UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS DEPARTAMENTO DE ENTOMOLOGIA DISCIPLINA SEMINÁRIOS - I SEMESTRE DE 2006 Coordenador: Prof. Luís Cláudio P. Silveira PROGRAMAÇÃO DOS SEMINÁRIOS ! $$ " % $ & ' # ' ( ) * * & + + * ( , * - " ' .* & , ) , ' ' & # / # 0 ÁCAROS: HÁBITOS E HÄBITATS, MORFOLOGIA E CONTROLE BIOLÓGICO. Aluno: Marçal Pedro Neto Orientador: Dr. Paulo Rebelles Reis Profº responsável pela disciplina: Luis Cláudio Resumo Os ácaros pertencem ao reino dos Ortropodes juntamente com os insetos, mas diferenciando por aspectos morfológicos como a presença de quadro pares de pernas e não possuírem asas. Os ácaros sempre estiveram próximo ao homem deste a sua pré-história até os dias de hoje, não menos importante no passado os ácaros nas ultimas décadas vem tornando-se de grande importância pelos prejuízos que causam em plantas e também aos seus frutos e sementes e como vetores de doenças e parasitismo em animais e no homem, portanto o conhecimento dos hábitos de vida e seus habitats e morfologia são ferramentas importantes para sua identificação e um passível controle desses na agricultura e ao quais de importância médico-veterinária. Dentro dos hábitos os ácaros podem ser de vida livre que são aqueles que não dependem unicamente de um hospedeiro para sobreviver, como os fitófagos, micófagos, coprófagos, necrófagos, saprófagos, predadores e foréticos. E podem ser de vida não livre considerados como parasitas onde dependem de um único hospedeiro para sobreviver e reproduzir, podendo ser ectoparasitas ou endoparasitas de vertebrados e invertebrados. A sua morfologia é de grande importância para reconhecer e identificar os ácaros como: a presença quadro pares de pernas com raras exceções, não possuem segmentos no corpo, isentos de asas, entre outras. No controle biológico desde a década de 50, muitos espécies de predadores vem sendo usadas para minimizar os danos de ácaros pragas principalmente o ácaro-rajado Tetranychus urticae Koch,1836 (Acari: Tetranychidae) com o ácaro predador Phytoseiulus persimilis Athias-Henriot, 1957 (Acari: Phytoseiidae) e em alguns casos insetos de solo, e com isso varias empresas desenvolvem tecnologia para a produção e comercialização de ácaros predadores. MELIPONICULTURA – CRIAÇÃO DE ABELHAS SEM FERRÃO Ana Paula Machado Baptista1 Geraldo Andrade Carvalho2 As abelhas apresentam grande importância para o meio ambiente uma vez que são, muitas vezes, responsáveis pela polinização de várias espécies de plantas, sendo as sem ferrão responsáveis por 40% a 90% da polinização das espécies nativas. Atualmente, estão sendo utilizadas como agentes polinizadores de olerícolas em sistemas de cultivo protegido. A criação de abelhas sem ferrão, conhecida como Meliponicultura, ainda está em estágio inicial de desenvolvimento, mas é cada vez maior o interesse dos pequenos agricultores por essa atividade, já que é economicamente sustentável. Ainda são escassas as informações a respeito do manejo racional destes insetos, entretanto, é crescente as pesquisas direcionadas para a compreensão da bioecologia destes organismos benéficos objetivando a conservação das diferentes espécies e também para exploração econômica de seus produtos e subprodutos. Existem cerca de 400 espécies de abelhas sem ferrão, sendo distribuídas em aproximadamente 40 gêneros, sendo que 70% delas ocorrem nas Américas. Pertencem a ordem Hymenoptera, família Apidae, subfamília Meliponinae, dividida em duas grandes tribos, Meliponini e Trigonini. Todas as espécies de Meliponinae são eusociais, constituídas por operárias, rainhas e machos. A espécie a ser criada para fins econômicos deve ocorrer na região de interesse e o meliponicultor pode iniciar a criação com apenas uma colméia. As abelhas sem ferrão, geralmente, são criadas em caixas que facilitam a coleta de mel. A instalação do meliponário, preferencialmente, deve ocorrer próxima de residências, terrenos limpos, sombreados e arejados, fontes de alimento, de água potável e principalmente longe de poluentes. O povoamento do meliponário ocorre através de capturas de colônias naturais ou pela instalação de caixas iscas em locais próximos de ninhos naturais ou por meio da compra de colônias diretamente do meliponicultor. Existem várias razões que justificam a criação de abelhas sem ferrão, tais como a produção de mel, própolis, pólen, colônias para venda, observações para estudos científicos, preservação de espécies, uso racional para polinização, lazer e também para o desenvolvimento de programas de educação ambiental. A polinização talvez seja a mais importante delas, visto que é responsável pela existência e manutenção da diversidade de vegetais em várias partes do mundo. PALAVRAS-CHAVE: Abelhas sem ferrão, diversidade, importância, criação. 