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May 2014 , Vol. 1, Num. 2
www.proceedings.blucher.com.br/evento/cidi
As Faces do Design de Tipos: análise dos recursos tipográficos utilizados na
produção de livros do século XVI
Faces of Design Types: analysis of typographic features used in the production of
books of the sixteenth century
Claudia L. Marques, Josinaldo Barbosa, Silvio Pena
Tipografia, diagramação de livros, livros renascentistas
Neste artigo apreciamos os recursos tipográficos presentes no livro La Geografia de Claudio Ptolomeu,
impresso durante o século XVI, presente no acervo de obras raras pertencentes à Biblioteca do Instituto
Ricardo Brennand, com o objetivo de analisar a composição das páginas e as diferenças tipográficas
existentes quanto ao desenho e o uso de tipos. Discutimos a respeito da influência das limitações
tecnológicas da época sobre a regularidade do layout e a convivência harmoniosa entre o itálico
chancelaresco e o tipo romano renascentista. Relatamos sobre a presença de recursos encontrados nos
livros antigos que entraram em desuso como as assinaturas, reclamos e o uso do parágrafo descrito por
Saltz (2010) como pirâmide invertida de texto, características estas que marcaram esteticamente o livro
do século XVI.
typography, layout of books, Renaissance
In this article, we appreciate the typographic features present in the book La Geografia of Claudio
Tolomeu, printed during the sixteenth century, in this collection of rare books belonging to the Library of the
Instituto Ricardo Brennand, in order to analyze the composition of pages and the typographical differences
existing as the design and use of types. We discuss about the influence of the technological limitations of
the time on the regularity of the layout and harmonious coexistence between chancelaresco italic and
roman Renaissance. We have reported about the presence of features found in the ancient books that
went into disuse as subscriptions, claims and use the paragraph described by Saltz (2010) as inverted
pyramid text, these features aesthetically the book that marked the sixteenth century.
1 Introdução
A tipografia atravessou os séculos com presença marcante entre os principais elementos de
comunicação, sem os quais é praticamente impossível transmitir mensagens e trocar
informações.
Desde a invenção da tipografia móvel por Johannes Gutenberg, a evolução tipográfica é
marcada por cinco séculos e meio onde as técnicas de criação e impressão continuam em
constante mudança. Pensando nisso, a biblioteca do Instituto Ricardo Brennand, que detém
atualmente uma coleção de obras raras abriga exemplares do século XVI dificilmente
encontradas em outras bibliotecas ou arquivos.
Dentre eles destaca-se o livro La Geografia de Claudio Ptolomeu Alexandrino. O livro
mostra a grande riqueza da produção tipográfica da época que marca o ápice da Renascença
europeia e a busca das proporções perfeitas, servindo de rico material para pesquisa.
Com isso, o do projeto de pesquisa em questão irá analisar os recursos tipográficos
utilizados no livro de Claudio Ptolomeu, impresso durante o século XVI, presente no acervo de
obras raras pertencente a Biblioteca do Instituto Ricardo Brennand, observando a composição
das páginas, as diferenças tipográficas existentes e observando as características peculiares
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Marques, Claudia L.; Barbosa, Josinaldo; Pena, Silvio. 2014. As Faces do Design de Tipos: análise dos recursos tipográficos utilizados
na produção de livros do século XVI. In: Coutinho, Solange G.; Moura, Monica; Campello, Silvio Barreto; Cadena, Renata A.; Almeida,
Swanne (orgs.). Proceedings of the 6th Information Design International Conference, 5th InfoDesign, 6th CONGIC [= Blucher
Design Proceedings, num.2, vol.1]. São Paulo: Blucher, 2014. ISSN 2318-6968, ISBN 978-85-212-0824-2
DOI http://dx.doi.org/10.5151/designpro-CIDI-179
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deste período quanto ao desenho e uso dos tipos, contribuindo do ponte de vista teórico para o
desenvolvimento e inovação referente a produção de tipografia.
2 Objetivos
Analisar os recursos tipográficos e de diagramação utilizados no livro do século XVI, observando
características peculiares deste período quanto à composição das páginas e aos elementos
tipográficos encontrados no livro La Geografia, datado de 1564, pertencente ao acervo de obras raras
da Biblioteca do Instituto Ricardo Brennand.
3 Metodologia
A pesquisa tem caráter exploratório, pois pretende caracterizar e analisar os recursos
tipográficos e a composição das páginas no livro La Geografia de 1564, visando observar
recursos característicos dos livros do século XVI utilizados no exemplar estudado.
