estratégia de sensibilização das gestantes acompanhadas pelas

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ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA
FABIOLA FREITAS BEZERRA
ESTRATÉGIA DE SENSIBILIZAÇÃO DAS GESTANTES
ACOMPANHADAS PELAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE
NOVO ORIENTE-CE
PARA A REALIZAÇÃO DO EXAME PAPANICOLAOU
FORTALEZA
2010
FABIOLA FREITAS BEZERRA
ESTRATÉGIA DE SENSIBILIZAÇÃO DAS GESTANTES
ACOMPANHADAS PELAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE
NOVO ORIENTE-CE
PARA A REALIZAÇÃO DO EXAME PAPANICOLAOU
Projeto de Intervenção submetido à Escola de
Saúde Pública, como parte dos requisitos
para a conclusão da Especialização em
Enfermagem Obstétrica.
Orientador:
Profª. Ms. Simone Paes de Melo
FORTALEZA
2010
FABIOLA FREITAS BEZERRA
ESTRATÉGIA DE SENSIBILIZAÇÃO DAS GESTANTES
ACOMPANHADAS PELAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE
NOVO ORIENTE-CE
PARA A REALIZAÇÃO DO EXAME PAPANICOLAOU
Especialização em Enfermagem Obstétrica
Escola de Saúde Pública do Ceará
Aprovado em: 23 / 11 / 2010
Banca Examinadora:
________________________________________
Fabiane do Amaral Gubert
Mestre
________________________________________
Adriano Rodrigues de Souza
Mestre
AGRADECIMENTOS
Deus, inteligência suprema, causa primária de tudo;
Francisco Bezerra e Ivani Bezerra (meus pais),Flávia e Francisco Filho (meus irmãos) pelo
apoio e por entenderem minha ausência nos encontros familiares;
Antônio Diego Lima Rodrigues (Secretário de Saúde), pela indicação para a realização do
Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica;
Cecília
Cavalcante,
Érika
Vasconcelos,
Joel
Cunha
e
Gilcélia
Rodrigues
pelo
companheirismo e cumplicidade como colegas do Curso;
Ana Joyce de Alencar Fernandes Reis pelas horas dedicadas à digitação;
Mestre Simone Paes de Melo, pelas valiosas orientações e contribuições para o meu
aprendizado;
Fabiane do Amaral Gubert, Maíra Barroso Pereira e Adriano Rodrigues de Souza, por
aceitarem o convite, participarem das bancas de qualificação e apresentação final, com
significativas contribuições para o enriquecimento do Projeto;
Doutora Leni Lúcia Leal Nobre pela inspiração para estes e tantos outros desafios, pelas
indispensáveis contribuições e acolhimento no mais amplo dos sentidos;
Gestantes que participaram da investigação pelas contribuições fundamentais para a mudança
do problema detectado e Agentes Comunitários de Saúde por tornarem-se aliados nesta
empreitada;
Equipe de trabalho da ESF Sede III- Novo Oriente pelo agradável convívio, apoio e
motivação para este Projeto de Intervenção.
“Se não houver frutos, valeu a beleza das flores...
Se não houver flores, valeu a sombra das folhas...
Se não houver folhas, valeu a intenção da semente”.
Autor desconhecido
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
Faixa etária, estado civil, escolaridade, renda familiar e paridade das
22
gestantes entrevistadas.
TABELA 2 Realização do último exame de prevenção do câncer do colo do útero.
23
Distribuição das mulheres que realizaram o exame e necessitaram fazer
TABELA 3
24
algum tratamento.
Distribuição das gestantes segundo a oferta do exame de prevenção na
TABELA 4
24
gravidez atual.
Motivos alegados pelas gestantes para Não realização do exame de
TABELA 5
25
prevenção do câncer do colo do útero na gravidez.
TABELA 6 Prevalência de comportamentos associados ao câncer do colo do útero.
25
Visita domiciliar mensal dos Agentes Comunitários de Saúde-ACS, às
TABELA 7
27
gestantes.
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO................................................................................................
2.OBJETIVOS....................................................................................................
3.REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................
8
12
13
3.1 Papanicolaou...............................................................................................
13
3.1.1 O Patologista............................................................................................
13
3.1.2 O Exame...................................................................................................
13
3.2 O Aparelho reprodutor feminino..................................................................
14
3.3 O Câncer do colo do útero e as manifestações clínicas..............................
15
3.4 Papilomavírus Humano – HPV....................................................................
16
3.5 Fatores de risco associados ao câncer do colo do útero............................
16
3.6 Assistência de enfermagem à gestante e o citopatológico.........................
16
4.METODOLOGIA.............................................................................................
18
4.1 Cenário da Intervenção................................................................................
18
4.2 Sujeitos da Intervenção...............................................................................
18
4.3 Procedimentos da Intervenção....................................................................
19
4.4 Resultados Esperados.................................................................................
20
4.5 Avaliação da Intervenção.............................................................................
20
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................................
21
5.1 Identificação das Gestantes.........................................................................
21
5.2 Informações sobre o Exame de Prevenção do Câncer do Colo do Útero...
23
5.3 Aspectos Comportamentais.........................................................................
25
5.4 Visita do Agente Comunitário de Saúde – ACS..........................................
27
6. SENSIBILIZAR PARA REALIZAR.................................................................
REFERÊNCIAS.................................................................................................
APÊNDICES......................................................................................................
ANEXOS............................................................................................................
28
29
32
36
8
1 INTRODUÇÃO
Dados revelam que o câncer do colo do útero é a segunda causa de morte por
câncer em mulheres em todo o mundo. Em países em desenvolvimento, em geral, é a
principal causa de morte em mulheres, por câncer. No Brasil, esse índice é maior nas regiões
Norte e Nordeste (YASSOYAMA et al., 2005).
