pelo Ministério da Saúde e Instituto Nacional do Câncer (INCA).

A Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios e a Pesquisa especial de tabagismo,
realizada em 2008, que utilizaram a mesma amostra populacional, financiada pelo
Ministério da Saúde e Instituto Nacional do Câncer.

VIGITEL, realizado desde 2006, o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de
Vigilância em Saúde e em parceria com a Secretaria de Gestão Estratégica e
Participativa e o NUPENS/USP implantou o VIGITEL nas capitais dos 26 estados
brasileiros e do Distrito Federal, com o objetivo de atualizar a frequência e a
distribuição dos principais indicadores relacionados as Doenças Crônicas Não
Transmissíveis (DCNT).
Estas pesquisas mostram a diminuição no consumo do tabaco entre brasileiros
adultos nos últimos 20 anos. Observamos este fato, pois em 1989, a prevalência de fumantes
11
no Brasil era de 32%, com uma queda de 17,2% em 2008 e a ultima pesquisa realizada pela
VIGITEL em 2012 mostra que no Brasil 12,1 % da população são fumantes, Percebemos que
em 20 anos a prevalência de fumantes diminui pela metade (INAN, 1990; BRASIL, 2003;
BRASIL, 2009a; BRASIL, 2013b). Podemos observar estes dados na tabela 1
Tabela1. Pesquisas realizadas e o percentual de fumantes na população adulta brasileira entre
os anos de 1989 – 2012.
Ano
Pesquisas relacionadas ao
tabagismo
1989
PNSN
2003
Inquérito domiciliar
2006
VIGITEL
2007
VIGITEL
2008
PeTab/ Pnad
2008
VIGITEL
2009
VIGITEL
2010
VIGITEL
2011
VIGITEL
2012
VIGITEL
Fonte: elaboração própria
Percentual de fumantes
32 %
20,3%
16,2%
16,4 %
17,2 %
16,1%
15,5 %
15,1 %
14,8 %
12,1 %
Ao analisar estas pesquisas podemos observar que realmente houve um declínio dos
fumantes no Brasil. Notamos uma divergência dos dados no ano de 2010, entendemos que
esta diferença de dados se dá pela amostra populacional abordada, já que as pesquisas
Inquérito Domiciliar (BRASIL, 2008a) e PeTab (BRASIL, 2011a), foram realizados com a
população acima de 15 anos e o VIGITEL com adultos acima de 18 anos.
Analisando a Pesquisa Especial de Tabagismo (BRASIL, 2011a), percebemos também
que às inúmeras campanhas e propostas anti-tabágicas corrobora para este declínio de
fumantes, pois além de fornecer diversos dados epidemiológicos, mostra as conseqüências do
tabagismo, alertando a população contra os riscos. Brasil (2008a) corrobora com dados
relacionados sobre o conhecimento dos fumantes, sendo que 96,1 % das pessoas entrevistadas
consideraram que fumar pode levar a doenças graves. No que diz respeito à motivação do
fumante brasileiro em interromper o uso do tabaco, 57,1% dos fumantes já pensaram em parar
de fumar e uma parcela expressiva dessa população tentou parar de fumar nos últimos 12
meses (45,6%) (BRASIL, 2008a). Em relação à frequência de adultos que já fumaram no
passado, os dados ainda se mantém constantes, como apresentado na tabela 2.
12
Tabela 2. Percentual de adultos (≥18 anos) ex-fumantes, segundo pesquisa realizada pela
Vigitel, entre os anos 2006 – 2012.
Ano
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Fonte: Vigitel, 2006-2012.
Percentual ( %)
22,1
21,9
21,6
22,0
22,0
21,7
21,1
Esse avanços vem sendo conquistados, de programas e políticas que visam o controle
do tabagismo, mas isso não começou de hoje. Jaques (2010), mostra que desde as décadas de
1920 e 1930, iniciaram estudos associando o câncer de pulmão ao tabagismo, porem sem
muita comprovação, já em 1950 e 1960 vários estudos revelaram a prevalência de diversas
doenças relacionadas ao tabagismo. Baseado nestas informações o Brasil reconhece esta
preocupação na década de 60, exatamente em 1964, quando surge o primeiro projeto de lei
para o controle do tabaco, com o propósito da determinação da advertência de câncer de
pulmão nos maços de cigarros (JAQUES,2010).
Em 1974 a Organização Mundial de Saúde (OMS), diante de vários relatórios que
apontavam os malefícios do tabagismo, propôs ações legislativas, operacionais e educativas
(CARVALHO, 2009). Assim descritas:
 Educativas: dividem-se em pontuais e contínuas. As ações pontuais envolvem
campanhas (Dia Mundial sem Tabaco, Dia Nacional de Combate ao Fumo e Dia Nacional de
Combate ao Câncer), que têm como perspectiva comum a sensibilização, informação e a
divulgação .As ações contínuas objetivam manter um fluxo contínuo de informações sobre
prevenção do câncer, tanto em relação ao tabagismo como aos demais fatores de risco de
câncer. Essas ações utilizam canais para alcançar a comunidade de forma contínua e dentro da
realidade de sua rotina. Dessa forma, através da realização de atividades sistematizadas em
subprogramas dirigidos aos ambientes de trabalho, escolas e às unidades de saúde, o tema é
inserido nas rotinas desses ambientes ( BRASIL, 2013c).
