A escola Teia tem como condutora do processo de ensino aprendizagem a arte, principalmente na forma de teatro, e o autoconhecimento. Assim, a arte acaba sendo o gerador, estimulador de estudos e pesquisas. Não negamos conteúdos e nos norteamos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, mas sim, buscamos maneiras variadas de desenvolvê-los junto aos alunos. Aí entra o trabalho árduo dos nossos professores: transformar estes conteúdos em algo que interesse, divirta, instigue as crianças à pesquisa. Como ele se dá, muitas vezes, através de alguma forma de arte, individualmente ou ligada ao teatro, esses professores se debruçam nesses conteúdos para adaptá-los e desenvolvê-los dentro da nossa proposta. Esses conteúdos são desenvolvidos não só pelo professor de Turma (tutor), mas também pelos especialistas (artistas). Para possibilitar diversas formas de abordagens por parte do professor de Turma ou Tutor da Turma, trabalhamos com salas ambientes. Cada uma delas sugere um tipo de abordagem como: o ateliê, para desenvolver pesquisas através de maquetes, modelagens, experiências, pinturas, trabalhos com sucatas, reciclagem, cartazes, colagens, etc.; nossa Sala de Movimento para encenações, jogos lúdicos, mímicas, representações, jogos e atividades espaciais, rodas, assembléias, danças, atividades para o desenvolvimento da psicomotricidade; nossa Oficina de Informação garante um espaço confortável para a leitura, contação de história e pesquisas em livros, enciclopédias, etc. Na nossa horta suspensa aproveitamos para trabalhar conteúdos de ciências, pois podemos acompanhar o crescimento e a alimentação de plantas, a importância da minhoca, desenvolver adubos e compostagens, etc. Aproveitando o contato com verduras e legumes que as crianças plantam e cuidam, despertamos a atenção delas para hábitos de alimentação saudável, unindo a essa questão o prazer existente em realizar culinárias em momentos de Cozinha Experimental onde, além da aprendizagem em diversos aspectos, no caso dos menores, a própria alquimia existente na mistura dos ingredientes, onde fazem grandes descobertas como: “ Tem leite no bolo!”, até o estudos de pesos, quantidades, frações, proporções, etc. em relação aos maiores. Tudo isso acaba sendo um grande aliado nos momentos das refeições coletivas na escola, facilitando, muitas vezes, a introdução de novos alimentos a dietas mais restritas de algumas crianças. As salas chamadas de Registro são onde sistematizamos e registramos tudo o que é vivenciado em todos os espaços, além de ser o local onde acontecem também outras propostas como redações, atividades escritas, jogos de mesa, enfim, tudo o que a sala permitir com essas características. Nossos computadores estão localizados próximo às Salas de Registros para possibilitar registros digitados e pesquisas na Internet. Os professores especialistas ou simplesmente Artistas também utilizam estes espaços de acordo com a característica de sua aula. Eles, além de desenvolverem suas ‘especialidades’ ou sua ‘arte’, a partir delas, trabalham conteúdos que consigam aproximar de sua aula, buscando a interdisciplinaridade com duas ou mais ‘matérias’, como descritas nos exemplos abaixo: Capoeira é ministrada pelo professor Chico, também ator e professor de teatro da escola INDAC. É desenvolvida com as crianças a partir da Turma 2, dois dias por semana. Ele já desenvolveu com elas conteúdos como contagem ordinal, par e ímpar, ordem crescente e decrescente, localização espacial, gráficos de barras, regiões do Brasil, data cívica, continente africano, entre outros. Nas rodas de capoeira observam a importância do ritual da mesma e sua ordem, assim como a importância de respeitá-la como o sentar em círculo e respeitar o companheiro de jogo. Desenvolvemos nesse ambiente o aquecimento corporal, a concentração, a percepção corporal e espacial, a destreza e o preparo físico. Poesia: Na linguagem poética, as palavras não são apenas instrumentos para comunicar, mas tornam-se carregadas de significado, recriando o mundo e tomando posse do que observam. Podem também ser moldadas, rimadas, encompridadas, ritmadas, repetidas - assumem plasticidade, que se transfere do poeta ao leitor; do criador ao recriador. Ao tomar contato com a linguagem poética, desde sempre, a criança se familiariza a ela, e deixa-se