Em consonância com Martins; Thuler; Valente (2005), o câncer do colo uterino
corresponde aproximadamente a 15% de todos os tipos de câncer em mulheres e em alguns
países em desenvolvimento ocupa a primeira posição na classificação de todos os cânceres na
população feminina. No Brasil, as taxas de incidência organizadas por idade, variam entre
14,3 por 100.000 em Salvador e 50,7 por 100.000 no Distrito Federal e em 2002, segundo
informações do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), o câncer do colo do útero foi
responsável por 7,1% de todas as mortes por câncer em mulheres no país.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer-INCA (2010), estima-se que numa
população de 100.000 mulheres, no Ceará, surgirão 860 novos casos de câncer do colo do
útero, de uma totalidade de 9.870 novos casos de neoplasias, em 2010, no Estado.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) salienta que para a efetividade no
controle do câncer são necessárias ações que garantam uma atenção integral ao paciente,
desde a prevenção, diagnóstico, tratamento e cuidados paliativos. O tratamento do câncer do
colo uterino é mais efetivo quando a doença é diagnosticada em fases iniciais o que justifica a
importância das ações para detecção precoce (BRASIL, 2006).
Conforme Brasil (2009), o câncer do colo uterino pode ser prevenido com
medidas de fácil execução e baixo custo. Em 2000, no Sistema Único de Saúde (SUS), a rede
de coleta de exames citopatológicos era composta por 6.908 unidades e 687 laboratórios de
citopatologia; em 2002, já eram 12.726 redes de coleta e 1.043 laboratórios especializados em
citopatologia.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Opinião e Pesquisa (IBOPE), em 1994,
64% das mulheres com mais de 15 anos de idade realizaram o exame preventivo pelo menos
uma vez na vida, no entanto, em 2003, após instalação do Programa Nacional de Controle do
Câncer do Colo do Útero (PNCCU), entre as mulheres maiores de 24 anos, o percentual de
realização do exame era de 79,1% (OLIVEIRA et al., 2006).
9
A Atenção Básica/ Saúde da Família é normalmente o primeiro contato do cliente
com o SUS, orientando-se por princípios como a Universalidade; Integralidade;
Responsabilização; Humanização; Vínculo; Equidade; Participação Social, entre outros.
Dentre os desafios para se alcançar a integralidade na assistência à Saúde da Mulher, estão as
ações de controle dos cânceres do colo do útero e da mama (BRASIL, 2006).
A Assistência Pré-natal também é “abraçada” pela Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde da Mulher, portanto, nada mais oportuno que otimizar o acompanhamento da
gestante, ofertando-lhe o exame Papanicolaou1 , com o intuito de identificar agravos à saúde
materna e/ou do feto, como o câncer do colo do útero.
Em conformidade com Brasil (2006), não se deve perder a oportunidade de
realizar a coleta citopatológica em grávidas, podendo ser efetuada em qualquer período
gestacional, preferencialmente até o sétimo mês, não sendo, portanto, contra-indicada,
somente atentando para a não realização da coleta endocervical.
Assim como o câncer do colo do útero, algumas Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DST) e outras vulvovaginites também podem ser identificadas com o
Papanicolaou; estas podem afetar mãe e feto e o diagnóstico precoce é benéfico ao binômio
(mãe e filho) e ao(s) parceiro(s) dessa mulher.
As Doenças Sexualmente Transmissíveis estão entre os problemas de saúde mais
comuns em todo o mundo e avaliações recentes indicam a ocorrência de mais de 10 milhões
de novas infecções transmitidas sexualmente, que podem evoluir para enfermidades
sintomáticas, como uretrites, cervicites, úlceras e verrugas genitais, ou ainda, permanecerem
assintomáticas e durante a gestação serem transmitidas ao feto, causando ao concepto, lesões
importantes ou provocando abortamento (BRASIL, 2009).
Mulheres com DST têm maior probabilidade para o câncer do colo do útero,
principalmente se houver infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), sendo oportuno que
estas mulheres sejam submetidas à citopatologia com mais freqüência, embora o exame
preventivo não tenha como objetivo primordial, identificar doenças sexualmente
transmissíveis (BRASIL, 2006).
A ascensão de microorganismos existentes no canal vaginal representa uma das
causas de infecção fragilizando as membranas e por vezes, atravessando-as e contaminando o
líquido amniótico e posteriormente o feto, por tanto, investigar microorganismos
1
Em homenagem ao grego George Nicolas Papanicolaou, pelo trabalho em Citologia na prevenção
do câncer. O exame Papanicolaou também é conhecido por exame de prevenção, citopatológico
ou citologia oncótica.
10
potencialmente danosos a gravidez, significa melhorar a qualidade da assistência Pré-natal
(SILVA FILHO, 2004).
De acordo com Brasil (2006), as atividades dos Enfermeiros da Atenção Básica
no controle dos cânceres do colo do útero e da mama, incluem, realizar atenção integral às
mulheres; realizar consultas de Enfermagem; coleta de exame preventivo e exame clínico das
mamas; supervisionar e coordenar o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS);
realizar atividades de educação permanente junto aos demais profissionais da Equipe, entre
outros.
Segundo dados coletados junto ao Sistema de Informação da Atenção Básica
(SIAB) – 2010, em Novo Oriente, no período de janeiro a junho deste ano, foram realizados
1.350 exames de Prevenção do Câncer do Colo do Útero (PCCU), detectando desde
vulvovaginites à Neoplasia Intra-epitelial Cervical (NIC).