1 Pós-graduanda em Agronomia/Entomologia da UFLA. 2 Orientador, Prof. do Depto. de Entomologia da UFLA. EFEITO DO SILÍCIO NA INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA À MOSCA-BRANCA Bemisia tabaci BIÓTIPO B (Genn.) E NO DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DA SOJA Glycine max (L.) Merrill Ronara de Souza Ferreira3 Jair Campos Moraes4 RESUMO - O Brasil é um dos países maiores produtores de soja no mundo. Porém, existem vários fatores que interferem na sua produção. Além do clima, outra importante causa de perda da produção são os insetos-praga que atacam a cultura. Dentre esses, está a mosca-branca Bemisia tabaci (Genn.), que no Brasil, foi considerada por muito tempo praga ocasional em soja. Todavia, o biótipo B de B. tabaci introduzido no início da década de 90, vem se tornando mais importante a cada safra. Para a cultura da soja, os principais danos são relacionados à transmissão de viroses, caracterizados pelos sintomas de nanismo severo, enrolamento das folhas, intensa clorose e diminuição da produção de grãos. O manejo de B. tabaci tem-se resumido ao controle químico e, assim, o inseto tem desenvolvido resistência a vários inseticidas convencionais em todo o mundo. Esse potencial para populações de B. tabaci se tornarem resistentes, tem estimulado estudos em estratégias alternativas de Manejo Integrado de Pragas (MIP), como por exemplo, à resistência da planta hospedeira. Estudos recentes têm mostrado que o silício pode estimular o crescimento e a produção vegetal por meio de várias ações indiretas, propiciando proteção contra fatores abióticos, como estresses hídricos, toxidez de alumínio, ferro, entre outros, e bióticos, como a incidência de insetos-praga e doenças. Assim, os objetivos principais deste projeto serão a avaliação da indução de resistência à mosca-branca B. tabaci biótipo B e o desenvolvimento vegetativo de plantas de soja, pela aplicação de silício. Os experimentos, com as cv. IAC-19 e M-SOY 8001, serão conduzidos em casa de vegetação, em condições naturais, no Departamento de Entomologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA). A mosca-branca será criada no Laboratório de Resistência de Plantas a Insetos, em sala climatizada, à temperatura de 30±2°C, umidade relativa de 70±10% e fotofase de 12 horas. Serão avaliados: o número de ovos e de ninfas de quarto ínstar em testes com e sem chance de escolha; o peso seco da parte aérea das plantas e o peso seco das raízes. Além disso, serão determinadas as concentrações das enzimas: peroxidases, polifenoloxidases e fenilalanina amônia-liase. Os dados serão submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo mesmo teste (P 0,05). Espera-se que a indução de resistência em soja à mosca-branca B. tabaci biótipo B, pela aplicação de silício, seja comprovada pela constatação da diminuição da preferência para oviposição, da viabilidade ninfal da mosca-branca e pelo aumento da atividade de enzimas oxidativas envolvidas no processo de indução de resistência nas plantas tratadas. PALAVRAS-CHAVE: Mosca-branca, soja, silício, resistência induzida. 3 Pós-graduanda em Agronomia/Entomologia da UFLA. 4 Orientador, Prof. do Depto. de Entomologia da UFLA. Formigas como Indicadores Ambientais Tatianne Gizelle Marques Silva5 Ronald Zanetti6 As formigas são consideradas insetos abundantes na maioria dos ecossistemas terrestres, sendo consideradas ecologicamente dominantes. Estima-se que existem cerca de 20.000 espécies de formigas no planeta, sendo 3.000 a 8.000 na região Neotropical. A família Formicidae subdivide-se em 16 subfamílias, 296 gêneros, num total de 11.000 espécies descritas até agora. Em muitas regiões do planeta, as formigas são um dos grupos de insetos com papel importante na pirâmide de fluxo de energia, desempenhando importantes funções nos processos dos ecossistemas como, por exemplo, herbivoria, predação, ciclagem de nutrientes, entre outros. Por outro lado, as características do ambiente como, a disponibilidade de locais de nidificação e de alimento, podem influenciar na riqueza de espécies de formigas, sendo que quanto maior a complexidade ambiental, maior a diversidade de espécies. Sendo assim, as formigas são insetos bastante apropriados para serem utilizados como bioindicadores por apresentarem: (1) capacidade de interagir com