JUVENTUDE: UMA CATEGORIA SÓCIO

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JUVENTUDE: UMA CATEGORIA SÓCIO-HISTÓRICA
Ivoni de Souza Fernandes1 PUC - GO
Grupo de Trabalho – Didática: Teorias, Metodologias e Práticas.
Agência Financiadora: FAPEG
Resumo
Este artigo é resultado da discussão teórica da construção de uma tese que visou apreender os
sentidos e os significados atribuídos por estudantes de medicina e direito, aprovados nos
vestibulares em 2005, 2006 e 2007, à sua formação universitária, no contexto do ensino
público federal e para compreender as dimensões que se fazem presentes em suas relações
consigo mesmos, com seus pares, sua família, a universidade e a sociedade. A presente
pesquisa, pautada pelos pressupostos teórico-metodológicos da psicologia sócio-histórica de
Vygotsky, fundamentados na perspectiva do materialismo histórico dialético, enquadra-se no
tipo qualitativo, utilizando a proposta metodológica da triangulação de procedimentos:
questionários, entrevistas e grupos focais. Participaram deste trabalho 12 jovens, com idades
entre 18 e 24 anos. Portanto neste artigo, busca-se construir o conceito de juventude na
perspectiva de León, Foracchi, Dayrell (2003), Pais (1991), Charlot (2000) e outros, bem
como estabelecer um diálogo com os pressupostos teórico-metodológicos da psicologia sóciohistórica na tentativa de apresentar algumas ideias de Lev Semenovitch Vygotsky acerca da
juventude como um processo constitutivo, enfocando na gênese histórica e em seu
desenvolvimento que dão forma à sua identidade social. O artigo teve como propósito dar
continuidade à discussão dos estudos sobre essa temática de modo a problematizar o conceito
de Juventude. Nesta parte são discutidos os principais temas que emergiram das entrevistas e
dos grupos focais sobre a Juventude. Optou-se por essa análise e interpretação a fim de
manter a consistência das informações empíricas e, simultaneamente, para facilitar a
compreensão nas falas. Contudo a montagem do núcleo de significação durante a pesquisa
possibilitou compreender e analisar teoricamente as concepções que os sujeitos pesquisados
possuem, internalizadas, acerca do subnúcleo do subitem com o tema: Juventude: Uma
categoria sócio-histórica.
Palavras-chave: Juventude. Psicologia Psicossocial. Teoria sócio-histórica
1
Doutora em Psicologia Psicossocial. Professora Titular da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUCGO). Pesquisadora. [email protected]
ISSN 2176-1396
22233
Introdução
De uma forma geral a juventude tem sido vista como uma fase da vida cheia de
confrontos, instabilidades e angústias, mas também com muitas descobertas e conquistas.
A discussão teórica que se propõe este artigo decorre dos resultados dos estudos
teóricos da tese intitulada sentidos e significados atribuídos por estudantes do curso de
medicina e direito da Universidade Federal de Goiás à sua formação universitária 2. Essa
discussão parte-se da compreensão de que a juventude é sócio-historicamente constituída
como categoria analítica e que também o jovem, como sujeito, se constitui no processo sóciohistórico. A escolha deste tema deu-se especialmente por entender a relevância de estudar a
temática da juventude tendo como base a psicologia sócio-histórica.
Eleger como tema de estudo a juventude é uma forma de participar do debate
contemporâneo sobre o sujeito jovem, assim como de contribuir para que este debate
efetivamente inclua as diversas e complementares juventudes existentes na atualidade.
O presente artigo teve como propósito compreender o conceito de juventude na
perspectiva de León, Foracchi e outros, bem como estabelecer um diálogo com os
pressupostos teórico-metodológicos da psicologia sócio-histórica na tentativa de apresentar
algumas ideias de Lev Semenovitch Vygotsky acerca da juventude como um processo
constitutivo, enfocando na gênese histórica e em seu desenvolvimento que dão forma à sua
identidade social.
Para desenvolver essa temática o presente estudo divide-se em três partes. Na
primeira, busca-se discutir juventude: estudos clássicos e contemporâneos que apreende-se
uma visão geral dos estudos sobre a juventude para compreender como esta modifica e
diversifica o mundo em que vive. Na segunda unidade pretende apresentar juventude: uma
categoria sócio-histórica com algumas ideias de Lev Semenovitch Vygotsky na perspectiva
sócio-histórica de juventude. Finalmente na terceira apreende conceitos de juventude conceito
de juventude discutido sob diferentes perspectivas, sendo socialmente variável. As definições
de tempo, duração, conteúdos e significados sociais desses processos se modificam de acordo
com a sociedade em questão e, na mesma sociedade, ao longo do tempo e através de suas
divisões internas.
