Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014

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Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
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Av. 4 de Fevereiro, nº 151 - Luanda, Angola
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Objectivo do Relatório de Inflação
O Relatório de Inflação é uma publicação trimestral do Banco Nacional de Angola que
tem como principais objectivos avaliar a inter-relação entre as variáveis do Sector Real,
Fiscal, Monetário e Externo, analisar o comportamento do Índice Geral de Preços, bem
como disponibilizar informação aos agentes económicos, instituições académicas e outros
operadores da Economia Nacional. O documento constitui um meio de comunicação sobre
a conjuntura económica nacional e internacional e sobre a fundamentação das decisões de
política monetária do BNA.
Esta edição examina o I trimestre de 2014 e é constituída por sete capítulos: Economia
Internacional, Relações com o Exterior, Estado da Economia Nacional, Inflação, Políticas
Macroeconómicas, Perspectivas e Previsão da Inflação.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Índice Geral
Sumário executivo...............................................................................................................................................6
Economia Internacional............................................................................................................................10
Actividade Económica.....................................................................................................................................10
Inflação das Principais Economias e Parceiros Comerciais de Angola e Mercados Monetários.....12
Mercado das Commodities............................................................................................................................17
Relações com o Exterior...........................................................................................................................22
Mercados Cambiais Internacionais..............................................................................................................22
Taxas de câmbio AKZ/USD nos diversos mercados.................................................................................23
Comércio Externo e Reservas Internacionais..............................................................................................25
O Estado da Economia Nacional...........................................................................................................28
Indicador de Clima Económico.......................................................................................................................28
Índice de Produção Industrial.........................................................................................................................32
Produto Interno Bruto.......................................................................................................................................34
Inflação............................................................................................................................................................37
Índice de Preços no Consumidor de Luanda...............................................................................................37
Desagregação do Índice de Preços no Consumidor por Categoria.........................................................40
Contribuição......................................................................................................................................................40
Índice de Preços no Grossista de Luanda....................................................................................................41
Previsão da Inflação.........................................................................................................................................43
Políticas Macroeconómicas..................................................................................................................46
Política Fiscal................................................................................................................................................46
Receitas..............................................................................................................................................................46
Despesas...........................................................................................................................................................49
Saldos Fiscais e Financiamento.....................................................................................................................51
Política Monetária......................................................................................................................................54
Reservas Livres e Mercado Monetário Interbancário...............................................................................57
Base Monetária................................................................................................................................................59
Depósitos do Sistema Bancário....................................................................................................................60
Crédito à Economia..........................................................................................................................................62
Meios de Pagamento......................................................................................................................................67
Perspectivas..................................................................................................................................................70
Glossário.........................................................................................................................................................72
4
Sumário Executivo
O presente relatório tem como objectivo analisar a evolução dos principais indicadores macroeconómicos da
economia angolana em particular e da economia internacional em geral, que poderão ter influenciado a variação
do nível geral de preços de Luanda. O documento inclui a análise:
(i) Do contexto económico internacional com especial ênfase para os fundamentos que podem influenciar a
trajectória do preço do petróleo e das commodities alimentares, que assumem um papel importante na
economia angolana tendo em conta a alta exposição aos eventuais choques externos, que podem derivar
tanto do elevado grau de dependência das exportações de petróleo, quanto da elevada propensão a importar
decorrente da ainda diminuta produção interna;
(ii) Da economia nacional, particularmente dos sectores real, fiscal, externo e monetário.
Do lado da economia internacional e do sector externo, o aumento dos preços das commodities alimentares
pode ter contribuído para uma maior variação dos preços no I Trimestre de 2014 comparativamente ao período
anterior, atenuado apenas pela estabilidade verificada ao nível do mercado cambial, em que as taxas de câmbio
médias apreciaram.
A nível internacional, as últimas estimativas confirmam que a tendência de recuperação iniciada em 2013
poderá fortalecer-se nos próximos dois anos. Manter-se-á a tendência de maior crescimento das economias
emergentes e em desenvolvimento comparativamente às economias mais avançadas.
Os sinais do fim do ciclo da crise económico-financeira mundial, sustentados pela publicação de dados que
revelam a contínua recuperação mundial e, por outro lado, as preocupações com o clima seco no Brasil, as
previsões de queda potencial de produção da Índia, bem como as tensões geopolíticas na região do Mar Negro
pressionaram em alta o preço das commodities alimentares nos mercados internacionais durante o I trimestre de
2014. Com efeito, o Índice geral de preços de alimentos da Organização das Nações Unidas para a Agricultura
e Alimentação (FAO) registou em termos médios 212,8 pontos, situando-se acima do valor de Dezembro (205,8
pontos). Esse indicador foi impulsionado pelo aumento dos índices de preços do açúcar, dos cereais e dos óleos
que aumentaram 8,09%, 7,49% e 4,5%, respectivamente.
Em relação aos preços do petróleo, verificou-se em termos trimestrais, uma diminuição do Brent e das nossas
Ramas de 2,65% e 3,70%, respectivamente, enquanto que o do WTI variou na mesma proporção, porém em
sentido oposto. A diminuição do preço do Brent está associada à redução nos constrangimentos relevantes
do lado da oferta, enquanto que o aumento do WTI justificasse pela redução das reservas estratégicas norteamericanas
A queda nos preços das commodities, especialmente dos combustíveis, tem contribuído para a recente diminuição
da inflação global em diversos países. Entretanto, a apreciação do Dólar norte-americano, ceteris paribus, tende
a suportar os preços das matérias-primas, o que pode provocar o aumento da factura dos consumidores finais.
No contexto comercial, no I trimestre de 2014, registou-se uma diminuição de 4,08% das exportações angolanas,
devido à redução não somente dos preços, mas também da produção de petróleo bruto. Embora se tenha
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
verificado um aumento das exportações de diamantes, o mesmo não se fez sentir tendo em conta o seu peso
no total das exportações.
A diminuição do nível das exportações, influenciada em grande medida pela queda da produção petrolífera,
tem contribuído para a redução da receita fiscal e, consequentemente, das reservas internacionais líquidas,
que atingiram os 7,43 meses de importação. A contínua redução das reservas internacionais líquidas merece
atenção, sobretudo num contexto macroeconómico em que se prevê um saldo orçamental deficitário, juntamente
com o declínio dos termos de troca. Tal cenário poderá exercer uma pressão sobre a conta corrente e as
reservas internacionais, cujas taxas de acumulação tenderão a diminuir, expondo a economia a eventuais
choques externos.
No I trimestre de 2014, as taxas de câmbio dos mercados primário, secundário e informal apreciaram-se em
0,007%, 0,254% e 0,239%, respectivamente. O comportamento das taxas de câmbio atenua a pressão sobre
a inflação, que pode advir do aumento dos preços das commodities alimentares nos mercados internacionais.
Espera-se que o ritmo da actividade económica acelere gradualmente à medida que o investimento público em
infra-estruturas crie oportunidades de crescimento ao sector não petrolífero, e por outro lado, que se continue
a verificar a diversificação da economia.
O clima económico manteve-se acima da média no IV trimestre de 2013, entretanto, desacelerou ligeiramente
comparativamente ao trimestre anterior.
Está projectada para 2014 uma taxa de crescimento do PIB Não Petrolífero de 11,8%, superior em 0,3 pontos
percentuais, em relação ao projectado para 2013. A projecção de 2014 sustenta-se no crescimento do Sector
Agrícola de 25,5% e do Sector Energético de 32,1%. O crescimento do sector agrícola poderá reforçar a oferta
interna de bens alimentares, e assim gerar uma diminuição de bens importados dessa natureza, criando
condições para a redução da inflação dos alimentos.
No I trimestre de 2014, a taxa de inflação teve uma evolução ascendente (0,08 p.p.) em relação ao período
anterior, ao passar de 1,68% para 1,76%. Contudo, a taxa de inflação desacelerou face ao período homólogo.
No I Trimestre de 2014, verificou-se que se mantém a pressão sobre os preços das classes relacionadas com o
Consumo Privado, conforme já se tinha observado no exercício de 2013..
6
Os dados dos Sectores Agrícola, Pescas, Indústria Transformadora são indicadores de aumento da oferta
interna, o que tem contribuído positivamente sobre a Classe 1– Alimentação e Bebidas Não-Alcoólicas, a que
tem o maior ponderador para a inflação global. O Gráfico ao lado permite visualizar a contribuição da Classe 1
no IPC de Luanda, no período compreendido entre Março de 2013 e Março de 2014. A estabilidade cambial tem
contribuído igualmente para atenuar eventuais pressões inflacionistas.
5%
5%
3,5
4,00%
3,7
4,0
2%
4,0
1%
4,2
3%
4,4
1%
4,6
0%
4,7
0%
4,8
2%
4,9
4%
4,9
5%
5,0
2
5,00%
%
6,00%
4,9
8%
Gráfico 1 – Contribuição da Classe 1 – Alimentação e Beb. Não-Alcoólicas no IPC de Luanda
3,00%
2,00%
1,00%
4
/1
ar
m
14
v/
fe
14
n/
3
z/1
ja
no
de
13
t/1
ou
v/
3
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13
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3
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13
n/
ju
3
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m
ab
m
ar
/1
r/1
3
3
0,00%
Classe 01 - Alimentação e bebidas não alcoólicas
Por outro lado, quando analisadas todas as outras classes, nota-se que as Classe 3 – Vestuário e Calçado,
Classe 5 – Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção, Classe 9 – Lazer, Recreação e Cultura e a Classe
12 – Bens e Serviços Diversos foram as únicas que apresentam uma trajectória crescente da sua contribuição
para a inflação.
Gráfico 2 – Contribuição da Classe 3 – Vestuário e Calçado no IPC de Luanda
6,00%
0,70%
0,68%
5,00%
0,66%
4,00%
0,64%
3,00%
0,62%
0,60%
2,00%
0,58%
1,00%
0,56%
0,00%
Classe 01 - Alimentação e bebidas não alcoólicas
Classe 3 – Vestuário e Calçado
Linear (Classe 3 – Vestuário e Calçado)
mar/14
fev/14
jan/14
dez/13
nov/13
out/13
set/13
ago/13
jul/13
jun/13
mai/13
abr/13
mar/13
0,54%
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Gráfico 3 – Contribuição da Classe 5 – Mobiliário, Equip. Doméstico e Manutenção no IPC de Luanda
0,80%
6,00%
5,00%
0,60%
4,00%
0,40%
3,00%
2,00%
0,20%
1,00%
0,00%
mar/14
fev/14
jan/14
dez/13
nov/13
out/13
set/13
ago/13
jul/13
jun/13
mai/13
abr/13
mar/13
0,00%
Classe 01 - Alimentação e bebidas não alcoólicas
Classe 05 – Mobiliário, Equip. Doméstico e Manutenção
Linear (Classe 05 – Mobiliário, Equip. Doméstico e Manutenção)
Gráfico 4 - Contribuição da Classe 9 – Lazer, Recreação e Cultura no IPC de Luanda
0,20%
6,00%
5,00%
0,15%
4,00%
0,10%
3,00%
2,00%
0,05%
1,00%
mar/14
fev/14
jan/14
dez/13
nov/13
out/13
set/13
ago/13
jul/13
jun/13
mai/13
abr/13
0,00%
mar/13
0,00%
Classe 01 - Alimentação e bebidas não alcoólicas
Classe 09 - Lazer, Recreação e Cultura
Linear (Classe 09 - Lazer, Recreação e Cultura)
Gráfico 5 - Contribuição da Classe 12 – Bens e Serviços no IPC de Luanda
6,00%
1,00%
5,00%
0,80%
4,00%
0,60%
3,00%
0,40%
2,00%
0,20%
1,00%
Classe 01 - Alimentação e bebidas não alcoólicas
Classe 12 - Bens e Serviços Diversos
Linear (Classe 12 - Bens e Serviços Diversos)
mar/14
fev/14
jan/14
dez/13
nov/13
out/13
set/13
ago/13
jul/13
jun/13
mai/13
abr/13
0,00%
mar/13
0,00%
8
A gestão coordenada das políticas fiscal e monetária resultou num efeito líquido contraccionista sobre a liquidez dos
bancos comerciais durante o I Trimestre de 2014, derivado de uma contracção das operações de política monetária, que
compensou a expansão na liquidez provocada pelas operações de política fiscal. Os meios de pagamento expandiram
por força da expansão fiscal e do crescimento do crédito à economia, sendo que aqueles denominados em moeda
nacional tiveram um crescimento mais significativo.
Em termos agregados, o efeito conjunto das operações fiscais e monetárias no I trimestre de 2014 provocou um efeito
contraccionista sobre a liquidez dos bancos comerciais de Kz 9.472,69 milhões contra o efeito expansionista de Kz
102.469,00 milhões, no IV trimestre de 2013. Este efeito deriva do impacto contraccionista das operações de política
monetária sobre a liquidez de Kz 107.675,00 milhões.
No primeiro trimestre de 2014, os agregados monetários M1, M2 e M3 variaram 5,68%, 3,16% e 3,48%, respectivamente,
relativamente ao trimestre anterior. A sua variação anual foi de -4,67%, 2,56% e -2,63%, respectivamente. Assim, os
meios de pagamento cresceram de forma moderada relativamente ao trimestre anterior, altura em que se sentiu uma
maior execução fiscal. Com efeito, no I trimestre de 2014, o Crédito Líquido ao Governo Central (CLGC) sofreu uma
expansão comparativamente ao trimestre anterior em 30,66% e comparativamente ao período homólogo em 63,66%.
Por sua vez, o crédito à economia cresceu 2,97% para o montante de Kz 3.014.533,79 milhões. Este crescimento é resultante da
expansão de 4,32% do crédito concedido em moeda nacional e da contracção de 0,64% verificada na concessão de crédito em
moeda estrangeira. Em termos homólogos, o crédito à economia cresceu 0,41%. A taxa de transformação do crédito à economia
manteve a sua trajectória descendente e situava-se em 69,90% no trimestre em análise.
Os restantes capítulos deste documento descrevem a evolução dos principais indicadores de cada um dos sectores da
economia. Deste modo, o documento inclui um capítulo sobre a Economia Internacional, onde, dentre outros abordase a evolução dos indicadores da actividade económica internacional e dos preços das commodities; um capítulo
sobre o Sector Externo, onde se apresenta o comportamento da taxa de câmbio e da conta corrente da balança de
pagamentos; um capítulo sobre a economia nacional e a evolução dos preços e, finalmente, um capítulo sobre a política
macroeconómica, dividido entre políticas fiscais e monetárias.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Economia Internacional
Actividade Económica
O Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou, recentemente no World Economic Outlook de Abril de 2014, as suas
previsões para o crescimento económico mundial, que confirmam o fortalecimento da tendência de recuperação, iniciada
em 2013, nos próximos dois anos. Mundialmente, a actividade económica poderá crescer 3,6% em 2014, menos 0,1
p.p. relativamente à previsão de Janeiro. Apesar do crescimento ter sido revisto em baixa ligeira, foi impulsionado
sobretudo pela recuperação económica nos EUA e por um acréscimo moderado nas taxas de crescimento das economias
emergentes e em desenvolvimento, que continuam a contribuir em mais de dois terços para o crescimento global. No
geral, verifica-se que as reformas estruturais efectuadas nos últimos anos começam a dar resultados e os entraves que
existiam parecem agora ser mais suaves. Concretamente, a adopção de um conjunto de políticas e reformas estruturais
ajudaram a restabelecer a confiança quanto à sustentabilidade fiscal e à resiliência do sistema financeiro global.
Tabela 1 – Principais projecções económicas do FMI e Banco Mundial (2012-2015)
Unidade: percentagem
Out’13
Países/Região
2012
Jan’14
2013
2014
2012
Abr’14
2013
2014
2012
2013
2014
Economia Mundial
3,20
2,90
3,60
3,10
3,00
3,70
3,20
3,00
3,60
Economias Avançadas
1,50
1,20
2,00
1,40
1,30
2,20
1,40
1,30
2,20
EUA
2,80
1,60
2,60
2,80
1,90
2,80
2,80
1,90
2,80
Reino Unido
0,20
1,40
1,90
0,30
1,70
2,40
0,30
1,80
2,90
Zona Euro
-0,60
-0,40
1,00
-0,70
-0,40
1,00
-0,70
-0,50
1,20
Japão
2,00
2,00
1,20
1,40
1,70
1,70
1,40
1,50
1,40
Economias Emergentes e em Desenvolvimento
4,90
4,50
4,10
4,90
4,70
5,10
5,00
4,70
4,90
China
7,70
7,60
7,30
7,70
7,70
7,50
7,70
7,70
7,50
Índia
3,20
3,80
5,10
3,20
4,40
5,40
4,70
4,40
5,40
Brasil
0,90
2,50
2,50
1,00
2,30
2,30
1,00
2,30
1,80
Rússia
3,40
1,50
3,00
3,40
1,50
2,00
3,40
1,30
1,30
Nigéria
6,60
6,20
7,40
6,60
6,20
7,40
6,60
6,30
7,10
África do Sul
2,50
2,00
2,90
2,50
1,80
2,80
2,50
1,90
2,30
SADC
4,78
5,07
5,70
…
…
…
5,32*
4,90*
…
Fonte: World Economic Outlook, FMI, Abril de 2014.
*Report of the CCBG Macroeconomic Subcommittee, March 2014.
Concretamente, nas economias avançadas a recuperação económica, embora assimétrica, foi notória. O destaque vai
sobretudo para o fortalecimento do crescimento nos EUA, que face a uma consolidação orçamental mais moderada e a
manutenção de uma política monetária flexível, poderá passar de 1,9% em 2013 para 2,8% em 2014. Enquanto na Zona
Euro as previsões de crescimento foram revistas em alta para 1,2% em 2014 contra 1,0% projectado anteriormente (0,2
p.p. acima das estimativas de Janeiro). O FMI considera que a recuperação do crescimento na Zona Euro, embora ainda
de uma forma prematura, dever-se-á associar, em parte, a uma política fiscal já menos restritiva, que poderá permitir
aos países periféricos voltarem a atingir taxas de crescimento do produto positivas, após um período de contracção.
Além disso, o crescimento económico nessas economias, continuará a ser suportado pelo saldo da balança corrente,
em parte devido ao aumento do volume e dinamização das exportações, e por um restabelecimento da procura interna,
uma vez que a sua situação financeira permanece pouco favorável devido à dificuldade de acesso ao crédito e ao
elevado peso da dívida.
10
Destaca-se também o fortalecimento da economia inglesa, que exibe a taxa de crescimento mais elevada das
economias avançadas em 2014 (2,9%), face aos 2,4% nas projecções realizadas em Janeiro. Segundo o FMI este
desempenho deveu-se a bons resultados da política monetária, apesar dos receios de que os níveis de taxas de juro
baixos tenham contribuído para fomentar a criação de uma bolha especulativa, nomeadamente no sector imobiliário.
A economia japonesa para 2014 poderá ser impulsionada pela captação de investimento e pelas exportações,
devido sobretudo à desvalorização da moeda (Iene). Contudo, a introdução de políticas de fiscais restritivas em Abril
(designadamente através do aumento do imposto sobre o consumo de 5,0% para 8,0%), poderá ter um impacto negativo
sobre o crescimento económico, estimando-se que este recue para os 1,4%.
Nas economias emergentes e em desenvolvimento, o crescimento económico apresentar-se-á num patamar elevado,
ainda que mais fraco do que no período antecedente à crise. Em Abril deste ano, o FMI projectou uma taxa de crescimento
de 4,7% em 2013 e 4,9% para 2014, menos 0,20 p.p em relação às projecções de Janeiro (5,1%). Apesar de o cenário
apontar para um crescimento, estas economias enfrentam actualmente um enorme desafio no processo de adaptação
face à conjuntura económica e ao conjunto de medidas de caracter estrutural que se espera que implementem. Por um
lado, o saldo da balança comercial de alguns países deste grupo é extremamente deficitário, por outro lado, a redução
da liquidez no sistema financeiro dos principais bancos centrais da qual se espera um impacto adverso sobre a sua
capacidade de financiamento externo e consequentemente sobre a evolução dos seus mercados internos, torna-se num
factor agravante. Esta última, resulta de uma maior exigência por parte dos investidores quanto à sustentabilidade das
políticas, elevando os custos de financiamento para as economias que apresentarem maior volatilidade. No Brasil a
taxa de crescimento económica poderá desacelerar de 2,3% em 2013 para 1,8% em 2014, face ao fraco investimento
e falta de confiança dos investidores.
