54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Identificação genética de tubarões: monitoramento da pesca e conservação Mendonça, FF¹; Hashimoto, DT²; Silvério, J¹; Oliveira, C¹; Porto-Foresti, F²; Gadig, OBF³; Foresti, F¹ Laboratório de Biologia e Genética de Peixes - Instituto de Biociências de Botucatu 2 Laboratório de Genética de Peixes - Depto de Ciências Biológicas 3 Campus Experimental do Litoral Paulista - UNESP [email protected] 1 Palavras-chave: conservação genética, PCR-multiplex, Citocromo Oxidase I, pesca de tubarões e finning Nas últimas décadas, a captura comercial de tubarões vem aumentando acentuadamente em todo o mundo, totalizando quase 500 mil toneladas anuais. Dados estatísticos da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) sobre a exploração pesqueira de elasmobrânquios registraram no ano de 2005 a captura mundial de 466.158 toneladas de tubarões, sendo o Brasil responsável pela captura de 14.753 toneladas, o equivalente a 3.26% do total. Contudo, as dificuldades na identificação morfológica de muitas espécies de tubarões exploradas pela pesca, associadas à prática bastante usual de remoção da cabeça e das nadadeiras dos animais, antes do desembarque, tem resultado em uma escassez global de informações sobre a intensidade de captura e comercialização, tornando quase impossível a avaliação de seus efeitos. De acordo com os relatórios a respeito da produção pesqueira apresentados pelo IBAMA nos últimos anos, apenas 22% de todos os tubarões capturados no Brasil recebem algum tipo de classificação, ainda assim relacionando apenas um nome popular que em muitos casos refere-se a mais de uma espécie. Considerando a crescente demanda pela carne e pelas nadadeiras de tubarões e o reconhecimento de que diferentes espécies respondem de formas diferentes à explotação, torna-se imperativa a criação de ferramentas práticas de identificação ao seu menor nível taxonômico. Buscando suprir essa lacuna metodológica, foram criadas bibliotecas de sequências de DNA mitocondrial utilizando o gene citocromo oxidase subunidade I (COI) de diversas espécies de tubarões comumente pescados na costa brasileira e a partir das características genéticas particulares de cada táxon foram desenhados “primers” de reconhecimento espécie-específico que em reação de PCR-multiplex produzem fragmentos de tamanhos característicos para cada espécie possibilitando, após corrida eletroforética, a identificação simultânea de diversas amostras. Seguindo esta metodologia, as espécies Isurus oxirhynchus, Alopias superciliosus, Alopias vulpinus, Carcharhinus falciformes, Prionace glauca, Galeocerdo cuvier, Rhizoprionodon lalandii, Rhizoprionodon porosus e Sphyrna lewini já podem ter sua identificação de forma simples, sem necessidade de observação de caracteres morfológicos. Tal técnica, além de viabilizar a identificação das espécies de tubarões a partir da carne comercializada, se mostra de fácil aplicabilidade e baixo custo, possibilitando sua utilização no manejo adequado dos estoques explorados na costa brasileira e em programas globais de conservação. Apoio Financeiro: FAPESP E CNPq. 1 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Identificação molecular do estoque de cações (tubarões) explorados na costa norte do Brasil: implicações para conservação Rodrigues-Filho, LFS; Rocha, TC; Rego, PS; Schneider, H; Sampaio, MIC; Vallinoto, M Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança, Instituto de Estudos Costeiros (IECOS) [email protected] Palavras-chave: identificação, tubarões, mtDNA, pesca, conservação Atualmente poucos estudos abrangem a influência da atividade pesqueira na diversidade de tubarões no Brasil. Devido à ação antrópica desordenada, o declínio desses peixes tem aumentado, sendo agravado por características peculiares deste grupo: crescimento lento, maturidade tardia e baixa fecundidade. Por este motivo, planos de manejo e conservação têm sido desenvolvidos com a recomendação de coletar dados a nível de espécie. Infelizmente, os tubarões apresentam grande similaridade morfológica, tornando a identificação muito difícil, principalmente quando estes são processados em alto mar, método bastante difundido na pesca comercial. O objetivo principal deste trabalho foi usar marcadores moleculares para identificar as principais espécies de tubarões exploradas na costa Norte do Brasil. Para isto, seqüenciamos 1380 pares de bases do marcador 12S-16S de 169 amostras de tubarões, coletadas no mercado de Bragança-PA. As análises filogenéticas foram feitas nos programas Paup 4b10 e Mr. Bayes 3.1.2. A análise permitiu a identificação de dez espécies de tubarões, quando comparadas com seqüências de espécies depositadas no GenBank. Destas, quatro são do grupo dos tubarões martelo (Sphyrna mokarran, S. tudes, S. tiburo e S. sp.), enauqnto as demais foram da família Carcharhinidae. No enatnto, a espécie Galeocerdo cuvier (tubarão tigre), juntamente com uma espécie do gênero Rhizopriondon, mostraram-se fora do clado desta família, sendo mais relacionados com a família Sphyrnidae. Quanto ao gênero Carcharhinus, foram encontradas cinco espécies (C. falciformis, C. perezi, C. leucas, C. acronotus e C. porosus), sendo C. porosus, assim como o gênero Rhizopriondon, as mais encontradas e comercializadas no mercado de Bragança. Apesar destas espécies não constarem na lista vermelha da IUCN, o grande esforço de pesca, aliado a suas características peculiares, podem colocá-las em risco de sobre-exploração em um curto período. Fato que já ocorre para Isogomphodon oxyrhyncus, espécie outrora bastante encontrada na região e que não foi observada neste trabalho. Os resultados tornam evidente que técnicas moleculares podem ser usadas para identificar espécies crípticas, e que este marcador pode ser usado para realização de inferências filogenéticas para os tubarões. Apoio financeiro: PIBIC/CNPq e CNPq (CT-Hidro n. 552126/2005-5). 2 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Houve radiação adaptativa na história evolutiva das arraias de água doce da família Potamotrygonidae? Ribeiro, DT1; Farias, IP1; Hrbek, T1,2 2 1 Departamento de Biologia, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Amazonas 69077000, Manaus, AM, Brasil Departamento de Biologia, Facultad de Ciencias Naturales, Universidad de Puerto Rico Recinto de Rio Piedras, 00931-3360, San Juan, Porto Rico [email protected] A radiação adaptativa envolve a diferenciação de um ancestral em um grupo de espécies, que habitam uma variedade de ambientes e que diferem em caracteres morfológicos e fisiológicos para explorar esses ambientes. O ancestral das arraias de água doce da família Potamotrygonidae provavelmente invadiu águas continentais a partir do noroeste da América do Sul há ~20 milhões de anos atrás (M.A.), período em que ocorreram transgressões marinhas na América do Sul. Seguindo a adaptação desse ancestral à água doce, houve extensiva especiação, sendo hoje reconhecidas 18 espécies, distribuídas em três gêneros, dois destes monotípicos. Toffoli (2006) propõe que a diversificação do gênero Potamotrygon começou no noroeste da América do Sul, com algumas espécies surgindo por vicariância devido ao soerguimento das cordilheiras orientais dos Andes. Posteriormente houve a colonização do Rio Orinoco e Negro e, finalmente, a colonização do baixo e médio Amazonas e seus tributários, bem como as bacias do Paraná-Paraguai e Uruguai, há ~5 M.A.. Essa última fase de colonização provavelmente ocorreu após profunda reorganização hidrológica da bacia Amazônica. Até aproximadamente 8 milhões de anos atrás, a bacia Amazônica apresentava configuração distinta da atual, sendo subdividida em duas sub-bacias por uma elevação de terra (Arco do Purus) localizada aproximadamente onde hoje é a cidade de Manaus, determinando a oeste um grande lago de água doce que drenava para o norte e desembocava no Caribe. Toffoli (2006) sugere, baseado na topologia da árvore filogenética e idades de especiação, que houve uma radiação dentro do gênero Potamotrygon, após o Arco do Purus deixar de ser barreira, originando o clado roseta-ocelado. Essa hipótese, entretanto, não foi testada estatisticamente. No presente estudo foi gerada uma nova hipótese filogenética bayesiana com os genes mitocondriais ATPase e COI e nuclear RAG1 totalizando 2486pb (MrBayesv3.1.2), com a adição de novos táxons. As idades de especiação foram estimadas pelo método de likelihood penalizado (R8S 1.7), calibradas pelo fechamento do Istmo do Panamá e soerguimento da cordilheira venezuelana. Para detectar e localizar mudanças rápidas nas taxas de diversificação foi usada a estatística de Slowinsky e Guyer (Symmetree 1.1). A topologia encontrada foi similar a de Toffoli (2006). Foi encontrado aumento significativo na taxa de diversificação no clado roseta ocelado (SG=0,36). Foi encontrado dois pares de espécies-irmãs (rio Xingu e afluente do Tapajós) que ocorrem em simpatria mas que ocupam nichos ecológicos distintos (uma espécie adaptada a ambientes de corredeiras e dieta malacofágica e a outra em ambientes arenosos e insetívora), sugerindo especiação ecológica. A rápida diversificação do grupo roseta-ocelado, aliada ao fato de que algumas espécies provavelmente surgiram por especiação ecológica, sugerem evento de radiação adaptativa dentro da família Potamotrygonidae associada à transposição do Arco do Purus e à gama de novos ambientes disponíveis. Orgão financiador: CAPES, BECA, IFS. 3 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Identificação das espécies Potamotrygon motoro e Potamotrygon falkneri (Batoidei, Potamotrygonidae) da bacia do alto Paraná através de técnicas citogenéticas clássicas Cruz, VP; de Rosa, L; Santos, NM; Oliveira, C; Foresti, F Universidade Estadual Paulista, UNESP, Depto. de Morfologia, Botucatu, SP, Brasil [email protected] Palavras-chave: citogenética, raias, Ag-RONs, Potamotrygon motoro, Potamotrygon falkneri Dentre os Elasmobrânquios, as raias da família Potamotrygonidae compreendem cerca de 16 a 20 espécies distribuídas entre os gêneros Plesiotrygon, Paratrygon e Potamotrygon. As raias desta família são encontradas nos principais sistemas fluviais da América do Sul. No Brasil, o maior número de espécies é encontrado na Bacia Amazônica (cerca de 13 espécies), além de outras em descrição e/ou ainda não descritas. Há poucos dados citogenéticos se considerarmos o fato de ser conhecida a morfologia cariotípica de apenas 6% das 1.100 espécies viventes. Considerando a ausência de informações cariotípicas nos representantes da família Potamotrygonidae, o presente projeto teve como objetivo a caracterização citogenética de duas espécies do gênero Potamotrygon (P. motoro e P. falkneri), de ocorrência recente nos componentes da bacia hidrográfica do Alto Paraná. As técnicas citogenéticas utilizadas foram a coloração convencional com Giemsa, detecção das regiões organizadoras de nucléolos pela impregnação com nitrato de prata (Ag-RONs), identificação dos padrões de distribuição de heterocromatina constitutiva (Banda C) e coloração com fluorocromo base específico cromomicina A3 (CMA3). Os exemplares de P. motoro apresentaram um heteromorfismo cromossômico, sendo as fêmeas portadoras do número diplóide de 2n=66 cromossomos (22M+8SM+20ST+16A), enquanto machos apresentaram 65 cromossomos (20M+9SM+20ST=16A). As Ag-RONs foram encontradas em 2 pares metacêntricos na posição terminal do braço longo, 1 metacêntrico na região terminal do braço curto e 1 acrocêntrico em sua região terminal. A análise com CMA3 revelou marcações brilhantes nos 4 pares cromossômicos portadores das Ag-RONs, confirmando a identidade deste fluorocromo com os segmentos cromossômicos das RONs em peixes, pela sua composição de bases e independente de sua atividade e identificou mais 6 pares cromossômicos em posições intersticiais e terminais. Os exemplares de P. falkneri também apresentaram um heteromorfismo cromossômico, sendo as fêmeas portadoras de 2n=66 cromossomos (20M+10SM+18ST+18A) e os machos 2n=65 cromossomos (20M+10SM+17ST+18A). As regiões organizadoras de nucléolos foram encontradas pela reação Ag-NOR e pela coloração com a CMA3 em 4 pares de cromossomos metacêntricos na região terminal do braço curto, 1 par metacêntrico na região terminal do braço longo e 1 par acrocêntrico em sua região terminal. Em ambas as espécies a técnica de bandamento C, revelou a presença de blocos heterocromáticos localizados nas regiões centromérica em quase todos os cromossomos.Os resultados obtidos poderão auxiliar na compreensão dos processos envolvidos na diversificação da família Potamotrygonidae e tais informações serão utilizadas na identificação dos mecanismos determinantes do processo de colonização e do estabelecimento das formas colonizadoras deste ambiente. Fonte financiadora: FAPESP, CNPq, CAPES. 4 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Identificação das Espécies de Raias-Viola do Litoral Brasileiro Utilizando PCR-multiplex e PCR-RFLP Franco, BA¹; Mendonça, FF¹; Hashimoto, DT²; Porto-Foresti, F²; Oliveira, C¹; Foresti, F¹ Laboratório de Biologia e Genética de Peixes - Instituto de Biociências de Botucatu- UNESP 2 Depto. de Ciências Biológicas - UNESP bfranco@ibb,unesp.br 1 Palavras-chave: PCR-multiplex, PCR-RFLP, Citocromo Oxidase I, Rhinobatidae, Conservação Genética A exploração pesqueira sem controle representa atualmente a maior ameaça às populações de elasmobrânquios e em escala mundial, o manejo adequado destes recursos é dificultado pela escassez de informações básicas. As raias-viola, família Rhinobatidae, ocorrem na plataforma continental, principalmente no sudeste e sul do Brasil e tem sido amplamente exploradas pela pesca. De acordo com os últimos relatórios do IBAMA, cerca oito mil toneladas de raias estão sendo pescadas anualmente, sem qualquer registro por espécie. Tendo em vista a grande dificuldade na identificação das espécies Rhinobatos horkelii, Rhinobatos percellens e Zapteryx brevirostris, objetivou-se desenvolver ferramentas práticas para a distinção destas três espécies, mesmo na ausência de caracteres morfológicos. Desta forma, foram criadas bibliotecas de sequências de DNA mitocondrial utilizando o gene citocromo oxidase subunidade I (COI) de espécimes capturados em diferentes localidades do litoral brasileiro e a partir das características genéticas particulares de cada táxon foram desenhados “primers” de reconhecimento espécie-específicos que em reação de PCR-multiplex produzem fragmentos de tamanhos distintos para cada espécie. Como alternativa metodológica de distinção entre as espécies, e utilizando protocolos de PCR-RFLP, foram determinadas as enzimas de restrição, que aplicadas nos produtos de amplificação do gene COI produzem fragmentos diagnósticos de cada espécie. Tais técnicas, além de se mostrarem extremamente eficazes na identificação das espécies de raias-viola do litoral brasileiro, mesmo na ausência de características morfológicas de distinção do grupo, são de fácil aplicabilidade, baixo custo e constituem uma forma segura de avaliação dos estoques para enriquecer as estatísticas da exploração pesqueira e sua ordenação. Além disso, tais informações poderão ser utilizadas como ferramentas na formulação de programas adequados de manejo e conservação das espécies. Apoio Financeiro: FAPESP, CNPq E CAPES. 5 54º Congresso Brasileiro de Genética 6 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Evidência de colonização e baixa variabilidade genética do pirarucu (Arapaima gigas) em lagos do rio Araguaia Leão, ASA1; Melo, ATO1,2; Neto, CMS1,2; Senhorini, JA3; Porto-Foresti, F4, Foresti, F4, Hrbek, T1,5; Farias, IP Laboratório de Evolução e Genética Animal, Departamento de Biologia, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil 2 Universidade Federal de Goiânia, UFG 3 Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais, CEPTA 4 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP 5 Universidade de Porto Rico, San Juan, USA [email protected] 1 Palavras-chave: Arapaima gigas, microssatélites, genética de populações, Lagos do Araguaia Níveis de variabilidade genética são importantes parâmetros de classificação de espécies ameaçadas pela IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza). Sendo que baixos níveis de variabilidade genética associados a outros fatores, como isolamento e estruturação genética, representam o passo inicial para extinção de espécies, subespécies ou grupos populacionais. O pirarucu (Arapaima gigas), um dos maiores peixes de água doce da América do Sul, mas com uma longa história de exploração comercial, é uma espécie de grande importância econômica e cultural para os povos da Amazônia. Esta espécie é classificada pela IUCN na categoria “dados insuficientes” pela ausência de dados que retratem sua situação na natureza, um desses dados de classificação está relacionado diretamente à variabilidade genética. Atualmente o pirarucu é listado como uma espécie sobrexplorada pelo Ibama. Nosso objetivo é de estimar e comparar, a variabilidade genética dos pirarucus entre as localidades da bacia do Araguaia. Para isto foram utilizadas 91 amostras, das seguintes localidades: Lagoa da Ferradura, Lagoa do Taquaral, Lagoa do Acre, Lagoa da Égua, Lagoa da Montaria e Lagoa do Castor. As amostras de DNA foram extraídas através do kit de extração da Qiagen. Foram amplificados 10 marcadores microssatélites já desenvolvidos para a espécie. Em cada localidade entre 4 e 7 loci mostraram-se monomórficos, padrão incomum para esta espécie em localidades da bacia amazônica. Valores da média da diversidade genética variaram de 0,52 a 0,08; valores de heterozigosidade observada variaram de 0.47 a 0,12. Os baixos valores apresentados em tais parâmetros evidenciam uma reduzida variabilidade genética nos indivíduos amostrados. O índice de Garza e Williamson (2001) é um valor que, quando abaixo de 0.7, é normalmente associado a populações que sofreram uma recente redução de heterozigosidade. Para todas as localidades amostradas esse índice foi abaixo de 0.7, exceto para Lagoa da Égua (0,77). O valor de FIS não foi significativo, evidenciando ausência de endocruzamento nos indivíduos dos lagos amostrados. O baixo nível de variabilidade genética observado parece ser um padrão para os indivíduos de pirarucus do rio Araguaia sugerindo que eventos históricos, como colonização desta região por um número pequeno de indivíduos, possa ter gerado o padrão observado atualmente. Além disso, o rio Araguaia apresenta em seu curso inferior uma série de corredeiras que poderiam funcionar como barreiras ao fluxo gênico entre os indivíduos da bacia do Araguaia com a bacia Amazônica o que dificultaria a chance de troca de alelos entre elas favorecendo a diferenciação entre as mesmas. Também não podemos descartar a possibilidade de que a pesca intensa possa ter contribuído para o padrão observado. Nossos resultados contribuem para o esclarecimento da distribuição da variabilidade genética do pirarucu na bacia do Araguaia, importante para as implementações de programas de manejo e conservação desta espécie. Apoio financeiro: FAPEAM/Temático, CNPq/PPG7, CNPq/CT-Amazônia. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Desenvolvimento de marcadores microssatélites a partir de bibliotecas genômicas enriquecidas para o peixe neotropical Arapaima gigas (Schinz, 1822) (Actinopterygii, Osteoglossidae) Santos, CHA*1; Sousa, CFS1; Ximenes, GS1; Lima, MP1; Campos, T2; Hrbek, T3; Farias, IP3; Almeida-Val, VMF1 1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular, Av. André Araújo, 2936, Bairro: Aleixo, CEP 69.060-001, Manaus - Amazonas 2 Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Genética e Evolução, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Bairro: Barão Geraldo, CEP 13083-970, Campinas - São Paulo 3 Universidade Federal do Amazonas, Laboratório de Evolução e Genética Animal, Estrada do Contorno, 3000, Bairro: Aleixo, CEP 69077-000, Manaus - Amazonas *Bolsista CNPq, Doutorando em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva – GCBEv/INPA [email protected] Palavras-chave: biblioteca genômica, marcadores moleculares, microssatélites, peixe neotropical, pirarucu. A utilização de marcadores moleculares para estudos em genética de população se tornou uma importante ferramenta para avaliação da variabilidade genética de populações naturais e cativas. Dentre os vários tipos de marcadores existentes, os microssatélites se destacaram por apresentar uma alta confiabilidade nas informações geradas e por serem de fácil aplicação quando se tem os primers específicos para a espécie em estudo. No entanto, segundo a literatura científica existem poucos trabalhos com espécies de peixes neotropicais utilizando este tipo de marcador. O objetivo deste trabalho foi desenvolver marcadores microssatélites a partir de bibliotecas genômicas enriquecidas para o peixe neotropical Arapaima gigas (pirarucu). A extração do DNA genômico foi realizada segundo o protocolo elaborado por Sambrook e Russell (2001) com algumas adaptações e, em seguida, foi realizada a quantificação e análise de pureza do DNA obtido. Após a quantificação do DNA, foi dado início ao processo de construção da biblioteca genômica enriquecida de microssatélites, segundo metodologia adotada pelo laboratório de genética da UNICAMP. O seqüênciamento das amostras foi realizado num o seqüenciador ABI 310. Os resultados mostraram que, das 96 amostras, 64 apresentaram microssatélites, o que representa 66,7% de sucesso na obtenção de microssátelites pela metodologia adotada. Verificou-se que 70,3% dos microssatélites eram simples-perfeitos, 15,6% simples-imperfeitos, 7,8% compostos-perfeitos e 6,3% compostos-imperfeitos. Segundo a classificação dos microssatélites, 92% foram dinucleotídeos e 8% trinucleotídeos. No que concerne aos pares de bases, observou que as seqüências mais comuns foram GT/TG e AC/CA, respectivamente. Conclui-se que a construção de bibliotecas genômicas enriquecidas é um dos meios mais eficazes para se obter marcadores microssatélites. Apoio financeiro: PIATAM, PRONEX, CAPES, FAPEAM/CNPq, SEAP/PR, FINEP/Petrobrás. 7 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Diversidade genética e diferenciação em populações naturais de Arapaima gigas reveladas por marcadores microssatélites Hamoy, IG1; Santos, EJM1; Sampaio, I2; Santos, SEB1 Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Biológicas, Laboratório de Genética Humana e Médica, Belém, Pará, Brasil 2 Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Bragança, Bragança, Pará, Brasil [email protected] 1 Palavras-chave: Arapaima gigas, microssatélites, diversidade genética O Arapaima gigas, conhecido como Pirarucu no Brasil, é o maior peixe de água doce da América do Sul. Devido à exploração comercial essa espécie tornou-se crescentemente escassa nas maiores cidades da bacia amazônica. Pouco é conhecido sobre o nível de diversidade genética e estrutura populacional presente em populações naturais dessa espécie. O objetivo do presente trabalho é avaliar o nível de diversidade genética e a diferenciação populacional presente em duas populações naturais de Arapaima localizadas na região do Baixo Amazonas. Foram coletados 87 amostras de tecido muscular de A.gigas, provenientes da pesca artesanal na região do Baixo Amazonas, Estado do Pará, Brasil, sendo 46 do lago Parú e 41 do lago Grande Curuai. A extração do DNA das amostras de tecido muscular foi realizada seguindo o método padrão de fenol/clorofórmio. Os indivíduos foram genotipados utilizando um painel multiplex de oito marcadores microssatélites descrito na literatura. A diversidade genética foi avaliada com a heterosigozidade observada (HO) e esperada (HE) e foram averiguados possíveis desvios do equilíbrio de Hardy-Weinberg (HW), foi calculado ainda o número de alelos por locus (nA). A diferenciação genética entre as duas populações foi estimada com o FST. Todas as análises foram realizadas com o programa Arlequin versão 3.01. A (HO) média encontrada na população do lago Parú foi de 0.75 e na população do lago Grande Curuai foi de 0.79. Não ocorreram desvios significantes no equilíbrio de HW na maioria dos loci analisados. Na população do lago Parú o nA vario entre cinco e dez alelos com média de 7.2 alelos por locus. Na população do lago Grande Curuai o nA vario entre cinco e treze alelos, com média de 8.5 alelos por locus. O FST entre as duas populações foi de 0.06 (p=0). A média da diversidade genética de todos os loci nas duas populações aqui investigadas foi elevada (HOmédia>70%). O FST significante encontrado no presente trabalho esta de acordo com os dados da literatura e sugere que não existi panmixia entre as populações de A.gigas da região do Baixo Amazonas. A conjunção da moderada diferenciação genética associada a alta variabilidade genética encontradas nas duas populações de Arapaima da região do Baixo Amazonas corroboram os dados da literatura e são importantes para elaboração de planos de manejo dessa espécie. É evidente a necessidade de futuros estudos para caracterização populacional e monitoramento dos níveis de variabilidade genética de outras populações naturais de Arapaima gigas. Apoio Financeiro: CNPq e FINEP. 8 54º Congresso Brasileiro de Genética 9 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Considerações genéticas sobre o manejo de pirarucus (Arapaima gigas) na reserva Mamirauá Araripe, J1; Watanabe, LA1; Carvalho, F1; Rêgo, PS1; Queiroz, HL2; Sampaio, I1; Schneider, H1 Lab. Genética e Biologia Molecular, IECOS, Campus de Bragança – UFPA 2 Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá [email protected] 1 Palavras-chave: pirarucus, Reserva Mamirauá, manejo, microssatélites A pesca do pirarucu (Arapaima gigas) tem grande importância em toda a bacia amazônica, onde este recurso vem sendo explorado desde o séc XIX. Atualmente esta espécie é considerada sobre-pescada, e o manejo é uma das estratégias utilizadas para manter a viabilidade desta atividade. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM) desenvolve o manejo para este peixe desde 1999, entretanto, nenhum estudo genético foi desenvolvido com esta população visando monitorá-la e fornecer informações que auxiliem sua conservação. Neste trabalho caracterizamos geneticamente as populações de pirarucus do setor Jarauá e Maraã, na Reserva Mamirauá, e comparamos com pirarucus procedentes de Santarém e Tucuruí (PA). Para isso, isolamos o DNA de 463 indivíduos da RDSM (314 do Jarauá e 149 do Maraã) coletados anualmente entre 2002 e 2006. Foram amplificadas via PCR sete regiões contendo repetições microssatélites, as quais foram genotipadas no seqüenciador MegaBACE 1000. Para caracterizar as duas populações da reserva utilizamos o número absoluto, riqueza e freqüência dos alelos, a presença de alelos novos e exclusivos além dos índices de heterozigosidade observada e esperada. Estes parâmetros foram comparados com os estimados para as populações de Santarém (60 ind.) e Tucuruí (38 ind.) utilizando os mesmos locos. Foram realizados ainda testes para verificar a diferenciação entre as populações, através de AMOVA, Fst, Análise Bayesiana, teste de Mantel e estimativa do número de migrantes. Os programas utilizados foram Genepop, Fstat, Arlequin, Structure e Geneclass. As amostras foram analisadas testando mudanças temporais (diferentes anos) e espaciais (diferentes localidades). A comparação entre os anos amostrados indicou uma pequena variação nos parâmetros analisados, corroborando a idéia de que a pesca manejada é capaz de manter a variabilidade genética deste estoque. A análise genética dos pirarucus de 15 lagos do setor Jarauá também mostrou grande homogeneidade entre os mesmos. Apesar desta espécie ser sedentária, o deslocamento lateral sazonalmente desempenhado por ela permite uma mistura entre os indivíduos de diferentes lagos. Este comportamento permite a homogeneidade do estoque, sendo um aspecto desejável para o manejo. A comparação entre os pirarucus de 15 lagos do Jarauá e do Complexo Lago Preto no Maraã mostrou uma pequena diferenciação entre os mesmos, a qual foi atribuída à distância geográfica entre os pontos amostrados (cerca de 90 Km), sendo detectada a presença de migrantes entre os dois estoques. Por outro lado, a comparação entre Jarauá, Maraã, Santarém e Tucuruí mostrou que elas constituem duas populações distintas: uma composta pelos pirarucus da RDSM, e a outra constituída pelos pirarucus de Santarém e Tucuruí. Apesar de terem sido identificados migrantes entre elas, testes comprovaram que outros fatores, além da distância geográfica, devem ser considerados para justificar a diferenciação encontrada entre as mesmas. Os resultados detectaram uma maior variabilidade genética entre os pirarucus da Reserva Mamirauá que em Santarém e Tucuruí. O monitoramento durante cinco anos também confirma a eficiência da política de manejo para manter a viabilidade desta população. 54º Congresso Brasileiro de Genética 10 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise cariotípica de Geophagus brasiliensis (Quoy e Gaimard, 1824) (Perciformes: Cichlidae) do sistema lacustre do médio rio Doce (MG) Silva, APA1; Aguiar, HJAC1; Dergam, JA1 Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa [email protected] 1 Palavras-chaves: Cromossomos sexuais; biodiversidade; evolução cromossômica; vicariância; Minas Gerais O sistema de lagos quaternários do médio rio Doce é considerado único no Estado e, conseqüentemente, representam área de importância biológica especial. O sistema de lagos está altamente impactado pela introdução de um conjunto de peixes exóticos que tem eliminado comunidades de peixes em 90% dos lagos. Estudos citogenéticos sugerem que este sistema de lagos pode ter favorecido a diferenciação citogenética de várias espécies de peixes, num intervalo de tempo relativamente curto (10.000-3.000 anos). Dentre elas o acará, Geophagus brasiliensis, é uma das espécies de maior distribuição nas lagoas isentas de espécies exóticas. O cariótipo dessa espécie caracteriza-se pelo número diplóide 2n=48. Estudo realizado em populações do alto Paraná indicou heteromorfismo sexual em indivíduos machos que não foi ratificado em pesquisas posteriores. Com o objetivo de caracterizar o cariótipo em populações de acará nas lagoas do médio rio Doce, foram coletados 25 espécimes nas lagoas Tiririca, Juiz de Fora, Curi, Lingüiça, Hortência e Cristal, próximas ao município de Pingo d´Água. As lâminas foram coradas com Giemsa 5% por 10 minutos e as metáfases foram fotografadas em microscópio Olympus BX60 e os cariótipos montados em Adobe Photoshop CS3. Todos os cariótipos analisados apresentaram número diplóide 2n=48 e não foram encontradas diferenças na morfologia cromossômica entre as populações das lagoas. Os indivíduos machos analisados apresentaram heteromorfismo sexual enquanto as fêmeas apresentaram apenas cromossomos homomórficos, representando um sistema de cromossomos sexuais do tipo XX/XY. Concluímos que as populações de G. brasiliensis do sistema de lagoas do médio do rio Doce apresentam heteromorfismo sexual nos machos, fato este não confirmado para outras populações já estudadas. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Levantamento cariotípico em perciformes marinhos costeiros do estado da Bahia Pires, AM; Sousa, KS; Almeida, JS; Affonso, PRAM; Silva Jr., JC Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Citogenética, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia [email protected] Palavras-chave: Carangidae, Scianidae, Haemulidae, cromossomos, heterocromatina Os estudos citogenéticos em peixes marinhos ainda são escassos, particularmente na costa da Bahia, apesar de sua extensão litorânea (cerca de 1.000km). Levando em conta essa condição, o presente estudo teve como objetivo a identificação do cariótipo de três espécies de Perciformes marinhos comuns no litoral baiano: Pareques acuminatus (Scianidae); Caranx sp (Carangidae) e Haemulon parrae (Haemulidae), a fim de identificar os padrões carioevolutivos e afinidades filogenéticas com outras espécies de Perciformes. Os animais foram coletados em Barra Grande, Baía de Camamu, no litoral Sul da Bahia, com armadilhas e tarrafas. Após a coleta, os animais foram colocados em aquário aerados e a obtenção de cromossomos mitóticos a partir do tecido renal seguiu o procedimento in vivo após estimulação mitótica com suspensão de levedura. Os cromossomos foram submetidos à coloração convencional com Giemsa, impregnação por nitrato de prata (Ag-RON) e bandamento C. Pela análise dos resultados obtidos, constatou-se que Pareques acuminatus possui um valor modal de 48 cromossomos, todos acrocêntricos, com NF=48. A região organizadora de nucléolos (RONs) foi localizada na posição pericentromérica do cromossomo 2, coincidente com a região de constrição secundária. Após bandamento C, observou-se que as regiões de heterocromatina estavam localizadas nas RONs e região centromérica. Esses dados são idênticos aos descritos para essa espécie na costa do Rio Grande do Norte. Um cariótipo similar foi observado em Haemulon parrae (2n=48a, NF=48), com blocos heterocromáticos nas regiões pericentroméricas. Similarmente, na espécie Caranx sp. constatou-se o número diplóide de 48 cromossomos, do tipo subtelo/acrocêntrico com heterocromatina na região centromérica e no braço curto de alguns cromossomos st/a..As três espécies são também caracterizadas pela presença de um único par portador de RONs ativas. Comparando as três espécies, fica evidente o elevado conservadorismo numérico e estrutural dos cromossomos dentro do grupo. Contudo, na família Carangidae, observam-se pequenas modificações na morfologia dos cromossomos, provavelmente resultantes de inversões. O alto conservadorismo encontrado entre as espécies parece estar relacionado com a ausência de barreira bem definidas, um intenso fluxo gênico e a ocorrência de grandes populações no ambiente marinho. Entretanto, isto não impede que alterações imperceptíveis pelas técnicas citogenéticas empregadas ocorram, justificando a realização de estudos futuros mais detalhados da estrutura cromossômica dessas espécies. Apoio: UESB, CNPq e FAPESB. 11 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Validação citogenética e molecular da nova espécie Lutjanus alexandrei (Lutjanidae, Perciformes) Rocha, EC1; Souza, AS2; Dias Jr., EA2; Molina, WF2 Departamento de Tecnologia da Informação e Indústria, Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte (UNED/ZN) 2 Departamento de Biologia Celular e Genética, Universidade Federal do Rio Grande do Norte [email protected] 1 Palavras-chave: Citogenética de peixes, citotaxonomia, Lutjanus alexandrei, mtDNA Os peixes que compõem a família Lutjanidae (Perciformes), também conhecidos como vermelhos ou pargos, habitam predominantemente o ambiente marinho, com algumas espécies presentes em ambiente estuarino. Devido a sua grande importância econômica, esse grupo vem sendo alvo de estudos em áreas relacionadas à pesca e a aqüicultura, contudo, apesar disso, dados genéticos ainda são escassos para essa família. Estudos recentes baseados em caracteres morfológicos sugerem uma nova espécie no litoral do Brasil, Lutjanus alexandrei (Moura e Lindeman, 2007), aparentemente endêmica da costa brasileira e anteriormente mal identificada, com as espécies caribenhas, Lutjanus apodus e Lutjanus griseus, com as quais compartilham inúmeras similaridades em caracteres merísticos. Visando dar suporte genético a esta proposição, baseada em dados morfológicos, o presente trabalho analisou citogeneticamente, através de coloração convencional, Ag-RONs e bandamento C, seis indivíduos coletados sobre fundo recifal no litoral do Rio Grande do Norte, com intensa coloração vermelha, em alguns casos com pálidas listras verticais, cujo morfótipo anteriormente poderia ser classificado como “L. apodus” e dez exemplares, provenientes do estuário do Rio Potengi, Natal-RN, que apresentavam coloração acobreada, característica que poderia agrupá-los como “L. griseus”. Associado às análises citogenéticas, três exemplares de cada uma das pretensas espécies tiveram seus DNAs extraídos e amplificados com primers específicos para uma região parcial do gene mitocondrial 16S e comparados. Ambas as amostras apresentaram cariótipos, com 2n=48 cromossomos acrocêntricos, RONs em posição pericentromérica, sobre um mesmo par cromossômico (2º par) e blocos heterocromáticos na região centromérica de todos os cromossomos. As seqüências parciais 16S das amostras revelaram total similaridade entre todos os exemplares analisados. Os dados obtidos demonstram concordância genética entre as amostras, validando a identidade única do novo táxon, L. alexandrei. A presença de sítios ribossomais simples localizados em posição pericentromérica no segundo par cromossômico, observado nesta espécie, parece ser uma condição ancestral para a família presente também nas espécies Lutjanus cyanopterus e Ocyurus chrysurus. Análises em andamento, utilizando enzimas de restrição e mapeamento cromossômico de seqüências da subunidade ribossomal 5S, nesta e em outras cinco espécies, propiciarão um quadro mais claro da evolução cariotípica dos Lutjanidae do Atlântico. Apoio financeiro: CNPq, CAPES, UFRN e CEFET/RN. 12 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Diversidade genética do pargo Lutjanus purpureus (POEY, 1867) (Lutjanidae – Perciformes) da costa norte do Brasil Lopes, P; Gomes, G; Ferreira, AR; Sampaio, I; Schneider, H Instituto de Estudos Costeiros, Laboratório de Genética e Biologia Molecular, Universidade Federal do Pará (Campus de Bragança) [email protected] Palavras-chave: pargo vermelho, mtDNA, diversidade genética Lutjanus purpureus (pargo vermelho) representa importante recurso pesqueiro ao longo das costas norte e nordeste do Brasil. Assim como outros lutjanídeos, vem sendo bastante capturada em toda extensão de sua área de distribuição no atlântico ocidental. Esta espécie tem sido amplamente estudada no que se refere a sua biologia reprodutiva, ecologia e biologia pesqueira, no entanto, estudos utilizando marcadores moleculares a fim de se conhecer a estrutura genética da(s) população(ões) são escassos até o presente. A presente análise teve como objetivo principal avaliar os níveis de diversidade genética do estoque de pargo da costa norte do Brasil. Um fragmento de 405 pb da região controle mitocondrial foi obtido para 47 indivíduos de L. purpureus coletados em 2007. Das 47 seqüências geradas, foram detectados 46 haplótipos, destes, apenas dois foram mais freqüentes (haplótipos 4 e 37) ambos compartilhados por dois indivíduos. O estoque de pargo analisado apresentou alta diversidade haplotípica (h = 0,998) e nucleotídica (π = 2,7%). De acordo com Grant & Bowen (1998) este alto nível de divergência entre os haplótipos é sugestivo de uma população estável, com longa historia evolucionária ou contato secundário entre diferentes linhagens alopátricas previamente diferenciadas. Os testes de Fs (Fu, 1997) e D (Tajima, 1989) geraram valores negativos e significantes, o que indica desvio da neutralidade. De acordo com esses resultados há um excesso de mutações recentes e variantes (haplótipos) com baixa frequencia e conseqüentemente um indicativo dos desvios causados pelo crescimento populacional e/ou seleção (Tajima, 1989; Fu, 1997). Além disso, valores negativos e significantes de D também podem ser indicativo que a população experimentou um gargalo de garrafa (Tajima, 1989). A hipótese de expansão populacional sugerida a partir dos resultados dos testes de neutralidade é a mais provável, uma vez que outros testes não puderam rejeitá-la, como o padrão de curva unimodal observado na análise da distribuição das diferenças par-a-par (Slatkin & Hudson, 1991; Rogers & Harpending, 1992). Apesar dos altos valores de diversidade genética do estoque de pargo, não se pode afirmar que a pesca predatória não esteja ameaçando esta população. Como mostram os resultados, este estoque experimentou uma redução no seu tamanho efetivo, seguida de expansão recente. É possível que no passado a diversidade genética desta população fosse mais elevada e que por conta de um gargalo de garrafa tenha reduzido podendo ser agravado pela pesca. Portanto, é necessário que medidas de manejo sejam adotadas para gerenciar a pesca desta espécie ao longo de toda sua área de distribuição e que os níveis de variabilidade genética deste estoque continuem sendo monitorados. Apoio Financeiro: CNPq, FINEP, MCT, PIBIC-UFPA. 13 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estrutura genética populacional da cioba Lutjanus synagris (Lutjanidade - Perciformes) da costa norte do Brasil: implicações para o manejo e conservação da espécie Gomes, G; Ferreira, AR; Lopes, P; Schneider, H; Sampaio, I Instituto de Estudos Costeiros, Laboratório de Genética e Biologia Molecular, Universidade Federal do Pará (Campus de Bragança) [email protected] Palavras-chave: cioba, região controle mitocondrial, estrutura genética populacional. Lutjanidae representa uma diversificada e abundante Família de peixes da ordem Perciformes, com ampla distribuição nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico. Inúmeras espécies desta Família representam importante recurso pesqueiro nas áreas onde ocorrem, sendo intensamente capturadas, como é o caso de Lutjanus synagris, conhecida como cioba (norte do Brasil) e/ou ariacó (nordeste do Brasil). São peixes demersais encontrados ao longo do Atlântico Ocidental (Carolina do Norte, EUA, até o sudeste do Brasil). Apesar da importância econômica e ecológica desta espécie, trabalhos visando conhecer a estrutura das populações, principalmente utilizando marcadores moleculares, são raros ou inexistentes até o momento. O presente trabalho teve como principal objetivo analisar a estrutura genética de populações de cioba das costas dos estados do Amapá e Pará (norte do Brasil) a partir de seqüências da região controle mitocondrial. Foram obtidos 456 pares de base (pb) da porção inicial da região controle para 65 espécimes de cioba, sendo 32 indivíduos do Amapá e 33 do Pará. Foram detectados 23 haplótipos dentre as 65 sequências obtidas, destes, o Haplótipo 1 foi o mais freqüente, sendo compartilhado por 39 espécimes. Apenas uma, ou poucas mutações, o distinguiu dos demais haplótipos encontrados. A divergência genética entre os haplótipos variou de 0,2% a 2,2%. De maneira geral, a Variabilidade Genética da(s) população(ões) de cioba foi baixa, considerando tanto os índices de diversidade (π = 0,29%; h = 0,642), como a distância genética entre os haplótipos. Este padrão, de acordo com Grant & Bowen (1998), sugere uma população que experimentou uma redução no seu tamanho efetivo (gargalo de garrafa ou efeito fundador), seguida de expansão recente. Os testes de Neutralidade (Fu, 1997; Tajima, 1989), apresentaram valores negativos e significantes para todas as populações, o que apóia a hipótese de expansão populacional. A distribuição de diferenças par-a-par (mismatch) mostrou uma curva unimodal, o que também caracteriza um processo de expansão. Além disso, a partir dos resultados da AMOVA e valores de Fst, constatou-se a presença de uma única população panmítica nas costas do Amapá e Pará, com intenso fluxo gênico, o que foi corroborado pela ausência de estruturação filogeográfica entre os haplótipos do Amapá e Pará na árvore filogenética (Agrupamento de Vizinhos). É possível que os baixos valores de diversidade genética deste estoque de cioba sejam um reflexo da diminuição do tamanho efetivo populacional e que vem sendo agravado pela pesca predatória. A partir destes resultados é necessário que medidas de gerenciamento pesqueiro sejam adotadas para que a diversidade genética do estoque não seja reduzida a ponto de comprometer a sustentabilidade deste recurso. Apoio Financeiro: CNPq, Finep, MCT. 14 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Citogenética comparativa de peixes ciclídeos africanos com ênfase na ocorrência de cromossomos supernumerários Ferreira, IA1; Poletto, AB1; Kocher, TD2; Martins, C1 1 Depto de Morfologia/IBB-UNESP, Botucatu, SP Department of Biology, Bioscience Research Building, University of Maryland, College Park, MD, USA [email protected] 2 Palavras-chave: evolução cromossômica, cromossomos supernumerários, citogenética A família Cichlidae, pertencente a ordem Perciformes, contém mais de 3.000 espécies distribuídas pela América do Sul e Central, sudeste da Índia, Madagascar e África. As espécies presentes nos grandes lagos africanos (Malawi, Tanganica e Vitória) sofreram uma rápida radiação adaptativa, o que tornou estes peixes um modelo fundamental para os estudos de biologia evolutiva. Além disto, esta família contém espécies, como Oreochromis niloticus, que são de grande importância para a aqüicultura mundial. Os estudos genéticos realizados nesta família se concentram em análises moleculares dos genomas e fazem referência principalmente a estudos em O. niloticus. Diante disto, o principal objetivo deste trabalho foi a obtenção e análise de cromossomos metafásicos de diferentes espécies de ciclídeos africanos. Foram analisadas as espécies Aulonocara baenschi, Metriaclima barlowi, M. callainos, M. fainzilberi, M. ‘gold’ zebra, M. ‘kompakt’, M. lombardoi, M. pyrsonotus, Pseudotropheus polit provenientes do Lago Malawi, e Oreochromis mossambicus, O. Niloticus e Tilapia mariae, provenientes de estoques de piscicultura de diversos países. Estoques das espécies analisadas são mantidas no Laboratório do Prof. Thomas Kocher da Universidade de Maryland, USA. Além disso, foram analisadas as espécies Gephirochromis moorii, Labeotropheus trewavase, Melanochromis auratus, Haplochromis obliquidens, Hemichromis bimaculatus e Pseudotropheus tropheops obtidas em lojas de aquariofilia. Com exceção de Tilapia mariae, Haplochromis obliquidens e Metriaclima lombardoi, todas as outras espécies apresentaram número diplóide 2n=44. Tilapia mariae possui 40 cromossomos, dos quais destaca-se a presença de 2 pares metacêntricos bem característicos, ausentes nas outras espécies de tilapiíneos analisadas no presente trabalho. A redução do número diplóide associada a presença de cromossomos metacêntricos já foi relatada para O. karongae. Tal característica cariotípica mostra que eventos de fusão cromossômica estiveram presentes durante a história evolutiva dos tilapiíneos. Metriaclima lombardoi contém indivíduos com 44 e 45 cromossomos e Haplochromis obliquidens, espécimes com 44, 45 e 46 cromossomos. A diferença no número cromossômico das duas últimas espécies está relacionada com a presença de grandes cromossomos metacêntricos supernumerários. Em M. lombardoi este cromossomo está presente em todas as células da maioria das fêmeas analisadas enquanto que em H. obliquidens os cromossomos B são encontrados tanto em indivíduos machos quanto fêmeas. Embora amplamente distribuído entre diferentes espécies de peixes, a ocorrência de cromossomos supernumerários é relatada pela primeira vez em ciclídeos africanos. Estudos mais detalhados destes cromossomos B estão sendo realizados para um melhor entendimento sobre a origem, composição e organização das sequências de DNA presentes nos mesmos. Apoio financeiro: FAPESP, CNPq e CAPES. 15 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Gene Dmrta2 em peixes ciclídeos: identificação e mapeamento nucleotídico de um gene candidato a determinação sexual Valente, GT; Rodrigues, MI; Magalhães-Filho, G; Martins, C Departamento de Morfologia, Universidade Estadual Paulista [email protected] Palavras-chave: Determinação sexual, Master Key Regulator (MKR), gene Dmrta2, mapeamento nucleotídico, família Cichlidae Os mecanismos basais de diferenciação gonadal mostram-se amplamente conservados nos vertebrados. Nos peixes teleósteos a diferenciação do sexo envolve desde a heterogametia feminina ou masculina, hermafroditismo, inversão sexual, determinação ambiental e hormonal do sexo e diversos mecanismos de determinação cromossômica. Alguns dos genes de determinação sexual de mamíferos (Sox9, Wt1, Dax1, Sf1, otCYP19, Wnt4, Dmrt1 e Amh) têm sido identificado em outros vertebrados. O gene Sry, considerado o Master Key Regulator (MKR) do processo de diferenciação sexual, não vem sendo encontrado em não mamíferos, porém Sox (relacionado ao Sry) tem sido estudado em vários peixes. Dessa forma, acredita-se que existam vários MKRs em outros vertebrados. Os genes Dmrt1, Dmo e Wt1 foram considerados candidatos a MKRs em Oreochromis niloticus, mas os mapeamentos de ligação não os sobrepuseram com regiões QTL (quantitative trait loci) para determinação sexual ou mortalidade sexo específica. Os genes Dmrta2 e Amh foram mapeados em distintas regiões do grupo de ligação 23 de O. niloticus, próximos a regiões de determinação sexual, tal sobreposição tornou estes genes candidatos a MKRs nesta espécie. O gene Dmrta2 pertence à família multigênica DM (doublesex/mab3), codifica um suposto fator de transcrição (motif zinc finger) e está envolvido com regulação do desenvolvimento sexual em artrópodes, nemátodes e vertebrados. Foram descritas para vertebrados oito formas deste gene dentro da família DM, sendo identificado 3 genes em O. niloticus (Dmrt1 [Dmt], Dmrt4 [Dmo] e Dmrt2 [Dmrta2]). Assim, o presente trabalho teve por objetivo a identificação do gene Dmrta2 em outras espécies de ciclídeos. Este gene foi identificado por PCR nos ciclídeos africanos O. karongae, O. mortimeri, O. mossambicus, Tilapia rendalli, T. zilli e Sarotherodon galileus e nas espécies sul-americanas Astronotus oscelatus, Cichlassoma sp. e Geophagus brasiliensis. O amplicon de Dmrta2 apresentou aproximadamente 600pb para todas as espécies e sua análise nucleotídica mostrou correspondência com a região 1438-2024pb do gene completo de O. niloticus (GenBank AY149605). Análises comparativas de Dmrta2 entre os ciclídeos demonstraram uma série de substituições de bases e inserções/deleções. O gene Dmrta2 de ciclídeos apresentou alta similaridade com o gene Dmrt5 de Xiphophorus maculatus, Takifugu rubripes (85% de similaridade), Oryzias latipes (95%) e ao Dmrt3 de Tetraodon nigroviridis (90%). Pesquisas em bancos de seqüências permitiram identificar Dmrta2 de Xenophus tropicalis, Danio rerio, Homo sapiens, Bos taurus, e Pan troglodytes, entre outras espécies. Tais seqüências estão dispostas em regiões diferentes do gene em comparação a região amplificada nos ciclídeos alvos do estudo. Os estudos da estrutura genômica e expressão de Dmrta2 em peixes ciclídeos deve contribuir significativamente para o avanço do conhecimento da origem e evolução dos mecanismos genéticos de determinação sexual nos vertebrados. Apoio financeiro: FAPESP, CNPq e CAPES. 16 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização cromossômica em duas espécies de ciclídeos neotropicais Soares, RX; Costa, GWWF; Molina, WF Departamento de Biologia Celular e Genética, Universidade Federal do Rio Grande do Norte [email protected] Palavras-chave: Aequidens, Cichlidae, Citogenética de peixes, Herichthys, Neotropical Alguns grupos de peixes atraem grande atenção, seja por seus aspectos ecológicos, econômicos ou evolutivos. Entre estes se destaca a família Cichlidae, com mais de 1.500 espécies, estimando-se para a América do Sul cerca de 450 espécies, distribuídas em 35 gêneros. Espécies nativas desta família são encontradas na América Latina e do Norte, África e Madagascar, com algumas espécies nativas do Sul da Ásia e Oriente Médio, embora algumas formas tenham sido disseminadas em todos os continentes, principalmente pela aquariofilia e aqüicultura, atividades onde representam grande valor econômico. Estudos citogenéticos neste grupo, mesmo sendo estes de grande importância para a conservação genética das populações naturais ainda são escassos, sobretudo em espécies das Américas, cujos padrões citogenéticos são em grande parte desconhecidos. Neste trabalho análises citogenéticas foram realizadas nas espécies Aequidens rivulatus (n=5; ♂=2 e ♀=3) e Herichthys carpintis (n=13; ♂=8 e ♀=5), originárias respectivamente, da América do Sul e sul do Texas nos Estados Unidos, obtidas de importadores de peixes ornamentais. As preparações cromossômicas foram precedidas por estimulação mitótica e figuras metafásicas obtidas in vitro pela técnica de curto termo. Os cromossomos foram analisados através de coloração convencional, pelo Giemsa, técnica de Ag-RONs, bandamento C e hibridação in situ (FISH) com sondas das subunidades ribossomais 18S e 5S. A espécie A. rivulatus apresentou um valor diplóide modal de 2n=48, com fórmula cariotípica igual a 2m+10sm+24st+12a, NF=84. Esta espécie apresenta RONs simples localizadas no braço curto de um par cromossômico de tamanho grande. Em ambas as espécies as sondas ribossomais 18S hibridaram em posição idêntica às observadas através do método de impregnação pela prata. H. carpintis exibiu um cariótipo composto por 2n=48, com 8m+14sm+26a e NF=70. As RONs múltiplas foram localizadas sobre dois pares cromossômicos em posição telomérica. FISH com rDNA 5S nesta espécie indicaram sítios presentes em apenas um par cromossômico, de tamanho intermediário, em posição telomérica. Ambas as espécies apresentaram marcações heterocromáticas pericentroméricas na maioria dos pares cromossômicos. Os resultados obtidos indicam as inversões pericêntricas como um dos principais mecanismos na evolução cromossômica dos ciclídeos americanos, reforçando a idéia da existência de um padrão cariotípico prevalente de 2n=48 para as espécies sul-americanas. Apoio financeiro: CNPq, UFRN e PROPESQ. 17 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Reduzido valor diplóide no micro-ciclídeo Sul-Americano Apistogramma cacatuoides (Cichlidae, Geophaginae) Costa, GWWF1; Marinho, LA1; Molina, WF1 Departamento de Biologia Celular e Genética, Universidade Federal do Rio Grande do Norte [email protected] 1 Palavras-chaves: Citogenética de peixes, Cichlidae, evolução cromossômica, Apistogramma, micro-ciclídeo Os Cichlidae constituem um dos grupos de peixes mais diversificados da Ordem Perciformes e são distribuídos na África, Ásia e América, ao longo da região neotropical. Suas espécies são importantes modelos de estudos comportamentais e genéticos. Ainda persistem inúmeras questões sobre a evolução desta família. Já existe um número razoável de descrições cariotípicas para os Ciclídeos sul-americanos, contudo dada a quantidade de espécies neste continente (450 spp), com acréscimos constantes de novas formas, ainda são desconhecidos os aspectos citogenéticos de um considerável número de grupos. Dados filogenéticos recentes, derivados de análises moleculares, sugerem uma origem monofilética para os ciclídeos sul-americanos e uma das mais altas taxas evolutivas entre os ciclídeos neotropicais. Neste trabalho seis exemplares (5♂ e 1 ♀) do micro-ciclídeo Apistogramma cacatuoides (Geophaginae), obtidos de comerciantes de peixes ornamentais foram submetidos às análises citogenéticas através da coloração convencional, com Giemsa, bandamento C, identificação de cístrons ribossomais através da impregnação por nitrato de prata (Ag-RONs) e por FISH, com sondas da subunidade 18S. O cariótipo da espécie apresentou um valor diplóide modal de 2n=38 cromossomos (18m+6sm+14a, NF=62). Os sítios Ag-RONs, são múltiplos, localizados em posição subtelomérica, no braço curto de um par metacêntrico pequeno (5º) e em posição telomérica, no maior par submetacêntrico (10º). Segmentos heterocromáticos estão distribuídos em regiões centroméricas e na constrição secundária do 10º par. FISH com sondas 18S revelou quatro marcações teloméricas, coincidentes com os sítios identificados através da técnica de Ag-RONs. O valor diplóide obtido é significativamente diferente daquele, descrito na literatura, estimado através de análises meióticas (n=23). Os dados ora obtidos (2n=38) possivelmente representam um dos menores valores diplóides encontrado para a família, tendo em vista que a descrição de 2n=32, em Tilapia macrocephala, ocorrida na década de 50, antes do advento de métodos citogenéticos mais confiáveis, deva ser vista com alguma reserva. A. cacatuoides apresenta uma evolução cariotípica aparentemente mediada por fusões robertsonianas diferindo da macroestrutura cariotípica proposta para os ciclídeos sul-americanos (2n=48) ou outras espécies do mesmo gênero (2n=46). O panorama formado pelos dados citogenéticos desta família apóiam uma evolução cromossômica diversificadora com prevalência de mecanismos de inversões pericêntricas e redução cromossômica e em menor escala aumento do número diplóide decorrentes de fissões cromossômicas. Apoio Financeiro: CNPq e PROPESQ/UFRN. 18 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Diferenciação citogenética em peixes recifais do gênero Acanthurus (Perciformes, Acanthuridae) do litoral da Bahia, Brasil Affonso, PRAM; Almeida, JS; Viana, MVC; Guimar, EN; Silva Jr., JC Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié – BA [email protected] Palavras-chave: Especiação, evolução, rearranjos Robertsonianos, RON, heterocromatina Três espécies da família Acanthuridae (Perciformes) são descritas associadas a recifes no litoral brasileiro, compondo um dos grupos dominantes da ictiofauna recifal do oeste do Atlântico. Dados inéditos são apresentados no presente trabalho sobre os padrões citogenéticos das espécies Acanthurus bahianus e A. coeruleus a partir de metodologias convencionais e de bandamento. Os espécimes foram coletados por mergulho livre na região de Barra Grande (S 13º36’08”/O 38º55’41”), litoral sul da Bahia. Após estimulação mitótica, os cromossomos obtidos a partir do tecido renal foram corados com coloração convencional por Giemsa e submetidos à impregnação por nitrato de prata para detecção de sitos ativos de RONs e bandamento C para caracterização da heterocromatina constitutiva. A espécie A. coeruleus apresentou um cariótipo composto por 2n=48 e NF=52 (2sm+2st+44a), sugerindo a ocorrência de inversões pericêntricas em relação ao padrão plesiomórfico proposto para Perciformes (2n=48, NF=48). De fato, alterações estruturais envolvendo inversões são relativamente freqüentes em representantes dessa ordem. Por outro lado, o cariótipo de A. bahianus é composto por 2n=36 cromossomos, sendo 12m+2sm+2st+20a (NF=52). Nesse caso, além de inversões pericêntricas, um grande número de rearranjos Robersonianos teria ocorrido, reduzindo o número diplóide considerado basal e dando origem aos grandes pares metacêntricos observados em A. bahianus. Os padrões heterocromáticos das duas espécies são similares, com marcações discretas de banda C nas regiões centroméricas, sugerindo pouca participação da heterocromatina no processo de diferenciação cromossômica de Acanthurus. De modo similar, as regiões organizadoras de nucléolos (RONs) estão situadas no braço curto de um par de cromossomos subtelocêntricos, provavelmente homeólogos, em ambas as espécies. Os resultados citogenéticos revelam um grau de diversificação cariotípica incomum entre Perciformes marinhos e colocam A. bahianus como uma espécie mais derivada do ponto de vista cromossômico. Curiosamente, dados moleculares indicam que a dispersão populacional de A. bahianus é muito superior àquela apresentada por A. coeruleus. A princípio, essa condição conferiria maior tendência à manutenção de caracteres cromossômicos conservados (2n e NF próximos a 48) na primeira espécie devido ao intenso fluxo gênico; uma situação exatamente oposta à observada. A discordância aparente entre dados citogenéticos e capacidade dispersiva sugere a ocorrência de intrincados modelos de especiação e padrões evolutivos no ambiente marinho, especialmente detectáveis em espécies recifais do Atlântico Sul. Apoio Financeiro: UESB, CNPq e FAPESB. 