2
Tese defendida em 2012 no Programa de Pós-graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica
de Goiás.
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Por fim algumas considerações que não têm a pretensão de ser finais, mas de uma
reflexão sobre o tema proposto.
Juventude: Estudos Clássicos e Contemporâneos
Nesta parte, apresenta-se uma visão geral dos estudos sobre a juventude para
compreender como esta modifica e diversifica o mundo em que vive. Para isso, faz-se
necessário entender a juventude como construção que, em diferentes épocas e processos
históricos, adquire significações diversas por sua classe, série, caráter e natureza.
O estudo sobre a juventude tem sido apropriado pela psicologia e por outras
disciplinas das ciências sociais, como sociologia, antropologia cultural e social, história,
educação, estudos culturais, comunicação, entre outras. Nas últimas décadas, especialmente
após os anos 60, a juventude tem sido entendida como uma construção sociocultural e, apesar
da impossibilidade histórica de uma generalização conceitual a seu respeito, vem mantendo,
ao longo do tempo, alguns elementos universais que a caracterizam.
A juventude contemporânea tem ganhado espaço na sociedade, pois os jovens estão
inseridos em um espaço de sociabilidade e vivem em um processo de formação. Charlot
(2000) afirmou que, além de os jovens serem seres humanos abertos a um mundo que possui
historicidade e, portanto, são portadores de desejos e movidos por eles, estão em relação com
outros seres humanos, sendo também sujeitos.
Ao mencionar que o jovem tem uma história, Charlot (2000) apontou que o sujeito é
um ser singular, que interpreta o mundo e lhe confere sentido, assim como dá sentido à
posição que ocupa nele, às suas relações com os outros, à sua própria história e à sua
singularidade.
Busca-se neste estudo um campo de pesquisa para fazer avançar a análise situando
abordagens que constituem novos olhares. Visa-se uma apropriação do entendimento do
jovem como ser humano em conexão com o universo sociocultural, político e econômico,
tomando como base a universalidade que o considera um ser social e histórico.
Juventude: Uma Categoria Sócio-Histórica
Apreender a categoria3 juventude não é tarefa fácil, principalmente porque os critérios
que a constituem são históricos e culturais. A investigação de Ariès (1960) constitui,
3
Categoria: caráter, espécie, natureza; série, grupo; classe, qualidade, ordem (FERREIRA, 2009).
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provavelmente, o marco mais importante para distinguir crianças, adolescentes, jovens e
adultos. Ao afirmar o caráter tardio de emergência do sentimento de infância e sua natureza
eminentemente moderna, Ariès, também distinguiu o tipo particular de vínculo que liga
adultos e crianças nas eras moderna e pré-moderna:
A transmissão de valores e saberes e, de forma mais geral, a socialização da criança
não eram [...] asseguradas pela família nem controladas por ela. A criança se
afastava rapidamente de seus pais e, pode-se dizer que, durante séculos, a educação
foi assegurada pelo aprendizado graças à coexistência da criança ou do jovem e dos
adultos. Ele aprendia as coisas que eram necessárias ajudando os adultos a fazê-las
(ARIÈS,1986, p. 6).
Partindo da compreensão de Ariès (1986), as idades da vida, embora ancoradas no
desenvolvimento psíquico dos indivíduos, não são fenômenos puramente naturais, mas sociais
e históricos.
Ao tentar demonstrar o novo lugar assumido pela criança e pela família nas sociedades
industriais, Ariès (1986) evidenciou como a ideia de criança é construída historicamente. Para
o autor, no final do século XVII, a escola proporcionou as condições para a criação das
noções de infância e juventude como etapas separadas da vida adulta, justamente por conta do
isolamento de crianças e jovens dos adultos. Constituiu-se, assim, um novo espaço para a
educação. Conforme Ariès (1986), na sociedade medieval, o mundo infantil não era separado
do adulto, não havendo, portanto, uma fase de transição destacada. Porém, o autor apontou
que, no final do século XVII, houve necessidade dessa separação, o que constituiu um novo
marco na educação das pessoas que se encontravam nessas fases. Logo depois, surgiu a
influência dos contextos culturais nos temas relacionados à idade dentro da perspectiva
antropológica.
