Ricardo III – Um Ensaio: a possibilidade de popularizar Shakespeare Ana Carolina P. Custodio1 Elizabeth Ramos2 Universidade Federal da Bahia (UFBA) Resumo O artigo "Ricardo III – Um Ensaio: a possibilidade de democratizar Shakespeare” aborda a adaptação da peça de William Shakespeare, Ricardo III, para o cinema (Ricardo III: um ensaio, 1996, de Al Pacino), analisando elementos e estratégias de tradução intersemiótica. O foco concentra-se nas idéias de interpretação, apropriação e deslocamento de uma obra de origem em direção a um produto cultural veiculado em outra mídia: neste caso, do texto teatral e do palco, para o cinema. A partir disso e da idéia de simulacro, o artigo analisa e comenta traços de atualização e deslocamento temático e/ou lingüístico para a contemporaneidade pela perspectiva da desconstrução de ideologias “dogmáticas” como, por exemplo, as idéias de um original único, de essência e de aura canônica, que, muitas vezes, povoam o imaginário coletivo, podendo mesmo impedir a fruição de uma nova leitura. Nesse sentido, a tradução pode ser uma ferramenta prática na democratização e difusão de textos antes restritos à elite intelectual, adicionando outros textos contemporâneos à obra primeira. Palavras-chave: William Shakespeare - Ricardo III - Al Pacino. Abstract The objective of the article "Looking for Richard: the possibility to democratize Shakespeare" is to address the adaptation of the Elizabethan play by William Shakespeare, Richard III, to the cinema (Looking for Richard, 1996, directed by Al Pacino) analyzing elements and strategies under the perspective of intersemiotic translation theories. Focusing on ideas of interpretation, appropriation and displacement of an “original work” towards a cultural product communicated through a different media. Also considering the idea of simulacra, the research intends to analyze and comment the traces of updating and displacement of themes and/or linguistic aspects to the contemporaneity, from the perspective of the deconstruction of "dogmatic" ideologies as, for instance, the idea of an “original”, an “essence” and a “canonic aura” which are frequently part of the collective imaginary, and may even prevent the fruition of a new reading. Our findings reveal that the translation may be a practical tool towards democratization and dissemination of texts previously restricted to an intellectual elite by supplementing actualized texts to the previous works. Key words: William Shakespeare - Richard III - Al Pacino. A Tragédia do Rei Ricardo III, de 1592, faz parte da série de dramas históricos recriados por Shakespeare a partir de crônicas históricas com as quais teve contato. Uma delas é A União das duas Nobres Famílias de Lancaster e York, de Edward Hale, e trata do período conhecido como ‘A Guerra das Rosas’, uma sangrenta disputa pelo poder entre as famílias de Lancaster e York. Ricardo III é uma das mais encenadas peças de Shakespeare, consagrada mundialmente pela fala “Um cavalo, meu reino por um cavalo” em que, Ricardo de Glocester, um dos mais elaborados vilões do autor, desespera-se na cena final, vendo-se 1 Aluna do Curso de Graduação em Letras da Universidade Federal da Bahia. Pesquisadora voluntária do PIBIC – Projeto “Shakespeare vai ao cinema contemporâneo”. 2 Professor Adjunto do Curso de Letras da Universidade Federal da Bahia. 