No Município de Novo Oriente, todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS)
ofertam o exame de prevenção do câncer do colo do útero, no entanto, no período de janeiro a
junho de 2010, das 186 gestantes cadastradas e acompanhadas através das consultas de prénatal, atividades educativas e visitas domiciliares somente 11(onze) realizaram o exame
citopatológico durante a gravidez, correspondendo a 5,9% da totalidade de gestantes e 0,8%
do total de exames realizados, demonstrando a grande resistência pelas gestantes em se
submeter ao exame, mesmo quando encaminhadas e/ou orientadas, segundo relato dos
Enfermeiros que realizam o acompanhamento das mesmas.
Os profissionais de saúde têm realizado esforços especiais para alcançar e motivar
clientes de diversos grupos culturais e socioeconômicos em relação a estilos de vida e práticas
de saúde, encorajando comportamentos saudáveis, modificando comportamentos de risco
(SMELTZER e BARE, 2006).
É objetivo do acompanhamento Pré-natal, garantir o desenvolvimento da
gravidez, assegurando o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde
materna. Aspectos psicossociais e atividades educativas e preventivas fomentam essa
assistência (GAIO, 2005).
Em consonância com Brasil (2001), o câncer do colo do útero é de evolução lenta,
perpassando o período de aproximadamente 10 anos, entre a fase precursora e o
desenvolvimento propriamente dito. Infelizmente, mais de 70% das mulheres diagnosticadas,
na primeira consulta, já apresentam o câncer em estágio avançado, dificultando a
11
possibilidade de cura, portanto, quanto mais precoce for a intervenção, melhor será o
prognóstico.
A Atenção Básica é caracterizada por desenrolar um conjunto de ações que
incluem a promoção, a prevenção, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação (BRASIL,
2006).
Como Enfermeira da Estratégia de Saúde da Família (ESF), no Município de
Novo Oriente, desde janeiro de 2010, pude perceber que as gestantes não compareciam para
realização do exame citopatológico. Senti-me instigada a investigar a não adesão das mesmas
ao exame e se estas gestantes recebiam orientação precisa acerca da importância do mesmo,
principalmente por se tratar de um problema de Saúde Pública.
Com a constatação da problemática e a alta incidência desse agravo, surgiu a
necessidade de elaborar um plano de intervenção com o intuito de sensibilizar a adesão das
gestantes do Município de Novo Oriente-CE ao exame Papanicolaou, buscando a prevenção
do câncer do colo do útero, além de complicações no parto causadas por agravos como as
vulvovaginites, não tratadas durante a gravidez. Salientando que esta poderá ser a única
oportunidade em captar essas mulheres para a realização do exame citopatológico.
Como a finalidade primordial do exame citopatológico é a prevenção do câncer do
colo do útero, resolvemos delimitar a intervenção a esse objetivo, uma vez que as gestantes,
independentemente de realizarem o Papanicolaou, devem ter suas mamas examinadas na
tentativa, principalmente, de identificar achados que poderão dificultar ou impedir a
amamentação, segundo protocolo do acompanhamento do Pré-natal; por isso a não
preocupação das pesquisadoras com a prevenção do câncer de mama, nas gestantes que irão
sofrer a intervenção, embora a problemática também necessite da atenção dos Gestores em
Saúde.
12
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
 Sensibilizar as gestantes quanto à importância da realização do exame de prevenção
(Papanicolaou) na gravidez, com o intuito de identificar precocemente o câncer do
colo do útero.
2.2 Objetivos Específicos
 Investigar o motivo pelo qual as gestantes de Novo Oriente-CE não realizam o exame
de prevenção;
 Promover grupos de Educação em Saúde para as gestantes, discutindo-se temas como
a importância do exame de prevenção e os benefícios do mesmo durante a gravidez,
fortalecendo, ainda, o vínculo dessas gestantes com a Equipe de Saúde;
 Capacitar os Agentes Comunitários de Saúde(ACS) para a sensibilização e
esclarecimento de dúvidas acerca do exame, junto às gestantes, durante as visitas
domiciliares e palestras educativas.
13
3 REVISÃO DE LITERATURA
Fonte:http://medbiography.blogspot.com
3.1 Papanicolaou:
3.1.1 O Patologista
George Nicolas Papanicolaou (1883-1962) médico patologista, nascido na Grécia,
formado na Universidade de Atenas e doutorado na Alemanha. Migrou para os Estados
Unidos da América em busca de oportunidades, tornando-se vendedor de tapetes; após um
ano, assistente em laboratório e em seguida, professor. Estudando mudanças provocadas pelos
hormônios no útero, viu uma amostra diferente com células deformadas, pertencentes a uma
mulher com câncer. Realizando o mesmo procedimento com outras pacientes, concluiu que
aquela análise diagnosticava tumores. Detalhou a descoberta em 100 páginas, distribuindo-as
em um encontro médico, em 1928, no entanto, só despertou o interesse e a aceitação dos
colegas em 1943 (PAPANICOLAOU, 2009).
O patologista é tido como idealizador do exame Papanicolau (ou Papanicolaou),
utilizado no mundo inteiro para detecção precoce e prevenção dos cânceres de vagina, colo do
útero e endométrio (BIOGRAFIAS MÉDICAS, 2010).
3.1.2 O Exame
Na consulta para coleta citopatológica, inicialmente é realizado a anamnese, onde
são investigados, antecedentes familiares e pessoais gineco-obstétricos, incluindo, menarca;
método anticoncepcional; vida sexual; Data da Última Menstruação (DUM); fluxos genitais,
queixas atuais, antecedentes de morbidade, entre outros, em seguida é realizado exame físico
iniciando pelas mamas (inspeção e palpação); exame pélvico, com a mulher em posição
ginecológica, inspecionando vulva e períneo, culminando com exame especular, quando é
então, coletado esfregaço de células do epitélio cervical, enviando em seguida para análise
(XAVIER e SALAZAR, 2006).