Vygotsky (1996) fez uma tentativa para compreender a juventude como o resultado
das relações sociais existentes, historicamente, entre os homens, tendo em vista que mesmo os
aspectos biológicos são compreendidos com base nos sentidos dados pelo sujeito, submetido a
um sistema de significações culturais.
A abordagem sócio-histórica busca compreender a juventude em seu processo
constitutivo, em sua gênese histórica e em seu desenvolvimento, enfocando a totalidade na
qual está inserida e que lhe dá sentido.
Como nos lembrou Vygotsky, a apreensão do homem se dá pela compreensão da
gênese social do individual, “pela compreensão de como a singularidade se constrói na
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universalidade e, ao mesmo tempo e do mesmo modo, como a universalidade se concretiza na
singularidade, tendo a particularidade como mediação” (VYGOTSKY, 2001, p. 10).
A juventude é uma forma de identidade social, pois os fatos sociais que surgem ao
longo da vida do indivíduo trazem repercussões psicológicas que influenciam sua formação
identitária.
De acordo com Peralva (1997), a juventude é, concomitantemente, uma condição
social e histórica. Se há um caráter universal dado pelas transformações do indivíduo em uma
determinada faixa etária, nas quais completa o seu desenvolvimento físico e enfrenta
mudanças psicológicas, é muito variada a forma como cada grupo social, em um tempo
histórico determinado, lida com este momento e o representa. Nessa perspectiva, asseverou
que:
Essa diversidade se concretiza com base nas condições sociais (classes sociais),
culturas (etnias, identidades religiosas e valores) e de gênero, e também das regiões
geográficas, dentre outros aspectos. Construir uma noção de juventude na
perspectiva da diversidade implica, em primeiro lugar, considerá-la não mais presa a
critérios rígidos, mas sim como parte de um processo de crescimento mais
totalizante, que ganha contornos específicos no conjunto das experiências
vivenciadas pelos indivíduos no seu contexto social (DAYRELL, 2003, p. 40).
Então, para compreender o jovem como ser social, lança-se mão do termo
socialização, porquanto este vive em sociedade. Mas, afinal, o que significa? De antemão,
pode-se afirmar que descreve um processo que se inicia com o nascimento de cada indivíduo
e consiste na aquisição de valores, crenças e normas mediante a assimilação ou a apropriação
dos hábitos e costumes de uma dada sociedade. Contempla, também, a integração do
indivíduo à sociedade como um processo social que conduz ao crescimento humano e, em
decorrência, às possibilidades de maior harmonia social.
Assim sendo, para Charlot (2000), o sujeito é um ser social com uma determinada
origem familiar, que ocupa um determinado lugar social e se encontra inserido em relações
sociais, e também é um ser singular, que tem uma história, que interpreta o mundo e lhe dá
sentido, assim como dá sentido à posição que ocupa nele, às suas relações com os outros, à
sua própria história e à sua singularidade.
Portanto, a juventude é construída historicamente com base em fatos sociais que
surgem nas relações sociais e na vida material do indivíduo. A juventude é repleta de sentidos
e significados sociais dados pela sociedade em que está inserido. Submetido a esse código
preestabelecido socialmente, o jovem passa a ter permissão e, por vezes, até obrigação de
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apresentar algumas condutas e atitudes definidas socialmente, o que provoca conflitos entre o
mundo jovem e o mundo adulto.
A juventude estabelece-se como conceito e conteúdo e ela, que antes não era nem
reconhecida, passou, na modernidade, a ter representatividade social, com referências claras
que justificam e orientam a identidade do jovem, trocando o conceito biologicista e naturalista
por uma perspectiva que a reconhece como histórica e social.
Leontiev (1978) postulou que no trabalho e na vida em sociedade ocorre o
desenvolvimento humano. O homem deixa para trás sua origem animal para criar a condição
humana. Assim, é possível compreender o homem não mais submetido somente às leis
biológicas, mas também às leis sócio-históricas:
O homem tem uma origem animal, mas [...] ao mesmo tempo [...] o homem é
profundamente distinto dos seus antepassados animais e [...] a hominização resultou
da passagem à vida numa sociedade organizada na base do trabalho; [...] esta
passagem modificou a sua natureza e marcou o início de um desenvolvimento que,
diferentemente do desenvolvimento dos animais, estava e está submetido não às leis
biológicas, mas a leis sócio-históricas (LEONTIEV, 1978 p. 262).