2 sozinho num campo de batalha após uma longa e complexa seqüência de estratégias para acabar com os herdeiros do reino inglês e tomá-lo para si. Num ato de tradução, Shakespeare apropria-se da história e compõe a sua versão, apresentando o auge da vilania humana para uma platéia elisabetana diversificada, composta por estudantes, aristocratas, ladrões, soldados e aprendizes, “que se assemelha muito mais à moderna platéia de cinema do que à moderna platéia de teatro”3 e que, por ter esse caráter múltiplo, combinava múltiplos anseios: uns estavam ali pela violência, outros pelo humor, muitos pela eloqüência de Shakespeare em contar, de maneira inimitável, histórias conhecidas e adoradas pelo povo. Quatrocentos anos depois das apresentações elizabetanas, no Globe Theatre, à luz do dia, o ator Al Pacino nos apresenta sua árdua jornada em busca do seu próprio Ricardo III em “Ricardo III, um ensaio: 400 anos de trabalhos em progresso” (Looking for Richard: A Four Hundred Year Old Work-in-Progress), 1996, um dramadocumentário, no qual o ator, pela primeira vez, exerce a tarefa de diretor, utilizando o cinema com grande elasticidade técnica, para um público tão variado quanto os elisabetanos do Globe Theatre. Você não precisa entender cada uma das palavras. Para quê? Será que você entende todas...? Quero dizer, não é importante. Não interessa. Contanto que você capte a idéia central. Apenas acredite. Você entenderá.4 Num teatro vazio, Al Pacino depara-se com a figura de Shakespeare, sentado na platéia, olhando-o de soslaio. A figura do bardo, com olhar blasé, sentado na platéia vazia, parece encarar com desconfiança o ator, que surge representando, sozinho no palco, vestindo calças jeans. O ator, ao deparar-se com a personificação do cânone, reage: “Droga!”. A expressão traduz a contrariedade do ator diante do problema que arranjou para si mesmo: desnudar o cânone, trazendo-o a público, para a contemporaneidade, através do documentário cinematográfico. A expressão de Al Pacino refletia o peso da interpretação e da crítica à possível infidelidade. É assim que se inicia uma das primeiras cenas do filme objeto deste artigo. O ator e diretor Al Pacino escolhe Shakespeare – o grande representante do cânone no 3 BURGESS, 1996, p.92. Cena do filme Looking for Richard: A Four Hundred Year Old Work-in-Progress, 1996. Nossa tradução de: “You shouldn't have to understand every single word. Why? Do you understand every...? I mean, it's not important. It doesn 't matter. As long as you get the gist of it. Just trust it. You'll get it.” 4 3 mundo da dramaturgia – como alvo de um processo de produção aparentemente democrático que unirá o drama e o documentário. Sempre sonhei em comunicar a outras pessoas como me sinto em relação a Shakespeare. [...] E ao escolher esta peça, Ricardo III, analisando-a, confrontando-a sob diferentes ângulos, utilizando figurinos, interpretando cenas, poderíamos comunicar nossa paixão e o entendimento a que chegamos e, fazendo isto, comunicar um Shakespeare que é sobre como nós mesmos nos sentimos e pensamos hoje. Isto é o que pretendemos fazer aqui. 5 Assim, o diretor/ator apresenta sua motivação de cunho passional e seu objetivo ao apropriar-se da obra Ricardo III, atualizando-a, ora na Inglaterra, ora no Central Park, em Nova Iorque. A escolha pelo gênero documentário parece-nos intencional, diante do objetivo pretendido. Ao tempo que Al Pacino utiliza um método cinematográfico pouco familiar ao espectador não letrado – mais inclinado ao entretenimento – insere, paradoxalmente, no seu texto cinematográfico, fortes indícios populares, de intenções inicialmente documentais: Percebemos, então, o desejo do ator/diretor em registrar o processo de criação, como uma estratégia didática. O espectador atento poderá observar que, embora tenha elementos de documentário, o filme de Al Pacino pode ser compreendido como um docu-dramaficção, apresentando representações de documentário (a parte didática do filme, suas incursões pelas ruas incentivando a participação popular), de drama (a peça de Shakespeare adaptada para o cinema e apresentada ao final do filme) e de ficção, isto é, o filme em sua totalidade, uma vez que seria ingênuo acreditar que o gesto, aparentemente, mais espontâneo e natural do diretor e de sua equipe, não tenha sido parte de um script. Tudo é cinema: pensado, calculado, editado. Temos, então, um modelo da matriusca, ou matrioshkas russas, na arte