outras partes do ecossistema, influenciando no padrão de distribuição e abundância de outros taxa; (2) extrema abundância e diversidade; (3) importância funcional nas cadeias tróficas; (4) facilidade de coleta; (5) alta sensibilidade às variáveis ambientais e (6) capacidade de reagir rapidamente a mudanças no ambiente. Pesquisas sobre o papel bioindicador desses insetos vêm sendo feitas desde 1983, especialmente na Austrália. No Brasil, os primeiros estudos foram realizados em áreas perturbadas pela extração de bauxita em Poços de Caldas, MG. A partir disso, vários trabalhos têm ampliado o uso de formigas como bioindicadores. Para isso, as espécies foram classificadas em grupos funcionais (Andersen, 1997) e guildas (Delabie et al., 2000), e isso tem se mostrado uma valiosa ferramenta, que permite realizar comparações de diferentes condições ambientais, sendo de grande utilidade nos programas de avaliação, conservação e manejo ambiental. Portanto, o desafio agora é aumentar o conhecimento sobre biologia, ecologia e taxonomia das formigas para se interpretar com mais propriedade o uso destes organismos como bioindicadores. PALAVRAS – CHAVE: Formigas, bioindicação, diversidade. Referências Bibliográficas ANDERSEN, A.N. Functional groups and patterns of organization in North American ant communities: a comparation with Australia. Journal of Biogeography, Oxford, v. 24. n. 3, p. 433-460, 1997. DELABIE, J.H.C.; FISHER, B.L.; MAJER, J.D.; WRIGHT, I.W. Litter and soil ant communities: how many samples need to be taken. Measuring and monitoring biological diversity. In: AGOSTI, D.; MAJER, J.D.; ALONSO, L.T.; SCHULTZ, T. Standart methods for ground living ants. Washington: Smithsonian Institution, 2000. 280p. 5 Pós-graduanda em Agronomia/Entomologia da UFLA. 6 Orientador, Prof. do Depto. de Entomologia da UFLA. Aspectos bioecológicos e manejo da cigarrinha-da-raiz da cana-de-açúcar Mahanarva fimbriolata (Stal, 1854) (Hemiptera:Cercopidae) Karina Cordeiro Albernaz7 Orientador: Dr. Geraldo Andrade Carvalho8 RESUMO O Brasil é líder mundial na produção de cana-de-açúcar Saccharum spp. apresentando área cultivada superior a 5 milhões de hectares. Em decorrência da mudança no sistema de colheita desta cultura através da proibição da queima da cana-de-açúcar, no Estado de São, pelo decreto lei 42.056 (06/08/1997), e com o aumento da colheita mecanizada da cana crua, a cigarrinha-da-raiz tornou-se praga primária desta gramínea. Isto ocorreu porque o acúmulo da palha na superfície do solo associada a altas temperaturas proporcionou microclima favorável ao crescimento populacional deste inseto-praga. Em várias regiões do Brasil, o ciclo desta praga inicia-se no período das chuvas, desaparecendo na seca, quando os ovos estão em diapausa, podendo assim, variar de região para região. Os adultos apresentam hábito crepuscular-noturno e as fêmeas depositam seus ovos nas bainhas das folhas próximas ao solo ou na base das touceiras. Vinte dias após a postura ocorre a eclosão das ninfas que se fixam nas raízes onde permanecem durante todo o seu desenvolvimento, envolvidas por uma espuma cuja principal função é protegê-las da dissecação. Os danos à cana-deaçúcar são causados tanto pelas formas jovens, que extraem grande quantidade de água e nutrientes das plantas ocasionando assim desequilíbrios na sua fisiologia como pelo os adultos que sugam a seiva das folhas. A saliva liberada para alimentação, pelos adultos, é tóxica para a planta, causando necrose nos tecidos foliares e radiculares ocasionando a “queima da cana-de-açúcar”. Em conseqüência do ataque, são reduzidos a fotossíntese, a formação de açúcares na folha e o acúmulo nos colmos, que se tornam menores, mais finos e com entrenós mais curtos, muitas vezes desidratados, secando do topo para a base, sendo que as folhas ficam amareladas e posteriormente secas, podendo ocorrer a morte de plantas. Embora haja poucas informações sobre níveis de infestações e danos econômicos que evidentemente variam conforme a variedade e o estágio de desenvolvimento da lavoura há indicações de que os níveis de controle e de dano estejam ao redor de 2-3 e 5-8 insetos/metro linear, respectivamente. No manejo desta praga uma série de medidas podem ser preconizadas, tais como controle cultural que consiste no afastamento mecânico da palha da linha da planta ou a retirada da palha da área, resistência varietal, controle químico com a utilização de produtos sistêmicos e controle biológico com o fungo Metarhizium anisopliae, sendo que este último tem se mostrado