19 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Aspectos cromossômicos de Apogon americanus (Perciformes, Apogonidae) através da banda C, Ag-RON, FISH 18S rDNA e bandas de replicação Araújo, WC; Molina, WF Departamento de Biologia Celular e Genética, Universidade Federal do Rio Grande do Norte [email protected] Palavras-chave: citogenética de peixes, Apogon, evolução cromossômica, FISH, bandas de replicação Peixes recifais da ordem Perciformes possuem grande conservação cromossômica, onde um cariótipo com 48 cromossomos acrocêntricos, tem sido considerado como condição basal. Inúmeras famílias dentro desta Ordem permanecem sem informações citogenéticas, outras com dados apenas incipientes, sobretudo em grupos marinhos de pequeno porte. Este é o caso da família Apogonidae, cujos poucos dados disponíveis para espécies não-Atlânticas indicam marcante diversidade cromossômica. Visando contribuir para o conhecimento citogenético desta família foram realizadas análises cromossômicas em 10 espécimes (2 machos, 4 fêmeas e 4 imaturos) de Apogon americanus, coletados no litoral de Salvador (BA). Foram realizadas análises por coloração convencional, bandamento C, Ag-RON, FISH com sondas da subunidade ribossomal 18S e de bandas de replicação, através da incorporação do análogo de base BrdU. A espécie apresentou 2n=36 com a fórmula cariotípica constituída por 8m+10sm+12st+6a (NF=66). As RONs estão localizadas em posição telomérica, no braço curto de um pequeno cromossomo subtelocêntrico, o que foi confirmado através do FISH. A distribuição de heterocromatina no cariótipo é predominantemente pericentromérica. O padrão de replicação inicial obtido pela incorporação do BrdU, seis horas antes das preparações cromossômicas apresentou bandas longitudinais capazes de permitir um pareamento confiável entre os pares homólogos. As regiões centroméricas revelaram replicação tardia na maioria dos pares cromossômicos. A macroestrutura cariotípica encontrado em A. americanus é compatível com aquelas de outras espécies do gênero. A presença de grandes pares metacêntricos (>7µm) e reduzido valor diplóide sugere uma evolução cariotípica mediada predominantemente por fusões robertsonianas. Análises de um maior número de exemplares e de outras espécies, ora em andamento, proporcionarão maior clareza sobre a evolução neste grupo de peixes marinhos. Apoio Financeiro: CNPq. 20 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Ocorrência de cromossomo B no peixe marinho Canthigaster figueiredoi (Tetraodontiformes, Balistidae) Neto, CCM; Martínez, PA; Molina, WF Laboratorio de Genética de Recursos Marinhos, Universidade Federal do Rio Grande do Norte [email protected] Palavra-chave: Tetraodontiformes, Citogenética de peixes, Cromossomos B Os Tetraodontiformes representam um grupo monofilético Pós-Perciformes que tem evidenciado diferentes tendências de evolução cromossômica. Nesta Ordem poucos dados citogenéticos estão disponíveis para algumas famílias, sobretudo Balistidae. No presente trabalho foram analisadas três fêmeas e um macho de Canthigaster figueiredoi (Balistidae), coletados no litoral de Salvador (BA). As preparações cromossômicas seguiram a técnica de cultivo de curto termo a partir células do rim cefálico. As análises citogenéticas foram realizadas através de coloração convencional, bandamento C, impregnação argêntica e hibridação in situ com sonda ribossomal 18S. O complemento cariotípico de C. figueiredoi apresentou 2n=36, com cariótipo constituído por nove pares subtelocêntricos e nove pares acrocêntricos. Em uma das fêmeas estudadas observaram-se dois cromossomos Bs heteromórficos. A banda C revelou segmentos heterocromáticos nas regiões centroméricas e pericentroméricas da maioria dos cromossomos. Em alguns exemplares foram observados um segmento heterocromático conspícuo no braço longo de um cromossomo subtelocêntrico. A técnica Ag-RON evidenciou marcações com prata em quatro pares cromossômicos, o que foi corroborado com a hibridação com sondas ribossomais 18S. O número cromossômico encontrado na espécie estudada é um dos menores nesta Ordem. Os resultados observados apresentam uma condição ainda não descrita para Tetraodontiformes, a presença de sítios ribossomais múltiplos. A ocorrência de cromossomos supranumerários em grupos marinhos não é habitual, este fato aliado ao polimorfismo heterocromático e RONs múltiplas indica a existência de marcantes eventos de diversificação cariotípica nesta espécie. Análises em andamento utilizando enzimas de restrição e aumento do número de espécimes propiciarão uma melhor compreensão da origem e extensão da freqüência dos cromossomos B e polimorfismo heterocromático encontrados, verificando possíveis associações a um dado sexo. Apoio financeiro: CNPq. 21 54º Congresso Brasileiro de Genética 22 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudo citogenético de Geophagus brasiliensis da lagoa das bateias, Vitória da Conquista – BA Dourado, TRS¹; Aleixo, LA¹ ¹Departamento de Ciências Naturais, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB [email protected] Palavras-chave: Geophagus brasiliensis; Cichlidae; Perciformes; cariótipo; Lagoa das Bateias A família Cichlidae engloba cerca de 1.300 espécies de peixes de água doce, apresentando ampla distribuição na região neotropical. Esta família pertence à ordem Perciformes, a maior em número de espécies entre os Teleostei. Grande parte das espécies desta ordem que foram cariotipadas, apresenta número diplóide igual a 48 cromossomos, sendo a maioria deles acrocêntricos. Geophagus brasiliensis é uma das espécies de ciclídeos de água doce mais comuns nos biomas aquáticos brasileiros; apresentam diferenças morfológicas que geram dúvidas taxonômicas. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi descrever o cariótipo de G. brasiliensis da Lagoa das Bateias situado no município de Vitória da Conquista, Bahia. Esta área antes era uma região de charco, que foi represada formando a Lagoa das Bateias. Poucos estudos têm sido feitos com as espécies de ciclídeos do interior da Bahia, e o presente trabalho visa contribuir com o conhecimento citogenético da ictiofauna desta região. Seis espécimes, três fêmeas e três machos, foram coletados entre os meses de dezembro de 2007 e maio de 2008. Os peixes foram estimulados com fermento e com Munolan (cloridrato de Lisozima) 48 e 24 horas antes do sacrifício. A obtenção de cromossomos mitóticos foi feita segundo a técnica de preparação direta. As lâminas foram coradas com Giemsa, e as melhores metáfases foram fotografadas para montagem do cariótipo. Os espécimes de Geophagus brasiliensis, analisados apresentaram 2n=48 cromossomos, dos quais três pares são submetacêntricos e 21 pares são subtelocêntricos/acrocêntricos. Não houve diferença entre o cariótipo de machos e fêmeas, indicando ausência de cromossomos sexuais, conforme já evidenciado para outras populações desta espécie. O número fundamental é igual a 54, resultado que coincide com o encontrado para G. brasiliensis de outras regiões do país, evidenciando que o cariótipo desta espécie é bastante conservado. Isto sugere uma íntima relação filogenética entre as populações de G. brasiliensis estudadas no Brasil. Embora todas as populações de Geophagus brasiliensis cariotipadas apresentem número diplóide conservado, o NF varia entre populações, havendo aquelas que têm somente dois pares de cromossomos submetacêntricos e portanto NF=52. O número de cromossomos das espécies ancestrais de Perciformes era de 48 cromossomos acrocêntricos e consequentemente o número fundamental era igual a 48, uma característica basal para essa ordem. As inversões pericêntricas são consideradas os principais rearranjos implicados na diversificação do NF=48 dos ancestrais. Este mesmo evento também pode ser explicativo para os diferentes NF encontrados para as populações de Geophagus brasiliensis. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudo cromossômico em populações de Geophagus brasiliensis (Perciformes, Cichlidae) ao longo da bacia do Rio de Contas (BA) Ferreira, JL; Reis, MA; Almeida, JS; Affonso, PRAM; Carneiro, PLS Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Dep. Ciências Biológicas – Jequié, BA [email protected] Palavras-chave: citogenética, peixes, cariótipo, RON, heterocromatina A família Cichlidae (ordem Perciformes) está presente em diferentes continentes e apresenta um grande número de espécies, particularmente nas regiões Neotropicais. No presente trabalho, estudos citogenéticos foram realizados em uma espécie de ciclídeo extremamente comum nas bacias do leste do Brasil, Geophagus brasiliensis. Os indivíduos foram coletados em lagoas marginais e afluentes da Bacia do Rio de Contas, na região sul da Bahia, sendo 9 indivíduos do Rio Oricó (Ubaitaba-BA), 7 indivíduos da lagoa marginal do Rio Bom Sem Farinha (Ipiaú-BA), 9 indivíduos do Rio Criciúma (Jequié-BA), 15 indivíduos do Rio Preto do Costa (Jequié-BA) e 5 indivíduos da calha principal do Rio das Contas (Jequié-BA). Através da técnica convencional de coloração por Giemsa verificou-se um número diplóide de 2n=48 cromossomos, condição considerada plesiomórfica dentro de Perciformes.A fórmula cariotípica é composta por 4SM+44ST/A (NF=52) e a impregnação por nitrato de prata revelou marcações positivas de RONs no braço curto de um par ST/A, na maioria das vezes indicando associação entre cromossomos homólogos portadores de constrições secundárias.A técnica de bandamento C revelou blocos heterocromáticos reduzidos em regiões pericentroméricas de todos os cromossomos e no braço curto do par portador de RONs. Os dados obtidos reforçam o caráter conservativo do número cromossômico dessa espécie, mas demonstram diferenças de NF em relação a outras populações previamente estudadas no Brasil. Sugere-se assim que as inversões pericêntricas tenham um papel fundamental no processo de diferenciação populacional e formação de possíveis espécies crípticas nesse grupo. Apoio financeiro: FAPESB e CNPq. 23 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Diversidade genética e estrutura populacional em Chromis multilineata (Guichenot, 1853) (Perciformes – Pomacentridae) no Atlântico Ocidental: evidências de um passado evolutivo instável Molina, WF1; Cunha, IMC1; Souza, AS1; Dias Jr., EA1; Moraes, EM2 Departamento de Biologia Celular e Genética, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) 2 Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Campus Sorocaba [email protected] 1 Palavras-chave: mtDNA, Chromis, genética de populações, Atlântico A fauna de peixes recifais brasileiros compreende aproximadamente 320 espécies distribuídas ao longo da costa continental e das ilhas oceânicas. Pouco se conhece sobre os níveis de conectividade entre suas populações, embora tenha sido constante o interesse nas relações entre o continente e as ilhas oceânicas brasileiras, numa perspectiva biogeográfica. As ilhas oceânicas brasileiras abrigam um considerável número de espécies endêmicas, as quais são localmente abundantes, e repartem uma considerável porção de sua fauna de peixes recifais com o Atlântico Ocidental. Entre as famílias de peixes recifais mais ricas em espécies estão os pomacentrídeos. O presente trabalho analisou, através de comparações das seqüências da região controle do DNA mitocondrial (D-loop), os padrões genético-populacionais de C. multilineata em diferentes áreas do litoral NE do Brasil, envolvendo tanto ilhas oceânicas (Fernando de Noronha e Arquipélago de São Pedro e São Paulo), como regiões da plataforma continental (RN e BA). Para isso, foram utilizadas seqüências nucleotídicas parciais da região HVR1 do mtDNA (312pb). A estrutura populacional e os parâmetros para as estimativas da variabilidade genética, variância molecular (AMOVA), estimativa do índice de fixação (FST) e número de migrantes foram determinados. As relações filogenéticas entre as populações foram estimadas utilizando-se o método de neighbourjoining (NJ). A análise de agrupamento Bayesiano foi utilizada para a verificação de estruturação populacional, segundo a freqüência haplotípicas dos indivíduos. A variabilidade genética das populações de C. multilineata se mostrou extremamente elevada. As populações revelaram moderada estruturação genética, com maior grau de divergência genética sendo observado para a amostra do Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Espécimes do litoral do Rio Grande do Norte e do Arquipélago de Fernando de Noronha não apresentaram diferenciações genéticas. Três grupos populacionais moderadamente diferenciados foram identificados: um grupo populacional (I), formado pelo Rio Grande do Norte (I’) e o Arquipélago de Fernando de Noronha (I’’); e outros dois grupos distintos formados pela população insular do Arquipélago de São Pedro e São Paulo (II) e pela Bahia (III). Os padrões genéticos encontrados sugerem que a espécie sofreu uma radiação relativamente recente favorecendo a ausência de haplótipos compartilhados. C. multilineata parece ser constituída por populações relativamente estruturadas ao longo costa Atlântica Ocidental, bem como em relação ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Apoio financeiro: CNPq, CAPES, SECIRM, UFRN. 24 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Diferenciação haplotípica de Plagioscion squamosissimus (Sciaenidae, Perciformes) em bacias hidrográficas da região nordeste santos, SM; Barros, MC; Fraga, E Laboratório de Genética e Biologia Molecular - CESC/UEMA [email protected] e [email protected] Palavras-chave: Plagioscion, Corvina, rRNA 16S Plagioscion squamosissimus, é uma espécie originária da bacia amazônica, sendo introduzida nas bacias dos rios Paraná, Paraguai e São Francisco, como também, em reservatórios da região Nordeste na década de 40. No gênero Plagioscion, esta espécie é a mais comum e bastante explorada na pesca artesanal, sendo utilizada para peixamento em barragens e açudes, por ter uma carne excelente e apresentar qualidades para a pesca esportiva. No entanto, a origem destes estoques é desconhecida necessitando de estudos que possam fornecer informações sobre seus níveis de variabilidade genética requisitos essenciais ao delineamento de propostas de manejo e conservação da espécie. Portanto, o presente estudo objetivou-se a caracterização genética dos estoques de P. squamosissimus das bacias do rio Itapecuru/MA, Pindaré/ MA e Parnaíba/PI, determinando os níveis de variabilidade genética a partir de seqüências de DNA mitocondrial do gene rRNA 16S. A amostragem constituiu-se de espécimes obtidos na bacia dos rios Itapecuru/MA, Pindaré/MA e Parnaíba/PI. O DNA total foi isolado a partir de tecido muscular, utilizando-se o protocolo de fenol-clorofórmio e a amplificação da região genômica foi realizada utilizando-se primers específicos por meio da técnica de PCR. Os produtos da PCR foram purificados e seqüenciados utilizando-se o método didesoxiterminal com o Kit Big Dye. As seqüências obtidas foram editadas e alinhadas usando-se o programa Bioedit e o polimorfismo de DNA determinado utilizandose o programa DnaSP. Os cladogramas filogenéticos foram obtidos através do programa MEGA4. A significância dos agrupamentos foi estimada pela análise de bootstrap. Um fragmento de 563 pares de bases foi obtido em 16 espécimes de P. squamosissimus com uma composição nucleotídica de 22,5 de timina, 26% de citosina, 29,1% de adenina e 22,4 de guanina. A análise do polimorfismo do fragmento do gene rRNA16S revelou a ocorrência de três haplótipos para os espécimes analisados com uma diversidade haplotípica igual a 0,62, sendo cada haplótipo exclusivo para cada bacia amostrada. As análises filogenéticas preliminares produziram árvores com topologia similar nos diferentes métodos utilizados (máxima parcimônia e agrupamentos de vizinhos) mostrando que os haplótipos I (Rio Pindaré/MA) e II (Rio Itapecuru/MA) são mais próximos (99% de bootstrap). A presente abordagem revelou-se informativa, pois mostra que os estoques de P. squamosissimus possivelmente estejam se diferenciando nestas bacias estudadas e, portanto estratégias de manejo e conservação deste estoques deverão considerar estes resultados. Apoio Financeiro: BNB/UEMA e UFPA. 25 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise populacional de Scomberomorus brasiliensis (Scombridae, Perciformes) da costa brasileira através de seqüências da alça D e do gene citocromo b Cunha, DB; Vallinoto, M; Rego, PS; Schneider, H; Sampaio, I; Santa Brígida, EL Instituto de Estudos Costeiros, Campus de Bragança, Universidade Federal do Pará [email protected] Palavras-chave: Scomberomorus brasiliensis, DNA mitocondrial, variabilidade genética Os peixes marinhos da família Scombridae (Perciformes) estão entre os recursos pesqueiros mais explorados da costa brasileira, dos quais se destaca a Scomberomorus brasiliensis (serra), a qual apresenta um grande porte e carne bastante apreciada para o consumo. O presente trabalho analisou a variabilidade genética de três populações da costa brasileira (Macapá-AP, Fortaleza-CE e Paranguá-PN), com base no gene mitocondrial citocromo b e a região da Alça – D. Foram obtidos cerca de 410 pares de bases do citocromo b e 387 da região da Alça - D, sendo estes alinhados através do programa Bioedit e ClustalW. As análises filogenéticas foram realizadas utilizando-se os programas Mega 3.1 e Paup*4.0b10, enquanto que as análises populacionais foram implementadas nos programas Arlequin3.1 e Dnasp4.0. Nas análises filogenéticas não se observou nenhum forte agrupamento, sendo observadas diversas politomias em ambos os marcadores. Em termos de variabilidade genética, as análises revelaram alta variabilidade da alça D (h=0,98 e Pi=0,01) e moderada no citocromo b (h=0,70 e Pi=0,003) quando todas as amostras foram analisadas em conjunto. Em relação a rede de haplótipos, a alça D mostrou-se inconclusiva em consequência do alto número de haplótipos da alça D. As análises filogenéticas e populacionais revelaram uma população panmítica na costa brasileira e em expansão demográfica, apoiada pelos testes de SSD e rg, e pelo teste Fs de Fu, onde se verificam altos valores negativos. O tempo de expansão foi calculado apenas para os dados de Cit-b, no qual os haplótipos coalescem há cerca de 42-105 mil anos atrás. Além disto, na porção 3´ da região da alça-D foi encontrada uma complexa repetição altamente variável que poderá, possivelmente, ser usada em futuros trabalhos envolvendo populações geograficamente mais distantes. Apoio Financeiro: CNPq/MCT (Projeto Milênio), CNPq/PNOPG, PIBIC/CNPq/UFPa. 26 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Desenvolvimento de marcadores microssatélites para o tucunaré (Cichla monoculus) da Amazônia Lima, MP1; Silva, GMB2; Sousa, ACB2; Sousa, CFS1; Santos, CHA1; Santana, GX1; Ferreira-Nozawa, MS3; Almeida-Val, VMF1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA 2 Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP 3 Centro Universitário Nilton Lins - CUNL [email protected] 1 Palavras-chave: microssatélites, variabilidade genética, conservação, tucunaré, Amazônia Pertencente à família Cichlidae, o tucunaré é um peixe carnívoro que pode alcançar até 80 cm de comprimento. Apresenta manchas verticais escuras com cores amareladas e ventre claro. Originário da bacia amazônica e introduzido em quase todas as regiões do país, o tucunaré é um peixe importante economicamente, despontando como um dos principais recursos pesqueiros para a região amazônica, assim como para diversos países da América do Sul e Central. Entre as espécies do gênero Cichla, o tucunaré é a que possui maior valor comercial, tornando importante o estudo da variabilidade genética dessa espécie com o intuito de contribuir com informações relevantes para viabilizar uma piscicultura sustentável e a preservação dos estoques naturais. Visando investigar a variabilidade genética do tucunaré na Amazônia brasileira, foram desenvolvidos marcadores moleculares microssatélites para a espécie Cichla monoculus, por meio de uma biblioteca genômica enriquecida com seqüencias CT e GT. O DNA total foi extraído a partir do tecido muscular utilizando o protocolo descrito por Sambrook et al. (1989). Os fragmentos de interesse foram selecionados, inseridos em bactérias competentes e depois seqüenciados em seqüenciador ABI 377, utilizando os primers SP6 e T7. As seqüências foram editadas e clusterizadas utilizando os programas EditSeq e SeqMan do pacote Laser Gene vs.5.03 (DNASTAR Inc). Para encontrar as regiões com microssatélites, foi utilizado o programa SSRIT-Gramene, em seguida os primers foram desenhados utilizando o programa Primer Select (DNASTAR Inc.). Após o sequenciamento de 96 clones, foi possível desenhar 40 pares de primers. Desse total, 87,5% eram dinucleotídeos, 1,2% trinucleotídeos, 0,4% tetranucleotídeos e 0,4% pentanucleotídeos, sendo 65% perfeitos e 35% imperfeitos. Depois de sintetizados, os primers serão validados em uma população e utilizados para estudar a variabilidade genética de populações naturais e de cativeiro, a fim de contribuir para programas de manejo e conservação genética dessa importante espécie de peixe da Amazônia. Apoio Financeiro: PIATAM, FINEP/PETROBRAS, CAPES, PRONEX, FAPEAM/CNPq. 27 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Origem do peixe amazônico tucunaré introduzido nos açudes do Piauí: uma abordagem genética Rocha, RR1; Sampaio, I2; Fraga, E1; Barros, MC1 Laboratório de Genética e Biologia Molecular – CESC/UEMA 2 Instituto de Estudos Costeiros/UFPA Bragança/PA [email protected] 1 Palavras-chave: DNA mitocondrial, rRNA 16S, Cichla Os peixes do gênero Cichla, tucunaré, são endêmicos da região Amazônica e ocupam posição de destaque dentre as espécies de maior tamanho e alto valor comercial. A introdução do tucunaré fora do seu habitat natural tem sido bastante comum, pois vem sendo frequentemente utilizado para o povoamento de açudes e barragens. A origem desses estoques é bastante desconhecida devido à carência de dados dessas introduções. Portanto, o estudo genético da origem desses estoques é de grande relevância para um monitoramento sustentável da piscicultura do tucunaré. Neste contexto, temos como objetivo a caracterização genética das populações de tucunarés introduzidas nos açudes do Piauí a fim de contribuir com o conhecimento da origem dos estoques. As amostras foram obtidas de populações artificiais de tucunarés dos açudes: cajazeiras – Pio IX/PI, barreiras - Fronteiras/PI e açude Ingazeiras - Paulistana/PI. O isolamento e amplificação da região genômica a partir de DNA total foi realizado através da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) usando-se combinações de primers específicos. Os produtos da PCR foram seqüenciados utilizando-se o método didesoxiterminal. As seqüências obtidas foram editadas e alinhadas usando-se o programa Bioedit. Os cladogramas filogenéticos foram obtidos no programa Mega e a significância dos agrupamentos foram estimadas pela análise de bootstrap. Seqüências de populações naturais dos rios Tocantins, Uatumã, Trombetas e Xingu foram incorporadas na análise para verificar a similaridade genética entre os estoques introduzidos e os naturais. Um fragmento de 422 pares de bases do gene rRNA 16S foi obtido com composição nucleotídica de 21,9 % de timina, 25,2% de citosina, 31,6% de adenina e 21,3% de guanina. Apenas um haplótipo foi observado para as populações de tucunarés artificiais analisadas. As análises filogenéticas produziram árvores com topologia similar nos diferentes métodos utilizados (parcimônia e agrupamentos de vizinhos). O haplótipo das populações artificiais foi identificado como Cichla kelberi e agrupou fortemente (99%) com um dos haplótipos da população natural do rio Tocantins/PA. Um estudo com ênfase em uma análise genética de populações de tucunarés introduzidos na região Nordeste, bacias dos rios Parnaíba e São Francisco, identificou o haplótipo da bacia do rio Parnaíba como C. kelberi oriunda do rio Tocantins. Nossos resultados a partir da análise do gene rRNA 16S indicam que apenas uma espécie C. kelberi oriunda do rio Tocantins foi utilizada para peixamento nos açudes do Piauí e contribuem para a confirmação de que esta nova espécie tem sido amplamente utilizada para peixamento em açudes do Nordeste. Considerando sua freqüência nas três populações analisadas concluiu-se que grande parte dos estoques de tucunarés introduzidos nos açudes do Nordeste está constituído pela espécie C. kelberi. Apoio financeiro: PPG7, UFPA e UEMA. 28 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Identificação genética dos estoques de tucunarés introduzidos em lagos das hidrelétricas de Boa Esperança/PI e Itaipu/PR Almeida, CG1; Sampaio I2; Barros, MC1; Fraga, EC1 Laboratório de Genética e Biologia Molecular – CESC/UEMA 2 Instituto de Estudos Costeiros/UFPA Bragança/PA [email protected] 1 Palavras – chave: Cichla, Tucunaré, haplótipo, DNA mitocondrial, rRNA 16S Uma recente revisão do gênero Cichla valida várias espécies e descreve nove novas espécies, dentre estas, a espécie Cichla kelberi para o rio Tocantins/PA com introdução nos Rios Paraná, Paraíba do Sul e na Região Nordeste. Estes peixes são constantemente utilizados para peixamento em praticamente todas as bacias hidrográficas brasileiras, podendo ocorrer hibridizações entre as espécies, necessitando assim, de monitoramento genético. Neste contexto, temos como objetivo a identificação genética dos estoques de tucunarés introduzidos em lagos das hidrelétricas de Boa Esperança/ PI e Itaipu/PR. As amostras foram obtidas nos lagos das hidrelétricas de Boa Esperança/PI e Itaipu/PR. O DNA total foi isolado a partir do tecido muscular. A amplificação da região genômica foi realizada através da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) usando-se combinações de primers específicos. Os produtos da PCR foram seqüenciados utilizando-se o método didesoxiterminal. As seqüências obtidas foram editadas e alinhadas usando-se o programa Bioedit e os cladogramas filogenéticos gerados no programa Mega 4.0. A significância dos agrupamentos foi estimada pela análise de bootstrap. Seqüências de populações naturais: alto Rio Negro (F049017), Rio Tocantins/PA e Rio Uatumã foram incorporadas na análise para verificar a similaridade genética entre os estoques introduzidos e os naturais. Um fragmento de 478 pares de bases do gene rRNA 16S foi obtido com composição nucleotídica de 21,8% de timina, 25,7% de citosina, 30,9% de adenina e 21,6% de guanina. As análises filogenéticas produziram árvores com topologias similares nos diferentes métodos utilizados parcimônia e agrupamentos de vizinhos. Através desta análise observou-se dois haplótipos, onde o lago da hidrelétrica de Boa Esperança/PI apresentou haplótipo único e o lago da hidrelétrica de Itaipui/PR dois haplótipos sendo um destes de ocorrência no lago da hidrelétrica de Boa Esperança/ PI. O haplótipo de ocorrência nos dois lagos agrupou fortemente com um haplótipo do rio Tocantins/PA identificado como C. kelberi, o outro haplótipo presente apenas no lago da hidrelétrica de Itaipu/PR agrupou fortemente com outro haplótipo do rio Tocantins/PA identificado como Cichla monoclus. Portanto, a partir destes resultados conclui-se que os estoques introduzidos de tucunarés nos lagos das hidrelétricas de Boa Esperança/PI e Itaipu/PR são provenientes do rio Tocantins/PA. Apoio financeiro: PPG7, CNPq, UFPA e UEMA. 29 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização molecular da introdução do peixe amazônico tucunaré no sudeste brasileiro Carvalho, DC1, Oliveira, DAA1; Santos, JE3; Teske, P4; Beheregaray, LB4; Schneider, H2; Sampaio, MI2 Escola de Veterinária, Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil Universidade Federal do Pará, Instituto de Estudos Costeiros, Brasil Programa de Pós-graduação em Zoologia dos Vertebrados da PUC Minas, Brasil Molecular Ecology Lab, Department of Biological Sciences, Macquarie University, Australia [email protected] Palavras-chave: espécies introduzidas e nativas, mtDNA, microssatélites, cichla, tucunaré A manutenção dos estoques de espécies nativas de peixes tem sido comprometida em todo o mundo pela introdução e dispersão de espécies exóticas, sejam elas de outros países ou provenientes de diferentes bacias do mesmo país. Um exemplo brasileiro é o tucunaré, espécie amazônica introduzida em diversas bacias brasileiras, que se estabeleceu e provocou a extinção de algumas espécies de peixes nativos nesses locais. Neste trabalho, realizamos a caracterização da introdução de populações de tucunarés em quatro bacias do sudeste brasileiro (Paranaíba, São Francisco, Doce e Grande). Para a determinação da origem geográfica/genética foram utilizados o mtDNA (16S e Região Controle) e dez microssatélites que foram recentemente obtidos para a espécie Cichla piquiti e também otimizados para espécie Cichla kelberi e utilizados na caracterização genética dos estoques introduzidos e nativos.Os resultados mostraram que todos os estoques analisados apresentaram haplótipos similares aos dos peixes do Rio Tocantins. Nas populações introduzidas, apenas em Itumbiara (Rio Paranaíba) foi detectado mais de um haplótipo na espécie C. kelberi. Merece atenção o fato de que, apesar das duas espécies ocorrerem em simpatria no Rio Tocantins, em Minas Gerais elas foram detectadas nessa situação apenas na represa de Itumbiara.Os marcadores microssatélites indicaram nos resultados genéticos uma correlação negativa entre a distância da fonte introdutória (população nativa - Rio Tocantins) e os índices de riqueza alélica (Na) e heterozigosidade (H) dos estoques introduzidos - quanto maior a distância do Rio Tocantins menor Na e H. A única exceção foi o estoque proveniente da represa de Furnas (Rio Grande), que apresentou Na e H maiores para a espécie C. piquiti do que outros sítios mais próximos do Rio Tocantins (e.g Rio Doce, São Francisco), indicando introduções múltiplas para este local. As perspectivas desse trabalho são de que esses dados moleculares possam ser úteis na elaboração de futuras diretrizes para o controle de espécies invasoras no Brasil. Apoio: Capes, CNPq, Fapemig (APQ-3950-3.12/07), FEP-MVZ. 30 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Variabilidade genética de populações artificiais de tucunaré com base na região controle do DNA mitocondrial Passos, JFA1; Almeida, CG1; Sampaio, I2; Fraga, E1; Barros, MC1 Laboratório de Genética e Biologia Molecular – CESC/UEMA 2 Instituto de Estudos Costeiros/UFPA Bragança/PA [email protected] 1 Palavra-chave: DNA mitocondrial, Cichla, D-loop O gênero Cichla, conhecido como tucunaré é originário da Bacia Amazônica, são peixes de alto valor econômico. O cenário atual mostra que os tucunarés foram amplamente introduzidos ao longo das bacias hidrográficas brasileiras e a origem destes estoques é desconhecida, porém sabe-se que a introdução de espécies exóticas tende a alterar a estrutura de um ecossistema, além de causar impactos genéticos, como hibridação, redução da eficiência de acasalamentos, baixo rendimento evolutivo entre outros efeitos que podem variar de acordo com a população. Neste estudo utilizamos seqüências da região controle (D-loop) do DNA mitocondrial com o objetivo de estimar a variabilidade genética dos estoques artificiais de tucunarés bem como sugerir a origem destes estoques. As amostras foram obtidas na bacia do rio São Francisco (Petrolina/PE e Bahia) bacia do rio Parnaíba (açude Cajazeiras, Pio IX/PI, açude Barreiras, Fronteiras/PI, açude Ingazeiras, Paulistana/PI), Rio Paraná/PR, UHE Itaipu e Rio Tocantins/PA. O DNA total foi isolado a partir do tecido muscular, a amplificação da região genômica foi realizada através da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) usando-se combinações de primers específicos. Os produtos da PCR foram seqüenciados utilizando-se o método didesoxiterminal. As seqüências obtidas foram editadas, alinhadas e analisadas a partir de vários programas, como: BIOEDIT, MEGA e DnaSP 4.0. Foram incorporadas ao nosso banco de dados seqüências do Genbank oriundas do Rio Tocantins e alto Rio Paraná. Dentre as 56 seqüências com 347 pb amostradas foram encontrados 72 sítios polimórficos, 16 haplótipos, diversidade haplotípica de 0,8006 e nucleotídica 0,05092 onde o haplótipo 8 (H8) mostrou-se como o mais freqüente, seguido pelos haplótipos 10 (H10) e 6 (H6), vários haplótipos únicos também foram observados. Quando analisadas como duas populações distintas, observou-se em uma das populações (amostras oriundas do rio Paraná e UHE Itaipu) três sítios polimórficos, três haplótipos, diversidade haplotípica de 0,4643 e nucleotídica de 0,00217 os haplótipos agruparam fortemente com haplótipo do rio Tocantins identificado como C. piquiti. Para a outra população (amostras oriundas das bacias dos rios São Francisco, Parnaíba, Paraná e UHE/PR) foi observado 11 sítios polimórficos, 13 haplótipos, diversidade haplotípica de 0,7411 e nucleotídica de 0,00480 com os haplótipos agrupando com a espécie do rio Tocantins identificada como C. kelberi. A magnitude das diversidades haplotípica e nucleotídica encontradas para as populações de Cichla indicam diferenças entre as populações analisadas. Nossos resultados indicam a ausência da espécie C. piquiti no Nordeste brasileiro e sua presença no Sul do Brasil, enquanto a espécie C. kelberi está tanto no Nordeste quanto no Sul do Brasil. Os estoques encontrados no Nordeste e Sul do Brasil de acordo com os nossos dados são oriundos da bacia do rio Tocantins. Apoio financeiro: PPG7, CNPq, UFPA e UEMA. 31 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Desenvolvimento de primers de microssatélites a partir de biblioteca genômica enriquecida para Astronotus crassipinis (Heckel, 1840) Sousa, CFS1-2; Santana, GX1; Santos, CHA1; Lima, MP1; Silva, MNP1; Nozawa, MFS2; Almeida-Val, VMF1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular 2 Centro Universitário Nilton Lins, Laboratório de Expressão Gênica [email protected] 1 Palavras-chave: Microssatélites, Biblioteca Genômica, Acará-açú A espécie Astronotus crassipinis é conhecida como Oscar (inglês) e Acará-açú (português) e pertence à família Cichlidae, ordem dos Perciformes. Apresenta um interesse comercial por ser muito usada pela população amazônica na alimentação e procurada internacionalmente para fins ornamentais. Microssatélites são seqüências de DNA, usualmente menores que 100 pares de bases, formadas por um conjunto de 1 a 6 nucleotídeos repetidos “in tandem”. Características como distribuição aleatória no genoma, co-dominância e elevado grau de polimorfismo fazem dos microssatélites os marcadores mais apropriados para estudos sobre freqüência gênica, evolução e conservação. Com isso, o objetivo deste trabalho é desenvolver primers de microssatélites (DNA) a partir de biblioteca genômica enriquecida para Astronotus crassipinis. Para a construção da biblioteca, foi realizada a extração do DNA genômico segundo o protocolo de Sambrook e Russel (2001), com algumas modificações. Após a extração, o material foi digerido com enzima de restrição RsaI e enriquecida em GT e CT via técnica de hibridização com sonda acoplada a esferas magnéticas recobertas de streptavidina. As amostras obtidas foram submetidas ao seqüênciamento para análise. Após essa etapa, foi possível a anotação das seqüências adjacentes aos microssatélites e assim desenhados primers para as regiões flanqueadoras (5’-3’ e 3’- 5’), para posterior validação. Dos primers desenhados, 90% eram perfeitos e 10% imperfeitos. Em uma segunda classificação pode-se perceber 50% de dinucleotídeos, 15% de tertanucleotídeos, 25% de pentanucleotídeo e 1% de hexanucleotídeo. Apoio Financeiro: PIATAM, FINEP/Petrobrás, PRONEX, FAPEAM, CAPES, CNPq, INPA/LEEM. 32 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização citogenética de Astyanax asuncionenses no córrego bocaiuval (Bacia do Paraguai) em Tangará da Serra – MT Giongo, P1; Sampaio, WMS1; Fernandes, A1; Lima, CB2; Dergam, JA2 Universidade do Estado de Mato Grosso/Departamento de Ciências Biológicas Universidade Federal de Viçosa/Departamento de Biologia Geral [email protected] Palavras-chave: Citogenética, Bacia do Paraguai, Astyanax asuncionenses, Córrego Bocaiuval, Mato Grosso A ictiofauna neotropical é a mais rica e diversificada do mundo. No entanto, é pouco conhecida devido ao tamanho dos sistemas fluviais, a dificuldade de acesso aos locais de coleta e ao elevado custo logístico. Paralelo a grande diversidade numérica e morfológica, ainda é encontrado uma considerável variabilidade cromossômica inter e intra-populacional. As espécies de Astyanax é um grupo diversificado e amplamente distribuído, apresentando plasticidade morfológica e cromossômica, variando entre 2n=36 a 2n=50. Este trabalho teve por objetivo estudar citogeneticamente a espécie de A. asunsionenses. Os espécimes foram coletados, no córrego São José e Bocaiuval na região de Tangará da Serra – MT. Os peixes coletados foram submetidos às técnicas de obtenção de cromossomos mitóticos metafásicos segundo Bertollo et al. (1978) e analisados segundo Levan et al. (1964). Observou-se número cromossômico 2n=50, Fórmula Cariotípica=6m+10sm+20st+14a e número fundamental (NF) =86. Os resultados quanto a número cromossômico estão dentro da variação esperada para o gênero na Bacia do Paraguai-Paraná e de acordo com os estudos realizados para a mesma espécie em outros rios Mato-grossenses. Já os resultados quanto à fórmula cariotípica e conseqüentemente quanto ao número fundamental divergem dos resultados encontrados para espécie na Bacia do Paraguai. A variação dos resultados aqui encontrados pode ser conseqüência de rearranjos cromossômicos do tipo fusão e fissão cromossômica. Os resultados evidenciam uma variação da macroestrutura cariotípica em Astyanax asuncionenses, situação comum para o gênero e poderia ser explicada pelo fato das espécies do gênero Astyanax poderem formar complexos específicos em seus locais de ocorrência e pela plasticidade genômica comum ao grupo de peixes. Apoio Financeiro: UNEMAT, FAPEMAT e UFV. 33 54º Congresso Brasileiro de Genética 34 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Citogenética de Astyanax altiparanae (Characidae) da população do córrego dos Caetanos em Uberlândia-MG Oliveira, DM1; Furtado, ST1; Santos, LP1; Oliveira-Júnior, RJ1; Morelli, S1 Universidade Federal de Uberlândia – Instituto de Genética e Bioquímica [email protected] 1 Palavras-chave: Astyanax altiparanae, Citogenética, NOR; Hoechst, Uberlândia O Brasil apresenta uma ampla diversidade biológica onde se encontram cerca de 8000 espécies de peixes de água doce, que se dividem em alguns grupos principais. A família Characidae, na qual o gênero Astyanax se esta inserido, é objeto constante de estudos devido à sua complexidade e ao grande número de espécies encontradas, muitas delas nem mesmo nomeadas oficialmente. Exemplares pertencentes ao gênero Astyanax são encontrados desde o território Argentino até a fronteira do México com os Estados Unidos, sendo representado por mais de 100 espécies diferentes. Estudos citogenéticos nestas espécies possibilitaram uma grande evolução no conhecimento taxonômico. O presente estudo objetivou analisar citogeneticamente a população da espécie de Astyanax altiparanae, encontradas no Córrego dos Caetanos, no município de Uberlândia-MG por meio das técnicas de Giemsa convencional, detecção das regiões organizadoras de nucléolos e marcação com um fluorocromo AT específico. As coletas foram realizadas em diferentes meses do ano a fim de permitir a captura de espécies com diferentes estágios de desenvolvimento reprodutivo. Os animais coletados apresentaram um número diplóide de 2n= 50 e uma pequena variedade cariotípica em relação aos de outras populações. Quando os cromossomos foram submetidos à coloração com nitrato de Prata, observou-se a presença de NOR múltipla na região terminal de pelo menos quatro cromossomos. A coloração com o fluorocromo Hoechst 33252 não permitiu a visualização de blocos de heterocromatina constitutiva “rica” em AT. A caracterização citogenética da população pode servir como instrumento de grande importância na comparação entre as populações de diferentes locais. 54º Congresso Brasileiro de Genética 35 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudo cariotípico de Astyanax sp. da lagoa das Bateias, Vitória da Conquista, - BA Andrade, KAO¹; Andrade, JM¹; Aleixo, LA¹ ¹Departamento de Ciências Naturais, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB [email protected] Palavras-chave: Astyanax; citogenética; Lagoa das Bateias O gênero Astyanax compreende cerca de 60 espécies no Brasil, todas elas consideradas incertae sedis, uma vez que sua taxonomia é bastante controversa. Este gênero apresenta ampla distribuição na região Neotropical, e compreende organismos muito similares morfologicamente, sendo, portanto, um grupo complexo do ponto de vista taxonômico. O cariótipo de várias espécies de Astyanax vem sendo estudado visando elucidar as relações filogenéticas entre elas. O número cromossômico deste gênero varia desde 2n=36, observado em A. schubert, até 2n=50, observado em A. scabripinnis, A. fasciatus, A. bimaculatus e A. altiparanae. Tanto o número diplóide de cromossomos (2n) quanto o número fundamental (NF), têm permitido o estabelecimento de inferências citotaxonômicas e evolutivas para este gênero. O objetivo deste trabalho foi cariotipar a população de Astyanax sp. da Lagoa das Bateias, uma represa localizada no município de Vitória da Conquista, Bahia. Poucos estudos têm sido realizados com os peixes da região Sudoeste da Bahia, sendo este estudo uma importante contribuição para o conhecimento da ictiofauna desta localidade. Dez espécimes de Astyanax sp. foram coletados nos meses de janeiro e fevereiro de 2008. Todos eles apresentaram uma mancha umeral conspícua, sendo por isso identificados como pertencentes ao complexo de espécies anteriormente denominados Astyanax bimaculatus. Para a análise citogenética, os espécimes foram estimulados com fermento biológico sacarosado 48 horas antes do sacrifício. Passado este tempo, os indivíduos foram colchicinizados e submetidos à técnica de preparação direta das células do rim cefálico. As lâminas foram coradas convencionalmente com Giemsa e as melhores metáfases foram fotografadas e utilizadas no estudo cariotípico. Foram observados 2n=50 cromossomos e NF=92 em todos os espécimes analisados. Do total, 10 cromossomos são metacêntricos, 26 são submetacêntricos, 6 são subtelocêntricos e 8 são acrocêntricos. Este resultado condiz com a diversidade cariotípica observada neste gênero. Segundo a literatura, o complexo Astyanax bimaculatus apresenta número cromossômico bastante conservado, ao contrário do que se observa para outros grupos, como Astyanax aff. fasciatus e A. scabripinnis. Portanto, embora o número diplóide observado neste estudo seja coincidente com o encontrado em outras populações de 2n=50 cromossomos, rearranjos cromossômicos, especialmente inversões pericentroméricas, certamente foram importantes eventos ocorridos durante a diversificação deste complexo. 54º Congresso Brasileiro de Genética 36 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudo citogenético de Astyanax fasciatus do Rio Gavião, Bahia Andrade, JM; Aleixo, LA Departamento de Ciências Naturais, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia [email protected] Palavras-chave: Astyanax fasciatus; Characidae; cariótipo; variabilidade; rio Gavião O gênero Astyanax é um dos mais numerosos da família Characidae, englobando inúmeras espécies com grande variabilidade cariotípica. Este gênero é bastante comum e diversificado na região neotropical, onde apresenta ampla distribuição geográfica. Evidências cromossômicas indicam que Astyanax aff. fasciatus corresponde a um complexo de espécies, uma vez que têm sido identificadas diferenças cariotípicas consideráveis entre as inúmeras populações estudadas. Diferentes citótipos vivendo em simpatria já foram detectados, o que corrobora a hipótese de que A. fasciatus engloba várias espécies diferentes. O presente trabalho teve por objetivo descrever o cariótipo de Astyanax fasciatus do rio Gavião, no município de Anagé. Este estudo irá contribuir para a elaboração de estratégias de conservação da ictiofauna do rio Gavião, um importante rio intermitente do semi-árido baiano. Para isso, espécimes de Astyanax fasciatus coletados abaixo da barragem de Anagé, no rio Gavião, foram trazidos para o laboratório, onde foram estimulados com solução de fermento sacarosado 48 e 24 horas antes do sacrifício. Para a obtenção de células em metáfase mitótica, o rim cefálico foi coletado e submetido à técnica de preparação direta. As lâminas foram pingadas e coradas convencionalmente com Giemsa. As melhores metáfases foram fotografadas e utilizadas na montagem do cariótipo desta população. Foram observados 2n=48 cromossomos em todos os espécimes analisados e número fundamental (NF) igual a 86. Dos 24 pares encontrados, 4 pares são metacêntricos, 9 pares são submetacêntricos, 6 pares são subtelocêntricos e 5 pares são acrocêntricos. Segundo a literatura, A. fasciatus apresenta variação no número diplóide, de 2n=46 a 2n=50 cromossomos e NF variando de 84 a 96, o que evidencia sua grande variabilidade cariotípica. Supõe-se que rearranjos cromossômicos, incluindo fissões e fusões cêntricas tenham sido relevantes no processo evolutivo de Astyanax fasciatus. Diferentes citótipos têm sido descritos e apresentam particularidades que os caracterizam como entidades distintas. A citogenética, aliada a estudos morfológicos e moleculares, é uma ferramenta relevante que vem contribuindo para a elucidação das complexas relações filogenéticas do gênero Astyanax. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 A citogenética de Astyanax sp gr A. paranae (Pisces, Characidae) Torres-Mariano, AR¹; Morelli, S² Departamento de Psicologia, União Educacional Minas Gerais – Faculdade de Ciências Aplicadas de Minas (UNIMINAS-FACIMINIAS) 2 Instituto de Genética e Bioquímica, Universidade Federal de Uberlândia [email protected] 1 Palavras-chave: Citogenética, Astyanax, AgNORs, Heterocromatina, A. paranae Na América do Sul, o gênero Astyanax se destaca entre os caracídeos por sua ampla distribuição geográfica e diversidade cariotípica inter e intraespecifica Dentre as espécies deste gênero, Astyanax scabripinnis, tem sido amplamente estudada devido a sua ampla distribuição geográfica, diversidade cariotípica em relação ao número diplóide, que varia entre 46, 48 e 50 nas diversas populações; às fórmulas cariotípicas, que às vezes determinam diferentes citótipos simpátricos, aos polimorfismos de banda C e NORs e à presença de cromossomos Bs. A grande variabilidade morfológica e citogenética permitiram a identificação de pelo menos seis subespécies de Astyanax scabripinnis, incluindo A. scabripinnis paranae, as quais constituem um “complexo de espécies”. Com o intuito de descrever citogeneticamente uma população do “complexo scabripinnis”, foram coletados 21 exemplares (15 fêmeas, 5 machos e 1 sexo indeterminado) de Astyanax sp gr A. paranae da população do córrego dos Caetano (18°44’56’’S/048°18’39’’W - Uberlândia, MG). Com a coloração Giemsa convencional, foi possível observar um número diplóide de 50 cromossomos, sem dimorfismo sexual cromossômico. O tratamento com nitrato de Prata marcou até quatro cromossomos em região telomérica, entre eles o braço menor de um par de cromossomos submetacêntricos e o braço maior de um cromossomo subtelo/acrocêntrico, determinando um sistema de NOR múltipla. A hibridação “in situ” fluorescente (FISH) com sonda 18S mostrou cinco marcações. O bandamento C destacou regiões de heterocromatina constitutiva próximas aos centrômeros da maioria dos cromossomos e nos telômeros de alguns deles. Os cromossomos portadores das Ag-NORs se mostraram banda C positivos. Estes dados contribuem na diferenciação das espécies do complexo scabripinnis. Apoio Financeiro: FAPEMIG, CNPq, UFU, UNIMINAS. 37 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Seleção de primers e repetibilidade de marcadores ISSR para análise genético-populacional da espécie de Astyanax bimaculatus Martelli-de-Paula,V; Batista, EC; Telles, MPC; Resende, LV Laboratório de Genética & Biodiversidade, Universidade Católica de Goiás [email protected] Palavras-chave: Astyanax bimaculatus, ISSR, caracterização molecular, seleção de primers A caracterização genética de comunidades aquáticas é fundamental para revelar a história evolutiva das populações. A utilização de marcadores moleculares possibilita o conhecimento da distribuição da variabilidade genética de uma espécie. Com o aprimoramento das técnicas de marcadores moleculares, houve uma ampliação de seu uso na ecologia, com diversas abordagens. O marcador molecular ISSR (inter simple sequence repeat) possui herança de padrão dominante e baseia-se na amplificação de fragmentos distribuídos no genoma entre regiões repetitivas do DNA. Este marcador é indicado para estudos com espécies selvagens endêmicas do cerrado, além de ser uma técnica relativamente rápida, barata e simples. O objetivo desse trabalho foi selecionar primers de ISSR que amplifiquem regiões entre blocos microssatélites em indivíduos Astyanax bimaculatus. Foram utilizados três indivíduos para os testes de primers e a otimização das temperaturas de anelamento para essa espécie. A extração do DNA dos indivíduos foi feita a partir de tecidos musculares com o Kit illustra tissue & cells genomicPrep Mini Spin, fornecido pela GE Healthcare. Após a extração as amostras foram submetidas à eletroforese em géis de agarose a 1% para comprovar a qualidade do DNA. Com essas amostras foram testados 30 primers de ISSR ancorados sintetizado pela RW genes. Cada primer foi utilizado na amplificação das regiões ISSR, via PCR (reação de cadeias em polimerase), com a sua temperatura de anelamento específica (www.rwgenes.com.br- oligo calculator). Além disso, foram testadas com todos os primers outras temperaturas, abaixo e acima da TM, para otimizar a amplificação dessas regiões para essa espécie. Para Astyanax bimaculatus foram selecionados 10 primers (864; 868; 825; 808; 811; 827; 861; 862; 840; 852) pelo bom padrão da amplificação e pelo número de fragmentos. Após a seleção as amplificações foram feitas novamente a fim de analisar a robustez e o índice de repetibilidade dos locos e dos marcadores. A codificação dos locos foi feita pela presença e ausência dos fragmentos amplificados, gerando uma matriz de dados binários, que permite a análise da repetibilidade por loco e por primer. A escolha dos locos foi feita a partir das bandas mais nítidas que não fossem maiores que 2.000 bp (pares de bases) nem inferiores a 300 bp. Os 10 primers selecionados serão importantes em estudos futuros acerca da diversidade genética das populações de Astyanax bimaculatus. Essa diversidade de diversas populações de peixes está ameaçada principalmente pela poluição, pela introdução de espécies exóticas e pela destruição dos habitats. A perda da mesma reduz a habilidade da espécie à adaptação às mudanças ambientais. Assim torna-se indispensável o estudo da variabilidade nas populações de A. bimaculatus para garantir a sua manutenção e propor possíveis medidas conservacionistas. Orgão financiador: Universidade Católica de Goiás. 38 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Cariótipo e AgNOR da população de Astyanax fasciatus (Pisces-TeleosteiCharacidae) do Rio Tijuco (Uberlândia-MG) Bernardes, LS; Oliveira-Júnior, RJ; Morelli, S Instituto de Genética e Bioquímica, Universidade Federal de Uberlândia-MG [email protected] Palavras-chave: Astyanax, AgNOR, Cariótipo, Rio Tijuco, Citogenética Os peixes neotropicais apresentam uma grande variabilidade quanto à morfologia. Essa diversidade pode ser produzida por fatores genéticos, resultado de diferentes biologias e diversos fatores abióticos nos habitats aquáticos. O estudo citogenético animal visa complementar estudos de aspectos evolutivos, filogenéticos e taxonômicos. O gênero Astyanax é um dos mais numerosos da família Characidae. Os membros deste gênero são semelhantes na morfologia, no entanto apresentam amplas variações cariotípicas quanto ao número e à estrutura cromossômica. O presente trabalho visou determinar o número cromossômico, o cariótipo e caracterizar as localizações das Regiões Organizadoras de Nucléolos (NORs) da população estudada. Os espécimes de Astyanax fasciatus, popularmente chamado de lambari, foram coletados através de pesca com isca e anzol e mantidos em aquários aerados. Os exemplares foram coletados no Rio Tijuco, no município de Uberlândia-MG. Os cromossomos mitóticos foram obtidos através da técnica de preparações diretas e corados com Giemsa. A caracterização das Regiões Organizadoras de Nucléolos (NORs) foi feita através da técnica de impregnação com nitrato de Prata. As análises realizadas em metáfases mitóticas mostraram um número diplóide de 2n=46 cromossomos, assim como observado nos estudos de populações próximas como no rio Araguari e no córrego Lageado. Na presente população, foram detectadas NORs múltiplas, localizadas em pelo menos cinco cromossomos do complemento, dois cromossomos submetacêntricos pequenos e um cromossomo subtelocêntrico grande com a região telomérica do braço maior marcado e dois cromossomos submetacêntricos médio com o braço menor inteiramente marcado prata. Os dados obtidos no presente estudo poderão ser utilizados como ferramentas para melhor caracterizar a espécie Astyanax fasciatus. Apoio Finaceiro: CNPQ, FAPEMIG. 39 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Ocorrência de triploidia natural em Astyanax scabripinnis (Characiformes, Characidae) Santos, NM; De Rosa, L; Cruz, VP; Oliveira, C; Foresti, F Departamento de Morfologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, 18618-000, Botucatu, SP, Brazil [email protected] Palavras-chave: Citogenética, Triploidia, Astyanax scabripinnis Astyanax scabripinnis é uma espécie de peixe de pequeno porte, vive em diferentes ambientes, a maioria é onívora e muita ativa, sendo popularmente conhecidos como lambaris. Vem sendo muito estudada pelos pesquisadores com grande interesse por possuir uma grande diversidade cariotípica numérica, apresentando 2n=46, 2n=48 e 2n=50, e morfológica com diferenças no número fundamental e ainda por ser comum a presença de cromossomo supranumerário. Exemplares apresentando triploidia natural entre os indivíduos diplóides já foram encontrados em outras localidades previamente descritas. Assim o trabalho desenvolvido teve como objetivo caracterizar citogeneticamente exemplares da espécie Astyanax scabripinnis coletados na localidade do córrego da Igreja Santo Antonio componente de bacia do rio Tietê. Foi encontrado um indivíduo apresentando triploidia natural com a presença de dois cromossomos supranumerários um metacêntrico e outro acrocêntrico, este ultimo não foi encontrado em indivíduos diplóides. Sua fórmula cariotipica é igual aos individuos diplóides encontrados nessa mesma localidade (6M, 26SM, 8ST, 10A). A distribuição da heterocromatina constitutiva foi visualizada, através da técnica de Banda C em ambos os peixes tanto o individuo triplóide como o individuo diplóide foram marcados revelando blocos de heterocromatina constitutiva distribuídos em diversos cromossomos do complemento. Com a marcação da região organizadora nuclear (NOR) corada através da impregnação pelo nitrato de Prata foi possível observar marcação na região telomérica do braço curto dos cromossomos de 1 par do tipo submetacêntrico. Outras análises estão sendo realizadas utilizando as técnicas de CMA3 e FISH 18S e novas coletas serão realizadas, para propor comparações dos dados encontrados na população estudada com os descritos na literatura, para esta espécie, podendo contribuir para a melhor compreensão do processo de origem desses indivíduos que apresentam triploidia natural em Astyanax scabripinnis. Apoio financeiro: FAPESP, CNPq, CAPES. 