transformar. Através do trabalho com a poesia, desenvolve-se a imaginação criadora e as relações de significado com o mundo, acumulando-se informações para construir o imaginário próprio, conhecendo os elementos da linguagem e ampliando o repertório de imagens. O trabalho com a poesia, falada e escrita, é mais um instrumento em favor do desenvolvimento, fazendo a criança tomar contato consigo mesma e com o universo. Nas aulas de poesia a escola Teia Multicultural tem como principal objetivo trabalhar o olhar poético – ou, como perceber objetos, relações ou o que quer que seja, além do óbvio. Sempre a partir de um texto proposto – poesia ou prosa-poética – as crianças são conduzidas a perceber a maleabilidade das palavras nessa linguagem específica. Através de parlendas, travalínguas, poemas livres ou sonetos, os alunos passam a conhecer outras possibilidades de expressarem o que sentem ou pensam. A Dança Circular, é parte da descoberta de culturas antigas sobre a especialidade da forma circular para o estar e fazer junto. Nela, passaram a representar os ciclos da natureza, o pulsar dos movimentos do sol, da lua, dos planetas, o ritmo da respiração e o pulsar do coração, a vida e a morte. Adotaram-na na possibilitando, assim, o estudo de diversos conteúdos. antiguidade, nos seus rituais de passagem, em celebrações, ocasiões de reverência, temor, louvor, gratidão...O círculo é uma forma geométrica especial, por simbolizar a perfeição e a plenitude que o ser humano busca. Dessa forma, as Danças Circulares resgatam a inspiração do homem primitivo e ao mesmo tempo dão continuidade a um fio que jamais cessou de existir na história da humanidade: dançar e interagir grupalmente. Compor a circunferência da roda já constitui uma criação, a observação nos pontos que distam igualmente, a percepção de que estão todos voltados para um mesmo centro e todos são igualmente importantes na composição final de um círculo são também conceitos desenvolvidos ao longo das aulas, além de pesquisas sobre diferentes temas históricos e familiares, bem como a localização e diferentes expressões das Danças Circulares no mundo A partir do Teatro, é possível, além do desenvolvimento das atividades específicas do fazer teatral com exercícios que estimulem a elaboração, o raciocínio, a compreensão, mas que vão além disso, à interatividade, busca-se fazer com que o aluno ultrapasse o estímulo visual e mental, já tão desenvolvidos nos dias de hoje pela TV, vídeo games, computadores e etc, para aqueles que eles participem efetivamente, vivenciando situações, emoções, brincadeiras, tornando-se assim, sujeitos e não espectadores. Buscamos, também, despertar o interesse das crianças para a cultura, num país onde a diversidade cultural é grande, mas pouco reconhecida, através das nossas atividades, jogos, levantamentos históricos, visitas e estudos de meio. Para dar oportunidade de vivenciarem experiências não frequentes no seu dia-a-dia, realizam exercícios corporais para: noção corporal, espacial, aquecimentos, alongamentos; vocais: dicção, articulação, respiração; laboratórios: a auto expressão, a desinibição, a auto confiança, a auto estima e a concentração, além dos exercícios específicos de interpretação propriamente dito, onde iniciamos desenvolvendo a compreensão de textos lidos, músicas, poesias, para desenvolver a leitura (oratória) e a leitura interpretativa, bem como pesquisas dos contextos históricos e geográficos do texto. A finalização de cada ano letivo é coroada com a apresentação de um espetáculo utilizando um texto existente, com toda a Turma Teia, e que também estejam relacionados a conteúdos do currículo escolar. Além disso, o teatro faz parte do Projeto Conviver, momento este em que todas as crianças da escola se encontram e desenvolvem atividades juntas. O maior desafio no inicio do ano é o relacionamento entre tão diferentes idades, pois juntos estão crianças da T1 à T5. Por outro lado, são nesses momentos onde podemos observar que o trabalho realmente vale a pena, quando vemos o cuidado e o carinho dos mais velhos com os mais novos. O respeito pelas diferenças e o compartilhar aparecem concretamente e é através dele que, em pouco tempo, conquistamos, ou melhor, eles se conquistam, pois se transformam de estranhos assustadores (na visão da T1 em relação aos maiores) e