cinematográfica: um filme dentro de outro, 5 Cena do filme Looking for Richard: A Four Hundred Year Old Work-in-Progres, 1996. Nossa tradução de: “It has always been a dream of mine to communicate how I feel about Shakespeare to other people. (…) And by taking this one play, Richard III, analyzing it, approaching it from different angles, putting on costumes, playing out scenes we could communicate both our passion for it, our understanding that we've come to and in doing that communicate a Shakespeare that is about how we feel and how we think today. That's the effort we're gonna give it here”. 4 desenvolvendo uma refinada intertextualidade, prendendo a atenção do espectador, fazendo-o pensar na narrativa e nas soluções encontradas pela equipe de filmagem. Ao afirmar que “o filme é sobre como nos sentimos e pensamos hoje”, Pacino parece propor um movimento coletivo. Dessa forma, traz a equipe de produção, o povo, os intelectuais, os atores e as atrizes, todos se alternando com eloqüência, emitindo sua opinião de diferentes formas, diante da câmera. Esses personagens coletivizados são constituídos a partir do recurso de desreferencialização, bem além de mera reivindicação estética: nem as pessoas do povo, nem os intelectuais, nem os atores, ninguém é destacado com legendas indicando nome e ocupação. O diretor consegue um efeito de homogeneização: todos estão imersos num anonimato compulsório, participantes, cada grupo ao seu modo, de uma jornada em busca do que cada um entende por Shakespeare e, no caso em particular, sobre a peça Ricardo III. Os atores poderão ser identificados pelo fato de já serem conhecidos do público que assiste a seus filmes, mas os entrevistados anônimos, nas ruas, e os intelectuais, dificilmente, serão reconhecidos. Talvez o efeito maior dessa desreferencialização seja o de concentrar forças no que as pessoas dizem, sem o préjulgamento de um rótulo da legenda. Assim, a equipe de produção, o diretor, o produtor, os atores tornam-se personagens coletivizados do filme e, de alguma forma, apropriamse da obra shakespeariana, para adaptá-la ao recontá-la. O processo de adaptação da peça passa, então, a envolver cada um com o desenvolvimento do trabalho, na medida em que sua participação é mostrada, paralelamente, ao produto final: o filme dentro do filme – o Ricardo III de Al Pacino. O filme vai-se tornando mais acessível ao público, rompendo as auras de sacralização das equipes de filmagem, de atores e diretores, que perdem seu caráter individual e surgem na tela em pleno processo de discussão sobre os rumos do trabalho, entrevistando gente na rua. O espectador é, dessa forma, trazido a participar da montagem do filme e tem “permissão” para desvendar seus segredos. Shakespeare deixa, então, de ser o dramaturgo sagrado e inacessível que as entrevistas mostraram no início, para se tornar objeto de um processo didático. É quase como se Al Pacino quisesse nos dizer: Shakespeare é assim. O espectador vê o povo da rua como personagem, com um discurso próprio e com o papel – definido pelo diretor – de mostrar a multiplicidade de opiniões sobre o aparente ‘mistério Shakespeare’. Vê, ainda, a classe artística composta de alguns dos famosos mitos detentores de apelo comercial, como é o caso de Winona Rider, que 5 opinam e contam suas experiências com peças de Shakespeare, quando estudantes e nos palcos. Alguns desses atores, que aparecem no documentário, irão, de fato, representar os personagens do filme, dentro do filme. Toda essa multiplicidade e dinamismo de movimentos refletem o sujeito fragmentado da contemporaneidade. O sujeito assume identidades diferentes, em momentos diversos, identidades que não são unificadas em torno de um self coerente. Dentro de nós coexistem identidades contraditórias, pressionando em direções diversas, de modo que nossas identificações estão sendo continuamente mudadas.6 Por fim, encontramos um quarto