De uma maneira geral, as perspectivas para a economia global podem conter diversos riscos. Nos países periféricos
da Zona Euro, a recuperação económica ainda não está consolidada, as reformas do sistema financeiro estão ainda
em curso e a deflação pode por em causa a capacidade de recuperação destes países. Já no Japão o principal desafio
será o de manter o crescimento económico sem pôr em causa a sustentabilidade fiscal. Relativamente aos mercados
financeiros, o FMI alertou para a possibilidade de uma intensificação das tensões geopolíticas entre a Ucrânia e
a Rússia, podendo ter efeitos negativos sobre a economia, embora até agora não sejam percetíveis. Por último, o
Fundo alertou ainda para o facto de o hiato entre o crescimento actual e o potencial ser cada vez menor à medida que
a recuperação económica nas economias avançadas se consolida. Assim sendo, essas economias deverão adoptar
reformas no mercado de trabalho com o objectivo de aumentar a produtividade e repensar a dimensão do sector público
bem como o seu papel no investimento nacional. Adicionalmente, num contexto em que os efeitos da crise começam a
amenizar, as futuras políticas de desenvolvimento deverão ter em conta as desigualdades sociais.
Inflação das Principais Economias e Parceiros Comerciais de Angola e Mercados Monetários
De modo a analisar-se os factores que terão contribuído para a inflação importada, examinou-se o índice de preços no
consumidor (IPC) dos principais parceiros comerciais de Angola (Zona Euro, China, EUA, Brasil e África do Sul).
Taxas de inflação
O FMI considera a deflação como um dos principais riscos para a Zona Euro, numa altura em que a política monetária está limitada
pelas taxas de juro próximas de zero. Desta forma, o FMI sugere que se apliquem medidas adicionais de estímulos económicos.
No que toca à taxa de inflação do I trimestre de 2014, as pressões inflacionistas nas principais economias avançadas
foram menores em 0,3 p.p. na Zona Euro (para 0,50%), 0,4 p.p. no Reino Unido (para 1,60%), e 0,1 p.p. nos EUA (para os
1,40%). Relativamente à economia japonesa novos dados para Março indicam que o nível geral de preços manteve-se
constante nos últimos três meses para os 1,60%.
Nos últimos três meses, o nível de preços médio geral de algumas economias emergentes acelerou no Brasil 0,24 p.p.
para os 6,15% e na Rússia 0,40 p.p. para os 6,90% e abrandou na China 0,10 p.p. para os 2,40% e na Índia 1,56 p.p.
para os 8,31%, respectivamente.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Nos países da região da SADC, no período objecto de análise, a taxa de inflação apresentou resultados heterogéneos:
acelerou 0,30 p.p. para os 4,40% no Botswana; 0,64 p.p. para os 5,70% no Lesoto; 0,50 p.p. para os 24,00% no Malawi
e 4,50% nas Maurícias; 0,40 p.p. para os 5,30% na Namíbia; 0,60 p.p. para os 6,00% na África do Sul e 7,70% na
Zâmbia; e desacelerou nas restantes economias da região: 0,37 p.p. para os 7,32% em Angola; 0,63 p.p. para os 1,21%
na RDC; 0,54 p.p. para os 3,00% em Moçambique; 1,20 p.p. para os 2,20% nas Seychelles; 0,10 p.p. para os 6,10% na
Tanzânia; e 0,82 p.p. para os -0,49% no Zimbabwe.
Gráfico 6- Evolução dos preços das Principais Economias e Parceiros Comerciais de Angola
8,0
Percentagens
6,0
4,0
I Trimestre 2013
Mar/14
Fev/14
Jan/14
Dez/13
Nov/13
Out/13
Set/13
Ago/13
Jul/13
Jun/13
Mai/13
Abr/13
Fev/13
Jan/13
0,0
Mar/13
2,0
II Trimestre 2013 III Trimestre 2013 IV Trimestre 2013 I Trimestre 2014
EUA
Zona Euro
China
Brasil
África do Sul
Fonte: FMI e Bloomberg
Detalhadamente, nos EUA o IPC passou de 1,50% em Dezembro de 2013 para 1,40% em Março de 2014, continuando
abaixo da meta dos 2,00% que é o objectivo do FOMC para a inflação no longo prazo. As razões que justifiquem a
pequena subida nos preços nos EUA dizem respeito sobretudo ao aumento dos preços da categoria dos alimentos,
vestuário, cuidados de saúde, habitação e automóveis. Contudo, a taxa de inflação manteve-se baixa, apesar dos sinais
de recuperação.
De acordo com a estimativa do Eurostat, a Zona Euro, o principal parceiro comercial do país, apresentava uma taxa
de inflação de 0,80% em Dezembro de 2013 e de 0,50% em Março de 2014. O decréscimo reflecte uma queda na
componente de produtos alimentares de bens e serviços, parcialmente compensada por uma descida mais moderada
dos preços dos produtos energéticos. Os dados recentes continuam a ser compatíveis com a expectativa do BCE de um
período alargado de inflação baixa, seguido de um movimento ascendente gradual das taxas de inflação medida pelo
Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC).
Em algumas economias emergentes (China, Brasil e África do Sul) o IPC apresentou um resultado misto. Enquanto que a
China registou uma ligeira desaceleração, de 2,50% em Dezembro de 2013 para 2,40% em Março de 2014; o Brasil e a
África do Sul registaram uma aceleração, de 5,90% e 5,40% em Dezembro de 2013 para 6,15% e 6,00% em Março de 2014,
respectivamente, representando as taxas de inflação mais elevadas dos principais parceiros comerciais de Angola do ponto de
vista das importações.
Especificamente, na China a taxa de inflação desacelerou, tendo atingido um mínimo de 2,00% em Fevereiro, a menor taxa em
13 meses. A desaceleração dos preços foi impulsionada pela queda do índice PMI industrial, que caiu para os 48,1 pontos em
Março. O valor do índice poe em causa a meta de crescimento para os 7,50%. Para inverter essa tendência, o Governo chinês
anda a equacionar a realização de um conjunto de investimentos no sector de transportes (sobretudo, ferroviários) com vista
a estimular a actividade económica. No caso do Brasil, o IPC acelerou devido, sobretudo, ao aumento dos preços dos vegetais
12
e frutas, diante da seca que prejudicou a oferta de produtos. Adicionalmente, as rendas habitacionais e as propinas escolares
registaram acréscimos. À semelhança da economia brasileira, a economia Sul-africana, também registou uma aceleração
do IPC no I trimestre de 2014, em resultado do aumento dos custos dos alimentos e combustíveis. Além disso, as tensões
originadas pelas greves nos sectoresindustrial e mineiro e o aumento da fuga de capitais em função da redução de estímulos
por parte da Fed, contribuíram para subida geral dos preços. O Banco Central da África do Sul espera que a inflação se situe
fora do limite superior estabelecido (que é de 6,00%), já a partir do II trimestre de 2014 (6,3%) e que continue esta tendência
até ao IV trimestre de 2014.
Taxas de juro de referência
Nos últimos meses a inflação tem limitado a subida das taxas de juro das obrigações de tesouro. Nos principais
mercados desenvolvidos as yields dos títulos de dívida mantêm-se baixas e estabilizadas. Nos mercados de dívida dos
EUA e Alemanha, as yields a 10 anos variaram num intervalo entre os 2,62%-2,80% e 1,52%-1,63%, respectivamente,
no I Trimestre do ano. Esta evolução, apesar dos sinais de melhoria das principais economias mundiais, reflecte as
expectativas de que a taxa de inflação continuará em níveis reduzidos.
Nos últimos meses a inflação tem limitado a subida das taxas de juro das obrigações de Especificamente, na Zona Euro
as expectativas inflacionistas indicam que os investidores esperam que, no horizonte de 2 anos, a inflação se situe
abaixo de 1,0%, inferior à meta de 2,0% do BCE. Nos EUA, espera-se que a inflação apresente um comportamento
melhor, mas mais próximo da meta definida pela Fed (nos 2,0%).
A divergência de expectativas no comportamento das taxas de inflação nos EUA e na Zona Euro explica o alargamento
do spread entre as Treasuries norte-americanas e as Bunds alemãs. No final de Março, o diferencial situava-se, em
termos médio, nos 113 p.b., enquanto que em Fevereiro e Janeiro a média foi de 77 p.b. e 100 p.b., respectivamente.
Prevê-se que até ao final do ano as yields estarão contidas face à ausência de pressões inflacionistas. Neste sentido,
uma taxa de desemprego controlada e um ritmo de crescimento de preços estável, poderá conduzir a taxas de juro de
longo prazo mais baixas.
Nos países emergentes regista-se uma subida dos prémios de risco, em grande parte devido ao receios quanto à
capacidade destas economias se financiarem no mercado, associada aos sinais de compromisso na redução dos
desequilíbrios. De certa forma, os prémios de risco apresentam um comportamento positivo, mas não isento de riscos,
atribuindo-lhe alguma probabilidade de diminuição das reservas para que se mantenha a taxa de câmbio estabilizada.
Gráfico 7 – Comportamento das taxas de juro directoras – Economias Avançadas
1,25
Percentagem
1,00
0,75
0,50
0,25
01/01/12
25/01/12
18/02/12
13/03/12
06/04/12
30/04/12
24/05/12
17/06/12
11/07/12
04/08/12
28/08/12
21/09/12
15/10/12
08/11/12
02/12/12
26/12/12
19/01/13
12/02/13
08/03/13
01/04/13
25/04/13
19/05/13
12/06/13
06/07/13
30/07/13
23/08/13
16/09/13
10/10/13
03/11/13
27/11/13
21/12/13
14/01/14
07/02/14
03/03/14
27/03/14
0,00
I Trim
II Trim
III Trim
IV Trim
I Trim
II Trim
III Trim
IV Trim
I Trim
2012
2012
2012
2012
2013
2013
2013
2013
2014
EUA
Fonte: Bloomberg
Zona Euro
Reino Unido
Japão
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Ao longo do trimestre, os bancos centrais do grupo das economias avançadas (Fed, BCE, BoE e BoJ) decidiram manter
as suas taxas de juro de referência e as políticas monetárias. Na reunião de política monetária realizada nos dias 18
e 19 de Março, a primeira reunião da Reserva Federal sob a liderança de Janet Yellen, a Fed anunciou uma redução
em 10 mil milhões do programa de “quantitative easing”, para um montante mensal de 55 mil milhões de dólares em
compras de activos financeiros (títulos do Tesouro e dívida hipotecária). Na referida reunião, a Fed afirmou que poderia
começar a subir as taxas de juro, se a taxa de desemprego atingir os 6,5%. Já o presidente do BCE, Mario Draghi,
na reunião de 3 de Abril, admitiu a possibilidade de usar “medidas não convencionais” se a inflação da Zona Euro
continuar baixa. Enquanto que nos últimos três meses o Banco de Inglaterra manteve a taxa de juro de referência em
0,50%, assim como o programa de compra de activos em 375 mil milhões de libras. Paralelamente, o Banco do Japão
deixou a sua política de estímulos inalterada, com os analistas confiantes de que a autoridade monetária japonesa terá
que manter o apoio à economia. Qualquer melhoria sustentada na economia japonesa precisa de ser conjugada com a
combinação de estímulos monetários e reformas estruturais.
Gráfico 8 – Comportamento das taxas de juro directoras – Economias Emergentes
12,00
Percentagem
10,00
8,00
6,00
01/01/12
25/01/12
18/02/12
13/03/12
06/04/12
30/04/12
24/05/12
17/06/12
11/07/12
04/08/12
28/08/12
21/09/12
15/10/12
08/11/12
02/12/12
26/12/12
19/01/13
12/02/13
08/03/13
01/04/13
25/04/13
19/05/13
12/06/13
06/07/13
30/07/13
23/08/13
16/09/13
10/10/13
03/11/13
27/11/13
21/12/13
14/01/14
07/02/14
03/03/14
27/03/14
4,00
I Trim
II Trim
III Trim
IV Trim
I Trim
II Trim
III Trim
IV Trim
I Trim
2012
2012
2012
2012
2013
2013
2013
2013
2014
Brasil
China
Rússia
Índia
África do Sul
Fonte: Bloomberg
No I trimestre de 2014, a maioria dos bancos centrais das economias dos BRICS decidiram subir as suas taxas de juro
directoras, à excepção do Banco Popular da China (BoPC), que decidiu manter a taxa de juro de referência nos 6,00% (mas
colocou USD 7,9 mil milhões no mercado monetário em títulos para absorver liquidez, após o crédito bancário ter subido
mais que o esperado). O Banco Central do Brasil (BCB), no período em análise, decidiu elevar duas vezes a sua taxa de
referência “Selic”, de 10,00% para os 10,75% (uma subida de 0,75 p.p.). O BCB decidiu subir a taxa “Selic” com vista
a controlar a inflação e a garantir que as taxas de juro sejam menos voláteis. Comparativamente, o Banco Central da
Rússia, decidiu, no dia 3 de Março, aumentar a sua taxa de juro de referência (repo rate) em 1,50 p.p. para os 7,00%, mas
manteve a taxa de refinanciamento em 8,25%, devido ao aumento do risco de estabilidade financeira e inflação. Enquanto
que a Reserva Federal da Índia (RBI) decidiu aumentar apenas 0,25 p.p as taxas de juro directoras. para os 8,00% no final
do mês de Janeiro. O RBI esperava que o índice de preços ao consumidor ficasse acima dos 9,00% no I trimestre de 2014.
Já os bancos centrais da região da SADC, nos três primeiros meses do ano, decidiram manter as suas taxas de juro de
política monetária, à excepção da Reserva Federal da África do Sul (South Africa Reserve Bank), que decidiu aumentar
a taxa repo em 0,50 p.p., para os 5,50%, por forma a conter a inflação, a fuga de capitais para as economias avançadas
e travar a desvalorização do Rand; e do Banco Central da Zâmbia, que aumentou também em 0,50 p.p. a sua taxa
directora para os 10,25%. Já no início de Abril o banco central voltou a subir de novo a taxa de juro em 2,25 p.p. para
os 12,00%, assim como o coeficiente de reservas obrigatórias de 8,00% para 14,00%.
14
Mercado das Commodities
No mercado das matérias-primas, segundo o Relatório WEO do FMI, é esperado para o ano de 2014 uma redução
dos preços dos alimentos e aumento do preço do petróleo em 2014 e, em, 2015 uma redução dos preços de ambos os
grupos (alimentos e energia). A reduzida procura relativamente à oferta existente é o principal factor de suporte desta
previsão, que está a ser contrariada pela instabilidade na Ucrânia e pelo aumento dos preços durante o I trimestre por
força do mau tempo nos EUA e na Europa (que afectou o preço do gás natural e do crude).
Segundo o FMI, o I trimestre de 2014 ficou mais uma vez marcado por uma queda ligeira do índice geral de preços
das commodities (-0,68%), impulsionado, sobretudo, pela queda do índice de preços dos combustíveis (energia) em
1,74% face ao trimestre anterior. Por sua vez, essa queda esteve associada à diminuição do sub-índice de preços
relativo ao petróleo, que caiu 1,49% no trimestre. Contrariamente, os índices correspondentes ao sector nãopetrolífero, nomeadamente o sub-índice alimentos e bebidas e o sub-índice matérias-primas agrícolas, apresentaram
um comportamento positivo 1,42% e 0,25%, respectivamente.
Gráfico 9 - Comportamento do Índice de preços das Commodities
250
225
200
I Trimestre 2013
Commodities
II Trimestre 2013
Não-petrolíferas
III Trimestre 2013
IV Trimestre 2013
Alimentos e Bebidas
Energia *
Mar/14
Fev/14
Dez/13
Nov/13
Out/13
Set/13
Ago/13
Jul/13
Jun/13
Mai/13
Abr/13
Mar/13
Fev/13
Jan/13
150
Jan/14
175
I Trimestre 2014
Petróleo
Fonte: FMI, Commodity Market Monthly, 9 Abril de 2014.
* Índice de preços dos combustíveis (energia), inclui os índices de preços do crude (petróleo), gás natural e carvão.
Particularmente, o sub-índice de preços do petróleo passou de 196,82 pontos no IV trimestre de 2013 para 195,16
pontos no I trimestre de 2014, menos 1,66 pontos em termos trimestrais. Essa queda foi provocada essencialmente
pelo aumento da capacidade de produção e a falta de constrangimentos relevantes no lado da oferta, fazendo com que
o preço do crude aliviasse. Por outro lado, o facto de o Dólar estar mais forte, tende a suportar os preços das matériasprimas. Embora esta situação possa trazer receitas acrescidas aos produtores, tenderá a encarecer os produtos e fazer
aumentar a factura dos consumidores finais, sobretudo no caso de países que sofreram fortes desvalorizações das
suas moedas.
Enquanto que a instabilidade política na Ucrânia e as condições climáticas globais afectaram negativamente a
produção de alimentos, no Brasil, na Ucrânia e Austrália, conduzindo, por sua vez, a um aumento do sub-índice dos
preços dos alimentos e bebidas. Contudo, as expectativas são de boas colheitas este ano, havendo um aumento das
áreas cultivadas. Por exemplo, nos EUA está previsto um aumento da área cultivada de soja. Por seu turno, a anexação
da Crimeia pode trazer um aumento das colheitas para a Rússia.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Commodities de Petróleo
De acordo com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a procura global de petróleo apresentou
uma descida no I trimestre de 2014 em relação ao trimestre anterior em 0,90 Milhões de barris/dia face ao trimestre
anterior, encontrando-se presentemente nos 90,20 Milhões barris/dia. A procura de petróleo nos países da OCDE e
fora da OCDE entre o IV trimestre de 2013 e o I trimestre de 2014 caíram ligeiramente 0,40 e 0,50 Milhões de barris/
dia, respectivamente.
A queda sentida na procura de petróleo foi influenciada, sobretudo, pelos sinais de desaceleração da economia chinesa,
que registou um aumento do défice para os 22,8 mil milhões de dólares, pela expansão abaixo do esperado nas vendas
a retalho, nos investimentos em activos fixos e na produção industrial, além da forte queda nas exportações do país,
tendo a redução sido atenuada pelas tensões entre a Ucrânia e a Rússia.
Em relação à oferta global de petróleo, a oferta manteve-se gradualmente crescente ao longo dos últimos 12 meses,
liderado pelo grupo de países da OPEP, tendo a queda dos preços do crude derivada sobretudo, do aumento na oferta de
petróleo da Líbia, o detentor das maiores reservas de África. A Líbia triplicou a produção para cerca de 650 Mil barris
por dia no primeiro mês do ano, depois de ter chegado a um acordo com os manifestantes. No trimestre em análise a
oferta global de petróleo subiu 0,20 Milhões de barris/dia (por parte dos países da OPEP), de 90,80 Milhões de barris/
dia no IV trimestre de 2013 para 91,00 Milhões de barris/dia no I trimestre de 2014.
Tabela 2 - Comportamento da Oferta e Procura Global (em Milhões de barris/dia)
Petróleo
2013
2014
I Trim
Anual
I Trim*
II Trim*
III Trim*
IV Trim*
anual*
Países da OECD
45,90
45,90
45,80
45,20
46,00
46,10
45,80
Países Fora da OECD
43,20
44,10
44,40
45,00
45,90
46,10
45,30
Procura Global
89,10
90,00
90,20
90,20
91,90
92,20
91,10
Países da OPEP
30,20
30,20
29,90
…
…
…
…
Países Fora da OPEP
53,70
54,20
55,20
55,00
55,50
56,50
55,60
OPEP Gás Natural**
5,80
5,80
5,90
5,90
6,00
6,00
5,90
Oferta Global
89,70
90,20
91,00
…
…
…
…
Fonte: OPEP, Monthly Oil Market Report, 10 Abril de 2014.