como a principal alternativa de controle. Palavras Chaves: cigarrinha, gramínea, biologia, danos, controle 7 Aluna do Curso de Pós-graduação em Agronomia/Entomologia da UFLA. E-mail: [email protected] 8 Prof. do Depto. de Entomologia da UFLA. E-mail: [email protected] Formigas urbanas: ocorrência, comportamento, problemas relacionados e um possível plano de manejo Mestrando: Fabiano Duarte Carvalho Orientadora: Dra. Brígida Souza A ocorrência de formigas em ambientes urbanos vem sendo constatada há muitos anos. Algumas espécies encontram-se associadas ao homem causando vários problemas, que podem variar desde um simples incômodo até ser considerado um grave problema de saúde pública quando a infestação ocorre em hospitais. Diversos fatores têm contribuído para o aumento de formigas nas áreas urbanas, entre eles, podemos destacar a disponibilidade de alimento e abrigo decorrentes do processo de urbanização. Pesquisas com formigas urbanas são recentes no Brasil, tendo iniciado na década de 1980. Desde então, levantamentos têm demonstrado a presença desses insetos na área urbana, principalmente em hospitais. Trabalhos com o objetivo de verificar a ocorrência de formigas no ambiente hospitalar, bem como analisar o comportamento de nidificação e forrageamento desses indivíduos, demonstrando as dificuldades de controle, podem ser realizados através dos seguintes passos: caracterização do local de estudo, divisão do hospital em setores, demarcação dos pontos de coleta, amostragem e identificação. Levantamentos realizados em área urbana, principalmente em vários hospitais do país, demonstram a ocorrência de nove principais gêneros de formigas urbanas no Brasil, sendo eles: Tapinoma, Pheidole, Solenopsis, Monomorium, Paratrechina, Wasmannia, Crematogaster, Camponotus e Linepithema. O controle isolado de formigas urbanas é muito difícil devido ao grande número de espécies com comportamentos e hábitos distintos, reforçando, assim, a necessidade da introdução de um plano de manejo integrado de pragas. O manejo desses insetos pode ser realizado através da conscientização de toda equipe do hospital, do controle mecânico e do controle químico localizado utilizando iscas, sendo o seu sucesso dependente da eficiência na inspeção do local, da localização dos ninhos, da correta identificação das formigas amostradas, do trabalho em equipe e principalmente do conhecimento da biologia e do comportamento do grupo em questão. Bioecologia e controle da pérola-da-terra Eurhizococcus brasiliensis (Hemiptera: Margarodidae) na cultura da videira Mestrando: Marco Aurélio Tramontin da Silva Orientador: Dr. Alcides Moino Júnior A videira é a frutífera que ocupa o segundo lugar em área de cultivo, com mais de 8 milhões de hectares distribuídos no globo. O Brasil detém cerca de 1% desta produção sendo que metade se concentra no Estado do Rio Grande do Sul. Dentre as principais pragas desta cultura destaca-se a pérola-da-terra Eurhizococcus brasiliensis (Hemiptera: Margarodidae). Esta cochonilha é um inseto subterrâneo que apresenta ciclo univoltíneo e reproduz-se por partenogênese telítoca facultativa. Os danos decorrentes do ataque do inseto, causados principalmente pelas fases jovens do inseto, são observados pelo definhamento progressivo do parreiral devido à sucção contínua de seiva, culminando com a morte do mesmo. A inexistência de métodos que efetivamente controlem a pérola-da-terra e o grande número de plantas hospedeiras alternativas resultam em dificuldades para o manejo da praga, ocasionando inclusive o abandono do cultivo da videira. Em tempos passados havia produtos de classes toxicológicas mais elevadas e que ainda controlavam o inseto na faixa de 60%. Atualmente somente dois produtos neonicotinóides estão registrados para o inseto na cultura. Pouco se conhece sobre o controle biológico, embora haja relatos de cochonilhas encontradas mortas por fungos e a presença de larvas de predadores. Dessa forma é necessária a busca de outros produtos e a disponibilização de alternativas mais rentáveis e eficazes para os produtores. Uma outra problemática é a dificuldade de criação deste inseto em laboratório, o que pode inviabilizar a execução de pesquisas, considerando-se que para o sucesso do controle é essencial o profundo conhecimento da biologia do inseto, viabilizando estudos que incrementem o manejo integrado desta cochonilha. Palavras-chave: cochonilha, inseticida, manejo integrado de pragas, parreiral. Manejo de Insetos-Praga em Aviário de Corte Mestranda: Cristhiane Rohde Orientador: Dr. Alcides Moino Junior A indústria avícola está em contínua expansão no Brasil, alcançando espaços cada vez maiores no mercado externo, sendo responsável por gerar 9% do PIB agrícola. Atualmente o Brasil é considerado o terceiro maior produtor e o segundo maior exportador de carne de frango do mundo. As aves são criadas em regime de confinamento, em ciclos que variam de 35 a 50 dias, com intervalos entre os ciclos que variam de três a 15 dias. Nesse sistema, as condições físicas e climáticas favorecem a proliferação de insetos, sendo considerados insetos-praga em aviários de corte o besouro conhecido popularmente como cascudinho, moscas e piolhos pertencentes a diferentes gêneros. O cascudinho Alphitobius diaperinus Panzer, 1797 (Coleoptera: Tenebrionidae) é considerado uma das principais pragas da avicultura moderna, vivendo em meio ao substrato utilizado nos aviários. Este inseto serve como fonte alternativa de alimentos para as aves, reduzindo a ingestão de nutrientes necessários presentes na ração balanceada, podendo ocasionar desnutrição, outros distúrbios fisiológicos decorrentes da ausência de determinados nutrientes e redução no peso da ave. Este inseto pode ainda ocasionar ferimentos no trato gastrintestinal das aves, quando estas se alimentam da forma adulta do mesmo, bem como servir de reservatório e possibilitar a transmissão de vários patógenos às aves. As moscas que ocorrem em aviários pertencem às famílias Muscidae, Fanniidae, Calliphoridae e Sarcophagidae, sendo os gêneros mais freqüentes Musca spp., Fannia spp. e Chrysomya spp. Os danos podem ser devido à transmissão de patógenos, além da perturbação de funcionários e migração para outros aviários e residências. Os piolhos ectoparasitas de aves estão agrupados nas famílias Menoponidae (Menacanthus stramineus Nitsch, 1818 e Menopon gallinae Linnaeus, 1758) e Philopteridae (Goniocotes gallinae De Geer, 1778). Os danos são decorrentes da permanência do piolho no corpo da ave, causando irritação, coceira, redução do apetite, falta de vitalidade, tornando o sistema imunológico da ave debilitado e suscetível à ocorrência de outras doenças. Atualmente o controle para estes insetos-praga é feito principalmente através de aplicação de produtos químicos. No entanto, devido à elevada toxicidade destes produtos às aves e aos inimigos naturais, e ao desenvolvimento de populações de insetos resistentes, entre outros problemas, é necessário a adoção de outras práticas, como controle biológico e cultural, no contexto do Manejo Integrado de Pragas (MIP). TEORIA DA TROFOBIOSE Ronelza Rodrigues Costa9 César Freire Carvalho10 Na agricultura moderna tem-se como principal objetivo a maximização dos lucros, o que vem sendo obtido por meio do emprego de alta tecnologia. Entretanto, os agricultores na maioria dos casos desconhecem os efeitos da tecnologia empregada em suas lavouras sobre o meio ambiente e até mesmo sobre o próprio ser humano. As plantas vêm sendo intensamente adubadas com fertilizantes químicos e geralmente recebem de forma excessiva e indiscriminada pulverizações com fungicidas, inseticidas, acaricidas, sendo muitas delas feitas de forma preventiva. Em função do excesso desses tratos fitossanitários, os vegetais podem se tornar mais susceptíveis aos ataques de artrópodes-praga e de doenças denominadas iatrógenas. Como proposta de produção de alimentos sem uso de adubos sintéticos e/ou pesticidas, surgiu a “Teoria da Trofobiose” com uma concepção inovadora para a agricultura. Esta teoria foi introduzida pelo pesquisador francês Chaboussou em 1980, por meio da publicação do livro “Plantas doentes pelo uso de agrotóxicos: a teoria da trofobiose”. De acordo com essa teoria, a planta torna-se vulnerável ao ataque de insetos, ácaros e doenças quando, em seu sistema metabólico, estiver presente excesso de aminoácidos livres e açúcares redutores. Toda ação ou interferência no metabolismo da planta de ordem genética, fisiológica, climática e de manejo cultural que estimule a proteossíntese propicia o desenvolvimento de mecanismos de resistência do vegetal a artrópodes e organismos causadores de doenças. O desequilíbrio na planta causado pelo uso indiscriminado de insumos químicos gera a proteólise, que é um conjunto de reações de hidrólise de proteínas, armazenando-se nos vacúolos celulares aminoácidos livres e açúcares redutores, que são alimentos prontos para serem usados pelos diversos organismos fitófagos. Palavras-chave: Pesticidas, fertilizantes, vegetal, proteossíntese, proteólise, artrópodes-praga, doenças 