Netprof A revolução relativista Figura 1 - Albert Einstein Os conceitos newtonianos de espaço e tempo começaram de ser abandonados no século XX. O espaço newtoniano é um espaço euclidiano. Com o advento da relatividade restrita e da electrodinâmica de Maxwell (talvez seja mais justo chamar de electrodinâmica de Maxwell-Faraday), Hermann Minkowsky descobriu que a geometria do espaço-tempo é pseudo-euclidiana e, em sua homenagem, hoje chamamos o espaço-tempo de espaço de Minkowsky. Ernest Mach (1838 – 1916), publicou em 1883 um livro que ficou célebre na transição do universo newtoniano para o relativista. Nesse livro, Mach faz um estudo crítico da mecânica newtoniana. Em particular, preocupou-se com a noção de movimento absoluto da física newtoniana. Ele acreditava que, como a aceleração das partículas é sempre medida em relação a algum referencial inercial (as estrelas fixas), a inércia de uma partícula não seria um atributo inerente a ela, mas deveria depender da distribuição da matéria no Universo. Esta ideia é hoje conhecida como princípio de Mach, segundo o qual a propriedade de inércia de qualquer objecto depende da presença e distribuição de outras massas. O próprio Einstein aceitou esta ideia que formalizou anos depois no seu princípio de equivalência, que está na base da teoria da relatividade geral. De acordo com esse princípio, numa vizinhança de cada ponto do espaço-tempo, é sempre possível escolher um referencial no qual a influência gravitacional do ambiente ao seu redor seja nula. A Relatividade Restrita Sabemos que a massa dum corpo actua como fonte do campo gravítico. Da mesma forma, uma carga eléctrica em repouso, actua como fonte do campo eléctrico. Se a carga eléctrica estiver em movimento, além do campo eléctrico, é criado um campo magnético. Cargas eléctricas aceleradas produzem perturbações no meio envolvente, que são variáveis com o tempo, chamadas ondas electromagnéticas. Foi o escocês James Clerk Maxwell (1831-1879) quem provou que a luz é uma onda electromagnética. A todas as frequências possíveis que uma onda electromagnética pode ter, denominamos de espectro electromagnético. A palavra espectro (do latim spectrum, que significa fantasma ou aparição) foi usada por Este material faz parte da dissertação de mestrado em ensino de Astronomia de António Manuel Alves Morais 1 Netprof Isaac Newton, no século XVII, para descrever a faixa de cores que apareceu quando a luz do Sol, numa experiência, atravessou um prisma de vidro. Figura 2 Maxwell Quando da demonstração dessa propriedade da luz, os físicos do fim do século XIX buscaram uma analogia entre a luz e o som. Desta forma, buscaram um meio onde a luz se pudesse propagar. A este meio denominaram éter luminífero ou simplesmente éter que preencheria todo o espaço. Este deveria corresponder a um sistema de referência absoluto. Deste modo, se o éter está em repouso, a Terra mover-se-ia em relação a este, com a mesma velocidade com que se movimenta em relação ao Sol. Da mesma forma, este deveria movimentar-se em relação à Terra estacionária, produzindo uma “corrente de éter”no interior do qual se moveria a luz. Isto é o análogo dum barco que se movimenta num rio, onde um feixe de luz faz o papel do barco e o éter, a água do rio. A maneira como dois observadores inerciais, movendo-se com velocidade relativa constante, descrevem as suas observações do mesmo fenómeno, obedece ao chamado princípio de relatividade clássico, ou princípio de relatividade de Galileu: “As leis da mecânica são as mesmas para todos os observadores inerciais que se movem com velocidades relativas constantes”. Vejamos a importância disto. Seja um acontecimento P no espaço e S e S’ dois referenciais inerciais que se r movem com velocidade relativa constante v . Figura 3 Movimento relativo entre dois referenciais inerciais r r Seja r o vector posição do acontecimento P, como medido por S; r ' ,o vector posição desse mesmo r acontecimento, medido em S’, e R ,o vector posição que dá o deslocamento de S’ relativamente a S que, por simplicidade no instante inicial, têm as suas origens coincidentes. Da observação da figura (1-7) é simples concluir que: Este material faz parte da dissertação de mestrado em ensino de Astronomia de António Manuel Alves Morais 2 Netprof r r r r = r '+ R (1) Como a velocidade é a derivada do vector posição em relação ao tempo: r r r V = V '+ v (2) e sendo a aceleração a derivada da velocidade em relação ao tempo: r r a = a' (3) À