*Previsões realizadas pela OPEP para o 4.º Trimestre de 2013, Ano de 2013 e Ano de 2014.
**Óleos não convencionais.
Em relação aos preços do petróleo, verificou-se em termos trimestrais, uma diminuição do preço do Brent e das Ramas
angolanas em 2,65% e 3,70%, respectivamente. Enquanto que o preço cotado em Nova Iorque, West Texas Intermediate
(WTI) variou na mesma proporção, mas de forma oposta ao preço do Brent (i.e. +2,65%), devido às preocupações com a
Ucrânia e à redução das reservas nos EUA, bem como devido às interrupções da oferta na Líbia e no Sudão do Sul. Já
as Ramas angolanas caíram uma vez que estão indexadas ao preço do crude do Mar do Norte.
Por outro lado, em termos mensais, observou-se uma inversão das tendências dos preços do Brent, WTI e das Ramas
angolanas a partir de Fevereiro, tendo apresentado em Março uma queda de 0,95%, 0,17% e 1,96%, respectivamente.
No caso dos preços do WTI, a inversão da tendência é justificada pelo aumento dos stocks dos EUA, pelo bom nível da
actividade das refinarias e pelo anúncio do novo corte do programa de estímulos dos EUA no final de Março.
Já o comportamento do Brent foi determinado pela redução da procura motivada pelos sinais de desaceleração da
economia chinesa, pela expansão abaixo do esperado nas vendas a retalho, nos investimentos em activos fixos e na
produção industrial, além da forte queda nas exportações do país.
No I trimestre de 2014, constata-se um alargamento mais acentuado do spread Brent/WTI do que em relação ao spread
Brent/Ramas angolanas, tendo sido sempre positivos.
16
25
120
20
15
110
10
100
5
II Trimestre 2013
Ramas Angolanas
Brent
III Trimestre 2013
WTI
IV Trimestre 2013
Mar/14
Fev/14
Jan/14
Dez/13
Nov/13
Out/13
Set/13
Ago/13
Jun/13
Mar/13
I Trimestre 2013
Jul/13
-5
Mai/13
80
Abr/13
0
Fev/13
90
Spreads USD
130
Jan/13
USD/Barril
Gráfico 10 - Evolução dos preços do petróleo
I Trimestre 2014
Spread Brent/Ramas Angolanas
Spread Brent/WTI
Fonte: Bloomberg
Para o final do ano, a Agência de Informação sobre Energia (AIE) dos EUA realizou uma nova estimativa a 8 de Abril, onde prevê
que o preço do Brent (que serve de referência para Angola) cotado na ICE (Londres) alcance os 104,88 USD/barril e o WTI cotado
no Nymex (Nova Iorque) atinja os 95,60 USD/barril. Estas estimativas são inferiores aos valores efectivos de 2013, com o Brent
a apresentar um preço médio de 108,64 USD/barril e o WTI a apresentar um preço médio de 97,91 USD/barril.
Tabela 3 - Projecção dos preços de petróleo de referência para 2014
Preços de Petróleo de Referência
IV Trim 2013
I Trim 2014
Estimativas*
Variações
Oct-13
Nov-13
Dec-13
Jan-14
Feb-14
Mar-14
2014
Trim
Acum. Anual
12 Meses
BRENT
$109,44
$107,96
$110,70
$107,11
$108,80
$107,77
$104,88
-2,65%
-2,65%
-1,62%
WTI
$100,55
$93,92
$97,89
$94,86
$100,66
$100,49
$95,60
2,65%
2,65%
8,10%
Ramas angolanas
$108,13
$108,02
$109,40
$104,92
$107,46
$105,36
…
-3,70%
-3,70%
-1,36%
Fonte: Bloomberg (Brent e WTI), DES/BNA (Ramas angolanas).
*EIA,U.S. Energy Information Administration (Estimativas 2014), 8 de Abril de 2014.
Commodities Alimentares
Relativamente aos produtos alimentares, pode-se observar no gráfico infra que o índice geral de preços de alimentos
da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) foi em termos médios 212,8 pontos em
Março de 2013, situando-se 7,0 pontos (ou 3,40%) acima do valor de Dezembro (205,8 pontos), mas menos 2,08 pontos
do que em Março de 2013. O aumento substancial do índice geral de preços dos bens alimentares foi impulsionado
sobretudo por um aumento nos preços do açúcar (8,09%), dos cereais (7,49%), do óleo (4,50%) e dos lacticínios (1,66%).
Contrariamente, o índice de preços da carne variou negativamente 0,33%.
Gráfico 11 - Evolução dos Índices Alimentares da FAO (Base 100 = 2002-2004)
220
300
250
210
200
150
I Trim 2013
II Trim 2013
III Trim 2013
índice de bens alimentares (lado esquerdo)
índice de preços dos laticínios (lado direito)
índice de preços do açúcar (lado direito)
Fonte: Food and Agriculture Organization (FAO) of the United Union
IV Trim 2013
Mar/14
Fev/14
Jan/14
Dez/13
Nov/13
Out/13
Set/13
Ago/13
Jul/13
Jun/13
Mai/13
Abr/13
Mar/13
Fev/13
Jan/13
200
I Trim 2014
índice de preços da carne (lado direito)
índice de preços do óleo (lado direito)
índice de preços dos cereais (lado direito)
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Concretamente, o aumento do preço do açúcar foi impulsionado pelas preocupações com as culturas de clima seco
no Brasil e pelas previsões de queda potencial de produção da Índia, enquanto que o aumento dos preços dos cereais
deveu-se ao aumento da procura por grãos para alimentação e biocombustível, às preocupações com as culturas de
trigo dos EUA e à forte subida do preço do arroz. As tensões geopolíticas na região do Mar Negro, em particular as
incertezas no que diz respeito às transacções de grãos da Ucrânia, também contribuíram para o aumento do preço dos
cereais. Em relação ao preço do arroz este apresentou-se estável no mês. O aumento dos preços dos óleos vegetais
(de palma e de soja) foi motivado pelo crescimento da procura mundial e pela perspectiva de que o clima desfavorável
na América do Sul afecte a cultura de soja. Por seu turno, a subida do preço dos produtos lácteos, esteve associada
à redução da oferta, ao clima ameno em regiões da Europa Ocidental e à procura firme em algumas regiões (Norte de
África, Médio Oriente e Rússia). Em oposição, o declínio do preço da carne foi impulsionado pela redução do custo com
a alimentação de alguns animais (aves e suínos), por força da queda dos preços dos produtos utilizados para este fim
que ocorreu nos meses anteriores.
Tabela 4 - Cálculo das Variações para as commodities alimentares
Alimentos
I Trim 2013
IV Trim 2013
I Trim 2014
Variações
Jan-13
Feb-13
Mar-13
Out/13
Nov/13
Dez/13
Jan-14
Feb-14
Mar-14
Trim
Acum. Anual
12 Meses
Índice de preços dos bens alimentares
212,91
212,62
214,8
206,6
205,7
205,8
202,54
208,01
212,8
3,40%
3,40%
-0,97%
Índice de preços da carne
184,32
186,38
185,2
187,3
185,7
185,6
182,17
182,32
185,0
-0,33%
-0,33%
-0,09%
Índice de preços dos lacticínios
208,48
209,73
228,8
251,1
250,8
264,1
267,66
275,38
268,5
1,66%
1,66%
17,35%
Índice de preços dos cereais
244,01
241,08
240,5
196,6
194,3
191,5
188,98
195,76
205,8
7,49%
7,49%
-14,40%
Índice de preços do óleo
200,32
201,83
196,7
188,0
198,5
196,0
188,55
197,79
204,8
4,50%
4,50%
4,12%
Índice de preços do açúcar
267,83
259,18
262,0
264,8
250,6
234,9
221,65
235,36
253,9
8,09%
8,09%
-3,10%
Fonte: Food and Agriculture Organization (FAO) of the United Union
No geral, o aumento dos preços das commodities alimentares foi em grande parte impulsionado por condições
climatéricas desfavoráveis que afectaram algumas culturas e as tensões geopolíticas na região do Mar Negro (Crimeia).
18
Relações com o Exterior
Apesar de prevalecer a expectativa de que a economia mundial está a recuperar, a preocupação com as duas maiores
economias mundiais (EUA e China) e a instabilidade política na Crimeia começam agora a condicionar de forma mais
evidente os principais mercados e activos financeiros internacionais, situação cuja evolução poderá ter consequências
nos próximos tempos.
Mercados Cambiais Internacionais
O I trimestre do ano ficou marcado pela redução (por duas vezes) do Programa Quantitative Easing (QE) no sistema
financeiro norte-americano, estando a provocar alterações no valor das principais moedas. O processo de redução
da liquidez introduzido mensalmente pela Fed está a ser determinante no comportamento do dólar em relação às
principais moedas internacionais, sendo notória a apreciação face às principais moedas, sobretudo das economias
emergentes (sobretudo, a Brasileira e Sul-africana).
Este grupo de países enfrenta constrangimentos e desequilíbrios ao nível económico, decorrente da fuga de capitais,
sendo que as intervenções feitas geralmente pelos bancos centrais, que decidem usar as suas reservas internacionais
e ou subir as taxas de juro de referência, de forma a reduzir os desequilíbrios, contribuem para a desaceleração do
crescimento económico.
Gráfico 12 - Mercado Cambial Internacional
0,82
6,35
USD/EUR
6,25
0,78
6,20
0,76
6,15
0,74
6,10
0,72
I Trim 2013 II Trim 2013 III Trim 2013
2,50
IV Trim 2013
I Trim 2014
11,50
IV Trim 2013
31/03/14
28/02/14
31/01/14
31/12/13
30/11/13
31/10/13
30/09/13
30/08/13
31/07/13
28/06/13
31/05/13
30/04/13
29/03/13
28/02/13
I Trim 2013 II Trim 2013 III Trim 2013
USD/BRL
2,40
6,00
31/01/13
31/03/14
28/02/14
31/01/14
31/12/13
30/11/13
31/10/13
30/09/13
30/08/13
31/07/13
28/06/13
31/05/13
30/04/13
29/03/13
28/02/13
6,05
31/01/13
I Trim 2014
USD/ZAR
I Trim 2013
II Trim 2013
III Trim 2013
IV Trim 2013
I Trim 2014
I Trim 2013 II Trim 2013 III Trim 2013
IV Trim 2013
31/03/14
28/02/14
31/01/14
31/12/13
30/11/13
31/10/13
30/09/13
30/08/13
31/07/13
28/06/13
31/05/13
30/04/13
29/03/13
31/03/14
28/02/14
31/01/14
31/12/13
29/11/13
31/10/13
30/09/13
30/08/13
31/07/13
8,00
28/06/13
8,50
1,80
31/05/13
9,00
1,90
30/04/13
9,50
2,00
28/03/13
10,00
2,10
28/02/13
10,50
2,20
31/01/13
2,30
28/02/13
11,00
31/01/13
0,70
USD/Renminbi
6,30
0,80
I Trim 2014
Fonte: Bloomberg
Não são só o Brasil e a África do Sul, a sentir a saída de capitais externos. A Argentina, Rússia, Turquia, Índia e
Indonésia também foram economias atingidas, com bolsas de valores a registar uma forte queda, elevados níveis de
dívida e desvalorizações das suas moedas.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Taxas de câmbio AKZ/USD nos diversos mercados
No I trimestre de 2014 verificou-se uma apreciação do Kwanza em relação ao dólar norte-americano em quase todos
os mercados, à excepção das casas de câmbio (em termos médios).
Concretamente, no mercado primário, no I trimestre, a taxa de câmbio média do AKZ/USD, registou uma apreciação
de 0,007% face ao USD. De forma oposta, nos últimos 12 meses, isto é, de Março do ano anterior a Março do ano
corrente, o Kwanza depreciou face ao USD 1,696%, em termos médios.
Nos Bancos Comerciais, o Kwanza também se apreciou face ao USD no I trimestre de 2014 em 0,016% (Divisas) e de
0,050% (Notas). Mas nos últimos 12 meses, a taxa de câmbio AKZ/USD depreciou-se em 1,703% (Divisas) e 1,718%
(Notas), respectivamente.
No mercado informal, a taxa de câmbio média do Kwanza face ao dólar apreciou-se 0,239, em termos trimestrais. E
também apreciou-se nos últimos 12 meses 1,183%.
Por último, nas casas de câmbio a taxa de câmbio AKZ/USD registou depreciações de 1,437% em termos trimestrais
e de 0,559% em termos homólogos.
Tabela 5 - Comportamento da taxa de câmbio dos Mercados Primário, Secundário, Informal e Casas de Câmbio
I Trim 2013
IV Trim 2013
I Trim 2014
Variações
Jan/13
Fev/13
Mar/13
Out/13
Nov/13
Dez/13
Jan/14
Fev/14
Mar/14
Trim.
Acum. Anual
12 Meses
95,700
95,722
95,744
96,782
97,144
97,375
97,371
97,359
97,368
-0,007%
-0,007%
1,696%
Mercado Primário (Taxa Referência)
Compra
Venda
96,179
96,201
96,223
97,266
97,630
97,862
97,858
97,846
97,855
-0,007%
-0,007%
1,696%
Média
95,940
95,962
95,984
97,024
97,387
97,619
97,615
97,603
97,612
-0,007%
-0,007%
1,696%
Bancos (Divisas)
Compra
95,788
95,428
95,195
97,366
97,499
97,462
97,830
97,237
97,214
-0,254%
-0,254%
2,121%
Venda
98,993
98,995
99,080
99,116
99,687
100,152
100,007
100,243
100,369
0,217%
0,217%
1,300%
Média
97,391
97,211
97,138
98,241
98,593
98,807
98,919
98,740
98,791
-0,016%
-0,016%
1,703%
95,566
95,173
95,784
96,548
96,986
97,522
97,254
97,091
97,354
-0,173%
-0,173%
1,639%
Bancos (Notas)
Compra
Venda
99,110
99,310
99,219
100,210
100,742
100,930
101,019
100,932
100,999
0,069%
0,069%
1,794%
Média
97,338
97,242
97,502
98,379
98,864
99,226
99,137
99,012
99,176
-0,050%
-0,050%
1,718%
Mercado Informal (Notas)
Compra
103,000
105,000
104,167
100,333
100,833
102,333
102,333
102,333
102,333
0,000%
0,000%
-1,760%
Venda
107,167
108,000
107,167
103,000
104,000
107,000
107,000
106,333
106,500
-0,467%
-0,467%
-0,622%
Média
105,083
106,500
105,667
101,667
102,417
104,667
104,667
104,333
104,417
-0,239%
-0,239%
-1,183%
100,300
100,850
101,300
99,500
99,550
100,300
101,250
100,950
101,550
1,246%
1,246%
0,247%
Casas de Câmbio
Compra
Venda
102,750
103,630
104,320
102,640
102,720
103,540
104,530
104,470
105,220
1,623%
1,623%
0,863%
Média
101,525
102,240
102,810
101,070
101,135
101,920
102,890
102,710
103,385
1,437%
1,437%
0,559%
Fonte: BNA/DMA/DSI/DES
*Informação obtida a partir do SSIF.
* Até Março de 2013, as taxas do mercado secundário foram calculadas com base no método manual.
Entre Dezembro de 2013 e Março de 2014, o diferencial da taxa de câmbio do Kwanza face ao dólar, entre o mercado
informal e mercado secundário de notas, diminuiu em algumas províncias, em especial nas províncias de Cabinda,
Huambo e Luanda, 1,20 p.p., 0,92 p.p. e 0,20 p.p., respectivamente. Contudo, esse diferencial aumentou nas províncias
20
de Benguela, Huíla e Malange, 0,99 p.p., 0,89 p.p. e 0,22 p.p., respectivamente, tendo o comportamento da taxa de
câmbio AKZ/USD sido influenciada por dois factores: i) os operadores do mercado informal apresentaram alguma
escassez de notas em dólares, pois a maior parte de provedores de notas deixaram de o ser, passando de fornecedores
(oferta) para clientes (procura); ii) por outro lado, verifica-se uma sazonalidade no I trimestre do ano, provocado pelo
aumento na procura por dólares para compras no exterior e outros pagamentos informais.
Tabela 6 - Comportamento da taxa de câmbio Euro e Rand no Mercado Primário (Taxa Referência)
I Trim 2013
IV Trim 2013
I Trim 2014
Variações
Taxas Médias
Jan/13
Fev/13
Mar/13
Out/13
Nov/13
Dez/13
Jan/14
Fev/14
Mar/14
Trim.
Acum. Anual
12 Meses
KZ/EUR
130,046
125,609
122,921
133,602
132,583
134,386
132,556
133,281
134,328
-0,04%
-0,04%
8,87%
Compra
…
…
…
133,279
132,257
134,056
132,240
132,953
133,998
-0,04%
-0,04%
…
Venda
…
…
…
133,926
132,909
134,717
132,872
133,609
134,658
-0,04%
-0,04%
…
KZ/RAND
10,607
10,826
10,392
9,824
9,525
9,306
8,731
9,059
9,214
-1,00%
-1,00%
-12,03%
Compra
…
…
…
9,749
9,455
9,281
8,713
9,034
9,187
-1,02%
-1,02%
…
Venda
…
…
…
9,898
9,596
9,332
8,749
9,084
9,241
-0,97%
-0,97%
…
Fonte: DES/BNA
Por último, a taxa de câmbio média do Kwanza face ao Euro e ao Rand apreciou-se, em termos trimestrais, 0,04% e
1,00%, respectivamente.
Comércio Externo e Reservas Internacionais
No I trimestre de 2014, as transacções com o Resto do Mundo resultaram numa diminuição do saldo da conta de bens
em 3,98% face ao trimestre anterior (para os USD 9.413,25 Milhões), devido, sobretudo, a uma desaceleração das
exportações em 4,08%. No trimestre, a diminuição das exportações poderá ser explicada pela redução das quantidades
e do preço das Ramas angolanas, que passou de 109,40 USD/barril (em Dezembro de 2013) para os 105,36 USD/barril
(em Março de 2014).
Tabela 7 - Saldo da Conta de Bens (Exportações vs Importações)
2014
2013
Unidades: em milhões USD
Var. Trimestral
Montante Acumulado
Var. 12 Meses
17.140,50
…
…
…
IV Trim
Jan
Fev
Mar
I Trim
Exportações
16.032,37
…
…
…
Importações
6.228,90
…
…
…
5.219,97
…
…
…
Conta de Bens
9.803,47
…
…
…
11.920,53
…
…
…
-10,28%
Exportações
…
5.228,57
5.068,30
5.081,83
15.378,70
-4,08%
15.378,70
Importações
…
2.185,38
1.650,92
2.129,15
5.965,45
-4,23%
5.965,45
14,28%
Conta de Bens
…
3.043,19
3.417,38
2.952,68
9.413,25
-3,98%
9.413,25
-21,03%
Fonte: DES/BNA
No I trimestre de 2014 comparativamente com o trimestre anterior verificou-se uma aceleração das importações
provenientes dos principais parceiros comercias com Angola, com destaque para os Emirados Árabes Unidos com
24,94%, a Bélgica com 4,08% e a China com 2,41%.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Gráfico 13 - Países de origem das importações
500
300
200
II Trim 2013
PORTUGAL
III Trim 2013
BELGICA
CHINA
EUA
IV Trim 2013
BRASIL
ÁFRICA DO SUL
Mar/14
Fev/14
Jan/14
Dez/13
Nov/13
Out/13
Set/13
Ago/13
Jul/13
Jun/13
0
Mai/13
100
Abr/13
Mil Milhões de USD
400
I Trim 2014
EMIRADOS ÁRABES UNIDOS
Fonte: DES/BNA
Apesar disso, nos primeiros três meses do ano, Portugal continuou a apresentar o maior peso das importações
angolanas por país de origem, a seguir veio a China e em terceiro lugar a Bélgica, com 16,51%, 11,81% e 6,47%,
respectivamente.
