Artigo Técnico

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Saúde Coletiva – Junho / 2007
Dengue: um importante problema de saúde pública.
A dengue é uma doença aguda causada por um vírus de evolução benigna, na maioria dos
casos, e seu principal vetor é o mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve em áreas
tropicais e subtropicais. Particularmente no Brasil, a dengue tem se apresentado como
importante problema de saúde pública. A tendência de ocorrência dessa virose em suas
formas graves é crescente, apesar da oscilação dos níveis de transmissão anuais ao longo
das últimas décadas.
Fármaco Sob paracetamol
Patente em
estudo:
Autoria: Artigo de revisão baseado na bibliografia descrita no resumo dos
artigos.
Resumo
INTRODUÇÃO
A Dengue é uma doença transmitida por mosquito e, como pode ser fatal, determina que se tenha
atenção urgente para sua propagação particularmente nos países tropicais e subtropicais, onde o
crescimento urbano desordenado, condições climáticas favoráveis, falta de saneamento básico e de
políticas efetivas de combate a dengue fazem desta doença infecciosa uma causa importante de
morbi-mortalidade.
Particularmente no Brasil, a dengue tem se apresentado como importante problema de saúde
pública. A tendência de ocorrência dessa virose em suas formas graves é crescente, apesar da
oscilação dos níveis de transmissão anuais ao longo das últimas décadas.
Vários estudos têm sido realizados no país para esclarecer aspectos da epidemiologia da doença,
incluindo, entre esses, inquéritos populacionais visando à detecção dos níveis de anticorpos e,
assim, permitindo avaliar a intensidade da transmissão da dengue em determinados municípios e,
também, compará-la a dados obtidos pela vigilância epidemiológica durante a epidemia.
A doença é causada por um arbovírus da família Flaviridae, transmitido de uma pessoa à outra
através de um hospedeiro intermediário, o mosquito Aedes aegypti.
Quando o mosquito pica uma pessoa infectada, o vírus se instala e se multiplica em suas glândulas
salivares e intestino. A partir de então, o inseto permanece infectado pelo resto da vida (vive ao
redor de 30 dias).
Existem quatro tipos diferentes de vírus da dengue: sorotipos 1, 2, 3 e 4.
O Aedes aegypti é um mosquito peridoméstico, que se multiplica em depósitos de água (limpa)
parada, acumulada nos quintais e dentro das casas. Apesar da vida curta, o mosquito é
extremamente ativo: pode picar uma pessoa a cada 20 ou 30 minutos.
Na ausência de uma vacina ou de medicamentos específicos para seu tratamento, um diagnóstico
rápido é considerado indispensável para impedir o agravamento da doença.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico inicial de dengue é clínico (história + exame físico) feito essencialmente por exclusão
de outras doenças. É muito importante, por exemplo, saber se o paciente não está com
leptospirose ou doença meningocóccica, que são tratáveis com antibióticos. Feito o diagnóstico
clínico de dengue, alguns exames (hematócrito, contagem de plaquetas) podem trazer informações
úteis quando analisados por um médico, mas não comprovam o diagnóstico, uma vez que também
podem estar alterados em várias outras infecções. A comprovação do diagnóstico, se for desejada
por algum motivo, pode ser feita através de sorologia, que começa a ficar reativa ("positiva") a
partir do quarto dia de doença.
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A grande maioria das infecções é assintomática. Calcula-se que em cada dez pessoas infectadas
apenas uma ou duas fiquem doentes. Portanto, na hipótese de uma epidemia com 100 mil casos
de dengue diagnosticados, existirão cerca de 1 milhão de infectados.
Quadro clínico:
a) Forma assintomática: estima-se que 20% dos casos de dengue sejam assintomáticos;
b) Forma indiferenciada: manifestação clínica que lembra viroses de vias aéreas superiores;
c) Forma atípica: simula outras doenças febris como hepatite e encefalite, por exemplo;
d) Dengue clássico: febre alta, cefaléia, dor retro-orbital, mialgia, artralgia, náuseas e vômitos,
diarréia e exantema maculopapular, que na fase de remissão causa prurido importante, estão entre
os sinais e sintomas mais freqüentes nos pacientes com dengue clássica. Manifestações
hemorrágicas leves como epistaxe, gengivorragia e petéquias também podem ser observadas em
tais pacientes.
e) Febre hemorrágica da dengue (FHD) e síndrome de choque da dengue (SCD)- Geralmente surge na
fase de redução da febre, por volta do terceiro ao quinto dia de doença. Alterações laboratoriais
como leucopenia, plaquetopenia e hemoconcentração estão presentes. Epigastralgia, dor no
quadrante superior e dor abdominal generalizada são sintomas freqüentes e devem despertar
preocupação por poder traduzir agravamento da doença.