 Legislação: As ações legislativas envolvem o apoio técnico a processos e projetos de
lei, o monitoramento da legislação e a informação sobre os malefícios do tabaco e outros
fatores de risco de câncer aos membros do Congresso Nacional. Outra ação importante tem
sido a divulgação das leis de controle do fumo na comunidade assim como a identificação e
13
articulação de mecanismos que possibilitem a fiscalização e o cumprimento das mesmas
(BRASIL, 2013c).
 Economia: Em 1996, foi realizado um estudo econômico para apurar dados sobre
produção, preços, publicidade, consumo e arrecadação sobre o tabaco e seus derivados no
Brasil. O estudo também visou elaborar um modelo econométrico que envolvesse as diversas
variáveis do consumo e uma avaliação da relação custo/benefício do tabaco e de seus
derivados para o país. Esses dados têm servido de subsídio às decisões governamentais nas
áreas de saúde, legislação e na própria área econômica, visando à redução do consumo de
produtos fumígenos (BRASIL,2013c).
No Brasil, na década de 70, houve uma diversidade de projetos de leis para o controle
do tabagismo, que visavam a regulação das propagandas de cigarros, proibição da venda para
menores de 18 anos, controle sanitário sobre os cigarros produzidos no Brasil, advertências
dos seus malefícios nas próprias embalagens, taxas sobre os produtos derivados do fumo para
serem destinados à saúde pública ,como programas de prevenção e tratamento de doenças,
aposentadorias precoces e pensões e danos ao meio ambiente decorrentes do cultivo da folha
de tabaco, e a semana nacional de combate ao tabagismo (GONÇALVES, 2009). De acordo
com Jaques (2010), nesta mesma década de 70 aconteceu a 23ª Assembléia Mundial de
Saúde, divulgando o relatório “Consequências do tabaco para a saúde”.
Em 1980 aconteceu a 33ª Assembléia Mundial de Saúde, com o objetivo de intensificar
as estratégias para controle do tabagismo (GIOVANELLA, 1992). O banco mundial aderiu a
estas estratégias, e em 1992 lançou sua política para controle do tabaco, com os propósitos:
não conceder empréstimos às atividades relacionadas à produção e comercialização do fumo,
incentivar outros tipos de lavouras, incentivar diversos setores a seguir estas propostas
(GIOVANELLA, 1992). Com isso também a OMS, veio com algumas medidas para redução
dos lucros das indústrias fumageiras, gerando uma melhoria nas condições de saúde da
população (CARVALHO, 2009).
Diante de tantas evidencias sobre os malefícios do fumo, vários países passaram a
assumir o tabagismo como um grande problema de saúde pública, para tanto elaboram
políticas para seu controle. Isso se deu a partir da 52ª Assembléia mundial da saúde, que
ocorreu em 1999, foi um grande marco na luta anti-tabagica. Nesta assembléia os países
membros das Nações Unidas sugeriram a criação do Tratado Internacional de Saúde Pública
voltado ao tabagismo, que passou a ser chamado “Convenção- Quadro para o controle do
tabaco” (CQCT), com o objetivo principal de minimizar o consumo do tabaco e
14
consequentemente os danos à saúde. Este tratado foi elaborado em 4 anos, por 192 países,
inclusive o Brasil, sendo aprovado em 2003 no 56 ª Assembléia Mundial da Saúde
(BRASIL,2004c). O CQCT tem o seguinte objetivo:
É proteger as gerações presentes e futuras das devastadoras conseqüências sanitárias,
sociais, ambientais e econômicas geradas pelo consumo e pela exposição à fumaça do tabaco,
proporcionando
uma referência para as medidas de controle do tabaco, a serem
implementadas pelas Partes nos níveis nacional, regional e internacional, a fim de reduzir
de maneira contínua e substancial a prevalência do consumo e a exposição à fumaça do
tabaco (BRASIL,2013).
Em 1989, o Ministério da Saúde lançou o Programa Nacional de Controle do
Tabagismo (PNCT) e junto ao Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva
(INCA) que se tornou responsável por planejar e coordenar suas ações, além de difundir
informações
sobre
esse
importante
fator
de risco de câncer e outras doenças
(BRASIL,2011c).
Em 2005 o Programa Nacional de Controle do Tabagismo, passou a integrar a Política
Nacional de Controle do Tabaco, de caráter intersetorial e norteada pelos objetivos,
princípios, obrigações e medidas da CQCT (BRASIL, 2014).
O PNCT tem como objetivo geral reduzir a prevalência de fumantes e a conseqüente
morbimortalidade relacionada ao consumo de derivados do tabaco no Brasil, e envolve dois
grandes objetivos específicos: reduzir a iniciação do tabagismo, principalmente, entre jovens e
aumentar a cessação de fumar entre os que se tornaram dependentes, e proteger todos dos
riscos do tabagismo passivo (BRASIL, 2013c). As diretrizes do PNCT, conforme Brasil
(2013c), guiam suas estratégias de forma a atuar sobre determinantes sociais e econômicos
que favorecem a expansão do consumo de tabaco e envolvem:

Criação de um contexto social e político favorável à redução do consumo de tabaco;

Eqüidade, integralidade e intersetorialidade nas ações;

Construção de parcerias para enfrentamento das resistências ao controle do tabagismo;

Redução da aceitação social do tabagismo;

Redução dos estímulos para a iniciação;

Redução do acesso aos produtos derivados do tabaco;

Proteção contra os riscos do tabagismo passivo;

Redução das barreiras sociais que dificultam a cessação de fumar;

Aumento do acesso físico e econômico ao tratamento para cessação de fumar;
15

Controle e monitoramento dos produtos de tabaco comercializados no país, desde seus
conteúdos e emissões até as estratégias de marketing e promoção dos mesmos;

Monitoramento e vigilância das tendências de consumo e dos seus efeitos sobre saúde,
economia e meio ambiente.
Em 2012, 175 mil pessoas foram atendidas em unidades credenciadas ao PNCT, e 1.159
municípios. A meta é reduzir de 15% para 9% a proporção de fumantes na população adulta
até 2022. A PNAD (BRASIL, 2008a), apontou que 14,7% dos fumantes – cerca de 2,3
milhões de pessoas desejam parar de fumar nos últimos anos e este numero aumenta a cada
ano. Como mostra a tabela apresentada pelo INCA (2014):
Gráfico 1. Municípios brasileiros e fumantes inseridos no tratamento do fumante no SUS, nos
anos de 2005 à 2011.
Fonte: Inca, 2014.
16
O Inca, conforme Brasil (2014) também traz outros dados em relação programa de
tratamento do tabagista no Brasil como sua abrangência e eficácia. Até março de 2011 havia
2.334 unidades de saúde da rede SUS, inseridas em 997 municípios dos 26 estados e o DF.
Com crescente numero de atendimentos e de fumantes que pararam de fumar, sendo que 80%
deles usaram medicação e a taxa de cessação foi de 60% após quatro semanas (BRASIL,
2014).
As ações são desenvolvidas em parceria pelas três esferas governamentais, regidas por
diversas legislações que focam principalmente a proteção contra os riscos da exposição à
poluição tabagica ambiental, à proibição de publicidade e patrocínio dos produtos derivados
do tabaco, proibição de publicidade enganosa e abusiva, sensibilizar e mobilizar a população
brasileira para os prejuízos sociais, políticos, econômicos e ambientais originários do uso do
tabaco e o tratamento do tabagista (ROSEMBERG, 2003).
Hoje no Brasil o tratamento do tabagismo está vinculado ao Sistema Único de Saúde
(SUS), e é regulado por Portarias do Ministério da Saúde (Portaria nº 1.035/2004 e Portaria
nº 442/2004) que ampliam o acesso da abordagem nos três níveis de atenção à saúde (básica
média e alta complexidade) (BRASIL, 2004d). Esse modelo de tratamento proposto pode ser
individual ou grupal, baseado na abordagem cognitivo comportamental e apoio
medicamentoso quando necessário (BRASIL, 2001). Com estas propostas o Brasil está entre
os países com os maiores índices de ex-fumantes, segundo estudo internacional divulgado no
ano de 2011, pela revista médica The Lance (BRASIL, 2011d).
4.2.
Abordagens Terapêuticas
4.2.1.
Abordagem inicial
De acordo com o protocolo clinico e diretrizes terapêuticas da dependência à nicotina, a
abordagem do fumante para a cessação de fumar tem como eixo central, intervenções
cognitivas e treinamento de habilidades comportamentais, visando à cessação e a prevenção
de recaída. Em casos específicos pode ser utilizado um apoio medicamentoso (BRASIL,
2001).
17
Cabe ao profissional de saúde, perguntar a qualquer paciente sobre seus hábitos de vida,
incluindo o tabagismo e o desejo de tratamento. Embora 80% dos fumantes desejem parar de
fumar, apenas 3% conseguem fazê-lo por si mesmos e, somente 7% dos que tentam parar
sozinhos se mantêm abstinentes por um período longo de tempo (MAZONI et al, 2008).
Estudos de revelaram que o aconselhamento dado por qualquer profissional de saúde aumenta
as taxas de cessação do tabagismo (MIRRA et al, 2010).
Piccini e Victora (1997) citam uma pesquisa realizada no ano 1997 no estado do Rio
Grande do Sul com a finalidade de avaliar a freqüência de hipertensão e seu manejo por
médicos, mostrou que apenas 34% dos pacientes hipertensos que eram fumantes foram
aconselhados a deixar de fumar e 37% foram aconselhados a reduzir o consumo Essas
pesquisas ilustram a pouca valorização dada ainda ao tabagismo e o desconhecimento sobre o
manejo de dependência a nicotina. Dessa forma percebe-se que a valorização dada ao
tratamento do fumante ainda é inferior a dada ao tratamento de outras comorbidades , muitas
vezes causadas ou agravadas pelo próprio ato de fumar.
A taxa de sucesso de abstinência pode aumentar em 15% a 30% com a utilização de