equação (2) corresponde a lei de transformações de velocidade Galileu. Ao tentar descobrir um referencial absoluto para a luz, permitiria generalizar essas transformações. Para medir o movimento relativo do éter, Michelson e Morley elaboraram uma experiência que, repetida várias vezes, deu o mesmo resultado: não se verificou nenhuma velocidade de arrastamento do éter relativamente à Terra. Para compreender esta experiência crucial para o estabelecimento da teoria da relatividade restrita, iremos seguir o exemplo dado em [1] das referências. Consideremos o movimento dum barco num rio cuja corrente tem velocidade constante relativamente às margens de largura D. Iremos determinar o tempo total de travessia, de maneira a que o barco atravesse perpendicularmente o rio e desça e suba o rio, percorrendo a mesma distância que a sua largura. Figura 4 Composição de velocidades No caso do barco atravessar perpendicularmente às margens, a lei de adição de velocidades dá: r r r vB / M = vB / A + v A / M (4) r r onde vB / M é a velocidade do barco em relação às margens, vB / A é a velocidade do barco em relação às águas r e vA / M é a velocidade das águas relativamente às margens. Para simplificar a notação, iremos usar a seguinte simplificação: r r vA / M ≡ v r r vB / M ≡ v1 vr ≡ vr 2 B/ A é fácil observar que: v22 = v 2 + v12 (5) atendendo a esta equação, podemos escrever: v2 v12 = v22 1 − 2 v2 (6) v2 v1 = v2 1 − 2 v2 (7) ou o tempo total de travessia para ir e voltar perpendicularmente é: t⊥ = 2D v1 (8) finalmente: Este material faz parte da dissertação de mestrado em ensino de Astronomia de António Manuel Alves Morais 3 Netprof 2D t⊥ = v2 v2 1 − 2 v2 (9) Agora estudemos o caso em que o barco desce paralelamente às margens a mesma distância que a sua largura, e volta à aposição inicial. Neste caso, o tempo total será: t// = tida + tvolta (10) na ida, as velocidades têm mesma direcção e sentido: v1 = v2 + v (11) D v2 + v (12) v1 = v2 − v (13) então: tida = na volta, temos: e o tempo necessário nesse trajecto: tvolta = D v2 − v (14) Após algumas simplificações obtemos: t// = 2D v2 v2 1 − 2 v2 (15) donde concluímos que os tempos t⊥ e t// não são iguais. Fazendo a relação entre estes tempos: v2 t⊥ = 1 − 2 t // v2 (16) A experiência de Michelson e Morley consiste em fazer com que um feixe de luz percorra uma distância constante em direcções perpendiculares, efectuando trajectos de ida e volta. Se realmente o éter existisse, haveria uma direcção perpendicular à corrente de éter e outra paralela a esta. Com a analogia do barco, observamos que os tempos necessários para percorrer essas distâncias seriam diferentes. Se chamarmos de c r a velocidade da luz, como a esta velocidade corresponde v2 na nossa analogia então teremos: t⊥ = 2D v2 c 1 − 2 c 2D t// = v2 c 1 − 2 c (17) (18) e portanto: v2 t⊥ = 1 − 2 t // c (19) Entretanto, como dissemos, não foi detectada nenhuma corrente de éter. A relação entre estes tempos era unitária. Este resultado fez ruir a ideia dum referencial absoluto e serviu como ponto de partida para Einstein criar a teoria da relatividade restrita. Este material faz parte da dissertação de mestrado em ensino de Astronomia de António Manuel Alves Morais 4 Netprof Figura 5 Aparato experimental original de Michelson e Morley. No seu trabalho intitulado “ Sobre a electrodinâmica dos corpos em movimento” de 1905, Einstein expõe a Teoria da Relatividade Restrita (TRR), que se fundamenta em dois postulados: 1 – As leis da Física são as mesmas para todos os observadores inerciais. 2 – A velocidade da luz é constante, não dependendo do movimento relativo entre a fonte e o observador. O facto de postular a constância da velocidade da luz, faz com que se alterem as transformações de Galileu. Estas transformações já haviam sido obtidas por Hendrik Antoon Lorentz (1853-1928) e George Francis FitzGerald (1851-1901) e formam o seguinte grupo de transformações: x= x '+ vt v 1− c 2 , y = y ', z = z ', t = t '+ ( v / c 2 ) x ' v 1− c 2 Na posse dessas transformações, Einstein analisou o efeito que elas provocariam em corpos rígidos e relógios em movimento. Obteve então a contracção do espaço e a dilatação do tempo. Um observador em r movimento relativo a um observador com velocidade v medirá um comprimento menor de uma barra relativamente ao outro observador; também o intervalo de tempo entre dois acontecimentos, medidos em relógios sincronizados pelos dois observadores em repouso relativamente um ao outro, é maior