Assistência Social Conheça o trabalho da ONG que desenvolve programas voltados para o terceiro setor e orienta as pessoas para a importância do exercício da cidadania Por Érika Silveira A ONG (Organização Não-Governamental) Canto Cidadão surgiu a partir do sonho dos radialistas Felipe Mello e Roberto Ravagnani de criar um projeto voltado ao desenvolvimento do terceiro setor. Os dois se conheceram em um curso para formação de radialistas, em 2001, e descobriram em comum a vontade de orientar a sociedade quanto a questões ligadas à cidadania. Segundo seus idealizadores, o nome Canto Cidadão possui o sentido de local, dar vez para as pessoas se expressarem, opinar e participar. Antes da fundação da ONG juridicamente, em julho de 2002, apresentaram a algumas rádios a proposta de um programa neste segmento e a Rádio Boa Nova apostou na idéia. Em fevereiro de 2002, o primeiro programa foi ao ar. Além de criar um espaço para o cidadão poder se expressar e conhecer seus direitos, eles dizem que a intenção do trabalho é poder fazer a diferença na sociedade. “Temos um sentimento de responsabilidade que aumenta a cada dia, porque temos pessoas que acompanham a idéia que tivemos algum dia”, dizem. A ONG desenvolve alguns programas de trabalho: Doutores Cidadãos, Canto Cidadão em todos os cantos, Canto Cidadão nas ondas do rádio, Canto Cidadão em prosa e verso e em breve estarão lançando Canto Cidadão educação, que trabalhará com educação para jovens em forma de cursos. Para sabermos melhor sobre todos os trabalhos desenvolvidos pelo programa Canto Cidadão, entrevistamos os coordenadores Felipe Mello e Roberto Ravagnani. 62 Falem um pouco sobre cada um dos trabalhos realizados pela ONG. Desenvolvemos quatro programas de atividades: Os Doutores Cidadãos é um trabalho voltado à visitação de hospitais por voluntários vestidos de palhaço. O Canto Cidadão em todos os cantos é um projeto de fazer palestras para empresas, prefeituras e governos. Nossa proposta é viajarmos para outras capitais, demonstrando nossa utilidade para buscar novas parcerias. Até o momento, já realizamos algumas viagens, mas queremos expandir muito mais. Canto Cidadão nas ondas do rádio tem a proposta de apresentar questões relacionadas ao terceiro setor e ao exercício da cidadania, sempre com muito bom humor. Canto Cidadão em palestras e oficinas é uma atividade dirigida para empresas, faculdades, instituições, escolas e órgãos públicos que desejam conhecer melhor o terceiro setor e valorizam o exercício da cidadania. Canto Cidadão em prosa e verso tem o objetivo de produzir material para mídia imprensa, abordando assuntos relacionados ao terceiro setor e a cidadania. Atualmente, somos colunistas da revista Filantropia e escrevemos para alguns jornais de bairro. Como funciona os Doutores Cidadãos? A idéia desse projeto surgiu há oito anos, inspirado no filme Patch Adams – O Amor é Contagioso, com o ator Robin Williams. Atualmente, o trabalho conta com duzentos voluntários que visitam 27 hospitais na grande São Paulo e mais outro grupo que capacitamos no Estado do Mato Grosso, que visitam nove hospitais da região. Pretendemos expandir para outros locais, mas por enquanto, o curso de capacitação em São Paulo, tem a duração de quatro meses e é realizado aos sábados. Como é realizado o treinamento com os voluntários? Nós construímos um treinamento que explica para o voluntário o que é o ambiente hospitalar e como ele pode ser útil nesse local. O treinamento principal não é ensinar a pessoa a ser engraçada, porque cada um tem a sua graça, mas tentamos transmitir elementos que possam ajudar, principalmente quais são as formas de se alcançar os objetivos nessa tarefa. Qual é a sensação de ver um sorriso de um paciente após uma visita? Muito difícil descrever, mas descreveríamos como uma sensação de plenitude, de poder fazer a diferença na sociedade. Recordam-se de algum caso que tenha marcado? Roberto Ravagnani – Certa vez, estava em visita no hospital e fui atender um pastor evangélico, que a princípio, eu nem sabia que era pastor. Ele ficou muito feliz com a visita e perguntou se eu me importaria se me desse um presente. Respondi que não precisava, mas insistiu que era um presente que eu carregaria para sempre. Então se levantou do leito, pediu para que a família fizesse um circulo ao meu redor e começou a orar por mim com muita fé. Eu fui às lagrimas, de tanta emoção. Por isso que sempre dizemos que nosso trabalho não tem religião, porque atendemos pessoas de todos os credos. Qual é o maior objetivo dos Doutores Cidadãos? A caracterização do personagem é um quebra gelo; o fato de entrarmos no hospital, vestidos de palhaço, já é o nosso passaporte e muitas vezes entramos e não precisamos fazer nada. E como somos uma organização de comunicação, nós conversamos com os pacientes ou, às vezes, apenas ouvimos. Em nossa conversa tentamos passar mensagens de motivação, e também, sempre que possível, colocamos humor nessa história. Temos que usar também a sensibilidade para perceber cada paciente. Nosso principal objetivo é amenizar por alguns instantes esse momento difícil da doença, resgatar a auto-estima e a alegria. Qual é o primeiro passo para ser um voluntário? Se você está sentindo essa vontade de ser voluntário e deseja fazer alguma coisa pelo próximo, primeiro pesquise qual é a área do voluntariado que mais se assemelha ao seu perfil, porque é preciso ter prazer em fazer o trabalho. Para contribuir com a manutenção da ONG ou participar do Canto Cidadão, entre contato: Pelo telefone: (011) 3259- 8021 ou pelo site www.cantocidadao.org.br Ouça o programa na Rede Boa Nova de Rádio Todos os sábados, às 11h 63