Os instrumentos de pesquisa utilizados consistem primeiramente na pesquisa bibliográfica
sobre os livros do século XVI e uma ampla análise iconográfica dos registros fotográficos das
páginas do exemplar estudado
3 Resultados e Discussões
Características do livro La Geografia e a influência do contexto histórico na produção de
livros da época
Segundo a Biblioteca Nacional (Brasil), divisão de obras raras, ‘a arte brilhante e alegre da
Renascença vai influenciar a apresentação gráfica do livro e da encadernação’. Tschichold
(2007) descreve este período como a idade de ouro da impressão de livros, sendo na maioria
das vezes o livro renascentista muito mais fácil de ler do que muitos dos volumes de hoje.
Tschichold (2007: 53) complementa que em tal livro ‘vemos uma composição
maravilhosamente homogênea, claramente estruturada em parágrafos (mais longos naquele
tempo), que sempre começam com um recuo de um quadratim’, como podemos observar ao
longo das páginas do livro estudado.
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Figura 1: Exemplo do uso de recuo de um quadratim no início de parágrafo (usado com a permissão da Biblioteca do
Instituto Ricardo Brennand).
Le Bourgeois e Emptoz (2007) caracterizam por grande variedade de formas e conteúdos
os livros do século XVI. Ainda de acordo com os autores, estes livros foram impressos
artesanalmente, cujas próprias limitações técnicas da época reduziam a regularidade na
produção de livros, possuindo, por exemplo, alterações no espacejamento e margens e
alinhamento aleatório.
Ao analisarmos o livro La Geografia, observamos a presença de parágrafos, dado segundo
costume antigo, descrito por Sicluna (1945: 184) com a forma de ‘pie de lámpara perfecto’,
relatado também por Saltz (2010) como pirâmide invertida de texto (Figura 2). Realizando uma
análise mais profunda referente a composição e layout da página, constatamos o acréscimo e,
por vezes, a supressão de espaços em branco, bem como a quebra de palavras com o objetivo
de forçar o alinhamento do parágrafo e a construção perfeita da pirâmide invertida de texto.
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Figura 2: Página 355 do livro La Geografia (usado com a permissão da Biblioteca do Instituto Ricardo Brennand).
Outra característica importante presente nos livros antigos é o uso dos Reclamos e
Assinaturas. Segundo Araújo (1986), os reclamos são sílabas ou palavras colocadas ao pé da
página e repetidas na primeira palavra no início da folha seguinte e tem como objetivo facilitar
o alçamento. Já as Assinaturas, são letras ou números que visam indicar a sequência dos
cadernos e também apresentam-se ao pé da página ,como podemos observar na página 51 do
livro La Geografia de Ptolomeu (Figura 3).
Figura 3: Páginas 50 e 51 do livro La Geografia (1564). Exemplo do uso de reclamos e assinaturas (usado com a
permissão da Biblioteca do Instituto Ricardo Brennand).
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Tipografia do século XVI e as características tipográficas do livro La Geografia
O advento da impressão com tipos móveis e reutilizáveis não foi o único grande acontecimento
no mundo textual renascentista. Para Altiere e Rocha (2011), a invenção dos tipos de letras
romano e itálico, juntamente com outros fatores, colaborou para a formação de um modelo
textual, que segundo os autores, influenciaria todos os posteriores.
Altiere e Rocha ao retratarem a importância dos tipos romanos e itálicos no contexto textual
renascentista afirmam que:
Tão perfeita foi a sintonia entre os tipos romanos e itálicos e o Renascimento, uma vez que, foram
moldados pelos valores desse movimento, que suas inovações, assim como os ideais renascentistas,
deixaram um legado imprescindível para toda a cultura ocidental que se desenvolveu a partir daí.
(ALTIERE; ROCHAS, 2011: 136).
No entanto, conforme Ferraz (2011: 27), ‘quando os textos humanísticos foram proibidos
pela repressão da censura da igreja, os tipos itálicos mudaram de função e tornaram-se mais
inclinados, gestuais e ornamentados’.
Essa itálica chancelaresca é um reflexo da arte maneirista, e é definida por Bringhurst
(2011: 354), como a ‘classe de letras cursivas, caligráficas, que geralmente têm ligaturas
adicionais e extensores alongados e curvos’ e podendo ser observado seu uso em grande
parte do livro La Geografia.