14
O roteiro da consulta que culmina com a coleta citopatológica obedece à ficha de
Requisição do Citopatológico – Colo do Útero (ANEXO A) e ficha de Atendimento à Mulher
(ANEXO B).
De acordo com o Brasil (2006), apoiando-se na observação da história natural do
câncer do colo do útero, o Ministério da Saúde do Brasil, em 1988, estabeleceu que o exame
Papanicolaou deverá ser realizado em mulheres de 25 a 60 anos de idade, anualmente e após
dois resultados anuais consecutivos negativos, realizar a cada três anos.
O câncer do colo do útero é um sério problema de Saúde Pública e mesmo as
mulheres que estejam abaixo da faixa etária para a realização do exame, porém já tenham
iniciado atividade sexual, deverão realizar o exame citopatológico (OLIVEIRA, 2009).
O risco cumulativo do câncer do colo do útero é reduzido em 84% em mulheres
rastreadas através do Papanicolaou a cada cinco anos e em 91% para mulheres que realizam o
exame citopatológico a cada três anos, enquanto a realização anual do exame eleva essa
proteção em 2% (OLIVEIRA et al., 2006).
3.2 O aparelho reprodutor feminino
O aparelho genital feminino é dividido em genitália externa ou vulva e o períneo e
genitália interna.
Fonte: Unifesp.br
Fonte: Unifesp.br
A vulva inclui o “monte de Vênus”, os pequenos e grandes lábios; o espaço
interlabial (vestíbulo, meato uretral, intróito vaginal e hímen); os órgãos eréteis (clitóris e
bulbovestibulares) e as glândulas acessórias (parauretrais ou de Skene e vulvovaginais ou de
15
Bartholin). A genitália interna é formada por vagina, útero (corpo e colo), trompas de falópio
e ovários (REZENDE e MONTENEGRO, 1999).
A parte interna ou endocérvice do colo uterino é revestido por uma camada de
células cilíndricas produtoras de muco (epitélio colunar) e uma parte externa ou ectocérvice,
revestida por camadas de células planas (epitélio escamoso e estratificado), entre os dois
epitélios encontra-se a Junção Escamocolunar (JEC). O epitélio colunar num ambiente
vaginal hostil, por meio da metaplasia tem suas células transformadas em células escamosas,
dando origem a um novo epitélio, situado entre os originais, chamado zona de transformação
e é nesta zona que estão localizadas 90% das lesões cancerosas do colo do útero (BRASIL,
2006).
3.3 O câncer do colo do útero e as manifestações clínicas
O colo uterino está revestido por camadas de células epiteliais pavimentosas
ordenadas. A desordenação destas camadas pode causar alterações que vão desde núcleos
mais corados até figuras atípicas de divisão celular e quando essa desordem acontece em
camadas mais basais no epitélio estratificado, temos uma Neoplasia Intra-epitelial Cervical
Grau I (NIC I) – anormalidade do epitélio no um terço proximal da membrana; quando a
desorganização avança dois terços proximais, temos Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau II
(NIC II); na Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau III (NIC III), o desarranjo está em todas
as camadas, no entanto não há rompimento da membrana basal. Quando as alterações
epiteliais são mais intensas e o desarranjo é tão grande, que as células invadem o tecido
conjuntivo, tem-se o carcinoma invasor (BRASIL, 2006).
Segundo Smeltzer e Bare (2006), o câncer cervical precoce raramente produz
sintoma e quando presente manifesta-se como uma fina secreção vaginal aquosa, notado
principalmente após a relação sexual. Com o avanço da doença, surgem sintomas como:
sangramento irregular ou após relação sexual, a secreção torna-se escura e com odor fétido e à
medida que a doença avança surge, disúria, sangramento retal, edema dos membros, anemia e
dor cruciante nas costas e pernas, somente aliviada com analgésicos opióides.
16
3.4 Papilomavírus Humano - HPV
A infecção pelo HPV tem sido associada diretamente com o câncer do colo do
útero, uma vez que alguns tipos de vírus são encontrados em aproximadamente 95% dos casos
desse câncer. A realização periódica do exame de prevenção do câncer do colo do útero é a
medida mais efetiva para o controle das lesões induzidas pelo Papilomavírus Humano
(BRASIL, 2006).
Ainda segundo o autor, o HPV é um DNA-vírus do grupo papovavírus com mais
de 100 tipos reconhecidos, dos quais 20 podem infectar o trato genital, dividido em dois
grupos, segundo o potencial de oncogenicidade; sendo normalmente de transmissão sexual e
apresentando-se na maioria das vezes de forma assintomática, sendo visível sob técnicas de
magnificação e após reagentes como o ácido acético, já as lesões quando presentes podem ser
planas ou exofíticas, conhecidas como condiloma acuminado.
3.5 Fatores de risco associados ao câncer do colo do útero
Segundo Pessini e Silveira (2005), os fatores de risco para desenvolvimento do
câncer do colo do útero são:
• Multiplicidade de parceiros;
• Precocidade no início das relações sexuais (14anos);
• Infecção pelo HPV;
• Imunidade;
• Tabagismo;
• Uso prolongado de anticoncepcionais orais;
• Baixo nível socioeconômico;
• Gravidez precoce (20 anos), entre outros.
3.6 Assistência de enfermagem à gestante e o citopatológico
Quando uma mulher suspeita ou certifica-se de que está grávida, ela deverá
procurar atendimento médico e/ou de enfermagem o quanto antes e durante o
17
acompanhamento Pré-natal, inúmeros fatores relacionados à saúde prévia e atual serão
investigados e avaliados (BURROUGHS,1995).