Tabela 8 - Peso das importações angolanas por país de origem
Portugal
Bélgica
China
EUA
Brasil
África do Sul
Emirados Árabes Unidos
I Trim 2013
18,94%
6,11%
14,33%
5,34%
5,83%
3,92%
4,28%
II Trim 2013
16,15%
5,67%
10,79%
4,49%
4,65%
4,43%
3,39%
III Trim 2013
18,46%
5,60%
11,04%
5,50%
4,87%
4,52%
4,99%
IV Trim 2013
18,25%
5,96%
11,04%
4,51%
4,57%
3,87%
4,32%
I Trim 2014
16,51%
6,47%
11,81%
4,54%
4,44%
3,77%
5,64%
Fonte: DES/BNA
No que concerne às exportações, no I trimestre de 2014, registou-se uma diminuição de 4,08%, impactada pelas
exportações petrolíferas, devido à descida dos preços e das quantidades do petróleo bruto; e do impacto limitado das
exportações de diamantes.
As reservas internacionais líquidas (RIL) atingiram os USD 32.789,52 Milhões em Março de 2014, uma diminuição de
1,01% em relação a Dezembro de 2013. Além da capitalização do Fundo Soberano de Angola e de uma maior execução
fiscal mencionadas no anterior Relatório de Inflação, outros factores contribuíram para uma diminuição ligeira das RIL
em termos trimestrais, nomeadamente, a redução das exportações em cerca de 4%, a diminuição das quantidades
exportadas de petróleo e a queda dos preços dos diamantes, num contexto internacional marcado pela queda dos
preços das commodities e pelas tensões geopolíticas entre os EUA e a Rússia.
22
Gráfico 14 - Evolução das Reservas Brutas e Internacionais Líquidas
39.000,00
37.000,00
Milhões de USD
35.000,00
33.000,00
31.000,00
29.000,00
Reservas Brutas
Fonte: DES/BNA
Mar/14
Jan/14
Dez/13
Nov/13
Out/13
Set/13
Ago/13
Jul/13
Jun/13
Mai/13
Abr/13
Mar/13
Fev/13
Jan/13
25.000,00
Fev/14
27.000,00
Reservas Internacionais Líquidas (RIL)
Os dados mais recentes mostram que o rácio de cobertura das reservas cambiais atingiu os 7,43 meses de importação
de bens e serviços em Março de 2014, contra os rácios de 7,22, 7,40 e 8,03 meses de importações em Fevereiro,
Janeiro e Dezembro, traduzindo-se numa quebra trimestral de 0,60 meses.
Tabela 9 - Evolução das Reservas Brutas e Internacionais Líquidas
IV Trimestre 2013
Oct-13
Nov-13
I Trimestre 2014
Dec-13
Jan-14
Feb-14
Variações
Mar-14
Trim
Acum. Anual
12 Meses
Milhões de USD
Reservas Brutas
35.869,81
35.131,66
33.125,27
32.646,41
31.988,98
32.789,52
-1,01%
-1,01%
-5,31%
Reservas Internacionais
Líquidas
33.609,37
32.946,61
30.945,30
30.551,26
29.978,60
30.824,97
-0,39%
-0,39%
-4,50%
Ouro
76.112,56
72.377,29
69.476,04
71.825,30
76.759,61
75.004,99
7,96%
7,96%
-17,48%
-55,75%
Milhões de Kwanzas
Disponibilidades
135.885,92
121.123,50
95.146,23
72847,42
132.994,73
69.757,83
-26,68%
-26,68%
Aplicações
3.267.915,01
3.227.855,66
3.069.017,32
3.042.090,23
2.912.449,77
3.055.871,34
-0,43%
-0,43%
-0,62%
Obrigações de curto
-219.315,01
-212.795,10
-212.806,03
-204.516,67
-196.217,79
-191.762,37
-9,89%
-9,89%
-15,00%
prazo
Fonte: DES/BNA
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
O Estado da Economia Nacional
Indicador de Clima Económico
O Indicador de Clima Económico calculado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) medindo o desempenho dos sectores da
economia desde o IV trimestre de 2012 ao IV trimestre de 2013, uma vez que os dados apenas estão disponíveis até essa data.
O clima económico manteve-se favorável permanecendo acima da média da série, no IV trimestre de 2013, apesar da tendência
descendente em relação ao trimestre anterior, mas apresentando uma variação positiva em relação ao período homólogo, pois,
apesar dos riscos globais que podem afectar o preço do petróleo e em consequência, a economia angolana, há outros factores
que proporcionam a aceleração do crescimento angolano e, em resultado, um clima económico favorável.
Gráfico 15 – Indicador de Clima Económico
18
20
16
18
16
14
11
12
13
12
10
8
6
4
2
0
IV Trim. 2012
I Trim. 2013
II Trim. 2013
ICE
Fonte: INE
III Trim. 2013
IV Trim. 2013
Média
Indústria Transformadora
Segundo os dados apurados no quarto trimestre de 2013, o indicador de confiança do sector de indústria transformadora
teve uma tendência decrescente face ao trimestre anterior e ao trimestre homólogo, no entanto, permaneceu na
média da série, uma vez que, as empresas do sector sentiram mais limitações ao desenvolverem as suas actividades,
sobretudo devido à falta de água, energia e frequentes avarias mecânicas nos equipamentos. Realça-se o facto de que
as indústrias de Fabricação de Máquinas, Equipamentos e Aparelhos e de Mobiliário foram as que registaram uma
maior variação negativa do índice de produção industrial durante o IV trimestre de 2013.
Gráfico 16 – Indicador de Confiança para a Indústria Transformadora
20
19
18
14
15
11
9
10
5
0
IV Trim. 2012
Fonte: INE
I Trim. 2013
II Trim. 2013
IC Indústria Transf.
III Trim. 2013
Média
IV Trim. 2013
24
Construção
Relativamente aos resultados obtidos para o IV trimestre de 2013, o indicador de confiança da construção continuou
desfavorável, dado que, manteve a tendência descendente dos trimestres anteriores, tendo também permanecido
abaixo da média.
Como justificação a este comportamento, o INE indicou que a insuficiência da procura e o nível elevado da taxa de juros
foram os principais obstáculos.
Contudo, menos empresas sentiram constrangimentos ao desenvolverem as suas actividades, apesar das dificuldades
na obtenção de crédito bancário e da deterioração das perspectivas de venda.
Gráfico 17 – Indicador de Confiança para o Sector da Construção
0
-5
-10
-15
-15
-20
-25
-23
-26
-25
-33
-30
-35
IV Trim. 2012
I Trim. 2013
II Trim. 2013
IC Construção
III Trim. 2013
IV Trim. 2013
Média
Fonte: INE
Comércio
Não obstante a tendência descendente do indicador a Conjuntura Económica permaneceu favorável para as empresas
comerciais no IV trimestre de 2013, dado que, menos empresas sentiram constrangimentos ao desenvolverem as suas
actividades e os fortes ganhos das exportações e os rendimentos crescentes estão a permitir o clima favorável no
sector comercial.
Gráfico 18 – Indicador de Confiança para o Sector do Comércio
26
24
24
23
22
20
17
18
16
14
16
16
12
10
IV Trim. 2012
I Trim. 2013
II Trim. 2013
IC Comércio
Fonte: INE
III Trim. 2013
Média
IV Trim. 2013
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Transportes
No quarto trimestre de 2013, verificou-se que o indicador de confiança no sector dos transportes manteve a tendência
descendente do trimestre anterior, tendo também registado uma variação negativa face ao trimestre homólogo,
sobretudo devido à redução das actividades das empresas em resultado das dificuldades financeiras e a concorrência.
Gráfico 19 – Indicador de Confiança para o Sector dos Transportes
50
42
45
42
38
40
33
35
30
30
25
20
15
10
5
0
IV Trim. 2012
I Trim. 2013
II Trim. 2013
IC Transportes
III Trim. 2013
IV Trim. 2013
Média
Fonte: INE
Turismo
O indicador de confiança do turismo continua favorável, tendo mantido o crescimento registado no trimestre anterior,
e tendo também evoluído positivamente em relação ao período homólogo bem como superado a média do período em
análise, sobretudo devido ao clima e consequente crescimento de resorts.
Gráfico 20 – Indicador de Confiança para o Sector do Turismo
13
14
12
12
10
8
6
4
2
0
-2
-4
-4
-6
IV Trim. 2012
-1
-2
I Trim. 2013
II Trim. 2013
IC Turismo
Fonte: INE
Média
III Trim. 2013
IV Trim. 2013
26
Indústria Extractiva
A Conjuntura Económica do sector da indústria extractiva permaneceu favorável, embora tenha contrariado a tendência
ascendente dos trimestres anteriores, com uma evolução positiva em relação ao período homólogo, dado o aumento
da produção.
Gráfico 21 – Indicador de Confiança para a Indústria Extractiva
31
35
30
25
25
20
23
18
18
15
10
5
0
IV Trim. 2012
I Trim. 2013
II Trim. 2013
IC Extractiva
III Trim. 2013
IV Trim. 2013
Média
Fonte: INE
Índice de Produção Industrial
A evolução da actividade industrial realizada em Angola desde o IV Trimestre do ano de 2012 até ao IV Trimestre de
2013 encontra-se abaixo apresentada com o Índice de Produção Industrial (IPI).
Como se pode constatar, este índice apresenta uma ligeira variação negativa em relação ao trimestre homólogo de
2012, e também a mesma tendência face aos trimestres anteriores do corrente ano, sobretudo devido ao impacto da
variação negativa registada no sector do Petróleo, Gás e Serviços.
Gráfico 22 – Índice de Produção Industrial
206
204
205,2
202
202,7
202,6
200
198
198,1
197,7
196
194
192
IV Trim 12
I Trim 13
II Trim 13
III Trim. 13
IV Trim. 13
Fonte: INE
Na análise ao IPI das Indústrias Extractivas, o gráfico abaixo, o sector dos Diamantes foi o que registou uma maior
variação homóloga no IV trimestre de 2013 face ao mesmo trimestre de 2012, com 5,5%.
Já o sector do Petróleo, Gás e Serviços registou uma variação homóloga negativa (-3,2%), devido a paragens de
produção dos poços por questões operacionais.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Gráfico 23 – Variações Homólogas do IPI das Indústrias Extractivas
5,5%
0,1%
Petróleo, Gás e Serviços
Diamantes
Resto Indústrias Extrativas
-3,2%
IV Trim. 13
Fonte: INE - Inquérito à Produção Industrial de 2013
No que respeita ao IPI das Indústrias Transformadoras, a Indústria Metalúrgica foi a que obteve uma maior variação
homóloga no IV trimestre de 2013 face ao IV trimestre de 2012 (5,6%), sendo que a Fabricação de Máquinas,
Equipamentos e Aparelhos registou a menor variação homóloga (-0,5%).
Gráfico 24 – Variações Homólogas do IPI das Indústrias Transformadoras
5,6%
1,2%
rio
s
s
ob
iliá
lh
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M
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ão
Fa
br
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aç
ip
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Fá
dú
st
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os
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pe
IV Trim. 13
de
as
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Fá
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dú
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-0,2%
-0,5%
Ta
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ão
dú
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sd
as
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da
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t
In
d
0,3%
0,1%
ui
na
s,
0,4%
In
1,1%
0,6%
Fonte: INE - Inquérito à Produção Industrial de 2013
No sector de Produção e Dist. De Electricidade, Gás e Água, relativamente ao IV trimestre de 2013, a indústria da
electricidade foi a que registou uma maior variação homóloga (45,2%) devido ao aumento da capacidade de produção
de Energia, com recurso à recuperação e construção de novas centrais hidroeléctricas e termoeléctricas. A produção
de electricidade registou um aumento de 7.710 GWH para 9.553 GWH, entre os anos de 2012 e 2013, estimando-se
um crescimento para 12.618 GWH, em 2014, de acordo com os dados apresentados pelo Ministério de Planeamento,
no Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017.
28
Gráfico 25 - Variações Homólogas do IPI das Indústrias Extractivas
45,2%
4,1%
Electricidade, Gás, Vapor
Tratamento de Água
IV Trim. 13
Fonte: INE - Inquérito à Produção Industrial de 2013
O índice de pessoal ao serviço demonstrou uma variação positiva entre o IV trimestre de 2013 e o período anterior, e
uma evolução descendente face ao período homólogo do ano de 2012. Relativamente ao número de horas trabalhadas
verificou-se precisamente o contrário, um decréscimo entre o IV trimestre de 2013 e o trimestre anterior, e uma evolução
ascendente entre face ao IV trimestre de 2012.
Gráfico 26 – Índice de Pessoal ao Serviço e Horas Trabalhadas
200
164
160
120
80
127
104
III Trim. 2012
151
141
113 113
IV Trim. 2012
136
110
I Trim. 2013
Índice de Pessoal ao seviço
Fonte: INE
150
II Trim. 2013
III Trim. 2013
Horas trabalhadas
119 116
IV Trim. 2013
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Produto Interno Bruto
Segundo as projecções do PIB para o ano de 2014 efectuadas pelo Ministério do Planeamento e Desenvolvimento Territorial
(MPDT), espera-se que o ritmo da actividade económica acelere gradualmente (9,3%) à medida que o investimento público em
infra-estruturas crie oportunidades de crescimento sobretudo para o sector não-petrolífero (11,8%), em resultado das previsões
de um aumento de 380 MW da capacidade produtiva até 2015, e que, pouco depois, sejam construídas quatro centrais
eléctricas adicionais na zona sudeste de Luanda, acompanhado de um crescimento do sector petrolífero em torno dos 4,0%.
Neste seguimento, as previsões do Ministério do Planeamento e do Desenvolvimento Territorial apontam para o ano
de 2013 e 2014 um crescimento médio por ano igual a 8,4%, resultante da combinação de um crescimento médio anual
para a economia não-petrolífera em 11,07% e para a economia petrolífera igual a 1,8%.
Gráfico 27 – Taxas de Crescimento do PIB
14
11,8
11,5
12
9,7
10
7,8
8
6
4,3
5,6
4,0
4
2
-0,3
0
2010
-2
-4
2011
2012
2013 (Ver.F)
2014 (Ver.F)
-2,9
-6
-5,6
-8
PIB petrolífero
PIB não petrolífero
PIB pm
Fonte: Ministério do Planeamento e do Desenvolvimento Territorial (Os valores de 2013 e 2014 representam projecções)
Em 2014, os sectores cujas projecções mais se destacam, em termos de crescimento, são: Energia (32,1%), Agricultura
(25,5%), Diamantes e outros (11,9%), Serviços Mercantis (10,0%), Indústria Transformadora (8,6%) e Construção (8,0%).
Consoante se pode constatar no gráfico acima, os sectores onde se verificaram uma maior taxa de crescimento, em
2013, foram os sectores da Agricultura e da Energia.
Gráfico 28 - Taxa de Crescimento do PIB Real por sectores (%)
2013*
5,3
5,0
2014*
Agricultura
Pescas e derivados
Diamantes e outros
10,0
Petroleo
22,4
47,6
8,0
-0 ,3
25,5
Indústria transformadora
Construção
7,6
6,0
8,5
32,1
11,9
Energia
6,6
9,8
Serviços mercantis
Outros
Fonte: Ministério do Planeamento e do Desenvolvimento Territorial (Os valores de 2013 e 2014 representam projecções)
8,0
8,6
4,0
30
Em 2014, estima-se que os sectores da Agricultura e da Energia poderão continuar a ser os mais promissores em
termos de crescimento.
No caso do sector da agrícola, uma das causas do seu crescimento está relacionada a factores, como por exemplo:
acriação de uma empresa considerada como estratégica pelo Governo, para a implementação de projectos agropecuários, a Sociedade Gestora de Terras Aráveis (Gesterra S.A.) que neste momento tem sobre sua alçada 19 projectos
dos 19 aprovados pelo Conselho de Ministros com diferentes linhas de crédito, dos quais seis já se encontram em fase
de implementação, tendo-se produzido em 2013 mais de 100 mil toneladas de cereais, entre grãos, farinha de milho,
feijão e rações, só na província de Malanje. Este sector liderou uma forte expansão do crédito ao sector no decurso do
primeiro semestre daquele ano, assumindo-se como um dos principais factores de dinamização da economia.
Relativamente ao sector da Energia, a instalação de 570 Mega Watts (MW) de capacidade em Luanda, em Benguela,
no Namibe, no Cunene, no Kuando Kubango, na Luanda Norte e no Huambo, no âmbito de um programa de reforço da
produção de energia, com a construção de novas subestações pela Empresa de Distribuição de Electricidade (EDEL),
permitiu elevados progressos neste sector, em 2013.
Por sua vez, o Plano de Acção do Sector de Energia e Águas 2013-2017 definido pelo Governo de Angola, prevê que em
finais de 2014 o país disponha de uma capacidade de geração de energia até 1500 megawatts, de um total de cinco
mil megawatts a instalar até 2016.
A queda regular das chuvas, segundo relatórios da Repartição Municipal da Agricultura, no Município de Ambaca, tem
sido um dos factores que contribuem para o aumento dos níveis de produção desde o início do ano, naquele município.
Para além disso, o referido município controla actualmente 11 mil e 680 famílias camponesas, organizadas em 28
associações e sete cooperativas agrícolas que têm beneficiado do apoio técnico regular da Estação de Desenvolvimento
Agrário (EDA), sobretudo no que concerne à adopção de novas técnicas de cultivo o que poderá influenciar ainda mais
o desempenho deste sector.
Em suma, o aumento das áreas de produção em resultado de projectos estatais e privados e o aumento da produtividade
em consequência das correcções dos solos, construção e reabilitação de Perímetros Irrigados, reabilitação de barragens
hidroagrícolas são factores chave para o desenvolvimento do sector agrícola.
Durante o ano de 2014, o sector do Petróleo é também um dos sectores onde se projectam fortes melhorias, sobretudo
devido à revisão em alta da taxa de crescimento do Petróleo, que poderá estar associada a inúmeros factores, um
dos quais poderás ser, por exemplo, o aumento da produção do grupo petrolífero Total em Angola, com a entrada
em funcionamento da quarta unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo durante o
corrente ano.
De notar também as projecções do crescimento do sector dos diamantes para o ano de 2014, que podem estar
relacionadas com o facto da empresa Endiama conseguir repor em actividade uma boa parte das minas paralisadas
durante o período de crise, e também em resultado do acordo assinado com a empresa russa Alrosa na forma de joint
venture 50%-50%, no sentido de lançarem a fase de exploração no segundo semestre de 2014.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Inflação
Índice de Preços no Consumidor de Luanda
O Decreto Legislativo Presidencial nº10/13, de 22 de Novembro, que aprova a nova Pauta Aduaneira dos Direitos de
Importação e Exportação, concedeu ao Governo Angolano autorização para, em matéria de definição do sistema fiscal e de
criação de impostos, poder ajustar as taxas dos direitos de importação e exportação e do imposto de consumo em Angola.
Esta nova Pauta Aduaneira dos Direitos de Importação e Exportação, em diversos âmbitos, nomeadamente, a alteração
de direitos de importação e exportação e do imposto de selo no tocante a mercadorias importadas bem como o
estabelecimento de algumas novas isenções, tem como foco principal o incentivo à produção nacional, principalmente,
a produção agrícola e industrial.
A alteração da Pauta Aduaneira tem ainda como grande objectivo o combate ao dumping, de modo a proteger a
produção nacional, sobretudo os sectores em que comprovadamente Angola detenha vantagens competitivas.
No que concerne à análise da inflação, importa frisar que a partir de Março de 2014, o Instituto Nacional de Estatística
(INE), apresenta os resultados do Índice de Preços no Consumidor de mais províncias para além da província de
Luanda, nomeadamente as províncias de Benguela, Cabinda, Cunene, Huila, Huambo e Namibe – IPC Províncias – cujo
cálculo teve como período de base Dezembro de 2011. A construção dos ponderadores e do cabaz de produtos do
IPC-Províncias foi baseada nos resultados do Inquérito Integrado sobre o Bem-estar da População (IBEP) realizado pelo
referido Instituto no período de Maio de 2008 a Junho de 2009, em todas as províncias do país, incluindo as zonas
rurais e urbanas.