9 Aluna do Curso de Pós-graduação em Agronomia/Entomologia [email protected] 10 Prof. Orientador - Depto. de Entomologia da UFLA. E-mail: [email protected] da UFLA. E-mail: IMPORTÂNCIA DA CRIAÇÃO DE ARTRÓPODES FITÓFAGOS PARA A UTILIZAÇÃO EM PROGRAMAS DE CONTROLE BIOLÓGICO Alexa G. Santana1 Vanda H. P. Bueno2 Verifica-se hoje em muitos países, principalmente os europeus, uma grande preocupação com relação á manutenção ou a melhora da qualidade ambiental. Essa tendência tem como uma de suas conseqüências à adoção de métodos menos poluidores na produção agrícola, envolvendo em grande proporção o uso do controle biológico de pragas agrícolas. O controle biológico não corresponde a uma ação rotineira, envolvendo assim, desde a decisão sobre onde buscar os inimigos naturais a serem introduzidos, como selecionar os inimigos naturais mais promissores dentre aqueles encontrados, como conseguir um número suficiente para a sua liberação, e onde e como libera-lo de forma a aumentar as chances de estabelecimento. Para qualquer que seja a estratégia adotada em um determinado programa de controle biológico o sucesso depende fundamentalmente da qualidade dos organismos utilizados, independentemente do tipo de agente, que são direcionadas para as espécies de inimigos naturais produzidos comercialmente. Portanto, devemos ressaltar a importância da criação, principalmente dos insetos fitófagos, que são utilizados como alimento para inúmeras espécies de inimigos naturais, onde o fator alimento é considerado de fundamental importância tendo influência direta no desenvolvimento do inseto. Os métodos de criação massal de artrópodes fitófagos são usualmente desenvolvidas de forma " improvisada" o que pode resultar em inimigos naturais de má qualidade. A tecnologia para a criação desses insetos sobre hospedeiros e plantas alternativas, ou sobre dietas artificiais, ainda precisam de aprimoramento, além de apresentarem outro obstáculo, a falta de viabilidade econômica da produção. Desta forma, inúmeros estudos vêm sendo realizados por pesquisadores em diversas áreas, além da participação de produtores, contribuindo com pesquisas, atividades de relações públicas e serviços de extensão. Assim, o desenvolvimento e inovações na área de produção massal de inimigos naturais, controle de qualidade, armazenamento, envio e liberação desses insetos, tem reduzido os custos de produção e levado a uma qualidade melhor do produto, tornando o controle biológico mais simples e economicamente mais atrativo. Porém, maiores estudos precisam ser realizados e com a intensa cooperação entre pesquisadores e os praticantes de controle biológico, espera-se que ocorra maior desenvolvimento, resultando em rápidas melhorias da indústria do controle biológico. Desta forma, entender as condições que podem influenciar no desenvolvimento dos inimigos naturais, não resultando em agentes de baixa qualidade ou em fracassos em programas de controle biológico é uma necessidade. Palavras chaves: Criação massal , alimento e insetos fitófagos. 1 Doutoranda em Entomologia – Depto. Entomologia, Universidade Federal de Lavras, Lavras/MG. 2 Profesora Titular, do Depto. Entomologia, Universidade Federal de Lavras, Lavras/MG. Manejo de Pragas Urbanas Doutoranda: Rosane Rodrigues Costa Orientador: Prof. Dr. Jair Campos Moraes RESUMO. A expansão habitacional associada à degradação do meio ambiente faz com que haja desequilíbrio em cadeias alimentares, obrigando alguns insetos a mudarem hábitos para garantir sua sobrevivência próximo ao homem. Esses insetos, ou animais em geral, são denominados sinantrópicos. Dentre esses estão os principais insetos-praga urbanos: baratas, mosquitos, cupins e formigas. Assim, conhecimentos básicos sobre a vida desses animais são interessantes para que se possa adotar medidas de monitoramento, prevenção e controle. As principais espécies de baratas em áreas urbanas (domésticas) são Periplaneta americana e Blatella germanica, ambas com hábito noturno. Alimentam-se preferencialmente de materiais gordurosos e podem ser transmissores de doenças ao homem. Os cupins são insetos sociais considerados hoje como a principal praga de grandes centros urbanos. Os cupins podem ser subterrâneos ou de madeira seca. Alimentam-se de materiais celulósicos ou lignocelulósicos. As formigas, assim como os cupins, são insetos sociais. Em cidades, pode-se encontrar as formigas cortadeiras e as formigas domésticas, cuja presença causam incomodo ao ser humano. Dentre os mosquitos urbanos que mais causam preocupação à saúde pública