A assistência Pré-natal tem como objetivo garantir o bom andamento da gravidez,
assim, como identificar precocemente quais gestações tem maior probabilidade de provocar
um desfecho desfavorável para o feto, mãe ou ao binômio (BUCHABQUI et al., 2006).
A Equipe da ESF deve estar preparada para receber essa mulher que normalmente
ultrapassou seus limites de medo ou vergonha para estar se submetendo ao exame preventivo,
por ser consciente da importância do mesmo. A gestante muitas vezes não percebe a
magnitude de ser mulher e poder gerar uma outra vida, portanto, cabe ao Enfermeiro atuante,
estar capacitado para receber e acolher essa mulher que na maioria das vezes sente-se
fragilizada e impotente.
Sendo a saúde da mulher considerada umas das áreas estratégicas para os
cuidados de saúde, os Enfermeiros necessitam, portanto, compreender as influências físicas, o
desenvolvimento, a psicologia e os aspectos socioculturais da mulher e, cuidarem da sua
saúde, principalmente na assistência à gestação (SMELTZER e BARE, 2006).
Ainda segundo as autoras, o Enfermeiro pode tornar o exame de prevenção menos
desconfortável para mulher, inicialmente, acolhendo-a, explicando todo procedimento a ser
realizado e, a importância da realização do mesmo para a detecção precoce do câncer do colo
do útero, tranqüilizando e esclarecendo que é normal que ela se sinta desconfortável e
apreensiva e que só sentirá dor na presença de infecção pélvica. O uso de um lençol minimiza
a exposição, pois algumas mulheres sentem-se envergonhadas durante o exame.
O profissional que acompanha as mulheres na realização do exame de prevenção
deve agir com: empatia, calor humano, simplicidade, ser capaz de ouvir, transmitir segurança,
deve familiarizar a cliente com o ambiente e os instrumentos, estar atento às queixas, dúvidas,
ansiedades, interagir em relação aos aspectos emocionais, desenvolvendo uma ação
humanizada, onde se considera a história familiar, social, cultural e religiosa dessas mulheres
(MERIGUI; HAMANO; CAVALCANTE, 2002 apud LIELLO et al., 2009).
18
4 METODOLOGIA
4.1 Cenário da Intervenção
O Município de Novo Oriente fica a uma distância de 397km da capital Fortaleza
e faz parte da Região do Sertão dos Inhamuns. Compõe com outros municípios do Ceará a
15ª (décima quinta) Microrregião de Saúde com sede administrativa em CrateúsCoordenadoria Regional de Saúde (CRES). Possui 09 (nove) Unidades de Estratégia de Saúde
da Família, assistindo a uma população de 28.703 habitantes segundo dados estimativos do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE para o ano de 2009.
As 09 (nove) Unidades de ESF estão assim distribuídas: 04 (quatro) na sede do
Município (ESF Centro de Saúde; ESF Sede III; ESF Açude Oriente I; ESF Lagoa do Tigre) e
05 (cinco) nos distritos (ESF Emaús; ESF Três Irmãos; ESF Santa Maria; ESF Palestina e
ESF Monte Alegre), que ofertam o exame Papanicolaou, sendo este realizado pelos
Enfermeiros das Unidades, segundo cronograma mensal, numa média de 25 (vinte e cinco)
exames ao mês por cada Equipe.
Mensalmente são atendidas para consulta de Pré-natal uma média de 156
gestantes por todas as Unidades de ESF além de visitas domiciliares realizadas pelos ACS e
atividades educativas ministradas por equipe multiprofissional, a esse público.
4.2 Sujeitos da Intervenção
A população abordada foi constituída por gestantes cadastradas e acompanhadas
por quatro Unidades de ESF sendo duas da zona urbana e duas da zona rural, escolhidas estas,
pelo grande número de gestantes que acompanham e, a facilidade de deslocamento da
pesquisadora até as mesmas.
O critério de inclusão utilizado foi de gestantes que não realizaram o exame
citopatológico nos últimos três anos e mais, os 65 (100%) Agentes Comunitários de Saúde do
Município, amostra eleita para o estudo.
Segundo Gil (1999), amostra é o subconjunto da população ou universo, através
da qual são instituídas ou estimadas as características dessa população.
19
4.3 Procedimentos da Intervenção
Na tentativa de colher os dados e alcançar o objetivo do Projeto de sensibilizar as
gestantes à adesão ao exame citopatológico foram realizadas as seguintes intervenções:
•
Elaboração de um instrumento de investigação (APÊNDICE B), para
entrevistar as gestantes na tentativa de compreender o que as desmotivam a não
realizar o exame de prevenção. A coleta de dados ocorreu na sala de espera da
UBS;
•
Capacitação dos ACS para o desenvolvimento de ações de Educação em Saúde
com especial abordagem às gestantes acerca da importância do Papanicolaou
na gestação;
•
Implantação de grupos de gestantes para o desenvolvimento de atividades
educativas com o propósito de esclarecer possíveis dúvidas/mitos.
Segundo Otávio Neto (2000), a entrevista é o procedimento normalmente aplicado
no trabalho de campo, servindo como meio de coleta de informações de determinado tema,
sendo a entrevista estruturada, caracterizada por perguntas previamente formuladas.
As atribuições dos Agentes Comunitários de Saúde, na Estratégia de Saúde da
Família (ESF), incluem, conhecer a importância da realização da coleta de exame preventivo
como estratégia segura para a detecção do câncer do colo do útero; realizar busca ativa para
rastreamento de mulheres para a detecção precoce dos cânceres do colo do útero e da mama;
desenvolver ações educativas, junto às famílias, relativas ao controle destes cânceres, entre
outros (BRASIL, 2006).
