Dengue: Conhecimento para o enfrentamento no contexto

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Dengue: Conhecimento para o enfrentamento no contexto Neoliberal
OLIVEIRA, Euzébio [1]
CARLOS NETO, Daniel [2]
DENDASCK, Carla Viana [3]
OLIVEIRA, Euzébio; CARLOS NETO, Daniel; DENDASCK, Carla Viana – Dengue: Conhecimento para o
enfrentamento no contexto Neoliberal – Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento – Vol. 2.
Ano. 1. Maio. 2016, pp. 96-105 – ISSN:2448-0959
RESUMO
O contexto neoliberal fornece aos profissionais de diversas áreas desafios diários e constantes, para os
profissionais da saúde, o desafio é ligado diretamente a vida, que em muitos casos podem significar vidas de
forma massificadas, como no caso de qualquer patologia que possa tender a se transformar em epidemias, e
posteriormente pandemias. Neste contexto, o combate a dengue tem se tornado um dos grandes desafios para a
sociedade, exigindo que desde os profissionais de saúde, como pesquisadores, e até a própria população passem a
se mobiliar no enfrentamento deste arbovirus, uma vez que não se encontrou vacina capaz de anular seus efeitos.
Assim, esse artigo traz em seu escopo, através de uma revisão de literatura, alguns aspectos da dengue que
devem ser apontados para a sociedade, buscando no conhecimento estratégias de combate e enfrentamento
deste arbovirus.
Palavras Chaves: Arbovirus. Dengue. Aedes Aegypti.
INTRODUÇÃO
Desde o início do século 20 o Aedes aegypti é considerado um mosquito de importância para a saúde pública
mundial, principalmente devido ao fato desse mosquito ser considerado como vetor de diversas doenças, dentre
elas, a febre amarela, doença que se tornou uma epidemia no contexto nacional no início daquele século, bem
como, Zika e Chikungunya (LIMA-CAMARA; URBINATTI; CHIARAVALLOTI-NETO, 2016).
Já no início do século XX, o conhecimento sobre os efeitos, causas, e consequências, foi o responsável por quase
extinguir a doença no país, e evitar uma pandemia. No entanto, o descaso das autoridades públicas, e da própria
população, impulsionou para que novamente este arbovirus voltasse a assombrar a saúde do Brasil, trazendo
consigo outras doenças que tem se mostrado cada dia mais presente, e assustadoramente, com seus efeitos
pouco conhecimentos, devido sua capacidade de mutação, como será demonstrado no decorrer deste estudo.
O primeiro caso de Dengue registrado no Brasil, ocorreu no ano de 1982 na cidade de Boa Vista em Rondônia,
desde então o índice de infecções aumentou exponencialmente. De 1990 até 2011 foram registrados 12, 363, 690
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casos em todo o território nacional (CARNEIRO, et. al. 2012).
Hoje não só nas américas, mas em todo o mundo, o Brasil é o país com mais casos de Dengue, chegando a 70% do
número de casos registrados nas américas. O Rio de Janeiro é uma das cidades onde mais existem casos desta
doença em todo o país, a primeira epidemia de Dengue nesta cidade foi no ano de 1986, desde então as
epidemias se tornaram periódicas (GIBSON, et. al. 2014).
No início dos anos 70 o combate à Dengue passou a ser pautado no combate ao mosquito transmissor, Aedes
aegypti. Isso aconteceu na grande maioria dos países das américas. No entanto, a falta de manutenção ou
abandono dos programas, fizeram com que as infestações ao mosquito acontecessem novamente nesses países
(CASTRO-OROZCO; ALVIS-GUZMÁN; GÓMEZ-ARIAS, 2015).
Na ausência de vacinas para a Dengue como forma de prevenção a contaminação do vírus, a alternativa mais
eficaz é o combate ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti, principalmente os seus filhotes, para que assim eles
não cresçam e não se reproduzam. No entanto mesmo assim esses mosquitos se perpetuam (BARRERA, 2015).
