PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS LGN 5799 – Seminários em Genética e Melhoramento de Plantas Departamento de Genética Avenida Pádua Dias, 11 - Caixa Postal 83, CEP: 13400-970 - Piracicaba - SP http://www.genetica.esalq.usp.br/semina.php MELHORAMENTO GENÉTICO DA MANGUEIRA Aluna: Michelle da Fonseca Santos Prof. José Baldin Pinheiro A mangueira é uma espécie pertencente à classe Dicotiledônea, família Anacardiaceae e gênero Mangifera. Das 69 espécies desse gênero apenas Mangifera indica L. é cultivada comercialmente. Trata-se de uma espécie alopoliplóide (2n=40), mais provavelmente um anfidiplóide, sendo predominantemente, uma espécie alógama (Pinto et al., 2002). As cultivares de manga são divididas em dois tipos baseados na origem: tipo indiano (sementes monoembriônicas) e tipo indo-chinês (sementes poliembriônicas). As sementes do tipo indiano contêm embrião zigótico e a casca da fruta é altamente colorida (mistura de vermelho, roxo e rosa), enquanto as sementes do tipo indo-chinês contém muitos embriões nucelares e a casca não é tão colorida (de verde, verde claro ou amarelo) (Eiadthong, et al., 1999). A poliembrionia em manga é considerada uma característica genética, embora não esteja definida se o controle genético desta característica é devido a um único gene recessivo ou dominante (Aron, et al., 1998). O Brasil é um dos mais importantes países produtores de manga com uma área de 78.485 hectares e produção de 1.217.187 toneladas (IBGE, 2006). A base comercial da mangicultura brasileira está alicerçada apenas em poucas cultivares, todas de origem americana e, entre elas, Tommy Atkins que é responsável por 80% da área plantada. Entretanto, ela apresenta características negativas como suscetibilidade à malformação da mangueira e ao colapso interno da fruta, além de má qualidade do fruto quanto ao sabor (Pinto et al., 2002). A Embrapa Cerrados iniciou um programa de melhoramento genético da manga na década de 80 em um esforço de, através da combinação de cultivares nacionais e internacionais, utilizando híbridos intervarietais, selecionar novas cultivares com características melhoradas, principalmente aquelas de maior importância econômica. Este programa já obteve quatro novas cultivares: Alfa, Beta, Lita e Roxa. A seqüência básica na produção dos híbridos intervarietais compreende quatro etapas: introdução e seleção dos parentais; técnicas de polinizações controlada ou artificial e natural ou abertas; manutenção das seleções híbridas a campo; seleção das progênies às características da planta e dos frutos (Pinto, 2001). A técnica de cruzamento controlado é eficiente na obtenção de híbridos cujos genitores são completamente conhecidos, mas resulta em um trabalho árduo, lento e muito difícil na obtenção de grandes famílias para estudos de herança genética, devido ao baixo sucesso nos cruzamentos artificiais. Dessa forma, foi estabelecida uma área de cruzamento aberto (policruzamento) contendo cultivares de mangas plantadas em alta densidade, no delineamento experimental em quadrado latino, para maximizar a indução da polinização aberta por meio da proximidade das copas das plantas. Para estimar o genitor masculino dos híbridos selecionados, são empregados testes de paternidade, utilizando, entre outros parâmetros, marcadores RAPD (Cordeiro et al., 2006). O Instituto Agronômico de Campinas também desenvolve um programa de melhoramento com o objetivo de selecionar variedades de supermangas, com resistência múltipla às principais doenças e insetos e com ótima produtividade e qualidade das frutas, além de selecionar porta-enxertos resistentes ao fungo Ceratocystis fimbriata, dentro da população de Coquinho. A biotecnologia pode complementar o melhoramento convencional e expandir os programas de melhoramento da manga. Assim, cultura in vitro e embriogênese somática de vários genótipos diferentes têm sido obtido, além de protocolos para cultura e regeneração de protoplastos. A transformação genética usando Agrobacterium tumefaciens também tem sido reportada. Genes que estão envolvidos com maturação do fruto têm sido clonados e existe a tentativa de inserir estes genes nas plantas. Estudos de diversidade genética de cultivares e espécies de Mangifera também estão sendo conduzidos (Krishna & Singj, 2007). Referência bibliográficas: ARON, Y.; CZOSNEK, H.; GAZIT, S.; DEGANI, C. Polyembryony in mango (Mangifera indica L.) is controlled by a single dominant gene. Hortscience, v.33, n.7, p.1241-1242, 1998. IBGE. Disponível em <ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Agricola/Producao_Agricola_Municipal/2006/>. Acessado em 28 de janeiro de 2008. CORDEIRO, M. C. R.; PINTO, A. C. de Q.; RAMOS, V. H. V.; FALEIRO, F. G.; FRAGA, L. M. S. RAPD markers utilization and other parameters in the determination of mango hybrids genitors. Revista Brasileira de Fruticultura, v.28, n.2, p.164-167, 2006. EIADTHONG, W.; YONEMORI, K.; UTSUNOMIYA, N.; SUBHADRABANDHU, S. Identification of mango cultivars of Thailand and evaluation of their genetic variation using the amplified fragments by Simple Sequence Repeat-(SSR-) anchored primers. Scientia Horticulturae, v. 82, p.57-66, 1999. KRISHNA, H. & SINGH, S. K. Biotechnological advances in mango (Mangifera indica L.) and their future implication in crop improvement – A review. Biotechnology Advances, v.25, p. 223-243, 2007. PINTO, A. C. de Q. A hibridação intervarietal em manga (Mangifera indica L.): técnicas usadas, principais resultados e suas limitações. Revista Brasileira de Fruticultura, v.23, n.1, p. 200-202, 2001. PINTO, A. C. de Q.; SOUZA, V. A. B. de; ROSSETTO, C. J.; FERREIRA, F. R.; COSTA, J. G., da. Melhoramento Genético. In: GENÚ, P. J. de C. & PINTO, A. C. de Q. (Eds.), A Cultura da Mangueira, Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, p. 53-92, 2002.