A taxa de inflação teve uma evolução ascendente, no I trimestre de 2014, em relação ao período anterior de 1,68% para
1,76%, retractando uma variação em relação ao trimestre anterior de 0,08 p.p. e, uma desaceleração face ao período
homólogo em cerca de 0,35 p.p., de 2,11% para 1,76%.
Este aumento do nível do IPC no I trimestre de 2014 face ao trimestre anterior pode ser justificado pela variação do
índice geral de preços de alimentos da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) que foi
em termos médios 212,8 pontos em Março de 2014, situando-se acima do valor de Dezembro (205,8 pontos), sobretudo
impulsionado pelo aumento do índice de preços dos cereais (7,49%) e do açúcar (8,09%).
A desaceleração do IPC no I trimestre de 2014 face ao período homólogo de 2013 está relacionada com o decréscimo
nos preços mundiais dos produtos alimentares de 262 pontos para 253,9 pontos, conjugado com medidas do BNA
destinadas a estabilizar a taxa de câmbio nominal do Kwanza face ao dólar.
Gráfico 29 - Análise da Inflação Trimestral
2,50%
2,00%
2,11%
2,11%
1,50%
1,57%
1,68%
1,76%
IV Trim. 2013
I Trim. 2014
1,00%
0,50%
0,00%
Fonte: DEE-BNA/INE
I Trim. 2013
II Trim. 2013
III Trim. 2013
32
De acordo com variação do IPC por classes, verifica-se que as classes 12-Bens e Serviços Diversos (4,14%), seguida de
05- Mobiliário, Equip. Dom. e Manutenção (3,02%) e da classe 09- Lazer, Recreação e Cultura (3,01%) registaram as
maiores variações de preços no I trimestre de 2014.
De notar que a tendência decrescente do IPC trimestral da classe de alimentação e bebidas não alcoólicas, tem
contribuído significativamente para a redução da contribuição da Classe 1 – Alimentação e Bebidas Não-Alcoólicas (a
que tem o maior ponderador) para a inflação global.
A Classe 08-Comunicações não registou qualquer tipo de variação nos preços no I trimestre de 2014, tal como verificado
no trimestre anterior e no período homólogo de 2013, e a classe 07-Transportes (0,36%) seguida da classe 10-Educação
(0,40%) registaram as menores variações, durante o I trimestre de 2014.
Relativamente ao período homólogo, a classe 12-Bens e Serviços Diversos foi a que obteve a maior variação positiva
(de 2,17% para 4,14%), enquanto a classe 01 – Alimentação e bebidas não alcoólicas foi a que registou o maior
abrandamento (de 2,67% para 1,68%).
Tabela 10 – Variação do IPC Trimestral por Classes
CLASSES
2013
I Trim.
2014
IV Trim.
JANEIRO
FEVEREIRO
MARÇO
I Trim.
01. ALIMENTAÇÃO E BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS
2,67%
1,75%
0,75%
0,48%
0,44%
1,68%
02. BEBIDAS ALCOÓLICAS E TABACO
2,19%
2,14%
0,72%
0,55%
0,65%
1,93%
03. VESTUÁRIO E CALÇADO
2,03%
2,73%
1,00%
0,62%
0,78%
2,42%
04. HABITAÇÃO, ÁGUA, ELECTR., GÁS E COMBUST.
1,47%
0,50%
0,21%
0,24%
0,26%
0,72%
05. MOBILIARIO,EQUIP. DOMESTICO E MANUTENÇÃO
1,98%
3,50%
1,04%
0,75%
1,20%
3,02%
06. SAÚDE
1,88%
0,90%
0,54%
0,24%
0,85%
1,65%
07. TRANSPORTES
0,96%
0,24%
0,13%
0,02%
0,21%
0,36%
08. COMUNICAÇÕES
0,00%
0,00%
0,00%
0,00%
0,00%
0,00%
09. LAZER, RECREAÇAO E CULTURA
1,75%
1,57%
0,92%
1,27%
0,79%
3,01%
10. EDUCAÇAO
1,11%
0,00%
0,40%
0,00%
0,00%
0,40%
11. HOTÉIS,CAFÉS E RESTAURANTES
2,32%
2,66%
1,18%
0,57%
0,57%
2,34%
12. BENS E SERVIÇOS DIVERSOS
2,17%
3,07%
2,16%
1,16%
0,77%
4,14%
Fonte: BNA
A inflação homóloga tem evidenciado um percurso tendencialmente descendente, tendo registado uma queda de
9,11% para 7,32%, entre o o I trimestre de 2013 e o I trimestre de 2014.
Gráfico 30 – Inflação Mensal e Homóloga
Fonte: BNA
9,11%
7,32%
0,66%
Inflação Mensal
Inflação Homóloga (Eixo à Direita)
mar/14
fev/14
jan/14
dez/13
nov/13
out/13
set/13
ago/13
jul/13
jun/13
mai/13
abr/13
0,51%
mar/13
1,00%
0,90%
0,80%
0,70%
0,60%
0,50%
0,40%
0,30%
0,20%
0,10%
0,00%
10,00%
9,00%
8,00%
7,00%
6,00%
5,00%
4,00%
3,00%
2,00%
1,00%
0,00%
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
No que respeita aos meses que compõem o I trimestre de 2014, os mesmos registaram variações dos preços na ordem
dos 0,76% em Janeiro, 0,49% em Fevereiro e 0,51% em Março.
Por sua vez, a inflação homóloga apresentou variações na ordem dos 7,84 % em Janeiro, 7,48% em Fevereiro e 7,32%
em Março.
Tabela 11 – Variação mensal, homóloga e acumulada do IPC
Período
2013
2014
Variação
Variação
Mensal
Homóloga
Acumulada
Mensal
Homóloga
Acumulada
Jan.
0,61%
8,90%
0,61%
0,76%
7,84%
0,76%
Fev.
0,82%
9,04%
1,44%
0,49%
7,48%
1,25%
Mar.
0,66%
9,11%
2,11%
0,51%
7,32%
1,76%
Abr.
0,60%
9,00%
2,72%
Mai.
0,87%
9,25%
3,62%
Jun.
0,63%
9,19%
4,27%
Jul.
0,52%
9,04%
4,81%
Ago.
0,54%
8,97%
5,38%
Set.
0,50%
8,93%
5,91%
Out.
0,41%
8,38%
6,34%
Nov.
0,52%
7,94%
6,89%
Dez.
0,75%
7,69%
7,69%
Fonte: DEE-BNA/INE
Desagregação do Índice de Preços no Consumidor por Categoria
Consoante se pode verificar na tabela abaixo, a categoria de “Bens” registou uma variação de 1,85% no I trimestre de
2014, que corresponde a uma variação de 0,07p.p. abaixo do trimestre anterior (1,92%) e 0,6p.p. abaixo do I trimestre
de 2013 (2,46%). Por sua vez, a categoria de “Serviços” registou uma variação de 1,52%, 0,26p.p. acima do registado
nesse mesmo período homólogo (1,26%), e 0,45p.p. acima do trimestre anterior (1,07%).
Em síntese, a notável aceleração dos preços dos serviços no I trimestre de 2014 face ao trimestre anterior justifica
a aceleração da inflação nesse mesmo período de 1,69% para 1,76%, no entanto, a desaceleração do IPC face ao I
trimestre de 2013 de 2,11% para 1,76% deve-se sobretudo à variação trimestral sentida na classe de bens em 0,6p.p..
Tabela 12 – Variação trimestral do IPC e das suas Categorias (classificação – BNA)
Total
Inflação
Bens
Serviços
Alimentares
2013
I Trimestre
2014
Fonte: BNA/DEE
2,11
2,46
2,72
Outros Bens
Não processados
Processados
2,40
2,85
2,02
1,26
II Trimestre
2,11
2,37
2,46
2,59
2,41
2,22
1,47
III Trimestre
1,57
1,86
1,65
1,43
1,74
2,22
0,84
IV Trim. 2013
1,69
1,92
1,76
1,37
1,92
2,19
1,07
I Trimestre
1,76
1,85
1,66
1,39
1,77
2,16
1,52
34
Relativamente à subcategoria “Bens Alimentares”, registou no trimestre em análise uma variação de 1,66%, valor
inferior ao observado no mesmo IV trimestre do ano anterior em 0,1 p.p. (1,76%), enquanto que a subcategoria “Outros
Bens” registou uma variação de 2,16%, cifra inferior à registada no trimestre anterior em 0,03 p.p. (2,19%).
Por último, a subcategoria “Bens Alimentares Processados” registou no I trimestre de 2014, uma variação de 1,77%, valor
inferior ao observado no mesmo trimestre do ano anterior em 1,08 p.p. (2,85%), enquanto a subcategoria “Bens Alimentares Não
Processados” registou uma variação de 1,39%, cifra também inferior à registada no seu período homólogo em 1,01 p.p. (2,40%).
O que se conclui que a menor variação dos bens alimentares, no I trimestre de 2014 face ao trimestre anterior e ao I
trimestre de 2013, é justificada pelo movimento dos bens alimentares processados.
Contribuição
Relativamente ao I trimestre de 2014, a categoria de “Bens” contribuiu para 76% do IPC, nomeadamente 0,07 p.p.
abaixo do valor observado no seu período homólogo do ano passado (83%), e a categoria de “Serviços” contribuiu com
0,07 p.p. representando 24% da inflação, valor acima do registado no seu período homólogo do ano passado, 17%.
Tabela 13 – Representatividade das Componentes do IPC
Total
Inflação
Bens
Serviços
Alimentares
Outros Bens
2013
Não processados
2014
Processados
I Trimestre
2,11
83%
69%
25%
74%
31%
17%
II Trimestre
2,11
80%
65%
30%
70%
35%
20%
III Trimestre
1,57
85%
55%
25%
75%
45%
15%
IV Trimestre-2013
1,69
82%
57%
22%
77%
43%
18%
I Trimestre
2,69
76%
56%
24%
76%
44%
24%
Fonte: BNA/DEE
A subcategoria “Bens Alimentares” da categoria “Bens” registou, neste período, uma contribuição de 1,03 p.p. representando
56% da contribuição da categoria bens, enquanto a subcategoria “Outros Bens” registou 0,81p.p. representando 44%.
Por último, relativamente à subcategoria de “Bens Alimentares Processados” destacou-se com uma contribuição
de 1,26 p.p. na inflação dos “Bens alimentares” representando 76% comparativamente aos 0,40 p.p. dos “Bens
Alimentares Não Processados” representando 24%.
Tabela 14 - Contribuição trimestral das categorias, subcategorias e grupos do IPC (classificação INE - BNA)
Total
Inflação
Bens
Serviços
Alimentares
Outros Bens
2013
Não processados
2014
Processados
I Trimestre
2,11
1,74
1,69
0,69
2,02
0,76
0,36
II Trimestre
2,11
1,69
1,53
0,74
1,71
0,83
0,42
III Trimestre
1,57
1,33
1,03
0,41
1,24
0,83
0,24
IV Trimestre
1,69
1,38
1,09
0,39
1,36
0,82
0,30
I Trimestre
1,76
1,33
1,03
0,40
1,26
0,81
0,43
Fonte: BNA/DEE
Em conclusão, de facto a classe de bens é a que mais justificou a variação descendente verificada no IPC no I trimestre
de 2014 face ao I trimestre de 2013, dada a sua elevada representatividade no IPC.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Índice de Preços no Grossista de Luanda
Conforme se pode observar graficamente, o índice de preços no grossista teve o registo de uma variação trimestral na
ordem dos 1,27%, no I trimestre de 2014, o que corresponde a uma evolução descendente de 1,15 p.p. comparativamente
ao mesmo trimestre do ano de 2013 e a um decréscimo na ordem dos 0,81 p.p. face ao trimestre anterior.
Gráfico 31 – Variação trimestral do IPG
3,00%
2,50%
2,42%
2,08%
1,86%
2,00%
1,56%
1,27%
1,50%
1,00%
0,50%
0,00%
I Trim. 2013
II Trim. 2013
III Trim. 2013
IV Trim. 2013
I Trim. 2014
Fonte: DEE-BNA/INE
Como pode ser observado na tabela abaixo, no I trimestre de 2014, a variação dos preços dos produtos Nacionais foi de
1,97%, superior à registada para os produtos importados em 0,89 p.p. e superior à verificada no IV trimestre do 2013 (1,69%).
Tabela 15 – Variação no IV Trimestre por secções dos Produtos Nacionais e Importados
IV Trim. 2013
I Trim. 2014
Seccção
Δ% Prod. Nacionais
Δ% Prod. Importados
Δ% Prod. Nacionais
Δ% Prod. Importados
Agric. Prod. Animal, Caça e Silvicultura
1,59%
2,20%
2,03%
1,69%
Pescas
1,32%
Indústria Transformadora
1,80%
2,18%
1,85%
1,06%
Total
1,69%
2,18%
1,97%
1,09%
2,95%
Fonte: DEE-BNA/INE
Por seu turno a secção do sector das Pescas foi a que registou uma maior variação, no que concerne aos produtos
nacionais, com 2,95%. A secção Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura foi a que revelou a variação mais
elevada, no que respeita aos preços nos produtos importados (1,69%).
Gráfico 32 – Variações mensais do IPC e do IPG
Fonte: DEE-BNA / INE
0,72
0,51
0,66
IPC
IPG
Mar/14
Fev/14
Jan/14
Dez/13
Nov/13
Out/13
Set/13
Ago/13
Jul/13
Jun/13
Mai/13
Abr/13
0,36
Mar/13
1,00
0,90
0,80
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
36
Em conclusão, teoricamente espera-se que o IPC varie de acordo com as variações do IPG em períodos anteriores,
ceteris paribus, e segundo a comparação da variação trimestral do IPC com a do IPG no gráfico acima apresentado,
verificou-se de facto a mesma tendência no início do I trimestre de 2014.
Previsão da Inflação
Graficamente seguem as perspectivas de evolução futura do nível de inflação para o II trimestre de 2014, e como se
pode observar, prevê-se uma inflação acumulada num intervalo de 1,37% a 1,98%, cuja previsão central situa-se em
1,68%. Este valor é inferior em 0,08p.p. face ao registado no período anterior, e 0,44 p.p. inferior ao observado no
período homólogo do ano passado (2,11%).
Gráfico 33 – Previsão da Inflação Acumulada
2,50%
1,98%
2,00%
1,50%
1,37%
1,00%
I Trim. 2013
II Trim. 2013
Limite Inferior
III Trim. 2013
IV Trim. 2013
Inflação Observada
I Trim. 2014
II Trim. 2014
(Previsão)
Limite Superior
Fonte: BNA/DEE
Para o nível de inflação homóloga prevê-se um intervalo de 6,54% a 7,18%, cuja previsão central corresponde a
6,86%, sendo inferior ao observado no período anterior em 0,46 p.p. (7,32%) e inferior ao seu período homólogo do ano
passado em 2,33 p.p. (9,19%).
Gráfico 34 – Previsão da Inflação Homóloga
11,00%
10,00%
9,00%
8,00%
7,18%
%
7,00%
6,54%
6,00%
I Trim. 2013
II Trim. 2013
Limite Inferior
Fonte: BNA/DEE
III Trim. 2013
IV Trim. 2013
Inflação Observada
I Trim. 2014
Limite Superior
II Trim. 2014
(Previsão)
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Os pressupostos que serviram de base para justificar a previsão da inflação foram os que se seguem:
a)
b)
c)
d)
e)
f)
Evolução da taxa de câmbio;
Programação Macro-Fiscal;
Efeito do IPG desfasado em quatro períodos, que possivelmente poderá vir a reflectir-se na variação do IPC de Janeiro;
Efeito Sazonal;
Entrada em vigor da nova pauta aduaneira;
Tendência assumida pela inflação.
Contudo, existem alguns riscos associados às previsões da inflação, propensos a influenciar a volatilidade em torno
dos limites definidos:
Riscos Externos:
I.
Valorização do preço de petróleo;
II.
Volatilidade da taxa de câmbio no trimestre, resultante de uma maior necessidade de divisas para liquidação das importações;
III.
O possível aumento de preço de algumas commodities alimentares e a pressão moderada e crescente dos
preços externos sobre os preços internos.
Riscos Internos:
I.
II.
III.
IV.
Provável expansão dos Meios de pagamentos e da Base Monetária em Moeda Nacional;
Factores estruturais relacionados com a cadeia de distribuição e importação de alimentos;
Pressões a nível do mercado cambial face à redução das RIL com potencial impacto sobre a taxa de câmbio.
Riscos climatéricos.
Políticas Macroeconómicas
Política Fiscal
A análise às políticas fiscais para o I Trimestre de 2014 será feita com base nos Balanços de Execução do Plano de
Caixa relativos a Janeiro, Fevereiro e Março de 2014, uma vez que, até ao momento, não foram disponibilizados dados
relativos ao Balanço da Execução da Programação Financeira do Tesouro, comumente analisada nos Relatórios de
Inflação trimestrais elaborados pelo BNA. Assim, a análise será feita com base nas taxas de execução obtidas nas
diversas rubricas fiscais.
Os principais pressupostos registaram um desempenho abaixo do esperado, sendo que a receita petrolífera incide nas
exportações de petróleo bruto de 144,01 milhões de barris (com uma taxa de execução de 87,67% face ao programado),
contra os 154,49 milhões de barris do trimestre precedente, com um preço médio de exportação do petróleo bruto de
USD 107,63/barril (com uma taxa de execução de 97,45%) e a taxa de câmbio média de Kz 97,67/USD.
38
Receitas
Tabela 16 - Receitas Previstas e Realizadas – Informação Preliminar
I Trim. 2013
IV Trim. 2013
I Trim. 2014 (PC)
(em Milhões de Kwanzas)
Prog.
Exec.
% Exec.
Prog.
Exec.
% Exec.
Prog.
Exec.
% Exec.
Receitas de Exercícios Anteriores
0,00
0,00
-
0,00
0,00
-
0,00
0,00
-
Saldos L. Acum. No Exerc. Anterior
0,00
148.065,68
-
149.190,75
0,00
0,00
352.486,35
215.188,83
61,05
153.659,34
35.071,79
22,82
910.544,20
204.855,16
22,50
180.272,14
89.868,57
49,85
Receitas do Exercício
1.014.062,11
936.083,69
92,31
1.067.939,22
980.635,42
91,83
1.026.667,08
686.966,40
66,91
Receitas Correntes
Desembolsos de Financiamentos
1.013.544,11
936.083,69
92,36
1.067.401,22
980.205,55
91,83
1.025.588,08
686.821,06
66,97
Petrolíferas
764.728,71
741.848,10
97,01
830.883,22
750.640,49
90,34
683.948,08
429.336,57
62,77
Não petrolíferas
248.815,40
194.235,59
78,06
236.518,00
229.565,06
97,06
341.640,00
257.484,50
75,37
12,78
Receitas de Capital
Receitas Consignadas
Total das Receitas
Total das Receitas Líquidas
518,00
0,00
0,00
538,00
429,87
79,90
1.468,00
187,61
169.578,55
299.807,88
176,80
226.647,06
17.220,87
7,60
160.249,74
8.916,65
5,56
1.167.721,46
1.119.221,16
95,85
2.127.674,17
1.185.490,58
55,72
1.559.425,57
992.023,80
63,61
998.142,91
819.413,28
82,09
1.901.027,11
1.168.269,71
61,45
1.399.175,83
983.107,15
70,26
Fonte: PFT e Balanço de Execução da PFT 2013, PC e Balanço de Execução do PC 2014 (Janeiro-Março)
O total das Receitas, que somou Kz 992.023,80 Milhões, apresentou uma taxa de execução de 63,61% face ao
programado (calculado em Kz 1.559.425,57 Milhões), incorporando Saldos livres acumulados no exercício anterior no
montante de Kz 215.188,83 Milhões, Desembolsos de Financiamentos num total de Kz 89.868,57 Milhões e Receitas
do Exercício de Kz 686.966,40 Milhões, cujas taxas de execução foram apuradas em 61,05%, 49,85% e 66,93%,
respectivamente.
