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Pteridófitas
As pteridófitas constituem as plantas vasculares sem sementes, sendo
atualmente classificadas em cinco classes - Lycopodiopsida, Psilotopsida,
Equisetopsida, Marattiopsida e Polypodiopsida. As pteridófitas estão
representadas por cerca de 10.500 espécies em todo mundo, sendo que a maioria
ocorre nos trópicos do Velho e do Novo Mundo. As pteridófitas foram as plantas
terrestres dominantes há aproximadamente 350 milhões de anos. Algumas
famílias atuais como Marattiaceae, Osmundaceae, Schizaeaceae e
Gleicheniaceae possuem registro fóssil no Paleozóico Inferior, e Cyatheaceae,
Dicksoniaceae, Dipteridaceae e Matoniaceae, no Mesozóico. Outras famílias mais
recentes na história evolutiva das pteridófitas como Blechnaceae, Aspleniaceae,
Polypodiaceae e Pteridaceae surgiram concomitantemente com as angiospermas
no Cretáceo.
As pteridófitas podem ser plantas terrestres, rupícolas, epífitas, hemiepífitas,
aquáticas e trepadeiras. A grande maioria é de porte herbáceo, porém algumas
têm porte arborescente, como os representantes das famílias Cyatheaceae e
Dicksoniaceae, e algumas Blechnaceae e Dryopteridaceae. As pteridófitas
ocorrem em uma extraordinária variedade de ambientes, que vão de situações
árticas e alpinas (altas latitudes e altitudes) ao interior de florestas pluviais
tropicais e de vegetação arbustiva sub-desértica a rochas costeiras e mangues.
No entanto, 80% das espécies ocorrem em áreas tropicais, sendo mais comuns
em montanhas tropicais e subtropicais úmidas.
Os esporos das pteridófitas são pequenos, leves e dispersam com facilidade a
longas distâncias através da ação do vento ou da água. Logo, as pteridófitas são
mais dependentes de condições micro e macroclimáticas e menos limitadas por
barreiras geográficas. Comparando a distribuição das pteridófitas com a das
angiospermas observa-se que a porcentagem de gêneros e espécies endêmicas é
bem menor nas pteridófitas do que nas angiospermas, dado que reflete a ampla
capacidade de dispersão e estabelecimento das primeiras.
As montanhas promovem alta riqueza e endemismo de espécies de pteridófitas.
Observa-se que as regiões ricas em diversidade e endemismo coincidem com as
regiões montanhosas no Neotrópico. As causas que possibilitam a colonização por
grupos diversos de pteridófitas nessas áreas, possivelmente, resultam da
variedade de ambientes criados por diferentes tipos de solos, rochas, elevações,
inclinações, exposições à luz e microclimas. Em áreas florestais, existe uma forte
correlação entre as pteridófitas e as outras plantas, pois essas lhes provêm
condições de proteção e sobrevivência. Apesar desta dependência, em algumas
florestas neotropicais, foi demonstrado que as pteridófitas representam cerca de
10% do total do número de espécies de plantas vasculares apresentando-se em
maior número de espécies do que qualquer família de angiospermas herbáceas.
Aproximadamente 75% das espécies ocorrem em duas grandes regiões: uma, de
maior riqueza, que compreende o sudeste da Ásia e a Australásia, com cerca de
4.500 espécies, e outra que abrange as Grandes Antilhas, o sudeste do México, a
América Central e os Andes do oeste da Venezuela ao sul da Bolívia, onde
ocorrem cerca de 2.250 espécies. A região Neotropical concentra importantes
áreas geográficas de pteridófitas com quatro regiões de alta diversidade que
reúnem aproximadamente 40% de espécies endêmicas: as Grandes Antilhas, o
sudeste do México e a América Central, a região dos Andes e o sudeste e o sul do
Brasil. Na América do Sul ocorrem aproximadamente 3.000 espécies de
pteridófitas, das quais 1200-1300 ocorrem no Brasil. Na região que abrange do sul
da Bahia/norte do Espírito Santo até norte do Rio Grande do Sul, região que
corresponde a um dos centros de diversidade e endemismo de pteridófitas
estimava-se a ocorrência de aproximadamente 800 espécies, o que se deve ao
fato de parte dessa região apresentar a combinação de clima tropical úmido,
montanhas e ecossistemas florestais nos biomas Mata Atlântica e Cerrado.