40 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Avaliação da transferibilidade de locos em regiões microssatélites de Astyanax bimaculatus Gouveia, FO; Boni, TA; Resende, LV; Telles, MPC; Soares, TN; Silva-Jr, NJ; Rosa, FF Laboratório de Genética & Biodiversidade, Universidade Católica de Goiás [email protected] Palavras-chave: Amplificação cruzada, Astyanax, microssatélites, peixe, PCR Os corpos aquáticos de diversas regiões do mundo têm apresentado uma significativa redução na diversidade de peixes nativos, devido principalmente à degradação dos habitats, à sobrepesca dos estoques e à introdução de espécies exóticas, que juntos, provocam desestruturação das comunidades e/ou populações locais, podendo levar à extinção local. O gênero Astyanax é o mais comum e diversificado da família Characidae na área de abrangência da região neotropical, e congrega aproximadamente uma centena de espécies que são abundantes nas bacias hidrográficas brasileira. Dentre elas está Astyanax bimaculatus que tem ampla distribuição geográfica na América do Sul e comumente é denominada de piaba-do-rabo-amarelo ou lambari-do-rabo-amarelo. Os marcadores moleculares têm sido utilizados como uma importante ferramenta para a quantificação da variabilidade genética presente nas populações naturais da ictiofauna. O objetivo deste trabalho foi testar a transferibilidade de marcadores moleculares microssatélites para a espécie Astyanax bimaculatus, a partir de iniciadores desenvolvidos originalmente para Astyanax fasciatus (Ast), Prochilodus argenteus (Par), Prochilodus lineatus (Pl), Prochilodus costatus (Pcos), Leoporinus macrocephalus (Lmac), Poecilia reticulata (Pre). Foram extraídos DNA de amostras de tecido muscular de três indivíduos através do kit de purificação de DNA (GFX), e quantificados com o auxílio do marcador de peso molecular Low DNA Mass. Depois de diluídos os DNA´s foram utilizados para a montagem das reações de amplificação, via PCR (Reação em Cadeia da Polimerase), dos iniciadores para avaliar possíveis amplificações heterólogas. Os produtos de PCR foram separados em gel de poliacrilamida 6% e corados com nitrato de prata. Para os testes de amplificação dos iniciadores de regiões microssatélites foram utilizados um total de 46 locos. Para a obtenção dos genótipos, após a revelação e secagem dos géis, foi utilizada luz branca e a comparação como o padrão de peso molecular 10bp (InvitrogenTM), para a determinação do tamanho do alelo. Os testes de amplificação foram iniciados com uma temperatura de anelamento igual a 45ºC e após algumas amplificações, alguns locos apresentaram amplificação com um grande número de bandas (fragmentos) no gel, havendo necessidade de elevação na temperatura de anelamento até o momento de individualizar o loco e possibilitar a sua codificação. Do total de iniciadores testados, foi possível detectar que 76% (35 locos) exibiram amplificações inespecíficas, impossibilitando a sua codificação, ou seja, sem sucesso de transferibilidade, embora haja produto de amplificação. Os 11 locos (24%) restantes (Par12, Par13, Par43, Lmac3, Lmac7, Ast1, Ast4, Ast10 a 54ºC, Par14, Lmac4, Lmac6 a 56ºC) foram transferidos com sucesso para a espécie Astyanax bimaculatus. Os alelos encontrados variaram entre 120 e 330 pares de bases. A próxima etapa é avaliar a segregação de alelos em um número de indivíduos maior, confirmando a possibilidade de utilização desses locos em estudos genético-populacionais e de conservação da espécie A. bimaculatus. Apoio financeiro: Systema Naturae Consultoria Ambiental Ltda, CNPq (proc. 152441/2007-7), PROPE/UCG. 41 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise citogenética comparativa entre populações de Astyanax fasciatus da bacia do rio Araguari (Uberlândia- MG) Santos, LP¹; Torres-Mariano, AR¹; Oliveira-Júnior, RJ¹; Morelli, S¹ ¹Instituto de Genética e Bioquímica, Universidade Federal de Uberlândia [email protected] Palavras-chave: Heterocromatina, NORs, Astyanax, citogenética, cromossomos O gênero Astyanax é um dos mais comuns e numerosos da família Characidae e apesar de serem conhecidas mais de 100 espécies, somente 15% foram estudadas citogeneticamente. Os estudos cromossômicos deste gênero são completamente heterogêneos, evidenciando sua complexidade e alta variedade numérica e estrutural do complemento cromossômico. Encontram-se descritas na literatura espécies com número diplóide de 2n= 45 a 2n= 48 cromossomos. As NORs apresentam quase sempre mais de um par de cromossomos marcados indicando sistema de NORs múltiplas. As regiões organizadoras de nucléolo (NORs) abrigam o DNA ribossômico, que transcreve o RNA ribossômico, componente fundamental dos ribossomos, os quais atuam na tradução do RNA mensageiro produzindo as proteínas. Esta importância do DNA ribossômico justifica o enorme interesse pelo estudo dessas regiões cromossômicas. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi comparar os padrões de marcação das NORs de três populações de Astyanax fasciatus que ocorrem no rio Araguari, no córrego do Panga e no córrego do Lajeado, descrever o padrão de cromomicina (CMA3) das duas últimas. Estas populações possuem 2n= 46 cromossomos, NORs múltiplas com até cinco cromossomos marcados na população do rio Araguari, três na população do córrego Panga e duas em cromossomos não homólogos na população do córrego Lajeado. O tratamento por CMA3 permitiu evidenciar blocos brilhantes na população do córrego Lajeado e do Panga onde 3 cromossomos foram marcados, sendo eles correspondentes aos cromossomos nucleolares. Desta forma verificou-se que existem regiões de heterocromatina constitutiva “rica” em GC associada às NORs destas populações. As diferenças no padrão de distribuição das NORs, podem auxiliar na distinção destas populações e fornecem uma ferramenta importante para uma melhor compreensão dos mecanismos de evolução cariotípica ocorrido nas espécies. Apoio financeiro: CNPq, FAPEMIG, CAPES, UFU. 42 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise molecular de espécies da subfamília Bryconinae baseada em genes do DNA mitocondrial Abe, KT; Oliveira, C; Foresti, F Departamento de Morfologia, Instituto de Biociências, UNESP- Botucatu [email protected] Palavras-chave: Bryconinae, Sistemática, Filogenia, Peixes, Characiformes A família Characidae é o grupo mais especioso entre os Characiformes, abrangendo cerca de 65% das espécies da ordem. Entre os Characidae, a subfamília Bryconinae inclui 42 espécies válidas sendo que 40 pertencem ao gênero Brycon, uma ao gênero Henochilus e uma ao gênero Chilobrycon. Considerando a importância econômica e ecológica das espécies da subfamília Bryconinae e os resultados controvertidos presentes na literatura quanto à composição desta subfamília, a obtenção de longas seqüências de DNA para os grupos em questão pode ser de extrema valia para um melhor conhecimento da relação entre seus componentes e de seu relacionamento com outros Characiformes. No presente estudo foi amplificado, pela técnica de PCR, um fragmento mitocondrial de aproximadamente 9200pb de sete espécies da subfamília Bryconinae (seis pertencentes ao gênero Brycon e uma ao Henochilus), todas depositadas na coleção do Laboratório de Biologia de Peixes de Botucatu. Uma seqüência adicional de Chalceus macrolepidotus (NC_004700), servindo como grupo externo, foi obtida no GenBank. As análises filogenéticas, pelo método de parcimônia e Mínina Evolução foram realizadas pelo programa MEGA versão 3.1. O alinhamento de todos os genes resultou numa matriz de 8331 pb, da qual foram removidos os sítios com problemas de alinhamento. No final restaram 2501 sítios conservados, 3012 são variáveis e 1320 são informativos do ponto de vista filogenético. A proporção transição/transversão (Ti/Tv) observada foi de 0,8. A composição média, em porcentagem, de bases para este gene foi de 29,8% de adenina (A), 27,8% de citosina (C), 16,2% de guanina (G) e 26,2% de timina (T). A partir da análise de todos esses parâmetros, os seguintes resultados foram obtidos: a hipótese do monofiletismo da subfamília Bryconinae foi corroborada; Brycon changresis e Brycon petrosus, ambas do Panamá, formaram o grupo-irmão de todas as outras espécies de Brycon analisadas (brasileiras e venezuelas). O gênero Henochilus formou um grupo-irmão com as espécies de Brycon encontradas nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro com as espécies da região do Orinoco (Venezuela) sustentando a hipótese levantada em estudo anterior que indica a necessidade de incorporação do gênero Henochilus à Brycon. Estudos complementares estão sendo realizados para elaboração de uma hipótese mais robusta de relacionamento entre as espécies e gêneros de Bryconinae e destes com outros grupos de Characiformes. Apoio financeiro: FAPESP. 43 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Avaliação da diversidade genética intra e inter populacional da piraputanga (Brycon hilarii) na Bacia do Alto Paraguai por meio de microssatélites para o seu manejo sustentado Okazaki, TI1; Resende, EK2; Hilsdorf, AWS1 Laboratório de Genética de Peixes e Aqüicultura, Núcleo Integrado de Biotecnologia, Universidade de Mogi das Cruzes, Mogi das Cruzes, SP 2 EMBRAPA Pantanal, Corumbá, MS [email protected] 1 Palavras-chave: Brycon hilarii, piraputanga, microssatélites, genética de populações, conservação A piraputanga (Brycon hilarii), espécie pertencente a subfamília Bryconinae, distribuída nos rios do Pantanal Matogrossense na bacia hidrográfica do Alto Paraguai, é importante tanto para pesca comercial da região como para o turismo ecológico. A manutenção dos estoques naturais de piraputanga em um nível de uso sustentável depende dentre outras da conservação da variabilidade genética intra e inter populacional. Para isso, é necessário o conhecimento da estrutura e do grau de diferenciação genética destas, o que pode ser conseguido através do uso de marcadores moleculares, como os microssatélites, e assim, serem desenvolvidas estratégias de manejo sustentado para estas populações. Para a amostragem foram coletados tecidos da nadadeira caudal de 30 amostras de espécimes do rio Paraguai, 54 do rio Cuiabá, 73 do rio Taquari e 47 do rio Miranda, sem o sacrifício dos mesmos. Após a extração do DNA total das amostras os primers (Bh15 e Bh16) desenhados para a espécie (Sanches com. pes., 2005) foram utilizados para a amplificação dos loci microssatélites e os produtos amplificados visualizados em gel de poliacrilamida. Após determinados os tamanhos dos alelos com o programa Alpha Index 6.5, as análises estatísticas foram conduzidas por meio dos programas HWQuickCheck, Arlequin v3.11 e GENEPOP v3.4. Os dois loci estudados são polimórficos para a espécie estudada, com 4 alelos genotipados em cada locus. Para o locus Bh15, a heterozigozidade observada (Ho) foi de 0.50 com heterozigozidade esperada (He) de 0.49, já para o para o locus Bh16 a Ho foi de 0.43 e a He 0.42 sem desvio significativo do equilíbrio de Hardy-Weinberg. Altos valores de Ho indicam alta variabilidade genética intrapopulacional, o que foi comprovado com a análise AMOVA, que mostrou que 100% do total da variação encontra-se entre indivíduos dentro das localidades. A diversidade gênica média das 4 populações avaliadas foi de 0,455285 (46%), sendo considerado um valor baixo para peixes de água doce, mas que pode ser explicado pela natureza tri- e tetranucleotídica dos loci usados. O valor médio de Fis para o locus Bh15 foi de -0.0299 e para o locus Bh16 foi de -0.0126, mostrando que a endogamia nas populações estudadas ocorre com menos freqüência do que o esperado ao acaso. O valor calculado de Fst = -0.00344 (P>0,05) sugere uma total panmixia entre as populações (Fst=0), já que o valor estatístico não é significativamente diferente de zero. A análise dos dois loci indica ausência de estruturação genética entre as populações estudadas. Com esses dados em mãos, indica-se como principal estratégia de manejo para a piraputanga a preservação das 4 populações como parte de apenas uma unidade de manejamento ou como uma metapopulação, já que como indicado, não existe estruturação gênica populacional ou nos subgrupos. Apoio financeiro: CNPq, FAEP e EMBRAPA Pantanal. 44 54º Congresso Brasileiro de Genética 45 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 PCR-RFLP no diagnóstico de híbridos entre as espécies Matrinxã (Brycon amazonicus) e Piraputanga (Brycon microlepis): implicações para conservação Reis, LCJ1; Hashimoto, DT1; Mendonça, FF2; Senhorini, JA3; Bortolozzi, J1; Foresti, F2; Porto-Foresti, F1 Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual Paulista, Bauru/SP 2 Departamento de Morfologia, Universidade Estadual Paulista, Botucatu/SP 3 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, CEPTA, Pirassununga/SP [email protected] 1 Palavras-chave: conservação genética, genética forense, híbridos interespecíficos A produção de híbridos interespecíficos de peixes atualmente já se tornou uma prática muito comum no Brasil, visando, principalmente, o aumento da produtividade e a obtenção de linhagens estéreis. Contudo, os híbridos podem realizar retrocruzamentos bem-sucedidos com os tipos parentais, provocando contaminação genética dos estoques selvagens, ou ainda competir de diversas formas com as linhagens parentais. Desta forma, faz-se necessário a criação de programas efetivos de caracterização e monitoramento desses animais e a avaliação correta do uso desses indivíduos em projetos de piscicultura, de forma a evitar potenciais riscos para o meio ambiente. O monitoramento genético de processos de hibridação interespecífica consiste no uso de metodologias que possibilitam encontrar características genéticas diagnósticas na clara identificação de parentais e híbridos. No presente estudo, através de técnicas moleculares de PCR-RFLP de genes mitocondrial e nuclear, caracterizouexemplares da linhagem híbrida, diferenciando-a de seus respectivos parentais, Matrinxã (Brycon amazonicus) e Piraputanga (Brycon microlepis). Inicialmente, foram criadas bibliotecas de seqüências de DNA nuclear (gene α-tropomiosina) e mitocondrial (gene ribossômico 16S) que permitiram verificar algumas diferenças de composição nucleotídica entre as espécies parentais. Em seguida, através de mapas de restrição foram feitas a seleção por sítios de clivagem espécie-específicos, que permitiram encontrar em exclusividade para o gene mitocondrial de Brycon amazonicus um sítio de clivagem de enzima classificada de B1 e para o gene nuclear de Brycon microlepis um sítio de restrição para outra enzima, classificada de B2. Deste modo, amplificações destes genes via PCR e uma posterior digestão pelas enzimas, para o gene 16S e α-tropomiosina, respectivamente, resultaram em diferentes padrões para as espécies parentais. Os resultados para o gene mitocondrial em B. amazonicus revelaram um padrão eletroforético de duas bandas (marcadores), enquanto que, em B. microlepis observou-se apenas um fragmento, não digerido pela endonuclease. Para o gene nuclear, em B. microlepis encontrou-se um padrão eletroforético de duas bandas (marcadores), enquanto que, em B. amazonicus observou-se apenas um fragmento. Consequentemente, no híbrido analisado verificou-se para o gene nuclear um padrão de três marcadores, sendo dois provenientes de B. amazonicus e um de B. microlepis, possibilitando sua identificação pelo diagnóstico heterozigótico aos parentais. Já em relação ao gene mitocondrial, o híbrido apresentou o mesmo perfil eletroforético observado pelo parental materno, o que mascara sua identificação, no entanto, dada a característica de transmissão materna dos genes mitocondriais, as análises puderam confirmar quem é o parental materno de forma precisa, complementando as análises de identificação dos híbridos. Esses estudos envolvendo genética aplicada à piscicultura fornecem subsídios para a fiscalização e monitoramento de projetos de hibridação em pisciculturas, para um manejo adequado dos estoques de peixes e na orientação de programas de conservação biológica. Apoio financeiro: FAPESP, CNPq e ICMBio. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Genética populacional de Brycon amazonicus na calha do rio Amazonas e tributários MOTA, EP1,2 I; FARIAS, IP1 Universidade Federal do Amazonas, Laboratório de Evolução e Genética Animal 2 Instituto de Pesquisa da Amazônia [email protected] 1 A subfamília Bryconinae pertence à grande família dos characídeos os quais possuem a característica de realizar migrações, sejam elas para fins reprodutivos ou de alimentação. Esta subfamília abriga 40 espécies, dentre essas se destaca a espécie Brycon amazonicus que se distribui na America do Sul em grandes bacias hidrográficas como a bacia do rio Amazonas. A espécie B. amazonicus é muito apreciada na alimentação das populações locais tendo grande importância em sistemas de pesca comercial. Estudos sobre a genética populacional dessa espécie na bacia do rio Amazonas podem contribuir para o conhecimento da constituição genética, o grau de variabilidade genética e ainda verificar se as populações se encontram estruturadas ou não. Para realizar tal estudo foram amostrados 95 indivíduos coletados na calha do rio Amazonas: Tabatinga (n=14), Coari (n=13), Tefé (n=8), e Lago Janauacá (n=17); no rio Madeira: Borba (n=12) e Humaitá (n=9); no rio Japurá: RDS Amanã (n=14); e no rio Purus: Boca do Acre (n=8). De cada indivíduo foram coletadas amostras de tecido muscular e estocados em tubos de 2,5 ml, contendo álcool 95%. Todas as amostras tiveram o DNA total extraído pelo método de Fenol/Clorofórmio e quantificadas em gel de agarose 1%. Em seguida foram realizadas as amplificações via reação em cadeia da polimerase, utilizando primers para região codificante da ATPase 6 e 8 do DNA mitocondrial. As amostras foram seqüenciadas em seqüenciador automático ABI que produziu seqüências nucleotídicas de 587 pares de bases, por meio das quais foi verificado a existência de 27 haplótipos e 25 sítios polimórficos que foram analisados no programa DNASP. As análises de genética de populações foram realizadas no programa ARLEQUIN onde realizamos o teste de AMOVA o qual mostrou que a maior parte da variabilidade genética se encontra distribuída dentro das populações (FST 0.089 P<0,05), indicando que as populações se encontram estruturadas geneticamente. Entretanto, as comparações de FST evidenciaram fracas estruturações genéticas entre as localidades as quais não foram significantes após a correção de Bonferroni (P<0,006). Nas análises par a par do número de migrantes por geração (Nm) todos os pares de comparações apresentaram valores de Nm que variaram de 2 a infinito. Nossos resultados indicam que as populações de Brycon amazonicus provavelmente constituem uma única população. Novas análises com amostragem de outros tributários e novos pontos na calha principal podem fornecer informações adicionais para confirmar a panmixia nas populações através deste marcador genético. Apoio/Financiamento: CT Amazônia/CNPq, PPG7/CNPq. 46 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Variabilidade haplotipica de Leporinus piau Fowler, 1941 (Characiformes, Anostomidae) da bacia do rio Itapecuru/MA Silva, LMM; Barros, MC; Fraga, E Laboratório de Genética Biologia Molecular – CESC/UEMA [email protected] e [email protected] Palavras-chave: Haplótipo, DNA mitocondrial, Piaus Na região Neotropical ocorrem 12 gêneros e aproximadamente 140 espécies de peixes da família Anostomidae. Nesta família o gênero Leporinus agrupa 87 espécies sendo o mais diversificado integrando espécies de taxonomia complexa, onde representantes juvenis apresentam morfologia similar e adultos diferem apenas em alguns caracteres morfométricos e padrão de coloração. A espécie Leporinus piau encontra-se amplamente distribuída em bacias hidrográficas da região Nordeste e constituem importantes recursos pesqueiros. Este trabalho teve como objetivo determinar os níveis de variabilidade genética de Leporinus piau da bacia do rio Itapecuru por meio de seqüências do gene mitocondrial rRNA 16S. As amostras foram obtidas na bacia do rio Itapecuru e a extração de DNA a partir do tecido muscular foi realizada utilizando-se o protocolo de fenol-clorofórmio. A amplificação do gene rRNA 16S foi realizada via PCR e seqüenciado usando-se o método didesoxiterminal com o Kit Big Dye. As seqüências geradas foram editadas e alinhadas no programa BioEdit. A diversidade haplotipica (h) e nucleotídica (π) foram determinadas no programa DnaSP e a análise filogenética realizada no programa PAUP 4,0b10. A significância dos agrupamentos foi estimada pela análise de bootstrap. Um fragmento de 481 pares de bases foi obtido para o gene mitocondrial rRNA 16S em 21 espécimes de L. piau. Foram encontrados 10 haplótipos e doze sítios variáveis com uma diversidade haplotípica (h) e nucleotídica (π) de 0,867 e 0,00571, respectivamente. A reconstrução filogenética gerou árvores com a mesma topologia nos diferentes métodos utilizados, mostrando que os haplótipos de Leporinus piau foram fortemente agrupados com 98% de bootstrap em todas as análises realizadas. Elevados índices de divergência nucleotídica foram observados entre os haplótipos de L. piau, com valores variando de 0,2 a 1,8%. Portanto, os resultados do presente estudo com rRNA 16S gerou informações que confirmam uma maior diferenciação da espécie L. piau o que contribui para esclarecer questões taxonômicas da família Anostomidae e também subsidiar programas de manejo e conservação destes recursos pesqueiros. Apoio Financeiro: BNB/UEMA/UFPA. 47 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Padronização da amplificação de locos microssatélites transferidos para Leporinus friderici Telles, MPC; Gouveia, FO; Resende, LV; Soares, TN; Silva-Jr, NJ Laboratório de Genética & Biodiversidade, Universidade Católica de Goiás [email protected] Palavras-chave: ictiofauna, microssatélites, peixe, transferibilidade Um dos problemas enfrentados por programas que visam à manutenção da biodiversidade é a necessidade de se conservar o máximo de recursos com o mínimo de gastos. Estudos sobre a estrutura das populações de peixes são muito importantes, pois vários aspectos da estratégia de vida das espécies na alocação de energia, seja para o crescimento, reprodução ou manutenção, são interpretados através da análise da estrutura populacional. Esses resultados fornecem importantes subsídios ao dimensionamento dos estoques e a medidas eficientes na administração, proteção, monitoramento e estratégias de conservação dos recursos pesqueiros. O Leporinus friderici, conhecido popularmente como piava, piaba, piau-de-três-pintas ou simplesmente piau, é uma espécie encontrada na bacia dos rios Paraíba, Mogí–Iguaçú, Pardo, Grande, Piracicaba, Paraná e rios da bacia Amazônica e do Nordeste brasileiro. Alimenta-se de insetos e vegetais e é uma espécie bastante apreciada na pesca esportiva. Os marcadores moleculares têm sido utilizados como uma importante ferramenta para a quantificação da variabilidade genética presente nas populações naturais e, nos últimos anos, permitiu a realização de experimentos que busquem a amplificação cruzada de regiões microssatélites entre espécies próximas do ponto de vista evolutivo. Nesse sentido, o presente estudo tem por objetivo padronizar a amplificação de iniciadores de regiões microssatélites transferidos para o genoma da espécie Leporinus friderici, além de testar a amplificação cruzada de iniciadores desenvolvidos para diversas outras espécies de peixes. A extração de DNA foi realizada a partir de uma pequena amostra de tecido muscular, utilizando-se um Kit de purificação específico. Depois de extraído, o DNA foi quantificado com o auxílio do marcador de peso molecular para, então, ser utilizado nas reações de amplificação dos locos. Os testes de amplificação, via reação em cadeia da polimerase (PCR), foram iniciados com os 46 locos, a partir da temperatura de anelamento igual a 45ºC. Os produtos de PCR foram separados em gel de poliacrilamida 6% e corados com nitrato de prata. Do total de iniciadores testados 55% dos locos (25) exibiram muitos fragmentos de amplificações inespecíficas. Os 21 locos (45%) restantes apresentaram um bom padrão de amplificação, sendo, portanto transferidos com sucesso para a espécie Leporinus friderici. Esses locos foram padronizados com diferentes temperaturas de anelamento, conforme descrito a seguir: Pre26 (68ºC); Pcos18, Lmac3 e Lmac5 (66ºC); Par3, Par12, Par35 e Lmac6 (64ºC); Par26, Par53 e Pcos14 (62ºC); Lmac9 e Ast2 (60ºC); Par21 (58ºC); Par14 e Lmac8 (52ºC); Ast9 e Pre18 (50ºC); Ast10 (48ºC); Ast1 (45ºC). Esses resultados indicam que há um grande potencial de amplificação heteróloga desses marcadores microssatélite entre diferentes espécies, inclusive de níveis taxonômicos mais distantes. Estas informações são indispensáveis para subsidiar estratégias de manejo em populações naturais de peixes, no sentido de garantir a manutenção da diversidade genética desta espécie. Apoio financeiro: Systema Naturae Consultoria Ambiental Ltda, PROPE/UCG. 48 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Identificação de uma seqüência de dna repetitivo no genoma de Leporinus elongatus através da enzima SmaI (Characiformes: Anostomidae) Busso, AF; Parise-Maltempi, PP Instituto de Biociências, Departamento de Biologia, Universidade Estadual Paulista [email protected] Palavras-chave: seqüências repetitivas, Leporinus, heterocromatina Uma característica interessante do genoma de eucariotos é a presença de grande quantidade de seqüências de DNA repetitivo, as quais são compostas por regiões não codificantes. Essas seqüências podem ser bons marcadores para estudos evolutivos, identificação de rearranjos cromossômicos e de diferenças entre machos e fêmeas, além de outras aplicações genéticas. Embora DNAs repetitivos tenham sido muito estudados em invertebrados e mamíferos, em peixes ainda é pequeno o número de informações que se têm a respeito dessas seqüências quando comparado ao grande número de espécies existentes. A espécie Leporinus elongatus apresenta uma macroestrutura cariotípica bastante conservada, composta por 2n=54 cromossomos e um peculiar mecanismo de cromossomos sexuais ZW, onde o W é totalmente heterocromático. Considerando-se a grande quantidade de heterocromatina constitutiva presente em seu genoma, esta espécie é um interessante modelo para estudos de seqüências repetitivas. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo a obtenção de seqüências repetitivas através da utilização de enzimas de restrição. O DNA genômico foi digerido com diferentes enzimas de restrição e o produto das digestões submetido à eletroforese em gel de agarose 1% para a visualização de possíveis bandas de DNA repetitivo. Foi observada uma banda de aproximadamente 500 pares de bases obtida com a enzima SmaI, que foi clonada no plasmídeo pMOS e será seqüenciada e localizada em cromossomos metafásicos através da técnica de hibridação in situ. Estudos no gênero Leporinus envolvendo as seqüências repetitivas podem contribuir para o entendimento da organização estrutural e funcional e evolução do genoma dos peixes, em particular no que se refere à heterocromatina e cromossomos sexuais. Apoio financeiro: FAPESP. 49 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise filogenética dos gêneros Myloplus e Metynnis de ocorrência na bacia do rio Itapecuru, Maranhão Lima, JR; Barros, MC; Fraga, E Laboratório de Genética e Biologia Molecular – CESC/UEMA [email protected] Palavras-chave: Characiformes, Pacu, Filogenia, Myloplus, Metynnis A família Characidae é a mais complexa e numerosa da ordem Characiformes, com um grande número de subfamílias, entre elas a Serrasalminae. Os pacus peixes desta subfamília compreendem oito gêneros e aproximadamente trinta espécies. São endêmicos das regiões neotropicais e bem distribuídos na maioria dos rios da América do Sul. As características básicas desse grupo é corpo bastante comprimido e alto, quase redondo, uma série de escudos ósseos no ventre, dentes incisivos que se distribuem em duas fileiras na maxila superior e apenas uma na maxila inferior. Este trabalho teve como objetivo caracterizar molecularmente as amostras de pacus com a finalidade de gerar informações que possam subsidiar estratégias de manejo e conservação para este grupo. Os espécimes foram coletadas ao longo do rio Itapecuru no estado do Maranhão, identificados utilizando chaves dicotômicas especializadas. O DNA foi isolado utilizando-se o protocolo de fenol-clorofórmio e o gene rRNA 16S foi amplificado utilizando a técnica de Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) com iniciadores específicos. Os produtos de PCR foram seqüenciados utilizando-se o método didesoxiterminal. As seqüências foram editadas e alinhadas no programa Bioedit. A análise filogenética foi obtida através do programa MEGA 4.0. com matriz filogenética estimada pelo algoritmo de Kimura 2-parâmetros, a significância dos agrupamentos foi verificada através do bootstrap. Foi incorporada na análise uma seqüência do GenBank (AF283933) para verificar similaridade genética com os estoque do Rio Itapecuru. Um fragmento de 504 pares de bases do gene rRNA 16S foi obtido em 16 espécimes, apresentando a seguinte composição nucleotídica 20,7 % de timina 25 % de citosina, 30,1 % de adenina e 24,2 % de guanina. As árvores filogenéticas obtidas pelos Métodos de Máxima Parcimônia e Agrupamento de Vizinhos apresentaram topologias similares, onde foi observada a formação de dois clados fortemente apoiados. A divergência nucleotídica entre os gêneros foi de 6,1%. A magnitude da divergência e a reconstrução filogenética para os gêneros Myloplus e Metynnis confirmam a sua caracterização quanto ao status de gênero, sendo assim, pode-se pensar em estratégias de manejo e conservação para este grupo. Apoio financeiro: BNB, UFPA e UEMA. 50 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise do cromossomo B de Cyphocharax nagelii (Characiformes, Curimatidae) utilizando microdissecção e hibridação in situ fluorescente Oliveira, RM1; Júnior Sobrinho, IS1; Laudicina, A2; Buckup, PA3; Moreira-Filho, O1 Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos 2 Centro Atômico Constitugentes, Buenos Aires, Argentina 3 Departamento de Vertebrados, Universidade Federal do Rio de Janeiro [email protected] 1 Palavras-chave: microdissecção, cromossomo B, DOP-PCR, FISH, evolução Os cromossomos B são considerados por muitos autores como elementos dispensáveis, presentes em alguns indivíduos de algumas populações de uma determinada espécie, os quais surgiram provavelmente dos cromossomos do complemento A e seguiriam um caminho evolutivo independente. No presente trabalho foram analisados exemplares machos e fêmeas de Cyphocharax nagelii coletados excepcionalmente na Bacia do Rio São Francisco. As técnicas empregadas foram: coloração convencional Giemsa, impregnação pela prata, bandamento C, microdissecção cromossômica, DOP-PCR (Degenerate Oligonucleotid Primer) e hibridação in situ fluorescente. O número diplóide obtido foi 2n=54 com cromossomos meta- e submetacêntricos. Este número foi interindividualmente variável devido a presença de cromossomos B. Estes elementos adicionais variaram de 0 a 4. A aplicação das técnicas de bandamento C e impregnação pela Prata mostrou resultados coincidentes com a maioria das espécies de Curimatidae até o presente analisadas. A impregnação pela Prata mostrou regiões organizadoras de nucléolos (RON) na região distal do par cromossômico 24. O bandamento C evidenciou heterocromatina na região pericentromérica de todos os cromossomos do complemento A; adicionalmente blocos heterocromáticos distais em ambos os braços dos cromossomos do par 3 e em um dos braços cromossômicos do par 24 foram observados. Os cromossomos B não foram impregnados pela prata sugerindo a ausência de RON ativas nestes elementos. A técnica de bandamento C evidenciou cromossomos B heterocromáticos. O resultado preliminar da hibridação in situ fluorescente utilizando o produto do DOP-PCR da microdissecção de um cromossomo B, foi a hibridação quase total deste cromossomo. As análises iniciais não permitiram confirmar se a região centromérica do cromossomo B também foi hibridada. As seqüências do cromossomo B utilizadas na hibridação in situ não foram capazes de se ligar a nenhuma região de nenhum dos cromossomos do complemento A. A falta de homologia das seqüências do cromossomo B microdissectado com os cromossomos do complemento A pode ter relação com a evolução independente desse elemento adicional. Considerando que os resultados foram baseados na microdissecção de um cromossomo B de um determinado exemplar e que existem até 4 cromossomos B na espécie C. nagelii, muitas perguntas ainda terão que ser respondidas para que se possa entender a dinâmica deste elemento no cariótipo desta espécie. Apoio financeiro: CNPq. 51 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Microdissecção e pintura cromossômica total (WCP). análise dos cromossomos sexuais em Triportheus (Characiformes, Characidae) Diniz D1; Laudicina A2; Cioffi, MB3; Bertollo, LAC3 Departamento de Morfologia, IBB, UNESP Comision Nacional de Energía Atómica, Buenos Aires, Argentina 3 Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos [email protected] 1 2 Palavras-chave: Triportheus, FISH, cromossomos sexuais, microdissecção As espécies de peixes do gênero Triportheus apresentam 2n=52 cromossomos e uma macroestrutura cariotípica semelhante, com um sistema de cromossomos sexuais ZZ/ZW que constitui uma provável sinapomorfia para esse grupo. Uma sonda específica do cromossomo Z de T. nematurus foi obtida por microdissecção, seguida de amplificação inespecífica por DOP-PCR (Degenerate Oligonucleotid Primer-PCR). Preparações cromossômicas de T. nematurus (rio Piracicaba, SP) foram transferidas para uma lamínula limpa e coradas com Giemsa 5%. A microdissecção foi feita no cromossomo Z, o qual é facilmente identificado por corresponder ao maior cromossomo do cariótipo em todas as espécies desse gênero. O material microdissectado foi transferido para um tubo contendo o mix para DOP-PCR. As reações de PCR foram realizadas em um Termociclador MasterCycler Gradient (Eppendorf ). Após a amplificação inicial dos produtos microdissectados (DOP-PCR) uma segunda PCR foi realizada, com a finalidade de manter um estoque da sonda. Finalmente, a terceira reação de PCR visa marcar o produto de microdisseção a ser utlilizado como sonda na FISH (Fluorescent In situ Hybridization). Após cada PCR as amostras amplificadas foram submetidas a uma eletroforese em gel de agarose 1% para a verificação da qualidade da mesma. Neste caso, os fragmentos devem apresentar cerca de 300 a 600 pb para que a hibridação sonda/alvo seja mais eficiente. Esta sonda foi utilizada para WCP (Whole Chromosome Painting) em deferentes espécies de Triportheus, através da FISH, com o objetivo de analisar a diferenciação do sistema ZW no grupo. Foi também testada a homologia desta sonda em algumas outras espécies de Characidae filogeneticamente próximas de Triportheus, procurando evidências sobre a evolução desse sistema. O cromossomo Z mostrou hibridação completa em todas as espécies de Triportheus analisadas, enquanto que o cromossomo W apresentou apenas uma marcação reduzida no braço curto, ou na região adjacente ao centrômero, conforme a espécie. Os cromossomos das espécies de outros gêneros de Characidae não evidenciaram nenhuma hibridização detectável. Os resultados obtidos reforçam as hipóteses sobre a sinapomorfia do sistema ZZ/ZW em Triportheus e a conservação do cromossomo Z neste grupo. Ficou também evidenciado que, além da redução no tamanho, o cromossomo W passou por alterações acentuadas na composição do material genético, considerando sua possível condição ancestral de homologia ao cromossomo Z. Assim sendo, apenas uma pequena região homóloga está hoje presente entre esses dois cromossomos nas diferentes espécies, predominantemente situada no braço curto do cromossomo W. Apoio financeiro: CAPES. 52 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Contribuições ao estudo do gênero Characidium: análise cariotípica de Characidium lauroi (Characiformes, Crenuchidae) Oliveira, KC1; Buckup, PA2; Almeida-Toledo, LF1 Instituto de Biociências, Departamento de Genética e Biologia Evolutiva, Universidade de São Paulo 2 Museu Nacional do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro [email protected] 1 Palavras-chave: Characidium, citogenética, FISH, CMA3, conservação cariotípica O gênero Characidium, pertencente à família Crenuchidae, é composto de pequenos peixes que raramente excedem um tamanho padrão de 10 cm e que usualmente ocorrem em cabeceiras de pequenos rios. Poucos estudos citogenéticos foram feitos sobre essa família, sendo esses concentrados no gênero em questão. Os estudos mostram, para as espécies analisadas, número diplóide constante (2n = 50), sendo a estrutura cariotípica variável. Essas variações são relativas às formas cromossômicas, à presença de sistema de cromossomos sexuais, ao número e posição das regiões organizadoras de nucléolo (RONs), aos blocos de heterocromatina constitutiva (bandamento C), e à presença de cromossomos supranumerários. O objetivo do presente trabalho é analisar exemplares de Characidium lauroi, capturados na Bacia do Rio Paraíba do Sul, por meio de técnicas citogenéticas e citogenético-moleculares, a fim de ampliar os estudos no gênero e contribuir para o melhor entendimento da genética desse grupo. Os resultados obtidos evidenciaram número diplóide de 2n=50, com a presença de 1-2 cromossomos supranumerários. Por meio do bandamento C, foi possível visualizar blocos de heterocromatina localizados na posição centromérica de quase todo o conjunto diplóide, com alguns cromossomos apresentando blocos C-positivos nas regiões terminais. As RONs foram localizadas terminalmente no braço longo do primeiro par de cromossomos submetacêntricos, localização essa confirmada pela detecção do DNAr 18S e pela técnica que evidencia regiões ricas em C-G (CMA3). O DNAr 5S foi localizado em um par de cromossomos submetacêntricos pequeno. Esses resultados confirmam a alta variabilidade cariotípica presente no gênero Characidium, muito embora esse grupo se comporte de forma conservada em relação ao seu número diplóide. Os dados indicam que as espécies desse gênero são bastante relacionadas, apesar de serem isoladas geograficamente. Estudos genéticos mais aprofundados são necessários para um entendimento mais amplo das relações entre as espécies do gênero Characidium. Auxílio financeiro: Capes, FAPESP. 53 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise filogenética dos gêneros Psectrogaster e Curimata da família Curimatidae (Characiformes) na bacia do Itapecuru, Maranhão Santos, KC; Barros, MC; Fraga, E Laboratório de Genética e Biologia Molecular – CESC/UEMA [email protected] e [email protected] Palavras-chave: Branquinha, Psectrogaster, Filogenia Os curimatídeos são peixes da ordem Characiformes amplamente distribuídos na América Central e do Sul. Esta família inclui oito gêneros e cerca de 140 espécies de peixes de pequeno porte que apresentam corpo curto, alto e comprimido, revestido de escamas prateadas. Na família curimatidae as espécies Psectrogaster rhomboides e Curimata macrops popularmente conhecidos como branquinha, tapiaca e choradeira encontram-se distribuídas pelo Norte e Nordeste do Brasil. Na bacia do rio Itapecuru representantes desta família pertencentes ao gênero Psectrogaster e Curimata ocorrem com freqüência, no entanto, pouco se conhece as relações filogenéticas destes. Portanto o objetivo deste estudo foi gerar informações que contribuam para o esclarecimento de sua filogenia, usando como ferramenta o gene rRNA 16S. Os espécimes foram obtidos na bacia do Rio Itapecuru e o DNA foi extraído a partir do tecido muscular utilizando-se o protocolo de fenol-clorofórmio, a amplificação do gene rRNA 16S foi realizada via PCR usando primers específicos. O produto da PCR foi seqüenciado usando-se o método didesoxiterminal. As seqüências geradas foram editadas e alinhadas no programa Bioedit. As análises filogenéticas foram realizadas no programa MEGA4 e três seqüências do Genbank foram incorporadas à análise e usadas como grupo externo Prochilodus nigricans/AY788075, Pygocentrus nattereri/AY788074 e Leporinus sp./AY788044. Um fragmento de 575 pb do gene mitocondrial rRNA 16S foi obtido para 10 espécimes de Psectrogaster rhomboides e 14 de Curimata macrops. A composição nucleotídica foi de 22,2% T, 23,6% C, 30,9% A e 23,3% G e os dados não mostraram saturação. Para P. rhomboides foram encontrados dois haplótipos e para C. macrops observou-se apenas um. A reconstrução filogenética gerou árvores com a mesma topologia usando tanto o algoritmo de distância, como pela análise de máxima parcimônia, onde os dois gêneros foram fortemente agrupados, tendo como grupo irmão a seqüência de Prochilodus nigricans, mostrando assim que as famílias Curimatidae e Prochilodontidae são muito próximas. A divergência genética variou de 4 a 5 % entre os gêneros Psectrogaster e Curimata, e de 6 a 7 % com Prochilodus, reforçando a forte similaridade entre estas familias. Portanto, nossos resultados confirmam que dentre os Characiformes, Curimatidae e Prochilodontidae estão fortemente relacionados corroborando com os dados morfológicos. Apoio Financeiro: UEMA, BNB e UFPA. 54 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização genética de Pygocentrus nattereri (Characidae) da bacia do rio Itapecuru/MA da Luz, LA; Barros, MC; Fraga, E Laboratório de Genética e Biologia Molecular – CESC/UEMA [email protected] e [email protected] Palavras-chave: Pygocentrus nattereri, DNA, Genoma mitocondrial, PCR A Família Characidae, ordem Characiformes, compreende cerca de 30 subfamílias e 250 gêneros amplamente distribuídos na América do Sul. As espécies desta família são de alto valor econômico e constituem importantes recursos pesqueiros que tem sido constantemente explorado na pesca artesanal e comercial, como é o caso de Pygocentrus nattereri, vulgarmente conhecida como piranha. O presente trabalho tem como objetivo identificar e caracterizar molecularmente os estoques de Pygocentrus nattereri da bacia do rio Itapecuru/MA, por meio de sequências do DNA mitocondrial do gene rRNA 16S, gerando informações que possam contribuir para futuros programas de manejo e conservação destes recursos pesqueiros. As amostras foram obtidas no alto, médio e baixo curso da bacia do rio Itapecuru/MA. O DNA foi isolado utilizando-se o protocolo de fenol-clorofórmio e a amplificação do rRNA 16S foi realizada através da técnica de PCR usando-se primers específicos. Os produtos das PCRs foram seqüenciados utilizando-se o método didesoxiterminal. As seqüências foram editadas e alinhadas no programa BioEdit e as análise filogenéticas realizadas no programa MEGA4. Uma seqüência retirada do GenBank (AY788074/Pygocentrus nattereri) foi incorporada na análise para verificar a similaridade genética com o estoque do rio Itapecuru.Um fragmento de 415 pares de bases do gene 16S foi obtido em oito espécimes identificados como Pygocentrus nattereri com a seguinte composição nucleotídica: 20,6% de timina, 24,2% de citosina, 31,6% de adenina e 23,6% de guanina. Um único haplótipo foi observado para a bacia do rio Itapecuru agrupando fortemente com a seqüência do GenBamk, tratando-se assim de uma única espécie e corroborando com as informações disponíveis na literatura através de estudos morfológicos. Considerando os resultados desta análise, observou-se que os espécimes apresentaram uma baixa variabilidade genética com apenas um haplótipo, para a espécie Pygocentrus nattereri, portanto, as informações aqui obtidas contribuem para o conhecimento da constituição genética dos estoques de Pygocentrus nattereri da bacia do rio Itapecuru. Apoio Financeiro: BNB/UEMA/FAPEMA e UFPA. 55 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização citogenética e molecular de cromossomos B em Moenkhausia sanctaefilomenae (Characiformes, Characidae) Sobrinho-Scudeler, PE1; Oliveira, C1; Foresti, F1 Departamento de Morfologia, IBB-UNESP [email protected] 1 Palavras-chave: Moenkhausia sanctaefilomenae, heterocromatina, DNA satélite, cromossomos B, fluorocromo A presença de cromossomos B tem sido descrita em animais e plantas. Estes elementos estruturais extras constituem materiais genéticos de origem e função pouco conhecidas. Entre os peixes, principalmente os da ictiofauna neotropical, a presença desses cromossomos é expressiva entre várias espécies, se tornando de grande interesse para estudos relacionados a sua estrutura, origem e função. O presente trabalho tem por objetivo a caracterização dos microcromossomos B de Moenkhausia sanctaefilomenae através do uso de técnicas de citogenética molecular, como microdissecção cromossômica e prospecção de DNA satélite. Os exemplares coletados no ribeirão Araquá, região de Botucatu,SP, apresentaram um número diplóide de 2n=50 cromossomos e número fundamental NF=100. Todos os indivíduos analisados mostraram microcromossomos B, os quais foram variáveis inter e intra-individualmente com freqüência de zero até 06 (seis) microcromossos. Utilizando metodologias citogenéticas convencionais de análises, tais como bandamentos cromossômicos e localização dos cístrons de DNA ribossômico 18S e 5S, foram observadas algumas peculiaridades dos microcromossomos B nesta espécie. A presença de sítios de rDNA 18S, heterocromatinização parcial ou total e coloração diferencial após a utilização de DAPI/CMA3 são algumas peculiaridades dos cromossomos B de M. sanctaefilomenae. Considerando as diferenças observadas entre os cromossomos B de M. sanctaefilomanae o isolamento de seqüências repetitivas (DNA satélite), através do uso de enzimas de restrição, tem sido utilizado. Foram testadas 19 enzimas de restrição (AluI, Bsh1236, Csp6I, HhaI, RsaI, HaeIII, MspI, ApaI, HinfI, HindIII, KpnI, PvuII, PstI, SacI, NruI, XmnI, EcoRV, BamHI e EcoRI) e somente a enzima Hinf I, mostrou padrão de DNA repetitivo, evidenciando bandas de 200pb, 400pb e 600pb. Os resultados obtidos com a enzima Hinf I corroboram a hipótese de que os cromossomos B encontrados em M. sanctaefilomenae são estruturalmente diferentes entre si. O DNA utilizado para a clivagem com a Hinf I foi obtido de 4 exemplares (3 machos e 1 fêmea) e em somente um dos exemplares macho foi possível detectar as bandas descritas acima. Portanto, a somatória dos dados obtidos de técnicas citogenéticas e moleculares permitirão analisar o quanto de homologia existe entre os cromossomos B de M. sanctaefilomenae e ainda uma possível homologia com regiões dos cromossomos do complemeto A. Assim, inferências sobre a evolução, origem e segregação desses cromossomos poderão ser elaboradas. Apoio: FAPESP. 56 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Identificação do estoque de curimatá da bacia do rio Itapecuru/MA a partir de marcadores moleculares Silva, MML; Barros, MC; Fraga, E Laboratório de Genética e Biologia Molecular - CESC/UEMA [email protected] e [email protected] Palavras-chave: Prochilodus, DNA mitocondrial, PCR Os prochilodontídeos encontram-se largamente distribuídos na América do Sul e sua ocorrência tem sido registrada em todas as bacias hidrográficas constituindo-se em um dos mais importantes recursos da pesca comercial e de subsistência em ambientes de água doce. O gênero Prochilodus inclui cerca de 13 espécies válidas comumente conhecidas como curimatá ou curimbatá. São peixes detritívoros com grande capacidade de migração e de fundamental importância ecológica. A espécie Prochilodus nigricans encontra-se distribuída em toda bacia Amazônica e na região Nordeste a espécie Prochilodus lacustris ocorre com freqüência nas bacias do rio Mearim/MA e Parnaíba/PI. O presente estudo teve como objetivo a identificação específica do estoque de Prochilodus sp. de ocorrência na bacia do rio Itapecuru/MA, que apresentam-se morfologicamente similar a Prochilodus lacustris, por meio de seqüências de DNA mitocondrial do gene rRNA 16S, considerando que a identificação correta das espécies é o primeiro passo para o sucesso de programas de manejo e conservação dos recursos pesqueiros. A amostragem foi constituída de espécimes obtidos no baixo, médio e alto curso da bacia do rio Itapecuru e após a identificação, utilizando-se chaves específicas, foi realizada a extração de DNA a partir do tecido muscular, utilizando-se o protocolo de fenol-clorofórmio. O isolamento e amplificação da região genômica, a partir de DNA total foi realizada através da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) usando-se primers específicos. As seqüências geradas foram editadas e alinhadas no programa Bioedit e os cladogramas gerados no programa MEGA4. Uma seqüência retirada de Prochilodus nigricans (AY788075) do GenBank foi incorporada na análise para verificar a similaridade genética com as seqüências dos espécimes da bacia do rio Itapecuru. Um fragmento de 510 pares de bases do gene rRNA 16S foi obtido em dezesseis espécimes com a seguinte composição nucleotídica: 21% de timina, 23,6% de citosina, 31,5% de adenina e 23,8% de guanina. Um único haplótipo foi observado para a bacia do rio Itapecuru agrupando fortemente com a seqüência do GenBamk com 0% de divergência genética, mostrando-se assim que a espécie que ocorre na da bacia do rio Itapecuru é Prochilodus nigricans. Portanto, os resultados da presente análise, contribuem para o conhecimento do status específico do estoque de Prochilodus desta importante bacia hidrográfica do Estado do Maranhão. Apoio Financeiro: BNB/UEMA/FAPEMA e UFPA. 57 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Utilizaçao de marcadores cromossômicos e moleculares para identificaçao do sexo em Salminus brasiliensis (Characiformes) De Rosa, LV1; Wasko, AP2; Oliveira, C1; Cruz,VP1; Santos, NM1; Portela, PM4; Senhorini, JA3; Foresti, F1 Departamento de Morfologia-UNESP, Instituto de Biociências de Botucatu/SP 2 Departamento de Genética-UNESP, Instituto de Biociências de Botucatu/SP 3 CEPTA-IBAMA, Pirassununga, SP 4 Facultad de Veterinaria, Departamento de Genetica, Campus Lugo, Espanha [email protected] 1 Palavras-chave: Salminus brasiliensis, AFLP, citogenética, marcadores sexuais, peixe A espécie Salminus brasiliensis, conhecida como dourado, representa um dos principais peixes de pesca de subsistência, pesca esportiva e piscicultura no Brasil devido ao sabor de sua carne, ao grande porte e à beleza de seu tegumento de cor amarelo-dourada. É caracterizada com um predador voraz, nada em cardume e realiza longas migrações reprodutivas. Apesar de sua importância econômica e esportista, os estudos genéticos nesta espécie ainda são extremamente escassos e se restringem a poucos dados citogenéticos. Neste trabalho aborda-se a caracterização citogenética e o desenvolvimento de marcadores moleculares (AFLP) para a identificação molecular do sexo e, de forma mais geral, para o estudo da organização genômica da espécie. Todos os indivíduos analisados foram capturados do Rio Mogi-Guaçu, SP e mantidos nas intalações do CEPTA-IBAMA, em Pirassununga, SP. Os resultados evidenciaram um cariótipo composto por 50 cromossomos dos tipos metacêntrico (7 pares), submetacêntrico (15 pares) e subtelocêntrico (3 pares). As análises cromossômicas com coloração Giemsa não evidenciaram quaisquer elementos diferenciais entre os cariótipos de machos e fêmeas. A aplicação da técnica de bandamento C revelou grandes blocos centroméricos e pericentroméricos de heterocromatina constitutiva, distribuídos em diversos cromossomos do complemento cariotípico de ambos os sexos. Um bloco adicional de heterocromatina foi identificado no braço longo do cromossomo do par 2 em machos e não evidenciado nos cariótipos das fêmeas. Para a aplicação da técnica de AFLP foram utilizadas amostras obtidas de 3 “pools” de machos e 3 “pools” de fêmeas, constituídos por 4 indivíduos cada um, totalizando 121 combinações de primers. Em uma análise preliminar detectou-se uma banda com aproximadamente 158 pb nos “pools” de machos, ausentes nos “pools” das fêmeas, utilizando a combinação do primer Eco RI (final ACC) e do primer Taq I (final AAT). A presença desta banda associada ao sexo foi confirmada mediante amplificação individual das amostras nos conjuntos de indivíduos. Atualmente esta banda está sendo clonada e sequenciada para sua transformação em SCAR (desenho de regiões amplificadas de sequência caracterizada). Tal procedimento poderá gerar informações que resultem num avanço do conhecimento sobre a base genética da determinação do sexo nesta espécie e servirá eventualmente para o desenvolvimento de uma técnica simples para a identificação molecular do sexo dos indivíduos. Dados complementares incluem novas aplicações da técnica de AFLP em S. brasiliensis para comprovar a presença desta banda nos indivíduos. Considera-se que os dados obtidos contribuem à caracterização citogenética e genética de S. brasiliensis e podem ser utilizados para a compreensão da origem e evolução dos mecanismos de diferenciação sexual. Financiamento: Fapesp. 58 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise citogenética de Serrasalmus manuelli na microbacia do Araguaia-Bananal Sampaio, WMS1; Giongo, P1; Fernandes, A1; Lima, MRL1; Lima, CB2; Dergam, JA2 Universidade do Estado de Mato Grosso/Departamento de Ciências Biológicas Universidade Federal de Viçosa/Departamento de Biologia Geral [email protected] Palavras-chave: Citogenética, Araguaia-Bananal, Peixes Neotropicais, Serrasalminae, Serrasalmus manuelli O rio Araguaia faz parte da bacia hidrográfica do Araguaia-Tocantins que é considerada como um dos sistemas fluviais de grande importância da América do Sul por sua complexa formação geomorfológica que tem uma intrínseca relação com o fato de sua área de drenagem incluir importantes regiões fitogeográficas como o Cerrado e Floresta Amazônica. Além de ecótonos, áreas de transição entre esses grandes biomas brasileiros, concentrando dessa forma uma importante biodiversidade. A Bacia do Araguaia-Tocantins está ligada ao sistema de rios Amazônicos pela região da foz do Amazonas esta condição garante que maioria das suas espécies presentes nos rios amazônicos ocorra na Bacia do TocantinsAraguaia. No Brasil, pouco tem sido feito no sentido de melhor utilizar os dados disponíveis sobre a variabilidade genética de populações naturais de peixes, especialmente em relação à citogenética e sua relação com o ambiente. Nesse contexto o presente trabalho objetivou estudar citogeneticamente a espécie Serrasalmus manuelli na região microbacia do Araguaia–Bananal. Para realização do estudo os espécimes foram coletados na região de confluência do rio Campo Alegre com rio Araguaia e conduzidos ao laboratório, onde foram submetidos ás técnicas de obtenção de cromossomos mitóticos metafásicos segundo Bertollo et al. (1978). A técnica de Banda NOR foi realizada segundo Howell & Black (1980). A classificação cromossômica foi realizada segundo Levan et al. (1964). Os resultados encontrados possibilitaram a determinação do número cromossômico de 2n=58, fórmula cariotípica 8m+24sm+16st+10a e número fundamental igual a 106. Para a técnica com impregnação com Nitrato de prata registrou padrão de NOR múltiplo. Os resultados encontrados para número cromossômico e para impregnação com nitrato de prata estão dentro da variação esperada para a família Serrasalminae e de acordo com outras espécies do gênero. Porém diverge de resultados encontrados para a espécie S. manuelli na Bacia Amazônica, onde foi registrado 2n= 60 e número Fundamental (NF) de 112 com concentração de cromossomos metacêntricos e submetacêntricos. A variação encontrada para o número cromossômico pode ser conseqüência de rearranjos cromossômicos do tipo fissão/fusão. Quanto à variação na fórmula cariotípica e conseqüentemente do número fundamental podem ser resultados de rearranjos cromossômicos do tipo inversão pericêntrica, pois registrou-se uma diferença do número de cromossomos submetacêntrico e subtelocêntrico quando comparado com resultados obtidos por outros autores. Dentro das possíveis explicações não se pode descartar a importância da área que é uma região de confluência entre rios, que pode funcionar como uma zona de hibridação, contribuíndo para o aparecimento dessa diferença na estrutura cariotípica. Estudos para outras espécies do gênero Serrasalmus e da família Serrasalminae na microbacia do Araguaia-Bananal sugerem que essa região seja um ponto estratégico para se entender o processo de diversificação dos peixes neotropicais. Apoio Financeiro: UNEMAT, FAPEMAT e UFV. 59 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Amplificação cruzada de iniciadores para regiões microssatélites em Serrasalmus elongatus (Characidae: Serrasalminae) Castro, TG1,2; Resende, LV2; Telles, MPC2, Silva, NJ2,3; Costa, MC3 1 Mestranda em Genética, Universidade Católica de Goiás Laboratório de Genética e Biodiversidade, Universidade Católica de Goiás 3 Systema Naturae Consultoria Ambiental Ltda [email protected] 2 Palavras-chave: Transferibilidade, microssatélites, Serrasalmus elongatus, peixe, variabilidade genética Os recursos genéticos de animais aquáticos são pouco conhecidos no Brasil e, ao mesmo tempo, encontram-se cada vez mais ameaçados por drásticas alterações ambientais antropogênicas. Adicionalmente, a caracterização genética de espécies aquáticas é fundamental para revelar a história filogenética das populações, visto que a variação genética é essencial para sobrevivência e adaptação a possíveis mudanças do ambiente, sendo também a base para o desenvolvimento de programas de conservação. Os marcadores microssatélites têm sido amplamente utilizados em estudos que visam à determinação da variabilidade genética e compreensão da dinâmica e estrutura populacional de diversas espécies. No entanto, como o desenvolvimento destes marcadores é um processo caro e oneroso, uma alternativa é a tentativa de amplificação cruzada de iniciadores desenhados para outras espécies filogeneticamente próximas. O objetivo deste trabalho foi padronizar reações de amplificação de regiões microssatélites em Serrasalmus elongatus (piranha-comprida), a partir de testes com iniciadores desenvolvidos para outras espécies da ictiofauna. Para a padronização das reações de amplificação cruzada, via reação em cadeia da polimerase (PCR), foram utilizados três indivíduos de Serrasalmus elongatus. O DNA foi extraído da musculatura e/ou escamas com o kit Illustra Tissue & Cells Genomic Prep (GE Healthcare) e quantificados por eletroforese. A temperatura de anelamento inicial para todos os 77 locos testados foi igual a 54ºC, seguidas de ajustes abaixo e acima, quando necessários, a fim de padronizar as condições e permitir a visualização dos alelos dos locos transferidos. Os fragmentos foram separados por eletroforese em gel desnaturante de poliacrilamida 6%. Os resultados preliminares levaram ao descarte de 22 locos que não apresentaram produtos de amplificações. Após os ajustes necessários 13 locos foram considerados transferidos com sucesso. A seguir serão descritos a temperatura de anelamento padronizada e o tamanho do(s) respectivo(s) alelo(s): Par03 (60ºC e 250pb), Par34 (56ºC e 260pb), Par35 (60ºC e 215pb), Par54 (62ºC e 196pb), Pcos18 (56ºC e 162), Hg_E04 (52ºC e 236/238pb), Hg_E23 (56ºC e >330pb), Pre15 (58ºC e 210pb), AG04 (50ºC e >330pb), Pme04 (50ºC e >330pb), Pme05 (45ºC e 238pb), Pme14 (54ºC e >330pb) e Pme20 (60ºC e 205pb). A disponibilização desses locos transferidos e padronizados permitiram a realização de diferentes estudos genético-populacionais com a espécie Serrasalmus elongatus, na busca por polimorfismos informativos que auxiliem a compreensão tanto dos processos microevolutivos, quanto a definição de estratégias de conservação, manejo de estoques e melhoramento genético da espécie. Apoio Financeiro: Systema Naturae Consultoria Ambiental Ltda, PROPE/UCG. 60 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise da herdabilidade de alelos de microssatélite em Curimbatá, Prochilodus lineatus (Teleostei, Characiformes, Prochilodontidae) Henriques, JM1; Sirol, RN2; Foresti, F1; Oliveira, C1 Departamento de Morfologia, Universidade Estadual Paulista – UNESP (Botucatu) 2 Duke Energy International, Geração Paranapanema S/A [email protected] 1 Palavras-chave: microssatélite, herança mendeliana, curimbatá, Prochilodus lineatus, peixamento A intensificação do uso de recursos aquáticos tem produzido um grande impacto sobre as comunidades de peixes. Dentre as ações antrópicas mais impactantes destacam-se a construção de barragens, a sobrepesca, o mau uso do solo na agricultura, o descarte de esgoto sem tratamento prévio, a construção de hidrovias e a introdução de espécies exóticas. Diante do decréscimo dos desembarques pesqueiros, um aumento na conscientização geral sobre a necessidade de conservação da diversidade biológica tem surgido na última década de forma que o futuro das populações selvagens depende grandemente da variação genética das populações naturais e o estudo dessa variação é assim fundamental para o desenvolvimento de projetos de manejo sustentável. O objetivo do presente trabalho é analisar a distribuição de alelos de microssatélites de seis loci em casais de curimbatás (Prochilodus lineatus) e sua respectiva progênie. Foram analisadas famílias compostas de um macho, uma fêmea e 35 exemplares da geração F1. O DNA genômico foi extraído com a resina Chelex 100 (5%) a partir de amostras de tecido preservadas em etanol 95%. Um microlitro de sobrenadante foi utilizado em cada reação em cadeia da polimerase (PCR). Os primers utilizados foram: Plin36, Plin44, Plin52, P119, P190 e P202. Os produtos de PCR foram resolvidos em um gel de poliacrilamida a 6% e corados com nitrato de prata. Os alelos foram identificados visualmente com referência a um ladder de 10 pares de bases utilizando o programa computacional Kodak Molecular Imaging Software. Indivíduos com genótipos diferentes do esperado por herança Mendeliana foram observados em uma freqüência de 62,85% para o locus Plin36, de 25,25 % para o locus Plin44, de 10,45% para o locus Plin52, de 62,85% para o locus P119, de 5,71% para o locus P190 e de 1,71% para o locus P202. Embora pequenas freqüências de indivíduos portadores de genótipos não esperados, observadas em algumas análises, possam ser explicadas pela ocorrência de mutações nos indivíduos da geração F1, as elevadas freqüências de indivíduos portadores de genótipos não esperados, observadas em alguns experimentos, podem estar associadas à presença de alelos nulos, descritos em diversos sistemas de microssatélites, tendo origem em mutações, tais como substituição, inserção e deleção em uma ou em ambas as regiões de anelamento dos primers no DNA. Apoio Financeiro: CNPq, Fapesp e Duke Energy International. 