personagem coletivo no filme: os acadêmicos representados por historiadores, pesquisadores, professores especialistas em Shakespeare, teatro e literatura. A geléia geral que interconecta discursos, trazendo à tona o imaginário de transeuntes anônimos, de artistas e de intelectuais pode ser entendida como uma demonstração da possibilidade dos diferentes olhares sobre o cânone, que é, então, dessacralizado. Em uma determinada cena, o ator e seu colega de trabalho fazem uma pergunta que fica sem resposta, até mesmo para o acadêmico: “Por que Ricardo III teria tanta necessidade de se casar, de imediato, com a Duquesa Anne?” Mais uma vez, a verdade absoluta do cânone é abalada. A cena é envolta em certa ironia, através do jogo de câmera que passa do olhar incrédulo de Al Pacino e de seu colega para o olhar surpreso do intelectual que, supostamente, deveria ter repostas para indagações referentes ao cânone. Os acadêmicos trazidos às cenas mantêm a função didática do professor. Em determinados momentos, remetem-se ao lugar de fala de Shakespeare e aos costumes da época, em outros, promovem a desconstrução do cânone, evidenciando aspectos que tornam Shakespeare um produto popular, fazendo sua obra percorrer o caminho inverso, retomando o caráter de popularidade do próprio teatro elizabetano. O caminho de retorno é também feito nas cenas em que o diretor Al Pacino colhe depoimentos dos transeuntes, tanto na cidade de Nova Iorque, quanto em Londres, estabelecendo um diálogo entre o seu local de fala e o de Shakespeare. Nesses ‘passeios’ traz à tona a dificuldade do leitor e/ou do espectador em relação à obra do bardo, bloqueio perpetuado pelo discurso institucional, através dos tempos, com relação 6 HALL, 1997, p. 9-10. 6 ao cânone. Em uma dada cena, a inglesa pergunta, assertivamente, ao diretor norteamericano: “Você vai interpretá-lo com esse seu sotaque americano?” Para a indagação, caberiam várias interpretações, entre elas a de que poderia indicar a surpresa diante da ‘traição’ ao original, da ‘vulgarização’ da aura shakespeariana que inclui, também, a variante geográfica inglesa como a única possível de ser utilizada na encenação de qualquer peça do dramaturgo. O sotaque norteamericano reforçaria, por assim dizer, a “angústia do débito” com relação ao ‘original’, mesmo partindo de alguém que raras vezes tenha tido contato com a obra, que não deve ser profanada. A pergunta insere o preconceito lingüístico que entende o falar dos Estados Unidos como forma inferior de expressão, incapaz de alcançar o tom ‘adequado’ à epifania do cânone. Assim, quanto maior for o distanciamento do original, maior o desprestígio, maior a inadequação. O cânone transforma-se em oferenda ao povo, é jogado aos incultos, que jamais alcançarão sua “essência”. A pergunta “Você vai interpretá-lo com esse seu sotaque americano?” poderia ter sido cortada na edição do documentário, no entanto, se não fizesse parte do filme, tornaria impossíveis a ironia e as discussões em torno do olhar desgostoso do britânico, como “dono” da patente “Shakespeare”. A cena serve ainda como ponte para uma outra, que irá contemplar a importância de se transpor a obra de Shakespeare para a linguagem fílmica. Um especialista em Shakespeare reflete, então, sobre o ganho que a mídia cinematográfica proporciona ao texto do dramaturgo inglês. Esta linguagem é a linguagem dos pensamentos. Para enunciá-la no teatro, é preciso falar alto. São poucos os atores que podem falar alto e continuar autênticos. Este é o problema do ator. Todo ator sabe que quanto mais silencioso ele for, mais perto de si mesmo. Quando se encena Shakespeare... em close up, num filme, com um microfone, podese realmente declamar o verso, silenciosamente, sem ir de encontro à natureza do verso. Você está seguindo na direção certa, permitindo que o verso... seja alguém falando sobre seu mundo interior7. 