Gráfico 35 - Receitas Totais
Milhões de Kz
2.500.000,00
2.000.000,00
1.500.000,00
1.000.000,00
500.000,00
I Trim. 2013
IV Trim. 2013
Receitas Programadas
I Trim. 2014
Receitas Executadas
Fonte: Balanço de Execução da PFT 2013 e Balanço de Execução do PC 2014 (Janeiro-Março)
Com a consignação de receitas no valor executado de Kz 8.916,65 Milhões (correspondendo a 5,56% do programado),
as Disponibilidades Líquidas somaram o valor de Kz 983.107,15 Milhões, contando com uma taxa de execução de
70,26% face ao programado.
A rubrica Desembolsos de Financiamentos corresponde na sua totalidade a Desembolso de financiamento interno,
mais especificamente Obrigações e Bilhetes do Tesouro, num montante de Kz 89.868,57 Milhões, não tendo assim sido
verificado qualquer Desembolso de Financiamento Externo, ao contrário do ocorrido em trimestres anteriores.
Tendo em conta os factores que levaram aos resultados apurados para o I Trimestre de 2014, a Receita do Exercício
ascendeu a Kz 686.966,40 Milhões, conforme indicado acima. Destes, 187,61 Milhões correspondem a Receitas
de Capital, cuja taxa de execução foi de 12,78%. Já as Receitas Correntes ascenderam as Kz 686.821,06 Milhões,
contando com uma taxa de execução de 66,97%. Em termos de Receitas Totais, conforme se pode verificar no gráfico
abaixo, as Receitas Correntes continuam a registar um peso esmagador de 99,98%.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Gráfico 36 - Estrutura das Receitas Totais
I Trim. 2014
99,98%
0,02%
IV Trim. 2013
99,96%
0,04%
I Trim. 2013
100,00%
0,00%
0,00%
10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%
Correntes
Capital
Fonte: Balanço de Execução da PFT 2013 e Balanço de Execução do PC 2014 (Janeiro-Março)
Apesar do crescimento do Sector Não petrolífero ser bem visível ao longo dos últimos anos, projectando-se para o
ano de 2014 um crescimento do PIB não petrolífero de 11,8%, o peso das Receitas Petrolíferas é ainda relevante,
receitas essas que equivalem, no trimestre em análise, a 62,51% do total das Receitas Correntes e a 62,50% das
Receitas do Exercício. As Receitas provenientes do Sector Petrolífero apresentam uma execução de 62,77% face ao
programado para o trimestre, ao passo que as Receitas Não petrolíferas conseguiram uma taxa de execução superior,
calculada em 75,37%. A reduzida colecta de receita petrolífera – Concessionária Nacional explica a relativamente
fraca taxa de execução se tivermos em linha de conta que a receita da Concessionária representa grande parte da
receita petrolífera total. Em Janeiro e Fevereiro esta rubrica teve uma fraca execução que depois foi compensada
em Março com a arrecadação de receitas superior ao programado para esse mês, no entanto não foi suficiente para
compensar as reduzidas taxas de execução dos dois meses anteriores. No trimestre em análise, 86,05% das Receitas
Não petrolíferas correspondem a Outros Impostos, que incorporam impostos sobre os rendimentos auferidos pelos
cidadãos e pelas empresas e pelo imposto sobre o consumo. Ainda sobre as Receitas Não petrolíferas, a receita
referente ao Comércio Externo executou em cerca de 77,47%, derivado fundamentalmente da redução nos impostos
com importação verificada nos primeiros meses do ano.
Gráfico 37 - Estrutura das Receitas Correntes
I Trim. 2014
IV Trim. 2013
I Trim. 2013
62,51%
37,49%
76,58%
23,42%
79,25%
20,75%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%
Petrolíferas
Fonte: Balanço de Execução da PFT 2013 e Balanço de Execução do PC 2014 (Janeiro-Março)
Não Petrolíferas
40
Despesas
Do lado da despesa, verificou-se no I trimestre de 2014 uma execução das Despesas Totais na ordem dos 73,46%, com um valor
executado de Kz 1.071.752,19 Milhões face ao valor programado de Kz 1.458.994,25 Milhões. Destes, Kz 226.059,65 Milhões
correspondem a Despesas do exercício anterior, Kz 185.149,09 Milhões correspondem a Despesas do Período Anterior e Kz
660.543,46 Milhões a Despesas do Período. A taxa de execução das Despesas Totais superou as taxas de execução obtidas
no trimestre anterior e no trimestre homólogo de 2013, calculadas nos valores de 54,81% e 68,63%, respectivamente.
Já as Despesas do Período alcançaram um nível de execução de 57,98% face ao programado, sendo que a taxa de
execução no I trimestre de 2014 esteve em linha de conta com as taxas de execução do mesmo período de 2013 e com
o trimestre anterior, onde as mesmas foram de 61,40% e 56,77%, respectivamente. A Tabela 17 apresenta uma síntese
dos principais resultados em termos de programação e execução das Despesas.
Tabela 17 - Despesas Previstas e Realizadas
(em Milhões de Kwanzas)
I Trim. 2013
Prog.
Despesas do Período Anterior
IV Trim. 2013
Exec.
% Exec.
Prog.
I Trim. 2014
Exec.
% Exec.
Prog.
Exec.
% Exec.
0,00
0,00
0,00
78.467,75
0,00
-
0,00
185.149,09
-
1.164.813,84
715.160,09
61,40
2.195.189,90
1.246.123,84
56,77
1.139.326,04
660.543,46
57,98
Despesas Correntes
738.378,95
468.823,76
63,49
932.712,72
768.862,88
82,43
613.180,77
477.554,21
77,88
Despesas de Capital
330.968,26
132.159,96
39,93
770.431,50
239.954,36
31,15
321.705,29
62.503,36
19,43
95.466,63
114.176,37
119,60
492.045,68
237.306,60
48,23
204.439,98
120.485,88
58,93
68,63
54,81
73,46
Despesas do Período
Serviço da Dívida
1.042.009,21
715.160,09
2.273.657,65
1.246.123,84
1.458.994,25
1.071.752,19
Saldo do Exercício
Total das Despesas
-44.200,96
104.253,19
-372.630,54
-77.854,13
-59.818,42
-88.645,04
Cobertura do Défice do Período
44.200,95
43.812,49
304.612,26
152.797,61
98.427,27
89.868,57
Fonte: PFT e Balanço de Execução da PFT 2013, PC e Balanço de Execução do PC 2014 (Janeiro-Março)
O Gráfico seguinte apresenta a composição das Despesas Totais. Pelo que se pode verificar, a componente que no I
trimestre de 2014 mais contribuiu no total das despesas foi a relativa às Despesas Correntes que, aliás, registou uma
taxa de execução de 77,88%. As Despesas de Capital, por sua vez, representam cerca de 9,46% do total das despesas,
peso que foi ultrapassado pelos 18,24% referentes ao Serviço da Dívida. Apesar do montante programado ter sido
superior no caso da primeira, a taxa de execução das Despesas de Capital foi de 19,43%, enquanto que no caso do
Serviço da Dívida foi de 58,93%.
Gráfico 38 - Estrutura das Despesas Totais
16%
18%
19%
10%
18%
19%
66%
I Trim. 2013
62%
IV Trim. 2013
Fonte: Balanço de Execução da PFT 2013 e Balanço de Execução do PC 2014 (Janeiro-Março)
Despesas Correntes
Despesas de Capital
72%
I Trim. 2014
Serviço da Dívida
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
O peso do Serviço da Dívida nas Despesas Totais manteve-se praticamente constante no I trimestre de 2014 em relação ao
trimestre homólogo de 2013 e ao trimestre anterior, conforme é visível no gráfico acima. A componente de Juros, especificamente
Juros da Dívida Interna, obteve uma performance positiva, ao somar uma taxa de execução de 62,86% face ao programado,
mas foi na rubrica de Juros da Dívida Externa que se verificou uma taxa de execução mais elevada, calculada de 90,11%. No
total, foram pagos Juros num montante de Kz 13.165,15 Milhões. Já a rubrica Amortizações da Dívida Interna, registou uma
taxa de execução pouco acima dos 50%, enquanto que as Despesas com Amortizações da Dívida Externa registaram uma taxa
de execução de 81,59%.
A execução da despesa esteve concentrada nas Despesas Correntes (num total de Kz 477.554,21 Milhões), tal como mostra o
gráfico abaixo. Mais especificamente, as rubricas com maior peso no Total das Despesas Correntes foram as Despesas com
Pessoal, num valor absoluto de Kz 274.131,88 Milhões, e as Despesas em Bens e Serviços, com um valor de Kz 148.156,66
Milhões. As suas taxas de execução foram de 99,11% e 60,25%, respectivamente. Em conjunto, estas duas rubricas absorveram
88,43% do total das Despesas Correntes.
Gráfico 39 - Estrutura das Despesas Correntes
I Trim. 2013
IV Trim. 2013
Executado
Programado
Executado
Programado
Executado
Subsídios
Programado
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Transferências
Correntes
Despesas em Bens e
Serviços
Despesas com Pessoal
I Trim. 2014
Fonte: Balanço de Execução da PFT 2013 e Balanço de Execução do PC 2014 (Janeiro-Março)
As Despesas de Capital, conforme já verificado, registaram contracções razoáveis tanto a nível homólogo como a
nível trimestral. No trimestre em análise, esta rubrica registou uma taxa de execução bastante reduzida, calculada em
19,43%, tendo executado um valor absoluto de Kz 62.503,36 Milhões face ao programado de Kz 321.705,29 Milhões. A
rubrica que mais contribuiu para esta taxa de execução foi Outras Despesas de Capital, que executou em cerca de Kz
36.550,88 Milhões a uma taxa de 71,76% face ao programado. A rubrica Investimentos Públicos, conforme se verá em
detalhe mais adiante, apresentou uma taxa de execução de 11,40%, para um valor executado de Kz 25.952,47 Milhões
face ao programado de Kz 227.645,54 Milhões. 42
Gráfico 40 - Estrutura das Despesas de Capital
120,00%
100,00%
80,00%
60,00%
Outras Despesas de Capital
Investimentos Públicos
I Trim. 2013
Programado
Programado
IV Trim. 2013
Executado
0,00%
Executado
Transferência de Capital
Executado
Aplicações em Activos Financeiros
20,00%
Programado
40,00%
I Trim. 2014
Fonte: Balanço de Execução da PFT 2013 e Balanço de Execução do PC 2014 (Janeiro-Março)
De todas as rúbricas que constituem as Despesas, as referentes aos Investimentos Públicos foram das que menor taxa
de execução registaram no I Trimestre de 2014. Especificamente, o PIP Sectorial registou uma taxa de execução de
apenas 3,20% face ao programado e o PIP Provincial 32,96%.
Gráfico 41 – Programa de Investimento Público
600.000,00
500.000,00
Milhões de Kz
400.000,00
300.000,00
200.000,00
100.000,00
-
Programado
Executado
I Trim. 2013
Programado
Executado
Programado
IV Trim. 2013
PIP Sectorial
PIP Provincial
Executado
I Trim. 2014
Total
Fonte: Balanço de Execução da PFT 2013 e Balanço de Execução do PC 2014 (Janeiro-Março)
Saldos Fiscais e Financiamento
O Saldo do Exercício para o I Trimestre de 2014 apresenta-se deficitário em Kz 88.645,04 Milhões. Este Saldo deficitário
ficou muito acima do programado, que era de Kz 59.818,42 Milhões. Este défice deve-se à fraca execução em termos
de receitas que esteve muito abaixo dos padrões previsionais, e que foi superada pela execução das despesas totais.
Relativamente ao Saldo Corrente, verificou-se um superavit de Kz 209.266,85 Milhões no I trimestre de 2014, com uma
variação positiva de 13,81% face ao trimestre anterior.
Já no caso do Saldo Primário Não petrolífero, verifica-se que entre o IV trimestre de 2013 e o I trimestre de 2014 esta
rubrica registou um ligeiro aumento, continuando deficitário em Kz 503.644,52 Milhões no trimestre em análise.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Gráfico 42 - Saldos Fiscais Realizados
600.000,00
Milhões de Kz
400.000,00
200.000,00
-
I Trim. 2013
IV Trim. 2013
I Trim. 2014
(200.000,00)
(400.000,00)
(600.000,00)
Saldo do Exercício
Saldo Corrente
Saldo Primário não petrolífero
Fonte: Balanço de Execução da PFT 2013 e Balanço de Execução do PC 2014 (Janeiro-Março)
A cobertura do Défice do Período avaliado em Kz -88.645,04 Milhões foi assegurada através da emissão de Bilhetes do
Tesouro como antecipação de receita na ordem dos Kz 89.868,57 Milhões.
Gráfico 43 - Necessidade de Financiamento Interno do Tesouro
140.000,00
Milhões de Kz
120.000,00
100.000,00
80.000,00
60.000,00
40.000,00
20.000,00
-
I Trim. 2013
IV Trim. 2013
Antecipação de Receitas (Emissão BT)
I Trim. 2014
Desmobilização de Recursos Anteriores e Consignados
Fonte: Balanço de Execução da PFT 2013 e Balanço de Execução do PC 2014 (Janeiro-Março)
No I trimestre de 2014, o Crédito Líquido ao Governo Central (CLGC) sofreu uma expansão comparativamente ao trimestre
anterior em 30,66% e comparativamente ao período homólogo em 63,66%. Este comportamento de expansão do CLGC
vem no seguimento da diminuição verificada nos Depósitos do Governo no BNA, conforme demonstra o gráfico abaixo.
Milhões de Kz
Gráfico 44 - Crédito Liquido ao Governo Central (CLGC)
3.000.000,00
2.500.000,00
2.000.000,00
1.500.000,00
1.000.000,00
500.000,00
0,00
-500.000,00
-1.000.000,00
-1.500.000,00
I Trim. 2013
CLGC
Fonte: Contas Monetárias 2013-2014
IV Trim. 2013
Crédito ao Governo Geral
I Trim. 2014
Depósitos
44
Política Monetária
As operações de política fiscal e de política monetária apresentaram no I trimestre do ano um efeito líquido conjunto
negativo sobre a liquidez de Kz 9.472,69 milhões, o que corresponde a uma contracção de 109,24% relativamente aos
Kz 102.469,54 milhões do IV trimestre de 2013. No trimestre homólogo de 2013 o efeito líquido conjunto das operações
de política monetária e fiscal foi de Kz 71.852,00 milhões.
O efeito líquido contraccionista dessas operações, deveu-se ao efeito líquido negativo das operações de política
monetária, uma vez que o efeito líquido das operações de política fiscal foi expansionista. Assim, a contracção das
operações de política monetária compensou a expansão na líquidez provocada pelas operações de Política Fiscal, o que
terá contribuído para a estabilidade e controlo da Base Monetária.
Gráfico 45 - Efeito Líquido conjunto das Operações Fiscais e Operações Monetárias
150.000
100.000
I Trim 2014
IV Trim 2013
III Trim 2013
-50.000
II Trim 2013
0
I Trim 2013
Kz Milhões
50.000
-100.000
-150.000
Efeito Líquido da Ops. Fiscais
Efeito Líquido da Ops. Monetárias
Efeito Líquido Conjunto
Fonte: DMA&DES/BNA
O impacto contraccionista das operações de política monetária sobre a liquidez foi de Kz 107.675,00 milhões, ao
contrário do que ocorreu no IV trimestre de 2013, no qual se registou uma expansão de Kz 14.129,00 milhões. No
trimestre homólogo de 2012 as operações de política monetária apresentaram um impacto expansionista sobre a
liquidez de Kz 15.829,00 milhões.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Gráfico 46 - Efeito líquidos trimestral das Operações Monetárias
40.000
20.987
15.829
20.000
14.129
0
Kz Milhões
-20.000
-40.000
-50.987
-60.000
-80.000
-100.000
IV Trim 2013
III Trim 2013
II Trim 2013
I Trim 2013
I Trim 2014
-107.675
-120.000
Fonte: DMA&DES/BNA
Gráfico 47 – Efeito líquido Mensal das Operações Monetárias
100.000
I Trim 2014
IV Trim 2013
III Trim 2013
-50.000
II Trim 2013
0
I Trim 2013
Kz Milhões
50.000
-100.000
-150.000
Operações Monetárias BNA
Variação das Reservas Obrigatórias
Outras Operações
Efeito Líquido da Política Monetária
Fonte: DMA&DES/BNA
O efeito contraccionista das operações monetárias foi fundado no seguinte: (i) efeito líquido contraccionistas das
facilidades permanentes de cedência e absorção de liquidez em Kz – 138.658,00 milhões (ii) efeito contraccionista das
operações de mercado aberto em Kz -1.436,00 milhões, e (iii) efeito contraccionista das operações de mercado primário
(TBC) em Kz 9.300,00 milhões.
46
Gráfico 48 – Operações de Política Monetária realizadas pelo BNA
100.000
Kz Milhões
50.000
0
I Trimestre
2013
-50.000
II Trimestre
2013
III Trimestre
2013
IV Trimestre
2013
I Trimestre
2014
-100.000
-150.000
Mercado Primário
Mercado Aberto
Facilidades Permanentes de Liquidez
Fonte: DMA&DES/BNA
No concernente às operações fiscais, o seu efeito sobre a liquidez foi expansionista em Kz 98.202,00 milhões,
provocado pelo levantamento de Kz 905.601,00 milhões da Conta Única do Tesouro (CUT), contra os Kz 807.399,00
milhões esterilizados para fins de execução do OGE. A esterilização para fins de execução do OGE incidiu sobre a
arrecadação de impostos não petroliferos no montante de Kz 253.249,00 milhões, emissão de títulos do tesouro no
montante de Kz 177.362,00 milhões, leilões de divisas no montante de Kz 367.018,00 milhões, regularizações no
montante de kz 9.754,00 milhões e outras receitas no montante de Kz 15,00 milhões.
Gráfico 49 - Operações de Política Fiscal
150.000
107.215
88.340
Kz Milhões
100.000
98.202
50.000
0
-11.397
I Trim 2014
IV Trim 2013
III Trim 2013
-87.681
I Trim 2013
-100.000
II Trim 2013
-50.000
Fonte: DMA&DES/BNA
Foram emitidos Bilhetes do Tesouro ao longo do I trimestre com taxas de juro nas maturidades de 182 dias e 364
dias, mais baixas que no período anterior, de 4,06% e 5,07%, respectivamente, enquanto paraa maturidade de 91 dias
registou-se um aumento face às emissões do IV trimestre, para os 3,82%.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Tabela 18 - Evolução das taxas de juro dos títulos públicos
Meses
TBC 28 DIAS
TBC 63 DIAS
BT 91 DIAS
BT 182 DIAS
BT 364 DIAS
I Trim 2013
7,25
3,62
3,35
3,57
4,16
II Trim 2013
7,25
3,62
3,00
4,31
5,96
III Trim 2013
7,25
3,62
2,46
2,94
3,97
IV Trim 2013
7,25
3,97
3,64
4,60
5,75
I Trim 2014
7,25
3,97
3,82
4,06
5,07
Fonte:DMA & DES/BNA
A actuação coordenada dos decisores de política fiscal e monetária permitiu que as suas decisões tivessem um efeito
neutro sobre a base monetária, não apresentando riscos de um crescimento excessivo, o que teria consequências
negativas para o controlo e desaceleração da taxa de inflação.
Reservas Livres e Mercado Monetário Interbancário
No I trimestre de 2014, ocorreu uma expansão da liquidez das instituições bancárias de 75,51%, passando o seu stock para Kz 73.141,48
milhões. A redução do coeficiente de reservas obrigatórias no início do III trimestre de 2013 foi propícia à expansão das reservas livres o
que poderá permitir aos bancos comerciais expandir o crédito e consequentemente a oferta monetária.