61 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Isolamento e caracterização de marcadores moleculares de Prochilodus lineatus e Salminus franciscanus para análise genética de populações Dias, F; Veloso, A; Barroca, TM; Racioppi, L; Kalapothakis, E Laboratório de Biotecnologia e Marcadores Moleculares Departamento de Biologia Geral – Genética Instituto de Ciências Biológicas Universidade Federal de Minas Gerais [email protected] Palavras-chave: Prochilodus lineatus, Salminus franciscanus, Marcadores Moleculares, Microssatélite, Genética de Populações Estudos genéticos sobre peixes podem auxiliar importantes decisões de manejo, principalmente em áreas modificadas ou de forte influência humana, como por exemplo, as represas. No estado de Minas Gerais uma área que merece atenção engloba os Rios São Francisco, Paraopeba e Rio das Velhas. No presente trabalho descrevemos a busca por marcadores de DNA para as espécies Prochilodus lineatus (Curimba) e Salminus brasiliensis (Dourado). A escolha das espécies foi baseada na sua importância econômica, social e ambiental. Utilizando bibliotecas genômicas feitas com o DNA de cada espécie e buscas realizadas com oligonucleotídeos marcados, analisamos por meio de sequenciamento de DNA dezenas de clones positivos para o sinal radioativo que possivelmente indicava uma região de microssatélite. Aproximadamente 34% dos clones positivos apresentaram regiões de microssatélites com potencial de uso para estudos de genética populacional; sendo 36% de P. lineatus e 64% de S. brasiliensis. No presente trabalho desenhamos 23 iniciadores para regiões de microssatélites em P. lineatus e 6 para S. brasiliensis. A seqüência de DNA dos clones isolados foram também analisadas em bancos de dados de DNA e proteína e os resultados enriquecem o conhecimento “genômico” das duas espécies de peixes utilizadas. Os marcadores desenhados para P. lineatus foram testados e a análise foi realizada por seqüenciamento da região. Verificamos que os iniciadores amplificam uma região de microssatélite variável na população e que será somado aos marcadores já existentes no nosso grupo para análise populacional de P. costatus. O nosso grupo possui e utiliza para análise populacional o total 35 microssatélites de Curimba e 21 de Dourado, sendo que a grande maioria revelou alta variabilidade. Apoio Financeiro: PRONEX, FAPEMIG, CNPq, CAPES, CEMIG. 62 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise da variabilidade genética da curimatã Prochilodus nigricans (Agassiz, 1829) na calha do rio Amazonas e tributários Machado, VN1; Vasconcelos, W1; Saturnino, A 2; Farias, IP1 Universidade Federal do Amazonas, Laboratório de Evolução e Genética Animal 2 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia [email protected] 1 A espécie Prochilodus nigricans é uma espécie de peixe migradora encontrada no rio Amazonas e seus principais tributários incluindo o rio Tocantins, em altitudes de até 700m na Amazônia brasileira, peruana, colombiana e boliviana. O habitat principal da espécie é o rio Amazonas, seus tributários de água branca e suas várzeas. É um dos peixes mais populares e de maior importância econômica em vários mercados pesqueiros da região amazônica, chegando a dominar a produção em determinadas épocas do ano, quando os cardumes estão migrando. Para realização desse estudo foram coletadas amostras de nadadeira de 178 indivíduos distribuídos em 06 localidades da calha do rio Amazonas: Tabatinga (n=10), Lago Acará (Baixo Japurá, n=29), Ilha Juçara (n=14), Ilha Capivara (n=16), Lago Janauacá (Médio Amazonas, n=18) e Santarém (n=25); uma localidade no médio Tapajós: Arapiara (n=12) e três localidades no rio Madeira: Borba (Baixo Madeira, n=11), Humaitá (Médio Madeira, n=10) e Alto Madeira (P. Velho (n=09), rio Guaporé (n=10), e GuajaráMirim, (n=14)). Todas as amostras tiveram o DNA total extraído seguindo o protocolo de extração por CTAB. Em seguida foram realizadas as amplificações via PCR, utilizando primers para região controle do DNA mitocondrial. As seqüências obtidas foram editadas no programa BioEdit e alinhadas no programa Clustal W. As análises de genética de populações foram realizadas no programa ARLEQUIN. A diversidade gênica encontrada variou de 0,5758+/-0,1634 na localidade de Arapiara, a 0,9890+/-0,0314 em Guajará-Mirim. AMOVA mostrou que a maior parte da variabilidade genética se encontra distribuída dentro das populações com 68,87% e 31.13% entre populações evidenciando estrutura genética (FST 0.31125, P< 0,000). Nas análises par a par os valores de FST mostraram que as localidades de Arapiara (médio rio Tapajós), Guaporé e Guajará-Mirim (alto rio Madeira) encontram-se geneticamente estruturadas em comparação as outras localidades. Esses resultados indicam que as populações de Prochilodus nigricans do médio Tapajós e do alto rio Madeira possuem um fluxo gênico restrito em relação às populações da calha do rio Amazonas. Essas localidades apresentam em seu curso corredeiras que provavelmente estão funcionando como barreiras ao fluxo gênico. Os indivíduos de curimatã das outras localidades amostradas da calha do rio Amazonas, localidades abaixo das cachoeiras do rio Madeira e rio Japurá, apresentaram elevado número de migrantes por geração e ausência de estruturação genética. Tais resultados sugerem que mesmo se tratando de uma espécie migradora os indivíduos de curimatã podem apresentar limitações para transpor corredeiras presentes em alguns tributários do rio Amazonas. Considerando que os indivíduos destas localidades apresentam-se geneticamente estruturados os mesmos devem ser considerados como unidades diferentes durante as tomadas de decisões sobre o manejo desta espécie. Apoio/Financiamento: CT-Amazônia/CNPq. 63 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Amplificação cruzada e caracterização de locos microssatélites em Prochilodus nigricans do Rio Caiapó Batista, EC1; Resende, LV1,2; Telles, MPC1; Gouveia, FO1; Silva-Júnior, NJ2; Costa, MC2; Lima, JS1; Castro, TG1 Laboratório de Genética & Biodiversidade, Universidade Católica de Goiás 2 Systema Naturae – Consultoria Ambiental LTDA [email protected] 1 Palavras-chave: ictiofauna, microssatélites, peixe, transferibilidade O Prochilodus nigricans ou curimatã é um peixe de escamas, de coloração prateada, tamanho médio, boca protrátil, em forma de ventosa, com numerosos dentes. É uma espécie detritívora, que se alimenta de matéria orgânica e microorganismos associados à lama do fundo de lagos e margens de rios, realizando longas migrações para reprodução. Os marcadores de regiões microssatélites têm sido freqüentemente escolhidos para quantificar a variabilidade genética em populações naturais devido ao seu alto índice informativo e pela facilidade com que o polimorfismo pode ser detectado. Diversos estudos têm mostrado sucesso na possibilidade de transferir marcadores desenvolvidos para outras espécies. O objetivo deste trabalho foi testar a amplificação cruzada, em amostras de Prochilodus nigricans (Pnig), de 46 locos microssatélites desenvolvidos para as seguintes espécies: Prochilodus argenteus (Par), Prochilodus costatus (Pcos), Prochilodus lineatus (Pl), Leporinus macrocephalus (Lmac), Astyanax fasciatus (Ast) e Poecilia reticulata (Pre, AG e AC), provenientes do Rio Caiapó. Para testar a amplificação cruzada foram montadas reações de PCR utilizando três indivíduos, com uma amplitude de variação na temperatura de anelamento dos primers entre 45 a 68ºC. Os produtos da amplificação foram separados em gel de poliacrilamida 6% e visualizados por coloração com nitrato de prata. Os locos transferidos foram utilizados para uma análise com 24 indivíduos. Do total de locos avaliados, 23 foram transferidos com sucesso, apresentando regiões com a aparência de um loco. Entretanto, quando os locos foram avaliados na população apenas 15 apresentaram um bom padrão de amplificação: Par10 (54°C), Par12, Par14, Par15, Par31, Par35, Par43, Pcos18 (56°C), Par21, Par26, Pcos03 (60°C), Par54 (61°C), Pcos20 (64°C), Par04 (66°C), Par05 (68°C). A maioria dos locos apresentaram alto polimorfismo, com um total de 128 alelos, gerando uma média de 8,5 alelos por locos, variando entre 1 (Par05) e 20 (Par54). Considerando os 15 locos analisados a heterozigosidade observada (Ho) apresentou-se com uma média igual a 0,47, variando entre 0,0 a 0,82 e a heterozigosidade esperada (He) mostrou valores médios igual a 0,65, variando entre 0,0 a 0,94. A freqüência de alelos nulos apresentou valores próximos a zero, a probabilidade de exclusão de paternidade (PE), variou entre 0,0 e 0,84, com PE combinada de 0,9999. A PI variou entre 1,0 e 0,24, com PI combinada de 0,00000023. A partir desses resultados, foi possível confirmar que existe uma grande potencial de transferibilidade de marcadores microssatélites entre as espécies mais próximas do ponto de vista evolutivo. Esses locos podem ser úteis para outros pesquisadores que trabalham com estas espécies, pois diminuem os custos, agilizando o processo de obtenção de dados moleculares para o estudo das populações naturais. Apoio financeiro: Systema Naturae Consultoria Ambiental Ltda, PROPE/UCG. 64 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Isolamento e caracterização de microssatélites na Tabarana, Salminus hilarii (Characiformes: Characidae) da Silva, JV1; Hilsdorf, AWS1 Núcleo Integrado de Biotecnologia, Laboratório de Genética de Peixes e Aqüicultura, Universidade de Mogi das Cruzes [email protected] 1 Palavras-chave: Salminus hilarii, microssatélites, conservação A espécie Salminus hilarii conhecida popularmente como tabarana é um peixe de clima tropical que habita principalmente, os rios das Bacias do alto Paraná bem como a Bacia do Rio São Francisco. Por ser uma espécie de piracema, o comportamento migratório reprodutivo da tabarana é fortemente afetado pela construção de barragens, que além de alterações no regime hídrico e bloqueio de rotas migratória destes peixes, podem levar ao isolamento de populações nativas e consequentemente gerarem efeitos como perda de variabilidade genética e depressão endogâmica. Apesar de sua importância ecológica no ecossistema, não há estudos genéticos desta espécie. Os marcadores moleculares do tipo microssatélite vêm sendo amplamente utilizados em análise populacional de várias espécies, pois apresentam alto grau de polimorfismo, sendo que os loci são geralmente caracterizados por uma alta heterozigosidade. O presente trabalho objetivou isolar e caracterizar loci de microssatélites de Salminus hillari. Para isto, o DNA genômico extraído de um indivíduo de S. hilarii foi digerido com RsaI e os fragmentos gerados foram ligados a adaptadores específicos. Fragmentos contendo repetições AC e AG foram selecionados por meio da hibridização com oligonucleotídeos marcados com biotina e ligados a esferas magnéticas recobertas com estreptavidina. Os fragmentos selecionados foram amplificados e clonados em vetor pGEM-T easy. Os clones recombinantes foram submetidos à minipreparação de DNA por lise alcalina. A partir da biblioteca enriquecida, 30 insertos clonados foram seqüenciados e destes 18 possuíam microssatélites. Sete loci foram inicialmente selecionadas para o desenvolvimento de primers complementares às regiões flanqueadoras dos microssatélites. Análises preliminares de 3 loci mostram que dois são polimórficos. Novos loci serão testados, com o objetivo de desenvolver cerca de 10 marcadores microssatélites polimórficos. Os loci microssatélites gerados serão úteis para futuros estudos genéticos populacionais da tabarana cuja ocorrência de populações selvagens no Alto Paraná e Alto São Francisco ainda não foram geneticamente avaliadas. Apoio financeiro: FAEP, FAPESP. 65 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Primers para marcadores microssatélites de tambaqui Colossoma macropomum Cuvier, 1816 (Characidae: Serrasalminae) Santana, GX1; Campos, T2; Santos, CHA1; Lima, MP1; Sousa, CFS1,3; Nozawa, MFS3; Almeida-Val, VMF1 Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia 2 Departamento de Genética e Evolução, Universidade Estadual de Campinas 3 Laboratório de Expressão Gênica, Centro Universitário Nilton Lins [email protected] 1 Palavras-chave: marcadores moleculares, tambaqui O tambaqui vem se destacando atualmente, como uma das espécies de peixe amazônico mais exploradas comercialmente. Hoje, em projetos de piscicultura no Brasil, ele ocupa o terceiro lugar em peixes cultivados, ficando atrás somente da Carpa e Tilápia respectivamente. Dessa forma, o conhecimento da variabilidade genética das populações de tambaqui em cativeiro permite uma melhor descrição da estrutura genética da espécie. Os microssatélites são sequências repetidas, contendo de um a seis motivos de repetição, estando distribuídos por todo o genoma de procariotos e eucariotos. Esses marcadores são bastante sensíveis para estudos de variabilidade genética. No presente trabalho, objetivou-se desenhar pares de primers de locos de marcadores microssatélites, para a espécie de peixe neotropical Colossoma macropomum, a partir de indivíduos da natureza, os quais venham a ser utilizados em futuros estudos genéticos populacionais, tanto em populações naturais como em animais de piscicultura. O DNA foi extraído a partir de fragmentos de músculo em peixes de populações naturais e sumetido a processamento, conforme protocolo de extração. Em seguida, uma blibioteca genômica foi construída para obtenção de sequências contendos os locos de microssatélites, a identificaçao dos locos foi realizada após sequenciamento e os primers desenhados com auxílio do software Oligo Explorer. Ao final, 17 pares de primers específicos foram obtidos para os locos contendo os microssatélites com mais de 10 motivos repetidos. Sendo assim, espera-se que estes primers possam contribuir para o desenvolvimento de estudos futuros sobre a varibilidade genética de tambaqui com esse marcador molecular e permita seu possível uso também em espécies relacionadas ao taxon. Apoio Financeiro: PIATAM, PRONEX, CAPES, FAPEAM/CNPq, FINEP/Petrobrás. 66 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Marcadores microssatélites para tambaqui (Colossoma macropomum), peixe de importância econômica e ambiental para região amazônica Santos, MCF; Farias, IP & Hrbek, T Instituto de Ciências Biológicas, Univ. Federal do Amazonas, Manaus-Amazonas, Brasil [email protected] Palavras-chave: Colossoma macropomum, microssatélites O frugívoro tambaqui (Colossoma macropomum) tem papel fundamental nas áreas de várzeas, na Amazônia, por ser um dos principais dispersores de sementes. É considerado um peixe semi-migratório e compreende uma única e grande população na calha principal da bacia Amazônica. O monitoramento do desembarque pesqueiro ao longo de 30 anos indicam uma sobre-exploração nos estoques naturais. A importância de C. macropomum para o ecossistema amazônico e economia regional trazem a necessidade de desenvolvimento de marcadores moleculares eficientes que podem ser usados para gerar dados que responderão às questões ecológicas e ajudarão na administração sustentável e conservação da espécie. Além disso, estes marcadores moleculares podem ser usados satisfatoriamente em estudos de seleção assistida no processo de domesticação e estabelecimento de características favoráveis para piscicultura. Com estes propósitos, foram desenvolvidos 14 locos de microssatélites altamente polimórficos. O DNA genômico total foi extraído através da metodologia de Sambrook et al. (1989), com adaptações. Para o desenvolvimento dos microssatélites foi utilizada a técnica descrita por Farias et al., (2003), onde o DNA genômico foi digerido com a enzima de restrição SAU3A1. Fragmentos de 300pb a 1000pb foram selecionados, ligados a oligonucleotídeos adaptadores e hibridizados com a sonda CT10 ligada ao complexo biotina-estreptavidina. Os produtos da hibridização foram ligados a plasmídios pJET (Fermentas, Hanover, ME) e inseridos em células de Escherichia coli quimicamente competentes (Promega, Maddison, WI). Foram escolhidas colônias individuais, e recultivadas por 16 h em solução 1 x LB/Amp (100 ug/mL). Amplificação foi realizada diretamente das culturas de bactérias usando primer de amplificação pJET. A purificação do produto de PCR foi feita com ExoSap (Invitrogen, Carlsbad, a CA), e sequenciados com primers de sequênciamento pJET, seguindo protocolo de sequenciamento BigDye, no ABI 3730xl (Amersham, Foster City, CA). Um total de 27 clones foram selecionados para o desenho dos primers e depois de otimizados, 14 foram funcionais e todos mostraramse polimórficos, com um número de alelos por loco variando de 4 a 21. Os pares de locos não estão em desequilíbrio de ligação, com exceção dos pares de locos Cm1F5 com Cm1A8, P significativo (<0,016). O loco Cm1F5 apresentou excesso de homozigotos e a possível ocorrência de alelos nulos. O teste de transferibilidade foi realizado para piranha (Pygocentrus nattereri), pacu (Mylossoma aureum) e pirapitinga (Piaractus brachypomus). Os locos de microssatélites desenvolvidos para o tambaqui, mostraram-se marcadores potencialmente informativos para estas espécies. Apoio financeiro: FAPEAM, CNPq. 67 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Amplificação heteróloga e padronização de marcadores microssatélites em Colossoma macropomum (tambaqui) Lima, JS; Resende, LV; Telles, MPC; Gondim, SGCA; Sanches, AC; Vasconcellos, BF; Pádua, DMC Laboratório de Genética & Biodiversidade, Universidade Católica de Goiás [email protected] Palavras-chave: Amplificação cruzada, microssatélites, peixe, tambaqui, variabilidade genética A espécie Colossoma macropomum é amplamente distribuída na América do Sul e uma das maiores da família Characidae. O tambaqui encontra-se sob risco de superexploração devido ao seu alto valor comercial e já se observa perda da variabilidade genética em algumas pisciculturas. Estudos realizados mostram que populações naturais de tambaqui apresentam maior variabilidade genética que as artificiais, o que representa ausência de acompanhamento genético na criação dessa espécie, podendo levar à endogamia excessiva, perda de adaptabilidade e queda do número de animais a cada geração, o que se traduz diretamente em contratempo na piscicultura. Assim, qualquer informação adicional que possa representar facilidade e melhoria na sua produção e melhoramento genético é fundamental para o sucesso da atividade. Atualmente os métodos de detecção, baseados em dados moleculares, vêm sendo utilizados e considerados como vantajosos sobre os métodos antigos devido ao maior número de caracteres estudados. Os microssatélites ou SSR (Simple Sequence Repeats) são marcadores moleculares baseados em reação em cadeia da polimerase (PCR), cujos iniciadores possuem seqüências conhecidas e específicas para cada espécie de interesse e altos níveis de polimorfismo, o que comprova que se trata de uma ferramenta molecular bastante eficiente, com pelo menos o dobro de informação obtida mais rapidamente do que outros marcadores. O presente trabalho tem como objetivo testar a amplificação cruzada de 77 iniciadores (locos) para a espécie Colossoma macropomum, desenvolvidos originalmente para as espécies Prochilodus argenteus (Par), Prochilodus lineatus (Pl), Prochilodus costatus (Pcos), Astyanax fasciatus (Ast), Leporinus macrocephalus (Lmac), Poecilia reticulata (Pre), Piaractus mesopotamicus (Pme) e Hypostomus gymnorhynchus (Hg). Para tanto, 45 indivíduos de tambaqui foram coletados. A extração do DNA foi feita a partir de tecido muscular, utilizando um kit de purificação de DNA. Os produtos de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) foram separados em gel de poliacrilamida 6% e visualizados por coloração com nitrato de prata. Para os primeiros testes de amplificação cruzada foram realizados utilizando uma temperatura de anelamento igual a 54°C e, quando necessário, as temperaturas de cada loco foram alteradas, buscando uma padronização da amplificação e permitindo a individualização dos alelos de cada loco. Dos 77 locos testados 14 apresentaram resultados satisfatórios de amplificação cruzada que permitiu a obtenção dos genótipos. A padronização aconteceu em diferentes temperaturas de anelamento, conforme descrito a seguir: Par13 (52°C), Par10, Pme4 (56°C), Par03, Par31 (58°C), Pcos18, Ast1, Pcos14 (60°C), Par35 (62°C), Pme14, Pme20 (63°C) e Par05, Pme21, Pme32 (65°C). Os alelos observados nos 14 locos variaram entre 118 e 370 pares de bases. Estes resultados preliminares indicam que, ao término deste trabalho, haverá possibilidade de obtenção de bons marcadores genéticos para auxiliarem nos estudos genético-populacionais desta espécie e consequentemente, nos programas de conservação, manejo e melhoramento desse recurso pesqueiro. Apoio financeiro: FINEP/MCT, Systema Naturae Consultoria Ambiental Ltda. 68 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 CD pirata até na água? O que a piscicultura tem a ver com isso? Santos, P; Sampaio, D; Queiroz, C; Schneider, H; Sampaio, I Instituto de Estudos Costeiros, Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança [email protected] Palavras-chave: Híbridos de Tambaqui, Piscicultura, DNA mitocondrial, D-loop, Rio Quatipuru O Rio Quatipuru está localizado no nordeste paraense, com sua nascente situada nas cercanias dos municípios de Bonito e Capanema. Em sua trajetória em direção ao Oceano Atlântico, este rio passa por pequenos vilarejos como Vila Fátima, Mirasselvas e Curral Velho, concluindo seu curso a cerca de 60 km de sua nascente, na zona estuarina do município de Quatipuru. Até 20 anos atrás a ictiofauna típica de água doce do Quatipuru era representada por lambaris, acarás, jacundás, traíras e jandiás, dentre outros pequenos peixes, comumente usados para a subsistência de habitantes dos pequenos vilarejos ao longo do rio. Mais recentemente, há cerca de 10 anos, surgiu um novo peixe no rio, que em decorrência do formato discóide e achatado de seu corpo foi apelidado pela população local de “CD”. Curiosamente, o Quatipuru não possui conexão com qualquer outra rio de água-doce da região, somente com o ambiente marinho do Atlântico, o que exclui a possibilidade dos CDs do Quatipuru terem chegado até aí por migração de outras bacias. Resta então a hipótese de que a piscicultura tenha sido a fonte geradora desta nova biodiversidade. Uma análise mais detalhada da morfologia destes novos peixes mostrou grande similaridade com os dois híbridos de Tambaqui atualmente usados em larga escala em pisciculturas por todo o estado do Pará: Tambacu (Tambaqui x Pacu) e Tambatinga (Tambaqui x Pirapitinga). Para elucidar a origem dos exóticos CDs do Quatipuru, analisamos o DNA de 10 exemplares coletados em Mirasselvas, vila situada às margens do Rio Quatipuru. Um fragmento de cerca de 300 pares de bases da região D-loop mitocondrial foi isolado através de PCR e seqüenciado no ABI377. A análise através do Blast revelou que as seqüencias de DNA geradas eram 100% similares às de Colossoma macropomum depositadas no Genbank. Nesta primeira etapa revelamos parte da identidade dos CDs, a linhagem mitocondrial materna vinda de uma matriz de Tambaqui. Como a morfologia dos peixes não é compatível com o fenótipo de um Tambaqui típico, tudo indica que estamos diante de um dos dois híbridos acima mencionados. Para desvendar a origem paterna do genoma do CD, usaremos os iniciadores de microssatélites desenvolvidos por Calcagnotto et al (2001) para Pacu (Piaractus mesopotamicus), e que funcionam também para Pirapitinga (Piaractus brachipomus) e Tambaqui (Colossoma macropomum). Fatos como este podem estar ocorrendo em outras áreas da bacia amazônica onde a piscicultura vem sendo incentivada, e merecem uma abordagem cuidadosa já que a presença de uma espécie exótica pode vir a ser é um problema para a cadeia trófica local. Apoio: CNPq/MCT (PPG7), FINEP. 69 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Genômica associada ao cultivo do tambaqui (Colossoma macropomum): Obtenção de 166 etiquetas de seqüências expressas (ESTs) à partir de biblioteca de cDNA de cérebro e hipófise Bentes-Sousa, AR1; Astolfi-Filho, S2; Porto, JIR1,3 Laboratório Temático de Biologia Molecular (LTBM), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia 2 CAM, Laboratório de DNA Bloco G, Universidade Federal do Amazonas 3 Coordenação de Pesquisas em Biologia Aquática (CPBA) Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia [email protected]; [email protected] 1 Palavras-chave: Colossoma macropomum, ESTs, biblioteca cDNA, Genômica O Tambaqui (Colossoma macropomum) é um peixe amazônico bastante explorado comercialmente, com grande aceite no mercado nacional, sendo criado em cativeiro em grande escala. Atualmente vários estudos genéticos a respeito desta espécie, têm sido avaliados, tanto de amostras selvagens quanto de pisciculturas, com o objetivo de caracterização e conhecimento de sua estrutura genética populacional e de seus genes. No presente trabalho foi desenvolvida uma biblioteca de cDNA de cérebro de tambaqui, afim de gerar etiquetas de seqüências expressas (EST), que auxiliem na identificação e caracterização de genes de interesse biotecnológico. A construção da biblioteca foi feita a partir de cérebros de tambaquis juvenis, utilizando Kits de Extração de RNA e de confecção da biblioteca de cDNA. A clonagem foi feita com o vetor pCMV Sport6 e inseridas em E. coli. Aproximadamente 960 clones recombinantes foram seqüenciados no seqüenciador automático MegaBace® 1000. O processo de anotação foi seqüencial e automatizado, englobando as etapas: 1) Validação da entrada do sistema e 2) Identificação de regiões de baixa qualidade. A validação do arquivos com os cromatogramas compactados no formato ESD (Megabace), foi feita através de um “pipeline” disponível no site https://www.biomol.unb.br/FP/e https://www.bioinformatica.ufam.edu.br para análise conjunta do Phred e do CAP 3. Os produtos seqüenciados foram analisadas através da bioinformática obtendo-se aproximadamente 300 “reads”. Deste total, foi possível caracterizar 166 ESTs (146 singletons e 20 contigs) com homologia a genes de peixes, particularmente das ordens Cypriniformes, Siluriformes e Characiformes. As ESTs foram caracterizadas e agrupadas em categorias funcionais de acordo com o COG (banco de proteínas), e várias seqüências foram agrupadas nas seguintes categorias: [J] Tradução, estrutura e biogênese dos ribossomos; [A] Modificação e processamento do RNA[K]; Transcrição, Metabolismo, outras com função desconhecida e Proteínas hipotéticas. Será dado continuidade ao sequenciamento das ESTs e análises mais detalhadas serão efetuadas afim de classificar as proteínas e os genes e auxiliar no para futuro potencial biotecnológico desta espécie. Adicionalmente, serão enviadados esforços para clonar e expressar o hormônio de crescimento (GH) do tambaqui que foi encontrado dentre as ESTs sequenciadas. Financiamento: CAPES, CNPq e INPA. 70 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Design and evaluation of degenerate primers for trypsin gene of Colossoma macropomum (Tambaqui) Cunha, WL1; Alecrim, FM1; Batista, MVA1; Cardoso, MV1; Costa-Júnior, CRL1; Figueirêdo-Júnior, CAS1; Oliveira, APA1; Tenório, KER1; Carvalho, EVMM2; Marcuschi, M2; Balbino, VQ1 1 Departamento de Genética, Universidade Federal de Pernambuco Departamento de Bioquímica, Universidade Federal de Pernambuco [email protected] 2 Key words: Colossoma macropomum, trypsin, degenerate primers, bioinformatics, CODEHOP Tambaqui (Colossoma macropomum) is one of the most important products of the fish farm of the North and Northeast regions of Brazil, mainly in the Amazon region, where it represents more than 40% of the volume of commercialized fishes. For being a tropical teleostei, it presents alkaline proteases that possess interesting characteristics for commercial applications, such as: thermal stability, long life of shelf and high enzymatic activity. Amongst these proteases, one of the most important is the trypsin that already is used in some industrial processes, as in the formularization of detergents, confection of foods, pharmaceutical products and in bioremediation. The most applied enzymes in the industry are those originated from microorganisms. However, some enzymes with potential for industrial applications can be obtained from the processing of aquatic organisms (e.g. crustaceans, fishes and clams). In function of the scarcity of studies in genomic scale of C. macropomum and in view of the physical-chemistry characteristics of its trypsin (high catalytic activity, stability in temperatures until 60ºC and broad spectrum of pH performance), this work aimed at the determination of degenerate primers that would made possible the accomplishment of expression studies. Primers were drawn based on the multiple alignment of trypsin sequences of six species of fish obtained in the data base of the National Center for Biotechnology Information - NCBI (http://www.ncbi.nlm.nih.gov), selected for presenting morphophysiological characteristics similar to those of C. macropomum. Program MEGA v. 4.0 (http://www.megasoftware.net) was used in the accomplishment of the multiple alignment, that served of entry for the program Consensus Degenerate Hybrid Oligonucleotide Primers - CODEHOP (http://bioinformatics.weizmann.ac.il/blocks/codehop.html) and Codon Usage (http://www.bioinformatics.org/sms2/codon_usage.html), utilized in the process of degeneration and refinement of primers. After definition of the primers, it was used a consensus sequence generated with CAP3 program (http://genome. cs.mtu.edu/cap/cap3.html) to determine the place of primers pairwising, foreseeing the obtainment of a fragment of 601 base pairs. The use of these primers will allow the full sequencing of the gene that codifies trypsin, supplying the base for future innovations of industrial applications, in ambient decontamination processes and genetic analyses in population of C. macropomum. Supported by: CNPq, FACEPE. 71 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Genética da piscicultura no Pará: Tambaqui nativo ou híbridos? Cunha, F; Castro, L; Sombra, A; Santos, S; Schneider, H; Sampaio, D; Sampaio, I Instituto de Estudos Costeiros, Laboratório de Genética e Biologia Molecular, Universidade Federal do Pará (Campus de Bragança) [email protected] Palavras-chave: Tambaqui, Colossoma macropomum, Piscicultura, Tambacu, DNA mitocondrial O Tambaqui (Colossoma macropomum) tem sido o peixe de escolha para cultivo em empreendimentos de piscicultura no estado do Pará, mas a tendência atual tem sido o uso de híbridos com esta espécie, sendo os mais usados o Tambacu (fêmea de Tambaqui x macho de Pacu) e a Tambatinga (fêmea de Tambaqui x macho de Pirapitinga). A espécie de Pacu utilizada é Piaractus mosopotamicus, enquanto a de pirapitinga é Piaractus brachypomus. O presente estudo utilizou uma abordagem molecular para identificar as linhagens mitocondriais maternas de peixes criados em cativeiro em vários municípios do estado do Pará, comparando estas linhagens com espécimes nativos de Tambaqui de vários locais da Amazônia. Novas sequências de DNA mitocondrial foram geradas para Tambaquis nativos de Santarém (Pará), sendo também utilizadas sequências da literatura para várias populações naturais de Tambaqui ao longo da calha do Rio Amazonas (Santos et al. 2007). Para os espécimes de cativeiro foram selecionados cultivos do oeste do Pará (Santarém) e do nordeste do estado (São Domingos do Capim, Castanhal, Capitão Poço, Augusto Corrêa, Vizeu e Bragança). A maioria das amostras de cativeiro foi identificada historicamente (informações do produtor) e com base na morfologia como sendo híbridos, Tambatinga ou Tambacu. O DNA total de pelo menos cinco espécimes de cada cultivo foi extraído via fenol-clorofórmio, e um fragmento de cerca de 300 pares de bases da região D-loop mitocondrial foi sequencido no ABI377. Comparando as sequências de DNA com as do Genbank, constatamos uma similaridade de 99 a 100% com as de Colossoma macropomum (Tambaqui), confirmando a origem materna dos cruzamentos para obtenção dos híbridos Tambaqui e Tambacu. Com relação à origem geográfica das matrizes de Tambaqui usadas na alevinagem no município de Santarém, encontramos um haplótipo de D-loop muito frequente, que é 100% similar ao do estoque nativo de Parintins (Amazonas), mostrando que as populações naturais estão bem representadas nas matrizes produtoras de alevinos. Os resultados deste estudo serão importantes para que se construa um cenário da genética da piscicultua no estado do Pará, uma atividade que é de certa forma ainda emergente na região. Apoio: CNPq/MCT (PPG7), FINEP. 72 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização genética de híbridos entre os peixes neotropicais Pirapitinga (Piaractus brachypomus) e Tambaqui (Colossoma macropomum) através de PCRRFLP: implicações para a conservação Rodrigues, A1; Hashimoto, DT1; Bortolozzi, J1; Senhorini, JA2; Foresti, F3; Porto-Foresti, F1 Departamento de Ciências Biológicas, Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista, (UNESP), Campus de Bauru, Bauru, SP Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros Continentais, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Pirassununga, SP 3 Departamento de Morfologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, (UNESP), Campus de Botucatu, Botucatu, SP [email protected] 1 2 Palavras-chave: Hibridação interespecífica de peixes; PCR-RFLP; Colossoma; Piaractus O monitoramento genético de produtos resultantes de processos de hibridação interespecífica consiste no uso de metodologias que possibilitam encontrar características genéticas, que identifiquem, de maneira clara e acessível, parentais e híbridos. No presente estudo, através de técnicas moleculares de PCR-RFLP (Restriction Fragment Lenght Polymorphism - Polymerase Chain Reaction) de genes mitocondriais e nucleares, procurou-se caracterizar a linhagem híbrida de exemplares de “tambatinga” e diferenciá-las de seus respectivos parentais Colossoma macropomum (tambaqui) e Piaractus brachypomus (pirapitinga). Primeiramente, foram realizadas extrações de DNA genômico de tecidos sólidos e de sangue dos exemplares em estudo, utilizando-se diferentes protocolos, que permitiram o isolamento de DNA de alta qualidade. Dada às características únicas de transmissão materna do DNA mitocondrial, a aplicação da técnica de PCRRFLP do gene mitocondrial DNAr 16S mostrou-se útil para identificação de híbridos recíprocos, porém esta técnica não demonstrou ser uma ferramenta valiosa na distinção clara entre híbridos e parentais, tornando-se necessário a utilização do marcador de gene nuclear α-tropomiosina. A aplicação da técnica de PCR-RFLP do gene nuclear α-tropomiosina permitiu avaliar não só a herança materna do híbrido, mas também sua herança paterna, identificando de maneira clara amostras de híbridos e parentais. Assim como demonstrado nos resultados deste trabalho através da diferenciação das espécies parentais, a análise de RFLP de fragmentos de PCR, ou seja, a combinação das técnicas de PCR e RFLP pode ser aplicada com sucesso para diferenciação de espécies. Esta metodologia oferece a vantagem de ser mais barata, simples e especialmente útil nas análises de rotina de um grande número de amostras. O uso destas ferramentas moleculares no diagnóstico de híbridos demonstrou que misturas ocasionais de exemplares híbridos e parentais em estoques de cultivo de pisciculturas realmente podem ocorrer, sendo que esses estudos envolvendo genética aplicada a piscicultura poderão fornecer subsídios para o monitoramento de projetos de hibridação em pisciculturas, na orientação de programas de conservação biológica e um manejo adequado dos estoques naturais e cultivado de peixes. Apoio financeiro: FAPESP. 73 54º Congresso Brasileiro de Genética 74 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise da estrutura populacional do pacu (Piaractus mesopotamicus) na bacia do Alto Paraguai por meio de marcadores moleculares do DNA mitocondrial iervolino, F1; Resende, KE2; Hilsdorf AWS1 Laboratório de Genética de Peixes e Aqüicultura, Núcleo Integrado de Biotecnologia, Universidade de Mogi das Cruzes. 2 EMBRAPA Pantanal, Corumbá, MS. [email protected] 1 Palavras-chave: Piaractus mesopotamicus, mtDNA, genética de população Entre os vertebrados os peixes são os que apresentam a maior riqueza de espécies. Os peixes neotropicais compõem a ictiofauna mais diversificada e rica do mundo. Contudo, apesar desta diversidade de espécies de peixes e da sua grande importância econômica para o homem, ainda pouco se conhece sobre suas características biológicas, ecológicas e genéticas. A identificação e a conservação de estoques geneticamente diferenciados e adaptados ao seu habitat representam um ponto fundamental para o setor pesqueiro, pela sua relação direta com a produtividade total e o uso sustentável dos recursos. O pacu é uma espécie de grande ocorrência nos rios da bacia hidrográfica do Alto Paraguai. A pesca do pacu tem sido monitorada e vem mostrando a grande importância desta espécie para a pesca. A manutenção dos estoques de pacu em nível de uso sustentável depende dentre outras da conservação da variabilidade genética populacional. Para isso, é necessário o conhecimento do grau de diferenciação genética das populações de pacu, o que pode ser conseguido por meio de marcadores moleculares. O presente estudo foi realizado com o objetivo de avaliar a estrutura intra e inter populacional do pacu por meio de análises de seqüências da região controle (d-loop) do mtDNA. As seguintes seqüências de iniciadores foram desenhadas a partir da seqüência do d-loop depositada no GeneBank (AF283959): L2910 – 5´CTAACTCCCAAAGCTAGTATTC3´ H3010 - 5´CTTCAGTGTTAT GCTTTATTTAAGCTAC3´. Dez amostras de quatro sub-bacias, Cuiabá, Taquari, Negro e Miranda mais do Rio Paraguai foram escolhidas para a avaliação. O DNA total das amostras foi extraído da nadadeira caudal, os iniciadores desenhados para a espécie (P. mesopotamicus) foram utilizados para a amplificação da região do d-loop, foi feita a purificação das amostras amplificadas e estas foram então seqüenciadas em um seqüenciador automático ABI3100. Cada amostra foi seqüenciada duas vezes, assim através do programa CodonCode (versão 1.4.1) foi gerada uma seqüência consenso para cada amostra. As seqüências foram alinhadas pelo método de ClustalW através do programa MEGA (versão 3.0). As análises estatísticas foram conduzidas por meio dos programas Arlequin (versão 3.01) e DnaSP (versão 4.50.1). Os resultados da análise AMOVA mostraram que 100% da variabilidade está dentro das populações, indicando que as populações não são variáveis entre si. O valor calculado de ΦST = -0,00121 (P<0,05) é indicativo de baixa estruturação genética entre as populações avaliadas (Wright, 1978). Valores de moderada estruturação (ΦST = 0,04807 P<0,05) foram revelados pela comparação entre indivíduos do Negro e do Paraguai. O teste de mantel (r = 0,50) mostrou que não há correlação entre distância genética e distância geográfica. A falta de estruturação pode ser explicada pela característica migradora da espécie em conjunto com a topografia da região pantaneira. Desta forma, pela análise das seqüências as populações devem ser manejadas com uma meta-população. Apoio Financeiro: EMBRAPA, FUNDECT. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Filogenia molecular preliminar dos grandes bagres neotropicais do gênero Pseudoplatystoma Bleeker, 1862 (Teleostei: Pimelodidae) Carvalho-Costa, LF1; Willis, SC2; Piorski, NM1; Ortí, G2; Galetti Jr, PM3 1 Universidade Federal do Maranhão School of Biological Sciences, University of Nebraska-Lincoln, EUA 3 Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos [email protected] 2 Palavras-chave: Filogenia Molecular, citocromo b, Pseudoplatystoma Pseudoplatystoma possui peixes amplamente distribuídos pelos rios da América do Sul. Em recente revisão taxonômica, o número de espécies, até então considerado três (P. corruscans; P. fasciatum e P. tigrinum), foi aumentado para oito (P. fasciatum, P. punctifer, P. orinocoense, P. magdaleniatum, P. reticulatum, P. tigrinum, P. metaense e P. corruscans), com base em sinapomorfias não compartilhadas. Visando avaliar essa situação, este resumo apresenta uma hipótese filogenética do grupo com base em um marcador de DNA mitocondrial. Para isso, utilizamos o gene do citocromo b (citb) (953 pares de base), o Método de Evolução Mínima (EM) para estimar a filogenia e seqüências de Zungaro e Brachyplatystoma como grupos externos. A identificação das espécies seguiu a classificação antiga. As 179 seqüências do grupo interno corresponderam a 81 haplótipos, cuja árvore filogenética apresentou dois clados de alto suporte. O primeiro, e mais basal, agrupa as populações de P. corruscans, com dois sub-clados monofiléticos pertencentes aos Rios Paraguai e São Francisco, respectivamente. Essa forte divergência no gene citb é evidência de ausência de fluxo gênico, via fêmeas, entre essas duas populações. Entretanto, nenhuma diferença morfológica entre esses grupos foi encontrada pelos autores da revisão. O outro clado agrupa as espécies irmãs P. fasciatum e P. tigrinum. Contudo a população de P tigrinum do Rio Orinoco não formou um grupo monofilético, pois um dos seus haplótipos agrupou com os espécimes do Rio Amazonas, contrariando o argumento de que P. tigrinum do Orinoco é uma espécie (P. metaense) diferente da que ocorre na bacia Amazônica. No outro sub-clado, que inclui peixes de P. fasciatum de várias bacias da América do Sul, foi observada a formação de grupos de suporte moderado a alto, em geral ligados à bacia de origem das amostras. Assim, houve agrupamentos nas bacias do Maranhão (Pindaré, Mearim e Itapecuru), do Paraguai, do Orinoco, e uma politomia envolvendo os haplótipos do Amazonas, Turiaçu (Maranhão) e Tocantins-Araguaia. As conexões entre as fozes dos Rios Amazonas e Tocantins-Araguaia explicam parte desse resultado. Contudo, a visível diferenciação dos peixes do Rio Turiaçu em relação às outras bacias maranhenses e sua proximidade evolutiva com os peixes do Amazonas e Tocantins-Araguaia sugere uma história de colonização recente dessa bacia. Portanto, nossos dados, ainda que preliminares, mostram a existência de grupo monofiléticos dentro de Pseudoplatystoma que podem ou não representar diferentes unidades evolutivas do gênero. Para dar maior suporte às nossas conclusões, estão sendo obtidas seqüências de dois marcadores nucleares (íntrons dos genes rag1 e S7), e também a inclusão de amostras do Rio Magdalena (Colômbia) e da região das Guianas, onde, segunda a revisão taxonômica, existem duas espécies diferentes. Apoio financeiro: FAPESP, CNPq, BASA, CAPES, NSF. 75 54º Congresso Brasileiro de Genética 76 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Marcadores genéticos no estudo de retrocruzamentos envolvendo híbrido entre as espécies Pseudoplatystoma reticulatum e Pseudoplatystoma corruscans (Pisces, Siluriformes) Prado, FD1; Senhorini, JA2; Foresti, F3; Bortolozzi, J1, Porto-Foresti, F1 1 Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual Paulista Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais, CEPTA 3 Departamento de Morfologia, Universidade Estadual Paulista [email protected] 2 Palavras-chave: Híbridos de peixes, fertilidade em híbridos, retrocruzamentos, marcadores genéticos, conservação genética Os bagres de grande porte Pseudoplatystoma corruscans (pintado) e Pseudoplatystoma reticulatum (cachara) possuem alto potencial para a piscicultura, apresentando grande interesse em seu cultivo e na produção de híbridos interespecíficos entre estas espécies, principalmente devido ao vigor híbrido que apresentam. Recentemente verificou-se que estes híbridos podem apresentar fertilidade, o que representa alto risco de contaminação genética de estoques selvagens e cultivados via retrocruzamentos bem sucedidos com as espécies parentais. O uso de marcadores genéticos nos produtos resultantes da hibridação em peixes é uma das principais etapas a serem realizadas, com o objetivo de avaliar os reais riscos que esses animais representam, com isso, o presente estudo procurou caracterizar, através de técnicas citogenéticas, as espécies parentais P. corruscans e P. reticulatum, seus híbridos interespecíficos “cachapinta” (cruzamento do cachara fêmea com pintado macho) e “pintachara” (cruzamento do pintado fêmea com cachara macho) e híbridos F2 resultantes de retrocruzamentos do “cachapinta” fêmea com o pintado macho e do “cachapinta” macho com o pintado fêmea. Todos os indivíduos analisados apresentaram 2n=56 cromossomos, entretanto diferentes fórmulas cariotípicas foram verificadas entre os parentais pintado e cachara, sendo que os híbridos interespecíficos apresentaram um cariótipo intermediário em relação aos parentais. Os híbridos F2 apresentaram grande variação no cariótipo, com fórmulas cariotípicas similares ao pintado e “cachapinta” ou com morfologia cromossômica variando interindividualmente. O fato dos híbridos F1 apresentarem o mesmo número cromossômico de 2n=56 e elementos do complemento cromossômico muito similares aos parentais indica alto grau de compatibilidade genética entre as espécies parentais, o que provavelmente possibilitou a produção de gametas viáveis pelo híbrido “cachapinta”. Esta hipótese enfatiza o aspecto de que, em peixes, mesmo os gametas com complementos cromossômicos desequilibrados mantêm parcialmente suas capacidades genéticas e funcionais, podendo gerar descendentes viáveis. A variação de cariótipos observada nos híbridos F2 pode ser devida à falta de pareamento de alguns cromossomos do híbrido “cachapinta” durante a formação de seus gametas, ocasionando eventos de não-disjunção cromossômica, resultando em diversos tipos de gametas e consequentemente em diferentes cariótipos nos híbridos F2. Tais resultados indicam a primeira ocorrência, reprodução e fertilidade de híbridos nesse grupo de peixes indicando a possibilidade de retrocruzamentos bem sucedidos entre o híbrido interespecífico “cachapinta” e o parental pintado, confirmando os riscos causados por estes híbridos, que podem variar de introgressões genéticas até a eliminação da espécie nativa e substituição pelos híbridos. A partir desses estudos torna-se possível fornecer subsídios para um manejo adequado destes espécimes, que representam um grande risco ao ambiente, se forem produzidos e utilizados de forma indiscriminada, portanto o uso de marcadores genéticos se torna importante na orientação de programas de conservação biológica. Apoio Financeiro: FAPESP e ICMBio. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise citogenética em duas espécies de Siluriformes da bacia do Alto Paraná Andari, VCM1; Blanco, DR1; Lui, RL1; Moreira-Filho, O1 Citogenética, Departamento Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos [email protected] 1 Palavras-chave: Citogenética, Siluriformes, banda C, Ag-NOR, FISH 18S A Bacia do Alto Paraná é um complexo hidrográfico com marcado endemismo, que contém 310 espécies de peixes distribu­ídas em 38 famílias e 11 ordens. Dentre elas, a ordem Siluriformes é uma das mais representativas incluindo os peixes conhecidos como bagres, mandis, cascudos e acaris. Estudos cariotípicos revelam número cromossômico modal de 2n=58 para Siluriformes, e as maiores variações em relação a este valor ocorrem em Siluroidei, sugerindo que as mudanças cromossômicas freqüentemente estão associadas com o processo de especiação neste grupo e que ocorreu em paralelo em diferentes famílias a partir de um ancestral 2n=56±2. O presente trabalho tem por objetivo caracterizar através citogenética duas espécies da ordem Siluriformes, uma pertencente ao gênero Megalonema (família Pimelodidae) do rio Mogi Guaçu e outra pertencente ao gênero Pseudopimelodus (família Pseudopimelodidae), proveniente do rio PassaCinco, ambos da bacia do Alto Paraná – SP. Essas populações ainda não haviam sido caracterizadas citogeneticamente. Para tanto, foram utilizadas técnicas básicas de coloração convencional por Giemsa para determinação do número e morfologia cromossômicos; bandamento C para determinar o padrão de distribuição de heterocromatina e coloração com nitrato de prata para evidenciar as regiões organizadoras de nucléolo funcionais na intérfase anterior a mitose (Ag-NORs). Além disso, foi realizada a caracterização citogenética molecular através da hibridação in situ fluorescente (FISH) com sonda de rDNA 18S. A espécie de Pseudopimelodus sp. apresentou 2n=54 cromossomos (40m/sm+14st/a), enquanto a espécie de Megalonema sp. 2n=56 cromossomos (42m/sm+14st/a), não sendo encontrado dimorfismo sexual. Com relação às regiões heterocromáticas, Pseudopimelodus sp. evidenciou bandas teloméricas no braço curto de alguns cromossomos, enquanto que para Megalonema sp. bandas teloméricas, ocorrendo em alguns cromossomos do complemento bandas biteloméricas. Entretanto, esse padrão de distribuição de heterocromatina difere do padrão encontrado em Pseudopimelodidae e Pimelodidae, que apresentam predominância de bandas pericentroméricas. Pseudopimelodus sp. apresentou um par Ag-NORs positivo no braço curto de um cromossomo submetacêntrico, enquanto Megalonema sp. apresentou marcação no braço longo de um par também submetacêntrico, com evidente constrição secundária. A sonda de DNAr 18S revelou apenas um par de cromossomos marcados para Megalonema sp. e três pares para Pseudopimelodus sp.. Deste modo, é pertinente ressaltar que a citogenética consiste em uma ferramenta extremamente importante no conhecimento da diversidade ictiofaunística auxiliando, desta forma, em um melhor entendimento da evolução desse grupo de peixes neotropicais. Inclusive como auxílio à taxonomia e sistemática de peixes. Apoio financeiro: CNPq. 77 54º Congresso Brasileiro de Genética 78 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização citogenética de Parauchenipterus galeatus (Pisces, Siluriformes, Auchenipteridae) da bacia do Alto rio São Francisco em uma área de transposição de rios Lui, RL1; Blanco, DR1; Bellafronte, E1; Andari, VCM1; Margarido, VP2; Moreira-Filho, O1 Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Estadual do Oeste do Paraná [email protected] 1 2 Palavras-chave: Citogenética, Auchenipteridae, Transposição de rio, Alto rio São Francisco, Cromossomos B A construção da Hidrelétrica de Furnas, que foi a primeira usina de grande porte do Brasil, causaria graves conseqüências quando as comportas de seu reservatório fossem fechadas, pois inundaria parte da cidade de Capitólio (interior de Minas Gerais) e conectaria a bacia do Paraná à bacia do São Francisco. Para evitar, foi construído um dique próximo a essa cidade, no rio Piumhi, e suas águas foram transpostas para a bacia do São Francisco. O rio Piumhi, fazia parte da bacia do Paraná até meados da década de 60 e devido a sua transposição passou a fazer parte da bacia do São Francisco. Como conseqüência, a ictiofauna do rio Piumhi e de seus afluentes, que representa parte das espécies de peixes da bacia do Alto rio Paraná, também foi transposta para a bacia do rio São Francisco, causando uma mistura de ictiofaunas que estavam separadas a milhões de anos. Entre os Siluriformes, que representam o segundo maior grupo de peixes na região Neotropical com mais de 3000 espécies distribuídas em 36 famílias, vários grupos relacionados à região de transposição vem sendo estudados para mapear até onde espécies de peixes relacionadas à bacia do rio Piumhi avançaram dentro da bacia do São Francisco. Em relação à família Auchenipteridae, a espécie Parauchenipterus galeatus, que apresenta ampla distribuição no território brasileiro e hábito sedentário está sendo estudada. Os estudos citogenéticos nessa família estão restritos a apenas quatro gêneros demonstrando número diplóide conservado de 58 cromossomos, sem nenhuma descrição de sistema de cromossomos sexuais ou presença de cromossomos supranumerários. No presente trabalho, está sendo analisado várias populações dessa espécie de diferentes localidades em distintas bacias hidrográficas. Para a bacia do Alto rio São Francisco foram coletados 11 exemplares (4 machos e 7 fêmeas) no município de Lagoa da Prata, na bacia do rio Jacaré, um afluente da margem direita do São Francisco. Foram realizadas as seguintes técnicas, análise convencional por Giemsa, impregnação por nitrato de prata e o bandamento - C. O número diplóide encontrado foi 2n=58, apresentando 22 cromossomos metacêntricos, 16 submetacêntricos, 12 subtelocêntricos e 8 acrocêntricos. As AgRONs mostraram-se simples em um par subtelocêntrico. Em relação à heterocromatina, apresentou-se distribuída em regiões pericentroméricas de pares subtelocêntricos/acrocêntricos e telomérica na maioria dos cromossomos do cariótipo, apresentando marcação bitelomérica em alguns metacêntricos e submetacêntricos. Foi também verificada a presença de pequenos cromossomos B totalmente heterocromáticos em indivíduos dessa população com variação de 0 a 2, tanto intra quanto interindividualmente. Até o momento, a presença de cromossomos B na família Auchenipteridae ainda não havia ocorrido e pode ser considerado um importante marcador para análise da dispersão e distribuição geográfica das populações de Parauchenipterus galetaus da bacia do Alto São Francisco e Alto Paraná. Apoio Financeiro: FAPESP e CNPq. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Isolamento e mapeamento cromossômico dos retrotransposons Rex1 e Rex3 do genoma em espécies de peixes da Subfamília Hypoptopomatinae (Teleostei: Siluriformes) Ferreira, DC; Oliveira, C; Foresti, F Departamento de Morfologia, Instituto de Biociências de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, IBB/UNESP [email protected] Palavras-chave: Hypoptopomatinae, elementos transponíveis Elementos repetitivos dispersos, transposons e retrotransposons, representam uma grande porção do genoma eucariótico. Esses elementos repetitivos são chamados de seqüências de transposição e podem ser definidos como entidades genéticas capazes de inserir-se em posições diferentes dentro do genoma e alterar a função de genes com os quais são associados. Tais elementos transponíveis têm um papel importante na manutenção estrutural e funcional do genoma e seu estudo tem permitido conhecer tanto aspectos da sua organização nos peixes, quanto da dinâmica do processo evolutivo destas seqüências nestes organismos. Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi isolar, identificar e mapear fisicamente as seqüências de elementos transponíveis presentes no genoma de treze espécies de peixes da subfamília Hypoptopomatinae, pertencentes a Ordem Siluriformes. As espécies desta subfamília apresentam uma ampla distribuição na América na Sul. Os elementos retrotransponíveis foram identificados através da amplificação com os primers Rex1 e Rex3 e a composição nucleotídica dos retrotransposons nas treze espécies foi determinada por seqüênciamento. Foi verificado em todas as espécies analisadas que o elemento retrotransponível Rex1 contém 560pb, enquanto o Rex3 apresentou 448pb. A análise comparativa destes retroelementos com informações já disponíveis na literatura revelou que o retrotransposon Rex1 tem similaridade de 81% com a espécie Anguilla japonica pertencente à família Anguillidae (Ordem Anguilliformes), enquanto o retrotransposon Rex3 tem similaridade de 86% com a espécie Oryzias latipes, um membro da família Adrianichthyidae (Ordem Beloniformes). Em relação aos demais grupos de peixes, esses elementos transponíveis apresentam similaridade apenas em pequenas e distintas regiões da seqüência. Experimentos de hibridação in situ fluorescente foram realizados apenas na espécie H. leucofrenatus, utilizando como sonda os elementos retrotransponíveis isolados para a espécie. Os elementos retrotransponíveis Rex1 e Rex3 apresentaram um padrão de dispersão similar e tanto Rex1 quanto o Rex3, estão dispersos em todos os cromossomos da espécie. A ampla distribuição destes retrotransposons nos peixes sugere que os elementos Rex podem ter sido incorporados há muito tempo em seus genomas e que vem desempenhando um papel importante na evolução deste grupo. Apoio financeiro: FAPESP. 79 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Relações filogenéticas em Hypoptopomatinae e Neoplecostominae (Teleostei: Siluriformes: Loricariidae) baseadas em seqüências de DNA nuclear Chiachio, MC1; Montoya-Burgos, JI2; Foresti, F1; Oliveira, C1 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Instituto de Biociências, Departamento de Morfologia, Laboratório de Biologia e Genética de Peixes, Botucatu, SP 2 Department of Zoology and Animal Biology, University of Geneva, Switzerland [email protected] 1 Palavras-chave: Sistemática Molecular, Siluriformes, Seqüências, Nuclear A família Loricariidae é a maior em número de espécies entre os Siluriformes e também uma das maiores famílias da ictiofauna mundial. Seus representantes estão distribuídos na América do Sul e na América Central, ocorrendo numa grande variedade de habitats. Apesar dos loricariideos terem ampla distribuição, muitas espécies são características por formarem populações restritas a pequenas áreas. Isto provavelmente faz com que apresente uma das maiores diversidades de formas de todos os peixes do mundo. A família Loricariidae apresenta inúmeros problemas de classificação principalmente quando se trata das subfamílias. Recentemente, alguns trabalhos levantaram problemas nas relações de duas importantes subfamílias, Hypoptopomatinae e Neoplecostominae. Os dados sugerem, entre outras coisas, que Hypoptopomatinae está intimamente relacionada com espécies da subfamília Neoplecostominae, e seu status de subfamília deve ser reavaliado, pois se admitirmos Hypoptopomatinae como subfamília a subfamília Neoplecostominae torna-se parafilética. Baseando-se nesses questionamentos, o presente trabalho foi elaborado com o intuito de ampliar as análises moleculares do grupo em questão e construir uma árvore filogenética robusta englobando representantes de quase todos gêneros dessas duas subfamílias, e, assim, testar as hipóteses sobre as relações entre os gêneros dessas subfamílias, propondo uma hipótese de consenso para o grupo. A reconstrução filogenética, baseada em seqüências da região nuclear correspondente ao gene F Reticulon-4, foi realizada para 16 dos 17 gêneros de Hypoptopomatinae, num total de 33 espécies e 40 indivíduos da subfamília. Paralelamente, também foram utilizados representantes da subfamília Neoplecostominae para as mesmas análises a fim de se comparar as relações dos hypoptopomatíneos com seu grupo conflitante. Nossos resultados mostram que Hypoptopomatinae é parafilético, já que a subfamília Neoplecostominae aparece dentro de Hypoptopomatinae, formando grupo irmão com a tribo Otothyrini com valor de bootstrap extremamente alto (98,5). A tribo Hypoptopomatini aparece monofilética e irmã de Neoplecostominae mais Otothyrini. Neoplecostominae não aparece monofilético devido à presença de Pseudotocinclus tietensis como grupo irmão das espécies do gênero Pareiorhina, relação fortemente suportada pelo valor de bootstrap (98,7). Todo o clado formado por Neoplecostominae mais Pseudotocinclus tietensis aparece como irmão da tribo Otothyrini onde as relações internas entre gêneros e espécies não se alteraram quando analisadas sem a subfamília Neoplecostominae. Nossos dados comprovam que a subfamília Hypoptopomatinae não é monofilética como definida atualmente havendo assim a necessidade de uma redefinição deste grupo. Apoio Financeiro: CNPq e FAPESP. 80 54º Congresso Brasileiro de Genética 81 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudo comparativo citogenético-molecular em espécies do gênero Rineloricaria (Siluriformes, Loricariidae) das Bacias dos rios Paraíba do Sul (RJ) e Nhundiaquara (PR) Rodrigues, RM; Almeida-Toledo, LF Departamento de Genética e Biologia Evolutiva, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo – USP, São Paulo, SP, Brasil [email protected] Palavras-chave: Rineloricaria, citogenética, variação cariotípica, rearranjos Robertsonianos, FISH O gênero Rineloricaria, pertencente à família Loricariidae (Siluriformes, Pisces), é composto por 57 espécies que ocorrem do Panamá ao norte da Argentina. Este gênero possui uma ampla variação cariotípica, com o menor número diplóide equivalente a 2n=36 (Rineloricaria latirostris) e o maior apresentando 2n=70 (Rineloricaria sp.). Apesar dessa complexidade taxonômica e citogenética, e da ampla distribuição geográfica, poucos estudos foram feitos sobre o gênero. A fim de melhor compreender tal complexidade, duas espécies, uma (Rineloricaria sp. A) proveniente da Bacia do Paraíba do Sul/RJ, e outra (Rineloricaria sp. B) proveniente da Bacia do Rio Nhundiaquara, na região do litoral paranaense, tiveram seus números diplóides determinados, sendo as preparações cromossômicas submetidas às técnicas de Bandeamento C, localização de Ag-RONs, coloração por fluorocromos GC e AT específicos e a hibridação “in situ” fluorescente (FISH) com sondas de DNAr 5S e 18S. Rineloricaria sp. A apresentou 2n=62 cromossomos, constituição cariotípica com 2M+60ST/A, número fundamental igual a 64 e DNAr 5S em posição pericentromérica no braço curto de um pequeno par de acrocêntricos. Rineloricaria sp. B apresentou 2n=68 cromossomos, constituição cariotípica com 2M+66ST/A, número fundamental igual a 70 e DNAr 5S também em posição pericentromérica, porém, no braço curto de dois pares de acrocêntricos pequenos. Em ambas as espécies, as RONs localizaram-se em posição terminal no braço curto do primeiro par de cromossomos ST/A, caracterizando um sistema simples e sendo estas regiões confirmadas por FISH com sonda de DNAr 18S e CMA3; a coloração por DAPI mostrou-se homogênea, com as RONs DAPI negativas e o bandeamento C evidenciou existência de blocos heterocromáticos em posição pericentromérica na maioria dos cromossomos, inclusive no par de submetacêntricos, sendo as RONs heterocromáticas. A comparação acima demonstra uma conservação de um par de metacêntricos no cariótipo de ambas as espécies, bem como a localização e quantidade de RONs e o modo de distribuição da heterocromatina constitutiva, sugerindo que estas espécies possam estar muito próximas filogeneticamente. Em contrapartida, o número diplóide, a fórmula cariotípica e a quantidade de sítios de DNAr 5S variam entre essas espécies, e esta variação pode estar relacionada com os possíveis rearranjos Robertsonianos que possam ter ocorrido na evolução cariotípica deste grupo, pois, os dados encontrados na literatura e neste trabalho indicam que à medida que o número diplóide aumenta, aumenta o número de acrocêntricos e diminui o número de cromossomos com dois braços; além disso, a variação no número de sítios de DNAr 5S entre as duas espécies de Rineloricaria deste trabalho pode ser resultado desses rearranjos. Os números diplóides aqui apresentados são inéditos na literatura, reforçando a ampla variação cariotípica do grupo, entretanto, mais espécies precisam ser estudadas para uma melhor compreensão de suas relações filogenéticas e de tais rearranjos. Apoio Financeiro: CNPq e FAPESP. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização citogenética de quatro populações de Hypostomus unae (Hypostominae, Loricariidae) da bacia do Rio das Contas Bitencourt, JA; Affonso, PRAM; Carneiro,PLS; Giuliano-Caetano, L.; Dias, AL Departamento de Biologia Geral-CCB, Universidade Estadual de Londrina [email protected] Palavras–chave: Loricariidae, Hypostomus unae, Cariótipo, Heterocromatina, NOR Os Loricariidae, comumente conhecidos como cascudos ocupam o segundo lugar em número de espécies entre os Teleostei e apresentam uma grande diversidade cariotípica, com um numero modal variando de 2n=34 a 2n=96. Apesar da sua importância biológica, funcional e evolutiva, os estudos realizados sobre essa família de peixes neotropicais são reduzidos. O gênero Hypostomus é considerado um dos mais complexos e abundantes da ictiofauna neotropical, sendo assim, o presente estudo teve por objetivo caracterizar citogeneticamente quatro populações de Hypostomus unae ao longo da bacia do rio das Contas (BA). Foram coletados três exemplares no canal principal do rio das Contas, 12 no rio Preto do Costa, 12 no rio Oricó e 11 no rio Preto do Criciúma. Os três últimos são afluentes do rio das Contas. A obtenção de cromossomos mitóticos seguiu o procedimento descrito por BERTOLLO et. al. (1978). Os cromossomos foram identificados de acordo com a nomenclatura proposta por LEVAN et al. (1964), através de coloração convencional por Giemsa. As regiões organizadoras de nucléolos (RONs) foram identificadas pela impregnação por nitrato de prata (HOWELL & BLACK, 1980) e a heterocromatina foi visualizada de acordo com a técnica descrita por SUMNER (1972). Os espécimes analisados apresentaram 2n=76, com três citótipos distintos. Os exemplares do canal principal do rio das Contas e do rio Preto do Costa apresentaram a fórmula cariotípica de 06m+16sm+16st+38a (NF=114), enquanto os exemplares do rio Oricó, apresentou 08m+16sm+16st+36a (NF=116) e do rio Preto do Criciúma apresentou 12m+16sm+14st+34a (NF=118). A impregnação por nitrato de prata revelou RONs simples na região telomérica do braço longo de um par de cromossomos submetacêntricos em todas as populações, caracterizando uma tendência à manutenção da condição plesiomórfica da família Loricariidae. O padrão de distribuição de heterocromatina diferiu entre as populações, onde os espécimes do canal principal, do rio Oricó e Preto do Costa mostraram marcações mais evidentes restritas às regiões intersticiais e teloméricas de cromossomos acrocêntricos, e equivalentes às RONs, sendo concordante com o padrão comumente descrito na literatura neste grupo, enquanto que a população do rio Preto do Criciúma apresentou marcações mais evidentes em regiões intersticiais. Essas variações podem ser provenientes de diferentes níveis de condensação dos cromossomos ou podem representar polimorfismos envolvendo inversões pericêntricas e/ou translocações, caracterizando citótipos distintos. Apoio financeiro: CNPq e Capes. 82 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização citogenética de triploidia natural em Rhamdia sp. (Pisces, Siluriformes, Heptapteridae) Blanco, DR1; Lui, RL1; Traldi, JB1; Martinez, JF1; Andari, VCM1; Bertollo; LAC1; Moreira-Filho, O1 Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar [email protected] 1 Palavras-chave: Triplóide, Rhamdia, Citogenética, Siluriformes, Heptapteridae A poliploidia é um evento comum em plantas e, entre os mamíferos, sua ocorrência está freqüentemente relacionada com a morte do embrião ou nascimento seguido por morte. Porém entre os peixes neotropicais, a triploidia é a forma mais comum de poliploidia e parece ser compatível com a viabilidade. Entre os Cyprinidae, há uma clara divisão em dois clados: um deles mais representativo, constituído por indivíduos diplóides e um outro menor, composto por indivíduos poliplóides, sendo sugerida a existência de um possível ancestral poliplóide para o grupo. Em Siluriformes, a poliploidia tem sido considerada um evento importante no processo de evolução cromossômica. Entre os peixes hermafroditas, a poliploidia parece ser um fenômeno mais freqüente, sendo mais rara entre as espécies com sexo separado. Duas hipóteses parecem ser mais viáveis para a origem de peixes poliplóides: a fertilização de um gameta diplóide (oriundo de uma não-disjunção meiótica) por um gameta haplóide, ou a retenção do segundo corpúsculo polar durante a gametogênese na formação do ovócito seguida pela fecundação por um gameta haplóide. Até o presente momento, 15 espécies, pertencentes a diferentes ordens e famílias registram casos de triploidias naturais. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar, através de ferramentas citogenéticas, um triplóide natural (2n=3x=87) de Rhamdia sp., coletado no ribeirão dos Negros, pertencente à bacia do rio Mogi Guaçu–SP. O cariótipo deste exemplar é constituído por trincas de cromossomos, sendo 11 metacêntricas, 12 submetacêntricas e 6 subtelo-acrocêntricas. A coloração com nitrato de Prata evidenciou três NORs ativas no braço curto de 3 cromossomos homólogos submetacêntricos. O bandamento C evidenciou pouca quantidade de heterocromatina, sendo destacadas bandas centroméricas em vários cromossomos e bandas teloméricas em algumas trincas do complemento. Entre os cromossomos metacêntricos pequenos ocorrem bandas-C biteloméricas, situação esta que parece ser uma característica peculiar em várias espécies de Siluriformes. Um bloco mais proeminente de heterocromatina ocorre no braço curto dos cromossomos portadores da NOR, coincidente com a região organizadora do nucléolo. A temperatura tem sido considerada um fator determinante na ocorrência de triploidia natural em peixes neotropicais. A maioria destes organismos apresenta fecundação externa e o término da segunda divisão meiótica somente ocorre após a desova. Desta forma, as células gaméticas femininas são mais suscetíveis às variações de temperatura, podendo resultar na retenção do segundo corpúsculo polar. Este fato é mais provável entre os peixes de riachos e ribeirões, pois em tais ambientes à variação de temperatura ocorre mais bruscamente do que na calha principal dos rios. Apoio financeiro: FAPESP e CNPq. 83 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Relações filogenéticas no gênero Rhamdia (Pisces, Siluriformes, Heptapteridae) com base nos genes mitocondriais ATPASE, citocromo B e ND2 Garcia, C1; Trajano, E2; Almeida Toledo, LF1 Instituto de Biologia, Departamento de Genética e Biologia Evolutiva, Universidade de São Paulo 2 Instituto de Biologia, Departamento de Zoologia, Universidade de São Paulo [email protected] 1 Palavras-chave: Siluriformes, Rhamdia, Filogenia, DNA mitocondrial, Espécies crípticas Espécies pertencentes ao gênero Rhamdia ocorrem desde a região centro-sul da Argentina até o sul México. De maneira geral, a sistemática deste gênero permanece confusa, principalmente devido a falhas na identificação das espécies por conflitos taxonômicos. Dessa forma estão descritas atualmente, 11 espécies válidas para a região Neotropical. Rhamdia quelen é umas das espécies mais amplamente distribuídas, estando descrita para os principais sistemas hidrográficos brasileiros. Este peixe, que pode atingir até 50 cm e apresenta hábitos migratórios (que dependem de seu período reprodutivo e/ou condições ambientais), compõem, para alguns autores, que se baseiam em estudos morfológicos e citogenético-moleculares, um possível complexo de espécies ainda pouco explorado. Já R. enfurnada consiste em uma espécie troglófila encontrada na Gruta do Enfurnado/BA. Os principais objetivos do presente trabalho consistem em contribuir para o esclarecimento das relações filogenéticas entre populações geograficamente distintas de Rhamdia, bem como identificar a possível ocorrência de espécies crípticas. Para tal, foram analisados segmentos das seqüências de três genes mitocondriais (ND2, ATPase e Citocromo B) num total de 2065pb, de 113 exemplares de R. quelen e 24 exemplares de R. enfurnada. Estudos com o gene nuclear S7 estão sendo iniciados. O programa Mega 4.0 foi utilizado para a construção das árvores filogenéticas através do método de Neighbour-Joining, com bootstrap calculado a partir de 1000 replicações e utilizando o modelo de Jukes-Cantor. Acentronichthys, Imparfinis, Microglanis e Pimelodella foram utilizados como grupos externos nas análises. A reconstrução das árvores filogenéticas foi semelhante para os três genes e demonstrou a formação de grandes grupos, nos quais a maioria das populações pertenciam a uma mesma bacia hidrografia, embora em alguns casos, estivessem presentes populações de localidades bastante distantes. Um dos grupos foi composto por R. enfurnada e duas populações de R. quelen. Os resultados encontrados reforçam a proposta de que a divergência destas populações encontra-se intimamente relacionada com a história das bacias hidrográficas onde são encontradas e que a espécie R. quelen, provavelmente compõe um conjunto de espécies crípticas uma vez que algumas das populações estudadas mostraram-se mais relacionadas com R. enfurnada. Apoio Financeiro: CAPES, CNPq e FAPESP. 84 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análises citogenéticas e moleculares em duas espécies de siluriformes da bacia do rio Paranaíba Molina, RAS1; Faria, RCB1; Morelli, S1 Instituto de Genética e Bioquímica – Universidade Federal de Uberlândia/MG [email protected] 1 Palavras-chave: citogenética, cromossomos, Pinirampus, Trachelyopterus, RAPD A ordem dos siluriformes é um grupo de peixes que consiste de 34 famílias com cerca de 412 gêneros e 2405 espécies, das quais 1300 habitam a região neotropical. No presente trabalho foi realizado um estudo citogenético em duas espécies de peixes pertencentes à ordem Siluriformes, Pinirampus pirinampu (Barbado), da família Pimelodidade e Trachelyopterus galeatus (Jauzinho), da família Auchenipteridae. Os dados cariotípicos de Pinirampus pirinampu mostram um padrão conservado tanto para a população do rio Araguari como para a do rio Paranaíba, comparado a outras populações estudadas. O cariótipo é constituído por 2n=50 cromossomos, distribuídos em 22m + 12sm + 4st + 12a, com NF = 88. A NOR apresenta o mesmo padrão em ambas as populações, localizada na região telomérica no braço curto de um par de subtelocêntricos. O padrão de distribuição da heterocromatina foi distinto, podendo separar as duas populações por este padrão. Na população do rio Araguari, notou-se a presença de dois pares cromossômicos com marcas intersticiais, ausentes na população do rio Paranaíba, que por sua vez apresentou um polimorfismo em tamanho em um par de cromossomos, com um homólogo fortemente marcado na região intersticial e ausência de marcação no homólogo correspondente. Observou-se ainda diferenças quanto ao tamanho comparado dos cromossomos, sugerindo variações quanto à distribuição da heterocromatina. Pelo tratamento com CMA3, foi possível identificar blocos brilhantes nas regiões teloméricas. O padrão de digestão por AluI evidenciou algumas marcações positivas nas regiões teloméricas e centroméricas nas duas populações, e alguns sítios de clivagem em regiões pericentroméricas. Com o uso do Hoechst, não se evidenciou blocos ricos em AT, mas uma marcação negativa na população do rio Araguari. A população de Trachelyopterus galeatus do rio Araguari, mostrou-se com número diplóide de 2n=58 cromossomos, distribuídos em 24m + 12sm + 6st + 10a, com NF=106. Embora esta população apresente certo grau de semelhança com a população do rio São Francisco, nota-se uma distinta variabilidade cariotípica nesta população quando comparada a outras populações estudas. A NOR é do tipo simples, em um par de cromossomos acrocêntricos. A banda-C evidenciou fracos blocos heteroromáticos na região telomérica na maioria dos cromossomos. O tratamento com AluI permitiu localizar alguns sítios de clivagem e algumas marcações positivas. Por meio do Hoechst, foi possível identificar fracas marcações em alguns cromossomos. Através das análises moleculares por RAPD, obteve-se um padrão bandas polimórficas, sendo possível distinguir tanto as populações de Pinirampus pirinampu (distância genética de 0,183) entre si bem como da população de Trachelyopterus galeatus (distância genética de 0,735), gerando um dendograma representativo da distância genética entre as espécies estudadas. As análises moleculares reforçaram os estudos citogenéticos, funcionando como um sistema adicional de marcadores genéticos, permitindo separar claramente as populações estudadas. Apoio Financeiro: CNPq, FAPEMIG e UFU. 85 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização genética de Pseudoplatystoma cf. punctifer de bacias da região nordeste, Brasil baseado em sequências do DNA mitocondrial Aragão, DG; Barros, MC; Fraga, EC Laboratório de Genética e Biologia Molecular – CESC/UEMA [email protected], [email protected] Palavras-chave: Pseudoplatystoma, rRNA 16S, DNA mitocondrial Os Siluriformes compreendem um grupo de peixes bastante diversificado com cerca de 34 famílias, 412 gêneros e aproximadamente 2.400 espécies, distribuídas em vários continentes. Na família Pimelodidae o gênero Pseudoplatystoma Bleeker (1862) agrupava apenas três espécies, P. fasciatum (Linnaeus, 1766), P. tigrinum (Valenciennes, 1840), e P. corruscans (Spix & Agassiz, 1829). Recentemente este gênero foi revisado acrescentado mais cinco espécies, P. punctifer (Castelnau, 1855), P. reticulatum Eigenmann & Eigenmann, P. orinocoense n. sp., P. metaense n. sp. e P. magdaleniatum n.sp., sendo a espécie P. punctifer (Castelnau, 1855) amplamente distribuída na região nordeste e bastante explorada na pesca artesanal e comercial. Os peixes deste gênero são economicamente importantes por sua carne possuir valor de mercado bastante atrativo. No entanto, pouco se conhece sobre o perfil genético dos estoques de P. punctifer distribuídos no nordeste necessitando de informações que possam subsidiar programas de conservação e manejo desta espécie. As amostras foram obtidas nas bacias dos rios Itapecuru/MA, Pindaré/MA e Parnaíba/PI. A extração de DNA foi realizada a partir do tecido muscular utilizando-se o protocolo de fenol-clorofórmio e a amplificação do gene rRNA 16S foi realizada via PCR usando iniciadores específicos. O produto da PCR foi seqüenciado usando-se o método didesoxiterminal com o Kit Big Dye. As seqüências geradas foram editadas e alinhadas no Clustal W do programa Bioedit. As análises filogenéticas foram realizadas no programa MEGA4 e uma seqüência de Hemisorubim platyrhynchos e outra de Sorubim lima/AY264132 do Genbank foram incorporadas ao banco de dados e usadas como grupo externo. Um fragmento com 361 pares de bases foi obtido em 23 amostras de P. cf punctifer com uma composição nucleotídica de T = 22,6%, C = 24%, A= 30,9% e G = 22,5%. Foram observados dois haplótipos, onde o haplótipo 1 (H1) mostrou-se como o mais freqüente e compartilhado pelas três bacias analisadas. Já o haplótipo 2 (H2) foi encontrado somente na do Parnaíba e do Itapecuru. A análise filogenética gerou árvores com topologia similar nos diferentes métodos analisados mostrando um forte agrupamento entre os três haplótipos (bootstrap 98%). Dessa forma, os dados da presente análise confirmam a ocorrência de uma única espécie nas bacias estudadas. Apoio Financeiro: BNB, FAPEMA, UFPA e UEMA. 86 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise do mtDNA no gênero Pimelodella (Pisces, Siluriformes, Heptapteridae): uma abordagem filogenética Peixoto, MS1; Garcia, C1; Trajano, E2; Almeida Toledo, LF1 Dep. de Genética e Biologia Evolutiva, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo 2 Dep. de Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo [email protected] 1 Palavras-chave: Siluriformes, Pimelodella, ictiofauna, mtDNA, filogenia Os peixes representam o grupo mais diversificado e um dos mais interessantes para estudos da genética e de evolução entre os vertebrados. Estimativas da diversidade de espécies da ictiofauna de água doce Neotropical são propostas dentro do contexto de uma taxa acelerada de descrição de novas espécies nos últimos anos. Na ordem Siluriformes encontram-se as espécies de peixes mais amplamente distribuídos. Os representantes desta ordem são popularmente conhecidos como bagres, cascudos, entre outros. Os Siluriformes Neotropicais compreendem oito grupos monofiléticos: Diplomystidae, Cetopsidae, Loricaridae, Doradeidae, Aspredinidae, Pimelodidae, Heptapteridae e Pseudopimelodidae. Pimelodella é um dos gêneros pertencentes à família Heptapteridae, contando com cerca de 60 espécies distribuídas desde o sul da América do Sul até o Panamá e América Central. Os dados citogenéticos disponíveis demonstram uma grande variabilidade cariotípica, marcada por variações no número diplóide, presença de um sistema de cromossomos sexuais diferenciados morfologicamente e cromossomos B. Os estudos citogenéticos e moleculares neste gênero sugerem a possível ocorrência de um complexo de espécies. Nos últimos anos, tem sido observado um considerável aumento na aplicação de marcadores moleculares de DNA na análise de problemas relativos à Genética de Populações e à Sistemática. Neste trabalho estudos moleculares preliminares de diferentes espécies de Pimelodella que ocorrem nos rios das principais bacias hidrográficas do Estado de São Paulo foram realizados, utilizando-se amplificação de genes mitocondriais englobando ATPase 6 e 8, Citocromo b e ND2. Estudos com o gene nuclear S7 estão sendo iniciados. Os produtos da PCR foram seqüenciados em seqüenciador automático modelo ABI-PRISMA 3100. As seqüências obtidas foram verificadas no GenBank para confirmação da similaridade com as seqüências mitocondriais de outros peixes. As seqüências foram alinhadas no programa MEGA 4, com a ferramenta CLUSTAL W, disponível no programa. Os gêneros Ancestronychthys, Imparfinis, Microglanis e Rhamdia foram utilizados como grupos externos. Para a inferência filogenética foi utilizado o método Neighbour-Joining com o modelo Jukes e Cantor. Os dados obtidos sobre as seqüências sugerem que, apesar do isolamento geográfico, ocorrem agrupamentos entre populações que se encontram separados por bacias hidrográficas. As relações entre as famílias dos Siluriformes são pobremente conhecidas e os dados moleculares devem ajudar para o entendimento das relações entre as famílias. Apoio Financeiro: FAPESP, CNPq e CAPES. 87 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 A espécie Sorubim lima (Pimelodidae) em diferentes bacias do estado do Maranhão/ Brasil: uma abordagem molecular Santos, RS; Fraga, EC; Barros, MC Laboratório de Genética e Biologia Molecular – CESC/UEMA [email protected] Palavras-chave: Pimelodidae, Sorubim lima, gene 16S A família Pimelodidae pertencente à ordem Siluriformes agrupa atualmente 31 gêneros e 90 espécies. Como membro da família Pimelodidae, o gênero Sorubim possui cinco espécies válidas, sendo Sorubim lima (Bloch & Schneider, 1801) uma espécie amplamente distribuída e que vive em diferentes habitat: lagos, rios e bocas de igarapés. A espécie S. lima é predadora dos grandes rios da América do Sul, faz parte do comércio de peixes ornamentais e é importante fonte de proteína sendo vendido em muitos mercados de peixes ao longo da América do Sul. Estudos genéticos desta espécie ainda são incipientes, portanto, objetivou-se caracterizar molecularmente a espécie Sorubim lima em diferentes rios do estado do Maranhao por meio de seqüências do DNA mitocondrial do gene rRNA 16S. As amostras foram provenientes das bacias dos rios Itapecuru e Pindaré e identificadas através de chaves específicas. O DNA total foi extraído a partir do tecido muscular utilizando o protocolo de fenol-clorofórmio, o isolamento e amplificação do gene rRNA 16S foi realizada através da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) usando combinações de primers específicos. O produto da PCR foi seqüenciado usando-se o método didesoxiterminal. As seqüências geradas foram editadas e alinhadas no Clustal W do programa Bioedit. Uma seqüência de Sorubim lima/AY264132 retirada do Genbank foi incorporada ao banco de dados. Um fragmento de 450 pares de bases foi obtido em 24 amostras, sendo sete do rio Pindaré, 16 do rio Itapecuru e uma oriunda dos rios neotropicais (AY264132). Uma baixa variabilidade genética com apenas quatro sítios polimórficos (239, 244, 249 e 292) ao longo do fragmento analisado foi verificado. No entanto quando analisado apenas os espécimes dos rios Itapecuru e Pindaré um único haplótipo foi observado tratando-se assim de uma única espécie ao longo das duas bacias e corroborando com as informações disponíveis na literatura através de estudos morfológicos o que confirma o status específico. Apoio financeiro: BNB, UFPA e UEMA. 88 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Amplificação heteróloga e caracterização de locos microssatélites em piraíba - Brachyplatystoma filamentosum – (Siluriformes: Pimelodidae) para estimativa da variabilidade genética Filgueiras-Souza, RJ1; Batista, JS1; Formiga-Aquino, K1; Farias, IP3; Alves-Gomes, JA2 Laboratório Temático de Biologia Molecular/Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – LTBM/INPA Coordenação de Pesquisas em Biologia Aquática/Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia CPBA/INPA 3 Laboratório de Evolução e Genética Animal/Universidade Federal do Amazonas – LEGAL/UFAM [email protected] 1 2 Palavras-chave: microssatélites, piraíba, Amazônia Dentre as diversos grupos de peixes conhecidos da Amazônia, um é o dos grandes bagres migradores que pertencem à ordem dos Siluriformes, família Pimelodidae, o qual, encontra-se a Piraíba, Brachyplatystoma filamentosum peixe liso, de grande porte. Assim como outros bagres (dourada e piramutaba) estima-se que a piraíba realiza migrações reprodutivas na calha do rio Amazonas/Solimões e seus tributários, percorrendo mais de 5 mil km em direção às cabeceiras. No intuito de disponibilizar marcadores moleculares microssatélites para futuros estudos de genética populacional e definição de estoques pesqueiros, este trabalho teve por objetivo verificar a amplificação heteróloga de 11 locos microssatélites, desenvolvidos para a dourada (B. rousseauxii) em piraíba, bem como caracterizar os locos microssatélites polimórficos. Esses marcadores, também chamados de SSR (Simple sequence repeat), apresentam numerosas vantagens quando comparados a outros tipos de marcadores. Foi extraído o DNA total de 38 espécimes de piraíba, provenientes do rio Madeira. A reação de amplificação dos locos de SSR seguiu as condições de temperatura utilizadas com as amostras de B. rousseauxii. As análises dos genótipos incluíram os seguintes parâmetros: número de alelos, heterozigosidade observada e esperada bem como, o teste de equilíbrio de Hardy-Weinberg, Entre os 12 marcadores SSR testados, foi obtida a amplificação heteróloga para oito locos. Destes, sete apresentaram-se polimórficos com um número de alelos variando entre 2 a 6 em um total de 10 a 38 indivíduos analisados. Os níveis de heterozigosidade observada foram entre 0.06 (BR02) a 0.8000 (BR17) e três locos apresentaram desequilíbrio de Hardy-Weinberg (BR01, BR04 e BR16). O loco BR17 apresentou os maiores níveis de heterozigosidade enquanto o BR16 os menores níveis. Os locos microssatélites caracterizados em B.filamentosum podem ser utilizados como marcadores moleculares no estudo de genética populacional e delimitação de estoques pesqueiros dessa espécie, contribuindo para futuros planos de conservação e manejo desse recurso pesqueiro. Apoio Financeiro: Governo do Estado/SECT/FAPEAM, CNPq/PPG7, CNPq/CT-Amazônia, MCT-INPA. 89 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização molecular da espécie Hemisorubim platyrhynchos (Pimelodidae) da bacia do rio Itapecuru Maranhão - Brasil Santos, SM; Fraga, EC; Barros, MC Laboratório de Genética e Biologia Molecular – CESC/UEMA [email protected] Palavras-chave: Hemisorubim platyrhynchos, Pimelodidae, rRNA 16S, Jurupoca, Rio Itapecuru A família Pimelodidae, possui 30 gêneros e aproximadamente 85 espécies amplamente distribuídas na região Neotropical. Entre estas espécies Hemisorubim platyrhynchos (Valenciennes, 1940) conhecida popularmente como jurupoca, lírio e bico de pato. É um peixe de corpo curto e distendido na região abdominal com focinho muito achatado, de cor acinzentada para cinza-rosada no dorso e parte dos flancos, apresentando cerca de oito máculas longitudinalmente. Esta espécie apresenta grande potencial de consumo com representativo valor na produção pesqueira de águas interiores devido o seu tamanho e a qualidade de sua carne. Apesar de sua larga distribuição e da vasta gama de habitat explorados por esta espécie estudo relacionado à genética ainda é bastante incipiente, sendo assim objetivou-se caracterizar molecularmente esta espécie. As amostras foram obtidas ao longo da bacia do Rio Itapecuru no estado do Maranhão. O isolamento e amplificação da região genômica a partir do DNA total foi realizado através da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) usando-se iniciadores universais O produto da PCR foi seqüenciado usando-se o método didesoxiterminal, as seqüências obtidas foram editadas e alinhadas usando-se o programa Bioedit. Um fragmento de 563 pares de bases para o gene rRNA 16S foi obtido em 14 espécimes identificados como H. platyrhynchos com uma composição nucleotídica de 23,2% de Timina, 23,5% de Citosina, 31,3% de Adenina e 22,0% de Guanina. Um único haplótipo foi observado para a bacia do rio Itapecuru tratando-se assim de uma única espécie ao longo da bacia o que confirma o status específico. Apoio financeiro: BNB, UFPA e UEMA. 90 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise populacional de Hypostomus ancistroides (Pisces, Siluriformes) Brandão, KO; Kavalco, KF; Almeida Toledo, LF Departamento de Genética e Biologia Evolutiva, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo – USP, São Paulo, SP, Brasil [email protected] Palavras-chave: Hypostomus, rearranjos cromossômicos O gênero Hypostomus apresenta imensa variabilidade cariotípica, tanto intra como interespecífica. Essa variabilidade interespecífica é observada quando é analisado o número diplóide de diferentes espécies de Hypostominae. Nesse grupo os rearranjos Robertsonianos são os principais responsáveis pela evolução cariotípica, resultando na ampla variação do número diplóide (2n=52 a 2n=80 cromossomos). Não é possível concluir o mesmo em relação à variabilidade intra-específica, uma vez que não há estudos citogenéticos de abordagem interpopulacional e os poucos estudos do gênero revelam a conservação do número diplóide em diferentes populações da mesma espécie. O presente trabalho é o primeiro a realizar um estudo da estrutura cariotípica dessas espécies, com enfoque populacional. Para esse estudo, três populações de Hypostomus ancistroides foram analisadas através de métodos citogenéticos clássicos e moleculares. Foram coletados 10 machos, 12 fêmeas e 8 indivíduos jovens, provenientes da bacia do rio Tietê, Botucatu/SP; bacia do rio Mogi-Guaçu, Araras/SP; e da bacia do rio Pardo, Terra Roxa/SP. Cada bacia apresentou um cariótipo distinto do cariótipo das demais. Entretanto todos os indivíduos apresentaram um número diplóide igual a 68 cromossomos, sendo as fórmulas cariotípicas: 14M+16SM+12ST+26A para os exemplares de Araras, 16M+10SM+12ST+30A para Botucatu e 14M+12SM+10ST+32A para Terra Roxa. Os resultados obtidos pela hibridação in situ fluorescente com sonda de DNAr 18S mostraram sistema múltiplo de RONs para as populações de Araras e Botucatu. Sistema simples de RONs foi, porém observado nos espécimes de Terra Roxa, sendo apenas o par acrocêntrico maior portador do gene. Ainda referente ao padrão de localização cromossômica dos genes ribossômicos, identifica-se um acentuado polimorfismo no sítio do par 18 na população de Araras, podendo este estar ausente, presente em um dos homólogos ou presente no par cromossômico. Os resultados para o cístron 5S evidenciaram conservação do cromossomo portador assim como de sua posição intersticial em um cromossomo submetacêntrico. Com a análise desses dados podemos inferir que as pequenas diferenças observadas na fórmula cariotípica das populações analisadas, podem estar relacionadas com eventos de vicariância, gerados por isolamento geográfico, uma vez que os cascudos são peixes de baixa vagilidade, embora apresentem ampla distribuição. Essas variações seriam resultados de rearranjos não Robertsonianos, uma vez que, é mantido o número diplóide em todas as populações conhecidas de H. ancistroides, porém ocorrem divergências na estrutura cariotípica. Em relação ao padrão de localização de genes ribossomais, a grande variabilidade vista para o cístron 18S é um caráter marcante para o gênero Hypostomus. O mesmo não ocorre para o gene 5S, cuja localização e posição são conservadas; essa conservação pode indicar um marcador para a espécie, porém a análises de outras espécies de Hypostomus revelaram o mesmo padrão de marcação. Portanto, a localização e posição do DNA 5S se apresentam, possivelmente, como um marcador de gênero. Apoio Financeiro: CNPq e Fapesp. 91 54º Congresso Brasileiro de Genética 92 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Padronização das condições de amplificação da técnica ISSR, para obtenção de marcadores moleculares espécie-específicos em populações de Hypostomus da bacia do rio Ivaí Avanzi, VM1; Bimbato, EP1; Castro, NK1; Guedes, AAS1 Departamento de Ciências Biológicas- Centro Universitário de Maringá-CESUMAR [email protected] Palavras-chave: ISSR, Hypostumus, marcadores moleculares, rio Ivaí, extração de DNA Atualmente diversas técnicas de biologia molecular têm sido utilizadas na análise genética de populações, bem como na identificação e caracterização molecular de indivíduos. A ISSR ou SPAR (Single Primers Amplifications Reactions) tem se mostrado eficiente na produção de padrões polimórficos informativos intraespecíficos e interespecíficos. O gênero Hypostomus apresenta alta variabilidade interespecífica na morfologia e no padrão de cores, o que causa problemas de identificação taxonômica no grupo, como ocorre na bacia do rio Paraná. A correta identificação de espécies e populações é condição básica necessária para estudos de ecologia e elaboração de práticas de manejo para o grupo na região. Por isso o objetivo deste trabalho foi padronizar as condições ideais de amplificação da técnica ISSR, utilizando DNA de espécimes de Hypostomus coletadas no rio Ivaí para a obtenção de marcadores moleculares espécie-específicos que possam ser utilizados para a identificação de espécimes dentro do gênero. A extração de DNA dos espécimes foi baseada em fenol/clorofórmio e a amplificação foi realizada utilizando primers de seqüências de microssatélites. Foram obtidos marcadores diagnósticos para 6 diferentes espécies do gênero Hypostomus do rio Ivaí, que será útil na identificação de indivíduos na região, solucionando boa parte da problemática existente em relação à taxonomia do gênero. 54º Congresso Brasileiro de Genética 93 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Isolamento e caracterização de regiões microssatélites em Hypostomus gymnorhyncus Resende, LV1,3; Brondani, R2; Melo, DB1; Telles, MPC1; Borba, TCO2; Soares, TN1; Silva-Jr., NJ3 Laboratório de Genética & Biodiversidade, Universidade Católica de Goiás 2 Embrapa Arroz e Feijão 3 Systema Naturae – Consultoria Ambiental LTDA [email protected] 1 Palavras-chave: ictiofauna, microssatélites, peixe, transferibilidade, PCR As regiões microssatélites são multi-alélicos, codominantes e evoluem através de processos mutacionais decorrentes dos escorregões da DNA polimerase (slippage) ou de crossing-over desigual. Apesar de suas altas taxas evolutivas, os microssatélites são conservativos em suas regiões flanqueadoras e podem persistir por um longo período sem modificações. Os marcadores microssatélites constituem a classe de marcadores moleculares mais polimórficos conhecidas atualmente. As diversas aplicações, tais como mapeamento genético, investigação forense, análise populacional, estudos ecológicos, paternidade e biologia da conservação, dependem, portanto do desenvolvimento de primers espécie-específicos para estas regiões genômicas serem amplificadas através da PCR. Neste contexto, o trabalho tem por objetivo desenvolver primers para Hypostomus gymnorhyncus, além de testar a amplificação cruzada de 46 iniciadores desenvolvidos originalmente para outras espécies da ictiofauna. Para os testes de amplificação desses primers e da amplificação cruzada dos outros 46 primers, foram montadas reações de PCR utilizando três indivíduos, com uma amplitude de variação na temperatura de anelamento do primers entre 45 a 68ºC. Os produtos da amplificação foram separados em gel de poliacrilamida 6% e visualizados por coloração com nitrato de prata. Para o desenvolvimento dos primers o DNA foi extraído, a partir de tecido muscular, de um único indivíduo. Esse DNA primeiramente sofreu fragmentação com a utilização do sonicador, para a seleção de fragmentos de tamanho entre 1 a 2Kb, depois foi feito o tratamento das extremidades dos fragmentos de DNA, seguida da ligação dos fragmentos de DNA com o vetor, transformação em células competentes, de acordo com as especificações do pMOSBlue Blunt Ended Cloning Kit, fornecido pela Amersham Biosciences. Posteriormente foram selecionados as colônias positivas, que foram colocadas para crescer, em seguida, o DNA foi extraído, produzindo um total de 1536 clones. Desses, apenas 668 apresentaram qualidade para serem montadas as reações de PCR com o Kit DYEnamic ET Termintor (GE Healthcare), para serem submetidos ao processo de seqüenciamento no seqüenciador automático ABI 3100. As sequências foram depositadas no Sistema Genoma BioFoco, no qual foi realizada uma busca por regiões microssatélites. Essa busca possibilitou o isolamento e desenho de 24 primers flanqueadores de regiões microssatélites no genoma de Hypostomus gymnorhyncus (Hg_E01 a Hg_E24), compostas por motivos com dois a seis nucleotídeos. Do total de locos desenvolvidos 15 produziram alelos individualizáveis, com amplitude de variação no tamanho entre 161 e 494 nucleotídeos. Os locos foram padronizados em quatro grupos com relação às temperaturas de anelamento: 1º) 56ºC (Hg_E05, Hg_E07, Hg_E09, Hg_E16, Hg_E17); 2º) 64ºC (Hg_E04, Hg_E18, Hg_E24); 3º) 66ºC (Hg_E02, Hg_E19) e 4º) 68ºC (Hg_E08, Hg_E11, Hg_E12, Hg_E14, Hg_E22). Os testes de amplificação cruzada produziram resultados satisfatórios para 13 locos, disponibilizando, assim um total de 28 locos para a realização de análises genético-populacionais em Hypostomus gymnorhyncus. Apoio financeiro: Systema Naturae Consultoria Ambiental Ltda, PROPE/UCG. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estrutura genética de populações fragmentadas do mapará Hypophthalmus marginatus (Siluriformes) do rio Tocantins Hernández-Ruz, EJ; Gonçalves, EC; Silva, ALC; Schneider, MPC Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará, Campus Universitário do Guamá. Rua Augusto Corrêa, 01- CEP 66075-900 Caixa postal 8607. Bairro Guamá. Belém - Pará - Brasil [email protected] Desde a década de 80, o Rio Tocantins experimenta uma marcada fragmentação de hábitat relacionada à construção da usina hidrelétrica (UHE) de Tucuruí, Pará, Brasil. Neste trabalho, foi avaliado o padrão de diversidade genética de um fragmento do gene mitocondrial citocromo b e sua aplicação na análise da estrutura genética de populações do mapará Hypophthalmus marginatus (Siluriformes) impactadas pela construção desta usina. Amostragens a jusante da UHE Tucuruí foram feitas na altura das cidades de Abaetetuba (n = 26) e Cametá (n = 30) e a montante na altura de Tucuruí (n = 24) e Itupiranga (n = 26), de onde foram tomadas as medidas de diversidade nucleotídica e haplotípica. Uma análise da variância molecular AMOVA foi realizada incluindo-se as duas populações a jusante em um grupo e as duas populações a montante em um segundo grupo. O alinhamento das 106 seqüências resultou em um fragmento de 356 pares de bases, com diversidade haplotípica igual a 0,47 para somente 6 haplótipos (dois exclusivos a diferentes populações, 1 compartilhado por todas e outros 4 compartilhados por duas ou mais populações). Com respeito à diversidade nucleotídica, foi observado um padrão de equivalência entre Tucurui (π = 0,31) e Cametá (π = 0,37), e entre Itupiranga (π = 0,66) e Abaetetuba (π = 0,65), que por sua vez foram aproximadamente duas vezes maiores que aqueles das populações mais próximas da usina (Tucurui e Cametá). Não havendo evidências de maior pressão de pesca nestas duas regiões, é provável que esta redução nos níveis de diversidade nucleotídica possa ser um efeito da construção da UHE Tucuruí, embora isso deva ser confirmado com a análise de outras espécies. Quanto aos níveis de diferenciação genética, com um valor de Fst igual a 0,19, a AMOVA indicou maior variação entre grupos do que dentro dos grupos de populações, o que é congruente com um limitado ou mais provavelmente inexistente fluxo gênico entre os grupos a montante e a jusante. Isto sugere que a fragmentação impactou negativamente as populações de mapará naquela região. Adicionalmente, com base no conjunto de resultados deste estudo, é sugerido que estes níveis de diversidade sejam continuamente monitorados e que medidas efetivas sejam tomadas no caso de maior redução de variabilidade genética, em especial das populações a jusante da usina. Apoio financeiro: CAPES; CNPq. 94 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Sistemática molecular de peixes da ordem Gymnotiformes na bacia do rio Itapecuru/MA Silva, SCR; Fraga, E; Barros, MC Laboratório de Genética e Biologia Molecular - CESC/UEMA [email protected] Palavras-chave: Rio Itapecuru, Gymnotiformes, Genética, rRNA 16S, Peixes Os peixes da ordem Gymnotiformes, comumente chamados como “sarapós” e “tubis” são peixes de água doce, originados da América do Sul, com espécies que invadiram posteriormente a América Central, constituem um grupo interresante, por apresentarem órgãos geradores de eletricidade localizados na pele que lhes permite formar um campo elétrico ao redor do corpo e uma grande capacidade de regeneração quando são lesados por predadores. Atualmente o grupo é constituído de seis famílias (Gymnotidae, Electrophoridae, Apteronotidae, Sternopygidae, Hypopomidae e Rhamphichthyidae. É consideravelmente um grupo bastante diverso com 135 espécies válidas. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar os Gymnotiformes da Bacia do Rio Itapecuru. A amostragem foi constituída de espécimes obtidas ao longo do rio Itapecuru. O DNA foi isolado utilizando-se o protocolo fenol-clorofórmio e a amplificação do rRNA 16S foi realizada através da técnica de PCR. Os produtos da PCR foram seqüenciados utilizando-se o método didesoxiterminal. As seqüências foram editadas e alinhadas no programa BioEdit. Seqüências foram retiradas do GenBank SSU15228/ Sternopygus sp; RSU15233/Rhamphichthys sp; AAU15226/Apteronotus albifrons e AFO72154 Apteronotus hasemani e incorporadas na análise para verificar a similaridade genética entre este e os estoques do da bacia do rio Itapecuru. Uma seqüência de Siluriformes foi usada como grupo externo. Um fragmento de 301 pares de bases do gene rRNA 16S foi obtido a partir de 22 seqüências de peixes da ordem gymnotiformes, distribuídos em 3 gêneros (Sternopygus, Rhamphichthys e Apteronotus) com a seguinte composição nucleotídica 25,0 % de Timina, 23,2 % de Citosina, 29,3% de Adenina e 22,6% de Guanina. A análise filogenética gerou árvores de Máxima Parcimônia e Agrupamento de vizinhos com o algoritmo de Jukes-cantor. A confiabilidade dos ramos foi obtido através do bootstrap. As topologias geradas foram bastante similares nos diferentes métodos de análise gerando três clados monofiléticos fortemente suportados (100% de bootstrap) para cada gênero. A distancia genética variou de 10,8 a 11,7% entre Rhamphichthys e Sternopygus e de 16,8 a 17,8% entre Rhamphichthys e Apteronotus. No entanto, valores maiores de divergência genética foi observado entre Sternopygus e Apteronotus (18,8 %). A magnitude desta divergência corrobora o status destes gêneros em famílias distintas como estabelecido por suas características morfológicas. Apoio Financeiro: BNB/UEMA e UFPA. 95 54º Congresso Brasileiro de Genética 96 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Filogenia de Steatogenini Alberts, 2001 (Gymnotiformes) com notas sobre sua diversidade: DNA Barcode e marcadores mitocondriais e nuclear Schmitt, R1; Alves-Gomes, JA Laboratório de Fisiologia Comportamental e Evolução – LFCE/Coordenação de Pesquisas em Biologia Aquática – CPBA/Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA [email protected] 1 Palavras-chave: D-Loop, RAG-1, peixe elétrico, espécies crípticas e Gymnotiformes Assim como os demais exemplares da ordem Gymnotiformes (peixes elétricos sul americanos), as espécies da tribo Steatogenini Alberts, 2001 possuem aptidão para produzir e detectar descargas elétricas alternadas de fraca intensidade no meio em que vivem como resultado da ação direta do Sistema Eletrogênico Eletrosensório (SEE) - um mecanismo sensitivo especializado utilizado prioritariamente durante as interações comportamentais. Ainda que esta peculiaridade seja responsável por motivar e acumular inúmeros conhecimentos em neurobiologia, os aspectos biológicos básicos da ordem como o número de espécies válidas, a distribuição das espécies, o relacionamento filogenético em diversos níveis taxonômicos e o número de famílias atualmente reconhecidas têm suscitado discussões entre especialistas. A tribo Steatogenini (Hypopomidae) congrega seis espécies distribuídas entre três gêneros (Steatogenys, Stegostenopos e Hypopygus), contudo estudos recentes discordam com relação a seu posicionamento filogenético dentro da superfamília Rhamphicthyoidea (Rhamphicthyidae + Hypopomidae). Sendo assim, os objetivos deste trabalho foram (1) determinar o monofiletismo da tribo Steatogenini (2) determinar o posicionamento filogenético da mesma dentro da superfamília Rhamphicthyoidea e (3) validar o fragmento de DNA Barcode CO-I como um marcador sensível no reconhecimento de linhagens de Gymnotiformes intimamente relacionadas. Para tanto, foram obtidas seqüências para marcadores moleculares 12S, 16S, D-loop, CO-I e RAG-1 de 30 indivíduos (três de cada espécie da tribo e de um a dois exemplares de cada gênero dos demais representantes de Rhamphicthyoidea). Os resultados das análises filogenéticas de Máxima Parcimônia (MP) e Máxima Verossimilhança (MV) conduzidas no programa PAUP 4.0b10 foram consistentes na determinação de três grupos monofiléticos dentro de Rhamphicthyoidea, sendo o monofiletismo da tribo Steatogenini confirmado com a seguinte topologia (Steatogenys (Stegostenopos, Hypopygus)). Em relação ao posicionamento de Steatogenini dentro da superfamília, a tribo aparece inserida junto à família Rhamphicthyidae e não junto à Hypopomidae como atualmente é reconhecida. Estes resultados concordam com as hipóteses filogenéticas apresentadas por Alves-Gomes et al. (1995) e Sullivan (1997) e não com a proposta atual. As análises também demonstraram o parafiletismo de Hypopygus, uma vez que o gênero Stegostenopos foi recuperado nas topologias obtidas como grupo irmão da espécie Hypopygus neblinae discordando com os resultados de Triques, 1994 que o descreve como grupo irmão do gênero Hypopygus (H. lepturus + H. neblinae). Os resultados também identificaram diferentes linhagens de Hypopygus lepturus com distâncias genéticas tão grandes quanto aquelas obtidas entre as duas espécies de Hypopygus. As análises de DNA barcode realizadas foram eficientes para identificar estas linhagens confirmando sua sensibilidade na identificação de linhagens intimamente relacionadas. Os resultados apresentados no presente trabalho recomendam fortemente uma revisão sistemática e taxonômica do grupo incluindo a descrição de novas espécies. Apoio financeiro: CNPq, FINEP, INPA e CAPES. 54º Congresso Brasileiro de Genética 97 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Molecular markers based on SPAR (single primer amplification reaction) indicate a new species of Gymnotus (Pisces: Gymnotiformes) from the Recôncavo Norte/BA Araújo, TM1, Santana, TJ1, Cunha, GM1, Zuculoto, RB2, Fernandes, FMC1,2 Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal da Bahia 1 2 The order Gymnotiformes is a monophyletic group of electrogenic freshwater fish. It comprises five families. Gymnotus and Electrophorus are the two genus of Gymnotidae, and Gymnotus is the most widely distributed in Neotropical region. Gymnotus, until now, encompasses about 32 nominal species, although many undescribed species probably still exist. The species diversity of Gymnotus is well known in the Amazon basin, but few data are available about species diversity, distribution and population structure of this genus in other Neotropical basins. A very good species specific molecular marker, obtained by the single primer amplification reaction (SPAR) technique, was described by Fernandes-Matioli et al. (2000). This technique is based on polymerase chain reaction (PCR) amplification of DNA markers using single primers of simple sequence repeats (SSR) or microsatellites. This molecular marker was named micro11. Recently, new populations of Gymnotus had being identified from the Recôncavo Norte/BA. New patterns of micro11 amplification were found over these populations, what might indicate the occurrence of new species of Gymnotus in the Northeastern, Brazil. The present work outlines the first steps of an appropriate application of a molecular technique to improve the understanding of species diversity and geographic distribution of Gymnotus species in the Recôncavo Norte/BA, an approach which may be very useful in conservation programs involving communities of Neotropical freshwater fish. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudo Populacional em Gymnotus pantherinus (Gymnotiformes, Gymnotidae) das pequenas drenagens costeiras do leste e sudeste do Brasil Baroni, S1; Almeida-Toledo, LF1 Departamento de Genética e Biologia Evolutiva, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo [email protected] 1 Palavras-chave: Gymnotus, filogeografia Os peixes de água doce têm naturalmente sua distribuição fragmentada de acordo com a hidrografia, o que limita o fluxo gênico entre populações confinadas em drenagens diferentes e acentua a divergência populacional dessas espécies. O fluxo gênico é ainda mais limitado em populações de baixa dispersão ou que enfrentam barreiras físicas e comportamentais. Um estudo populacional foi conduzido na tentativa de elucidar o papel relativo dos processos históricos e do atual fluxo gênico na estruturação de populações de Gymnotus pantherinus, uma espécie que ocorre em riachos da costa leste e sudeste do Brasil. Habitat de características peculiares, os riachos de mata atlântica apresentam uma fauna endêmica e restritiva, que depende da floresta para sua sobrevivência. A destruição das matas provoca a descontinuidade desse habitat, causando uma drástica redução da ictiofauna e, consequentemente, alterando o fluxo gênico das populações naturais. No presente estudo foram amostrados 260 indivíduos, representantes de 24 localidades distribuídas desde o sul da Bahia até Santa Catarina. Baseado no gene mitocondrial citocromo b, verificou-se a ocorrência de 37 haplótipos, com 48 sítios segregantes e 51 mutações, e diversidade haplotípica e nucleotídica igual a 0.915 e 0.01226, respectivamente. Haplótipos exclusivos foram encontrados em 6 localidades, embora haja um notório compartilhamento de haplótipos na região que abrange as drenagens do Alto Tietê, Alto Paraíba do Sul e sul do estado de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Valores significativos de Fst foram registrados na maioria das comparações entre pares de populações, com exceção de Santos x Juréia x Paranaguá, Ariri x Cananéia, Eng. Marcilac x Juquitiba x S. Lourenço da Serra x Natividade da Serra. A hipótese de neutralidade não pôde ser rejeitada pelos testes de Tajima e de Fu e Li’s, sugerindo que a variação observada seja seletivamente neutra. A relação entre os haplótipos evidencia 4 agrupamentos principais, constituídos por: 1. Rios costeiros do sul de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, Alto Tietê, Alto Paraíba do Sul e Alto Iguaçu; 2. Rio de Janeiro; 3. Rios costeiros do litoral norte de São Paulo; 4. Bahia e Espírito Santo. De um modo geral, os resultados sugerem uma acentuada estruturação entre as populações de G. pantherinus. Por outro lado, acredita-se que os eventos de captura de cabeceiras envolvendo Alto Tietê, Alto Paraíba e riachos costeiros do litoral sul de São Paulo possam ser responsáveis pelo contato recente e falta de estruturação verificada nessa região. Apoio Financeiro: Fapesp; Capes. 