Educar para a saúde significa ir adiante da assistência curativa, implica em dar
primazia à prevenção e promoção nas intervenções, ou seja, a aplicação de práticas educativas
na Estratégia de Saúde da Família, ora em grupos educativos, ora por ocasião da visita
domiciliar, exprime a concretização do princípio da integralidade, pelas Equipes de Saúde da
Família (ALVES, 2005).
20
4.4 Resultados Esperados
Com as intervenções citadas acima, espera-se aumentar a adesão das gestantes ao
Papanicolaou e capacitar os ACS, tornando-os multiplicadores no processo de conscientização
das gestantes sobre a importância do exame preventivo do câncer do colo uterino.
4.5 Avaliação da Intervenção
A avaliação da intervenção será realizada de forma direta, junto aos Agentes
Comunitários de Saúde e/ou Enfermeiros, das UBS, averiguando se houve mudanças
quantitativas na realização do exame citopatológico entre as gestantes, uma vez que não existe
no SIAB um programa para registro de gestantes que realizam o Papanicolaou. O resultado
da intervenção será repassado à Coordenação da ESF e a Secretaria de Saúde de Novo
Oriente.
21
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Com o objetivo de identificar fatores de risco relacionados com o câncer do colo
do útero e aspectos associados a não realização do exame de prevenção, foi aplicado o
instrumento investigativo com as gestantes cadastradas em quatro Unidades Básicas de Saúde,
duas da zona urbana e duas da zona rural. Estas unidades acompanham um número elevado de
gestantes e a facilidade de acesso as mesmas foram favoráveis ao deslocamento da
pesquisadora para a coleta dos dados.
O pré- requisito da gestante não ter realizado o exame de prevenção nos últimos
três anos delimitou a amostra em 92 (noventa e duas) gestantes, sujeitos da pesquisa.
As participantes foram informadas de que a sua participação seria voluntária e que
seriam identificadas apenas pelas iniciais do seu nome. A abordagem aconteceu na sala de
espera das Unidades enquanto as mulheres aguardavam a consulta de Pré-natal. Inicialmente a
entrevistadora identificou-se e explicou o objetivo do inquérito.
5.1 Identificação das Gestantes
A primeira parte do roteiro da entrevista, sobre a identificação das gestantes, está
composta pelas seguintes variáveis: idade, estado civil, escolaridade, renda familiar e o
número de partos com filhos vivos (paridade). Os resultados estão expressos na Tabela 1.
22
Tabela 1: Faixa etária, estado civil, escolaridade, renda familiar e paridade das gestantes entrevistadas.
DADOS
QUANTIDADE
%
FAIXA ETÁRIA
15-19 anos
10
20-29 anos
65
30-39 anos
17
Total
92
ESTADO CIVIL
Solteira
12
União estável
49
Casada
30
Outros
01
Total
92
ESCOLARIDADE
Analfabeta
07
Alfabetizada
05
Ens.fundamental incompleto
51
Ens.fundamental completo
13
Ens.médio incompleto
08
Ens.médio completo
06
Ens. superior incompleto
00
Ens. superior completo
02
Total:
92
RENDA FAMILIAR EM SALÁRIO MÍNIMO (SM)
<1 SM
85
1SM
05
>1SM
02
Total:
92
PARIDADE
1a3
62
4a8
28
>8
02
Total:
92
10,90%
70,70%
18,40%
100%
13,00%
53,30%
32,70%
1,00%
100,00%
7,60%
5,40%
55,50%
14,20%
8,70%
6,50%
0,00%
2,10%
100,00%
92,40%
5,40%
2,20%
100%
67,40%
30,4%
2,20%
100,00%
Conclui-se que a maioria das gestantes 70,7% encontra-se na faixa etária de 20 a
29 anos. Mais da metade dessas mulheres 53,3% (49) apresenta união estável, ou seja,
possuem um companheiro fixo, no entanto, numa situação não reconhecida em cartório. Uma
das gestantes ficou viúva durante a gravidez atual.
Entre as noventa e duas gestantes estudadas a maioria tem o ensino fundamental
incompleto e as alfabetizadas não sabem ler ou escrever, apenas assinam o próprio nome.
Nenhuma gestante possui ensino superior incompleto.
23
Percebe-se a partir do resultado da investigação, que 92,4% das gestantes do
Município e seus familiares, vivem com menos de um salário mínimo, somatório conseguido
através da agricultura e Programas do Governo.
Acredita-se que o baixo poder aquisitivo contribui para o surgimento de
obstáculos à saúde e consequentemente, pessoas com baixa renda familiar não conseguem
satisfazer suas necessidades básicas, incluindo o cuidado com a saúde (SERRA e MOTA,
2000 apud SOUZA e BORBA, 2008).
Estudos realizados concluíram que quanto mais baixo nível de escolaridade,
menor renda familiar e menor faixa etária, menor a cobertura do exame citopatológico e esses
fatores tem sido uma constante nos motivos que levam as mulheres a não se submeterem ao
exame (MARTINS; THULER; VALENTE, 2005).
Embora a maioria sobreviva com menos de um salário mínimo, 30 mulheres
(32,6%) confirmam que tiveram mais de quatro filhos vivos enquanto as demais (67,4)
tiveram de 1 a 3 filhos vivos.
5.2 Informações sobre o Exame de Prevenção do Câncer do Colo do Útero
Quando indagadas sobre a realização do exame preventivo antes da gestação
atual, 77 das entrevistadas (83,6%) responderam que sim,já realizaram o exame alguma vez
na vida e 15 (16,4%) nunca realizaram o exame.
Tendo em vista que o pré-requisito para participar da pesquisa era não ter
realizado o exame de prevenção nos últimos três anos, verifica-se pela Tabela 2, que das 77
gestantes que realizaram exame anteriormente, 73 (94,8%) o fizeram entre quatro e dez anos
atrás.