Embora tenham surgido algumas campanhas a fim de conscientizar a população, parece que o Brasil se encontra
frente há uma grande batalha, cujo o fim ainda parece não aparecer. Defende-se então que surjam muitos estudos
que estejam focados em aprimorar os conhecimentos gerais sobre este arbovirus, tanto na comunidade
acadêmica, médico, científica, política, quanto pública, acreditando ser o conhecimento a única estratégia para o
enfrentamento deste arbovirus.
Aspectos gerais
A Dengue é uma doença febril causada por flavivirus e é um dos arbovirus mais presentes nas regiões tropicais. O
principal vetor e transmissor desta doença é o mosquito Aedes aegypti, este mosquito possui uma grande
capacidade de se adaptar facilmente a regiões urbanas, onde se encontra a maior parte da população (GORZONI,
Milton Luiz; MASSAIA, 2010).
Esta doença pode ser considerada uma das doenças com a maior e a mais rápida propagação do mundo. Nos
últimos 50 anos sua proliferação aumentou cerca de 30 vezes, com uma expansão geográfica que abrange
dezenas de países principalmente os subdesenvolvidos, e a cada ano chega a novos países (SPULVEDA-SALCEDO;
et. al. 2015).
O vírus da Dengue (DENV) é um ribovirus, ou seja, é composto por RNA, ele é membro da família flaviridae, no qual
ele possui quatro sorotipos, desses sorotipos decorrem as quatro linhagens do vírus (DENV – 1,2,3,4). Seu genoma
corresponde a um RNA positivo de cadeia, no qual codifica três proteínas estruturantes (Capside, prM e de
envoltura), e ainda sete proteínas não estruturantes (NS1, NS2a, NS2b, NS3, NS4a, NS4b e NS5) (CASTRO; PINZÓN;
ALVIS-GUZMAN, 2015).
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Se analisarmos em uma perspectiva histórica, a globalização foi um processo que trouxe consigo diversas
consequências sociais, entre elas o fluxo internacional de pessoas de em todo o mundo, que não é algo ruim, mas
de forma descontrolada e desregulada tem como decorrência o fluxo também de vírus e bactérias causadoras de
doenças (SANABRIA-ROJAS, 2015).
Esta doença resistente pode se manifestar com diversos sintomas, como uma febre anormal, febre acompanhada
de dor de cabeça, dores fortes com mal-estar, dores osteo-mi-articulares, erupções cutâneas, leucopenia,
sangramentos, choques hipovolêmicos, trombocitopenia, tractos digestivos, enjoos e vômitos (PEREIRA, et. al.
2015).
Esta forte resistência do vírus e dos vetores, fazem com que a Dengue seja uma das principais doenças
transmitidas por artrópodes no mundo, se estima que a cada ano ocorra cerca de 50 a 100 milhões de infecções,
com uma taxa de fatalidade e mortalidade de até 5% do total de infecções (VERA; et. al. 2010).
Atualmente o aumento dos focos e surtos de Dengue se tornaram uma preocupação da saúde pública mundial.
Pois, cerca de 3,5 bilhões de pessoas, este número represente 55% da população mundial, distribuídos em 124
países, estão expostas a contaminação pelo vírus da Dengue, que possui uma expectativa de mais de 100 milhões
de contaminações anuais (NUZAIHAN, M. M. N.; et al.2016).
Isso faz da Dengue o arbovirus com a maior incidência mundial. A Dengue possui 4 sorotipos que geram a doença
(DENV – 1,2,3,4), os quais são transmitidos pelo seu já citado principal vetor o mosquito Aedes aegypti e o Aedes
albopictus. A maioria dos casos de infecção da doença, acontecem de maneira assintomática, por conta disso o
indivíduo que contraiu o vírus geralmente procura ajuda médica apenas quando os sintomas se manifestam, o que
dificulta o tratamento (REY-CARO; VILLAR-CENTENO, 2012).
Os arbovirus em geral se adaptam melhor em regiões tropicais, no caso do Brasil outros fatores são agravantes
que propiciam a adaptação desse tipo de vírus. Fatores como o desmatamento, infraestrutura precária da grande
maioria das cidades, o crescimento populacional e a urbanização descontrolada, a precariedade do saneamento
básico (LOPES, NOZAWA, LINHARES, 2014).