98 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Um novo cariótipo indica a ocorrência de uma espécie não descrita de Gymnotus (Gymnotidae-Gymnotiformes) na Amazônia Oriental MIlhomem, SSR3; Silva, DS4; Pieczarka, JC1,2; Nagamachi, CY1,2 Laboratório de Citogenética, ICB, UFPA 2 Pesquisador do CNPq 3 Bolsista de Doutorado (CNPq) em Genética e Biologia Molecular 4 Bolsista de Mestrado (CAPES) em Genética e Biologia Molecular [email protected] 1 Palavras-chave: Citogenética, Gymnotus, Bandeamentos, Peixe elétrico, FISH Das 33 espécies de Gymnotus descritas atualmente, cerca de 18 já foram catalogadas na Bacia Amazônica. É um gênero que apresenta extensa variabilidade citogenética. Com o intuito de se conhecer melhor a evolução cariotípica deste gênero, foram estudados citogenéticamente quatro exemplares (3 fêmeas e 1 macho) de Gymnotus sp., provenientes do Município de Capanema-Pará na Amazônia Oriental. Realizou-se experimentos de coloração convencional, bandeamento C, CMA3 (Cromomicina A3), DAPI (4´6-Diamidino-2-phenylindole) e FISH (Hibridização in situ por fluorescência) telomérico e com sonda de rDNA 18S. Os resultados mostram que a espécie apresenta 2n=34 ZZ/ZW (20-21M/ SM+13-14ST/A), número diplóide e sistema sexual inédito para o gênero. A Heterocromatina Constitutiva ocorre nas regiões centroméricas de todos os cromossomos, pericentroméricas e em todo o braço curto de alguns cromossomos. Essas regiões são ricas em pares de bases A-T, visto que são DAPI positivas. A NOR, evidenciada pela CMA3 e FISH de rDNA 18S, ocorre no braço curto do par 15. A FISH com sondas teloméricas mostra marcações distais em todos os cromossomos, não sendo evidenciadas marcações intersticiais (ITS), embora o número de cromossomos seja reduzido em relação aos cariótipos de outras espécies de Gymnotus. Apesar de poucas espécies de Gymnotus terem sido estudados citogeneticamente (21,2%), os resultados já mostram uma grande variabilidade cariotípica no gênero. Neste contexto, a presença de cromossomos sexuais é uma característica de grande importância. Isso demonstra o grande valor dos estudos citogenéticos como ferramenta auxiliar na identificação taxonômica, assim como nos estudos filogenéticos dessas espécies. Em virtude dos espécimes apresentarem sistema sexual cromossômico e um número diplóide bem diferente em relação aos outros Gymnotus, os exemplares podem ser considerados como uma nova espécie. Essa imensa diversidade cromossômica nos instiga a investigar a evolução cariotípica deste grupo e consequentemente fazer inferências taxonômicas e/ou filogenéticas. Um estudo morfológico e osteológico poderá complementar informações sobre o grau de diversidade da nova espécie em relação aos demais Gymnotus. Apoio financeiro: CNPq, CAPES, UFPA. 99 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Evidência de sistema de cromossomos sexuais em uma nova espécie de Gymnotus (Teleostei: Gymnotiformes) da Bahia, Brasil Almeida, JS; Migues, VH; Bitencourt, JA; Affonso, PRAM; Carneiro, PLS Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié, BA – Brasil [email protected] Palavras-chave: Gymnotidae, sistemas múltiplos, cariótipo, heterocromatina, RONs Dentre as seis famílias da ordem Gymnotiformes, a família Gymnotidae é a mais amplamente distribuída na região neotropical e representada por um único gênero - Gymnotus. Este gênero engloba pelo menos 18 espécies nominais e outras ainda não descritas. As espécies de Gymnotus apresentam elevada variabilidade cariotípica, incluindo um caso de sistemas de cromossomos sexuais em G. pantanal (sistema X1X1X2X2/X1X2Y). No presente trabalho, foi caracterizada citogeneticamente uma espécie de Gymnotidae (Gymnotus sp.) de dois afluentes da bacia do rio de Contas no Sul da Bahia. As análises cromossômicas envolveram coloração convencional por Giemsa, identificação das regiões organizadoras de nucléolos (RONs) por nitrato de prata e detecção da heterocromatina por bandamento C. Números diplóides distintos foram identificados de acordo com o sexo do indivíduo, ou seja, fêmeas apresentaram 36 cromossomos e machos apresentaram 37 cromossomos. O cariótipo das fêmeas é composto por 30 cromossomos m/ sm, e 6 st (dois pares grandes e um par portador de constrições secundárias no braço curto). Nos machos, o cariótipo é formado por 32 cromossomos m/sm e 5 st, com três cromossomos não homólogos (1 st grande, 1 sm médio e 1 m pequeno). Constrições secundárias no braço curto do par 10 (st) também foram identificadas nos machos. Dessa forma, essa espécie é caracterizada pela presença de um sistema de cromossomos sexuais do tipo XX/XY1Y2, onde o cromossomo X corresponderia ao grande par de cromossomos subtelocêntricos presente nas fêmeas e sem homólogo nos machos. Os cromossomos Y1 e Y2 seriam, respectivamente, o cromossomo sm médio e o m pequeno, também sem homólogos, presentes exclusivamente nos machos. Os sítios de Ag-RONs foram identificados na região de constrição secundária do par 10 em ambos os sexos. Os blocos heterocromáticos foram detectados, de forma discreta, nas regiões centroméricas de todos os cromossomos em ambos os sexos e populações. A espécie estudada apresenta um cariótipo altamente diferenciado, por possuir o menor número diplóide já descrito para Gymnotus (♀: 2n=36 e ♂: 2n=37) e um sistema de cromossomos sexuais até então inédito dentro do gênero (XX/XY1Y2). No entanto, alguns caracteres conservados para o grupo estão presentes, como RONs simples e heterocromatina constitutiva na região centromérica. Os dados apresentados indicam que Gymnotus sp. da bacia do rio de Contas (BA) provavelmente corresponde a uma nova espécie, ainda não descrita dentro do gênero. Apoio: UESB, CNPq e Fapesb. 100 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Isolamento e análise de DNA satélite presente em cromossomos sexuais recentes no gênero Eigenmannia (Teleostei: Gymnotiformes) Henning F1; Peixoto M2; Madalena CRG3; Almeida-Toledo LF2 1 Lehrstuhl für Zoologie & Evolutionsbiologie, Universität Konstanz, DE Laboratório de Ictiogenetica, Depto de Genética e Biologia Evolutiva, USP 3 Lab. de Biol. Mol. de Dípteros, Depto de Genética e Biologia Evolutiva, USP 2 O gênero Eigenmania apresenta diversos sistemas cromossômicos de determinacao sexual de origens independentes e recentes (<16maa). Uma das espécies, Eigenmannia virescens, apresenta um sistema XY que se diferenciou devido à heterocromatinização do cromossomo X. A heterocromatina é geralmente composta de repetições de seqüências de DNA satélite, onde o número de repetições é influenciado pela interação de diversos mecanismos de amplificação, deleção e homogeneização, sendo que o acúmulo é esperado com a inibição, ou diminuição da freqüência de recombinação. Neste estudo, o padrão geral da heterocromatina foi investigado com o intuito de caracterizar a heterocromatina presente em grandes blocos no cromossomo X. Duas seqüências (335 e 278pb), foram isoladas por digestão de DNA genômico utilizando HaeIII, seqüenciadas, analisadas por Southern blotting e analisadas por FISH em diversas populações. As seqüências repetitivas isoladas não mostram similaridade entre si, ou quando comparados em bases de dados e, provavelmente, representam os primeiros elementos repetitivos isolados em Gymnotiformes. Ambas as seqüências mostraram padrões idênticos quando hibridadas em DNA genômico digerido com três enzimas distintas (HaeIII, SmaI e XhoIII), sendo que um sítio para SmaI é encontrado apenas na seqüência de 335pb e um sítio de XhoI é encontrado apenas na seqüência de 278pb mostrando que ambas são parte de uma unidade maior de repetição em tandem. Ambas as seqüências foram hibridadas in situ, e marcaram regiões peri-teloméricas e os blocos heterocromáticos do cromossomo X, além de regiões periteloméricas de 17 autossomos, um deles, presumivelmente o Y. A hibridação in situ em um outro citótipo (2n=38) (população mais próxima) revelou que as seqüências isoladas estão presentes, embora restritas a três pares de cromossomos. A distribuição destas seqüências foi ainda investigada em duas outras espécies do gênero Eigenmannia onde se observou um grande número de cromossomos com marcações nas regiões peri-centroméricas. Os dados aqui apresentados ilustram mais uma vez a labilidade de cromossomos sexuais em Eigenmannia (e dos peixes em geral) e dão suporte à hipótese de que seqüências já presentes no cromossomo X foram amplificadas após inibição da recombinação (presumivelmente por uma inversão na região peri-telomérica), levando à formacão de um par sexual heteromórfico. Apoio Financeiro: CNPq e FAPESP. 101 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Citogenética e distribuição de Eigenmannia virescens (Sternopygidae-Gymnotiformes) em sistemas de rios da Amazônia Oriental Silva, DS3; Pieczarka, JC1,2; Milhomem, SSR4; Silva, PC5; Cardoso, AL6; Nagamachi, CY1,2 Laboratório de Citogenética, ICB, UFPA 2 Pesquisador do CNPq 3 Bolsista de Mestrado (CAPES) em Genética e Biologia Molecular 4 Bolsista de Doutorado (CNPq) em Genética e Biologia Molecular 5 Bolsista de Mestrado (CNPq) em Genética e Biologia Molecular 6 Bolsista de IC-CNPq [email protected] 1 Palavras-chave: Citogenética, Eigenamnnia, FISH, Distribuição, Cromossomos sexuais O gênero Eigenmannia Jordan & Evermann é endêmico das principais bacias hidrográficas da América do Sul (Madalena, Orinoco, Amazonas e Paraná). As espécies deste gênero emitem descargas do órgão elétrico (DOE) em forma de onda, úteis na comunicação e na eletrolocalização. O gênero é formado por oito espécies válidas, sendo considerado um grupo taxonomicamente confuso devido à pequena variação morfológica entre as espécies. Estudos citogenéticos prévios em espécies de Eigenmannia indicam variação no número diplóide, que vai de 2n=28 para populações de Eigenmannia sp1. (Rio Mogi-Guaçu-SP) a 2n=38 para Eigenmannia virescens da Ilha do Marajó (PA), do Rio São Francisco (MG), do Médio Amazonas (PA), do Rio Mogi-Guaçu (SP) e do Rio Tietê (SP), tendo sido descritos sistemas cromossômicos sexuais simples do tipo ZZ/ZW e XX/XY e múltiplos do tipo X1X1X2X2/X1X2Y. Com o objetivo de conhecer melhor a evolução cromossômica desse grupo de peixes, foram analisados espécimes de E.virescens coletados em Rios da Bacia Amazônica no Estado do Pará, Amazônia Oriental: Rio Muruni (2 machos), Rio Guamá (2 machos) e Rio Anequara (2 machos e 2 fêmeas). Foram realizadas as técnicas de coloração convencional, Bandeamento C (BC), impregnação por Nitrato de Prata (Ag-NOR), Cromomicina A3, DAPI e Hibridização in situ Fluorescente (FISH) com sondas de rDNA18S+28S e de seqüências teloméricas (TTAGGG)n. Os resultados mostram que a espécie apresenta 2n=38, sistema ZZ/ZW (14-15M/SM+23-24ST/A). A Heterocromatina Constitutiva (HC) está presente na região centromérica de todos os cromossomos e um grande bloco heterocromático na porção proximal do braço curto do cromossomo W nas fêmeas. Essas regiões são ricas em pares de bases A-T, visto que são DAPI positivas. A região organizadora de nucléolo mostra uma marcação forte na porção distal do cromossomo do par 15. A CMA3 coincide com a NOR, confirmando que os genes de rDNA são interespaçados por seqüências ricas em G-C. A FISH com sondas de rDNA 18S + 28S também evidenciou o par da NOR, o que confirma que estas seqüências são conservados na maioria dos vertebrados. A FISH com seqüências teloméricas mostrou somente marcações distais, não sendo observada a presença de seqüências intersticiais. Estudos citogenéticos no gênero Eigenmannia têm mostrado ser de grande contribuição na diferenciação de espécies indistinguíveis morfologicamente, mas cromossomicamente bastante diferenciados. Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, UFPA. 102 54º Congresso Brasileiro de Genética 103 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise meiótica em peixes elétricos (Eigenmannia sp. 2N = 38; Pisces: Gymnotiformes), proveniente de igarapés de terra firme da Amazônia Oriental Silva, PC3; Noronha, RCR4; Milhomem, SSR5; Silva, DS6; Nagamachi, CY1,2; Pieczarka, JC1,2 Laboratório de Citogenética, ICB, UFPA 2 Pesquisador do CNPq 3 Bolsista de Mestrado (CNPq) em Genética e Biologia Molecular 4 Bolsista de Fixação de Recursos Humanos na Amazônia (CNPq) 5 Bolsista de Doutorado (CNPq) em Genética e Biologia Molecular 6 Bolsista de Mestrado (CAPES) em Genética e Biologia Molecular 1 Palavras-chave: Eigenmannia, sistema XX/XY, meiose, corpo sexual Os Gymnotiformes são os peixes elétricos da região Neotropical. Os representantes desta ordem são encontrados com grande abundância e diversidade, principalmente na bacia Amazônica. Os gêneros que apresentam a maior diversidade cariotípica são Gymnotus e Eigenmannia tanto no que se refere às variações no número, como na estrutura dos cromossomos. Cromossomos sexuais foram observados em três famílias: Sternopygidae, Hypopomidae e Gymnotidae, sendo encontrados sistemas do tipo XX/XY com a heterocromatinização do X, ZZ/ZW e sistemas sexuais múltiplos. Ao contrário de aves e mamíferos, de uma forma geral os peixes não apresentam cromossomos sexuais, sendo estes observados esporadicamente e sem nenhuma correlação filogenética entre as espécies que os possuem. Portanto concluise que estes sistemas surgiram de forma independente e repetidas vezes durante a evolução dos peixes. Em nossos estudos Eigenmannia sp proveniente do município de Capanema-PA, apresenta 2n= 38 com a fórmula cariotípica 13M/SM+25ST/A e NF=51. Com o objetivo de descrever o comportamento meiótico, identificar a possível formação da vesícula sexual (VS) e caracterizar o tipo de sistema sexual nesta espécie, foram feitas análises com coloração convencional de vários sub-estágios meióticos. Nas células em leptóteno e zigóteno pode-se observar que a condensação mais acentuada de um dos bivalentes caracteriza a formação da VS do tipo XY, a qual apresenta um comportamento precoce em relação aos bivalentes autossômicos. No paquíteno inicial a VS geralmente forma uma alça em forma de 9 (nove), onde provavelmente a região em anel representa os segmentos não homólogos do bivalente. No paquíteno tardio a VS apresenta-se bem mais condensada, semelhante ao comportamento do corpo sexual de células de mamíferos. As células diplotênicas foram observadas com 19 bivalentes, 18 autossômicos com quiasmas dispostos em vários pontos ao longo dos bivalentes e 1 bivalente sexual. A figura do bivalente sexual destaca uma região de homologia média entre os eixos de X e Y. Assim, considera-se que nos cromossomos sexuais de Eigenmannia desenvolveram-se mecanismos que bloqueiam a recombinação gênica dentro de determinados segmentos cromossômicos, provavelmente aqueles onde se situam genes relacionados ao mecanismo de diferenciação sexual. Quando os cromossomos formam o bivalente na meiose, observa-se que uma parte do par cromossômico permanece não-pareada (XY), constituindo os genes diferenciais, enquanto o restante dos cromossomos pareia normalmente (segmentos homólogos). Esses resultados confirmam o sistema sexual do tipo XX/XY em Eigenmannia sp. Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, UFPA. 54º Congresso Brasileiro de Genética 104 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Variabilidade genética de Microsternarchus bilineatus (Gymnotiformes: Hypopomidae) em diferentes tributários no Rio Negro, Amazônia, Brasil Maia, CR1; Alves-Gomes, JA1; Schmitt, R1 Laboratório de Fisiologia Comportamental e Evolução (LFCE)/Coordenação de Pesquisas em Biologia Aquática (CPBA)/Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) [email protected] 1 Palavras-chave: peixes elétricos, DNA mitocondrial, região controle, espécies crípticas e filogenia A ordem dos peixes elétricos Neotropicais, os Gymnotiformes, apresenta distribuição restrita à região Neotropical, alcançando maior diversidade e abundância na bacia Amazônica. O gênero Microsternarchus é classificado dentro da família Hypopomidae e apresenta apenas uma espécie nominal descrita, denominada Microsternarchus bilineatus Fernández-Yépez, 1968. No entanto, estudos recentes, fundamentados principalmente na Descarga do Órgão Elétrico (DOE), sugerem que o gênero Microsternarchus pode apresentar espécies ainda não descritas. Com o objetivo de se verificar se os diferentes padrões de descarga se constituem em linhagens geneticamente diferenciáveis, e de se obter uma estimativa da variabilidade genética da região controle (D-Loop) de Microsternarchus bilineatus, foram selecionados para este estudo indivíduos de quatro tributários localizados ao longo do alto e médio rio Negro: Mapí (N = 10) e Aduiá (N = 12) na margem esquerda e Açaituba (N = 17) e Quimicuri (N = 10) na margem direita, totalizando 49 indivíduos. A extração de DNA foi realizada seguindo o protocolo de fenol-clorofórmio com modificações e a amplificação dos fragmentos de DNA foi realizada pela técnica de PCR (Polymerase Chain Reaction) com os primers FTTF e 12SR1. A leitura automática dos fragmentos foi realizada no seqüenciador de DNA MegaBACE 1000 (GE-Healthcare) após um tratamento de precipitação, para a eliminação do produto não incorporado durante a reação de seqüenciamento. Depois de conferidas e editadas, as seqüências foram alinhadas manualmente no programa BIOEDIT 6.0.7 e submetidas a análises filogenéticas e de diversidade genética com o auxílio dos programas PAUP 4.0b10, MEGA 3.1 e ARLEQUIN 2.0. A topologia obtida pelo método da Máxima Parcimônia (MP) recuperou pelo menos três grupos monofiléticos distintos, separando os indivíduos do alto rio Negro (tributários Mapí e Açaituba) dos indivíduos do médio rio Negro (Aduiá e Quimicuri). A divergência genética entre estes grupos mostra valores elevados, sugerindo que Microsternarchus necessita de uma revisão taxonômica com a descrição de novas espécies. A Análise de Variância Molecular (AMOVA) mostrou valores significativos de variabilidade genética entre as localidades (FST = 0,7664), sugerindo uma estruturação genética para a espécie. Os valores de FST evidenciados entre os pares de localidades, corroborados pelo número de migrantes (Nm) entre as mesmas, mostram fluxo genético entre as localidades do alto rio Negro (Açaituba e Mapí), porém isolamento genético entre estes dois tributários e os tributários do médio rio Negro (Aduiá e Quimicuri). Esta análise também indica fluxo genético entre os tributários Aduiá e Quimicuri, ainda que menos evidente. Estes resultados indicam a necessidade de uma revisão sistemática do grupo e chamam atenção para um problema que tem se tornado comum, a subestimativa da biodiversidade amazônica, uma vez que o conhecimento da biologia das espécies é fundamental para políticas públicas de manejo e conservação. Apoio financeiro: CNPq, FINEP e INPA. 54º Congresso Brasileiro de Genética 105 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Descrição cariotípica de Steatogenys elegans Steindachner, 1880 (Hypopomidae, Gymnotiformes), uma espécie de peixe elétrico da Amazônia Oriental Cardoso, AL1,3; Pieczarka, JC1,2; Milhomem, SSR.1,4; Silva, DS1,5; Nagamachi, CY1,2 Laboratório de Citogenética, ICB, UFPA – Belém 2 Pesquisador CNPq 3 Bolsista IC – CNPq 4 Bolsista Doutorado – CNPq em Genética e Biologia Molecular 5 Bolsista Mestrado CAPES em Genética e Biologia Molecular 1 Palavras-chave: Citogenética, Steatogenys, Bandeamentos cromossômicos, FISH, Gymnotiformes O gênero Steatogenys é constituído por três espécies (S. duidae, S. elegans, S. ocellatus) de ocorrência na bacia Amazônica e que se caracterizam pela presença de um focinho curto, cabeça arredondada, boca subterminal, padrão de pigmentação bastante característico e um órgão elétrico acessório na região humeral e submental na forma de filamento. Além disso, esses peixes compartilham com os demais Gymnotiformes a presença de um sistema eletrogênico-receptivo utilizado na comunicação, forrageio, navegação e detecção de objetos. Até o presente momento, dados citogenéticos conhecidos são restritos a espécie S. duidae. Portanto é necessário conhecer as características cromossômicas das demais espécies desse gênero. Com este intuito descrevemos neste trabalho as características cromossômicas de um macho da espécie Steatogenys elegans, proveniente do Rio Anequara (01°40’42.6”S, 049°00’16.6”W), Município de Abaetetuba, no Estado do Pará, Brasil. Foram realizadas as técnicas de Bandeamento C, Ag-NOR, Cromomicina A3 (CMA3), DAPI e FISH com sondas de rDNA 18S. Os resultados mostram um número diplóide (2n) igual a 50 cromossomos, divididos em dois grupos: meta-submetacêntricos (M-SM) (6 pares) e acrocêntricos (19 pares) com o número fundamental (NF) = 62. A distribuição da heterocromatina constitutiva (HC) é centromérica em todos os cromossomos. Além disso, foi observado um bloco heterocromático intersticial no braço longo do par 1 e um bloco na região proximal no braço curto de dois pares de M/SM. A marcação Ag-NOR mostra que apenas os sítios de rDNA de um par dos homólogos exercem função transcricional durante a intérfase e aponta que a Região Organizadora de Nucléolo (NOR) está localizada no braço curto do 2º par. A Hibridização in situ fluorescente com sondas de rDNA 18S indica que um dos cromossomos portadores da NOR possui o sítio localizado na região intersticial, e no outro cromossomo do par, a NOR é também intersticial, entretanto é dividida em dois segmentos que são intercalados por um segmento cromossômico. Esse heteromorfismo pode ser explicado por uma possível inversão paracêntrica envolvendo os sítios de rDNA. O fluorocromo GC específico CMA3 marcou regiões coincidentes com a HC (com exceção do 5° par) e regiões intersticiais e/ou terminais de alguns cromossomos. A CMA3 marcou também a NOR, mostrando que genes de DNA ribossômico (rDNA) são interespassados por seqüências ricas em GC. O fluorocromo AT específico DAPI marcou a região pericentromérica do 5º par cromossômico. Os resultados encontrados para CMA3 e DAPI são incomuns entre os Gymnotiformes. Considerando-se os resultados encontrados, podemos concluir que a análise citogenética é uma ferramenta de grande valor para o conhecimento da biodiversidade, para a identificação das espécies, bem como para futuros entendimentos sobre os processos evolutivos cromossômicos e conseqüentemente sobre as relações filogenéticas entre essas espécies. Apoio financeiro: CNPq, CAPES e UFPA. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Herança genética da coloração vermelha em tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) de stirling e seu valor para produção de alevinos ornamentais Zagolin, GB; Hilsdorf, AWS Núcleo Integrado de Biotecnologia, Laboratório de Genética de Peixes e Aqüicultura, Universidade de Mogi das Cruzes. [email protected] Palavras-chave: Herança genética, Tilápia Vermelha, Peixes ornamentais, Piscicultura, O. niloticus Na América do Sul, a criação de peixes ornamentais em cativeiro tem sido pouco explorada, provavelmente pelo fato que grande parte desse comércio é proveniente de extrativismo. Por essas razões existe uma busca contínua por novas espécies com um bom desempenho como peixe ornamental, ou seja, que apresentem requisitos importantes como, resistência a condições de confinamento e colorações variadas que as tornem atrativas para a aqüariofilia Um exemplo de organismo com essas características é a tilápia vermelha que é uma variedade mutante da espécie Oreochromis niloticus descoberta em Taiwan em 1968. Com base nesses dados esse trabalho teve como objetivo estudar a herança genética do fenótipo vermelho na espécie Oreochromis niloticus em cruzamentos entre uma variedade vermelha (Red-Stirling) e uma selvagem (Chitralada), buscando avaliar o padrão de manchas nas tilápias vermelhas produzidas, que podem ser mais bem aceitas pelo comércio de peixes ornamentais. Foram então adotados os seguintes cruzamentos para o estudo de herança: Red-Stirling x Chitralada, entre os híbridos F1 (Red-Stirling x Red-Stirling), retrocruzamento 1 (Red-Stirling com F1) e retrocruzamento 2 (Chitralada com F1). A razão de segregação dos fenótipos foi obtida de alevinos com um mês cuja coloração do corpo foi examinada em com lupa e separada em selvagem (preta), vermelha (vermelha) e vermelha com manchas pretas no corpo. Em relação à segregação fenotípica, para geração parental vermelho x selvagem toda a progênie apresentou fenótipo vermelho. Já o resultado do cruzamento F1 x F1 gerou uma progênie com 294 alevinos de fenótipo selvagem e 102 de fenótipo vermelha. O teste de χ2 (0,1185, p<0,05) não mostrou desvio significativo da proporção 3:1 na F2. O retrocruzamento 1 apresentou uma progênie toda composta de indivíduos vermelhos (1457) e o retrocruzamento 2 uma segregação fenotípica de 2048 vermelho e 1697 selvagens (χ2= 33, p>0,05). Para esta última segregação, esperava-se uma razão de 1:1, o resultado significativo de χ2 talvez possa ser explicado pela mortalidade de indivíduos antes da coleta. Contudo os resultados obtidos corroboram a hipótese de uma herança mendeliana para o fenótipo vermelho, sendo este dominante sobre o selvagem. Dos cruzamentos mencionados o que apresentou uma maior variedade de indivíduos com mancha foi o vermelho puro com o selvagem (selvagem 0, vermelho sem mancha 0 e vermelho manchado 100%). Já o F1 x F1 apresentou: fenótipo selvagem 25,76%, vermelho sem mancha 30,56%, vermelho manchado 43,69%. O R1 apresentou: selvagem 0, vermelho manchado 45,22% e vermelho sem mancha 54,77% e o R2 apresentou: vermelho manchado 7,29%, vermelho sem mancha 47,40% e selvagem 45,31%). Desta forma, um programa de seleção genética de indivíduos manchados para aqüarofilia deve ser iniciado com o cruzamento vermelho puro com chitralada que apresentou uma variação maior de padrões de manchas. Apoio: FAEP. 106 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Baixo nível de diversidade genética em um cianídeo (Cynoscion acoupa) muito explorado na costa norte do Brasil Rodrigues, R1; Schneider, H1; Santos, S1; Vallinoto, M1; Saint-Paul, U2; Sampaio, I1 Laboratório de Genética e Biologia Molecular, Instituto de Estudos Costeiros, Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança 2 Center for Marine and Tropical Ecology, Fahrenheitstr, Bremen, Germany [email protected] 1 Palavras-chave: Pescada amarela, Cianídeo, D-loop, Diversidade genética, Costa Norte A pescada amarela (Cynoscion acoupa – Sciaenidae) é um peixe marinho e estuarino-dependente, encontrado no Atlântico Ocidental do Panamá até a Argentina, sendo o cianídeo mais explorado na costa norte do Brasil (Cervigón et al., 1993; Menezes & Figueiredo, 1980). Neste estudo, seqüências da região controle do DNA mitocondrial (D-loop) de 297 indivíduos coletados na costa norte do Brasil (Pará e Amapá) entre Dezembro de 2003 e Agosto de 2005 foram utilizadas para avaliar o nível de diversidade genética da pescada amarela na costa norte brasileira. O DNA foi isolado pelo método com fenol/clorofórmio, a amplificação dos fragmentos de D-loop foi feita através da PCR, e o seqüenciamento no ABI 377. Para cada ano foi verificada alta diversidade haplotípica (h= 0,87; 0,89 e 0,90) e diversidade nucleotídica muito baixa (π = 0,002). A AMOVA não mostrou diferença entre as amostras dos diferentes anos, indicando ausência de estruturação genética e a presença de um único estoque de C. acoupa dentro da área amostrada. A árvore de agrupamento de vizinhos dos 83 haplótipos mostrou uma topologia não resolvida com nenhum suporte estatístico, apresentando uma filogenia do tipo estrela. Parâmetros de expansão demográfica (SSD, índice de Raggedness, Theta), testes de neutralidade (D = -1,82; Fs = -16, 62, P < 0,05) e a curva de distribuição par-a-par unimodal são consistentes com a hipótese de expansão demográfica súbita para esta população. A variabilidade genética da pescada amarela (expressa por h e π) foi muito baixa quando comparada com de outros peixes também bastante explorados no oeste do atlântico e leste da Ásia. As estimativas de diversidade haplotípica de C. acoupa foram 10 a 15% mais baixa do que as registradas em outros estudos, enquanto, a diversidade nucleotídica foi 3 a 10 vezes inferior. Identificar os fatores responsáveis pelo baixo nível de diversidade genética encontrado no estoque de C. acoupa não é simples, porém, a sobre-exploração pode ser um dos fatores, pois as capturas têm declinado progressivamente ao longo dos últimos anos. Esses resultados demonstram a necessidade de monitoramento para C. acoupa e a preservação dos estuários dentro deste alcance geográfico, considerando que esta espécie depende do ecossistema estuarino durante parte do seu ciclo de vida. Apoio financeiro: UFPA, CNPq. 107 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Mapeamento cromossômico da espécie Pithecia irrorata por bandeamentos cromossômicos e Zoo-Fish Finotelo, LFM3; Amaral, PJS4; De Oliveira, EHC1; Pissinatti, A5; Rissino, JD1; Pieczarka, JC1, 2; Nagamachi, CY1, 2 Laboratório de Citogenética-UFPA 2 Pesquisador CNPq 3 Bolsista de Doutorado (FAPESPA) Neurociência e Biologia Celular 4 Bolsista de Doutorado (FAPESPA) Genética e Biologia Molecular 5 Centro de Primatologia do Rio de Janeiro [email protected] 1 Palavras-chave: Citogenética, Primatas, Pitheciinae, Pintura Cromossômica A subfamília Pitheciinae é constituída de três gêneros: Pithecia com cinco espécies, Chiropotes e Cacajao com duas espécies, cada. Estes gêneros incluem espécies ameaçadas de extinção, com distribuição geográfica restrita à região amazônica. Conhecidos vulgarmente como parauaçus, os animais do gênero Pithecia são de pequeno a médio porte, frugívoros, que vivem em grupos que raramente ultrapassam quatro indivíduos, formando famílias monogâmicas que dificilmente são encontradas em associação com outras espécies. No presente trabalho foi analisado o cariótipo da espécie Pithecia irrorata por citogenética clássica (bandeamentos G, C e NOR) e molecular (FISH com sondas teloméricas e com sondas cromossomo-específicas humanas). Os resultados obtidos permitiram determinar as características cromossômicas da espécie em estudo, além de permitir uma análise cromossômica comparativa entre a mesma e Chiropotes utahicki, observando assim suas homeologias e diferenças cariotípicas, além de contribuir para uma melhor definição da filogenia desse grupo. A espécie P. irrorata apresenta 2n=48 (nove pares mais o X de dois braços e os 14 pares acrocêntricos), enquanto que C. utahicki apresenta 2n=54. Os resultados da citogenética clássica em P. irrorata revelam que a heterocromatina constitutiva (HC) ocorre em pequenas quantidades na região centromérica de todos os cromossomos e intersticial do par acrocêntrico 18 e que a NOR é múltipla, ocorrendo na região proximal do braço longo de pelo menos três pares acrocêntricos. A FISH telomérica mostra ausência de seqüência intersticial (ITS). Os experimentos com sondas cromossomo-específicas humanas (22 autossomos e o cromossomo X) evidenciaram 32 sinais de marcação no conjunto haplóide de P. irrorata, sendo que 14 autossomos mais o X apresentam sintenia conservada (oito pares hibridizando um cromossomo inteiro e seis em associação com outros cromossomos) e os oito restantes fornecem sinais múltiplos em diferentes cromossomos de P. irrorata. Os resultados demonstram ainda que, semelhante ao observado em C. utahicki, única espécie de pitecíneo com dados de pintura cromossômica, P. irrorata apresenta todas as associações encontradas no suposto cariótipo ancestral dos Primatas do Novo Mundo. A análise comparativa mostra que a diferença entre os cariótipos das duas espécies deve-se a múltiplos e complexos rearranjos cromossômicos, tais quais, fusões e fissões cêntricas, inversões paracêntricas e pericêntricas, fusões in tandem e translocação simples, do tipo Y autossomo. Apoio financeiro: UFPA-FAPESPA. 108 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Comparação molecular de populações naturais de “jaú” (Zungaro) das bacias Amazônica e do Paraná-Paraguai Boni, TA; Prioli, AJ; Prioli, SMAP; Lúcio, LC; Maniglia, TC Laboratório de Genética, Universidade Estadual de Maringá [email protected] Palavras-chave: Zungaro; D-loop; ATPase 6; diferenciação molecular; Bacia do Paraná-Paraguai, Bacia Amazônica O peixe conhecido popularmente por “jaú” pertence ao gênero Zungaro e tem grande importância pesqueira e econômica no Brasil. Além de ser um dos maiores peixes migradores do país, têm sua distribuição ao longo das bacias Amazônica e do Paraná-Paraguai. Este sempre foi um peixe encontrado com relativa abundância na bacia do Paraná-Paraguai, mas após a construção de uma série de barragens no rio Paraná tem-se registrado uma diminuição do tamanho efetivo dessa população. Além disso, esse grupo apresenta sérios problemas taxonômicos, como constantes mudanças no nome científico dos mesmos. Neste trabalho foram caracterizadas molecularmente populações de “jaú” das bacias do Paraná-Paraguai e Amazônica, para auxiliar na resolução de problemas taxonômicos, além de gerar informações, que são quase inexistentes, sobre a diversidade genética das populações naturais desse gênero. Foram analisadas as seqüências mitocôndrias de quatro indivíduos do rio Manso e três do rio Tocantins para a região do D-loop (~355 pb), e de 11 indivíduos do rio Manso e 5 do rio Tocantins para a região da ATPase 6 (~204 pb). O número de nucleotídeos polimórficos e as distâncias-p foram calculados com o programa MEGA 4.0. Com os programas PAUP 4.0 e Modeltest 3.7 foram selecionados os modelos evolutivos, utilizando-se os procedimentos Akaike Information Criterion corrigido (AICc) e Bayseian Information Criterion (BIC). Os valores de distância genética obtidas com D-loop e ATPase 6, tanto com a distância p quanto com a distância HKY + I, são consistentes em indicar diferenciação genética entre as populações de Zungaro do rio Tocantins e do rio Manso. Ainda, a magnitude da divergência encontrada está em patamar equivalente ao registrado na literatura entre muitas espécies próximas entre si. Com as diferenciações nos níveis encontrados nesse trabalho, é possível concluir que as populações das bacias Amazônica e do Paraná-Paraguai estão isoladas geograficamente por tempo suficiente para que ocorresse a especiação. Portanto, é inevitável concluir que a população de Zungaro da bacia do Paraná-Paraguai não pertence à espécie de Zungaro zungaro da bacia Amazônica, mas sim à espécie Z. jahu. Esse fato torna-se de importância elevada, pois a espécie de “jaú” encontrada na bacia do Paraná-Paraguai está sob o risco de extinção local. Assim, outros estudos da diversidade genética dessa espécie tornam-se imprescindíveis para que possam ser propostas ações que possibilitem a recuperação da diversidade genética de Z. jahu. Apoio Financeiro: CAPES, NUPELIA/UEM. 109 54º Congresso Brasileiro de Genética 110 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Descoberta de sistema de cromossomos sexuais XY em citótipo 40F de traíra Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) (Teleostei: Erythrinidae) Santos, U; Dergam, JA Laboratório de Sistemática Molecular Beagle, Universidade Federal de Viçosa [email protected] Palavras-chave: citogenética, evolução cariotípica Hoplias malabaricus é considerado um complexo de espécies devido à sua grande variabilidade cariotípica. Os padrões cariotípicos podem revelar eventos de vicariância e da história paleohidrológica das bacias, auxiliando na compreensão dos mecanismos responsáveis pelos padrões biogeográficos atuais. Na revisão mais abrangente sobre citótipos, Bertollo et al. (2000) reconheceram sete citótipos (nomeados de A-G) para este complexo de espécies. No rio São Francisco ocorrem populações 2n=40, classificadas como 40F pela morfologia dos pares cromossomos e até o presente, sem cromossomos sexuais identificados. No presente trabalho identificamos a presença de sistema XY para o citótipo 40F em populações coletadas no rio Pandeiros e Pará, ambos afluentes do leste e do sul respectivamente da bacia do rio São Francisco. A metodologia utilizada seguiu protocolos para obtenção de cromossomos metafásicos de Bertollo et al. (1978), bandamento-C segundo Sumner (1972) e DAPI por Schweizer (1976). Ambas as populações apresentaram 2n=40 e morfologia compatível com o citótipo 40F. O padrão de heterocromatina constitutiva é similar ao registrado na população de Três Marias indicado por Dergam e Bertollo (1990), exceto pela presença de um bloco heterocromático num membro do primeiro par de metacêntricos nos machos. Este padrão foi reproduzido em marcações negativas pela técnica de DAPI. Devido a este padrão de marcação ocorrer apenas nos machos, este padrão foi interpretado como um sistema de cromossomos sexuais XY não detectado por Dergam e Bertollo (1990) na represa de Três Marias. Neste trabalho os braços cromossomos encotram-se sobrepostos, não permitindo a identificação da existência deste sistema de cromossomos sexuais nesta população. A extensa região entre os rios Pandeiros e Pará inclui a represa de Três Marias e portanto, é provável que este sistema de cromossomos sexuais caracterize as populações 40F da bacia do São Francisco. Numa escala continental, outro citótipo com o sistema de cromossomos sexuais envolvidos com o primeiro par do cariótipo é o citótipo G com fêmeas 2n=40 e machos 2n=41 e sistema sexual XX/XY1Y2. Este citótipo ocorre na bacia amazônica nos rios Trombetas, Madeira e Aripuanã (Bertollo et al., 2000) e apresenta um grande primeiro par de metacêntricos, sendo todos os autossomos semelhantes ao citótipo 40F. Considerando que em ambos citótipos o sistema de cromossomos sexuais envolve o primeiro par de metacêntricos e que os autossomos apresentam-se morfologicamente semelhantes, sugerimos que a macroestrutura do 2n=40F representa um estado de caráter pleisomórfico e o citótipo G, a condição derivada. Conforme esta hipótese, os cromossomos Y1 Y2 originaram-se de fissão do cromossomo sexual masculino (identificado pela banda-C e DAPI), seguida por uma inversão pericentromérica no cromossomo Y2. Esta hipótese é consistente com a dados moleculares preliminares que indicam alto grau de parentesco filogenético entre o citótipo 40F e outros haplótipos da bacia amazônica. Apoio Financeiro: PAPq e CNPq. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise citogenética em peixes recifais (famílias Pomacentridae e Serranidae) da costa da Bahia, Brasil Ribeiro, MS; Almeida, LAH; Almeida, JS; Affonso, PRAM; Silva Jr., JC; Carneiro, PLS Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié, BA – Brasil [email protected] Palavras-chave: Perciformes, dispersão, cariótipo, heterocromatina, RONs A ordem Peciformes, apesar do grande número de espécies, dispõe de poucos estudos citogenéticos, os quais abrangem cerca de somente 10% das espécies conhecidas. Os estudos para peixes marinhos são ainda mais escassos. Este trabalho tem como objetivo caracterizar citogeneticamente duas espécies da Perciformes (Stegastes fuscus, família Pomacentridae, e Epinephelus adscensionis, família Serranidae) associadas a áreas recifais em Barra Grande, Baía de Camamu, no sul da Bahia, região caracterizada por uma grande diversidade de ictiofauna, praticamente desconhecida do ponto de vista genético. Os exemplares dessas espécies foram coletados por mergulho livre e a estimulação mitótica foi realizada pela inoculação de suspensão de levedura. Os cromossomos mitóticos foram obtidos pelo método direto, utilizando o rim anterior, e visualizados através de técnica convencional de coloração com Giemsa, bandamento C e impregnação por nitrato de prata (Ag-RON). As análises cromossômicas em S.fuscus e E. adscensionis revelaram um valor diplóide modal igual a 2n = 48 para ambas. S.fuscus apresentou uma fórmula cariotípica de 20m+22sm+6a (NF=90), revelando a ocorrência de múltiplas inversões pericêntricas em relação ao cariótipo considerado primitivo para a ordem (2n=48a). O cariótipo de E. adscensionis é constituído exclusivamente por cromossomos acrocêntricos (NF=48), seguindo o padrão comumente descrito para serranídeos. A técnica de bandamento C detectou, em E. adscensionis, blocos heterocromáticos nas regiões centroméricas de todos os cromossomos, enquanto S.fuscus apresentou marcações centroméricas e teloméricas. As regiões organizadoras de nucléolos (RONs) são simples nas duas espécies analisadas, ocupando posição intersticial no braço curto do primeiro par de submetacêntricos em S. fuscus e intersticial no braço longo de um par de acrocêntricos em. E. adscensionis. Os dados apresentados são semelhantes aos disponíveis para outras populações dessas espécies na costa do Rio Grande do Norte (a cerca de 1.400km de distância), reforçando o caráter conservado dos padrões cariotípicos intra-específicos em peixes marinhos, possivelmente associados à capacidade de dispersão das espécies. Apoio: UESB, CNPq e Fapesb. 111 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estimativa da variabilidade genética da garoupa vermelha (Epinephelus morio, Serranidae) de população da Costa Norte do Brasil Azevedo, LS; Silva-Oliveira, GC; Rêgo, PS; Sampaio, I; Scheneider, H; Vallinoto, M Instituto de Estudos Costeiros, Campus de Bragança, Universidade Federal do Pará [email protected] Palavras-chave: garoupa vermelha, Epinephelus morio, Cit b, genética de populações, Near Threatened O Epinephelus morio (Valenciennes, 1828) habita águas tropicais e subtropicais do oceano Atlântico, ocorrendo desde a Carolina do Norte, nos EUA, até o Sul do Brasil. É um peixe de grande longevidade, que pode atingir cerca de 30 anos. Os adultos são encontrados em águas profundas de até 300m, contudo, durante a época reprodutiva deixam as profundezas e deslocam-se para águas mais rasas próximas à praia para desovarem. Possuem maturação sexual tardia, sendo as fêmeas aos quatro anos e os machos por volta dos 11. Diferentemente de outras espécies de Epinephelus, E. morio não forma agregados reprodutivos, no entanto é durante a época de reprodução que é capturado em grandes quantidades. Esta captura desordenada ocasionou a sobre-exploração destes estoques em algumas áreas do Golfo do México e nos EUA, onde ocorreu redução de 50% nos últimos 55 anos, e no Brasil esse declínio chega a 89%. A inserção da espécie na categoria Near Threatened (NT) pela IUCN, alerta quando a sua vulnerabilidade, pois a extração exarcebada de indivíduos acentua a problemática que envolvem espécies hermafroditas protogênicas e que possuem longo tempo de geração. Considerando a carência de estudos genéticos populacionais para esta espécie, o objetivo deste trabalho foi estimar a variabilidade genética de uma população de E. morio da Costa Norte do Brasil. Foram seqüenciados cerca de 395pb do gene Cit b do mtDNA de 39 exemplares de E. morio provenientes de empresas de pesca do Municipio de Bragança, Pará. Identificaram-se seis sítios variáveis, sendo dois informativos e um total de sete haplótipos, sendo o mais freqüente com 30 indivíduos e quatro únicos. Os indices de diversidades genética foram baixos (h= 0.4076 ± 0.097; π= 0.001 ± 0.001) e os testes de neutralidade identificaram desvios do equilíbrio neutro, apresentando valores negativos e significativos. O modelo de expansão foi rejeitado e o gráfico de diferenças par a par mostrou uma curva em L. De acordo com os dados da literatura para outras espécies de serranídeos, os valores de diversidade estão entre os mais baixos observados. Sendo assim, futuros trabalhos devem incluir outras populações para a confirmação dos possiveis efeitos da pesca sobre este importante item da pesca nas diferentes regiões brasileiras. Apoio financeiro: CNPq-PIBIC. 112 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Variabilidade genética da espécie Epinephelus itajara (Serranidae) da Costa Norte e Nordeste do Brasil através de análises do mtDNA: Implicações para a conservação Silva-Oliveira,GC; Azevedo, LS; Rêgo, PS; Nunes, ZMP; Sampaio, I; Schneider, H; Vallinoto, MS Instituto de Estudos Costeiros, Campus de Bragança, Universidade Federal do Pará [email protected] Palavras-chave: Mero, Epinephelus itajara, Goliath grouper, DNA mitocondrial, conservação O mero (Epinephelus itajara) é uma espécie de peixe criticamente ameaçada de extinção. Apresenta grande porte, chegando a medir 2,5 metros e pesar 400 quilos. Ocorre em águas tropicais e subtropicais do Oceano Atlântico e Pacífico e no Brasil do Amapá a Santa Catarina, sendo considerado um importante item para a pesca comercial e esportiva. Geralmente, abriga-se em cavernas, embarcações naufragadas e recifes de corais a mais de 40 metros de profundidade, o que dificulta a sua captura. Contudo, durante a época reprodutiva, são facilmente capturados nas regiões estuarinas, onde formam agregados reprodutivos para desovarem. É durante esta época que ocorre a captura em massa da espécie, considerada a principal causa do declínio populacional. Estimativas mostram que as populações de mero podem sofrer redução de 80% nos próximos 10 anos. Diante desse cenário, o propósito deste estudo foi estimar a variabilidade genética, identificar padrões migratórios e estabelecer aspectos estruturais e demográficos de populações de E. itajara do Norte e Nordeste do Brasil a partir de seqüências da região controle do mtDNA. Após sequenciamento de 499 pb da porção 3’ da região controle de 116 exemplares, foram identificados 17 sítios variáveis e 8 informativos. Estes sítios geraram 27 haplótipos: 4 bem representativos e 15 únicos. Os índices de variabilidade genética (h=0.80; π=0.004) foram inferiores ou similares aos encontrados para outras espécies aparentadas e também ameaçadas como Epinephelus marginatus. As populações do Norte do Brasil apresentaram maior diversidade, que pode ser reflexo da boa conservação dos manguezais dessa região. Apesar de haver diferenças de Φst observada na AMOVA, nenhuma estrutura de grupo analisadas foi significativa. No entanto, o NCA revelou uma associação significativa entre a variabilidade genética e a distribuição geográfica entre as populações analisadas. Indícios de sobrepesca puderam ser evidenciados através de análises de flutuações demográficas em localidades da Costa Nordeste. Desta forma, medidas de manejo e conservação devem ser implementadas, considerando os níveis de variabilidade genética e de estruturamento dos estoques. Tais ações, somadas à preservação dos manguezais e dos pontos de agregação reprodutiva, além de uma política de controle de pesca, são aspectos chave na elaboração de futuros projetos de conservação para esta espécie. Apoio financeiro: CNPq; CNPq-PIBIC. 113 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização de marcadores moleculares para análise genética de populações de peixes migratórios do rio Pará (Brasil) Barroca, TM¹; Estanislau, A¹; Carmo, AO¹; Dias, F¹; Moreira, JP¹; Racioppi, L¹; Santos, GB²; Godinho, AL¹; Kalapothakis, E¹ ¹Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de Biologia Geral-Genética, Universidade Federal de Minas Gerais ²Programa de Graduação em Zoologia dos Vertebrados, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais [email protected] Palavras-chave: microssatétites, piracema, biblioteca genômica, Prochilodus costatus, Prochilodus lineatus O manejo racional de espécies silvestres de peixes deve prevenir a perda da diversidade genética. Para isso, é necessário se fazer um estudo genético das mesmas, podendo auxiliar importantes decisões a serem tomadas em áreas onde a atividade humana levou à mudança do habitat do rio; por exemplo regiões onde ocorreu a construção de usinas hidroelétricas, podendo causar a fragmentação e o isolamento de populações por barramento do mesmo. Neste estudo descrevemos a busca e utilização de marcadores moleculares de DNA para a espécie de piracema Prochilodus costatus do rio Pará, endêmica da América do sul e de grande importância comercial, social e ambiental. Utilizou-se uma biblioteca genômica primária não-enriquecida feita com o DNA da espécie Prochilodus lineatus e triada radioativamente para temas repetitivos. Foram analisados 73 clones positivos por meio de sequenciamento automático e 26% dos clones apresentaram regiões de microssatélites com potencial de uso para estudos de genética populacional. Iniciadores para PCR foram desenhados para várias regiões, como por exemplo: 2M3, 2V35 e 2X7. Foram determinadas as melhores condições de amplificação das regiões em questão, testando-se o tipo de tampão e a temperatura de anelamento. A utilização de microssatélites sugere uma baixa variabilidade genética para a população de Prochilodus costatus do rio Pará. O seqüenciamento de regiões isoladas, como por exemplo 2V35, tem mostrado diferenças que poderão gerar informações mais precisas sobre a população em questão. Esses marcadores moleculares que estão sendo utilizados são ferramentas importantes, auxiliando nas decisões a serem tomadas em relação ao manejo e conservação da espécie anteriormente mencionada. Apoio Financeiro: CEMIG, PRONEX, CAPES, CNPq, FAPEMIG. 114 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise citogenética preliminar em peixes marinhos de fundo arenoso de Barra Grande, região sul da Bahia Mascarenhas, ALS; Mendes, LAM; Almeida, JS; Affonso, PRAM; Silva Jr., JC Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Citogenética, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia [email protected] Palavras-chave: Perciformes, Pleuronectiformes, cariótipo, heterocromatina, evolução O presente trabalho faz parte de um projeto de levantamento citogenético da ictiofauna marinha do estado da Bahia, já que esta é pouco conhecida. Para isto, selecionou-se a área de Barra Grande, localizada na Baía de Camamu ao sul do estado, terceira maior baía do Brasil, apresentando uma grande diversidade de hábitat e riqueza de espécies. Foram estudadas três diferentes espécies de duas importantes ordens de peixes marinhos: Pleuronectiformes (Citharichthys arenaceus, família Paralichthidae) e Perciformes (Eucinostumus melanopterus e Diapterus rhombeus, ambos da família Gerreidae). Os exemplares foram coletados por tarrafa em praias da região. Após estimulação mitótica com suspensão de levedura, overnight, os cromossomos mitóticos foram obtidos através da técnica de preparação in vivo, utilizando tecido renal, e visualizados através das técnicas de coloração convencional Giemsa e bandamento C. As análises cromossômicas nos representantes da família Gerreidae evidenciaram 48 cromossomos acrocêntricos (2n=48a), sem diferenças aparentes entre as espécies. Já a espécie C. arenaceus apresentou um valor diplóide de 2n=28 e fórmula cariotípica 14m/sm+2st+2a (NF=34). A partir do bandamento C foi possível detectar pequenos blocos heterocromáticos nas regiões centroméricas de todos os cromossomos em Gerreidae. Em C. arenaceus, além de marcações centroméricas foram visualizadas bandas C na região telomérica de alguns pares cromossômicos. Os dados na família Gerreidae corroboram o caráter conservado da evolução cariotípica das espécies deste grupo, com manutenção de características cromossômicas consideradas primitivas para os teleósteos marinhos (2n e NF = 48). Por outro lado, uma tendência na redução do número cromossômico a partir, principalmente, de fusões cêntricas é verificada no representante da família Paralichthidae (Pleuronectiformes). Os resultados, inéditos para estas espécies, permitiram ampliar os dados citogenéticos disponíveis sobre peixes de fundo arenoso na costa brasileira, fornecendo subsídios para caracterização detalhada da ictiofauna marinha com ocorrência no estado da Bahia. Apoio financeiro: UESB, CNPq, FAPESB. 115 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Filogenia dos Sciaenidae da costa brasileira usando a região nuclear TMO-4C4 Ferreira, ARS; Alencar, SSC; Cunha, MFG; Sampaio, I; Schneider, H; Santos, S Instituto de Estudos Costeiros - Universidade Federal do Pará - Campus de Bragança Laboratório de Genética e Biologia Molecular [email protected] Palavras-chave: Filogenia, Sciaenidae, DNA nuclear, TMO-4C4, Costa brasileira A família Sciaenidae possui uma grande diversidade de espécies nos estuários do Atlântico Ocidental. São peixes demersais, carnívoros e habitam tanto ambientes marinhos como de água doce. Apesar da grande diversidade de cianídeos na costa brasileira, estudos de filogenia molecular para esclarecer as relações de parentesco evolutivo entre os táxons ainda são incipientes. O objetivo deste trabalho foi avaliar as relações filogenéticas entre os cianídeos da costa brasileira utilizando o marcador nuclear TMO-4C4. O DNA total foi extraído através da técnica que utiliza fenolclorofórmio e precipitação com acetato de sódio e etanol. O isolamento e amplificação da região TMO-4C4 foi realizado através da reação em cadeia da polimerase e as amostras positivas foram sequenciadas pelo método didesoxiterminal no MegaBACE 1000. As seqüências foram editadas e alinhadas no Bioedit e após os testes de qualidade dos dados, teste de saturação e PTP, as análises filogenéticas e de divergência nucleotídica foram realizadas no programa PAUP* 4.0b10. Foram obtidos 401 pb do gene TMO-4C4 para 70 espécimes de cianídeos. Os resultados de divergência genética mostram uma total similaridade entre as espécies P. squamosissimus e P auratus, o que nos leva a propor que ambas pertencem à mesma espécie e que as diferenças morfológicas estejam associadas ao tipo de habitat dos indivíduos. Um elevado valor de divergência genética foi observado entre indivíduos L. breviceps de São Paulo e L. breviceps do Pará, provavelmente resultante de uma especiação alopátrica, onde barreiras, que precisam ser identificadas, podem ter causado a diferenciação genética dessas espécies. Apesar do arranjo politômico das árvores obtidas, pôde-se confirmar a monofilia dos gêneros Plagioscion e Menticirrhus, como já evidenciado em outros trabalhos. A ausência de monofilia para as espécies de Cynoscion da costa norte sugere que tenha ocorrido uma diversificação explosiva para este gênero. A estreita relação entre os gêneros Stellifer, Ophioscion e Bairdiella vem corroborar com trabalhos anteriores que utilizaram dados moleculares e morfológicos. O padrão politômico observado na presente análise já foi verificado por outros autores que utilizaram genes mitocondriais, como rRNA 16S e COI, o que reforça a hipótese de um intenso padrão de diversificação para os Sciaenidae do oeste do Atlântico Sul. Apoio Financeiro: PIBIC/UFPA. 116 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Filogenia molecular de Clupeiformes a partir do gene mitocondrial 16S rDNA Queiroz, C; Schneider, H; Santos, P; Santos, S; Rego, PS; Sampaio, I Instituto de Estudos Costeiros, Universidade Federal do Pará – Campus de Bragança [email protected] Palavras-chave: Clupeiformes, Filogenia, Mitocondrial 16S rDNA, Sardinhas A ordem Clupeiformes (Teleostei, Actinopterygii) encontra-se atualmente dividida em subordens Denticipitoidei e Clupeoidei. Os peixes pertencentes a esta ordem são conhecidos vulgarmente como sardinhas, arenques e anchoas, e têm como principal e exclusiva característica morfológica à presença do recessus lateralis - um canal cefálico sensorial que faz uma conexão otofísica de vários sensores na região ótica cerebral. Os Clupeiformes exibem corpo achatado ou roliço, vivem agrupados em grandes cardumes, e alimentam-se majoritariamente de plâncton. Os indivíduos pertencentes a está ordem são cosmopolitas, com aproximadamente 400 espécies descritas. Possuem hábitat primariamente marinho, costeiro ou pelágico, embora existam espécies estuarinas e de água doce, sendo um grupo muito importante na pescaria comercial em todo o mundo. A taxonomia de sardinhas vem sendo amplamente estudada, porém, as relações filogenéticas entre a maioria dos táxons não é bem resolvida. A presente análise reúne todas as espécies da subordem Clupeoidei com seqüências disponíveis até o presente para o gene mitocondrial 16S rDNA. Foi utilizado um total de 54 espécies de todas as famílias e subfamílias viventes; sequências novas foram geradas pelo nosso grupo para mais de 50 exemplares de 14 espécies neotropicais (marinhas e de água-doce), sendo que 10 espécies aparecem pela primeira vez em uma filogenia molecular. Denticeps clupeoides (Denticipitoidei, Clupeiformes), apontada em estudos prévios como a linhagem irmã dos Clupeoidei (Chirocentridae, Clupeidae, Engraulidae Pristigasteridae e Sundasalangidae), foi usada como grupo externo em todas as análises. Os resultados a partir de análise bayesiana, máxima parcimônia e máxima verossimilhança sugerem fortemente a monofilia das famílias Pristigasteridae e Engraulidae, mas não da família Clupeidae. As famílias Chirocentridae e Sundasalangidae, aqui representadas cada uma por apenas uma espécie, posicionam-se entre as linhagens de Clupeidae. Odontognathus mucronatus, uma espécie do Atlântico ocidental pela primeira vez incluída em uma filogenia molecular, aparece inserida entre espécies de Pellona e Ilisha (família Pristigasteridae), gerando uma grande politomia com estes dois gêneros, não sendo possível demonstrar a monofilia de ambos, e, conseqüentemente da subfamília Pelloninae. Outros casos de politomia foram observados em algumas subfamílias, como Dorosomatinae, Pellonulinae e Dussumieriinae (família Clupeidae), assim como de parafilia em alguns gêneros, Anchoa e Engraulis (Engraulidae), e Sardinella (Clupeidae). Considerando que esta ordem de peixes tem distribuição mundial e grande quantidade de táxons, a presente análise esclarece alguns pontos relevantes da taxonomia deste grupo (monofilia das famílias Engraulidae e Pristigasteridae), e aponta à necessidade de estudos adicionais para estes peixes, na tentativa de resolver as freqüentes situações de politomia/parafilia. Apoio Financeiro: CNPq, CAPES e FINEP. 117 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Identificação genética de peixes comerciais da costa norte brasileira Soares, LFA; Rêgo, PS; Schneider, H; Sampaio, I Instituto de Estudos Costeiros, Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança [email protected]; [email protected] Palavras-chave: Coleção de Peixes, DNA mitocondrial, rRNA 16S, Costa norte brasileira, Identificação molecular Levantamentos da fauna pesqueira no Estuário do Rio Caeté, Bragança, Pará tem demonstrado a ocorrência de pelo menos 70 espécies importantes no desembarque, sendo a grande maioria com hábito estuarino-dependente e de grande importância econômica para a região norte brasileira. O presente trabalho tem como objetivo gerar uma base de dados contendo Fotografia em alta resolução, Voucher depositado em coleção, Banco de tecidos, e Seqüência de DNA do gene mitocondrial 16S para cada uma das espécies de peixes de interesse econômico do litoral bragantino. Além do Código de Barras de DNA, que poderá ser usado para estudos filogenéticos, esta base de dados será uma importante coleção de referência didático-científica para a ictiofauna da região. Foram catalogados até o presente, usando-se todos os procedimentos acima, representantes das famílias Sciaenidae (15 espécies), Lutjanidae (seis espécies), Carangidae (quatro espécies), Clupeidae (cinco espécies), Pristigasteridae (cinco espécies), Engraulidae (oito espécies) Serranidae (duas espécies), Achiridae (duas espécies), Mugilidae (seis espécies) e Ariidae (seis espécies). O DNA total foi extraído através do método Fenol-Clorofórmio, e um fragmento de cerca de 500 pares de bases do gene mitocondrial 16S isolado através de PCR e seqüenciado pelo método didesoxiterminal no ABI377. As seqüências de DNA foram editadas e serão submetidas oportunamente ao Genbank. Como produto deste trabalho será gerado também um catálogo fotográfico contendo as principais características de cada espécie da Coleção e seu respectivo Código de Barras de DNA. Apoio: CNPq/PIBIC, FINEP. 