Na página 354 do livro La Geografia (Figura 4), temos um exemplo da composição
tipográfica empregada ao longo do livro.Podemos observar o título do capítulo escrito em
tipografia romana renascentista e a letra itálica chancelaresca, um reflexo da arte maneirista,
empregada no corpo do texto corrido.
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Figura 4: Recorte da página 354 do livro La Geografia (1564). O Itálico maneirista e o romano renascentista (usado
com a permissão da Biblioteca do Instituto Ricardo Brennand).
No início do século XVI, segundo Bringhurst (2011: 140), os tipógrafos maneiristas,
sobretudo na Itália e na França, ‘inauguraram a prática de usar tipos romanos e itálicos no
mesmo livro e até na mesma página – embora raramente na mesma linha’. Ainda de acordo
com o autor, foi neste período que foram utilizadas pela primeira vez as letras itálicas caixabaixa junto com as romanas inclinadas.
Figura 5: Página 354 do livro La Geografia (1564). O itálico caixa baixa junto com a romano inclinado ,em destaque,
(usado com a permissão da Biblioteca do Instituto Ricardo Brennand).
4 Conclusão
O livro La Geografia, impresso em Veneza no ano de 1564 e pertencente ao acervo de obras
raras da Biblioteca do Instituto Ricardo Brennand, revelou-se como rico material para pesquisa
exibindo a grande riqueza da produção de livros do século XVI que marcou o ápice da
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Renascença europeia.
Sabemos que os livros do século XVI são caracterizados por uma grande variedade de
formas e a tipografia utilizada já proporcionava uma melhor leitura e conformo, contudo no livro
La Geografia estudado, observou-se uma convivência harmoniosa entre o itálico chancelaresco
e o tipo romano renascentista. Outra característica tipográfica marcante também encontrada ao
longo das páginas do livro foi o uso das versais romanas inclinadas juntamente com a letra
itálica caixa-baixa, prática esta observada pela primeira vez durante este período.
Também foi observado que alguns recursos encontrados nos livros antigos entraram em
desuso, como as assinaturas, reclamos e o uso de parágrafos do tipo pirâmide invertida, que
marcaram esteticamente o livro do século XVI. A justificação nas extremidades das linhas levou
impressores a inserir espaços ou a fazer abreviações ou contrações a fim de variar o
comprimento das palavras, conforme necessário. Para ajustar todas as linhas de uma página, o
impressor podia ainda variar o espaçamentos das linhas e margens, bem como a quebra de
palavras com o objetivo de forçar o alinhamento do parágrafo e a construção perfeita da
pirâmide invertida de texto.
5 Agradecimento
Deixo expressos meus sinceros agradecimentos ao Instituto Ricardo Brennand, em especial
a Aruza de Holanda, responsável pela biblioteca do instituto, por cederem encarecidamente o
livro de seu acervo tão valioso para a realização desta pesquisa, sem o qual o presente
trabalho teria sido impossível.
6 Referências
ALTIERI, J. M. & ROCHA, R. L. 2011. A prensa, os tipos romanos e os itálicos no mundo textual
renascentista. Contemporânea, v9, n.2: 127-138.
ARAÚJO, Emanuel. 1986. A construção do Livro: Princípios da técnica de editoração. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 477p.
BRINGHURST, Robert. 2011. Elementos do Estilo Tipográfico – versão 3.2. Tradução de André
Stolarski. São Paulo: Cosac Naify, 428p.
FERRAZ, N. 2010. Tipografia & História: um estudo sobre as revoluções estéticas no desenho
da letra impressa, p. 27.
LE BOURGEOIS, F. & EMPTOZ, H. 2007. DEBORA: Digital Access to Books of the
Renaissance. International Journal on Document Analysis and Recognition, v.9, n.2:193-221.
SALTZ, Ina. 2010. Design e tipografia. São Paulo: Edgard Blucher.
SICLUNA, Martinez V. 1945. Teoría y Prática de la Tipografía: con nociones de las industrias
afines; Barcelona, Editorial Gustavo Gili, S. A. 347p.
TSCHICHOLD, Jan. 2007. A forma do Livro: ensaios sobre a tipografia e estética do livro; Trad:
José Laurênio de Melo. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 220p.
Sobre os autores
Claudia Marques, IFPE, Brasil <[email protected]>
Josinaldo Barbosa, Me, IFPE, Brasil <[email protected]>
Silvio Pena, Me, IFPE, Brasil <[email protected]>
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