egocêntricos, em amigos, amorosos e confiáveis. Num segundo momento, brincam juntos, representam uns para os outros, compartilham e se unem aproveitando suas diferenças para crescer. Assembléia: Trabalhar valores de forma democrática e reflexiva, em nossa Escola que tem como objetivo promover o prazer de estudar em nossos alunos e alunas, e também o prazer de ensinar em seus professores e professoras, é um caminho profícuo para a construção da autoestima e do autoconhecimento. Queremos uma escola prazerosa, que estudantes e docentes queiram frequentar e na qual tenham prazer no que fazem e desenvolvem diariamente. Uma escola cujos membros sintam que ela tem significado para suas vidas. Dentro do Projeto Conviver temos um espaço para as Assembleias, que busca promover a real democratização das relações interpessoais e algumas questões da gestão da Escola. Acreditamos que dar voz aos próprios sujeitos dessas mudanças é um bom caminho para apresentarmos a discussão sobre como esse tipo de experiência, que transforma radicalmente as relações no dia-a-dia das salas de aula e da escola, pode refletir na construção da cidadania e da democracia. O objetivo principal é envolver toda a escola num diálogo, de forma a favorecer o desenvolvimento da autonomia responsável, onde cada individuo é responsável pelo todo e que cada um participa na elaboração dessas responsabilidades que incluem deveres e direitos. Nesse momento da vida escolar percebemos claramente o amadurecimento que esse processo vem alcançando, não somente quanto à participação e posturas durante as assembléias, mas principalmente o comprometimento no dia-a-dia em relação aos combinados decididos pela maioria. Outro momento bastante significativo que estamos percebendo como fruto desse processo são as “minis-assembléias” que estão acontecendo por Turma, ou seja, quando o assunto é pertinente àquele grupo, ele é discutido e depois feito um resumo na assembléia geral. Outra observação bastante interessante é vermos o quanto ser dirigente desse processo passou a ser importante para eles. No inicio a compreensão da condução das assembléias era algo muito distante das suas experiências. Hoje existem vários candidatos à escriba e secretário, gerando uma mobilização e movimento bem democrático e participativo. Mas o grande ganho e crescimento são refletidos de forma prática na postura dos nossos professores, educadores, auxiliares, ou seja, todos os adultos envolvidos nesse processo, aprendendo a respeitar e, de fato, compartilhar as suas expectativas, dúvidas e interrogações de comportamentos, hoje, muito mais verdadeiros; gerando um movimento de respeito mútuo, sendo tanto educandos como educadores, atores do mesmo processo, onde todos tem participação especial e não apenas meros coadjuvantes de um roteiro previamente elaborado. Ver hoje crianças da Turma 2 perguntando com curiosidade: 'hoje tem assembléia?' é poder ter a certeza que a construção do respeito por si próprio é inerente ao ser humano, e que, com certeza, essas crianças serão cidadãs e cidadãos críticos, conscientes de seu papel político e social na construção de uma vida mais justa e feliz para cada um e para todos os membros da sociedade em que vivem. Dança não é apenas expressão e celebração da continuidade orgânica entre homem e natureza, é também realização da comunidade viva dos homens. Outra função da dança é a de ajudar o homem a formar um conceito mais nobre de si próprio primeiramente, a vontade de dar à dança aquela significação humana e espiritual profunda e, depois, a de alcançar isto pela liberação do corpo e de seu movimento. Essa é a maneira que vemos a dança e a desenvolvemos aqui na Teia. Utilizamos diversas técnicas para a expressão corporal, tendo como ferramenta coreografias incidentais ou previamente elaboradas e unindo à especialidade/arte estudos de conteúdos diversos, principalmente os voltados ao corpo humano e sua relação com o meio. Desenvolvemos, ainda, junto às crianças, as coreografias (muitas vezes regionais) do musical proposto como tema do ano. Jogos e Brincadeiras: A criança brinca para conhecer a si própria e aos outros em suas relações recíprocas, para aprender as normas sociais de comportamento, os hábitos determinados pela cultura; para conhecer os objetos em seu contexto, ou seja, o uso cultural