do que o observado quando um observador está em movimento relativo, com velocidade constante. Esta nova cinemática fez nascer uma nova dinâmica, onde Einstein encontrou a famosa equação da relação entre massa e energia: E = mc 2 (20) Esta equação é importante nos processos nucleares. Além disso, o facto de a velocidade da luz ser constante, tem implicações nas medidas que fazemos nas medições em cosmologia. Se a velocidade da luz não fosse constante, teríamos de procurar novas unidades de distância que não dependessem da luz. Isto porque toda a informação que obtemos na Terra é obtida pela análise da luz das estrelas, como veremos no capítulos 2 e 3. Diagramas de espaço-tempo Como já dissemos, com o advento da relatividade restrita e da electrodinâmica de Maxwell-Faraday, Hermann Minkowsky descobriu que a geometria do espaço-tempo é pseudo-euclidiana e, em sua Este material faz parte da dissertação de mestrado em ensino de Astronomia de António Manuel Alves Morais 5 Netprof homenagem, hoje chamamos o espaço-tempo de espaço de Minkowsky. Minkowsky apresentou o seu trabalho “Espaço e Tempo” no 80º congresso dos naturalistas e médicos alemães de Colónia em 1908. No que diz respeito a este trabalho, como a cosmologia estuda a natureza do Universo no espaço e no tempo, é muitas vezes útil a utilização de diagramas de espaço-tempo, que são uma poderosa ferramenta naturalmente utilizada em relatividade, sobretudo para ilustrar alguns conceitos que possam ser menos intuitivos. A manipulação de diagramas de espaço-tempo é útil em diversos problemas de cosmologia, como os que se encontram relacionados com o estudo dos horizontes cósmicos. Um diagrama espaço-tempo é um diagrama bidimensional, onde representamos em abcissa a parte espacial do espaço, e em ordenada o eixo do tempo. Figura 6 Diagrama de espaço-tempo ilustrando um acontecimento, a linha de universo de uma partícula em repouso e a linha de universo de uma partícula acelerada. Um ponto neste espaço bidimensional tem coordenadas x e t fixas e designa-se por acontecimento. Por outro lado, uma curva neste plano estabelece uma relação entre a coordenada x e a coordenada t, isto é: x = x(t ) (21) portanto, (21) representa a posição de uma partícula em diferentes instantes. A esta curva damos o nome de linha de universo da partícula. O declive (dt/dx) desta curva, num dado ponto, encontra-se relacionado com o valor da velocidade v da partícula, no instante correspondente, já que: declive = dt 1 = dx dx dt (22) como sabemos que: v= dx dt (23) a relação (22) fica escrita como: declive = 1 v (24) que corresponde ao declive duma curva num diagrama de espaço-tempo. Este material faz parte da dissertação de mestrado em ensino de Astronomia de António Manuel Alves Morais 6 Netprof Figura 7 Diagrama de espaço-tempo representando as linhas de universo correspondentes a partículas com diferentes velocidades, tal como indicado. É útil utilizar um sistema de unidades no qual a velocidade da luz c está normalizada, isto é, um sistema no qual c = 1. Com esta normalização, facilmente se verifica que a linha de universo de um raio luminoso é uma linha recta cuja direcção faz um ângulo de 45o com a direcção do eixo Ot bem como com a direcção do eixo Ox Cone de Luz O conjunto de todas as linhas de universo nulas que passam por um dado acontecimento P forma uma superfície cónica a que se dá o nome de cone de luz ou cone nulo desse acontecimento. Todos os acontecimentos no interior do cone de luz do acontecimento P têm uma separação tipo-tempo relativamente a P e, portanto, todos esses acontecimentos podem ser atingidos a partir de P, através de uma linha de universo tipo-tempo, constituindo, por isso, aquilo que se designa por região causal do acontecimento P. Dito de outra forma, todos os acontecimentos no interior do cone de luz estão causalmente ligados a P. Por outro lado, todos os acontecimentos no exterior do cone de luz estão separados de P por intervalos tipo-espaço. Isto significa que estes acontecimentos não podem ser atingidos a partir de P, através de uma linha de universo tipo-tempo, e, portanto, não se encontram causalmente ligados a P, ou seja, constituem uma região do espaço-tempo inacessível para P. Este material faz parte da dissertação de mestrado em ensino de Astronomia de António Manuel Alves Morais 7 Netprof P Figura 8 Regiões interiores e exteriores ao cone de luz de um dado observador. A região interior divide-se em duas sub-regiões: cone de