intervenções psicossociais e farmacológicas (MAZONI et al, 2008).
O profissional também deve compreender que o fumante passa por fases de mudança de
comportamento até decidir- se a tentar parar de fumar, partir para ação e prosseguir o
tratamento. Enfim, trata-se de um processo dinâmico de mudanças de comportamento cujo
modelo teórico foi desenvolvido por Prochaska e Diclemente. Esse modelo prevê cinco
diferentes estágios de mudanças de comportamento do fumante no processo de cessação de
fumar (CAVALCANTE, 2001):
(a) Pré - contemplação- nessa fase estão os fumantes que ainda não pensam em deixar
de fumar; não admitem que fumar é um problema;
(b) Contemplação – os fumantes em contemplação já admitem que fumar é um
problema, e pensam em deixar de fumar, mas não têm uma data prevista;
(c) Ação – nessa fase o fumante deseja deixar defumar, e já tem uma data prevista uma
data nas próximas 4 semanas;
(d) Manutenção- o fumante encontra-se abstêmio e precisa evitar a recaída;
(e) Recaída– o indivíduo reinicia o uso do tabaco nos níveis de consumo anteriores.
Qual a importância desse modelo para a abordagem do fumante? Identificando em que fase
de mudança de comportamento o seu paciente está, o profissional de saúde poderá adequar as
mensagens e as estratégias motivacionais.
18
Após aceitação do tratamento, o fumante deve se sentir acolhido por um profissional
capacitado, que deve abordá-lo com acolhimento, empatia, respeito e confiança (REICHERT
et al, 2008). Deve ser submetido à avaliação clínica no momento da admissão no programa
de cessação do tabagismo deve incluir história clínica minuciosa, exame físico completo
(MIRRA et al, 2010). É neste momento que também é avaliado seu grau de dependência à
nicotina, (Questionário de Tolerância de Fagerström), sua motivação para deixar de fumar e
seu diagnostico seguindo a Classificação internacional de Doenças ( CID-10) (REICHERT et
al, 2008).
4.3.
Abordagem não farmacológica
4.3.1. Aconselhamento
Como já mencionado anteriormente, a primeira abordagem do tratamento é o
aconselhamento.
Mediante as considerações de Trindade e Teixeira (2000), o
aconselhamento em saúde é uma intervenção que consiste em ajudar o sujeito a manter ou a
melhorar a sua saúde, na adoção de um estilo de vida saudável e comportamentos de saúde
(ao nível da alimentação, exercício físico, uso de substâncias, stress, etc.). A finalidade
principal do aconselhamento é a redução de riscos para a saúde, obtida através de mudanças
concretas do comportamento do sujeito. Como Presman, Carneiro e Gigliotti (2005),
aconselhar não é dar conselhos, fazer exortações nem encorajar disciplina ou prescrever
condutas que deveriam ser seguidas, pelo contrário, trata-se de ajudar o sujeito a
compreender-se a si próprio e à situação em que se encontra e ajudá-lo a melhorar a sua
capacidade de tomar decisões que lhe sejam benéficas. O aconselhamento é um processo no
qual um técnico utiliza competências específicas para ajudar o paciente a lidar e entender
situações da vida, neste caso o tabagismo (TRINDADE; TEIXEIRA, 2000).
Uma forma de aconselhamento freqüentemente citada como modelo é o dos 4 A’s
(argüir, aconselhar, assistir e acompanhar). Este modelo propõe que se procure (a) Perguntar
sistematicamente a todos os pacientes se eles fumam; (b) Aconselhar a todos os fumantes que
parem; (c) Auxiliar os motivados com a elaboração de um plano claro; (d) Acompanhar todos
os pacientes (PRESMAN; CARNEIRO; GIGLIOTTI, 2005).
19
Mazoni et al (2008), mostra que o aconselhamento tem formato individual ou em
grupo e deve ser conduzido por profissionais capacitados.
O tratamento em grupo oportuniza maior suporte social e maior facilitação da discussão
de situações de risco, bem como das estratégias para lidar com as mesmas, por outro lado, o
tratamento individual permite atenção e adaptação às características específicas de cada
paciente, a escolha deve ser baseada na preferência do paciente (PRESMAN;CARNEIRO;
GIGLIOTTI, 2005)
Podemos observar que esta intervenção de ‘ aconselhamento’ pode estar inclusa tanto
nas consultas diárias, acolhimento, como também durante campanhas e entrega de material de
apoio (BALBANI; MONTOVANI, 2005).
Mirra et al (2008), cita também o aconselhamento telefônico reativo, proativo,
aconselhamento face a face mínimo, intensivo, individual ou em grupo de apoio, incluindo a
terapia cognitivo comportamental.O aconselhamento telefônico para tabagistas tem sido
utilizado em diversas populações em associação com a farmacoterapia, havendo o
aconselhamento telefônico reativo ou proativo (MAZONI et al, 2008):