Quando surgem, os sintomas costumam evoluir em obediência às três formas clínicas: dengue
clássica, forma benigna,
similar à gripe; dengue hemorrágica, mais grave, caracterizada por alterações da coagulação
sangüínea; e a chamada
síndrome do choque associado à dengue, forma raríssima, mas que pode levar à morte se não
houver atendimento
especializado.
Tratamento do paciente com dengue:
Pelo fato de não existir antiviral específico contra os diferentes tipos de vírus da dengue o tratamento
é sintomático, de suporte:
• Hidratação: um dos pilares mais importantes do tratamento. Assim, a terapia de hidratação oral,
com o objetivo de evitar a desidratação e a hiponatremia deverá ser estimulada em todos os
pacientes com dengue.
• Uso de medicamentos de suporte (antitérmicos e analgésicos): Não deve se automedicar. Todos os
medicamentos podem ter efeitos colaterais e alguns que podem até piorar a doença. Informar ao
médico se estiver em uso de qualquer remédio. Alguns medicamentos utilizados no tratamento de
outras doenças (por exemplo: varfarina e ticlopidina) podem aumentar o risco de sangramentos.
Não se deve usar medicamentos que contenham ácido acetilsalicílico, pois pode aumentar o risco
de sangramento. Os antiinflamatórios (diclofenaco, cetoprofeno, etc.) também não devem ser
utilizados como antitérmicos pelo risco de efeitos colaterais, como hemorragia digestiva e reações
alérgicas. Os medicamentos que contenham dipirona também devem ser evitados, pois podem, às
vezes, causar manchas de pele parecidas com as da dengue. O paracetamol é o mais indicado para
tratar a dor e a febre na dengue e deve ser tomado rigorosamente nas doses e no intervalo
prescritos pelo médico, uma vez que em doses muito altas pode causar lesão hepática.
• Tratamento em casos de febre hemorrágica da dengue (FHD): os pacientes devem ser observados
cuidadosamente para a identificação dos primeiros sinais de choque. O período crítico será durante
a transição da fase febril para a afebril, que geralmente ocorre após o terceiro dia da doença. Em
casos menos graves, quando os vômitos ameaçarem causar desidratação ou acidose, ou houver
sinais de hemoconcentração, a reidratação pode ser feita ambulatorialmente. Nos primeiros sinais
de choque, o paciente deve ser internado imediatamente para correção rápida do volume de
líquidos perdidos e da acidose. Durante uma administração rápida de fluidos é particularmente
importante estar atento a sinais de insuficiência cardíaca.
O que pode ser feito para eliminar o mosquito que transmite a dengue?
Não se devem deixar objetos que possam acumular água expostos à chuva. Os recipientes de água
devem ser cuidadosamente limpos e tampados. Não adianta apenas trocar a água, pois os ovos do
mosquito ficam aderidos às paredes dos recipientes. Portanto, o que deve ser feito, em casa,
escolas, creches e no trabalho, é:
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substituir a água dos vasos das plantas por terra e esvaziar o prato coletor, lavando-o com auxílio
de uma escova.
utilizar água tratada com água sanitária a 2,5% (40 gotas por litro de água) para regar bromélias,
duas vezes por semana. Obs.: 40 gotas = 2ml.
não deixar acumular água nas calhas do telhado.
não deixar expostos à chuva pneus velhos ou objetos (latas, garrafas, cacos de vidro) que possam
acumular água.
acondicionar o lixo domiciliar em sacos plásticos fechados ou latões com tampa.
tampar cuidadosamente caixas d'água, filtros, barris, tambores, cisternas etc.
Bibliografia consultada para a revisão:
1. Castor VLL, Rangel O, Andrade VR, et al. Dengue: sero-epidemiological survey and
virological surveillance in Campinas. Cad. Saúde Pública, 23 (3):669-680, 2007.
2. Samuel PP, Tyagi BK. Diagnostic methods for detection & isolation of dengue viruses
from vector mosquitoes.Indian J Med Res 123: 615-628, 2006.