Tabela 2: Realização do último exame de prevenção do câncer do colo do útero.
ÚLTIMO EXAME
QUANTIDADE
PERCENTUAL
4 a 10 anos
73
94,8%
>10 anos
04
5,2%
TOTAL
77
100%
24
Das mulheres que realizaram o exame de prevenção do câncer do colo do útero
72,7% responderam que, devido ao resultado do exame, foram submetidas a algum tipo de
tratamento: tópico, oral ou invasivo. Esta informação está revelada na tabela abaixo.
Tabela 3: Distribuição das mulheres que realizaram o exame e necessitaram fazer algum tratamento.
REALIZAÇÃO DO
TRATAMENTO
QUANTIDADE
PERCENTUAL
SIM
56
72,7%
NÃO
21
27,3%
TOTAL
77
100%
Na seqüência da entrevista foi perguntado se na gravidez atual ofereceram a elas
a realização do exame de prevenção do câncer do colo do útero. De fato, pela Tabela 4
verifica-se que o exame de prevenção foi ofertado para a maioria das gestantes e quando
questionadas, qual profissional havia oferecido o exame, todas as gestantes relataram que o
Enfermeiro(a) da Unidade ofertou-lhe o exame.
Tabela 4: Distribuição das gestantes segundo a oferta do exame de prevenção na gravidez atual.
OFERTA DO EXAME
QUANTIDADE
PERCENTUAL
SIM
87
94,5%
NÃO
05
5,43%
TOTAL
92
100%
Grande parte das gestantes da pesquisa 56 (60,8%) afirma que recebeu alguma
informação acerca do exame e sua importância. Elas citam dentre outras, as seguintes
informações que lhes foram prestadas: “é um exame que examina o canal do parto...”;
“previne o câncer do colo do útero...”; “é um exame que dá pra ver ferida e raladura...”; “é
um exame que vê inflamação...” Enquanto que, 36 (39,2%) entrevistadas não receberam
nenhuma informação sobre a importância do exame.
Fato curioso é que, quando perguntadas se realizariam o exame no período da
gravidez 51(55,4%) responderam que Não realizariam alegando os seguintes motivos:
“...medo de perder o bebê”; “...vergonha do Enfermeiro(a)”; “...medo do resultado”; “não
25
sabia que podia fazer”; “a minha amiga disse que dói”; “o resultado demora”; “eu não
tenho corrimento”, “... eu só tive meu marido”., entre outros motivos.
A tabela 5 consolida a resposta das gestantes de Novo Oriente sobre os motivos
pelos quais não aceitam realizar o exame de prevenção do câncer do colo uterino durante a
gravidez.
Tabela 5: Motivos alegados pelas gestantes para Não realização do exame de prevenção do câncer do colo do
útero na gravidez.
MOTIVOS PARA NÃO
REALIZAÇÃO DO EXAME
QUANTIDADE
PERCENTUAL
MEDO
29
56,9%
VERGONHA
18
35,3%
OUTROS
04
7,8%
TOTAL
51
100%
O medo do resultado do exame foi o mais freqüente fator para a não realização do
exame, segundo informa as respondentes.
5.3 Aspectos Comportamentais
Com o intuito de analisar a prevalência dos fatores de riscos para o câncer do colo
do útero, as entrevistadas foram indagadas quanto ao seu comportamento através das
seguintes variáveis:
Tabela 6: Prevalência de comportamentos associados ao câncer do colo do útero.
ASPECTOS COMPORTAMENTAIS
QUANTIDADE
PERCENTUAL
Início precoce da atividade sexual (<14 anos)
12
13%
Tabagismo
07
7,6%
Múltiplos parceiros sexuais
24
26,1%
Uso prolongado de contraceptivos orais
23
25,1%
Infecção pelo HPV
00
00
Gravidez Precoce (<20 anos)
19
20,6%
Nenhum fator de risco
07
7,6%
TOTAL
92
100%
26
Segundo relato das gestantes que já haviam realizado o exame preventivo
Papanicolaou, não foi identificado infecção pelo HPV em seus exames. As gestantes
tabagistas fumavam mais de dez cigarros até o final do dia. Aproximadamente 26,1% das
entrevistadas tiveram mais de cinco parceiros sexuais e nem sempre usaram preservativo nas
relações sexuais. Vinte e três mulheres fizeram uso de contraceptivo oral por cerca de dez
anos. A investigadora só revelou que estes fatores estavam associados ao câncer do colo do
útero, após inquérito.
O uso de anticoncepcionais orais por longo período; tabagismo principalmente em
usuárias de longo tempo; múltiplos parceiros sexuais; infecção pelo HPV; precocidade da
atividade sexual (14 anos) e da gravidez (20 anos), são fatores de risco para o câncer do colo
do útero (PESSINI e SILVEIRA, 2005).
Estudos revelam que fatores como múltiplos parceiros sexuais, início precoce da
atividade sexual ou multiparidade (mais de quatro gestações) ou partos, estão relacionados
com a maior prevalência da neoplasia maligna do colo uterino e que a redução da incidência
da patologia é proporcional à prevenção por meio do exame citopatológico (MURTA et
al.,1999).
27
5.4 Visita do Agente Comunitário de Saúde - ACS
A busca ativa de mulheres pelos ACS durante as visitas regulares que realizam,
constitui um mecanismo efetivo e eficiente da Atenção Básica (CESAR et al., 2003).
Com o intuito de confirmar este mecanismo que contribui significativamente com
o alcance do objetivo geral desta intervenção foi perguntado se as gestantes estão recebendo a
visita do Agente Comunitário de Saúde em seu domicílio. As respostas foram consolidadas e
encontram-se na Tabela a seguir.