luz do passado e cone de luz do futuro. A região exterior é a região de afastamento absoluto ou região inacessível, ou seja, é a região constituída por todos os acontecimentos que não se encontram causalmente ligados ao observador. Por estas razões se diz que todos os acontecimentos na parte superior do interior do cone de luz constituem o futuro absoluto de P, enquanto que os que se encontram no interior do cone, mas na sua parte inferior, constituem o seu passado absoluto. Essas regiões podem ainda ser designadas, respectivamente, por cone de luz do futuro e por cone de luz do passado. As restantes regiões do espaço-tempo, isto é, as que se encontram no exterior do cone de luz do observador, são, relativamente a P, designadas por regiões de afastamento absoluto ou por regiões inacessíveis. Horizontes cosmológicos Os modelos cosmológicos são construídos e desenvolvidos com base no que observamos no Universo. Assim, é de importância fundamental saber qual a região do espaço-tempo cósmico que, em determinado instante, podemos observar, ou, de forma equivalente, qual a região que, nesse mesmo instante se encontra para além do alcance dos nossos detectores. Convém distinguirmos a região do Universo que observamos, o Universo observado, que depende da capacidade dos detectores que possuímos (olhos, lunetas, telescópios, radiotelescópios, etc.), e a região que potencialmente podemos observar, o Universo observável. Esta última região é aquela com a qual estamos em contacto causal e que depende das propriedades do espaço-tempo cósmico. Como é fácil de se perceber, o Universo observado encontra -se contido no Universo observável. Quando observamos o Universo com os poderosos telescópios actuais, não vemos as galáxias distribuídas no passado até distâncias infinitas. O facto de não podermos ver as galáxias distribuídas até ao infinito nada tem a ver com questões tecnológicas, isto é, com a capacidade dos telescópios, mas sim com o facto da velocidade da luz e a idade do universo serem finitas. Apenas temos acesso a uma determinada região na qual ocupamos a posição central. É a fronteira desta região que normalmente se designa por horizonte. Para além dele não nos é possível observar. De acordo com a sua posição, observadores em galáxias diferentes terão horizontes distintos. O estudo sistemático e detalhado dos horizontes cósmicos é relativamente recente. Wolfgang Rindler, em 1956, foi talvez o primeiro a efectuar uma análise profunda e detalhada sobre a importância dos horizontes Este material faz parte da dissertação de mestrado em ensino de Astronomia de António Manuel Alves Morais 8 Netprof em cosmologia. Para determinar o que podemos ou não observar, teremos que especificar a natureza do que queremos observar: galáxias, enxames, explosões de supernovas, etc.Isto é, podemos pretender observar objectos com um “tempo de vida” muito curto, como por exemplo a explosão de uma supernova, ou objectos que perduram no tempo, como por exemplo uma galáxia. Os objectos do primeiro tipo estão associados a acontecimentos, tal como os definimos anteriormente, enquanto que os objectos que se mantêm durante um longo período de tempo estão associados a linhas de universo, que não são mais do que cordas de acontecimentos. O “tempo de vida” dos objectos que pretendemos observar conduziu Rindler a considerar os dois tipos de horizontes seguintes: horizonte de acontecimentos: como o nome indica está associado a acontecimentos horizonte de partícula: associado às linhas de universo dos objectos que poderemos eventualmente observar. Assim, podemos interpretar o horizonte de partícula como sendo a superfície de uma “esfera”, cujo centro é ocupado pelo observador. Em cada instante, esta superfície divide todo o espaço em duas regiões: a região no interior da esfera, na qual se encontram todos os objectos observáveis, e a região exterior que contém todos os objectos não observáveis. Este horizonte define o limite do Universo observável. Por outro lado, o horizonte de acontecimentos consiste numa fronteira que divide todos os acontecimentos em dois grupos: um deles é constituído pelos acontecimentos que são observáveis, independentemente do instante em que isso seja possível, o outro grupo é constituído pelos acontecimentos que nunca poderão ser observados, isto é, acontecimentos não observáveis. É importante referir que não basta definirmos acontecimentos e linhas de universo para definirmos os horizontes. Estes só ficam