HISTÓRIA DA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA I CÓDIGO: HF348 C. H. SEMANAL: 06 PROFESSOR: Antonio Edmilson Paschoal SEMESTRE: 2º/2016 C. H. TOTAL: 90 EMENTA (parte permanente) Estudo de um ou mais autores consensualmente relevantes e/ou temas fundamentais da Filosofia Contemporânea (Bergson, Nietzsche, Husserl, Heidegger). PROGRAMA (parte variável) TEMA: O PROBLEMA DO SUJEITO NA FILOSOFIA DE NIETZSCHE O curso terá como tema central a questão do sujeito na filosofia de Nietzsche. Esse tema será tratado na disciplina tendo em vista três abordagens distintas. Na primeira, que considera a clássica crítica de Nietzsche ao sujeito, serão consideradas as peculiaridades dessa crítica e o que leva o filósofo a fazê-la, tendo em vista a dinâmica interna do pensamento de Nietzsche. Para tanto, será feito um breve levantamento do tema na história da filosofia, tendo em vista especialmente os filósofos e as concepções de sujeito criticadas por Nietzsche. Na segunda, partindo de sua concepção de genealogia e do intento de transformação de realidade que se vincula a ela, será feito um estudo do genealogista como sujeito de transformação de seu tempo. Na terceira, considerando a figura do “senhor Nietzsche” no interior das obras do filósofo, ou seja, o modo como o autor se apresenta no próprio texto, tanto como uma subjetividade que se configura a partir de certos pressupostos, quanto como um sujeito ativo nessa constituição de si, será discutida uma concepção de sujeito possível a partir de sua filosofia. Tal noção de sujeito, conforme veremos, é tematizada, mantendo ou não a correlação com Nietzsche, em vários filósofos do século XX, com destaque para os últimos trabalhos de Michel Foucault. PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS A disciplina será conduzida por meio de exposições dialogadas, leitura de textos e debates, tendo como referência os seguintes tópicos: 1- Introdução geral à noção de sujeito na filosofia de Nietzsche. 2-Pressupostos da crítica de Nietzsche ao sujeito: noções gerais de sujeito de Aristóteles a Kant. 3- O sujeito como operador lógico na Crítica da Razão Pura. 4-O sujeito como pressuposto para o agir moral na Crítica da Razão Prática. 5-Da impossibilidade de um “liberum arbitrium indifferentiae” em Schopenhauer: contra Kant. 6- Sujeito e subjetividade em Hegel. 7-Sujeito, liberdade e responsabilidade em Nietzsche. 8-Sujeito, linguagem e gramática. 9-A genealogia como um engajamento do filósofo por a transformação de seu tempo: recolocação do problema do sujeito – 1. 10- Correlação entre autor, obra e constituição de si a partir de Humano, demasiado humano até Ecce homo: recolocação do Problema do sujeito – 2. 11-História, memória, conhecimento de si e subjetividade. 12-Da constituição de si como subjetividade e como sujeito. 13- Correlação com os trabalhos de Michel Foucault sobre o conhecimento de si e o cuidado de si. Peculiaridades metodológicas. 14- Correlação com os trabalhos de Michel Foucault sobre o conhecimento de si e o cuidado de si. Questões pontuais – semelhanças e diferenças. FORMAS DE AVALIAÇÃO A avaliação compreenderá uma prova individual no terceiro quarto do curso e um trabalho final sobre um dos temas do curso, formulado a partir de uma questão e da sua resposta. O exame final consistirá em uma prova sobre os pontos trabalhados no curso e sobre o trabalho final. A participação nas aulas é indispensável para a elaboração do trabalho, visto que as principais questões filosóficas identificáveis no texto proposto para a avaliação bem como as orientações para a sua confecção serão apresentadas em sala. BLIOGRAFIA MÍNIMA KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. Trad. de Manuela P. dos Santos e Alexandre F. Morujão. 6. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2008. KANT, Immanuel.Crítica da razão prática. Tradução, introdução e notas Valério Rohden. São Paulo: Martins Fontes, 2003. NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. NIETZSCHE, Friedrich.Além do bem e do mal. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. NIETZSCHE, Friedrich.Genealogia da moral. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. NIETZSCHE, Friedrich.Ecce homo. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Schopenhauer. Arthur. O mundo como vontade e como representação. Vol. I. Trad. Jair Barbosa. São Paulo: Edusp, 2005. FOUCAULT, Michel. História da sexualidade II: o uso dos prazeres. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque. 5. ed., Rio de Janeiro, Graal, 1988. FOUCAULT, Michel.História da sexualidade III: o cuidado de si. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque. 3. ed., Graal, Rio de Janeiro, 1985. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR DELEUZE, Gilles. Nietzsche e a filosofia. Porto: Editora Rés, s/d. FOUCAULT, Michel.Nietzsche, a genealogia e a história. In: Microfísica do poder. 8. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1989b, p. 15 - 37. GEUSS, Raymond. “Nietzsche and Genealogy”, in: J. RICHARDSON & B. LEITER (eds.), Nietzsche, New York, Oxford University Press, pp. 322-340, 2001. GIACOIA JR., Oswaldo. Nietzsche. São Paulo: Publifolha, 2000. GIACOIA JR., Oswaldo.Para a genealogia da moral. São Paulo: Editora Scipione, 2001. GIACOIA JR., Oswaldo. Nietzsche x Kant. Uma disputa permanente a respeito de liberdade, autonomia e dever. São Paulo: Casa da Palavra, 2012. ITAPARICA, André Luís Mota. Crítica à modernidade e conceito de subjetividade em Nietzsche. In: Estudos Nietzsche, Curitiba, v. 2, n. 1, p. 59-78, jan./jun. 2011. KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Tradução introdução e notas de Guido Antonio de Almeida. São Paulo: Discurso Editorial, 2009. KANT, Immanuel.Metafísica dos costumes. Tradução Clelia Martins. Petrópolis: Vozes, 2013. KANT, Immanuel.Antropologia de um ponto de vista pragmático. Tradução introdução e notas Clélia Martins. São Paulo: Iluminuras, 2006. MACINTYRE, Aasdir. Three Rival Versions of Moral Inquiry: Encyclopaedia, Genealogy, and Tradition. Indiana: University of Notre Dame Press, 1990. MARTÍNEZ, Roberto Sanchiño. “Aufzeichnungen eines Vielfachen”. Zu Friedrich Nietzsches Poetologie des Selbst. Bielefeld: Transcript Verlag, 2013. MARTON, Scarlett. Nietzsche: Das forças cósmicas aos valores humanos. São Paulo: Brasiliense, 1990. MÜLLER-LAUTER, W. A doutrina da vontade de poder em Nietzsche. Tradução: Oswaldo Giacoia. São Paulo: Annablume, 1997. PASCHOAL, A. E. A genealogia de Nietzsche. 2. ed. Curitiba: Champagnat, 2005. PASCHOAL. A. E. Nietzsche, Kant e a filosofia como sedução moral. In: Kant e-Prints. Campinas, Série 2, v. 4, n. 2, p. 323-340, jul.-dez., 2009. PASCHOAL, A. E. Genealogia, Crítica e Valores. Uma correlação entre fins e meios. Revista Sofia, Vol. 3, n. 02, p. 127-141, julho/dezembro 2014. PASCHOAL, A. E. Autogenealogia: acerca do tornar-se o que se é.Rev. Dissertatio [42] 27 – 44. Pelotas: UFPel, 2015. PEREZ, D. O. Kant e o problema da significação. Curitiba: Champagnat, 2008. PEREZ, D. O. Os significados da história em Kant. Lisboa, Revista Philosophica, 28,2006. PEREZ, D. O. Kant: a lei moral. In: Anor Sganzerla; Ericson Falabretti; Francisco Bocca. (Org.). Ética em movimento: contribuições dos grandes mestres da filosofia. 1ed.São Paulo: Paulus, 2009, v. 1, p. 147-154. PEREZ, D. O. O significado da natureza humana em Kant. In: Kant e-Prints (Online), v. 5, p. 75-87, 2010. RICHARDSON, John. Nietzsche‟s Problem of the Past. In: DRIES, Manuel. Nietzsche on Time and History. Berlin/ New York: Walter de Gruyter, 2008, p. 87-112. SAAR, Martin. Genealogie als Kritik. Geschichte und Theorie des Subjekts nach Nietzsche und Foucault. Frankfurt/New York: Campus Verlag. 2007. STEGMEIER, Werner. Nietzsches „Genealogie der Moral‟. Darmstadt: W B D, 1994. STEGMAIER. Werner. As linhas fundamentais do pensamento de Nietzsche. Petrópolis: Vozes, 2013. URS SOMMER, Andreas. Kommentar zu Nitzsches: Der Antichrist; Ecce homo; Dionysos-Dithyramben; Nietzsche contra Wagner.Berlin / New York: Walter de Gruyter, 2013. VIESENTEINER, Jorge (2010), “Erlebnis (vivência): autobiografia ou autogenealogia? Sobre a «crítica da „razão da minha vida‟ » em Nietzsche”, in: Estudos Nietzsche, v.1 n.2 Jul./Dez., pp. 327-353, 2010. WINTELER, Reto. Friedrich Nietzsche, der erste tragische Philosoph. Eine Entdeckung. Basel: Angela Zoller, Schwabe, 2014.