3. De Paula SO, Lopes FBA. Dengue: A review of the laboratory tests a clinician must
know to achieve a correct diagnosis.Braz J Infect Dis., 8:390-8, 2004.
4. Cisneros-Solano A, Moreno-Altaminrano MMB, Martßnez-Soriano U, et al.
Seroepidemiological and virological investigations of dengue infection in Oaxaca, Mexico
during 2000-2001. Dengue Bulletin 28:28-33, 2004.
5. The World Health Report 2003: Shaping the future. World Health Organization:
Geneva. 2003: 113. pp.
6. Nogueira RMR, Filipps AMB, Coelho JMO, et al. Dengue virus infection of the central
nervous system (CNS), a case report from Brazil. Southeast Asian J Trop Med Public
Health, 33:68-71, 2002.
EXEMPLIFICAÇÃO DE FÓRMULA
Paracetamol suspensão oral
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Paracetamol .......................500 mg / 10 mL
Suspensão oral..................................qsp
Mande.....mL.
Posologia: a critério médico.
A formulação contida neste artigo é apresentada como exemplificação, podendo ser modificada a critério
médico.
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FARMACOLOGIA RESUMIDA: PARACETAMOL
Fármaco
Classe Terapêutica
Paracetamol
Analgésico
Antipirético
Indicações
Principais
Alternativa ao ácido acetilsalicílico no tratamento de:
cefaléia;
dismenorréia;
mialgia leve à moderada;
artralgia;
febre;
dor pós-operatória;
dor pós-parto;
dor crônica causada por câncer.
2. Dor em odontologia (odontalgias).
3. Dor causada por câncer terminal e dor grave em ortopedia, sempre em
associação com outros antiinflamatórios não-esteroidais e analgésicos opióides (p.
ex.:codeína).
Interações
Medicamentosas
Principais
1.
Álcool (especialmente uso crônico), indutores das enzimas hepáticas (p.ex.:
isoniazida) e outros fármacos hepatotóxicos: aumento em potencial do risco de
hepatotoxicidade.
2.
Anticoagulantes cumarínicos ou indandiona derivados: o uso conjunto por
longo período de tempo pode resultar em aumento dos efeitos dos
anticoagulantes, provavelmente por diminuir a síntese de fatores procoagulantes
pelo fígado.
3.
Antiinflamatórios não-esteroidais: o uso conjunto por tempo prolongado não
é recomendado devido aos efeitos adversos significativos sobre os rins, podendo
levar a nefropatias e neuropatias.
Reações Adversas
Principais
As possíveis reações adversas decorrentes do uso de paracetamol são:
•
Dor de garganta inexplicada e febre;
•
Cansaço excessivo;
•
Raramente pode causar erupções cutâneas do tipo urticária benigna;
•
Doses elevadas (acima de 10g em dose única) podem causar lesão hepática
em alguns pacientes, podendo levar à necrose completa e irreversível; os
sintomas clínicos geralmente se manifestam após 24 horas.
Precauções de Uso
As seguintes precauções devem ser tomadas quando se utiliza paracetamol:
•
Deve-se medicar com cuidado nos casos de pacientes alcoólatras, nos
tratados com indutores enzimáticos ou com fármacos consumidores de glutationa
(p. ex.: doxorrubicina);
•
Em pacientes alérgicos à aspirina, o paracetamol pode provocar reações
alérgicas tipo broncoespasmo.
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Referências:
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4.
5.
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7.
Martindale; The Complete Drug Reference; 33a edição; Pharmaceutical; Massachusetts, 2002.
Mosby´s. Drug Consult ™. An Imprint of Elsevier Science. St. Louis, EUA; 2002.
United States Pharmacopeial Convention; Drug Information for the Health Care Profissional (USP DI);
20a edição.
Korolkovas, A. e França, F.F.C.A. Dicionário Terapêutico Guanabara. Edição 2001/2002. Editora
Guanabara Koogan. Rio de Janeiro-RJ.
P.R. Vade Mécum; Brasil, 10a edição; Câmara Brasileira do Livro. São Paulo-SP, 2005.
Rang, H. P.; Dale, M. M.; Ritter, J. M.; Farmacologia; 5a edição (3ª revisão); Editora Guanabara
Koogan; Rio de Janeiro, 2005.
Goodman & Gilman. The pharmacological basis of therapeutics, 11th ed. Bruton, Lazo and Parker
editors; Mc Graw Hill Ed. USA, 2006.
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