Por suas atividades, o homem modifica a natureza de modo a satisfazer suas
necessidades, para o que cria ferramentas materiais e psicológicas. Assim, o desenvolvimento
do jovem acontece pelas relações com o mundo, apropriando-se de conhecimentos, cultura e
produções já existentes, cristalizadas, internalizadas e realizadas por gerações passadas. A
participação da juventude no trabalho e nas atividades sociais desenvolve as aptidões
humanas em um processo contínuo de criação e aprendizagem. A esse respeito, Leontiev,
assinalou que,” podemos dizer que cada indivíduo aprende a ser um homem. O que a natureza
lhe dá quando nasce não lhe basta para viver em sociedade. É-lhe ainda preciso adquirir o que
foi alcançado no decurso do desenvolvimento histórico da sociedade humana” (1978, p. 267).
Por conseguinte, o próprio jovem constrói a sua história durante o seu
desenvolvimento, apropriando-se de conhecimentos. No entanto, para Molon, “o eu se
constrói na relação com o outro, em um sistema de reflexos reversíveis, em que a palavra
desempenha a função de contato social, ao mesmo tempo em que é constituinte do
comportamento social e da consciência” (MOLON, 2009 p. 83).
Portanto, nesse sentido, “o sujeito é uma unidade múltipla, que se realiza na relação
eu–outro, sendo constituído e constituinte do processo sócio-histórico e a subjetividade é a
interface desse processo” (MOLON, 2009, p. 116).
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Também se destacam os estudos de Mead (1951), cuja preocupação central era o
aspecto educativo e a forma como se transformam seus resultados em função do contexto em
que vive o jovem.
Assim sendo, Mead (1951) defendeu a juventude como uma nova visão dos elementos
culturais. Considerou a juventude como uma fase enriquecedora e apresentou a criação de
uma cultura juvenil. O autor argumentou que esse sujeito é capaz tanto de enriquecer a
sociedade com novos valores e novas perspectivas quanto de enfrentar as dificuldades que lhe
são apresentadas.
Por conseguinte, as histórias do ser humano e da sociedade não são estáticas e,
portanto, estão em constante movimento e transformação. Além de ser constante, esse
processo ocorre em via de duas mãos: o homem está em processo porque a história e a
sociedade são constantes e também porque o homem as movimenta (é sempre bom lembrar
que o homem é um agente ativo deste processo e, embora pareça estranho, o combustível para
esta movimentação é a sua própria ação). Dessa forma, o sujeito é ativo, age no e sobre o
mundo e, nesta ação, se produz e, ao mesmo tempo, é produzido no conjunto das relações
sociais no qual se insere.
Daí segue que o jovem se constitui e é constituído pelas relações sociais, sendo esse
social constituído e constituinte de sujeitos historicamente determinados em condições de
vida determinadas historicamente. Esse social também é subjetividade e intersubjetividade,
cuja dinâmica se constitui na teia de relações entre sujeitos diferentes e semelhantes
(MOLON, 2009).
Para Molon, a subjetividade manifesta-se e objetiva-se no sujeito, uma vez que, ela é
processo que não se cristaliza, não se torna condição nem estado estático e nem existe como
algo em si, abstrato, imutável. É permanentemente constituinte e constituída.“Está na
interface do psicológico e das relações sociais” (MOLON,2009, p. 119),
Assim, Molon (2009), considerou que, em termos amplos, pode-se considerar o
mundo como o lugar de constituição da subjetividade, uma vez que “a subjetividade significa
uma permanente constituição do sujeito pelo reconhecimento do outro e do eu” (MOLON,
2009, p. 120).
Dessa forma, acontece a subjetivação da construção do sujeito.
Furtado (2007) salientou que a subjetividade, nessa perspectiva, é entendida como um
campo estabelecido pelo social, que se manifesta tanto no plano individual como no plano de
crenças, valores e condutas individuais. O autor argumentou que a “expressão psíquica
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humana suplanta o arcabouço biológico do indivíduo e passa a constituir um campo que
chamamos de subjetividade” (FURTADO, 2007, p. 75).
A linguagem desempenha papel fundamental nesse processo, pois, em suas diversas
formas e implicações, possibilita ao jovem ampliar o mundo que percebe, gerando um
universo de imagens internas, que define a subjetividade. A linguagem cristaliza a habilidade
do pensamento lógico.