completamente determinados ou definidos quando especificamos o modelo de Universo ou modelo cosmológico que adoptamos. A teoria da relatividade Geral A teoria da relatividade geral de Einstein (TRG) é a sua teoria de gravitação. Uma ideia central na relatividade geral é a do princípio da equivalência. Já discutimos o problema da massa inercial e gravitacional no contexto da gravitação newtoniana. Recordemos que o facto experimental demonstrado por Galileu, de que os corpos caem na superfície da Terra com a mesma aceleração, já implica a igualdade das massas inercial e gravitacional. O princípio da equivalência formulado por Einstein em 1907, diz o seguinte: “Em um pequeno laboratório em queda livre em um campo gravitacional, as leis da Física são as mesmas que as observadas em um referencial inercial, na ausência dum campo gravitacional”. O facto de o laboratório ser “pequeno” está relacionado com o facto de campos gravitacionais reais serem apenas localmente constantes. O campo gravítico dum planeta, como a Terra, não é constante. Admitindo a simetria esférica, esse campo é radial, e diminui com o inverso do quadrado da distância ao seu centro a partir da superfície. Note-se que este princípio considera que mi = mg. Este material faz parte da dissertação de mestrado em ensino de Astronomia de António Manuel Alves Morais 9 Netprof r g Figura 9 Localmente, o campo gravítico é uniforme. r g Figura 10 Entretanto, globalmente, o campo gravítico terrestre não é uniforme. Outra maneira de enunciar o princípio de equivalência [2]: campos gravíticos uniformes são equivalentes a referenciais que aceleram uniformemente relativamente a referenciais inerciais. Actualmente, este princípio de equivalência é denominado princípio de equivalência fraco. O adjectivo “fraco” é usado devido a este princípio se referir somente ao campo gravítico. Por outro lado, existe o princípio de equivalência forte; este princípio diz que podemos descobrir como todas as outras forças da Natureza se comportam num campo gravitacional, postulando que as suas leis num referencial em queda livre são idênticas às suas leis na TRR, isto é, na ausência de campos gravitacionais. Do ponto de vista histórico, é importante salientar o desenvolvimento do cálculo tensorial pelo matemático italiano Gregório Ricci- Cubastro (1853-1925) e seu assistente Tullio Levi-Civita (1873- 1941) que são as ferramentas matemáticas da TRG e os trabalhos feitos por Einstein com Marcel Grossmann (1878-1936). É devido ao auxílio de Grossmann [3] que Einstein conseguiu a transição para a geometria de Riemmann. Einstein provou que a geometria de Minkowsky é alterada devido à presença dum campo gravitacional. Com isto, e com a ajuda de Grossmann, mostrou que o espaço-tempo quadridimensional, devido à interacção com Este material faz parte da dissertação de mestrado em ensino de Astronomia de António Manuel Alves Morais 10 Netprof a gravitação, é um espaço curvo quadridimensional Riemmanniano. Em 1915, Einstein termina a estrutura de TRG. A sua publicação será em 1916 na revista Annalen der Physik. Em 1917, irá fazer a primeira aplicação da TRG à cosmologia, o denominado modelo de universo de Einstein. O modelo de Einstein é um modelo homogéneo e isotrópico. Devido à sua equação original não admitir soluções estáticas, isto é, soluções matemáticas que fornecessem um universo imutável no tempo e como não se conhecia a expansão do universo (a expansão só foi descoberta em 1923), Einstein introduziu um termo repulsivo denominado de constante cosmológica (Λ). Desta forma, obteve um universo estático. Com a descoberta da recessão das galáxias por Hubble, em 1923, Einstein considerou um erro a introdução dessa constante na equação de campo da gravitação. Entretanto, essa constante desempenha actualmente um papel importante na cosmologia. Referências [1] Pauli, Ronald Ulysses; Mauad, Farid Carvalho & Heilmann, Hans Peter. Física - Volume 4 – EPU, Editora pedagógica e Universitária Ltda – São Paulo, Brasil , [2] Berry, M.V. Principles of cosmology and gravitation. Adam Hilger. 1989 [3] Pais, Abraham. Subtil é o Senhor – Editora Gradiva, Série Ciência Aberta. Crédito ou fonte das figuras Figura 1 - http://fisica.fc.ul.pt/figleg.html Figura 2 - http://www.th.physik.uni-frankfurt.de/~jr/gif/phys/maxwell.jpg Figura 5 – http://www.upscale.utoronto.ca/JPU200Y/Class04.html Este material faz parte da dissertação de mestrado em ensino de Astronomia de António Manuel Alves Morais 11