Gráfico 50 - Evolução das Reservas Livres (Média Semanal)
90.000
80.000
Kz Milhões
70.000
60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
I Trim 2013
Mar/14
Fev/14
Jan/14
Dez/13
Nov/13
Out/13
Mar/13
Fev/13
0
Jan/13
10.000
IV Trim 2013
I Trim 2014
Reservas Livres (Média Semanal)
Fonte: DES/BNA
O aumento da liquidez das instituições bancárias é acompanhado pelo aumento da procura por depósitos overnight, o
que pode consequentemente responder parcialmente pela expansão monetária observada no período.
Gráfico 51 – Evolução das reservas Livres e Depósitos Overnight
300.000
Kz Milhões
250.000
200.000
150.000
100.000
I Trim 2013
Fonte: DES/BNA
IV Trim 2013
R.L(Média Semanal)+Depósito Overnight
Reservas Livres (Média Semanal)
Mar/14
Fev/14
Jan/14
Dez/13
Nov/13
Out/13
Mar/13
Fev/13
0
Jan/13
50.000
I Trim 2014
48
O aumento da procura por depósitos overnight acima frisado tem contribuído para a redução gradual da taxa Luibor
overnight ao longo do I trimestre. No final de Março a taxa era de 3,15%, enquanto no início do ano era 4,71% (-1,56
p.p.) No período homólogo de 2013, a taxa Luibor overnight foi de 6,16%.
I Trim 2013
Fonte: DES/BNA
II Trim 2013
III Trim 2013
LUIBOR 1 MÊS
LUIBOR 3 MESES
LUIBOR 9 MESES
LUIBOR 12 MESES
IV Trim 2013
Mar/14
Fev/14
Jan/14
Dez/13
Nov/13
Out/13
Set/13
Ago/13
Jul/13
Jun/13
Mai/13
Abr/13
Mar/13
Jan/13
11,00%
10,50%
10,00%
9,50%
9,00%
8,50%
8,00%
7,50%
7,00%
6,50%
6,00%
Fev/13
Gráfico 52 – Evolução da Luibor Overnight
I Trim 2014
LUIBOR 6 MESES
No final do I trimestre, as taxas Luibor para as maturidades de 1, 3, 6, 9 e 12 meses registaram igualmente reduções,
passando de 6,99%, 7,50%, 8,12%, 8,82%, 9,34% em Dezembro de 2013, para 6,80%, 7,46%, 8,06%, 8,78%, 9,51%,
respectivamente. A evolução da taxa Luibor acompanha a tendência decrescente apresentada pela taxa de referência
do BNA e consecutivamente da taxa de inflação, que apresenta um comportamento decrescente há alguns trimestres,
influenciando de forma positiva as taxas de juro de mercado.
Gráfico 53 – Evolução da Luibor
7,00%
3,57%
3,15%
Mar/14
5,20%
Nov/13
2,00%
Fev/14
5,37%
Out/13
4,15%
5,52%
Set/13
4,71%
5,51%
5,94%
Jul/13
Ago/13
6,13%
Jun/13
6,14%
Mai/13
3,00%
6,17%
6,16%
4,00%
Abr/13
6,16%
5,00%
6,20%
6,00%
I Trim 2013
II Trim 2013
III Trim 2013
IV Trim 2013
Jan/14
Dez/13
Fev/13
Jan/13
0,00%
Mar/13
1,00%
I Trim 2014
Fonte: DES/BNA
Base Monetária
No I trimestre de 2014, a Base Monetária Ampla situou-se nos Kz 1.030.923,74 milhões e a Base Monetária em Moeda Nacional
(MN) nos Kz 755.068,61 milhões, o que representa uma diminuição de 11,15% e 11,21%, relativamente ao último trimestre de 2013.
A contracção da Base Monetária MN (Kz -95.340,00 milhões) é justificada pelo efeito líquido expansionista das operações
fiscais, Kz 98.202,00 milhões, pelas operações monetárias do BNA, Kz -130.794,00 milhões e pelas operações de
pagamentos/recebimentos e outras contas que apresentaram um efeito líquido conjunto de Kz -62.748,00 milhões.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
O comportamento apresentado no I trimestre de 2014 é contrário ao verificado no IV trimestre de 2013, onde ocorreu uma
expansão tanto da Base Monetária Ampla de 14,79% como em Moeda Nacional de 19,32%. Esta expansão deveu-se ao
aumento da execução fiscal no final do ano assim como às operações de política monetária.
Gráfico 54 – Comportamento da Base Monetária em 2013
1.400.000
1.200.000
Kz Milhõea
1.000.000
800.000
600.000
400.000
200.000
000
BM Ampla
BM (MN)
Reserva Bancária MN
Reserva Bancária ME
Fonte: DES/BNA
A contracção da Base Monetária Ampla fez-se reflectir na contracção dos Depósitos Bancários ME em 10,97%.
Por outro lado, a contracção da Base Monetária MN no I trimestre do ano fez-se reflectir na diminuição de 25,28% das
Notas e Moedas em Circulação enquanto os Depósitos Bancários apresentaram um crescimento de 1,90%.
Tabela 19 – Comportamento da Base Monetária
I Trim 13
II Trim 13
III Trim 13
IV Trim 13
I Trim 14
BM Ampla
-6,92%
4,84%
2,87%
14,79%
-11,15%
BM (MN)
-11,35%
6,50%
3,80%
19,32%
-11,21%
Depósitos Bancários MN
-7,79%
8,74%
-2,32%
14,75%
1,90%
N.Moedas em Circulação
-15,49%
3,65%
11,98%
24,64%
-25,28%
Depósitos Bancários ME
4,60%
1,17%
0,71%
3,98%
-10,97%
Fonte: DES / BNA
Os Activos Externos Líquidos (AEL) e os Activos Internos Líquidos (AIL), que constituem a contraparte da Reserva
Monetária, justificam a contracção desta no I trimestre do ano. Os AEL variaram -0,40% enquanto os AIL variaram
6,72%. No final do I trimestre de 2014 os AEL eram Kz 3.084.795,22 milhões e os AIL de Kz 2.053.064,62 milhões. A
contracção dos AEL no I trimestre em análise deveu-se a diminuição da Reservas internacionias Líquidas em 0,40%
e dos Outros Activos Externos Líquidos em 0,39%. A expansão dos AIL foi provocada pelo crescimento de 5,20% do
Crédito Interno Líquido e 27,25% dos Outros Activos Líquidos. O crescimento do Crédito Interno Líquido reflecte o
aumento de 4,75% do crédito à economia e a diminuição de 5,20% do crédito ao governo geral.
50
AEL
AIL
Kz Milhões
900 000,00
800 000,00
700 000,00
600 000,00
500 000,00
400 000,00
300 000,00
200 000,00
100 000,00
0,00
jan/14
out/13
jul/13
abr/13
4000000
3500000
3000000
2500000
2000000
1500000
1000000
500000
0
jan/13
Kz Milhões
Gráfico 55 - Evolução das Contrapartes da Base Montária
BMMN(Eixo à direita)
Fonte: DES / BNA
Depósitos do Sistema Bancário
No I trimestre de 2014, os depósitos bancários do sistema financeiro Angolano seguiram a tendência expansionista
verificada dos trimestres anteriores tendo crescido 5,10%, atingindo um stock de Kz 4.312.430,83 milhões.
Gráfico 56 – Evolução dos Depósitos Totais
5.000.000,00
4.500.000,00
4.000.000,00
Kz Milhões
3.500.000,00
3.000.000,00
2.500.000,00
2.000.000,00
1.500.000,00
1.000.000,00
500.000,00
0,00
I Trim 2013
II Trim 2013
Dep. Total MN
III Trim 2013
Dep. Total ME
IV Trim 2013
I Trim 2014
Dep. Total (MN+ME)
Fonte: DES/BNA
No I trimestre continuou a verificar-se a contracção dos depósitos em moeda estrangeira, com uma queda trimestral
de 1,45% atingindo um stock de Kz 1.716.378,48 milhões e a expansão dos depósitos em moeda nacional, que
apresentaram um crescimento de 9,92%, cujo stock passou a ser de Kz 2.596.052,35 milhões. Os depósitos em
moeda nacional representam 60,20% dos depósitos totais enquanto os depósitos em moeda estrangeira representam
39,80. No trimestre homólogo, os depósitos em moeda nacional apresentaram uma expansão de 2,29%, enquanto os
depósitos em moeda estrangeira apresentaram um comportamento contraccionista de 0,39%.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Gráfico 57 – Evolução dos Depósitos por Moeda
5.000.000,00
70,00%
4.500.000,00
4.000.000,00
51,65%
45,92%
48,35%
3.000.000,00
47,04%
57,56%
42,44%
60,00%
50,00%
39,80%
40,00%
2.500.000,00
30,00%
2.000.000,00
1.500.000,00
20,00%
1.000.000,00
10,00%
500.000,00
0,00
I Trim 2013
II Trim 2013
Depósitos em MN
III Trim 2013
Depósitos em ME
IV Trim 2013
% Depósitos MN
I Trim 2014
% Depósitos ME
Fonte: DES /BNA
Relativamente à maturidade dos depósitos, verifica-se que os depósitos à ordem aumentaram 9,44% para um stock de
Kz 2.515.146,52 milhões e os depósitos a prazo diminuíram 0,43% reflectindo-se num stock de Kz 1.797.284,31 milhões.
Gráfico 58 – Evolução trimestral dos Depósitos à Ordem e dos Depósitos a Prazo
5.000.000,00
4.500.000,00
1.797.284,31
4.000.000,00
1.805.127,03
1.604.070,89
3.500.000,00
1.671.759,15
1.590.375,96
Kz Milhões
Kz Milhões
3.500.000,00
54,08%
52,96%
60,20%
3.000.000,00
2.500.000,00
0,38%
0,86%
4,22%
7,98%
-0,43%
2.515.146,52
2.000.000,00
2.186.062,91
2.185.657,76
2.298.227,16
1.908.851,55
1.500.000,00
9,44%
1.000.000,00
-3,12%
14,52%
-0,02%
5,15%
500.000,00
0,00
Fonte: DES /BNA
I Trim 2013
II Trim 2013
Dep. à Ordem (MN+ME)
III Trim 2013
IV Trim 2013
I Trim 2014
Dep. a Prazo (MN+ME)
A expansão trimestral dos depósitos à ordem deveu-se ao crescimento de 10,87% dos depósitos à ordem em moeda
nacional e de 6,92% dos depósitos à ordem em moeda estrangeira. Já a contracção dos depósitos a prazo foi
impulsionada pela contracção de 9,17% dos depósitos em moeda estrangeira, uma vez que os depósitos em moeda
nacional cresceram em 8,38%.
0,00%
52
O comportamento verificado nos últimos trimestres vem confirmar a tendência de desdolarização da economia
angolana. Com a entrada em vigor, no dia 1 de Julho, da lei cambial sobre o sector petrolífero ocorreu um crescimento
dos depósitos em moeda nacional e uma diminuição dos depósitos em moeda estrangeira. Assim, o dólar americano
vem diminuindo a sua importância na economia angolana, sendo gradualmente substituído pelo Kwanza.
Crédito à Economia
No I trimestre do ano o crédito à economia cresceu 2,97% para o montante de Kz 3.014.553,79 milhões. Este crescimento
é resultante da expansão de 4,32% do crédito concedido em moeda nacional e da contracção de 0,64% verificada na
concessão de crédito em moeda estrangeira.
Gráfico 59 – Crédito em MN e ME
3.500.000,00
3.000.000,00
2.000.000,00
I Trim 2013
II Trim 2013
Crédito à Economia em MN
III Trim 2013
IV Trim 2013
Crédito à Economia em ME
1.082.990,19
1.931.563,60
1.076.056,54
1.851.586,05
1.130.265,43
0,00
1.685.723,11
500.000,00
1.120.840,78
1.573.978,25
1.000.000,00
1.632.079,63
1.500.000,00
1.101.236,00
Kz Milhões
2.500.000,00
I Trim 2014
Crédito à Economia
Fonte: DES /BNA
No período homólogo de 2013 o crédito à economia cresceu 0,41%. Este crescimento resultou da expansão de 4,44%
do crédito concedido em moeda nacional e da contracção de 4,84% do crédito concedido em moeda estrangeira.
Tabela 20 – Variação do Crédito à Economia por Moedas
I Trim 2013
II Trim 2013
III Trim 2013
IV Trim 2013
I Trim 2014
Crédito à Economia
0,41%
2,90%
2,29%
3,97%
2,97%
Crédito à Economia em MN
4,44%
3,69%
3,29%
9,84%
4,32%
Crédito à Economia em ME
-4,84%
1,78%
0,84%
-4,80%
0,64%
Fonte: DES/BNA
A concessão de crédito verificada no I trimestre de 2014 está de acordo com a tendência verificada nos trimestres
anteriores, na qual existe um crescimento do crédito concedido em moeda nacional superior ao crescimento do crédito
concedido em moeda estrangeira.
No I trimestre de 2014, 64,07% do crédito foi concedido em moeda nacional, enquanto 35,93% do crédito foi concedido
em moeda estrangeira. No trimestre anterior o crédito concedido à economia em moeda nacional era de 63,24%
enquanto o crédito concedido em moeda estrangeira era de 36,76%.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Tabela 21 – Peso do Crédito à Economia por Moedas
I Trim 2013
II Trim 2013
III Trim 2013
IV Trim 2013
I Trim 2014
Crédito à Economia
100,00%
100,00%
100,00%
100,00%
100,00%
Crédito à Economia em MN
58,84%
59,29%
59,86%
63,24%
64,07%
Crédito à Economia em ME
41,16%
40,71%
40,14%
36,76%
35,93%
Fonte: DES/BNA
A expansão trimestral do crédito à economia resulta dos crescimentos de 16,37% do crédito concedido às outras actividades,
10,09% do crédito concedido ao sector dos transportes, armazenagem e comunicações, 4,06% do sector das Outras
Actividades de Serviços Colectivos, Sociais e Pessoais, 3,64% das indústrias transformadores, 2,94% d sector da construção,
1,83% particulares e 1,36% do sector do comércio por grosso e a retalho.
O sector da indústria extractiva foi o que apresentou maior contracção, com uma variação trimestral de -8,51%, seguido do
sector das actividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas que registou uma variaçãotrimestral de -2,60%.
Tabela 22 – Taxa de Crescimento do Crédito por Sector de Actividade
I Trim 2013
II Trim 2013
III Trim 2013
IV Trim 2013
I Trim 2014
Outras Activ.de Serv. Colect., Sociais e Pessoais
20,10
-1,49
10,55
1,30
4,06
Particulares
-0,96
1,27
4,62
11,07
1,83
Comércio por Grosso e a Retalho
-6,85
6,82
3,14
7,60
1,36
Activ. Imob.,Alugueres e Serv.Prest. as Empresas
-3,85
-8,91
8,25
18,83
-2,60
Construção
-4,68
9,99
-0,84
3,30
2,94
Indústrias Transformadoras
-24,17
1,43
24,57
4,55
3,64
Transportes, Armazenagem e Comunicações
-1,65
17,88
-12,09
9,05
10,09
Indústria Extrativa
-19,90
11,83
12,79
-14,67
-8,51
Outros
17,34
7,26
-26,56
-18,16
16,37
Total
0,41
2,90
2,29
3,97
2,97
Fonte: DES/BNA
Os sectores que apresentaram um maior volume de crédito concedido são as Outras Actividades de Serviços Colectivos,
Sociais e Pessoais com o montante de Kz 664.516,39 milhões, o sector particular com o montante de Kz 574.271,88
milhões, o comércio por grosso e a retalho no montante de Kz 505.586,61 milhões, o sector das Actividades imobiliárias,
alugueres e serviços prestados por empresas, cujo montante de financiamento ascendeu aos Kz 313.245,35 milhões e
por último o sector da construção com o montante de Kz 296.914,68 milhões.
Tabela 23 – Valor do Crédito por Sector de Actividade (Kz Milhões)
Fonte: DES/BNA
I Trim 2013
II Trim 2013
III Trim 2013
IV Trim 2013
I Trim 2014
Outras Activ.de Serv. Colect., Sociais e Pessoais
578818,62
570175,80
630350,70
638561,21
664516,39
Particulares
479188,79
485272,36
507714,18
563941,82
574271,88
Comércio por Grosso e a Retalho
420732,48
449433,65
463549,25
498798,87
505586,61
Activ. Imob.,Alugueres e Serv.Prest. as Empresas
274463,78
250016,25
270634,66
321595,04
313245,35
Construção
256010,72
281593,75
279236,29
288442,67
296914,68
Indústrias Transformadoras
167101,38
169487,89
211126,21
220730,19
228758,17
Transportes, Armazenagem e Comunicações
73023,41
86076,40
75672,77
82518,88
90845,52
Indústria Extrativa
89144,70
99693,22
112442,89
95952,69
87784,47
Outros
336730,38
361171,09
265261,59
217101,22
252630,71
Total
2675214,25
2752920,41
2815988,54
2927642,59
3014553,79
54
No I trimestre de 2014 não ocorreram alterações significativas na concentração de crédito por sectores, mantendo-se
os financiamentos concedidos pelos bancos comerciais concentrados nos sectores dos serviços e da construção. Os
sectores industriais apresentam uma reduzida concentração de crédito.
No I trimestre de 2014 as taxas de juro activas para o sector público empresarial em moeda nacional seguiram a
tendência verificada no trimestre anterior. No mesmo período, , a taxa praticada para os financiamentos até 180 dias
foi de 15,51%, apresentando-se como a mais elevada, a taxa para a maturidade de 181 dias a 1 ano em moeda nacional
foi de 13,88%, enquanto a taxa para os financiamentos superiores a um ano foi de 12,90%.
Gráfico 60 – Evolução Mensal das Taxas de juro activas MN – SPE
16,50
16,00
15,50
(%)
15,00
14,50
14,00
13,50
13,00
Até 180 dias MN
De 181 dias a 1 ano MN
I Trim 2014
IV Trim 2013
III Trim 2013
I Trim 2013
12,00
II Trim 2013
12,50
Mais de 1 ano MN
Fonte: DES/BNA
Comparativamente ao IV trimestre do ano, verifica-se que ocorreu um aumento da taxa para os financiamentos com maturidade
de até 180 dias e uma diminuição da taxa para os financiamentos com maturidades superiores a um ano. Relativamente aos
financiamentos concedidos no prazo de 181 dias a 1 ano a taxa manteve-se estável face ao trimestre anterior.
No período homólogo de 2013 as taxas activas aplicadas foram de 15,86% para as maturidades até 180 dias, 14,52%
para as maturidades de 181 dias a 1 ano e 15,85% para os financiamentos com maturidade superiores a um ano.
Relativamente às taxas aplicadas aos financiamentos do sector particular em moeda nacional no I trimestre de 2014,
ocorreu uma alteração da tendência das diversas maturidades. A taxa praticada nos financiamentos até 180 dias em
MN foi de 15,32%, apresentando-se como a mais elevada. A taxa para a maturidade de 181 dias a 1 ano em MN foi
de 12,70%, enquanto a taxa para os financiamentos superiores a um ano foi de 12,43%.
No período homólogo de 2013 as taxas activas aplicadas foram de 16,89% para as maturidades até 180 dias, 12,43%
para as maturidades de 181 dias a 1 ano e 14,21% para os financiamentos com maturidade superiores a um ano.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Gráfico 61 – Evolução Mensal das Taxas de juro activas MN - Particular
18,00
17,00
16,00
(%)
15,00
14,00
13,00
12,00
Até 180 dias MN
I Trim 2014
IV Trim 2013
III Trim 2013
II Trim 2013
10,00
I Trim 2013
11,00
De 181 dias a 1 ano MN
Mais de 1 ano MN
Fonte: DES/BNA
O aumento superior dos depósitos relativamente ao crédito provocou uma queda da taxa de transformação. A taxa de
transformação no I trimestre de 2014 situou-se nos 69,90%, apresentando um declínio relativamente ao IV trimestre
de 2013 que foi de 71,35%. No período homólogo de 2013 a taxa de transformação foi de 76,45%.