estão as espécies do gênero Culex (pernilongos), de hábito noturno e o Aedes aegypti (transmissor da dengue), de hábito diurno. No verão as pragas urbanas se proliferam, pois é na alta temperatura que elas aparecem. Medidas preventivas como limpeza, armazenamento dos alimentos entre outros são itens importantes levados em consideração para a definição de uma estratégia de combate dos cupins, baratas, formigas e mosquitos. Para tanto, é necessário conhecer o que serve de alimento e abrigo para cada espécie que se pretende controlar e trabalhar preventivamente. Se medidas de controle forem necessárias, deve-se dar prioridade ao controle alternativo, evitando ao máximo o uso de produtos químicos (os quais poderão estar eliminando não somente as espécies indesejáveis, como também outras espécies benéficas, contaminando a água e o solo), que por si só não evitarão novas infestações. Sabe-se que a maioria dos inseticidas acarreta impactos negativos ao homem e/ou ambiente, devendo-se agir com cautela, sendo que as aplicações devem ser realizadas por pessoas capacitadas. Em áreas urbanas a aplicação do controle químico é mais delicada devido à alta densidade populacional de humanos. Palavras-chaves: animais sinantrópicos, controle, impacto ambiental. ASPECTOS BIOECOLÓGICOS DE Trichogramma spp. (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDADE) E SUA UTILIZAÇÃO NO CONTROLE DE INSETOSPRAGA Douglas Silva Parreira11 Geraldo Andrade Carvalho2 Parasitóides do gênero Trichogramma constituem-se em um dos grupos de inimigos naturais mais estudados no mundo, e sua utilização como agente de controle biológico de insetos-praga vem se intensificando em muitos países. Apresentam ampla distribuição geográfica, são altamente especializados e eficientes, com registros de parasitismo em mais de 200 hospedeiros, pertencentes a 70 famílias de oito ordens de insetos. Há 160 espécies de Trichogramma já identificadas em todo o mundo, no entanto, apenas 18 são criadas massalmente e utilizadas com sucesso em mais de 30 países, contra pragas-chave em 34 culturas, sendo liberadas de forma inundativa, em cerca de 34 milhões de hectares. Os países que mais empregam Trichogramma spp. no controle de pragas são a Rússia, México e China. No Brasil a sua ocorrência natural, corresponde a 31,8% do registro em todo continente sul-americano, ocorrendo 14 espécies desse inimigo natural em ovos de 17 espécies de pragas, todas pertencentes à ordem Lepidoptera. Espécies desses parasitóides são microhimenópteros com menos de 1 mm de comprimento, sendo exclusivamente oófagos e, dessa forma, afetam o desenvolvimento dos hospedeiros impedindo que estes atinjam a fase de lagarta ou larva na qual causam grandes prejuízos às culturas. Cada fêmea de Trichogramma spp. oviposita durante sua vida cerca de 20 a 30 ovos, que podem ser colocados na proporção de um ou mais por ovo do hospedeiro, dependendo do tamanho do mesmo. Esses parasitóides podem ser gregários ou solitários e apresentam desenvolvimento por holometabolia. O uso desses insetos tem como vantagens o baixo custo de criação e a alta capacidade de reprodução em hospedeiros alternativos, podendo ser considerados como importantes agentes de controle biológico em programas de Manejo Integrado de Pragas. Palavras-chave: parasitóide, Trichogramma spp., bioecologia, pragas, controle biológico. 11 2 Aluno do Curso de Pós-Graduação em Agronomia/Entomologia da UFLA. E-mail: [email protected] Orientador, Prof. Adjunto do Departamento de Entomologia da UFLA. E-mail: [email protected] BIOLOGIA, COMPORTAMENTO E MULTIPLICAÇÃO DE PARASITÓIDES DO GÊNERO Aphidius spp. (HYMENOPTERA: APHIDIIDAE) Robson José da Silva1 Vanda Helena Paes Bueno2 Os pulgões são pragas-chave em diversas culturas de interesse agrícola, tanto no campo como em cultivos protegidos. O grande potencial reprodutivo e o rápido aparecimento de populações resistentes a vários inseticidas dificultam o controle desses insetos. Dentre os métodos de controle de pragas, o controle biológico por meio de inimigos naturais, como os parasitóides do gênero Aphidius spp. (Hymenoptera: Afidiidae), tem apresentado grande eficiência no controle de pulgões. Os parasitóides aphidiídeos são vespas com cerca de 0,2 mm de comprimento e caracterizam-se por serem solitários e exclusivamente endoparasitóides de pulgões. Estão distribuídos amplamente pelo mundo, porém a maioria das espécies encontra-se nas zonas climáticas temperadas e subtropicais do hemisfério norte, a fauna tropical é formada por poucos grupos endêmicos e