A Mata Atlântica resguarda a maior diversidade de Pteridófitas no Brasil, com 880
espécies, sendo que 295 (33%) são endêmicas. A maior riqueza é encontrada nas
formações florestais mais úmidas (Floresta Ombrófila Densa) de regiões
montanhosas, onde é marcante a ocorrência de epífitas. A riqueza é menor nas
áreas de Floresta Estacional Semidecidual onde há maior proporção de espécies
terrestres. Já as florestas estacionais deciduais apresentam baixa riqueza de
espécies e há praticamente ausência de espécies epífitas.
PTERIDÓFITAS
Samambaias, avencas, xaxins e cavalinhas são alguns dos exemplos mais
conhecidos de plantas do grupo das pteridófitas. A palavras pteridófita vem do
grego pteridon, que significa 'feto'; mais phyton, 'planta'. Observe como as folhas
em brotamento apresentam uma forma que lembra a posição de um feto humano
no útero materno. Antes da invenção das esponjas de aço e de outros produtos,
pteridófitas como a "cavalinha", cujo aspecto lembra a cauda de um cavalo e tem
folhas muito ásperas, foram muito utilizadas como instrumento de limpeza. No
Brasil, os brotos da samambaia-das-roças ou feto-águia, conhecido como alimento
na forma de guisados.
Cavalinha
Atualmente, a importância das pteridófitas para o interesse humano restringe-se,
principalmente, ao seu valor ornamental. É comum casas e jardins serem
embelezados com samambaias e avencas, entre outros exemplos.
Ao longo da história evolutiva da Terra, as pteridófitas foram os primeiros vegetais
a apresentar um sistema de vasos condutores de nutrientes. Isso possibilitou um
transporte mais rápido de água pelo corpo vegetal e favoreceu o surgimento de
plantas de porte elevado. Além disso, os vasos condutores representam uma das
aquisições que contribuíram para a adaptação dessas plantas a ambientes
terrestres.
Samambaia
O corpo das pteridófitas possui raiz, caule e folha. O caule das atuais pteridófitas é
em geral subterrâneo, com desenvolvimento horizontal. Mas, em algumas
pteridófitas, como os xaxins, o caule é aéreo. Em geral, cada folha dessas plantas
divide-se em muitas partes menores chamadas folíolos.
A maioria das pteridófitas é terrestre e, como as briófitas, vivem preferencialmente
em locais úmidos e sombreados.
REPRODUÇÃO DAS PTERIDÓFITAS
Da mesma maneira que as briófitas, as pteridófitas se reproduzem num ciclo que
apresenta uma fase sexuada e outra assexuada. Para descrever a reprodução nas
pteridófitas, vamos tomar como exemplo uma samambaia comumente cultivada
(Polypodium vulgare).
A samambaia é uma planta assexuada produtora de esporos. Por isso, ela
representa a fase chamada esporófito.
Em certas épocas, na superfície inferior das folhas das samambaias formam-se
pontinhos escuros chamados soros. O surgimento dos soros indica que as
samambaias estão em época de reprodução - em cada soro são produzidos
inúmeros esporos. Quando os esporos amadurecem, os soros se abrem. Então os
esporos caem no solo úmido; cada esporo pode germinar e originar um protalo,
aquela plantinha em forma de coração mostrada no esquema abaixo. O protalo é
uma planta sexuada, produtora de gametas; por isso, ele representa a fase
chamada de gametófito.
Ciclo reprodutivo das samambaias
O prótalo das samambaias contém estruturas onde se formam anterozóides e
oosferas. No interior do protalo existe água em quantidade suficiente para que o
anterozóide se desloque em meio líquido e "nade" em direção à oosfera,
fecundado-a. Surge então o zigoto, que se desenvolve e forma o embrião. O
embrião, por sua vez, se desenvolve e forma uma nova samambaia, isto é, um
novo esporófito. Quando adulta, as samambaias formam soros, iniciando novo
ciclo de reprodução.
Como você pode perceber, tanto as briófitas como as pteridófitas dependem da
água para a fecundação. Mas nas briófitas, o gametófito é a fase duradoura e os
esporófitos, a fase passageira. Nas pteridófitas ocorre o contrário: o gametófito é
passageiro - morre após a produção de gametas e a ocorrência da fecundação - e
o esporófito é duradouro, pois se mantém vivo após a produção de esporos.
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