Tabela 7: Visita domiciliar mensal dos Agentes Comunitários de Saúde - ACS, às gestantes.
RECEBE VISITA DO ACS
MENSALMENTE
RESPONDENTES
PERCENTUAL
SIM
89
96,8%
NÃO
03
3,2%
TOTAL
92
100%
A grande maioria das entrevistadas afirmou que o ACS visita seu domicílio
mensalmente, principalmente para saber se a gestante compareceu à consulta de Pré-natal ou
investigar queixas e/ou realizar orientações.
Os achados desta pesquisa coincidem com a citação das autoras Souza e Borba
(2008) quando afirmam que a descentralização da oferta do exame de prevenção em Unidades
de Estratégia de Saúde da Família facilitou o acesso da população feminina para a realização
do mesmo, porém, apesar dessa facilidade, inúmeras mulheres ainda resistem à colheita
citológica e/ou por vezes submetem-se ao exame tardiamente.
A não adesão das gestantes de Novo Oriente ao citopatológico pode ser justificada
pelo elevado número de mulheres sem ou com pouca instrução, possuidoras de conhecimentos
elementares e equivocadas ou mesmo pelos seus mitos e tabus em relação ao objetivo
principal do exame de prevenção de detectar precocemente o câncer do colo do útero.
Portanto, priorizar a educação em saúde possibilitará o acesso das gestantes a informações
precisas, garantindo a autonomia das mesmas sobre sua saúde - objetivo central das
intervenções aqui propostas.
28
6 SENSIBILIAR PARA REALIZAR
Após a identificação dos motivos pelos quais as gestantes do Município de Novo
Oriente não realizam o exame citopatológico e, objetivando aumentar a adesão dessas
mulheres ao mesmo, o segundo passo foi iniciar a capacitação dos Agentes Comunitários de
Saúde. O primeiro encontro ocorreu em nove de novembro de dois mil e dez, otimizando o
encontro mensal dos mesmos com a Coordenadora da Atenção Básica. No momento,
abordamos através de linguagem simples e motivacional a importância da realização do
exame de prevenção pelas gestantes e o passo a passo da coleta citopatológica apresentandoas o espéculo, a espátula, a escova coletora e a lâmina. Nas próximas reuniões serão
abordados temas relacionados à gestação, o câncer do colo do útero e outros assuntos que
atendam a curiosidade dos participantes.
O Grupo de Gestantes da ESF SEDE III, na zona urbana do Município foi
implantado com sucesso.
No encontro inaugural do Grupo de Gestantes a problemática baixa adesão das
gestantes ao exame de prevenção foi discutida e as participantes tiveram oportunidade de
esclarecer suas dúvidas, mitos e crenças.
Estamos otimistas, pois acreditamos que a médio ou longo prazo conseguiremos
sensibilizar o público alvo, aumentar a adesão, ampliar o número de exames citopatológicos,
reduzir a incidência da morbi-mortalidade do câncer e das nefastas conseqüências sociais que
acarretam.
29
REFERÊNCIAS
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pela integralidade de atenção e reorientação do modelo assistencial. Interface: Botucatu.
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31
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32
APÊNDICES
33
APÊNDICE A- CRONOGRAMA
SEMANAS
ATIVIDADES
Identificação da problemática
Elaboração da proposta de trabalho
Qualificação do Projeto
Aplicação instrumento de investigação
Mobilização e Capacitação dos ACSs
Realização Oficinas Educativas
Apresentação final do Projeto
2010
MAIO
JUN
JUL
AGO
SET
OU
NOV
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
X
XXXXXXXXX
X
XX
X
X
X
34
APÊNDICE B
ROTEIRO PARA ENTREVISTA ESTRUTURADA
I.Identificação
Nome:____________________________________________ Idade:______
Estado Civil: (
) solteira (
) casada (
Gesta:______ Para:_____ Aborto:______
) união estável
Idade Gestacional:____________
II.Grau de instrução:
( ) Analfabeto
( ) Alfabetizado
( ) Ensino Fundamental Incompleto
( ) Ensino Fundamental Completo
( ) Ensino Médio Incompleto
( ) Ensino Médio Completo
( ) Ensino Superior Incompleto
( ) Ensino Superior Completo
III. Renda familiar:
( ) <1SM
( ) 1SM
(
) 2SM
(
) 3SM
(
) 4SM
IV.Informações sobre o exame de prevenção de câncer do colo do útero:
Realizou o exame de prevenção anterior à gravidez ?
( ) Sim
( ) Não
Se sim, quando foi a última vez ?___________________
Foi necessário realizar algum tratamento, segundo o resultado do exame ?
( ) Sim
( ) Não
Foi ofertado-lhe o exame de prevenção ?
( ) Sim
( ) Não
Se sim, por qual profissional ?______________________
Foi dada alguma informação acerca da importância do exame de prevenção ?
( ) Sim
( ) Não
Se sim, qual (is)?___________________________________________________
35
Você realizaria o exame de prevenção na gravidez?
(
) Sim
(
) Não
Se não, por que?________________________________
V. ASPECTOS COMPORTAMENTAIS:
( ) Inicio precoce da atividade sexual. Idade: ____________
( ) Tabagismo;
( ) Múltiplos parceiros sexuais;
( ) Uso prolongado de contraceptivos orais;
( ) Infecção pelo HPV (Papiloma Vírus Humano);
( ) Gravidez precoce;
VI. A ASSISTÊNCIA E O AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE
O Agente Comunitário de Saúde visita o seu domicílio mensalmente ?
( ) SIM
(
) NÃO
36
ANEXOS
37
ANEXO A
38
ANEXO A (verso)
39
ANEXO B
40
ANEXO B (verso)
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