Gráfico 62 – Taxa de transformação
81,00
5.000.000,00
4.500.000,00
76,45
76,00
72,63
3.500.000,00
73,00
71,00
Kz Milhões
3.000.000,00
71,35
2.500.000,00
69,90
2.000.000,00
66,00
1.500.000,00
1.000.000,00
61,00
500.000,00
0,00
I Trim 2013
II Trim 2013
Crédito à Economia
III Trim 2013
Depósitos
IV Trim 2013
I Trim 2014
56,00
Rácio de Transformação (CE/D)
Fonte: DES/BNA
O comportamento verificado no último trimestre está em linha com o verificado nos últimos 12 meses. A diminuição da
taxa de transformação durante o ano revela que a concessão de crédito aumentou a um ritmo de crescimento inferior
ao dos depósitos.
A queda da taxa de transformação, isto é, a diminuição do crédito à economia concedido pelas instituições bancárias
relativamente aos depósitos tem um impacto menos expansionista no crescimento da Base Monetária, por via da
criação de moeda de segunda ordem.
A expectativa de que o aumento das reservas livres das instituições financeiras por via da redução do coeficiente
de reservas obrigatórias possa originar um aumento na concessão de crédito bem como uma redução das taxas de
juro praticadas nos financiamentos não parece estar a consumar-se. A economia Angolana continua o seu curso de
crescimento sustentado, fundamentado mais pela desaceleração da taxa de inflação e expectativas de evoluções
futuras favoráveis. O aumento das reservas livres acompanhado de uma diminuição da taxa de transformação infere a
existência de condições restritivas à concessão de crédito por parte dos bancos comerciais.
Rácio de Tranformação (%)
4.000.000,00
56
Meios de Pagamento
No I trimestre de 2014, os agregados monetários M1, M2 e M3 variaram 5,68%, 3,16% e 3,48%, respectivamente,
relativamente ao trimestre anterior. No período homólogo de 2013 os agregados monetários M1,M2 e M3 variaram
-4.67%, -2,56% e -2,63%, respectivamente.
A expansão de 5,68% do M1 no I trimestre do ano reflectiu-se no aumento de 9,44% dos Depósitos à Ordem enquanto
as Notas e Moedas em Poder do Público diminuíram em 25,63%. A expansão dos Depósitos à Ordem deve-se ao
crescimento de 10,87% dos Depósitos à Ordem em Moeda Nacional e de 6,92% dos Depósitos à Ordem em Moeda
Estrangeira. A expansão dos Depósitos à Ordem em Moeda Estrangeira no I trimestre é contrária a diminuição verificada
desde Julho de 2013.
O crescimento do M1 por força do aumento dos Depósitos à Ordem, acompanhado de uma redução da Taxa de
Transformação, que reflecte uma menor concessão de crédito face aos depósitos, indica-nos que a criação de moeda
de 2ª ordem desacelerou.
A contracção de 0,43% dos Depósitos a Prazo teve um efeito negativo sobre a variação do M2, cuja expansão de 3,16%
no trimestre em análise ocorreu por via do crescimento de 5,68% do M1.
O crescimento do M2 acompanhado do crescimento dos outros instrumentos financeiros permitiu uma expansão de
3,48% do M3. A expansão do M3 deveu-se à variação de 1,59% dos AEL e de 11,17% dos AIL.
Gráfico 63 – Variação trimestral dos Meios de Pagamento
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
-5,00%
-10,00%
-15,00%
-20,00%
I Trim 13
II Trim 13
III Trim 13
M3
M2
IV Trim 13
I Trim 14
M1
Fonte: DES/BNA
No I trimestre de 2014 o multiplicador monetário foi de 4,44, representando um crescimento relativamente ao IV
trimestre de 2013 ano em que foi 3,78. No periodo homólogo de 2013 o multiplicador monetário foi 3,84. O crescimento
ocorrido no I trimestre é justificado pelo aumento superior do M3 relativamente à reserva monetária. No período em
análise a reserva monetária contraiu 12,06% comparativamente ao crescimento de 3,48% do M3.
A contracção da reserva monetária proporcionalmente maior que a expansão do M3 terá contribuído para um aumento
ligeiro do multiplicador monetário resultando num crescimento moderado da oferta de moeda. A redução da taxa
de transformação (-1,44%), resulta de um aumento do crédito à economia (2,97%) proporcionalmente menor ao
crescimento dos depósitos (5,10%).
Apesar de o sistema bancário possuir um elevado nível de líquidez devido às reduções do coeficiente de reservas
obrigatórias no início do ano de 2014, o que infere libertação de capital para estimular à concessão de crédito, o quadro
real é de crescimento de crédito em proporções visivelmente inferiores ao crescimento dos depósitos.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Gráfico 64 – M3 e Multiplicador Monetário
5.000.000,00
4,60
4,44
4.500.000,00
4,40
4.000.000,00
3.500.000,00
4,12
4,20
4,12
2.500.000,00
4,00
3,84
2.000.000,00
3,78
Kz Milhões
Kz Milhões
3.000.000,00
3,80
1.500.000,00
1.000.000,00
3,60
500.000,00
0,00
I Trim 2013
II Trim 2013
III Trim 2013
M3
IV Trim 2013
RM
3,40
I Trim 2014
Multiplicador Monetário
Fonte: DES/BNA
No final do I trimestre de 2014 o rácio M1/M2 foi de 60,22%, apresentando um aumento de 2,44% face ao trimestre
anterior, 58,78%. Esta variação deve-se ao crescimento superior do M1 relativamente ao M2, originada pela expansão
dos depósitos à ordem contra uma diminuição dos depósitos a prazo.
Gráfico 65 – Evolução de Indicadores Seleccionados: M1/M2 e NMPP
mar/14
fev/14
-10,00%
-20,00%
-30,00%
-40,00%
m1/m2 (à Esquerda)
Fonte: DES/BNA
jan/14
dez/13
nov/13
out/13
-20,00%
set/13
0,00%
ago/13
0,00%
jul/13
20,00%
jun/13
10,00%
mai/13
40,00%
abr/13
20,00%
mar/13
60,00%
fev/13
30,00%
jan/13
80,00%
NMPP (à Direita)
58
Perspectivas
Em 2014, Angola poderá ser o 49.º país que mais vai crescer no ranking mundial, com um crescimento do PIB real
de 5,3%, de acordo com o World Economic Outlook de Abril do FMI. A economia angolana melhorou 21 posições na
classificação mundial, uma vez que em 2013 ocupava apenas a 70.ª posição, com uma taxa de crescimento económico
de 4,1%, de acordo com as estimativas do FMI. O Fundo tem sido mais pessimista do que o Executivo, que prevê
que a economia angolana cresça 8,8% este ano, acelerando relativamente aos 5,1% estimados para 2013, sendo o
investimento público a principal razão das divergências entre as duas fontes de informação.
O FMI reviu em baixa as perspectivas para a economia angolana, alegando a fraca execução orçamental das obras
públicas. Já o Governo contrapõe com o aumento na ordem dos 50% no investimento público no Orçamento Geral do
Estado (OGE) de 2014.
Para 2014, o ranking do crescimento mundial possivelmente será liderado pela Serra Leoa, com uma taxa de 13,9%,
enquanto a Líbia ocupa a última posição do estudo, com uma diminuição do PIB de 7,8%. Enquanto Angola poderá
crescer este ano praticamente o mesmo nível do que a região do Sudeste Asiático e a África Subsaariana, ambas com
uma taxa média de crescimento de 5,4% .
Analisando as previsões do FMI em termos de etapas de desenvolvimento, este ano os países emergentes e em vias
de desenvolvimento serão os mais prósperos, com uma taxa de crescimento de 4,9%, representando mais do dobro
em relação aos 2,2% previstos para as economias desenvolvidas. Comparando com o ano anterior, as economias mais
avançadas foram as que mais cresceram, face a uma taxa de crescimento de 1,3% no ano passado, traduzindo-se num
aumento de 0,9 p.p. entre 2013/2014.
Projecta-se para 2014 uma recuperação económica global, liderada pelas economias mais avançadas, segundo o
relatório WEO do FMI, que justifica com três explicações para a retoma dos países desenvolvidos: i) política monetária
menos restritiva; ii) diminuição da pressão orçamental; e iii) melhoria das condições financeiras. Nas economias
emergentes e em desenvolvimento, o ritmo de crescimento é mais moderado, apesar das desvalorizações das moedas
locais que facilitaram as exportações, da melhoria das economias avançadas e do dinamismo da procura interna
impulsionada sobretudo pelo consumo.
O FMI destaca ainda pela negativa as economias como o Brasil, a Rússia, a África do Sul e a Argentina, enfrentando
políticas internas frágeis, condições financeiras mais restritivas e limitações ao nível do investimento e da oferta.
Na África Subsaariana o crescimento económico poderá manter-se robusto influenciado em parte pelo contexto externo
positivo para as exportações sobretudo as direccionadas para economias da Zona Euro, face a sua recuperação, e
aos investimentos de capitais estrangeiros orientados para sectores de exploração de recursos minerais, apesar das
limitações internas existentes em vários países e eminente redução do fluxo de capital proveniente das economias
avançadas.
O optimismo sobre a evolução da economia mundial em 2014 descrito no relatório de perspectivas económicas mundial
pode ser ampliado se se registar um crescimento mais forte que o esperado, em resultado do possível aumento da
confiança dos agentes económicos de países como EUA, Zona Euro e Reino Unido.
Do lado das incertezas, o FMI teme que um eventual regresso da volatilidade dos mercados financeiros possa prejudicar
o crescimento mundial, em especial nos mercados emergentes. Se isso se verificar, os fluxos de capital para os países
menos desenvolvidos poderão reduzir drasticamente, com consequências nefastas sobre o seu crescimento. Nas
economias avançadas o principal risco é a baixa taxa de inflação, que pode constituir um entrave à recuperação, em
especial na Zona Euro. Um dos pressupostos utilizados pelo FMI no relatório de Outono é o preço do petróleo.
No mercado das commodities energéticas, o FMI estimou um preço médio do cabaz do petróleo de 104,17 dólares por
barril em 2014. Para 2015 aponta para um decréscimo de 6 dólares por barril situando-se nos 97,92 dólares.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
No que à economia nacional diz respeito, e relativamente às políticas fiscais levadas a cabo pelo Executivo, o OGE para
2014 prevê um aumento do défice global para 4,8 por cento do PIB (em comparação com um défice de 1,5 por cento do
PIB esperado em 2013). Este aumento do défice surge no seguimento da necessidade de expandir consideravelmente o
investimento público, que solucionará os estrangulamentos em termos de infraestruturas e que levará, assim, à criação
de bases para a diversificação económica.
Esta expansão orçamental prevista para 2014 é fundamental e está em linha com o Plano de Desenvolvimento Nacional.
A despesa em infraestruturas, através de investimentos públicos, terá um impacto positivo na capacidade produtiva, no
entanto poderá, em conjunto comos novos impostos e aumento de tarifas sobre as importações de bens de consumo
(prevista com a Nova Pauta Aduaneira) criar pressões sobre a inflação.
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Glossário
Aplicações em Activos Financeiros: Neste agrupamento económico contabilizam-se as operações financeiras quer
com a aquisição de títulos de crédito, incluindo obrigações, acções, quotas e outras formas de participação, quer com
a concessão de empréstimos e adiantamentos ou subsídios reembolsáveis.
Base Monetária: A base monetária representa as responsabilidades monetárias líquidas do estado perante a
sociedade e corresponde à soma de todas as notas e moedas emitidas pelo Banco Central e colocadas à disposição do
público e que podem estar sob a forma de dinheiro na posse das famílias e das empresas ou sob a forma de reservas
bancárias, na posse das instituições financeiras bancárias.
BRICS: Acrónimo referente a um grupo de países cujo desenvolvimento económico se destaca entre as economias
emergentes, nomeadamente Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Crédito Líquido ao Governo Central (CLGC): Reflecte o crédito concedido ao Estado pelo sistema bancário, líquido
dos depósitos do Governo no BNA.
Desembolsos de Financiamentos: As transferências recebidas que não constituem receitas correntes nem de capital
e que não implicam contra-prestações de bens ou serviços e são oriundas da administração central, da administração
local, de pessoas singulares ou colectivas, públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos, do interior ou do exterior
do país, e das famílias.
Despesa com o Pessoal: Neste agrupamento devem considerar-se todas as espécies de remunerações principais, de
abonos, acessórios e de compensações que, necessariamente, requeiram processamento nominalmente individualizado
e que, de forma transitória ou permanente, sejam satisfeitos pelo Estado, tanto aos seus funcionários e agentes como
aos indivíduos que, embora não tendo essa qualidade, prestem, contudo, serviço ao Estado nos estritos termos de
contratos a termo, em regime de tarefa ou avença.
Despesas Correntes: Despesas destinadas à manutenção ou operação de serviços anteriormente criados, bem
como as transferências realizadas com igual propósito. O saldo das despesas correntes é constituído pelos saldos das
rubricas: despesas com o pessoal; despesas em bens e serviços; transferências correntes e subsídios.
Despesas de Capital: Despesas destinadas à formação ou aquisição de activos permanentes, à amortização da
dívida, à concessão de financiamentos ou à constituição de reservas, bem como às transferências realizadas com igual
propósito. O saldo das despesas de capital é constituído pelo saldo das rubricas investimentos públicos, transferências
de capital, aplicações em activos financeiros, e outras despesas de capital.
Despesas em Bens e Serviços: Despesas que asseguram a criação de utilidades, através da compra de bens e
serviços pelo Estado.
Despesas Públicas (Despesa Total no Exercício): Conjunto de dispêndios realizados pelo Governo durante um
determinado período, para custear os serviços públicos (despesas correntes) prestados à sociedade ou para a realização
de investimentos (despesas de capital).
Índice de Confiança: Índice que é calculado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e que mede a percepção dos
empresários sobre o desempenho tendencial do respectivo sector de actuação num período curto determinado.
Índice de preços no consumidor (IPC): É uma medida do preço médio necessário para comprar bens de consumo
e serviços. O índice, calculado pelo Instituto Nacional de Estatística, é usado para observar tendências de inflação. A
variação percentual do preço num determinado período é uma das medidas da inflação.
Índice de Preços Grossista (IPG): Corresponde à variação dos preços dos bens produzidos no país, assim como os
produtos importados comercializados internamente, nos primeiros níveis de transacção.
Relatório de Inflação • I Trimestre de 2014
Investimento Público: Significa a aplicação de capital em meios de produção, visando o aumento da capacidade
produtiva (instalações, máquinas, transporte, infra-estrutura) ou seja em bens de capital.
Meios de Pagamento: São os meios através dos quais são efectuadas as transacções monetárias. No caso da
economia Angolana os meios de pagamento são compostos pelos agregados monetários M3 (M2 + Outros Instrumentos
Financeiros), M2 (Me + Quase-Moeda ou Depósitos a Prazo) e M1 (Notas e Moedas em Poder do Público + Depósitos
à Ordem).
Multiplicador Monetário: Indicador monetário que resulta da divisão do agregado monetário M3, o agregado
monetário mais amplo, pela reserva monetária. Este indicador procura medir o efeito multiplicador associado à
actividade bancária.
Orçamento Geral de Estado: É o instrumento de gestão que contém a previsão das receitas e despesas públicas.
Outras Despesas de Capital: Trata-se de um agrupamento económico com carácter residual.
Período Homólogo: Refere-se ao período equivalente do ano anterior.
Política Fiscal Contraccionista: Implementada quando o objectivo é reduzir a procura agregada, quando a economia
está num período de expansão excessiva (super aquecimento económico) e há a necessidade de retracção económica,
em consequência da excessiva inflação que se constrói neste cenário.
Política Fiscal Expansionista: Implementada quando o objectivo é estimular a procura agregada, especialmente
quando a economia está a atravessar um período de recessão e precisa de um “empurrão” para se expandir. Como
resultado, temos a tendência de défice do saldo fiscal e a tendência de aumento da inflação.
Política Fiscal: Também conhecida por Política Orçamental, é um ramo da política económica que define o orçamento
e seus componentes, os gastos públicos e impostos como variáveis de controlo para garantir e manter a estabilidade
económica, amortecendo as flutuações dos ciclos económicos e ajudando a manter uma economia crescente, o pleno
emprego e a inflação baixa.
Produto Interno Bruto (PIB): representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos
numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado.
Rácio de Transformação: Trata-se de um indicador das contas monetárias que resulta da divisão do total dos créditos
sobre o total dos depósitos.
Receita Pública (Receita Total no Exercício): é o montante total em dinheiro recolhido pelo Tesouro Nacional
num determinado período, incorporado ao património do Estado, que serve para custear as despesas públicas e as
necessidades de investimentos públicos. A Receita Total do exercício compreende o somatório das rubricas Receitas
Correntes e Receitas de Capital.
Receitas Correntes: As receitas tributárias, patrimoniais, de serviços, industriais, os saldos não comprometidos de
exercícios anteriores e outras, bem como as transferências recebidas para realizar as despesas classificáveis como
Despesas Correntes.
Receitas de Capital: As provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de operações de crédito,
da conversão em espécie de bens e direitos, de saldos não comprometidos de exercícios anteriores, bem como as
transferências recebidas para realizar despesas classificáveis como Despesas de Capital e ainda superavit do
Orçamento Corrente.
Receitas não Petrolíferas: São os valores estabelecidos e regulamentados por lei, arrecadadas pelo Tesouro, que
advêm das actividades do sector não petrolífero.
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Receitas Petrolíferas: São os valores estabelecidos e regulamentados por lei, arrecadadas pelo Tesouro, pela
Sonangol e outras companhias que actuam no sector petrolífero.
Receitas Tributárias: Toda a fonte de renda que deriva da arrecadação estatal de tributos que são os Impostos, as
Taxas, as Contribuições de Melhoria, os Empréstimos Compulsórios e as Contribuições Especiais.
Saldo Corrente: é dado pela diferença entre as receitas correntes e as despesas correntes, ou seja, exclui do cálculo
os gastos de capital e é comum ser usado como medida da poupança pública.
SADC: Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral constituída pelos seguintes países: África do Sul,
Angola, Botswana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Ilhas Maurícias, Moçambique,
Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.
Saldo Primário não Petrolífero: Trata-se de um indicador das contas do Governo, que corresponde ao total das
receitas, excluindo as receitas petrolíferas que subtrai as despesas totais (expurgando os juros da dívida pública).
Saldo Primário: O resultado primário é definido pela diferença entre receitas e despesas do Governo, excluindo-se
da conta as receitas e despesas com juros. Caso essa diferença seja positiva tem-se um superávit primário; caso seja
negativa tem-se um déficit primário. O superávit primário é uma indicação de quanto o Governo economizou ao longo
de um período de tempo (um mês, um semestre, um ano), com vista ao pagamento de juros sobre a sua dívida. O saldo
primário é um conceito chave para definir a solvência e a sustentabilidade fiscal.
Saldos Fiscais: Refere-se à diferença entre as receitas e as despesas do Orçamento Geral do Estado (OGE).
Serviço da Dívida: Abrange as despesas destinadas ao pagamento dos encargos e dos passivos financeiros. O saldo
dessa rubrica é constituído pelo somatório dos saldos das rubricas de Juro e de Amortização da Dívida, interna e
externa.
Subsídios: São os fluxos financeiros do Estado não reembolsáveis para a economia (ou para os diversos sectores
económicos), com o objectivo de influenciar níveis de produção, preços ou remunerações dos factores de produção.
Transferências Correntes: São os recursos financeiros auferidos sem qualquer contrapartida, destinados ao
financiamento de despesas correntes ou sem afectação preestabelecida.
Transferências de Capital: Neste agrupamento são contabilizadas as importâncias a entregar a quaisquer organismos
ou entidades (unidades orçamentais) para financiar despesas de capital, sem que tal implique, por parte das unidades
orçamentais, qualquer contraprestação directa.
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