De acordo com Vygotsky (1998), o homem, ao constituir-se como tal, só o faz no
contato com o outro. Para Furtado (2007), nesse processo, o homem recebe da sociedade em
que está inserido uma base material pronta de uma determinada classe, bem como a base de
valores. Assim, esse homem, ao entrar em contato com o objeto, sendo agente de
transformação social, significa esse material e estabelece uma configuração social subjetiva,
independentemente de estar ou não consciente disso. Portanto, a subjetividade tanto determina
seu próprio desenvolvimento como é determinada pela vida social.
Consequentemente, o jovem, sendo agente de transformação social e com sua força
geradora de mudança no mundo, enfrenta dilemas sociais por estar intimamente ligado a uma
dimensão significativa e contraditória do processo de construção de sua identidade. Ao entrar
em contato com a base material estabelecida socialmente, o jovem o faz carregado de suas
próprias características e valores e, neste momento, ocorrem conflitos, o confronto cultural e
ideológico com a sociedade dominante, que não aceita o risco de perder a condição de
“poder”. Contudo, o enfrentamento dos jovens é fundamental para a reprodução da sociedade,
porque o jovem não é um dado, mas uma construção, por ser humano. Os jovens estão
pautados na busca do novo, de uma nova cultura e no espírito de justiça social.
Como o jovem se pauta pela busca do que é novo para construir sua história, Vygotsky
(1996) advertiu que na idade juvenil ocorre o ápice do desenvolvimento das funções
intelectuais, ou seja, neste momento, o sujeito é capaz de transformar com plenitude um
objeto concreto em um conceito abstrato, um pensamento em um conceito, processo
indispensável ao desenvolvimento da individualidade. Desse modo, “a passagem ao
pensamento por conceitos é o passo decisivo, na idade juvenil, para o desenvolvimento da
personalidade e da concepção de mundo do indivíduo” (VYGOTSKY, 1996, p. 198).
A apropriação daquilo que é concreto pelo pensamento dá-se, inicialmente, sempre
mediada pela palavra, pela linguagem. A linguagem humana, sistema simbólico fundamental
na mediação entre sujeito e objeto de conhecimento, tem, para Vygotsky (1998), a função de
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simplificar e generalizar a experiência, ordenando as instâncias do mundo real em categorias
conceituais, cujo significado é compartilhado pelos usuários desta linguagem.
Assim, os interesses e as necessidades podem ser compreendidos como força motriz
da ação. Na juventude, ocorrem diversas mudanças orgânicas internas, mas também uma
reestruturação do sistema de relações com o mundo externo. Trata-se de um desenvolvimento
histórico-social e processual, em que, “o desenvolvimento neste caso não segue uma linha
reta, mas uma curva bastante complexa e tortuosa. Na estrutura da personalidade do jovem
não há nada que seja estável, definitivo e imóvel. Tudo nela flui e transforma” (VYGOTSKY,
1996, p. 247).
Portanto, a juventude, conforme essa perspectiva é um período clássico do
desenvolvimento do indivíduo no interior de uma sociedade, em que estabelece uma relação
dialética com ela, a fim de definir as condições históricas e sociais para sua constituição.
Assim, realizar um estudo da juventude implica compreender a totalidade da própria
sociedade em que vive o jovem. Ainda com o apoio da teoria de Vygotsky (1996), pode-se
afirmar que a mediação social possibilita ao jovem se perceber e perceber o outro.
Diante da compreensão que a juventude é uma categoria sócio-histórica, retomamos a
temática da juventude na década de 1990, porquanto o jovem tem sido objeto de uso em
vários segmentos sociais sob diferentes enfoques, desde concepções biopsíquicos,
educacionais, políticas até as relacionadas ao trabalho e aos diversos modos de ser jovem na
contemporaneidade.
Como a noção de juventude adquiriu incontáveis significados, caberia perguntar: por
onde se começa a construir uma definição de juventude sem que as diferenças de classes
sociais e os contextos socioculturais se superponham às identidades das categorias de
juventude?
Abramo (1994) salientou que juventude se refere a uma faixa de idade, um período de
vida em que se completa o desenvolvimento físico do indivíduo e ocorre uma série de
transformações psicológicas e sociais.
Ao buscar entender a trama cotidiana colocada pela juventude, Foracchi (1972)
observou que esta não pode ser compreendida apenas pelo prisma socioeconômico, devendose igualmente considerar a dimensão psicossocial de indivíduos em transição da adolescência
para a juventude e da juventude para a idade adulta, porquanto, como esclareceu León (2009),
a juventude se manifesta de diferentes formas.