dos objetos; para desenvolver a linguagem e a narrativa; para trabalhar com o imaginário; para conhecer os eventos e fenômenos que ocorrem a sua volta (Vygotsky). Os brinquedos e brincadeiras feitos pelas próprias crianças ou apenas manipulados por elas oferecem um vasto campo para o desenvolvimento em diversos aspectos. Os jogos possibilitam o desenvolvimento físico, o contato com questões como ‘ganhar ou perder’, ‘equipe’, ‘diferenças’, ‘desafios’, entre outros. A união de jogos e brincadeiras nos dá um universo de possibilidades de desenvolvimento como na matemática, na história, entre outros. São com essas possibilidades que o professor trabalha em nossa escola. A Música no contexto escolar nos traz diversas possibilidades, sendo elas desde a escuta de obras musicais de diversos gêneros, o reconhecimento e utilização da expressividade, a observação de contextos musicais e das diferentes características geradas pelo silêncio e o som, brincadeiras e jogos cantados e ritmados, a possibilidade de imitar, inventar, reproduzir criações musicais, utilizando-a como forma de expressão baseados nos elementos da linguagem musical, e a partir dela estudos como intensidade, velocidade, densidade, bem como auxiliar na ampliação da memória, no contato com diferentes culturas, épocas, povos, e países, sem dizer o trabalho de linguagem oral e escrita – pois a música auxilia no processo de alfabetização - a partir das letras musicais e dos gráficos, em matemática, entre outros. Dessa maneira, nos possibilita um trabalho interdisciplinar com diversas áreas do conhecimento enquanto produzimos música com nossas crianças, pois como trabalhamos com peças teatrais musicais, no decorrer do ano vamos nos ‘afinando’ para a apresentação de final de ano. Ai Ki Do, também conhecido como a Arte da Paz, é uma arte integrativa, de origem japonesa, que visa o autoconhecimento do Ser Humano e sua integração com a vida. O Ai ki do foi criado por Morihei Ueshiba (O Sensei, aquele que sabe) em meados da década de 40 e sua prática vem se desenvolvendo até os dias de hoje. Por não existirem competições no Ai ki do, ele pode ser praticado por pessoas de todas as idades, sexo e condições físicas, proporcionando assim um rico aprendizado para todos os envolvidos. Alguns dos princípios básicos do Ai ki do são: cooperação; não-resistência; harmonia; união; equilíbrio e respeito. Inglês: A aprendizagem de uma segunda língua por uma criança estimula a inteligência lingüística da mesma, a percepção e a articulação dos sons. A criança adquire maior versatilidade. Nossa proposta é estimular conceitos, desenvolver o encadeamento de estruturas lógicas e a percepção visual. A aprendizagem da língua deve acontecer de forma prazerosa, ampliando as conquistas por meio de histórias, músicas, brincadeiras, desenhos, culinárias, ligadas aos temas dos projetos. Artes: Este trabalho em nossa escola é toalha de mesa feita de um tear. Me vem a palavra tessitura, o trabalho na Teia é mais ou menos assim: O Atelier de Artes de nossa escola é um grande laboratório de descobertas. Neste espaço acontecem trocas entre a percepção direta da natureza e da realidade cultural, onde hipóteses se encontram com as respostas, sejam elas positivas ou não, que nos fazem pensar e repensar os nossos planejamentos e avaliações. Como a proposta da escola tem como eixo a Arte, ela está presente em todos os nossos ambientes, as nossas professoras e professores trabalham com diversas linguagens para a assimilação e acomodação de nossos conteúdos. Existe muita interação entre o nosso quadro, até porque no segundo semestre todos trabalham em um único projeto artístico.. Faremos uma peça de Teatro! O teatro é a grande mãe agregadora de todas as outras artes: música, dança, artes plásticas, etc. Neste projeto é que a nossa toalha feita de tear fica pronta. Nele, a participação mais específica das aulas de artes são o desenvolvimento de cenário e figurinos, criados e realizados pelos próprios alunos, trabalhando, assim, a criatividade e tendo como ferramentas principais as artes plásticas, a matemática e o desenho geométrico. Em relação à Reciclagem: Um cuidado sensível com as coisas e preocupação com o meio ambiente. Usamos diversos materiais na produção de ‘brinquedos’, que no jogo simbólico, com esses materiais disponíveis ao