Proativo: as ligações para o tabagista são iniciadas pelo serviço, assim, o serviço entra
em contato com o cliente, a partir de uma primeira ligação reativa ou por meio de um cadastro
de clientes que realizaram consultas com profissionais da saúde.

Reativo: caracteriza-se por receber a chamada inicial do fumante. Tabagistas
telefonam para um serviço à procura de informação, aconselhamento e materiais de autoajuda
a fim de facilitar o processo de cessação do tabagismo.
Por meio de Mazoni et al (2006), concluímos que o aconselhamento telefônico tem
potencial para complementar as intervenções face a face, substituí-las ou fortalecer as
intervenções de auto-ajuda, também pode ser útil para planejar a parada e auxiliar os fumantes
na prevenção da recaída durante o período inicial de abstinência. De uma forma geral, pode-se
dizer que o aconselhamento telefônico aumenta as taxas de cessação do tabagismo e o número
de fumantes fazendo tentativas de abstinência, pois atinge a população em larga escala, desta
forma, pode diminuir a prevalência do tabagismo, sendo uma medida útil em saúde pública
(MAZONI et al., 2006).
O Instituto Nacional do Câncer coloca à disposição da população o telefone 0800-7037033, através do qual são fornecidas, gratuitamente, informações sobre os métodos para
abandono do fumo (BRASIL, 2011d).
20
4.3.2.
Terapia cognitiva comportamental
Presman, Carneiro e GIGLIOTTI (2005) ressaltam que uma grande parte dos
tratamentos para tabagismo emprega algum tipo de técnica cognitivo-comportamental,
baseada em uma abordagem que combina intervenções cognitivas com treinamento de
habilidades comportamentais, que envolvem: a detecção de situações de risco de recaída e
desenvolvimento de estratégias de enfrentamento. Em essência, esse tipo de abordagem
envolve o estímulo ao auto-controle ou auto-manejo para que o indivíduo possa aprender
como escapar do ciclo vicioso da dependência, e a tornar-se assim um agente de mudança de
seu próprio comportamento (CAVALCANTE, 2001). Para a abordagem do fumante,
Cavalcante (2001), mostra que a associação das seguintes abordagens, favorecem a um
significativo aumento na taxa de cessação, como:
1. Preparar o fumante para soluções de seus problemas.
2. Estimular habilidades para resistir as tentações de fumar.
3.
Preparar para enfrentar as situações de risco de recaída.
4.
Preparar o fumante para lidar com o stress
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem como finalidade informar o tabagista
sobre os riscos do cigarro e os benefícios de parar de fumar, além, possibilita apoiar o cliente
durante o processo de cessação, oferecendo orientações para que possa lidar com a síndrome
de abstinência, a dependência psicológica e os comportamentos associados ao comportamento
de fumar (PRESMAN; CARNEIRO; GIGLIOTTI, 2005).
No tratamento cognitivo-comportamental do tabagismo utilizam-se técnicas de
treinamento de habilidades, de solução de problemas, bem como o apoio social, pode
acontecer individualmente como também em grupo. O tratamento em grupo fornece maior
suporte social e facilidade nas discussões referentes as situações de risco, bem como das
estratégias para lidar com as mesmas. Por outro lado, o tratamento individual permite atenção
e adaptação às características específicas de cada paciente. A escolha da modalidade cabe
ao paciente (PRESMAN; CARNEIRO; GIGLIOTTI, 2005).
Em relação ao tempo de abordagem da TCC, nos estudos analisados podemos
encontrar a denominação de abordagem mínima/ breve ou intensiva, que segundo Cavalcante
(2001), a abordagem mínima é realizada através de rápidas orientações (5 a 10 minutos),
como objetivo de estimular a cessação do tabagismo, dicas de como deixar de fumar, com
apoio de material de auto-ajuda, com ou sem apoio medicamentoso e a abordagem intensiva
21
envolve a estruturação de programas de tratamento formais para fumantes, com profissionais
especificamente envolvidos nesse tipo de assistência.
Cavalcante (2001) mostra estudos que explicam que qualquer que seja a duração dessa
abordagem há um aumento da taxa de abstinência, porém, quanto maior o tempo total da
abordagem (freqüência da abordagem multiplicada pelo tempo gasto em cada contato) maior
a taxa de abstinência. Por outro lado, a partir de um tempo total de abordagem de 90 minutos,
não ocorre aumento adicional da taxa de abstinência. A abordagem intensiva produz taxas de
cessação de fumar em um ano, da ordem de 20 a 30%, enquanto que as taxas de cessação de
abordagem mínima situam-se em torno de 5 a 10% (CAVALCANTE, 2001).
Mediante Cavalcante (2001), concluímos que apesar da taxa de abstinência e cessação,
serem maiores na abordagem intensiva, ela requer maiores investimentos em termos de
recursos humanos e financeiros, sendo muitas vezes seletiva, já a abordagem mínima oferece
um maior alcance em termos de saúde pública, pois permite que a maioria dos fumantes,
mesmo os que não procuram tratamento para o tabagismo, recebam estímulos para deixar de
fumar durante a rotina de atendimento. A abordagem mínima, portanto alcançará os fumantes
ainda não motivados, os fumantes motivados, mas que não conseguem deixar de fumar
sozinhos, e que necessitam apenas de orientações para lidar com as situações-problemas que