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Conceitos Sobre Juventude
O conceito de juventude tem envolvido estudiosos do tema em torno de debates
sociológicos. Foracchi (1972) definiu juventude e a problemática que a envolve a partir de
três planos: pessoal, institucional e societário. À vista disso, asseverou que o termo não se
restringe apenas à situação de origem social, devendo-se considerar também as relações
institucionais em que os grupos de jovens se encontram inseridos ou se relacionando, não
sendo possível estabelecer uma delimitação etária para a juventude.
Foracchi já destacava que juventude, “[...] representa, histórica e socialmente, uma
categoria social gerada pelas tensões inerentes à crise do sistema. Sociologicamente, ela
representa um modo de realização da pessoa, um projeto de criação institucional, uma
alternativa não de existência social” (FORACCHI,1965 p. 160).
Nesse sentido, Castro e Abramovay, asseveraram que ser jovem é ser autônomo e
fazer com segurança a travessia da ponte que parte do ser criança e termina no ser adulto,
definindo juventude como:
[...] Período do ciclo da vida em que as pessoas passam da infância à condição de
adultos, e durante o qual se produzem mudanças biológicas, psicológicas, sociais e
culturais que se realizam em condições diferenciadas, segundo as sociedades, as
culturas, as etnias, as classes sociais e o gênero, bem como segundo outras
referências objetiva e subjetivamente relevantes para aqueles que as vivenciam
(CASTRO E ABRAMOVAY, 2005 p. 42).
Por intermédio desse conceito, Foracchi (1965) incorporou as contribuições da
psicologia à sociologia percebendo a dimensão psicossocial da juventude. Por seu turno, Islas
(2009) enunciou que os conceitos de juventude correspondem a uma construção social,
histórica, cultural e relacional, os quais, no decorrer de diferentes épocas e processos
históricos e sociais, foram adquirindo denotações e delimitações diferentes. Bourdieu
ponderou que “a juventude e a velhice não estão dadas, mas se constroem socialmente na luta
entre jovens e velhos” (BOURDIEU, 1983, p. 164).
Para Islas (2009), na contemporaneidade, ser jovem significa entrar na vida adulta. A
juventude é uma fase em que o ser humano experimenta profundas transformações físicas,
psicológicas e sociais, é um momento em que a pessoa estabelece novas relações com a
família, com os amigos e consigo mesma.
Adicionalmente, não se pode deixar de citar Charlot, que salientou que: “o sujeito é
um ser humano aberto a um mundo que possui uma historicidade; é portador de desejos, e é
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movido por eles, além de estar em relação com outros seres humanos, eles também são
sujeitos” (CHARLOT, 2000, p. 33).
Mead (1951) relatou que o jovem é capaz de enfrentar os desafios que lhe são
apresentados no mundo, porque este sujeito é social, aberto ao mundo, ocupa um lugar social,
tem desejos e se sente sujeito. Charlot ainda acrescentou que; “ao mesmo tempo, o sujeito é
um ser social, com uma determinada origem familiar, que ocupa um determinado lugar social
e se encontra inserido em relações sociais” (CHARLOT, 2000, p. 51).
Portanto, para compreender o conceito de juventude, temos de tentar entender o
mundo e as possíveis interferências sobre as mudanças ocorridas no grupo familiar, nas
políticas públicas e no processo de individualização da juventude.
Islas (2009) argumentou que vivemos, sem dúvida, um momento de inflexão histórica;
cada vez mais, então, torna-se necessário compreender os fatores que interferem na vida dos
jovens na contemporaneidade.
León (2009) apresentou o campo de conceitualizações, que teve um desenvolvimento
notável nas últimas décadas, tanto do ponto de vista analítico quanto da perspectiva de
elaboração de políticas públicas para os jovens. Dessa forma, para o autor, a juventude é uma
construção sócio-histórica, cultural e relacional.
O conceito de juventude na perspectiva sócio-histórica implica um processo de
crescimento mais totalizante, que ganha contornos específicos no conjunto de experiências
vivenciadas pelos indivíduos em seu contexto histórico-social. Nessa acepção, não se entende
juventude como uma etapa que tem um fim predeterminado, muito menos como um momento
de preparação que será superado com o chegar da vida adulta. Percebe-se que essa diversidade
se concretiza com base nas condições sociais (classes sociais), culturais (etnias, identidades
religiosas, valores), de gênero, bem como das regiões geográficas, entre outros aspectos.