seu redor, as crianças percebem que tudo pode se transformar, sendo transportado para o mundo infantil. “O brinquedo bom é o que a criança brinca, que desafia seu pensamento e que mobiliza sua percepção. Que proporciona experiência e descoberta.” . É nesta atmosfera lúdica onde se manifestam suas potencialidades motoras e cognitivas e seus laços afetivos se firmam. Um momento mágico e precioso de descoberta. Nossa proposta é sócio-construtivista, trabalhamos por projetos e em salas ambientes. No primeiro semestre cada Turma tem o seu projeto individual, escolhido junto aos professores da Turma. No segundo semestre, o eixo condutor é o mesmo para toda a escola, uma peça teatral que servirá de tema para o desenvolvimento dos projetos e, assim, dos conteúdos. Além da peça ser trabalhada com os professores/tutores de Turma, é também desenvolvida pelos especialistas/artistas que os 'preparam' indiretamente no decorrer do ano com suas técnicas diversas mas, principalmente no Projeto Conviver-Teatro, onde ensaiam; nas aulas de Dança onde montam as coreografias; nas aulas de música, onde exercitam o cantar e ensaiam; e nas aulas de Artes, onde confeccionam os adereços e figurinos. O produto final é a apresentação da peça, com a participação de todas as crianças da escola e colaboração de alguns pais, além de instalações nas salas da escola de todo o processo de pesquisa e construção da mesma e os desdobramentos dos conteúdos ligados ao tema. Com uma proposta bastante ‘diferente’ e ‘nova’, não podemos contar com professores já preparados para atuar desta forma, assim, estamos sempre em processo de aprendizagem e temos um trabalho de formação contínua com os mesmos. Faz parte dele encontros semanais individuais, encontros mensais em grupo e uma vivência de dois dias num sítio próximo a São Paulo a cada semestre. Estamos montando um Grupo de Teatro - Cia Teia de Teatro - com o intuito de realizarmos juntos exercícios de laboratório, capacitar para o trabalho dentro da Teia, além de desenvolver montagens teatrais que se refiram a aspectos educacionais para, quem sabe, nos apresentarmos para a comunidade. Além disso, nossos profissionais são estimulados a participar de formações externas como cursos de educação democrática (Politeia), trabalhos de autoconhecimento a partir de diversas técnicas (Espaço Sollua), entre outros. Temos como principal requisito para ser integrante da Teia pessoas abertas e dispostas a conhecer novas propostas, desenvolver-se em diversos aspectos e realizar seu trabalho como educador de maneira inovadora e prazerosa. Comemoramos, ainda, algumas datas do calendário através de uma visão cultural, aproveitando o tema para aprendizagem, através de pesquisa sobre o surgimento da mesma, suas transformações através do tempo, o reflexo da mesma em nossa sociedade e as diferentes formas de manifestação, comemoração e crenças (no caso de datas religiosas como a páscoa e o natal). Alguns exemplos do que realizamos foram a oficina de Cultura Tradicional Brasileira, a qual foi encerrada, após uma semana de atividades, com o Samba de Umbigada, e outro exemplo foi a comemoração do dia da Consciência Negra, no qual trouxemos a troupe Djembedon, que acompanha a cantora e dançarina da República da Guiné Fanta Konatê. Nosso horário é estendido e as crianças almoçam e lancham coletivamente. Oferecemos um cardápio equilibrado, feito por nutricionistas, buscando agradar ao gosto da criançada. São também momentos de aprendizagem e estímulo, tanto para o convívio em sociedade quanto à troca de experiências. Além disso, garantimos uma alimentação saudável e comum a todos. O material escolar também é coletivo, ficando na escola, evitando o leva e traz de mochilas pesadas, tão prejudiciais à saúde física, além de ser também um excelente momento para trabalhar conceitos como a utilização coletiva. Por fim, nossas Assembléias tem também a ‘função’ de estabelecer as regras atitudinais da escola. Regras estas que são levadas bastante a sério por àqueles que às criam, nossas crianças. Para que os pais possam acompanhar mais de perto todo esse processo e poder participar dele mais efetivamente temos nosso projeto ao Cair da Tarde, que acontece pelo menos uma vez por mês, e é quando os pais e familiares de nossos alunos são convidados a compartilhar conosco, no final