envolvem o processo de cessação de fumar (PRESMAN; CARNEIRO; GIGLIOTTI, 2005).
Outro fator importante durante estas abordagens é o apoio social, usualmente utilizado
nos programas antitabagismo, participa das intervenções, promovendo a criação de
reestruturação do vínculo (CAVALCANTE, 2001).
Baseados em diversas dados sobre a eficácia da TCC no tratamento do tabagismo,
Brasil (2001), mostra que o Ministério da Saúde elabora guias de orientação e metodologias
de treinamento desenvolvido para subsidiar os profissionais de saúde, para que possa oferecer
na rotina de atendimento uma intervenção cognitiva comportamental eficaz aos seus pacientes
fumantes. Alguns exemplos são, o manual “Ajudando seu paciente a deixar de fumar” e as
orientações no” Consenso Abordagem e Tratamento do Fumante”, que traz brevemente
alguns passo da TCC, como os cinco passos básicos que poderão ser aplicados em 3 a 5
minutos de uma consulta de rotina: Perguntar/Avaliar, Aconselhar, Preparar e Acompanhar
(PAAPA) ( BRASIL,2001).
Conforme a Portaria nº 442 de 13 de Agosto de 2004, o programa proposto para o
tabagista no SUS, terá o seguinte manejo (BRASIL, 2004d):
- 4 sessões iniciais, estruturadas, preferencialmente semanais, seguidas de:
- 2 sessões quinzenais, com os mesmos participantes, seguidas de:
22
- 1 reunião mensal aberta, com a participação de todos os grupos, para prevenção da
recaída, até completar um ano.
Os materiais de apoio a serem utilizados durante as sessões de abordagem cognitivocomportamental, individual ou em grupo, são (BRASIL, 2004d):
• manual do coordenador – Deixando de fumar sem mistérios – contendo orientações
sobre a condução dos temas a serem discutidos nas sessões individuais ou em grupo da
abordagem cognitvo-comportamental;
• manual do participante – Deixando de fumar sem mistérios – fornece as informações e
estratégias necessárias para apoiar os participantes a deixarem de fumar e na prevenção da
recaída.
Os medicamentos e materiais de apoio serão adquiridos pelo Ministério da Saúde e
enviados, periodicamente, aos municípios que tenham unidades de saúde credenciadas para a
abordagem e tratamento do tabagismo, segundo a metodologia utilizada pelo Programa
Nacional de Controle do Tabagismo (BRASIL, 2004d).
4.4.
Abordagem Farmacológica
A abordagem farmacológica tem um papel bastante definido no processo de cessação
de fumar, que é diminuir os sintomas da síndrome de abstinência, quando estes representam
uma importante dificuldade para o fumante deixar de fumar, conseqüentemente, facilita a
abordagem comportamental nesta fase (MIRRA et al, 2011). Segundo Issa et al (1998), os
principais sinais e sintomas de abstinência à nicotina são ansiedade, sono inadequado,
irritabilidade, impaciência, dificuldade de concentração, desejo incontrolável de fumar, raiva,
distúrbios gastrintestinais, dor de cabeça e tonturas. Este conjunto de manifestações é
conhecido e identificado como síndrome de abstinência à nicotina e catalogado no CID 10
(OMS, 1994). Segundo Brasil (2004d), outras indicações são:
1. fumantes que fumam 20 ou mais cigarros por dia;
2. fumantes que fumam o 1º cigarro até 30 minutos após acordar inclusive os que
fumam no mínimo 10 cigarros por dia;
3. fumantes com escore do teste de Fagerström, igual ou maior do que 5, ou avaliação
individual, a critério do profissional;
23
4. fumantes que já tentaram parar de fumar anteriormente apenas com a abordagem
cognitivo-comportamental, mas não obtiveram êxito, devido a sintomas da síndrome de
abstinência;
5. não haver contra-indicações clínicas
Não deverão ser incluídos ou ter suspenso o apoio medicamentoso, aqueles pacientes
que apresentarem hipersensibilidade conhecida a qualquer dos componentes da fórmula;
gestantes ou amamentando, que fumam menos de 10 cigarros/ dia, contra indicações cabíveis
a qualquer escolha medicamentosa, porem cada medicamento apresenta contra-indicações
especificas, e devem ser cuidadosamente avaliada pelo medico quando da indicação do
medicamento (MIRRA et al, 2011; BRASIL, 2004d).
Segundo Mirra et al (2011), Existem, no momento, algumas medicações de eficácia
comprovada em auxiliar o fumante a deixar de fumar.
Esses medicamentos eficazes são divididos em duas categorias, a saber:
1. Nicotínicos
2. Não nicotínicos
Os medicamentos nicotínicos, também chamados de Terapia de Reposição de Nicotina
(TRN), se apresentam nas formas de adesivo, goma de mascar, inalador e aerossol. As duas
primeiras correspondem a formas de liberação lenta de nicotina, e são, no momento, as únicas
formas disponíveis no mercado brasileiro. O inalador e o aerossol são formas de liberação
rápida de nicotina e ainda não estão disponíveis no mercado brasileiro até a data da
publicação desse documento (MIRRA et al, 2011; BRASIL, 2004d).
Os medicamentos não nicotínicos são os antidepressivos bupropiona e nortriptilina, e o
anti-hipertensivo clonidina. A bupropiona é o medicamento de eleição nesse grupo, pois,
segundo estudos científicos, é um medicamento que não apresenta, na grande maioria dos
casos, efeitos colaterais importantes (MIRRA et al, 2011; BRASIL, 2004d).
A TRN (adesivo e goma de mascar) e a bupropiona são considerados medicamentos
de 1ª linha, e devem ser utilizados preferencialmente. A nortriptilina e a clonidina são