118 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 DNA como ferramenta para identificar larvas de peixes em nível de espécie Costa, AJG1; da Costa, RM2; Santos, S1; Schneider, H1; Pereira, LCC2; Sampaio, I1 Laboratório de Genética e Biologia Molecular, Universidade Federal do Pará Laboratório de Oceanografia Ecosteira e Estuarina, Universidade Federal do Pará 3 Laboratório de Plâncton e Cultivo de Microalgas, Universidade Federal do Pará [email protected] 1 2 Palavras-chave: Larvas de peixes, DNA mitocondrial, Estuário Taperaçu, Costa amazônica O ictioplâncton compreende os ovos, larvas, pós-larvas e, em certa medida, os juvenis de peixes. A identificação taxonômica de larvas de peixes é uma tarefa difícil e complexa, principalmente pelo fato da grande similaridade morfológica encontrada nos primeiros estágios de desenvolvimento das diferentes espécies, e pela carência de chaves de identificação para formas larvais. Como forma de contribuir com dados robustos para este campo da ictiologia, o presente trabalho tem como objetivo a utilização de seqüenciamento de DNA para realizar uma identificação de forma inequívoca das larvas em nível de espécies. As larvas de peixes foram coletadas no estuário do Taperuçu (Bragança-Nordeste do Pará), através de arrastos horizontais sub-superficiais com duas redes de plâncton cônico-cilíndricas, com aberturas de malha de 300 μm e 500 μm. Após triagem e registro fotográfico, as larvas foram submetidas à extração de DNA pelo método Fenol/Clorofórmio. Um fragmento do gene mitocondrial rRNA 16S foi isolado utilizando-se a técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) e submetido ao seqüenciamento de DNA pelo método didesoxiterminal, com leitura das seqüências no MegaBace 1000 (GE Healthcare). Para a identificação das larvas em nível de espécie usou-se o BLAST (para seqüências do Genbank) e também o banco de dados do Laboratório para seqüências de espécimes adultos ainda não depositadas no Genbank. Com base em 100% de similaridade nas seqüências de DNA, foram identificadas até o presente larvas de 12 espécies de peixes: Cynoscion acoupa, Stellifer stellifer, Cynoscion microlepidotus, Micropogonias furnieri, Diapterus auratus, Chaetodipterus faber, Elops saurus, Sphoeroides annulatus, Hemicaranx amblyrhynchus, Oligoplites saurus e Achirus declivis. Outro conjunto de larvas só foi identificado em nível de gênero ou família, mostrando que é alta a diversidade de espécies de peixes que visitam o estuário durante seu ciclo de vida. Para as espécies já identificadas está sendo construído um catálogo com descrição detalhada da morfologia das larvas, que servirá de grande subsídio para os estudos de ecologia de plâncton desenvolvidos nas áreas estuarinas da zona costeira amazônica. Apoio Financeiro: PIBIC/CNPq; MCT, FINEP. 119 54º Congresso Brasileiro de Genética 120 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Marcadores moleculares para o monitoramento de programas de hibridação em peixes: ferramentas para genética forense e conservação Hashimoto, DT1; Mendonça, FF2; Senhorini, JA3; Bortolozzi, J1; Foresti, F2; Porto-Foresti, F1 Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual Paulista, Bauru/SP 2 Departamento de Morfologia, Universidade Estadual Paulista, Botucatu/SP 3 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, CEPTA, Pirassununga/SP [email protected] 1 Palavras-chave: conservação genética, genética forense, híbridos interespecíficos A hibridação interespecífica é considerada uma das clássicas metodologias de manipulação genética mais aplicada nas pisciculturas, visando principalmente ao aumento da produtividade e obtenção de linhagens estéreis. Entretanto, híbridos de peixes também podem se constituir em sérios riscos biológicos ao meio ambiente e às populações naturais, de forma a “contaminar geneticamente” os estoques e competir de diversas maneiras com as linhagens parentais. A grande semelhança morfológica dos híbridos com seus parentais podem causar uma mistura ocasional entre estes, o que torna a produção e comercialização destes animais um processo crítico e sem qualquer controle. Assim sendo, a caracterização e monitoramento genético de linhagens híbridas produzidas artificialmente nas pisciculturas são considerados de grande relevância e essenciais para o preciso diagnóstico dos componentes das gerações parentais e híbridas. No presente estudo, foram estabelecidos marcadores de PCR-Multiplex e PCR-RFLP para a identificação de híbridos interespecíficos resultantes de cruzamentos entre espécies de peixes Neotropicais atualmente produzidos nas pisciculturas brasileiras. Entre estes estão cruzamentos envolvendo espécies de Anostomidae (Leporinus macrocephalus x Leporinus elongatus), Pimelodidae (Pseudoplatystoma reticulatum x Phractocephalus hemioliopterus) e Serrasalminae (Colossoma macropomum x Piaractus mesopotamicus x Piaractus brachypomus). Primeiramente, foram obtidas seqüências parciais de DNA nuclear (gene α-tropomiosina e RAG – recombination activating gene) e DNA mitocondrial (gene ribossômico 16S e citocromo B) permitindo verificar diferenças de composição nucleotídica entre as espécies parentais estudadas. Em seguida, primers espécie-específicos foram desenhados para serem empregados simultaneamente em reações PCR-Multiplex, e mapas de restrição foram criados possibilitando a seleção de enzimas com sítios de clivagem espécie-específicos para reações de PCR-RFLP. Em ambas as metodologias, análises envolvendo o DNA nuclear e mitocondrial demonstraram diferentes perfis eletroforéticos entre as espécies parentais, evidenciado por fragmentos de DNA com diferentes tamanhos e de padrões característicos para cada espécie. Entretanto, somente análises do DNA nuclear permitiram o diagnóstico e a precisa identificação dos produtos híbridos, pois estes revelaram um perfil heterozigótico com bandas diagnósticas herdadas de suas respectivas espécies parentais. Em relação ao DNA mitocondrial, dada a característica de transmissão materna destes segmentos genômicos, os híbridos apresentaram o mesmo padrão dos parentais maternos, mascarando a identificação, porém demonstrando o potencial uso deste marcador na diferenciação de híbridos recíprocos. A rapidez e baixo custo destas técnicas poderão facilitar a implementação rotineira do monitoramento e fiscalização da produção de híbridos nas pisciculturas, e por fim, delinear planos de conservação biológica para um manejo adequado destes animais, de forma a minimizar os impactos negativos aludidos com a implantação de projetos de hibridação interespecífica em pisciculturas. Apoio financeiro: CNPq, FAPESP e ICMBio. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Efeito da exposição ao cobre sobre a expressão de genes relacionados ao metabolismo da glutationa em hepatócitos de zebrafish (Danio rerio) Rola, RC1; Rosa, CE1,2; Sandrini, JZ1,2; Trindade, GS1,2; Nery, LEM1,2; Marins, LF1,2 Departamento de Ciências Fisiológicas – Universidade Federal do Rio Grande (FURG) Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas – Fisiologia Animal Comparada, (FURG) [email protected] 1 2 Palavras-chave: glutationa, expressão gênica, cobre, estresse oxidativo, Danio rerio O cobre (Cu) é considerado um elemento traço essencial, pois é um co-fator comum de muitas enzimas. Paralelamente, também é considerado um elemento potencialmente tóxico por vários mecanismos, incluindo a geração de espécies reativas de oxigênio (EROs). Dentre os mecanismos não-enzimáticos de combate as EROs, pode-se destacar o tripeptídeo glutationa (GSH). A GSH é o tiol não-protéico intracelular mais abundante, cuja síntese acontece constitutivamente na maioria das células, mas pode ser aumentada em resposta a diversos estressores. Esta molécula é considerada a primeira linha de defesa de um organismo contra as EROs, pois funciona como um “seqüestrador” destas moléculas, é co-substrato de outras enzimas antioxidantes de detoxificação celular, desempenha papel na reativação de outras enzimas inibidas durante uma situação de estresse oxidativo e tem papel importante na regeneração da vitamina E, outro antioxidante não-enzimático. O objetivo deste estudo foi avaliar a expressão de genes envolvidos na síntese e reciclagem da GSH em hepatócitos de peixe (Danio rerio), após exposição ao cobre. Previamente, as células (densidade de 1,0 x 106 células/ poço, em placas de 24 poços) foram expostas ao cobre na concentração de 20 mg/L. Após 24 horas de exposição, as amostras de hepatócitos do grupo controle e as expostas a 20 mg/L foram homogeneizadas em TRIZOL, para extração do RNA total e conseqüente síntese do cDNA, o qual foi utilizado para realização dos testes de expressão gênica por RT-PCR semiquantitativa dos seguintes genes: subunidade catalítica da glutamato cisteína ligase (GCLC), glutationa sintase (GS), glutationa peroxidase selênio dependente (GPx), glutationa redutase (GR) e diferentes isoformas da glutationa S-transferase (GST-α, GST-ρ, GST-μ e GST-π). A expressão destes genes foi normalizada pela expressão do gene da β-actina. A expressão dos genes da via de síntese da GSH (GCLC e GS), bem como da enzima GPx foi significativamente (p<0,05) induzida no grupo exposto a 20 mg/L de cobre em relação ao grupo controle. Já a expressão de genes de fase II de detoxificação celular (GST-α, e GST-ρ) foi reduzida (p<0,05) nas mesmas condições, enquanto que a expressão dos genes GR, GST-μ e GST-π não foi alterada (p>0,05) pelo tratamento com cobre. Estes resultados indicam que a exposição dos hepatócitos ao cobre acarretou uma situação de estresse oxidativo, que estaria alterando o perfil de expressão de genes do sistema antioxidante a fim de aumentar o nível de GSH intracelular e contrabalançar os efeitos tóxicos do poluente. Apoio Financeiro: CNPq e FAPERGS. 121 54º Congresso Brasileiro de Genética 122 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Construção e caracterização estrutural de bibliotecas genômicas enriquecidas em microssatélites nas espécies Rhinella schneideri e Leptodactylus chaquensis (Amphibia) Arruda, MP1; Morielle-Versute, E1; Schneider, MPC2; Gonçalves, EC2 Laboratório de Chiroptera, Instituto de Biociências Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista 2 Laboratório de Polimorfismo de DNA, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará [email protected] 1 Palavras-chave: microssatélites, variabilidade genética, Amphibia, conservação A classe Amphibia tem sofrido nas recentes décadas um declínio global e desproporcionalmente maior quando comparada a outros grupos de vertebrados, devido a um conjunto de fatores de afetam suas comunidades naturais. Esse fato aliado a características morfofisiológicas do grupo, permite a sua utilização como bioindicador de ambientes alterados. Os programas de preservação ressaltam a importância da manutenção da máxima quantidade de diversidade genética, assim sendo, a primeira etapa de um programa conservacionista, consiste na avaliação dessa variabilidade dentro das populações. Particularmente os marcadores moleculares do tipo microssatélite (SSRs), caracterizados pela abundante distribuição no genoma, alto nível de polimorfismo, herança mendeliana co-dominante e neutralidade típica, tem permitido o acesso com êxito à variabilidade genética das populações. Baseado nos pressupostos apresentados, esse estudo desenvolveu quatro bibliotecas genômicas parciais enriquecidas em SSRs para as espécies de anuros Rhinella schneideri (2 bibliotecas: CAn CTn) e Leptodactylus chaquensis (2 bibliotecas: Can CTn), a partir do método de hibridização seletiva, com sondas biotiniladas repetitivas do tipo (CA)15 e (CT)12 conjugadas à contas magnéticas revestidas por estreptavidina. Após a hibridização, os insertos enriquecidos em seqüências microssatélites foram amplificados via PCR, ligados ao vetor pGEM-T Easy Vector e transformados em bactérias eletrocompetentes Escherichia coli TOP10 por eletroporação. As bactérias transformadas foram plaqueadas em meio sólido 2XYT-ágar contendo ampicilina + X-gal, e após crescimento, as colônias brancas (positivas) foram transferidas e crescidas em placas de 96 poços com caldo enriquecido Tartoff-Hobbs Broth/Ampicilina. As placas foram glicerolizadas e acondicionadas à -20ºC. Foram seqüenciados 480 (R. schneideri) e 288 (L. chaquensis) clones positivos. O programa Tanden Repeats Ocurrence Locator “Troll” foi utilizado para rastrear os microssatélites nos clones. A sonda CA isolou um número maior de SSRs (61% CA e 43% CT), com as bibliotecas (CA)n apresentando, predominantemente, motivos repetidos do tipo dinucleotídeo (57% - preferencialmente CA5 e CA6), enquanto que nas bibliotecas (CT)n a unidade repetida comumente encontrada foi a mononucleotídica (52%). Os microssatélites foram classificados como: puros (89%), interrompidos (8%), compostos interrompidos (2%) e compostos (1%). Na comparação entre as bibliotecas das duas espécies, L. chaquensis obteve uma maior porcentagem de SSRs (60% e 47%), assim como exibiu unidades repetidas pentanucleotídicas (TCACA25) e hexanucleotídícas (CACACG8), enquanto que as bibliotecas de R. schneideri caracterizaram-se pelo número maior de motivos tetranucleotídicos (17% à 8%). 9% do total dos microssatélites encontrados exibiram repetições longas (> 15 nucleotídeos), potencialmente polimórficas. Esses microssatélites foram editados e alinhados no software Bioedit, os clones redundantes removidos e os iniciadores desenhados pelo programa Primer 3. Os iniciadores serão otimizados e utilizados para posterior genotipagem de populações naturais dessas espécies. Esses lócis poderão ser utilizados em sistemas de manejo genético norteando programas de conservação. Apoio Financeiro: FAPESP, CNPq. 54º Congresso Brasileiro de Genética 123 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Desenvolvimento de bibliotecas enriquecidas em seqüências microssatélites na espécie Leptodactylus podicipinus (Amphibia) Arruda, MP1; Schneider, MPC2; Gonçalves, EC2; Morielle-Versute, E1 Laboratório de Chiroptera, Instituto de Biociências Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista 2 Laboratório de Polimorfismo de DNA, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará [email protected] 1 Palavras-chave: microssatélites, variabilidade genética, Amphibia, conservação Os microssatélites ou SSRs consistem em motivos de 1-6 nucleotídeos repetidos em tandem no genoma, caracterizados por apresentarem ampla distribuição, alto nível de polimorfismo informativo e padrão co-dominante. Por essas particularidades essa classe de marcadores moleculares tem sido extensamente utilizada em estudos populacionais. Os anfíbios constituem excelentes modelos para a investigação genética de populações selvagens, pois são distribuídos na maioria dos ecossistemas, frequentemente filopátricos, gerando níveis elevados de estruturação genética populacional e, apesar do grande interesse focado na conservação, esta área de pesquisa está sub-representada. Leptodactylus podicipinus é uma espécie abundante e amplamente distribuída na América do Sul, estendendo-se da Argentina e Uruguai até a altura dos rios amazônicos. Espécies localmente abundantes e extensamente distribuídas podem servir como organismosmodelo para elucidar processos de fragmentação da paisagem e da perda de hábitats. O atual estudo desenvolveu duas bibliotecas genômicas parciais enriquecidas (CAn e CTn) em SSRs para L. podicipinus. 10 microgramas de DNA genômico foram digeridos com Sau3AI e fragmentos de 300-1000 bp selecionados e ligados a adaptadores da enzima. Esses fragmentos foram enriquecidos via PCR com um número reduzido de ciclos. O produto amplificado foi denaturado e hibridizado com sondas de seqüências repetidas (CA15 e CT12) marcadas com biotina. Os fragmentos enriquecidos foram recuperados utilizando contas magnéticas revestidas por estreptavidina. Foi conduzida uma PCR utilizando o iniciador direto dos adaptadores para promover a conformação de dupla-fita nos fragmentos. O produto da PCR foi ligado ao vetor pGEM-T Easy Vector e introduzido em bactérias eletrocompetentes Escherichia coli cepa TOP10 por eletroporação. As bactérias transformadas foram plaqueadas em 2XYT/agar/Ampicilina/X-gal e decorrido o período de crescimento, as colônias positivas foram repicadas em placas de 96 poços com caldo nutritivo Tartoff-Hobbs Broth/ Ampicilina. As bibliotecas foram glicerolizadas e estocadas à -20ºC. 384 clones foram seqüenciados e analisados pelo programa Troll que encontrou 148 regiões ricas em regiões repetitivas. A sonda CA obteve maior eficiência no número de microssatélites capturados (111 motivos/58%) em relação à sonda CT (37 motivos/19%). As bibliotecas desenvolvidas apresentaram a seguinte composição quanto aos tipos de motivos: dinucleotídeos (55%), mononucleotídeos (22%), tetranucleotídeos (16%), trinucleotídeos (6%) e pentanucleotídeos (1%), e os microssatélites classificados como puros em 90% dos casos. As sondas utilizadas divergiram quanto à prevalência de motivos capturados, na sonda CA os motivos dinucleotídeos (63%) e mononucleotídeos/tetranucleotídeos (17%) foram os mais freqüentes, enquanto que para sonda CT, os mononucleotídeos (37%), dinucleotídeos (29%) e trinucleotídeos (21%) foram os prevalentes. Os maiores microssatélites em número de repetições foram editados e alinhados pelo programa Bioedit. Os iniciadores foram desenhados baseados nas regiões flanqueadoras dos SSRs pelo programa Primer 3. Os iniciadores serão otimizados e utilizados na genotipagem de populações naturais de L. podicipinus. Apoio Financeiro: FAPESP, CNPq. 54º Congresso Brasileiro de Genética 124 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Comparative cytogenetics of three species of Phyllomedusa hypochondrialis group (Anura, Hylidae, Phyllomedusinae) Bruschi, DP1; Siqueira, S2; Del-Grande, ML3; Andrade, GV4; Recco-Pimentel, SM2; Busin, CS1 1 Instituto de Ciências Biológicas, UPF, Passo Fundo, RS Departamento de Biologia Celular, IB, UNICAMP, Campinas, SP 3 Departamento de Ciências Naturais, UESB, Vitória da Conquista, BA 4 Departamento de Biologia, UFMA, São Luis, MA [email protected] 2 Palavras-chave: cromossomos, cariótipo, Phyllomedusa, NOR, heterocromatina Os representantes do gênero Phyllomedusa caracterizam-se por apresentarem morfologia externa peculiar quando comparadas a outros hilídeos neotropicais. A maioria das espécies desse gênero está alocada em cinco clados conforme similaridades morfológicas. No clado “hypochondrialis” estão P. ayeaye, P. azurea, P. centralis, P. hypochondrialis, P. megacephala, P. nordestina, P. oreades, P. palliata e P. rohdei. Entretanto, as relações intra-e interespecíficas ainda são discutidas. Freqüentes mudanças taxonômicas e/ou revalidação de espécies são relatadas o que sugere a necessidade da utilização de outras e diferentes ferramentas que possam contribuir para o melhor entendimento da sistemática do gênero e, mais especificamente, do clado “hypochondrialis”. Neste trabalho analisamos citogeneticamente onze espécimes de P. rohdei (Ilhéus, BA), seis de P. hypochondrialis (Urbano Santos, MA) e sete espécimes de P. azurea (Uberlândia, MG). As metáfases foram obtidas por suspensão de células de epitélio intestinal e de testículos e submetidas à coloração convencional com Giemsa, impregnação por prata (Ag-NOR) e bandamento C. As três espécies apresentaram o mesmo número cromossômico (2n=26) com fórmulas cariotípicas muito semelhantes: P. rohdei apresentou 2n=3M+10SM, P. hypochondrialis 2n=6M+7SM e P. azurea 2n=5M+7SM+1ST. O padrão de bandamento C revelou a presença de heterocromatina na região centromérica de todos os cromossomos das três espécies com pequenas diferenças na localização de blocos pericentroméricos e/ou teloméricos. Um dos homólogos dos cromossomos do par 1, de todos os espécimes de P. azurea analisados, apresentou, adicionalmente, um bloco heterocromático na região subterminal do braço longo que altera a morfologia do cromossomo (M/SM). Um único par de NORs ativas foi detectado em cada uma das espécies, em P. rohdei, na região subtelomérica dos braços longos dos homólogos 9, em P. hypochondrialis na região intersticial dos braços curtos dos cromossomos do par 6 e, em P. azurea, na região pericentromérica dos braços curtos dos homólogos 3. Embora a morfologia e o padrão heterocromático dos cromossomos sejam semelhantes, a localização das NORs separa cada uma das espécies, corroborando resultados de análise morfológica realizadas por outros autores. 54º Congresso Brasileiro de Genética 125 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estrutura e distribuição das regiões organizadoras de nucléolos em quatro espécies do Gênero Phyllomedusa (Anura: Hilidae) encontradas no estado da Bahia Barth, A; Solé, M; Costa, MA Programa de Pós-graduação em Genética e Biologia Molecular – Universidade Estadual de Santa Cruz, UESC [email protected] Palavras-chave: citogenética, CMA3, NOR, anuros, evolução O gênero Phyllomedusa compreende vinte e quatro espécies que apresentam ampla distribuição, sendo encontradas na América Central desde o Panamá, e na América do Sul a leste dos Andes, além da Colômbia, Trindade, Argentina e Uruguai. O presente trabalho teve como objetivo estudar as regiões organizadoras de núcleos (NOR) nas espécies do gênero Phyllomedusa encontradas no Estado da Bahia - Brasil. Neste sentido, foram analisados onze indivíduos da espécie Phyllomedusa rohdei, cinco de P. nordestina, dez de P. burmeisteri e dez de P. bahiana coletados nos municípios de Ilhéus, Ituberá, Camacan, Feira de Santana e Vitória da Conquista. Células do intestino em suspensão de etanol/ácido acético foram gotejadas em lâminas histológicas e submetidas às técnicas de banda NOR e fluorocromos CMA3 e DAPI. Todas as espécies estudadas apresentaram 2n=26 cromossomos. As espécies P. burmeisteri e P. bahiana apresentaram marcações AgNOR positivas na região pericentromérica do braço longo de um par de cromossomos submetacêntricos. Todos os indivíduos de P. bahiana analisados apresentaram pares cromossômicos heteromórficos para comprimento da NOR. Esta variação também foi observada em alguns indivíduos de P. burmeisteri. Na espécie Phyllomedusa nordestina pode-se observar variação intrapopulacional com relação ao número de NORs ativas. Nas populações de Vitória da Conquista e Camacan observou-se marcações AgNOR na região intersticial de um par de cromossomos metacêntricos e na população de Ituberá, observou-se três cromossomos metacêntricos marcados nesta mesma região. Em P. rohdei, a técnica de banda NOR revelou alta variabilidade no padrão de atividade das NORs, a qual apresentou variação no número e na morfologia dos cromossomos marcados. Entre os espécimes analisados foram observados de dois a quatro cromossomos marcados na região terminal, que mostraram morfologias metacêntrica ou submetacêntrica nos diferentes indivíduos. Em cinco indivíduos desta espécie, observou-se também uma marcação pericentromérica em um cromossomo submetacêntrico. Em todas as espécies analisadas observou-se marcações CMA3 positivas nas regiões marcadas pelo nitrato de prata, demonstrando que as NORs são ricas em pares de bases GC conforme já descrito na literatura para anuros e outros organismos. O fluorocromo CMA3 marcou ainda, a região centromérica e telomérica de todos os cromossomos. O fluorocromo DAPI não apresentou marcações específicas. As NORs são úteis em estudos evolutivos para realizar inferências sobre as relações de ancestralidade. Neste sentido, para a família Hylidae, NORs simples seriam tidas como uma característica de espécies mais ancestrais e as NORs múltiplas seriam uma condição encontrada em grupos que teriam um tempo menor de divergência. Alguns eventos como inversões, translocações, elementos genéticos transponíveis e amplificação de cístrons de rDNA são alternativas para explicar a origem das NORs múltiplas em algumas espécies. Apoio: UESC, CAPES, FAPESB. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudo das relações de parentesco intragenéricas de Pseudopaludicola (Anura, Leiuperidae), com evidências para a redução do número cromossômico Veiga-Menoncello, ACP1; Lourenço, LB1; Strüssmann, C2; Rossa-Feres, DC3; Lima, JRF4; Recco-Pimentel, SM1 Departamento de Biologia Celular, IB – UNCAMP, Campinas, SP – Brasil Departamento de Produção Animal, FAMEV – UFMT, Cuiabá, MT – Brasil 3 Departamento de Zoologia, IBILCE – UNESP, São José do Rio Preto, SP – Brasil 4 Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá, Macapá, AP - Brasil [email protected] 1 2 Palavras-chave: Anura, Pseudopaludicola, DNAmt, cromossomo Atualmente o gênero Pseudopaludicola é formado por 12 espécies divididas em dois grupos: grupo “pusilla”, o qual é considerado monofilético e contem cinco espécies incluindo apenas um representante brasileiro, P. canga e o grupo “falcipes” composto pelas demais espécies, as quais não compartilham nenhum caracter derivado. As relações de parentesco intragenéricas de Pseudopaludicola permanecem pouco entendidas, principalmente em relação às espécies do sudeste da América do Sul pertencentes ao grupo “falcipes”. Neste estudo nós associamos dados cromossômicos de algumas espécies de Pseudopaludicola às análises filogenéticas baseadas em dados moleculares dos genes ribossomal mitocondrial 12S e citocromo b como parte de uma investigação sobre as relações de parentesco intragenéricas de Pseudopaludicola. Uma significante variação no número de cromossomos é observada nesse gênero. Pseudopaludicola falcipes, P. mineira e P.saltica apresentam 2n=22 cromossomos, P. ameghini (sensu Cope, 1887) e P. ternetzi, 2n=20, P. canga e Pseudopaludicola sp.n. 2n=18, enquanto P. mystacalis e Pseudopaludicola sp. (aff. mystacalis) possuem 2n=16 cromossomos. Quando associados aos dados moleculares, os quatro grupos caracterizados pelos diferentes números cromossômicos (2n = 22; 20; 18 e 16) foram identificados em clados distintos. A presença de 2n=18 cromossomos somente em P. canga e em Pseudopaludicola sp.n. associada a localização dessas espécies em um mesmo clado, corrobora o monofiletismo do grupo “pusilla” previamente proposto com base em dados morfológicos. Por outro lado, o grupo “falcipes”, cujas espécies apresentam diferentes números de cromossomos, mostrou-se parafilético em relação ao grupo “pusilla”. Os dados moleculares parecem ser úteis para explicar a radiação cromossômica nesse gênero, uma vez que nossas análises indicam P. falcipes, que possui o maior número de cromossomos (2n=22), como um táxon basal dentro de Pseudopaludicola, sugerindo uma progressiva redução no número cromossômico na divergência evolutiva nesse gênero. Apoio financeiro: FAPESP. 126 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização cromossômica de Pseudopaludicola ameghini (sensu Cope, 1887), P. ternetzi e de populações de Pseudopaludicola sp. (aff. mystacalis), Pseudopaludicola sp. (aff. falcipes) e Pseudopaludicola sp. (Anura - Leiuperidae) Fávero, ER1; Veiga-Menoncello, ACP1; Strüssmann, C2; Andrade, GV3; Giaretta AA4; Rossa-Feres, DC5; Recco-Pimentel, SMR1 Departamento de Biologia Celular, IB, UNICAMP, Campinas, SP Departamento de Produção Animal, FAMEV, UFMT, Cuiabá, MT 3 Departamento de Biologia, Centro de Ciências da Saúde, UFM, São Luis, MA 4 Departamento de Biociências, Instituto de Biologia, UFU, Uberlândia, MG 5 Departamento de Zoologia, IBILCE, UNESP, São José do Rio Preto, SP [email protected]; [email protected] 1 2 Palavras-chave: Citogenética, Pseudopaludicola, Anura O gênero Pseudopaludicola (Leiuperidae), possui atualmente 12 espécies de rãs diminutas, que ocorrem na região oriental da América do Sul. Estas espécies muito se assemelham, sendo algumas vivendo simpatricamente. Com o intuito de caracterizar citogeneticamente as espécies do gênero, visando contribuir com a sistemática do grupo, analisamos o cariótipo de exemplares de P. ameghini (sensu Cope, 1887), atualmente tida em sinonímia de P. mystacalis, provenientes de sua localidade-tipo, região da Chapada dos Guimarães (MT), além de P. ternetzi de Uberlândia (MG) e exemplares de populações tidas como Pseudopaludicola sp. (aff. falcipes), da região noroeste de São Paulo, Pseudopaludicola sp. (aff. mystacalis) de Barreirinhas e Urbano Santos (MA) e Pseudopaludicola sp., provenientes de Poconé e Santa Terezinha (MT). As preparações cromossômicas foram obtidas a partir do epitélio intestinal e gônada masculina e submetidas às técnicas de coloração convencional com Giemsa, impregnação por prata (AgNOR) e bandamento C. Os cariótipos de P. ameghini (sensu Cope, 1887) e P. ternetzi apresentaram 2n=20 cromossomos e a NOR localizada na região telomérica do braço longo do par 9. Em P. ameghini, bandas pericentroméricas foram detectadas nos braços curtos dos pares 1 e 2 e nos braços longos dos pares 3, 4 e 5, enquanto P. ternetzi apresentou marcação pericentromérica apenas nos braços curtos dos pares 1 e 2. Todos os exemplares das populações de Pseudopaludicola sp. (aff. falcipes), Pseudopaludicola sp. (aff. mystacalis) e Pseudopaludicola sp., além de compartilharem o mesmo número de cromossomos de P. mystacalis (2n=16), apresentaram também a NOR na região pericentromérica do braço curto do par 4 e o mesmo padrão de distribuição de heterocromatina. Os resultados obtidos indicam que P. ameghini (2n=20) e P. mystacalis (2n=16) são unidades taxonômicas distintas, assim como P. ternetzi, a qual já foi considerada sinônima de P. ameghini. Além disso, os espécimes tidos como Pseudopaludicola sp. (aff. falcipes), Pseudopaludicola sp. (aff. mystacalis) e Pseudopaludicola sp., mostraram-se citogeneticamente relacionados à P. mystacalis e não à P. falcipes que possui 2n=22 cromossomos. Desta forma, os nossos dados indicam a necessidade de uma revisão taxonômica no gênero Pseudopaludicola. 127 Apoio: FAPESP. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Evidências sobre os relacionamentos Intere Intragenéricos de Pristimantis crepitans e Ischnochnema paulodutrai e sobre a existência de novas espécies de Barycholos e Pristimantis (Anura, Terrarana), inferidas por dados citogenéticos Siqueira, S1; Aguiar, O2; Strüssmann, C3; Pansonato, A3; Del-Grande, ML4; Giaretta, AA5; Martins, I6; Recco-Pimentel, SM1 Departamento de Biologia Celular, IB, UNICAMP, Campinas, SP 2 Departamento de Biociências, UNIFESP, Santos, SP 3 Departamento de Ciências Básicas e Produção Animal, UFMT, Cuiabá, MT 4 Departamento de Ciências Naturais, UESB, Vitória da Conquista, BA 5 Departamento de Biociências, IB, UFU, Uberländia, MG 6 Departamento de Biologia, UNITAU, Taubaté, SP [email protected]; [email protected] 1 Palavras-chave: cromossomos, Pristimantis, Barycholos, Ischnocnema As 882 espécies descritas de “eleutherodactyline” foram recentemente alocadas no grande táxon Terrarana e redistribuídas em quatro famílias, Eleutherodactylidae (Caribe), Craugastoridae (América Central), Strabomantidae (América do Sul) e Brachycephalidae (Sudeste do Brasil), com base em análises de filogenia molecular. Entretanto, os relacionamentos das espécies da América do Sul, principalmente do Brasil, permanecem pouco esclarecidos. No presente trabalho foram analisadas nove populações de espécies dos gêneros Ischnocnema, Pristimantis e Barycholos, contribuindo com dados citogenéticos adicionais para o entendimento dos relacionamentos intra- e intergenéricos e diferenciação entre espécies brasileiras. Os cariótipos foram analisados por coloração com Giemsa, Ag-NOR e bandamento C. Os espécimes de I. juipoca (Atibaia e Campos do Jordão, SP), B. ternetzi (Uberlândia, MG e Porto Nacional, TO) e P. crepitans (Chapada dos Guimarães e São Vicente, MT), apresentaram 2n=22 cromossomos, metacêntricos, submetacêntricos e telocêntricos (NF= 40, 38 e 44, respectivamente), enquanto P. dundeei (Chapada dos Guimarães, Rondonópolis e Aripuanã, MT) e I. paulodutrai (Ilhéus, BA – espécimes com dois padrões de morfologia externa) apresentaram, respectivamente, 2n=28 e 2n=30 cromossomos telocêntricos, excetuando-se o par 4, subtelocêntrico em I. paulodutrai (NF= 28 e 32). Cariótipos com 2n=28 e 2n=30 são descritos pela primeira vez para espécies brasileiras de Terrarana, que apresentam 2n=20, 22 ou 34 cromossomos. Diferenças na localização da NOR e padrão de heterocromatina entre populações de B. ternetzi e de P. dundeei sugerem a existência de espécies novas. Ischnocnema juipoca, B. ternetzi, P. crepitans (2n=22) diferiram entre si e P. dundeei (2n=28) diferiu de I. paulodutrai (2n=30) também na localização da NOR e no padrão de banda C. Verificou-se que os dois morfotipos de I. paulodutrai são citogeneticamente idênticos. Os dados de P. crepitans, única espécie do gênero até o momento a apresentar 2n=22, indicam que essa espécie não é citogeneticamente próxima dos seus congêneres e nem de Ischnocnema. Por outro lado, o alto número cromossômico (2n=30) encontrado apenas em I. paulodutrai, incomum para outros Ischnocnema já cariotipados, sugere que esta espécie também pode estar impropriamente alocada nesse gênero. Portanto, os dados citogenéticos apontam para a necessidade de estudos taxonômicos adicionais, em especial para esclarecer o posicionamento sistemático de P. crepitans e I. paulodutrai, bem como para descrição de possíveis espécies novas entre as populações atribuídas a B. ternetzi e P. dundeei. 128 Apoio financeiro: Capes, Fapesp. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Citogenética de microhilídeos pertencentes aos gêneros Chiasmocleis e Myersiella (Anura) Gazoni, T1; Campos, JRC1; Haddad, CFB2; Kasahara, S1 Departamento de Biologia , Instituto de Biociências, UNESP, Rio Claro, SP Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências, UNESP, Rio Claro, SP [email protected] 1 2 Palavras-chave: anfíbios, Microhylidae, cromossomo, cariótipo, coloração diferencial Revisões recentes de taxonomia e sistemática de anuros com base em dados moleculares resultaram em modificações na família Microhylidae. Entre outras mudanças, houve a transferência do gênero Chiasmocleis de Microhylinae para uma nova subfamília, a Gastrophryninae. No entanto, existem ainda questões não resolvidas, como é o caso do gênero monotípico Myersiella, que não foi alocado em nenhuma subfamília, pela ausência de análises ou dados inconclusivos. Os estudos citogenéticos de Microhylidae são escassos, especialmente no que se refere às espécies do Novo Mundo, sendo raros os dados de bandamento. Foram cariotipados pela primeira vez C. carvalhoi (quatro machos e uma fêmea de Ubatuba, SP), C. albopunctata (um jovem de Descalvado, SP), e M. microps (um macho de São José do Barreiro, SP). Chiasmocleis albopunctata e C. carvalhoi apresentaram 2n=24 e NF=46, com cinco pares grandes e médios e sete pequenos. Os cariótipos são praticamente indistingüíveis entre si, com pares 1 e 5 metacêntricos, 2-4 submetacêntricos, e os demais pares metacêntricos ou submetacêntricos, com exceção do par 11, inequivocamente telocêntrico. A análise meiótica em C. carvalhoi mostrou 12 bivalentes em diplóteno/metáfase I e 12 cromossomos em metáfase II. A coloração diferencial, obtida apenas em C. carvalhoi, evidenciou Ag-RON na região terminal 2p e banda C centromérica, bem como marcações intersticiais em 4p, 4q e 10q. A constituição cariotípica no gênero Chiasmocleis parece ser altamente conservada, pois a similaridade entre os cariótipos das duas espécies estende-se aos de C. bicegoi, C. schubarti e C. leucosticta, esse último com 2n=4x=48. Adicionalmente, nossos dados mostram que a posição da Ag-RON é invariável, pelo menos para C. carvalhoi e C. schubarti, únicas espécies estudadas sob coloração diferencial. Myersiella microps apresentou 2n=26 e NF=50, sendo cinco pares grandes e médios e oito pequenos. Os pares 1 e 5 são metacêntricos, os pares 2-4, submetacêntricos, e os demais pares, metacêntricos ou submetacêntricos, exceto o par 8 que é do tipo subtelocêntrico. Foram analisadas células em metáfase I, porém, essas mostraram um número grande de bivalentes, possivelmente, resultante de poliploidização induzida pela colchicina. A coloração diferencial evidenciou Ag-RON nas regiões terminais 2p e 8p e banda C predominantemente centromérica, bem como nos sítios coincidentes com a Ag-RON. O número cromossômico de M. microps difere dos de todos os microhilídeos brasileiros já cariotipados, os quais apresentam, em sua maioria, 2n=22 e 24. Os dados obtidos para as três espécies são de grande importância para o conhecimento da evolução cromossômica nos microhilídeos. É importante que se estendam as análises citogenéticas com técnicas mais resolutivas, não só para as espécies aqui analisadas, como também para outros microhilídeos, a fim de se identificar marcadores adequados para a distinção entre os cariótipos. Apoio financeiro: FAPESP (06/56932-5, 01/13341-3, 07/54374-8) e CNPq. 129 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 O cariótipo de Holoaden luederwaldti (Anura, Strabomantidae), com relato de triploidia natural Campos, JRC1; Martins, IA2; Haddad, CFB3; Kasahara, S1 Departamento de Biologia, UNESP, Rio Claro, SP Departamento de Biologia-IBB, UNITAU, Taubaté, SP 3 Departamento de Zoologia, UNESP, Rio Claro, SP [email protected] 1 2 Palavras-chave: citogenética, cromossomos, anfíbios, poliploidia, coloração diferencial Dentre as recentes mudanças na taxonomia e sistemática de alguns anuros está a inclusão do gênero Holoaden, anteriormente pertencente à família Brachycephalidae, na nova família Strabomantidae. O gênero Holoaden compreende H. bradei e H. luederwaldti, ambas endêmicas da Mata Atlântica, na região sudeste do Brasil. Os cromossomos de cinco machos e duas fêmeas de H. luederwaldti, provenientes de Campos do Jordão, SP, foram analisados. Em quase todos os exemplares, o cariótipo tem 2n=18, com um par metacêntrico grande, seis pares grandes e médios com variação gradativa de tamanho, sendo o 6º inequivocamente telocêntrico e os demais submetacêntricos, e dois pares pequenos, praticamente do mesmo tamanho, porém, enquanto o 9º é metacêntrico, o 8º é submetacêntrico ou subtelocêntrico, tendo sido observadas as combinações subtelocêntrico/subtelocêntrico e subtelocêntrico/submetacêntrico, nos dois sexos. Células em meiose mostraram nove bivalentes em diplóteno/metáfase I e nove cromossomos em metáfase II. Um único macho possui cariótipo com 2n=3x=27, com cromossomos idênticos aos dos demais animais, sendo o terceto 8 composto por um cromossomo submetacêntrico e dois subtelocêntricos. A preparação citológica do testículo mostrou que o triplóide apresenta fases meióticas, além de espermátides e espermatozóides. A Ag-RON está presente nos cromossomos 8, na região 8q intersticial quando subtelocêntrico ou 8q proximal quando submetacêntrico, sendo que nesse cromossomo, invariavelmente com uma acentuada constrição secundária, a marcação de Ag-RON é bem grande. Um fato interessante é que quando nos diplóides um dos 8 é do tipo submetacêntrico, esse cromossomo é o único a apresentar Ag-RON. No exemplar triplóide, a marcação da Ag-RON ocorre também apenas no 8 submetacêntrico, estando ausente nos dois cromossomos subtelocêntricos. O bandamento C revelou leves marcações centroméricas e nos sítios correspondentes a Ag-RON, nos dois tipos de cromossomos 8. É importante enfatizar que os resultados aqui apresentados em H. luederwaldti são inéditos e constitui o primeiro relato de triploidia natural em anuros, a qual poderia ser conseqüência da fecundação de um gameta não reduzido, decorrente da não eliminação do corpúsculo polar na gametogênese. Vale ressaltar que a localidade de coleta dos animais está a cerca de1800m acima do nível do mar, sujeita à queda brusca de temperatura, como já relatado na literatura. A variação intraespecífica do par 8 é, muito provavelmente, decorrente de inversão pericêntrica. O cromossomo 8 do tipo submetacêntrico está presente em H. bradei, cujo cariótipo, também com 2n=18, é similar ao de H. luederwaldti, apresentando, porém, o par 6 do tipo metacêntrico e não telocêntrico. A análise de novos exemplares será importante para se avaliar a extensão da variabilidade morfológica do par 8, o qual nunca foi observado na combinação submetacêntrico/submetacêntrico, e se a triploidia é um caso esporádico dentro da espécie. Apoio Financeiro: FAPESP (06/56193-8, 07/54374-8, 01/13341-3, 06/56007-0) e CNPq. 130 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Filogeografia comparada de anuros do sul da Mata Atlântica: contrastando hipóteses de diversificação biológica Marcelino, VR1; Giovanelli, JG2; Haddad, CFB3; Alexandrino, JMB4 Instituto de Biociências, Departamento de Zoologia, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro SP [email protected] Palavras-chave: Diversificação genética, Mata Atlântica, Filogeografia, Anura A biodiversidade resulta de processos históricos e evolutivos ainda pouco conhecidos, que podem ser em parte elucidados pela filogeografia comparada, através do estudo de padrões de diversificação de diversos organismos. Este trabalho compara informação genética mitocondrial (ND2: c.a. 1000 pb) e nuclear (beta-fibrinogênio: c.a. 500 pb) para estudar a diversificação de 4 espécies de anfíbios endêmicos da Mata Atlântica. Duas formas morfologicamente distintas do anuro Hypsiboas bischoffi são geograficamente separadas por uma fronteira latitudinal ao sul da Mata Atlântica. Análises filogenéticas através dos métodos de Máxima Verossimilhança, Máxima Parcimônia e de inferências Bayesianas revelaram um padrão filogeográfico concordante com a diversidade fenotípica observada: duas linhagens divergentes (Da=4.6%) ao sul e ao norte da fronteira entre os estados de São Paulo e Paraná. Adicionalmente, a linhagem do sul apresentou subclados bem suportados e geograficamente estruturados. Inferências coalescentes da demografia histórica não suportam as hipóteses de expansão em larga escala a partir de refúgios quartenários espacialmente isolados, mas suportam hipóteses de expansão em menor escala em diversos subclados. O nível de polimorfismo do marcador nuclear é reduzido quando comparado com o DNA mitocondrial e não permite distinguir linhagens divergentes. Três outras espécies de anuros apresentaram um padrão de divergência genética semelhante, em linhagens geográficas que são concordantes com H. bischoffi e alguns outros organismos na Mata Atlântica. Os padrões filogeográficos revelados até o momento sugerem que a diversificação dos organismos em estudo está mais associada com processos neotectônicos passados e recorrentes da costa brasileira do que previsões de flutuações demográficas sugeridas por modelagem paleoclimática. Apoio Financeiro: FAPESP. 131 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Diversidade no gênero Enyalius (Leiosauridae, squamata) endêmico do Brasil, revelada por seqüências do DNA mitocondrial e nuclear Bertolotto, CEV1,3; Rodrigues, MT2; Yonenaga-Yassuda, Y; Pellegrino, KCM4 Depto. Genética e Biologia Evolutiva e Depto. Zoologia do Instituto de Biociências da USP, São Paulo 3 Universidade de Santo Amaro, São Paulo 4 Depto. Ciências Biológicas, Universidade Federal de São Paulo, Campus Diadema, SP [email protected] 1 2 Palavras-chave: Enyalius, filogenia molecular, diversidade de espécies Enyalius é um gênero de lagartos endêmico do Brasil que, segundo a última grande revisão (1978), apoiada em caracteres morfológicos, possui seis espécies, duas delas politípicas: E. bilineatus, E. brasiliensis (duas subespécies), E. catenatus (três subespécies), E. iheringii, E. leechii e E. perditus. Exceto E. leechii que é amazônica, as demais espécies distribuem-se ao longo da Mata Atlântica, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, em hábitats florestados do Brasil Central, da Serra do Espinhaço e da Caatinga. Neste trabalho, foram coletadas seqüências parciais de genes do DNA mitocondrial (16S, citocromo b, NADH4) e nuclear (C-mos) de 116 exemplares, pertencentes a nove espécies coletadas em 58 localidades brasileiras: Na Mata Atlântica: E. catenatus (BA, AL, PE, RN), MG, BA, ES), E. pictus (MG, BA, ES) E. bibronii (BA, CE, PI), aqui consideradas espécies válidas, E. brasiliensis (ES), E. bilineatus (MG, DF, ES, GO), E. iheringii (SP), E. perditus (SP, PR, MG, ES), e a espécie recentemente descrita, E. erythroceneus (BA); na Amazônia, E. leechii (MT). As análises filogenéticas, utilizando seqüências concatenadas (2.146 pb) de 42 exemplares selecionados (haplótipos não redundantes), foram realizadas no PAUP 4.0 para Máxima Parcimônia (MP) e Verossimilhança (MV) e no MrBayes v.3.0 para a inferência Bayesiana (MB), considerando modelos de evolução específicos por partição nesta última. Os modelos evolutivos foram selecionados no MODELTEST v.3.06 e valores de bootstrap e de probabilidade a posteriori foram usados como índices de confiabilidade nos ramos recuperados por MP/MV e MB, respectivamente. Urostrophus vautieri e duas espécies de Anolis foram usadas como grupos-externos. As análises de MV e MB resultaram em topologias mais resolvidas. Dois grandes clados foram observados: clado 1 composto pelas espécies E. brasiliensis, E. iheringii e E. perditus e o clado 2, formado por E. bibroni, E. bilineatus, E. catenatus, E. pictus, E. erythroceneus e duas novas espécies. E. leechii da Amazônia é a espécie mais basal desse clado. Delimitando geograficamente a ocorrência desses dois clados está o Rio Doce: ao sul deste está o clado 1 e ao norte, o clado 2. Os rios Jequitinhonha e o Rio São Francisco delimitam a ocorrência das espécies E. pictus e E. catenatus, respectivamente. Com base nessa filogenia molecular e em análises morfológicas, o gênero Enyalius seria composto de, pelo menos, 11 espécies, e sugere que os rios da costa atlântica brasileira podem ter atuado no processo de diferenciação no gênero. Enyalius também se caracteriza por uma conspícua diversidade cariotípica: 2n=36 (12M+24m), 2n=38 (14M+24M) e 2n=46 (22M+24), sugerindo o envolvimento de rearranjos do tipo fusão/fissão cêntrica. Apoio financeiro: FAPESP, CNPq. 132 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Alelos exclusivos indicam introgressão em espécies de tartarugas marinhas Vargas, SM1; Soares, L2; Santos, FR1 Laboratório de Biodiversidade e Evolução Molecular, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais 2 Fundação Pró-Tamar [email protected] 1 Palavras-chave: hibridização, introgressão, microssatélites, Eretmochelys imbricata, Caretta caretta A tartaruga de pente, Eretmochelys imbricata, é considerada criticamente ameaçada pela IUCN, e no Brasil, devido à pesca e captura para peças de artesanato, são poucas as desovas remanescentes. Já a tartaruga cabeçuda, Caretta caretta é considerada em perigo pela IUCN e pelo IBAMA. Hibridização entre essas duas espécies já foi relatada em estudos utilizando DNA mitocondrial, mas a natureza uniparental deste marcador limita a resolução dos resultados exigindo análises adicionais com marcadores nucleares autossômicos. Neste estudo buscamos identificar alelos exclusivos em populações das espécies parentais (E. imbricata e C. caretta) através do uso de 5 loci de microssatélites (OR1, OR2, OR3, Cc1G02 e Cc1G03). Foram analisados 134 indivíduos da espécie E. imbricata (com DNAmt de E. imbricata), 71 indivíduos da espécie C. caretta (com DNAmt de C. caretta) e 53 indivíduos híbridos do litoral norte da Bahia (anteriormente identificados morfologicamente como E. imbricata, mas com DNAmt de C. caretta). Para os 5 loci foram encontrados 37 alelos na população de E. imbricata (média de 7,4 alelos/locus), dentre os quais, 18 alelos eram exclusivos para esta espécie (média de 3,6 alelos exclusivos/locus). Na população de C. caretta foram encontrados 41 alelos (média de 8,2 alelos/locus) dentre os quais, 21 alelos exclusivos (média de 4,2 alelos exclusivos/locus). A população híbrida apresentou 40 alelos (média de 8 alelos/locus) sendo, 13 alelos exclusivos de E. imbricata, 12 exclusivos de C. caretta, 15 compartilhados entre as duas espécies e nenhum exclusivo de híbridos. As médias das heterozigosidades observadas (Ho) e esperadas (He) para as três populações estudadas foram 0,39 e 0,51 para a população de C. caretta (sendo um locus monomórfico e 2 loci em Equilíbrio de Hardy-Weinberg (EHW)), 0,42 e 0,44 para E. imbricata (4 loci em EHW) e 0,89 e 0,7 para híbridos (apenas 1 locus em EHW), fato este que demonstra claramente a natureza híbrida desta população que apresenta a grande maioria de seus indivíduos heterozigotos por possuírem alelos específicos tanto da espécie C. caretta como de E. imbricata. Mesmo com uma freqüência de 11% de indivíduos homozigotos, nenhum indivíduo da população híbrida apresentou homozigose para mais de 2 loci e no mínimo 5 indivíduos híbridos apresentaram possível introgressão (cruzamento com uma das espécies parentais) com E. imbricata e 2 com C. caretta para pelo menos 1 locus. Em larga escala, este processo de hibridização com subseqüente introgressão pode colocar em risco a identidade das espécies parentais, bem como afetar o valor adaptativo populacional. Caso sejam detectadas, futuramente, conseqüências deletérias deste processo de hibridização, medidas de conservação devem ser tomadas no sentido de diminuir o impacto deste evento para garantir a integridade destas duas espécies ameaçadas de extinção. Apoio financeiro: FAPEMIG e CAPES (custeio de laboratório e bolsa), CENPES/PETROBRAS (coleta do material biológico). 133 54º Congresso Brasileiro de Genética 134 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudo cariotípico em Podocnemis expansa e Podocnemis sextuberculata (Testudines, Podocnemididae), tartarugas da Amazônia Brasileira Rezende, CF; Monjeló, LAS Universidade Federal do Amazonas [email protected] Na América do Sul encontramos seis espécies do gênero Podocnemis: Podocnemis vogli, P. lewyana, P. expansa, P. unifilis, P. sextuberculata e P. erythrocephala; sendo as quatro últimas encontradas no Brasil, principalmente na Amazônia. Apesar dos quelônios de água doce da Amazônia serem relativamente grandes e de grande utilidade para o homem, existem poucos estudos sobre a sua biologia. Poucos são os estudos citogenéticos desenvolvidos entre os quelônios. No ponto de vista da citotaxonomia, genotoxicidade e citogenética molecular, este é o grupo mais desprezado entre os répteis. Isto se deve, talvez a dificuldade de se obter material para a análise citogenética, entre algumas espécies. Uma outra dificuldade entre os répteis está na obtenção de células metafásicas para o estudo cariotípico através da indução da cultura de células, principalmente por apresentarem variação de temperatura corporal de acordo com o meio ambiente e exibirem um ciclo de divisão celular lento. São limitados os dados publicados sobre a morfologia dos cromossomos e a evolução cariotípica entre as tartarugas, principalmente entre as espécies do gênero Podocnemis. Estudos citogenéticos foram realizados em Podocnemis expansa e Podocnemis sextuberculata, tartarugas da Amazônia brasileira, para uma melhor caracterização dos cromossomos destas espécies. Este trabalho traz a caracterização do cariótipo e a localização da NOR em duas espécies do gênero Podocnemis, com o objetivo de ampliar os estudos citogenéticos em tartarugas da região amazônica, complementando os poucos estudos realizados anteriormente, contribuindo para estudos futuros em citotaxonomia e polimorfismo cromossômicos entre quelônios. Para a obtenção de cromossomos mitóticos foi utilizada a técnica de cultura de linfócitos em meio de cultura para cariótipo (RPMI) e os resultados mostraram que o número cariotípico para P. sextuberculata e P. expansa é 2n=28 cromossomos, que consiste de 5 pares de macrocromossomos e 9 pares de microcromossomos, sendo 22M + 2SM + 4A e NF=52. O estudo da região organizadora de nucléolo nestas duas espécies se deu por meio da impregnação pelo nitrato de prata e evidenciou uma NOR simples na região centromérica do primeiro par cromossômico. O número diplóide encontrado foi o mesmo descrito na literatura. Entretanto, os dados de NOR são descritos pela primeira vez entre as duas espécies. 54º Congresso Brasileiro de Genética 135 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização cariotípica de duas espécies do Sub-ordem Cryptodira (Testudines) da República Argentina: Trachemys dorbigni (Emydidae) e Chelonoidis donosobarrosi (Testudinidae) Martinez, PA1; Boeris, J1; Sánchez, J2; Bolzan, AD2; Ledesma, MA3 1 Departamento de Citogenética general, F.C.E.QyN, UNAM, Misiones, Argentina Instituto Multidisciplinario de Biología Celular (IMBICE), La Plata, Bs. As., Argentina 3 Laboratorio de Genética. Estación de Hidrobiología y Piscicultura, Centro de Rehabilitación y Recría de Animales, Parque Ecológico El Puma. Ruta Nacional 12, Candelaria, Misiones, Argentina [email protected] 2 Na Argentina encontram-se doze espécies continentais, das quais cinco correspondem à Suborden Cryptodira e nenhuma delas foi estudada citogenéticamente. No presente trabalho foram analisados quatro indivíduos de Trachemys dorbigni coletados na cidade de Chajari – Entre Rios, e dois de Chelonoidis donosobarrosi em “Los 2 pinos” Rio Negro, Argentina. Para a obtenção do material do estudo foi empregada a técnica de cultivo de longa duração de linfócitos de sangue periférico. A análise citogenética realizou-se mediante coloração convencional, banda C, Ag-RON, fluorocromo de base específica (DAPI) e Hibridação in situ com sondas teloméricas (TTAGGG)n. O complemento cariotípico de T. dorbigni foi 2n=50 (8:5:12), o bandamento C permitiu localizar as regiões heterocromáticas nas regiões centroméricas da maioria dos cromossomos, com exceção do quinto par do grupo B que foi totalmente heterocromático, o qual apresentou as regiões organizadoras do nucléolo. C. donosobarrosi mostrou um número diplóide 2n=52 (6:5:15), a partir da banda C mostraram-se marcações positivas nas regiões centroméricas da maioria dos cromosomos, com exceção de um par de microcromossomo que foi totalmente heterocromático. Na análise sequencial Giemsa – RON se pode observar marcações positivas num par de microcromossomo. Nas duas espécies analisadas com DAPI não apresento marcação positiva, evidenciando a ausência de regiões ricas em A-T heterocromáticas, e a partir do FISH com sondas teloméricas observaram-se marcações nos quatro telómeros de todos os pares, em nenhum caso foi observada marcas intersticiais. Ao comparar os dados obtidos no presente trabalho com as restantes espécies analisadas da família Emydidae mostrase uma grande homologia cariotípica. Na família Testudinidae não se observam variações no número diplóide, mas existem grandes diferenças na morfologia cromossômica e a localização das RON. A partir da análise de hibirdação in situ com sondas teloméricas (TTAGGG)n em T. dorbigni e C. donosobarrosi não observaram-se marcações intersticiais nos pares cromossômicos, se bem este fato não refuta a idéia de eventuais fusões cêntricas, é possível que este grupo de quelonios não se caracterize por apresentar este tipo de reestruturação cromossômica. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise do cariótipo de Chelonoidis carbonaria (Chelonia, Testudines) Azeredo-Oliveira, MTV; Bonini-Domingos, CR; Vizotto, LD; Santos, JR; Lucena-Silva, T; Chessa, AF; Quintino, FH; Zago, CES Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE) - Departamento de Biologia – Universidade Estadual Paulista (UNESP) [email protected] Palavras-chave: Chelonia, Chelonoidis carbonaria, cariótipo, Bandamento NOR, BandamentoG A identificação citogenética é um dos parâmetros importantes para a conservação dos organismos no seu habitat natural. O primeiro passo para a análise de uma espécie refere-se ao estudo do cariótipo dos cromossomos mitóticos que permite conhecer a organização do genoma no nível citológico. Os quelônios (tartarugas, cágados e jabutis) tem sido um dos grupos reptilianos mais negligenciados em relação aos estudos citotaxonômicos. Com o objetivo de ampliar os conhecimentos sobre a estrutura cromossômica desses animais, utilizando uma técnica pouco invasiva, a partir da cultura de linfócitos do sangue periférico, no presente trabalho foi realizado o estudo do cariótipo de machos e fêmeas da espécie Chelonoidis carbonaria (Chelonia, Testudines). Esses animais são terrestres, popularmente conhecidos por “jabuti piranga” ou “jabuti de patas vermelhas”, distribuídos em regiões de cerrado de vários países da América Central e do Sul, incluindo o Brasil. Foram utilizados três casais procedentes do criatório do Japurá (Tabapuã – SP). O sangue foi coletado por punção da veia margino-costal, inoculado em meio de cultura de tecidos com adição de fitohemaglutinina para estimular a divisão celular e, posteriormente, de colchicina. Após os procedimentos rotineiros de hipotonização as lâminas foram preparadas e o material foi fixado com metanol-ácido-acético. Para as análises cromossômicas foram utilizadas as seguintes técnicas: coloração convencional para Giemsa; Bandamentos G e NOR. As análises citogenéticas resultantes da coloração convencional e Bandamento G indicaram que o número cromossômico diplóide padrão para a espécie estudada é de 2n = 52 cromossomos para machos e fêmeas. O cariograma dos machos apresentou a seguinte distribuição: Grupo A: 14 pares de macrocromossomos (3 pares metacêntricos; 10 pares submetacêntricos e 01 par acrocêntrico); Grupo B: 07 pares de macrocromossomos acrocêntricos; Grupo C: 05 pares de microcromossomos (posição centromérica desconhecida). O cariograma das fêmeas apresentou uma classificação semelhante em relação aos Grupos A e C, no entanto, os sete pares de macrocromossomos do Grupo B apresentaram-se metacêntricos. A técnica de bandamento NOR identificou os cromossomos portadores da Região Organizadora Nucleolar (RON), que são representados por um par de cromossomos acrocêntricos pequenos nos machos e apenas um cromossomo acrocêntrico nas fêmeas e pertencem ao Grupo B. O presente trabalho revelou que é possível estudar o cariótipo desses quelônios utilizando protocolos econômicos e viáveis para cultura de células, sem agredir o animal e preservando-o no seu próprio habitat. Apoio financeiro: CNPq, CAPES e FUNDUNESP. 