do dia letivo, seus conhecimentos, idéias, ‘dotes’, ou apenas bater um papo enquanto as crianças brincam no parque, enfim, um espaço aberto, para todos juntos, pais, filhos, educadores, usufruírem do espaço escolar para se aproximarem uns dos outros, como talvez àquela pracinha de antigamente. A Teia é a realização de um sonho. O sonho de educadores que acreditam que a Arte pode conduzir o processo de ensino-aprendizagem e o autoconhecimento e que a educação pode ser diferente, com o aprender acontecendo de maneira prazerosa e significativa para as crianças, sem aquele autoritarismo tradicional, onde somente o professor tem o saber. Em 11 de setembro de 2005, a Teia Multicultural Escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental abriu suas portas. E, rapidamente, o sonho se tornou realidade. As aulas tiveram início em 30 de janeiro de 2006 com a capacidade máxima no período. Em 2011, mudamos para uma casa maior, ainda mais próxima do Parque da Água Branca e com espaços cuidadosamente preparados para vivenciarmos nossos sonhos e realidades. Trabalhamos com turmas pequenas (máx. de 12 crianças na Ed. Infantil e 15 crianças no Ens. Fundamental), para que o olhar do tutor e do professor especialista possa de fato acontecer de forma individualizada. Os agrupamentos são organizadas pelo sistema de ciclos, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais. Vou contar uma história, por favor, preste atenção. É a história de uma escola que roubou meu coração e só de falar seu nome já me enche de emoção. E pra começar essa história vamos nos apresentar: nós somos a turma cinco e viemos lhes falar de tudo o que sentimos dessa escola que é um lar. E aqui nesse Cordel, que é de aluno e professor, vamos mostrar pra todo mundo o tamanho do nosso amor, então agora vai começar, preste atenção, por favor: ————————————————— Eu sou o Davi e cheguei na turma três. Não obedecia ninguém, dei trabalho pra vocês. Hoje estou na turma cinco e o meu forte é Português! Quando cheguei nessa escola, muita coisa vivi, passei por desafios e com as dificuldades aprendi. Agora sou outra criança e superar eu consegui. Antes eu era terrível, só que agora eu melhorei. Não escutava ninguém, mas hoje eu parei. Gosto de várias matérias e minhas dificuldades superei. Já eu me chamo Lucas e agora vou falar: quando eu vim pra essa escola foi pra poder me soltar. Era só sala e cara feia, nunca ia passear. Aqui brinco bastante e aprendo com diversão, mas não é só brincadeira, tem que prestar atenção. Sabe o que é bem legal? Em casa, não preciso fazer lição. Não é Teia de aranha, Multicultural no sobrenome, jabutis, crianças, adultos, ao lado de um parque enorme Ah! Esqueci de dizer: Não é obrigado usar uniforme! ————————————————— O meu nome é Arthur e cheguei no ano passado. Tive medo, de verdade, de aqui ser maltratado, mas tive uma surpresa: fui muito bem cuidado. Teia, você me salvou do bullying, uma coisa horrível, aprendi o que é respeito e esqueci o tempo horrível. Fiz bons amigos nesse lugar incrível. Tem Assembleia, Aikido tem Projeto Conviver, tem Música na sala LIS, tem Artes no Ateliê, tem Danças Circulares e Teatro, tanta coisa pra aprender. ————————————————— Vou me apresentar devagar mas nem tanto: meu nome é Amon e digo sem tormento que chorava todo dia porque escola eu não aguento. Quando vim pra cá que estranha sensação, que lugar brilhante pra acabar com a escuridão e bem na minha frente acabou a solidão. E aquele sentimento desapareceu assim, tão rápido porque depois eu sorria e não fiquei mais pálido. O menino acordou daquele mundo sólido. ————————————————— Nessa escola já fui mágico e hoje eu sou professor, tive medo, eu confesso quando tudo começou, mas aprendo a cada dia nesse ofício de amor. Vou dizer qual é meu nome Juan, com a letra jota. Teia, muito obrigado pelo amor que não se esgota e pela energia radiante que do meu peito brota. E ainda tem o teatro, arte que me faz inteiro, lembra da Dorothy em Oz e dos pássaros no Viveiro? Se preparem que esse ano tem “O Rei e o Jardineiro”. Nos seus setes anos de idade muita coisa aconteceu gente veio, gente foi, mas o amor nunca morreu e é por isso que na Teia tudo é nosso, tudo é seu. Parabéns, Teia! Muitos anos de vida E que seja sempre a nossa escola querida que ensinou a enfrentar tudo que vier em seguida.