medicamentos de 2ª linha, e só devem ser utilizados após insucesso das medicações de 1ª
linha (MIRRA et al, 2011; BRASIL, 2004d).
O Programa Nacional de tratamento do tabagismo, fornece os medicamentos de 1ª
linha: Goma de Mascar com Nicotina 2 mg; Adesivos Transdérmicos de Nicotina com 7 mg,
14 mg e 21 mg e Bupropiona em comprimidos de 150 mg (BRASIL, 2001).
24
4.4.1. Terapia de Reposição de Nicotina (TRN)
A nicotina, principal responsável pela dependência, vem sendo usada desde 1984 para
a cessação do tabagismo. A TRN tem como objetivo a substituição da nicotina do cigarro por
meio de doses menores e seguras, reduzindo a fissura e outros sintomas de abstinência
(REICHERT et al, 2008).
De acordo com Reichert et al (2008), existem duas formas de apresentação da TRN:
liberação lenta (adesivos transdérmicos) e liberação rápida (goma, inalador, spray nasal e
pastilhas). Todas as formas de TRN liberam nicotina para o cérebro em quantidade e
velocidade menores que o cigarro (REICHERT et al, 2008). As apresentações de liberação
rápida de nicotina são mais efetivas no controle da fissura, porém, apresentam maior risco de
dependência. As ações são de curta duração, o que permite ao paciente assumir o controle da
administração de acordo com as suas necessidades. A eficácia das diferentes apresentações é
equivalente, mas a adesão ao tratamento é maior com o adesivo (REICHERT et al, 2008).
A eficácia da TRN está relacionada à reposição de nicotina de modo mais lento e com
menores picos que o tabaco (FOCCHI; BRAUN, 2005). A TRN diminui os sintomas da
síndrome de abstinência, reduzindo os efeitos reforçadores negativos da falta de nicotina
(MARQUES; RIBEIRO, 2003).
No Brasil, as formas disponíveis incluem a goma de mascar e os sistemas transdérmicos.
A goma de mascar contém 2 mg de nicotina, a qual é liberada e absorvida rapidamente na
mucosa oral. A média de consumo é de 10 gomas/dia, podendo chegar até 20 gomas
(BALBANI; MONTOBVANI, 2005; MARQUES; RIBEIRO, 2003). Em relação a posologia
o recomendado pelo Consenso de abordagem ao fumante (BRASIL,2001) é:
Pacientes que fumam até 20 cigarros por dia e fumam seu 1º cigarro nos primeiros 30
minutos após acordar, utilizar goma de mascar com o seguinte esquema:
• semana 1 a 4: 1 tablete a cada 1 a 2 horas
• semana 5 a 8: 1 tablete a cada 2 a 4 horas
• semana 19 a 12: 1 tablete a cada 4 a 8 horas
Pacientes que fumam mais de 20 cigarros por dia, utilizar o seguinte esquema:
• semana 1 a 4: 1 tablete de 4 mg a cada 1 a 2 horas
• semana 5 a 8: 1 tablete de 2 mg a cada 2 a 4 horas
• semana 9 a 12: 1 tablete de 2 mg a cada 4 a 8 horas
Mediante Brasil (2001), recomenda-se a cessação do fumo ao iniciar o medicamento. A
goma deve ser mastigada com força algumas vezes, até sentir formigamento, ou o sabor da
nicotina, nesse momento, deve-se parar de mastigar e repousar a goma entre a bochecha e a
25
gengiva, até o formigamento passar (BRASIL, 2001). Após, voltar a mastigar com força e
repetir a operação por 30 minutos, quando se deve jogar fora a goma de mascar. Durante o
uso da goma não se pode beber nenhum líquido, mesmo que seja água. A dose máxima
recomendada é de 15 gomas por dia (BRASIL, 2001). Conforme Mirra et al (2011),
recomenda-se beber um gole de água antes de mascar para regularização do pH bucal e
retirada de resíduos alimentares que possam interferir na absorção da nicotina. O principal
efeito adverso das gomas de nicotina é a irritação da mucosa bucal (BALBANI;
MONTOVANI, 2005).
Nos adesivos transdérmicos, a nicotina é liberada de forma gradual dos adesivos durante
todo o dia, mantêm os níveis sangüíneos de nicotina por 16 a 24 horas( BALBANI;
MONTOVANI, 2005). Seu efeito pleno é observado em dois a três dias de uso e a reposição
com adesivo é indicada por um período médio de 8 semanas e deve-se aplicar um adesivo por
dia (VIEGAS; REICHERT; 2004)). O efeito adverso mais comum é a irritação na pele. De
acordo com Brasil (2001), recomenda-se a posologia:
Pacientes com escore do teste de Fagerström entre 8 a 10, e/ou fumante de mais de 20
cigarros por dia, utilizar o seguinte esquema:
• semana 1 a 4: adesivo de 21 mg a cada 24 horas
• semana 5 a 8: adesivo de 14 mg a cada 24 horas
• semana 9 a 12: adesivo de 7 mg a cada 24 horas
Pacientes com escore do teste de Fagerström entre 5 a 7, e/ou fumante de 10 a 20
cigarros por dia e fumam seu 1º cigarro nos primeiros 30 minutos após acordar, utilizar o
seguinte esquema:
• semana 1 a 4: adesivo de 14 mg a cada 24 horas
• semana 5 a 8: adesivo de 7 mg a cada 24 horas
Segundo Brasil (2001), em casos especiais, em grandes dependentes físicos de nicotina,
pode-se avaliar a possibilidade da utilização de dois adesivos de 21 mg, concomitantes,
perfazendo o total de 42 mg, desde que não haja contraindicações. Atenção para não esquecer
de recomendar que deve-se parar de fumar ao iniciar o medicamento O adesivo deve ser
aplicado apenas na região do tronco ou braços, fazendo um rodízio do local da aplicação a
cada 24 horas. A região deve estar protegida da exposição direta do sol, porém, não há
restrição quanto ao uso na água (BRASIL, 2001).
Estudos comparativos utilizando placebo e adesivos transdérmicos demostraram sua