Estudar a juventude requer, necessariamente, um diálogo social, o que será aqui
enfocado com base nas contribuições de Islas (2009) e de León (2009), de modo a subsidiar a
discussão sobre o conceito e as diversas correntes que estudaram a juventude desde o século
XVIII até fins do século XX.
Portanto, a partir do diálogo entre esses autores, apreende-se que estudar o jovem, na
contemporaneidade, não é uma novidade e sim uma necessidade. Com a discussão sobre o
que esses dois autores propuseram, pretende-se alcançar uma explicitação sobre a discussão
conceitual acerca da juventude e os impactos destas conceituações na investigação empírica.
22243
Convencionalmente, León (2009) utilizou para a juventude a faixa etária entre 15 e 29
anos de idade, dividindo-a em três subperíodos: de 15 a 19 anos, de 20 a 24 anos e de 25 a 29
anos. Entretanto, León (2009), Islas (2009) relataram que nos países ibero-americanos há uma
grande variação nas faixas de idade utilizadas para essas classificações. Adicionalmente, em
sua discussão, León (2009) deixou bem claro que só a categoria etária não é suficiente para a
análise da idade juvenil, sendo também necessário estabelecer algumas delimitações iniciais e
básicas.
Embora o conceito de juventude seja discutido sob diferentes perspectivas, não se
visualiza claramente uma construção teórica que problematize a realidade dos jovens, que
integre essa questão em um marco de análise mais amplo e que tenha como perspectiva uma
visão mais geral da juventude. Ademais, a noção de juventude é socialmente variável. As
definições de tempo, duração, conteúdos e significados sociais desses processos se modificam
de acordo com a sociedade em questão e, na mesma sociedade, ao longo do tempo e através
de suas divisões internas.
A juventude não é, portanto, um dom que se perde com o tempo, mas uma condição
social com qualidades específicas que se manifestam de diferentes maneiras de acordo com as
características históricas e sociais de cada indivíduo (Brito, 1996). Por isso, um jovem de uma
zona rural não atribui à sua faixa etária a mesma significação que um jovem da cidade,
tampouco os de setores marginalizados e das classes de alta renda econômica. Por essa razão,
não se pode estabelecer um critério de idade universal válido para todos os setores e todas as
épocas e, por conseguinte, a idade se torna apenas um referencial demográfico (León, 2009).
Para Allerbeck e Rosenmayr (1979, p. 21), “a juventude se encontra delimitada por dois
processos, um biológico e outro social. O biológico serve para estabelecer sua diferenciação
com a criança e o social, sua diferenciação com o adulto”4.
León (2009) afirmou que a definição da categoria juventude pode ser articulada em
função de dois conceitos: o juvenil e o de cotidiano. O conceito de juvenil remete ao processo
psicossocial de construção da identidade, enquanto o de cotidiano, ao contexto de relações e
práticas sociais nas quais tal processo se realiza, com ancoragem em fatores ecológicos,
culturais e socioeconômicos.
León (2009) frisou que estudar a juventude tem sido notável, principalmente nas
últimas décadas, e há que se “pluralizar” a noção de juventude, concebendo diferentes
4
“La juventud está limitada por dos procesos, un biológico y otro social. El biológico sirve para establecer su
diferenciación con el niño y el social su diferenciación con el adulto.”
22244
“jovens” em função da heterogeneidade existente. Para o autor, isso faz sentido a partir do
momento em que se concebe a categoria de juventude como uma construção sócio-histórica,
cultural e relacional nas sociedades contemporâneas.
A definição de juventude, de acordo com León (2009), pode ser desenvolvida a partir
de uma série de referências, como: a faixa etária, o período da vida, o contingente
populacional, a categoria social, uma geração, entre tantas outras. De qualquer forma, todas
essas definições se vinculam à dimensão de fase do ciclo vital entre a infância e a maturidade.
Há, então, uma correspondência com a faixa etária, usada para abordar esse período, que pode
variar com o país ou a instituição.
Neste estudo, busca-se construir o conceito de juventude na perspectiva de León,
Foracchi e outros na visão sócio-histórica, implicando um processo de crescimento mais
totalizante, que ganha contornos específicos no conjunto de experiências vivenciadas pelos
jovens no seu contexto histórico-social. Nessa acepção, não se entende juventude como uma
etapa com um fim predeterminado, muito menos como um momento de preparação que será
superado com o chegar da vida adulta.