várias espécies pantropicais e cosmopolitas. Os adultos podem viver de uma a duas semanas à temperaturas de 15 a 20 ºC quando alimentados com néctar ou “honeydew”. A cópula ocorre 24h após a emergência e as fêmeas podem colocar ovos fertilizados ou não, dando origem à fêmeas e machos, respectivamente. Cada fêmea pode colocar cerca de 200 a 300 ovos durante a sua vida. Para que uma fêmea de Aphidius tenha sucesso em sua reprodução, ela precisa localizar e reconhecer seus hospedeiros, e nesses processos estão envolvidas as etapas: localização do habitat do hospedeiro, localização do hospedeiro, avaliação da adeqüabilidade do hospedeiro, aceitação do hospedeiro e regulação do hospedeiro. O conhecimento a respeito do desenvolvimento e multiplicação de parasitóides do gênero Aphidius é importante para o sucesso da criação massal e do controle biológico de pulgões. Desta forma, verificar fatores como planta hospedeira, pulgão hospedeiro, estágio/estádio ou tamanho do hospedeiro, temperatura, umidade, luz e alimento, que podem vir a influenciar na criação massal, visam assegurar a qualidade desses inimigos naturais e o sucesso de um programa de controle biológico. Palavras-chave: Aphidius spp., criação massal, endoparasitóide, controle biológico _________________________ 1 Aluno do Curso de Pós-Graduação em Agronomia/Entomologia da UFLA. E-mail: [email protected] 2 Orientadora, Prof.ª Titular do Departamento de Entomologia da UFLA. E-mail: [email protected] BESOUROS ESCARABEÍDEOS (COLEOPTERA- SCARABAEIDAE): BIOLOGIA, ECOLOGIA E BIOINDICAÇÃO Sabrina da Silva Pinheiro de Almeida 1 Júlio Neil Cassa Louzada 2 Os besouros escarabeídeos, popularmente conhecidos como “rola-bosta”, pertencem a ordem Coleoptera, família Scarabaeidae (sensu stricto), distribuídos em seis subfamílias (Scarabaeinae, Coprinae, Onthophaginae, Oniticellinae, Onitinae e Eurysterninae). Existem cerca de 7000 espécies descritas, em 200 gêneros. Esses indivíduos possuem, como características marcantes, a desesclerotização de suas peças bucais; a posição diferenciada dos seus espiráculos abdominas; seus hábitos de nidificação peculiares; o tamanho relativamente grande de seus ovos e o encurtamento de sua fase larval. Dentro desse grupo, os escaravelhos são insetos bastante conhecidos devido, principalmente, à mitologia egípcia, que o cultuava na forma do deus Kheper. Esses insetos são detritívoros, utilizando-se, principalmente de fezes (coprófagos) como recurso alimentar, mas também podem ser micetófagos (fungos), saprófagos (frutos decompostos), necrófagos (carcaça) e generalistas (combinação de mais de um recurso alimentar). O nome de “rola-bosta” atribuído a esses besouros deve-se ao fato de indivíduos telecoprídeos ou roladores, retirarem um pedaço de fezes, fazerem uma bola, e rolá-la até um túnel construído por eles, onde ocorre a oviposição. Porém, nem todos os escarabeídeos são “rola-bosta”, exitem os paracoprídeos ou escavadores, que escavam e enterram o recurso próximo a mancha de alimento, os endocoprídeos ou residentes, que vivem dentro do próprio recurso, e os cleptoparasitas, que roubam o recurso de outros besouros. O ciclo de vida pode durar cerca de 30 dias, como no caso de Onthophagus gazella, e podem apresentar um comportamento subsocial, no qual machos e fêmeas apresentam certo grau de cuidado parental, sendo considerados k-estrategistas. Pode ocorrer dimorfismo sexual pela presença de chifres, coloração mais brilhante e tamanho corporal menor nos machos, em relação as fêmeas. A sazonalidade climática influencia diretamente a atividade e desenvolvimento desses besouros, que são adaptados a condições quentes e de alta umidade. São importantes dispersores secundários de sementes e atuam na ciclagem de nutrientes do solo, sendo essenciais para a manutenção do equilíbrio ecológico. A espécie de Onthophagus gazella é utilizada para o controle biológico da mosca-dos-chifres e de helmintos que molestam os bovinos. Os escarabeídeos também são utilizados na entomologia forense, cuja presença em um cadáver pode indicar o tempo da morte; e também na bioindicação, uma vez que possuem diversas características essenciais aos grupos de bioindicadores, contribuindo com o monitoramento do impacto humano sobre o meio ambiente. Palavras-chave: Scarabaeidae, besouros rola-bosta, ecologia de Scarabaeidae, bioindicadores. 1) Mestrado em Entomologia- Depto. de Entomologia/ Universidade Federal de Lavras ([email protected]) 2) Prof. Orientador- Depto. de Biologia/ Universidade Federal de Lavras ([email protected])