maior eficácia. A taxa de abandono obtida com placebo varia de 5 a 10% e com adesivos de
18 a 77% (ISSA et al, 1998).
26
4.4.2.
Bupropiona
A bupropiona é uma aminocetona que inibe a recaptação de noradrenalina e de
dopamina nas sinapses, atuando como antidepressivo. Atinge o máximo de concentração
plasmática em três horas e liga-se fortemente a proteínas plasmáticas; sua meia-vida é de
cerca de 19 horas, sendo que sua metabolização é hepática e a excreção renal, atinge o
estado de equilíbrio (steady-state) em cinco dias (FOCCHI; BRAUN, 2005). A bupropiona é
contraindicada em pacientes com antecedentes de epilepsia não controlada, traumatismo
craniencefálico, anorexia, bulimia e não deve ser usada concomitantemente a inibidores da
monoaminoxidase (IMAO). Seus efeitos colaterais mais frequentes são náuseas, cefaléia e
insônia (FOCCHI; BRAUN, 2005).
A bupropiona diminui sintomas da síndrome de abstinência, como a depressão, há
indicação para indivíduos que fumam de 10 a 15 cigarros por dia e que estão motivados a
parar (MAZONI et al, 2008).
Não se sabe ao certo o mecanismo pelo qual a bupropiona age na dependência de
nicotina; pode ser que ela atue pela redução do transporte neuronal de dopamina e
noradrenalina ou mesmo pelo antagonismo a receptores nicotínicos, pela redução da
compulsão pelo uso de cigarros, embora relevante, o tratamento da comorbidade depressiva
não explica todo o seu efeito (FOCCHI; BRAUN, 2005). O tratamento com a bupropiona
deve se iniciar uma semana antes de o paciente parar de fumar. A dose máxima
recomendada na cessação do tabagismo é de 300 mg/dia. Em caso de intolerância à dose
preconizada, pode ser realizado ajuste posológico. Em pacientes idosos com insuficiência
renal ou hepática a dosagem deve ser reduzida para 150 mg/dia. A posologia proposta pelo
Consenso (BRASIL, 2001), é que:
Deve-se utilizar a seguinte dosagem, porém, em caso de intolerância, pode-se fazer
ajuste posológico, a critério clínico:
• 1 comprimido de 150 mg pela manhã por 3 dias.
• 1 comprimido de 150 mg pela manhã e outro comprimido de 150 mg, 8 horas após, a
partir do 4º dia até completar 12 semanas
Haggsträm et al. (2001), avaliaram 169 fumantes que se inscreveram voluntariamente
em um serviço universitário para abandono do fumo. A dependência da nicotina era moderada
em 50% dos casos, leve em 27% e grave em 22%. O tratamento proposto foi: psicoterapia
cognitivo-comportamental para casos leves, psicoterapia associada à farmacoterapia
(bupropiona 300 mg/dia ou TRN) para casos moderados, e psicoterapia associada à
farmacoterapia (bupropiona 300 mg/dia e TRN) para casos graves. Cerca de 30% dos
27
fumantes abandonaram o programa na primeira semana. Ao final do estudo, 124 pessoas
continuavam freqüentando o programa; 49% pararam de fumar e 13% reduziram
significativamente o consumo de cigarros. O índice de sucesso no abandono do fumo foi:
23% na psicoterapia, 50% na TRN, 59% no uso de bupropiona e 59% no uso combinado de
bupropiona e TRN. Apenas um paciente necessitou interromper o uso de bupropiona por
causa de efeitos adversos (HAGGSTRAM et al, 2001).
5.
Considerações finais
O tabagismo é considerado um importante problema de saúde pública mundial que
pode ser prevenido mediante ações específicas. O Brasil vem fazendo sua parte através das
Políticas Públicas de Saúde e incentivo para implantação dessas propostas em toda a atenção à
saúde. É notável essa amplificação de ações de promoção, prevenção e principalmente de
tratamento no nosso país. Podemos observá-las, através dos dados epidemiológicos referentes
a diminuição da prevalência de fumantes no Brasil e aumento da preocupação com os
malefícios do cigarro e também busca ao tratamento.
O Ministério da Saúde fornece apoio a todo fumante que aceita o tratamento, sendo
através da terapia cognitivo- comportamental ou abordagem farmacológico. Métodos que já
foram comprovados sua eficácia.
O sucesso da cessação do tabagismo está relacionado com o balanço entre a
motivação, grau de dependência nicotínica, síndrome de abstinência, carga genética e apoio
familiar. Dentro dos programas de cessação, encontra-se em destaque: profissionais
capacitados, infra-estrutura de apoio, continuidade do programa e oferta gratuita de
medicamentos.
Cabe ressaltar que todo profissional da área da saúde têm papel fundamental na
prevenção e combate ao tabagismo porque podem influenciar positivamente na mudança de
comportamento dos indivíduos que querem ou precisam parar de fumar, assim precisam ser
capacitados, acolher os fumantes, realizando o aconselhamento sempre que possível.
Referências
BALBANI, A. P. S.; MONTOVANI, J. C. Métodos para abandono do tabagismo e tratamento
da dependência da nicotina. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, São Paulo, v. 71,
n. 6, p. 820-827, 2005. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rboto/v71n6/a21v71n6.pdf
>. Acesso e 15 ago. 2013.
BRASIL. Ação Global para o Controle do Tabaco: 1º Tratado Internacional de Saúde
Pública. 3ª Edição. Ministério da Saúde, 2004a.
BRASIL. Doenças associadas ao uso de derivados do tabaco. 2013a. Disponível em: <
http://www.inca.gov.br/tabagismo/frameset.asp?item=atento&link=derivados.htm>. Acesso e
15 jun. 2013.
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