7 Cena do filme Looking for Richard: A Four Hundred Year Old Work-in-Progress: Nossa tradução de: “This language is the language of thoughts. To do this in the theater, you must speak loud. There are very few actors who can speak loud and still be truthful. That's the actor's problem. Every actor knows the quieter he is, the closer he can be to himself. When you play Shakespeare...in close-up, in a film...and have a mike and can really speak the verse...as quietly as this, you are not going against the nature of verse. You're going in the right direction because you're allowing the verse...to be a man speaking his inner world”. 7 Esta declaração demonstra que o processo de tradução não implica apenas perdas. Percebe-se o ganho que a adaptação fílmica, com seus múltiplos recursos técnicos, pode proporcionar ao conjunto da obra de Shakespeare, permitindo que deixe de ser um mero “produto de exportação” (como acredita um dos entrevistados de Pacino) e passe a renovar-se, recuperando sua popularidade, extrapolando os muros herméticos impostos pelo discurso tradicionalista da maioria das instituições. Um dos entrevistados, cidadão novaiorquino anônimo, de aspecto simples, reivindica: A inteligência está ligada à linguagem. Quando falamos sem sentimentos, não obtemos nada de nossa sociedade. Deveríamos falar como Shakespeare, introduzi-lo nas escolas, sabe por quê? Porque assim as crianças teriam sentimentos. [...] não temos sentimentos, é por isso que atiramos uns nos outros, porque não sentimos uns aos outros, mas, se fôssemos ensinados a sentir, não seríamos tão violentos. [Shakespeare] fez mais do que nos ajudar. Ele nos instruiu.8 Após essa longa jornada em busca da possível popularização de Shakespeare, que leva a equipe, inclusive, a visitar a casa onde o bardo nasceu; após selecionar as cenas mais relevantes da peça e interpretá-las com o uso de recursos inteligentes como o method acting, isto é, levando os atores a lugares onde Ricardo III foi encenado há 300 anos, para que pudessem sentir o suposto poder deixado pelas várias gerações de artistas, o filme culmina com a batalha final, em que Ricardo III, desesperadamente, procura um cavalo, morrendo, em seguida. A equipe parece satisfeita e aliviada com a finalização intensa, o que é demonstrado na fala final de Pacino que, não por acaso, é a fala final de outra consagrada peça de Shakespeare, Hamlet: “O resto é silêncio”.9 Al Pacino cumpre sua missão de desnudar o cânone, trazendo às telas o que o povo pensa, e aproximando o espectador de Shakespeare. Um ano depois da conclusão do filme, em 1997, o diretor consagra-se com a interpretação em “Advogado do Diabo”, continuidade lógica da experiência vivida com Ricardo III, o arquétipo do mal no cinema contemporâneo. 8 Cena do filme Looking for Richard: A Four Hundred Year Old Work-in-Progress. Nossa tradução de: “Intelligence is hooked with language. When we speak with no feeling, we get nothing out of our society. We should speak like Shakespeare. We should introduce Shakespeare into the academics. You know why? Because then the kids would have feelings. […] we have no feelings. That's why it's easy for us to shoot each other. We don't feel for each other, but if we were taught to feel...we wouldn't be so violent. [Shakespeare] He did more than help us. He instructed us”. 9 IN: Hamlet", Ato 5, cena 2 8 Referências BURGESS, Anthony. A Literatura Inglesa. São Paulo: Ed. Ática, 1996. HALL, Stwart. Identidade Cultural. São Paulo: Coleção Memo, 1997. PACINO, Al (dir.). Looking for Richard: A Four Hundred Year Old Work-in-Progress. Filme. Estúdio: 20th Century Fox / Chal Productions / Jam Productions. Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation. Roteiro: Al Pacino e Frederic Kimball,1996. SHAKESPEARE, William. A Tragédia do Rei Ricardo III. Trad: Carlos Alberto Nunes. Rio de Janeiro: Coleção Clássicos de Bolso, Obras Completas de Shakespeare, vol. XX, 1961.