Todos esses elementos fazem com que no Brasil, os insetos transmissores dos arbovirus, tenham uma maior
facilidade para viverem, se reproduzirem e infectarem mais pessoas, o que torna as doenças de arbovirus ainda
mais perigosas. (LOPES, NOZAWA, LINHARES, 2014).
Enfrentamento através do Conhecimento
Atualmente não existem vacinas em uso como medida de prevenção ao vírus da Dengue, no entanto existem
diversas vacinas já em desenvolvimento em vários países. Em dezembro de 2015 o México anunciou uma vacina
contra a Dengue testada e aprovada como eficiente, desde então ela tem sido usada naquele país, no entanto
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outros países ainda não aprovaram o uso da mesma vacina na sua população (ORELLANO, 2015).
Como citado anteriormente, existem quatro linhagens do vírus da Dengue, a que se apresenta como a mais grave
é a Dengue hemorrágica. Este tipo de Dengue possui sintomas mais graves, como extravasamento do plasma
sanguíneo, que leva a sangramentos e hemorragias, insuficiência respiratória e ainda disfunção orgânica. Por
conta da gravidade desses sintomas ela é considerada fatal (VERDEAL, 2011).
É fundamental ser realizado o diagnóstico da Dengue, logo quando manifestados os sintomas, pois assim o
tratamento pode ser antecipado e ocorrer de forma mais eficiente. O diagnóstico é realizado através da verificação
dos sintomas e de um exame de sangue que verifica a presença ou ausência do vírus no plasma sanguíneo do
paciente (PARRA-ALVAREZ, et.al. 2015).
Observa-se frequentemente nos diferentes formatos de mídia notícias referentes a Dengue e suas decorrências
sendo veiculadas pelos diferentes meios de comunicação, destacando as mortes provocadas pela Dengue em sua
forma hemorrágica. No entanto, pouco se vê na mídia sobre os diversos elementos envolvidos na prevalência dos
arbovirus, elementos esses de caráter social, históricos e econômicos (MAFRA; ANTUNES, 2015). Sugere-se então
que, tanto o conhecimento possa servir como estratégia para que todos se envolvam no enfrentamento desse
arbovirus.
REFERENCIAS
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estratégias actuales? Biomédica, v. 35, n. 3, 2015.
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Exp. Salud Publica. v. 32, n. 4, p. 801-807, 2015.
CASTRO, Raimundo; PINZÓN, Hernando Samuel; ALVIS-GUZMAN, Nelson. Revisión sistemática de los estudios
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Rev. Inst. Med. Trop., v. 52, n. 3, p. 163-167, 2010.
LIMA-CAMARA, Tamara Nunes; URBINATTI, Paulo Roberto; CHIARAVALLOTI-NETO, Francisco. Encontro de Aedes
aegypti em criadouro natural de área urbana, São Paulo, SP, Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 50, n. 3, p. 1-4,
2016.
LOPES, Nayara; NOZAWA, Carlos; LINHARES, Rosa Elisa Carvalho. Características gerais e epidemiologia dos
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[1] Doutor em Medicina/Doenças Tropicais. Pesquisador do Programa de Pós Graduação do Núcleo de Medicina
Tropical da UFPA. Docente e Pesquisador na Universidade Federal do Pará – UFPA. E-mail:
[email protected]
[2] Advogado. Acadêmico de Medicina. Doutorando em Saúde Pública. MBA Executivo. Especialista em Direito
Aplicado aos Serviços de Saúde. Pós-Graduando em Saúde da Família. Especialista em Auditoria. E-mail:
[email protected]
[3] Doutora em Psicanálise, Pós doutoranda em Psicanálise Clínica, e Mestranda em Bioética, diretora do Centro de
Pesquisa e Desenvolvimento de Estudos Avançados, Coach, e professora de cursos de MBA in company ,
Campinas e São Paulo- E-mail: [email protected]
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