Considerações Finais
A juventude, ainda que compartilhada por jovens na mesma faixa etária, estes vivem
distintas juventudes por conta das diferenciadas inserções no mundo social, e produzindo
experiências variadas. Assim, pensar juventude no singular não traduz sua complexidade.
Contudo, percebê-la na sua pluralidade é reconhecer os distintos lugares que os jovens
ocupam nas relações sociais.
Dentro dessa aparente unidade, há uma heterogeneidade de juventudes. O sujeito
jovem interpreta o mundo e lhe confere sentido, assim como dá sentido à posição social que
ocupa na sociedade, às relações que estabelecem dentro do seu grupo social e em outros
grupos e à sua própria história. Além das condições materiais dos seus grupos sociais, os
jovens vivenciam diferentes juventudes conforme o momento e o contexto histórico, o gênero,
a raça e etnia e a religião, entre outros. Também trazem consigo representações ambíguas,
estereotipadas e inúmeros paradoxos na contemporaneidade. A dizer, os jovens ampliaram
sobremaneira a liberdade de escolha, de participação sócio-cultural e política, no entanto, a
transição para o mundo adulto está se tornando cada vez mais complexa em razão das
demandas de escolarização e capacitação profissional. Como agente social, os jovens, na
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atualidade, sofrem dilemas sociais e pessoais, pois o processo de construção da sua identidade
é contraditório e complexo.
Portanto o presente artigo teve como propósito compreender o conceito de juventude
na perspectiva de León, Foracchi e outros, bem como estabelecer um diálogo com os
pressupostos teórico-metodológicos da psicologia sócio-histórica na tentativa de apresentar
algumas ideias de Lev Semenovitch Vygotsky acerca da juventude como um processo
constitutivo, enfocando na gênese histórica e em seu desenvolvimento que dão forma à sua
identidade social.
No entanto o conceito de juventude para Foracchi (1972) definiu juventude e a
problemática que a envolve a partir de três planos: pessoal, institucional e societário. À vista
disso, asseverou que o termo não se restringe apenas à situação de origem social, devendo-se
considerar também as relações institucionais em que os grupos de jovens se encontram
inseridos ou se relacionando, não sendo possível estabelecer uma delimitação etária para a
juventude.
Já para León (2009) o conceito de juventude na perspectiva sócio-histórica implica um
processo de crescimento mais totalizante, que ganha contornos específicos no conjunto de
experiências vivenciadas pelos indivíduos em seu contexto histórico-social. Nessa acepção,
não se entende juventude como uma etapa que tem um fim predeterminado, muito menos
como um momento de preparação que será superado com o chegar da vida adulta. Percebe-se
que essa diversidade se concretiza com base nas condições sociais (classes sociais), culturais
(etnias, identidades religiosas, valores), de gênero, bem como das regiões geográficas, entre
outros aspectos.
Compreender a juventude na perspectiva Vygostkiana, como uma forma de identidade
social, é entender que a constituição do homem dá-se pelo entendimento de que a
singularidade constrói-se na universidade e vice-versa. É na fase juvenil que há uma
passagem do pensamento concreto ao abstrato, no desenvolvimento de conceitos que os
ajudarão no desenvolvimento da personalidade e na concepção de mundo do indivíduo. A
constituição da subjetividade do jovem não se dá de forma linear, mas de forma complexa e
tortuosa, indefinido e móvel, fluido e transformador.
Neste sentido, tanto Foracchi (1972), León (2009) e Vygotsky (1996) apreendem que
o conceito de juventude é um momento de mudanças tanto psicológicas e biológicas quanto
sociais e históricas. A transição dessa fase à adulta é mediada por significados de acordo com
o momento histórico e social e que configura o sentido dessa passagem.
Na visão
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vygotskyana é por meio dos signos e da linguagem que vão criando conceitos e por meio
desses conceitos o jovem abre ao mundo da consciência social, do mundo da ideologia social.
Isto é, ele não somente assimila a cultura assim como participa ativa e criativamente da
produção social. Dessa forma, a juventude é considerada um período em que o jovem forma
suas concepções do mundo social, das pessoas e de si mesmo, apreendendo o mundo que o
rodeia.
Espera-se que este artigo tenha contribuído para melhor refletir sobre os jovens, acerca
do conhecimento e de modo a destacar uma juventude que tem compromisso e
responsabilidade com a sociedade e esperança de um futuro promissor, bem como para
ampliar os estudos sobre a juventude. Também se deseja que este trabalho possa estimular
outros pesquisadores a se interessar por esta temática.
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