136 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Diversidade de microssatélites em tartarugas de couro, Dermochelys coriacea (Reptilia: Dermochelyideae) Molfetti, E1; Vargas, SM1; Monteiro, DS2; Estima SC2; Soares LS3; Santos, FR1 Laboratório de Biodiversidade e Evolução Molecular, ICB, UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil 2 Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental, NEMA, Rio Grande, RS, Brasil 3 Fundação Pró-Tamar, Salvador, BA, Brasil 1 Palavras-chave: Dermochelys, microssatélites, diversidade genética, genética de populações, conservação Dermochelys coriacea é a espécie de tartaruga marinha mais ameaçada de extinção no Brasil e no mundo, considerada “criticamente em perigo” pela IUCN e pelo IBAMA. A população de desova no Brasil é bastante restrita (cerca de 10 indivíduos por ano), ocorrendo apenas na costa do Espírito Santo. Apresenta larga distribuição pelos oceanos, por ser melhor adaptada a águas frias do que as outras espécies. No Brasil, também são observados na costa das regiões sul, sudeste e nordeste. Com o objetivo de analisar a diversidade genética da população de desova (Espírito Santo) e de um agregado pelágico (principalmente da costa do Rio Grande do Sul) foram usados quatro loci de marcadores microssatélites autossômicos (Nigra32, Nigra200, Dc99 e P186). Biópsias de pele coletadas de 10 indivíduos da área de desova e 39 indivíduos do agregado foram processadas e genotipadas para todos os loci. O locus Nigra32 apresentou 4 alelos e os loci Nigra200, Dc99 e P186 apresentaram 5 alelos cada. Para a área de desova, as heterozigosidades observadas (Ho) e esperadas (He) foram respectivamente, 0,56 e 0,66 para o locus Nigra32, 0,38 e 0,46 para Nigra200, 1,00 e 0,76 para Dc99 e 0,44 e 0,45 para P186, estando a população em equilíbrio de Hardy-Weinberg (HW) para todos os loci. A média da He para esta população foi 0,58. Já para o agregado pelágico, as Ho e He foram 0,47 e 0,52 para Nigra32, 0,13 e 0,36 para Nigra200, 0,30 e 0,59 para Dc99 e 0,26 e 0,48 para P186, estando a população em equilíbrio de HW apenas para o locus Nigra32. A média da He para esta população foi 0,49. O fato de não ser observado o equilíbrio de HW para o agregado pelágico indica que há uma subestruturação populacional, isto é, estas tartarugas devem ser oriundas de distintas localidades, tal como indicado por estudos prévios com o DNA mitocondrial (DNAmt). Estes resultados também mostram índices de diversidade relativamente baixos quando comparados com indivíduos de uma área de alimentação de Caretta caretta (espécie considerada “em perigo de extinção”) que apresentou He média igual a 0,89. As conclusões são relevantes, pois mostram a necessidade urgente da conservação da espécie D. coriacea em nível global. Como são animais migratórios que ocorrem nos vários oceanos e zonas costeiras dos diferentes continentes, o esforço e a conscientização devem ser em escala mundial, para que não se perca ainda mais diversidade genética desta espécie, aumentando suas chances de sobrevivência na natureza. Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, PROBIO, CMA/ICMBio e CENPES/PETROBRAS. 137 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização da região controle do DNA mitocondrial e análise de estoque misto de tartarugas-verdes (Chelonia mydas) da Ilha do Arvoredo, SC Proietti, MC1; Lara-ruiz, P; Reisser, JW; Pinto, L DA S; Dellagostin, OA; Marins, LF Departamento de Oceanografia, Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Biológica, Universidade Federal do Rio Grande (FURG) [email protected] 1 Palavras-chave: tartaruga-verde, área de alimentação, mtDNA, estoque misto, origens natais Foram determinadas as características genéticas de uma agregação alimentar de tartarugas-verdes (Chelonia mydas) no sul do Brasil, empregando-se seqüências da região controle do DNA mitocondrial (mtDNA) de 49 animais capturados manualmente na Ilha do Arvoredo (SC). Oito haplótipos foram identificados, com dominância de 64% do haplótipo mais comum encontrado no Oceano Atlântico equatorial sul, o CM-A8. Esta dominância foi seguida por uma ocorrência de 22% do haplótipo CM-A5; os haplótipos restantes (CM-A9, CM-A10, CM-A24, CM-A32, CM-A39 e CM-A45) estiveram presentes em baixas freqüências (< 5%). Diversidade haplotípica (h) e nucleotídica (π) foram 0,5570 ± 0,0697 e 0,0021 ± 0,0016, respectivamente. Testes de diferenciação entre a área de estudo e dez outras áreas de forrageio do Oceano Atlântico revelaram que a primeira é significativamente diferente (P < 0,05) da maior parte das áreas, exceto Ubatuba (SP), Atol das Rocas (RN), Cananéia (SP) e Argentina, que se encontram próximas à área de estudo, no Atlântico Sudoeste. AMOVA revelou valores de ΦST semelhantes, sem diferenças significativas entre a área de estudo e áreas de alimentação mais próximas (P > 0,05). A análise de estoque misto (mixed stock analysis – MSA) foi efetuada incorporando como possíveis populações-fontes nove áreas de desova do Atlântico e uma do Mediterrâneo: Ilha Trindade (ES), Atol das Rocas (RN), Ilha Ascension (Reino Unido), Polião (Guinea Bissau), Ilha Bioko (Guinea Equatorial), São Tomé, Ilha Aves Island, Matapica (Suriname), Quintana Roo (México), Tortuguero (Costa Rica), Flórida (Estados Unidos) e Baía Lara (Cyprus). Esta análise indicou as ilhas Ascension e Aves (68.82% e 22.8%, respectivamente) como os principais contribuintes para a agregação mista da Ilha do Arvoredo, com menores contribuições de Guinea Bissau (2.96%) e Trindade (1.8%) e contribuições praticamente nulas das outras áreas avaliadas. Estes resultados demonstram as extensas relações entre o local de estudo e outras áreas de alimentação e reprodução do Oceano Atlântico; tal entendimento é essencial para o estabelecimento de estratégias adequadas para o manejo e conservação desta espécie ameaçada. Apoio financeiro: CNPq, Rufford Small Grants (RSG) e People’s Trust for Endangered Species (PTES). 138 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Genética da Conservação de Podocnemis unifilis (Testudines, Pleurodira) da Amazônia Brasileira Viana, MNS1; dos Santos, RC1; Monjeló, LAS1; de Andrade, PCM1; Vogt, RC2; Hrbek, T1; Farias, IP1 1 Laboratório de Genética, Universidade Federal do Amazonas, Manaus-AM Laboratório de Ecologia de Quelônios, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia [email protected] 2 A América do Sul comporta aproximadamente 20% de todas as espécies de tartaruga existentes no mundo e, no Brasil, estes animais também têm grande importância devido à utilização de sua carne e ovos na alimentação de populações ribeirinhas e por possuir um alto valor no comércio. Na Amazônia brasileira os quelônios mais utilizados na alimentação são os do gênero Podocnemis, dentre eles P. unifilis, conhecida popularmente como tracajá. Esta espécie tem ampla distribuição nos rios da Amazônia, podendo ser encontrada em rios de água preta, clara e branca, em lagos e reservatórios. Esta espécie vem sendo explorada permanentemente pelo homem, sendo classificada como vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN). Como a exploração pode causar profundas modificações na densidade e na estruturação populacional de espécies, estimar e comparar a variação genética existente dentro e entre as populações é de suma importância para diagnosticar a situação atual das espécies e planejar práticas conservacionistas como elaboração de projetos de manejo adequados para cada espécie. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar e analisar os níveis de variabilidade genética intra e interpopulacional em populações naturais de P. unifilis. Amostras de sangue foram coletadas dos animais durante os trabalhos de manejo dos filhotes realizados pelo IBAMA, sem que houvesse a necessidade de sacrificar nenhum animal. As localidades amostradas foram Terra Santa (rio Nhamundá-PA), Oriximiná (rio Trombetas e rio Jarauacá-PA), Parintins (rio Amazonas-AM), Barreirinha (rio Andirá-AM), Manicoré (rio Madeira-AM), Itamarati (rio Juruá-AM), Juruá (rio Juruá-AC). Um total de 117 amostras foi seqüenciada para a Região Controle do genoma mitocondrial (487 pares de bases). Os níveis de variabilidade genética foram bastante altos em todas as populações amostradas. Os resultados de AMOVA indicaram que grande parte da variação genética encontra-se dentro das populações (74%) enquanto que entre populações a variação foi pequena (26%). Tais resultados evidenciaram uma forte estrutura genética entre as populações (FST= 0,2592, P<0,001). Os valores do índice de fixação FST foram significativos nas comparações entre a população de Jarauacá com todas as outras populações, esta também mostrou limitado fluxo gênico (baixos valores de Nm) com as demais localidades, isto indica que esta população se encontra estruturada geneticamente. Para algumas outras localidades amostradas também foram observados baixos valores para o Nm, mas estes valores foram observados apenas entre as populações que estão mais distantes geograficamente, indicando que este isolamento pode ser provocado pela distância. O fato da população do Jarauacá mostrar estruturação genética sugere que a mesma deve ser considerada como uma Unidade de Manejo diferenciada nas práticas conservação visando preservar seu patrimônio genético. Orgão financiador: CNPQ/UFAM. 139 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 O papel de barreiras geográficas na estrutura genética de irapuca (P. erythrocephala) em ecossistemas fluviais amazônicos Santos, RC1,2; Viana, MNS2; Monjeló, LAS2; Andrade, PCM3; Oliveira, PHG3; Sites, J4; Vogt, RC1; Pezzuti, JCB5; Hrbek, T2,6; Farias, IP2 1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA, Manaus, Amazonas, Brasil Laboratório de Evolução e Genética Animal/LEGAL, Universidade Federal do Amazonas/UFAM, Manaus, Amazonas, Brasil 3 Projeto Pé-de-Pincha, Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Amazonas/UFAM, Manaus, Amazonas, Brasil 4 Department of Integrative Biology, Brigham Young University, Provo, UT, USA 5 Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Universidade Federal do Pará/UFPA, Belém, Pará, Brasil 6 University of Puerto Rico - Rio Piedras, San Juan, PR 2 Das quatro espécies do gênero Podocnemis encontradas na Amazônia brasileira, a espécie que apresenta distribuição mais restrita é a irapuca (Podocnemis erythrocephala), que vive em água preta e em água clara. A irapuca é altamente explorada e nas cidades pequenas existe pouco ou nenhum controle sobre esta exploração. Esta espécie é classificada pela União Internacional para Conservação da Natureza dentro da categoria vulnerável, devido à pressão de coleta de seus ovos e da caça dos indivíduos adultos pelos ribeirinhos. No intuito de determinar a diferenciação genética de P. erythrocephala como um efeito da atuação de cachoeiras e/ou corredeiras e de rios como barreiras geográficas, dez localidades distribuídas ao longo da bacia Amazônica brasileira foram estudadas com o auxílio de um marcador de linhagem materna. Duzentos e quarenta e seis espécimens foram seqüenciados para a região controle mitocondrial e as análises de variância molecular revelaram alto grau de subdivisão populacional (ФST = 0,27931, P < 0,001). Os valores do índice de fixação ФST foram significativos para as localidades do Parque Nacional do Jaú, São Gabriel da Cachoeira e Barreirinha, que evidenciaram também limitado fluxo gênico (Nm) em comparação com as outras localidades. Isto demonstra que estas populações são distintas entre si, ou seja, estão diferenciadas geneticamente. No entanto, o isolamento por distância não é o fator responsável para explicar este padrão, uma vez que não houve correlação entre a variação genética e a distância geográfica segundo o teste de Mantel. Neste caso, a diferenciação genética encontrada pode ser explicada pela presença de cachoeiras e corredeiras no entorno das localidades do Parque Nacional do Jaú e São Gabriel da Cachoeira. No caso da localidade de Barreirinha, a diferenciação genética fornece considerável suporte para a hipótese do rio Amazonas como barreira. Estas estruturas geomorfológicas (cachoeiras e/ou corredeiras da bacia do rio Negro e o rio Amazonas) parecem constituir barreiras físicas eficientes limitando o fluxo gênico de indivíduos de irapuca entre estas e as demais localidades. Para as comparações entre as outras localidades os valores do ФST não foram significantes contrastando com os altos valores de Nm (número de migrantes por geração). Este resultado indica que não existe estrutura genética entre as demais localidades e que o número de migrantes estabelece elevado fluxo gênico entre as amostras. Tais localidades compõem uma grande população panmítica e fazem parte de um mesmo estoque que ocorre ao longo da Amazônia brasileira. Entretanto, entre as amostras populacionais de irapuca analisadas na região Amazônica existem subpopulações demograficamente distintas (Parque Nacional do Jaú, São Gabriel da Cachoeira e Barreirinha) e que devem ser tratadas como unidades de manejo separadas no intuito de monitorar as populações e designar políticas de conservação que mantenham a viabilidade das populações e da espécie. Financiamento: FAPEAM, CNPq. 140 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Diferenciação de espécies de crocodilianos brasileiros pela análise de polimorfismos de comprimento de fragmento de restrição (RFLP) Villela, PMS; Silva, NA; Verdade, LM; Coutinho, LL Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Departamento de Zootecnia, Universidade de São Paulo [email protected] Palavras-chave: PCR-RFLP, Citocromo b, crocodilianos brasileiros Os crocodilianos brasileiros, chamados de jacarés, pertencem à subfamília Alligatorinae (King & Burke, 1989). No Brasil encontram-se as seguintes espécies: P. palpebrosus (jacaré-paguá), P. trigonatus (jacaré-coroa), M. niger (jacaréaçu), C. crocodilus (jacaré-tinga), C. yacare (jacaré-do-pantanal) e o C. latirostris (jacaré-de-papo-amarelo). Um aspecto importante da conservação da biodiversidade é a formulação de leis de controle do uso, comércio e exportação de produto de animais. A identificação correta dessas espécies é de fundamental importância para a escolha de métodos de controle mais adequados. O problema com crocodilianos é que existem espécies próximas cujo comércio é legalizado ou a espécie protegida pode ser comercializada se proveniente de cultivo. Nesses casos, as fazendas de cultivo podem ser usadas para a legalização fraudulenta das espécies protegidas. Já se observou que a comercialização mundial de peles de jacaré (gênero Caiman) é superior a um milhão de pele por ano, das quais apenas a metade vem de fontes legalizadas (Brazaititis et al., 1998).Às vezes, a identificação das peles pode ser feita pelo padrão de manchas e pelo seu relevo. No entanto, em outras situações, como na comercialização da carne, essa identificação não é tão simples. Nesses casos, marcadores moleculares podem ser de extrema valia, pois permite a identificação não ambígua mesmo de produtos industrializados. No intuito de diferenciar as seis espécies de crocodilianos brasileiros, foram desenhados primers que amplificam 357 pares de bases do Citocromo b, que é considerada uma região conservada do DNA mitocondrial. Foi realizado a amplificação e o sequenciamento de 10 indivíduos de cada espécie, de distribuição diferente. As análises dos sítios de restrição destas seqüências foram feitas com o auxílio do programa Pdraw 32. As enzimas que apresentavam sítios polimórficos em determinada espécie e ausência nas demais, ou que gerassem fragmentos de tamanhos diferentes de acordo com o local do sítio de restrição em cada espécie, foram selecionadas. As enzimas AluI, HaeIII e TaqI e AciI foram utilizadas para análise de polimorfismos de comprimento de fragmento de restrição (RFLP), e permitiram uma diferenciação visual clara dos fragmentos em gel de agarose, uma metodologia mais acessível para a identificação das espécies, pois não é necessário o sequenciamento do DNA dos indivíduos. Sendo assim a diferenciação das espécies foi realizada com sucesso. Esta técnica poderá ser utilizada pelo IBAMA (Instituto brasileiro do meio ambiente e recursos renováveis) para controle de comercialização de carne e couro de jacaré, estimulando a comercialização legalizada do animal e punindo as fazendas de cultivo que são usadas para a legalização fraudulenta. Apoio financeiro: FAPESP. 141 54º Congresso Brasileiro de Genética 142 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Filogeografia do gavião-real (Harpia harpyja) nas florestas do Brasil: uma abordagem para a conservação Banhos, A1,2,3; Toffoli, D2; Hrbek, T2,4; Sanaiotti, T1; Farias, IP2 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, Manaus – AM, Brasil 2 Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Manaus – AM, Brasil 3 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, Brasil 4 University of Puerto Rico, Río Piedras, San Juan, Puerto Rico [email protected] 1 Palavras-chave: harpia, filogeografia, Amazônia, floresta Atlântica, conservação O gavião-real é uma das maiores águias do mundo, habita o dossel das florestas neotropicais e possui ampla distribuição no Brasil. Na Amazônia, os registros de gavião-real são relativamente freqüentes, facilitado pelo intenso processo antrópico de exploração florestal que expõem os indivíduos da espécie. Entretanto, na floresta Atlântica, os registros nas últimas décadas se tornaram extremamente raros devido ao acentuado desflorestamento. Nós analisamos 200pb da porção mais variável da região controle do DNAmt de 106 indivíduos da natureza, criadouros e museus, procedentes da distribuição histórica e atual da espécie no Brasil. Encontramos 13 sítios segregantes entre as seqüências analisadas e 17 haplótipos em toda a amostragem. O haplótipo mais freqüente (51%) se apresentou bem distribuído dentro da área geográfica amostrada. Observamos nove haplótipos para 32 indivíduos da floresta Atlântica, onde cinco são exclusivos. Destes haplótipos exclusivos, três são de indivíduos mantidos em cativeiro (dois da Bahia e um do Paraná) e dois são de três indivíduos depositados em museus (um indivíduo datado de 1997 e outros dois compartilhando o mesmo haplótipo, sendo que um indivíduo é datado de 1949 e outro de 1970, todos do Espírito Santo). Para a Amazônia encontramos oito haplótipos exclusivos entre os 74 indivíduos analisados, um valor proporcional ao encontrado na floresta Atlântica. As diversidades haplotípicas (Ĥ=0,13954) e nucleotídicas (π=0,009070) referentes a toda a amostragem foram relativamente altas se comparadas aos valores encontrados para outras aves de rapina em outros estudos. Na Nested Clade Phylogeographic Analysis, a hipótese nula de não associação da distância geográfica e a distribuição da diversidade genética não pode ser rejeitada para os clados de níveis hierárquicos inferiores, mas para o nível hierárquico mais abrangente o resultado aponta para restrição no fluxo gênico com isolamento por distância. Na amostragem previamente subdividas para teste de estrutura populacional através da Análise de Variância Molecular, detectamos significativa estrutura (Fst =0,05802; p= 0,01662). Na análise pair-wise Fst, a floresta Atlântica norte e Amazônia central-oriental foram os únicos grupos que apresentaram estrutura populacional significativa após a correção de Bonferroni (Fst= 0,33890; p<0,00001). Detectamos significante desvio negativo do equilíbrio genético do DNAmt no teste de Fu (Fs=-20,38757; p<0,00001), indicando recente expansão populacional. Análises prévias que realizamos através de loci microssatélites corroboram com os resultados apresentados acima. Os resultados são coerentes com a alta capacidade de dispersão do gavião-real e sugerem que corredores de florestas conectam ou conectaram a Amazônia e a floresta Atlântica permitindo o fluxo gênico da espécie. Dos indivíduos amostrados na floresta Atlântica, apenas um encontra-se livre na natureza, na floresta do sul da Bahia. Recomendamos que sejam planejadas estratégias de recuperação populacional da espécie na floresta Atlântica, tornando-a viável para persistir em longo tempo e visando conservar a variabilidade genética encontrada exclusivamente na região. Apoio financeiro: Fundação O Boticário; Cleveland Zoological Society; CAPES; FAPEAM; Programa BECA/IEB; Fundação Djalma Batista. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Padrões de bandeamento C e hibridização in situ com sondas de rDNA em Caracará plancus e Milvago chimachima (Falconidae, Polyborinae) Araújo,CCD 3; Moura, SP 3; Pieczarka, JC 1,2; Rissino, J.D.1; Nagamachi, CY 1,2; de Oliveira, EHC1 Laboratório de Citogenética, ICB, UFPA Bolsista Produtividade Científica, CNPq 3 Bolsista PIBIC/CNPq [email protected] 1 2 Palavras-chave: Falconidae, Polyborinae, rDNA, bandeamento C Falconidae é uma família de aves de rapina diurnas que conta com dez gêneros e 61 espécies. É dividida em duas subfamílias: Falconinae, com quatro gêneros e 45 espécies e Polyborinae que compreende seis gêneros e 16 espécies. A distinção dessas subfamílias também é apoiada pelos dados citotaxonômicos, visto que Falconinae apresenta em média 2n=48-50, enquanto as espécies de Polyborinae mostram números diplóides elevados, próximos a 90. Apesar da grande diferença entre os números diplóides de Falconinae e Polyborinae, há algumas características em comum entre os cariótipos, como a presença do cromossomo Z acrocêntrico e a dominância de pares de um braço. De todo modo, a maioria dos dados existentes se baseia somente na descrição do número diplóide e morfologia cromossômica, principalmente em Polyborinae. Além disso, há discrepâncias nos números diplóides descritos para espécies dessa subfamília. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo a análise do cariótipo de duas espécies de Polyborinae, Caracara plancus e Mivalgo chimachima, através de coloração convencional, bandeamento C e hibridização in situ com sondas de rDNA. Amostras de polpa dérmica foram utilizadas para cultura de fibroblastos e obtenção de cromossomos. Os resultados obtidos mostram que as duas espécies apresentaram 2n=92, com um grande número de cromossomos puntiformes. Todos os cromossomos das duas espécies, autossomos e sexuais, são acrocêntricos, com exceção do par 6 de C. plancus, que é metacêntrico. Os blocos de heterocromatina constitutiva foram observados na região centromérica de todos os pares. Em C. plancus o cromossomo W mostrou um grande bloco heterocromático intercalar. As sondas de rDNA hibridizaram em um par de microcromossomos em M. chimachima e em dois pares de microcromossomos em C. plancus. Apoio Financeiro: CNPq (472544/2006-3), CAPES, UFPA. 143 54º Congresso Brasileiro de Genética 144 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Sexagem cromossômica de Amazona aestiva e Ara chloroptera (Psittacidae) do zoológico da Universidade de Passo Fundo, com descrição do padrão heterocromático em A. aestiva Souza, VT; Bruschi, DP; Porto, M; Busin, CS Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Passo Fundo, RS [email protected] Palavras-chave: Sexagem, Heterocromatina, Cariótipo, Psittacidae, Taxonomia A citogenética tem contribuído de forma eficiente na determinação sexual de aves monomórficas mantidas em cativeiro. Além disso, contribui ainda no entendimento taxonômico e filogenético do grupo, um dos menos estudados citogeneticamente. A determinação sexual é fundamental em instituições envolvidas na conservação animal, uma vez que a implementação de programas de reprodução em cativeiro precisa da sexagem para garantir a eficiência dos mesmos. Com o objetivo de sexar e de contribuir com dados cromossômicos para o melhor entendimento da taxonomia dos psitacídeos, analisamos citogeneticamente três espécimes de Amazona aestiva e um espécime de Ara chloroptera pertencentes ao plantel do Zoológico da UPF. As células em divisão foram obtidas por meio de cultura de longa duração de linfócitos de sangue periférico. As metáfases foram submetidas à coloração convencional com Giemsa 10% e ao bandamento C. O cariótipo de A. chloroptera é constituído por 2n=70 cromossomos dos quais, 12 pares são macrocromossomos e 20 são microcromossomos. Os cromossomos dos pares 1, 7, 8 e 11 são metacêntricos, dos pares 5, 6, 9 e 10 submetacêntricos e dos pares 2, 3 e 4 subtelocêntricos. O cromossomo Z é metacêntrico com tamanho semelhante ao par 5 enquanto que o W é um pequeno submetacêntrico. O cariótipo de A. aestiva apresenta 2n=70 cromossomos, destes, nove pares são macrocromossomos autossômicos. Os cromossomos dos pares 1, 5, 6, 7 e 8 são telocêntricos, dos pares 2, 3 e 4 são subtelocêntricos, enquanto que o par 9 é metacêntrico. O cromossomo Z é metacêntrico, com tamanho semelhante aos cromossomos do par 3. A distribuição da heterocromatina no genoma de A. aestiva é essencialmente centromérica. Os dados obtidos para o cariótipo de A. aestiva corroboram os de outros autores, exceto na morfologia dos cromossomos do par 5, porém os de A. chloroptera diferem na morfologia dos cromossomos dos pares 3, 6, 9 e do W. O espécime de A. chloroptera do plantel do Zoológico da UPF é uma fêmea (ZW) enquanto que os três espécimes de A. aestiva analisados, são machos (ZZ). 54º Congresso Brasileiro de Genética 145 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização de locos de microssatélite em duas espécies brasileiras de Amazona (Psittaciformes: Aves) ameaçadas de extinção por meio de iniciadores heterólogos Matos, MR; Caparroz, R; Collevatti, RG Pós-graduação em Ciência Genômicas e Biotecnologia, Universidade Católica de Brasília [email protected] Palavras-chave: Amazona rhodocorytha, Amazona vinacea, microssatélite, iniciadores heterólogos, transferibilidade O papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha) é endêmico da Mata Atlântica do Brasil oriental e atualmente encontrase classificado na lista nacional de espécies da fauna brasileira ameaçadas (MMA/IBAMA) como espécie em perigo. O papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) também é endêmico da Mata Atlântica e está classificado na lista nacional de espécies da fauna brasileira como espécie vulnerável. Além da perda de hábitat natural em decorrência do desmatamento da Mata Atlântica como conseqüência do crescimento da agricultura e de grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo, essas espécies são fortemente ameaçadas pela captura de filhotes para abastecer o tráfico ilegal de animais silvestres. Os marcadores moleculares do tipo microssatélite têm sido muito utilizados na estimativa da variabilidade genética e na determinação da vulnerabilidade genética de populações naturais, proporcionando subsídios importantes para auxiliar programas de conservação de espécies ameaçadas. Contudo, o processo de desenvolvimento deste tipo de marcador molecular é oneroso e laboratorialmente complexo. A utilização de iniciadores heterólogos tem se mostrado uma alternativa eficiente para a aplicação deste tipo de marcador em estudos populacionais. No presente trabalho, foi avaliado a transferibilidade de 18 pares de iniciadores heterólogos para amplificação de locos de microssatélite em Amazona rhodocorytha e Amazona vinacea. Destes 18 pares, 13 foram desenvolvidos para Amazona guildingii e cinco para Ara ararauna. Inicialmente, o sucesso de amplificação via PCR destes pares de iniciadores foi avaliado em dois indivíduos de cada espécie. Dos 18 iniciadores testados, 13 (72%) amplificaram com sucesso em Amazona rhodocorytha e 16 (88%) em Amazona vinacea. Encontra-se em andamento a caracterização do polimorfismo destes locos. Contudo, os resultados obtidos evidenciam um alto sucesso na transferibilidade destes pares de iniciadores e apontam para um grande potencial de aplicação em futuros estudos em que se avalie o status genético das populações naturais das espécies estudadas. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Isolamento de marcadores moleculares em Amazona aestiva (Papagaio verdadeiro) para ciência forense Pena, IF; Kalapothakis, E Laboratório de Biotecnologia e Marcadores Moleculares, Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de Biologia Geral – Genética, Universidade Federal de Minas Gerais [email protected], [email protected] Palavras-chave: Amazona aestiva, marcadores moleculares Marcadores moleculares são aplicados a um grande número de questões biológicas, como reconstruções filogenéticas, genética de populações e genética da conservação, para, por exemplo, planejamento e monitoramento de programas de reprodução em cativeiro. Na área forense esses marcadores são amplamente utilizados em testes de paternidade e identificação de indivíduos. Neste estudo descrevemos o isolamento de marcadores moleculares para a ave Amazona aestiva, espécie muito visada no comércio ilegal de animais. Sendo assim, foi realizada a construção de uma biblioteca genômica primária não-enriquecida com DNA de Amazona aestiva que foi triada com sondas radioativas de temas repetitivos. Os plasmídeos com resultado positivo foram selecionados e vários deles foram submetidos ao sequenciamento automático. A biblioteca construída possui 5.173 clones independentes, e, após análise, foram obtidos 656 plasmídeos com resultado positivo para as sondas utilizadas. Inicialmente foram escolhidos para sequenciamento 30 clones que apresentaram sinal positivo, e foi utilizado iniciadores direto e reverso. Os clones seqüenciados até o momento indicam o sucesso do processo utilizado, revelando microssatélites com grande potencial para estudos em genética de população e forense animal. Foram encontrados microssatélites perfeitos e imperfeitos como (CCAT)14, (AAAAT)15(AAAT) (AAAAT)7(AAAT), (CCA)3(CCCA)5(CCCCCTCC)(CCCACA)5. Este trabalho é uma parceria entre a UFMG e o IBAMA e objetiva a fiscalização da origem dos espécimes comercializados, para inibir o tráfico ilegal dessa ave. Portanto os marcadores descritos nesse trabalho serão uma ferramenta importante para a conservação da espécie em questão. Apoio financeiro: IBAMA, PRONEX, Fapemig, CNPq, CAPES. Pena, I.F é aluna do programa de Pós-Graduação em Genética da UFMG. 146 54º Congresso Brasileiro de Genética 147 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Variação geográfica em comportamento de corte e divergência genética entre populações do uirapurú-de-coroa-azul (Lepidothrix coronata, Aves: Pipridae) Fortuna, JR1; Anciães, M1; Cohn-Haft, M1; Farias, IP2 Programa de Acervos e Coleções, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA Laboratório de Genética Animal, Departamento de Biologia, Universidade Federal do Amazonas – UFAM [email protected] 1 2 Palavras-chave: Biogeografia, sistemática, seleção sexual, conservação Comportamentos de corte são considerados caracteres evolutivamente plásticos entre táxons com sistema reprodutivo não-baseado em recursos, sendo observada grande diversidade fenotípica em características sexuais secundárias entre espécies relativamente próximas. Variação geográfica em corte entre populações deste grupo de espécies tem sido foco de poucos estudos, os quais, entretanto, já embasaram práticas de conservação como a definição da distribuição de unidades evolutivas independentes. Adicionalmente, observa-se nestas espécies estrutura genética independente de barreiras geográficas ao fluxo gênico, indicando que a diversificação entre populações não se explica somente por eventos vicariantes. O uirapurú-de-coroa-azul distribui-se da Amazônia brasileira à América Central, apresenta considerável variação em plumagem e reproduz-se em leques poligínicos, como a maioria dos pássaros de sua família. Estudamos a variação geográfica em seu comportamento de corte e a comparamos ao nível de divergência genética entre 24 populações da Amazônia brasileira. Reconstruímos uma hipótese filogeográfica para a espécie, com base em 900 pb do gene mitocondrial Cyt-b, e estimamos a distância genética entre populações, bem como sua causa. Comparamos o repertório de exibição de cortes amostrados para três populações. Inferências filogenéticas indicaram considerável estrutura genética, não correlacionada à distância geográfica entre populações, sendo apontada restrição ao fluxo gênico devido à barreira geográfica entre clados distribuídos em margens opostas dos rios Negro (Mantel Z = 1.6; r2 = 0.074; p = 0.932) e Japurá-Solimões (Mantel Z = 28.45; r2 = 0.101; p = 0.998). Machos de duas populações separadas pelo rio Negro exibiram cortes consistentemente diferentes quanto à forma e frequência de exibição de elementos (e.g. “bandeira”, “gangorra”), além de diferenças no repertório (e.g. “salto- lateral”, “piscar-de-asa”). Uma diferença em corte mais marcante foi observada comparando-se ambas populações a um clado mais distante, tanto em forma e freqüência de elementos exibidos (e.g. “bandeira”, “giro-lateral”, “piscar-de-asa”, “salto-lateral”), quanto em repertório (e.g. “vôo-tremido-rápido”, “vôo-espiral-coordenado”, “esticada-de-asa-com-salto-vertical”) e freqüência do contexto social das exibições (e.g. solitário x grupo). Entretanto, a última população também compartilhou elementos (“salto-lateral”, “piscar-de-asa”) exclusivamente com a população da margem oposta do rio Negro, em relação à sua distribuição. Os resultados indicam correspondência entre variação comportamental e genética entre populações e que caracteres comportamentais são relativamente plásticos. Estudos futuros devem testar se estas exibições estão sujeitas a forte seleção sexual por fêmeas, e se contribuem para o isolamento reprodutivo de populações em ausência de barreiras geográficas. Apoio Financeiro: CNPq e FAPEAM. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Lepidothrix vilasboasi (Sick, 1959): espécie válida? Uso de marcadores moleculares no estudo de uma ave amazônica, endêmica e ameaçada Bandeira, RS1; Rego, PS1; Aleixo, A2; Schneider, H1; Sampaio, I1; Vallinoto, M1 Laboratório de Genética e Biologia Molecular, Universidade Federal do Pará – Campus de Bragança 2 Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG [email protected] 1 Palavras-chave: Lepidothrix vilasboasi, filogenia, DNA mitocondrial Descrita pelo ornitólogo alemão Helmut Sick em 1959 como Pipra vilasboasi, a espécie Lepidothrix vilasboasi foi redescoberta no sudoeste da Amazônia após quase meio século de ausência de registros. Considerada como uma das espécies menos conhecidas do planeta, principalmente devido à ausência de estudos, L vilasboasi também figura como espécie ameaçada e de grande vulnerabilidade em decorrência da grande pressão antrópica sobre a região de sua ocorrência. Apesar de classificada como espécie, seu status taxonômico não é totalmente reconhecido, sendo considerada por muitos pesquisadores como um híbrido entre Lepidothrix iris e Lepidothrix nattereri. Tal incerteza taxonômica tem dificultado a aprovação e execução de projetos de conservação para esta ave endêmica do Estado do Pará. Com o intuito de testar a validade do táxon L. vilasboasi e esclarecer o seu posicionamento taxonômico dentro do gênero Lepidothix, realizamos uma análise filogenética com marcadores moleculares. No presente estudo foram utilizadas amostras de tecido das espécies L. vilasboasi, L. iris (representada pelas subespécies L. iris iris e L. iris eucephala), L. nattereri e L. serena, cedidas pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Para avaliação do status filogenético foram utilizados os marcadores rRNA 16S, citocromo b e ND2. Os resultados das árvores filogenéticas agrupam L. vilasboasi e L. iris eucephala em um mesmo clado, apesar de não formarem grupos monofiléticos distintos. L. nattereri aparece como grupo irmão destas duas (L. vilasboasi, L. iris eucephala), enquanto que L. iris iris surge como um ramo monofilético mais distante dos demais. As topologias das árvores encontradas indicam que L. iris eucephala e L. iris iris são espécies distintas e que não formam um grupo monofilético, como descrito na literatura. Os dados moleculares indicam que L. vilasboasi não é um hibrido entre L. iris eucephala e L. nattereri, estando mais intimamente relacionada com a primeira. Através dos dados moleculares, duas hipóteses podem explicar os resultados obtidos: hipótese de retenção de polimorfismo ancestral entre L. vilasboasi e L. iris eucephala; ou hipótese de viés em cruzamento interespecífico, em decorrência da herança materna dos marcadores utilizados. Apoio Financeiro: CNPq-Pibic e UFPA. 148 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Biogeografia histórica e diversidade genética do complexo Basileuterus culicivorus (Aves, Parulidae) Vilaça, ST; Santos, FR Departamento de Biologia Geral, ICB, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil [email protected] Palavras-chave: Basileuterus culicivorus, biogeografia histórica, Parulidae, diversidade genética, expansão populacional O complexo Basileuterus culicivorus envolve duas espécies reconhecidas: B. culicivorus (do Uruguai ao norte do México) e B. hypoleucus (sul e sudeste do Brasil, Paraguai e Bolívia), cuja separação taxonômica é questionada. Apesar da existência de vários estudos genéticos na família Parulidae, poucos abordam os processos de diversificação das espécies neotropicais. Para investigar a história evolutiva deste complexo, foram analisados 82 indivíduos do Brasil, Venezuela, México, Paraguai, Argentina e El Salvador. Foram obtidas seqüências do gene mitocondrial citocromo b (cytb), do íntron 5 do gene nuclear β-fibrinogênio (BF5), e foram genotipados seis loci de microssatélites. As análises estatísticas foram realizadas nos programas Arlequin e DNAsp. O cytb revelou um total de 77 haplótipos com h= 0,998 e π= 0,036 e o BF5 apresentou 39 haplótipos com 30 sítios polimórficos. Entre os Ioci de microssatélites, o número de alelos variou de 5 a 27, com média de 15 alelos, sendo que três loci não estavam em equilíbrio de Hardy-Weinberg, sugerindo subestruturação populacional. Reconstruções filogenéticas baseadas em máxima verossimilhança (ML) e neighbor-joining (NJ) para cytb feitas nos programas PHYML e Mega indicaram quatro grandes clados: Norte do México (NM); Sul do México e El Salvador (MS); Venezuela e Norte do México (VM); Brasil, Argentina e Paraguai (BP). A posição basal dos clados NM e MS sugerem uma origem ao norte de sua distribuição, com posterior colonização do Brasil, Paraguai e Argentina, e uma possível recolonização mais recente da Venezuela. Os clados do México apresentaram alelos exclusivos de BF5, que em uma árvore de ML tiveram uma posição mais basal em relação aos demais alelos. O teste de AMOVA feito com cytb indicou um alto φst para esses agrupamentos (0,41; p<0,001), enquanto que para BF5 e os seis loci de microssatélites o φst não foi significativo. O teste Fs de Fu sugeriu uma expansão populacional somente para o clado BP, também indicada pela topologia do clado nas árvores filogenéticas. Foi usado o programa Beast para estimar os tempos ao mais recente ancestral comum (TMRCA) para os vários clados, com uma taxa de substituição constante recentemente estabelecida para Passeriformes de 2,07% mutações/sítio/milhão de anos. Os resultados sugerem que o TMRCA para o clado BP foi há aproximadamente 1,8 milhões de anos, indicando que o final do Plioceno e início do Pleistoceno foi um período importante na diversificação desse táxon. Os resultados desse estudo indicam que a colonização dessa espécie na América do Sul se deu de forma rápida e em um período de grande importância para a expansão dos táxons que se originaram na América do Norte e atualmente também habitam a América do Sul. Apoio financeiro: CNPq, Fapemig. 149 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Filogeografia de aves do gênero Myrmotherula (Thamnophilidae) no leste da Amazônia Almeida, MCE1; Sampaio, I1; Schneider, H1;Pimentel, L1; & Figueiredo WMB1 Universidade Federal do Pará, Instituto de Estudos Costeiros, Campus de Bragança, PA 1 Palavras-chave: Filogeografia, Myrmotherula, Amazônia, Citocromo b, Linhagens Populacionais Myrmotherula é um gênero Neotropical de aves seguidores de formigas que, por encontrar-se amplamente distribuído e altamente diversificado na Amazônia, estudos sobre sua filogeografia podem ser úteis para elucidar o contexto espacial e temporal dos processos de diversificação na região. Este trabalho avalia a história evolutiva de quatro espécies simpátricas de Myrmotherula no leste amazônico, usando uma metodologia filogeográfica comparativa. As quatro espécies em foco apresentam características ecológicas distintas e respondem de forma diferenciada às mudanças na cobertura vegetal. Amostras de DNA foram obtidas em uma localidade ao Norte do Amazonas, no Escudo Guiano, e em três ao sul deste rio: nas margens direita e esquerda do Rio Tapajós e no extremo leste da região, município de Santa Bárbara. Um fragmento de cerca de 500 pares de base do gene mitocondrial codificador do Citocromo b amplificado por PCR e sequenciado pelo método didesoxiterminal. As sequencias obtidas foram submetidas à análise filogenética com métodos de máxima parcimônia, máxima verossimilhança e por meio de análises bayesianas. Àrvores de haplótipos foram construídas com critérios de parcimônia e o cálculo de tempos de divergência e coalescência nas linhagens foi feito com o auxílio de métodos bayesianos. Em Myrmotherula axillaris, que possui hábitos generalistas e boa capacidade de tolerância às modificações na paisagem florestada, não encontrou-se evidências de estruturação genética nas populações estudadas. Por sua vez, para Myrmotherula leucophthalma, M. hauxwelli e M. longipennis, que ocupam diferentes estratos na floresta e são menos resistentes a distúrbios, os resultados sugeriram forte estruturação filogeográfica, sendo o Rio Tapajós a barreira mais eficiente encontrada. As análises de tempos de divergência mostram diferentes períodos para a diversificação genética nas espécies, sugerindo que diferentes eventos, em diferentes épocas, provocaram a separação e surgimento de linhagens nas populações estudadas. Apoio: UFPA, IECOS, PARD. 150 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise cromossômica em Cathartidae: distribuição de blocos heterocromáticos e rDNA e mapeamento genômico Tagliarini, MM3; Pieczarka, JC1,2; Nagamachi, CY 1,2; Rissino, JD1; de Oliveira, EHC1 Laboratório de Citogenética, ICB, UFPA Bolsista Produtividade Científica, CNPq 3 Aluna de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Neurociências e Biologia Celular [email protected] 1 2 Palavras-chave: Cathartidae, Falconiformes, rDNA, microcromossomos, bandeamento C A família Cathartidae inclui sete espécies de abutres do Novo Mundo. Sua posição taxonômica é alvo de controvérsias, visto que as propostas clássicas a incluem entre os Falconiformes, enquanto dados moleculares a posicionam próximo à família Ciconiidae (Ciconiiformes). Os dados citogenéticos, que se limitam a coloração convencional na maioria das espécies já analisadas, mostram uma constância no número diplóide, com 2n=80. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo uma melhor caracterização do complemento cromossômico genômica de três espécies dessa família: Cathartes aura, Cathartes burrovianus e Sarcoramphus papa, através de técnicas de bandeamento G, C e aplicação de sondas cromossomo-específicas de Gallus gallus (GGA1 a GGA10 e Z) e rDNA. Os resultados mostram que, apesar do número diplóide constante e similaridade no padrão de bandeamento G, essas espécies diferem quanto à distribuição dos blocos heterocromáticos, que nos autossomos se restringem às regiões centroméricas de S. papa, enquanto C. aura e C. burrovianus apresentam grandes blocos heterocromáticos nos pares 6 e 7. O cromossomo W apresentou um grande bloco heterocromático. Esses blocos mostraram-se DAPI positivos, o que sugere uma riqueza em pares A-T. Todas as espécies apresentaram apenas um par de microcromossomos marcados pelo r-DNA. As sondas correspondentes aos primeiros dez pares de macrocromossomos de Gallus foram utilizadas em experimentos de FISH em metáfases de C. aura. Cada sonda de GGA marcou somente um par, com exceção da sonda GGA4, que marcou dois pares de cromossomos em C. aura (CAU4 e CAU9). Esses dados mostram que Cathartidae reteve um complemento cromossômico similar ao cariótipo ancestral hipotético das Aves, e coloca essa família em uma posição mais basal em relação a Accipitridae e Falconidae. Entretanto, os dados citogenéticos não são capazes de esclarecer a relação filogenética desta família com outros grupos, como Ciconiidae, considerado seu grupo-irmão de acordo com análises de hibridização de ácidos nucléicos. Apoio: CNPq, UFPA, CAPES. 151 54º Congresso Brasileiro de Genética 152 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise da diversidade genética em populações de Chiroxiphia caudata (Aves, Pipridae) em uma região de Mata Atlântica do estado de São Paulo Fazza, AC1; Carvalho-Costa, LF2; Francisco, MR3; Galetti Jr, PM2 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos 3 Universidade Federal de São Carlos, Campus Sorocaba [email protected] 1 2 Palavras-chave: genética da conservação, diversidade genética, aves, DNA mitocondrial Por se tratar de um bioma altamente ameaçado e considerando-se sua grande diversidade biológica, a Mata Atlântica é uma área prioritária para conservação. Possui uma das mais altas taxas de endemismo de espécies de aves em todo o mundo, que podem estar sofrendo efeitos drásticos pela degradação do seu ecossistema. O estudo genético de populações de aves nos permite fazer inferências sobre a viabilidade de espécies e a capacidade de responder a alterações ambientais. No presente trabalho, utilizamos um marcador mitocondrial para avaliar a diversidade genética do Tangará-dançarino (Chiroxiphia caudata), uma espécie neotropical não migratória. Foram estudas três populações localizadas no maior contínuo remanescente de Mata Atlântica do Estado de São Paulo (Parque Estadual da Serra do Mar – núcleo Picinguaba, Parque Estadual de Carlos Botelho e Parque Estadual Turístico Alto do Ribeira). Foi utilizado DNA de 15 indivíduos, cinco de cada uma das três populações estudadas. Parte do gene do citocromo b do DNA mitocondrial foi amplificada e seqüenciada. Dos 439 sítios analisados, sete foram polimórficos, dos quais um foi parcimoniosamente informativo. Os resultados permitiram a discriminação de 6 haplótipos e indicaram uma alta diversidade haplotípica total de 0,762. Três haplótipos foram exclusivos da população de Carlos Botelho, a localidade de maior diversidade. Esta localidade também apresentou a maior diversidade nucleotídica (0,00548), ao passo que Picinguaba mostrou baixa variabilidade neste índice (0,00091). A diversidade nucleotídica total foi relativamente baixa (0,00291), mas similar a de outras espécies neotropicais. A distribuição do número observado de diferenças entre os pares de haplótipos apresentou uma distribuição unimodal indicando uma possível expansão populacional recente. De modo geral, os testes de neutralidade não foram significativos, ou seja, não há evidência de que a seleção natural tenha moldado o padrão de polimorfismo observado. A maior parte da variação genética foi intrapopulacional (89%), porém a variação interpopulacional atingiu 11%, que pode ser atribuído ao comportamento não migratório da espécie em estudo. As análises de divergência genética não produziram valores significativamente diferentes de zero nas comparações pareadas do FST e foi estimado um número de migrantes em 47,50 indivíduos por geração. Estes resultados indicam alto fluxo gênico histórico entre essas populações ou tempo insuficiente para a separação das linhagens, entretanto, as diferentes freqüências haplotípicas, com diferentes distribuições, sugerem que estas populações possuem uma identidade, inclusive com a presença de haplótipos privados. Em conclusão, os valores obtidos de diversidade e estruturação genética nas populações de Chiroxiphia caudata sugerem alta diversidade intrapopulacional e diferenças genéticas não significativas entre as populações. Este estudo nos permitiu reforçar a importância da manutenção do contínuo de Mata Atlântica para a conservação desta espécie. Apoio Financeiro: CNPq e FAPESP. 54º Congresso Brasileiro de Genética 153 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Desenvolvimento de marcadores moleculares do tipo microssatélite para Neothraupis fasciata (Emberizidae, Passeriformes) Corrêa, CL; Collevatti, RG; Caparroz, R Pós-graduação em Ciência Genômica e Biotecnologia, Universidade Católica de Brasília [email protected] Palavras-chave: Microssatelite, Neothraupis fasciata, Emberizidae, Cerrado, Cigarra-do-campo A cigarra-do-campo (Neothraupis fasciata) é endêmica do Cerrado e ocorre em áreas com pouca interferência antrópica. Tais características tornam esta espécie um modelo biológico ideal para avaliar os possíveis efeitos da fragmentação do Cerrado sobre a diversidade genética de aves. Além disso, esta espécie apresenta sistema de reprodução cooperativo. Marcadores moleculares do tipo microssatélite apresentam altos níveis de variabilidade, sendo uma ferramenta apropriada para identificação das relações genéticas entre indivíduos, importantes em estudos de parentesco, estudos de comportamento reprodutivo e na estimativa da variabilidade genética dentro e entre populações. Contudo, existem poucos locos microssatélites disponíveis para aplicação em espécies de aves neotropicais. O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de identificação de locos microssatélites em N. fasciata a partir de uma biblioteca genômica não enriquecida. A biblioteca genômica foi construída com a utilização do vetor plasmidial pCR4Blunt-TOPO com auxílio do TOPO Shotgun Subcloning Kit. Os insertos purificados foram seqüenciados utilizando os iniciadores T3 e T7 e o kit DYEnamic ET Terminator. As amostras foram analisadas em um seqüenciador automático (MegaBACE 500). Foram seqüenciados 278 insertos, dos quais 51 (18,3%) continham locos microssatélite, sendo esses: 27 di, 16 tri, quatro tetra e quatro pentanucleotídeos. Foram desenhados 17 pares de primers e esses foram utilizados para amplificação dos locos via PCR. Apesar do baixo rendimento em relação ao número de clones seqüenciados/número de clones com microssatélites identificados quando comparado com a técnica de biblioteca enriquecida, a metodologia foi considerada satisfatória, uma vez que possibilitou a identificação de locos microssatélites com diferentes unidades de repetição sem a necessidade da construção de diferentes bibliotecas enriquecidas para diferentes repetições. E ainda, não exige a realização de uma etapa de enriquecimento (diminuindo os custos). Está em andamento a caracterização de polimorfismo para os locos identificados e subsequentemente a análise genética de populações. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Taxonomia por DNA em espécies de Furnarídeos (Passeriformes: Furnariidae) Chaves, BRN; Chaves, AV; Santos, FR Laboratório de Biodiversidade e Evolução Molecular, Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Minas Gerais. [email protected] Palavras-chave: Furnariidae, Barcode, COI Os furnarídeos compreendem uma grande família de passeriformes encontrados nas Américas Central e do Sul, com 102 espécies distribuídas entre 38 gêneros, segundo o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO). Exibem uma característica ecológica única, que os une aos dendrocolaptídeos: a reprodução no interior de ninhos fechados, ao invés do uso de uma cavidade ou na vegetação. Com base em dados morfológicos, formam parte de um grupo monofilético dentro de Suboscines, juntamente com as famílias Dendrocolaptidae, Formicariidae, Thamnophilidae, Rhinocryptidae e Conopophagidae. Estudos moleculares recentes indicam que a família Furnariidae pode ser dividida em três grupos, dois sem nome formal e o terceiro compreendido pelo gênero Xenops, mais próximo aos dendrocolaptídeos. Por esse motivo, acredita-se que Furnariidae e Dendrocolaptidae sejam grupos parafiléticos.A sistemática e a taxonomia molecular contam atualmente com o auxílio dos códigos de barra de DNA (DNA barcodes) para discriminação de espécies dos mais diversos grupos de animais e plantas. Vários trabalhos utilizaram com sucesso o gene do Citocromo Oxidase c subunidade I (COI) do DNA mitocondrial (DNAmt) para identificação e discriminação de espécies de aves neotropicais.Neste estudo foram analisadas 24 espécies de Furnariidae com DNA barcodes de COI para avaliar sua eficiência na identificação e discriminação destas espécies de aves neotropicais. Indivíduos de mesma espécie foram amostrados preferencialmente a partir de diferentes localidades do Sudeste do Brasil, sendo que para a maioria das espécies havia indivíduos testemunhos. Foram obtidos fragmentos de 436 pb de COI de 42 indivíduos e a maior parte das espécies apresentou seqüências nucleotídicas características. As divergências inter-específicas variaram de 0,6%, entre Heliobletus contaminatus e Sclerurus scansor, a 20,9%, entre Anabacerthia amaurotis e Synallaxis ruficapilla, com uma média de 14%, enquanto as divergências intra-específicas variaram de 0%, em cinco espécies, a 0,8%, em S.scansor, com uma média de 0,2%.Apesar do gene mitocondrial COI não possuir resolução apropriada para reconstruções filogenéticas, observou-se que os dados corroboram estudos anteriores, mostrando a existência de alguns gêneros não monofiléticos nessa família. Observamos que o gênero Philydor apresentou a maior divergência intra-genérica entre espécies (9,2%) e não se agrupam em uma árvore Neighbor Joining (NJ), sugerindo uma possível parafilia. No entanto, H.contaminatus agrupou-se com S.scansor suportado por um alto valor de bootstrap. Nesta mesma árvore, observa-se também o agrupamento do gênero Xenops com dendrocolaptídeos, mas novos marcadores são necessários para um maior detalhamento filogenético.Finalmente, este estudo mostra que DNA barcodes de COI têm um potencial discriminatório suficiente para identificar a maior parte das espécies da família Funariidae. Apoio financeiro: CNPq e FAPEMIG. 154 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Pintura cromossômica comparativa em duas espécies de corujas (Aves, Strigiformes) Moura, SP 3; Araújo, CCD 3; Pieczarka, JC 1,2; Rissino, JD2; Nagamachi, CY 1,2; De Oliveira, EHC 1 Laboratório de Citogenética, ICB, UFPA Bolsista Produtividade Científica, CNPq 3 Bolsista PIBIC/CNPq [email protected] 1 2 Palavras-chave: Strigiformes, pintura cromossômica, corujas, cariótipo Corujas pertencem à ordem Strigiformes. Embora as suindaras (Tyto alba) e as chamadas corujas verdadeiras já tenham sido freqüentemente incluídas em subfamílias dentro da família Strigidae, a classificação mais aceita atualmente considera esses dois grupos como famílias distintas, Tytonidae e Strigidae. Análises cromossômicas corroboram essa classificação, visto que as espécies de Strigidae apresentam cariótipos relativamente semelhantes ao de Gallus gallus, com números diplóides próximos a 80, e clara distinção entre macro e microcromossomos. Já os membros da família Tytonidae apresentam um cariótipo mais derivado, com o número diplóide igual a 90-92 e diminuição gradual dos cromossomos. Pouco se sabe sobre os rearranjos que originaram essa diferença cariotípica entre os dois grupos. No presente trabalho foram utilizadas sondas cromossomo-específicas dos pares autossômicos de 1 a 9 de Gallus gallus (GGA), em experimentos de hibridização in situ por fluorescência em cromossomos metafásicos de espécies pertencentes às duas famílias de Strigiformes: Pulsatrix perspicillata (2n=76), da família Strigidae, e Tyto alba (2n=92), Tytonidae. A análise comparativa dos resultados da FISH mostra a ocorrência de vários rearranjos cromossômicos no processo de diferenciação das duas espécies. Em ambas as espécies, as sondas GGA6, GGA7, GGA8 e GGA9 produziram uma única marcação cada. Em T. alba, o restante das sondas (GGA1 a GGA5) marcou entre dois e três pares distintos. Em P. perspicillata, as sondas GGA2 e GGA3 mostraram conservação de sintenia, marcando um par cada, enquanto as sondas GGA1, GGA4 e GGA5 produziram dois sinais distintos, cada. Além disso, várias fusões cêntricas foram observadas em P. perspicillata, formando as associações GGA1/GGA2, GGA4/GGA5, GGA4/GGA9, GGA5/GGA8 e GGA6/GGA7. Estes resultados mostram que apesar dos números diplóides muito diferentes, houve fissões cêntricas em alguns pares cromossômicos em relação ao cariótipo hipotético ancestral das Aves (2n=80) em ambas as famílias. Entretanto, a ocorrência de várias fusões cêntricas no cariótipo de P. perspicillata resultou numa diminuição do número diplóide. Futuras análises com sondas região-específicas poderão revelar se as fissões observadas em ambos os cariótipos são sinapomórficas, tendo ocorrido em um cariótipo ancestral à dicotomia Tytonidae-Strigidae. Apoio Financeiro: CNPq (472544/2006-3), CAPES, UFPA. 155 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise da performance de modelos evolutivos mistos e amostragem de táxons no estudo da filogenia de mamíferos Loss-Oliveira, L1; Soares, AER1; Schrago, CG1 Lab. Biodiversidade Molecular, Dep. Genética, IB, Universidade Federal do Rio de Janeiro [email protected] 1 Palavras-chave: CAT, LBA, modelos de misturas, mamíferos, amostragem de táxons A inferência de árvores filogenéticas envolve dois tipos básicos de erro: estocástico e sistemático. O primeiro é decorrente de amostragem insuficiente de sítios, que resulta em árvores com baixo suporte estatístico. O segundo, por sua vez, está relacionado à incapacidade dos modelos evolutivos incorporarem toda complexidade do processo de substituição, mesmo quando o número de sítios estudados é elevado. Isso freqüentemente reflete em estimativas topológicas enviesadas. Um exemplo clássico é o fenômeno da atração dos ramos longos (LBA), que ocorre quando um ou mais táxons filogeneticamente distantes apresentam taxas de substituição significativamente maiores e, por evolução convergente, tendem a se posicionar como grupos próximos na árvore gerada. Uma alternativa para diminuir erros sistemáticos é a adoção de modelos de misturas que permitem a categorização de sítios em conjuntos que compartilham parâmetros evolutivos específicos. Dessa forma, esses modelos estimam os tamanhos de ramos com maior acurácia, evitando problemas de saturação das seqüências. Análises filogenéticas recentes indicam a existência de quatro superordens de mamíferos placentários: Afrotheria, Xenarthra, Laurasiatheria e Euarchontoglires, mas a relação entre as ordens ainda não foi bem elucidada. O problema é acentuado pela amostragem reduzida de táxons, que resulta na dissolução de Euarchontoglires (Primates + Rodentia). Nesse trabalho, averiguamos o desempenho de modelos de misturas (e.g., modelo CAT) na recuperação das relações filogenéticas entre as ordens de mamíferos através de uma amostragem crescente de táxons. Para isso, foram utilizadas seqüências de aminoácidos de mamíferos disponíveis em bancos de dados públicos. Os programas PhymL, MrBayes e Phylobayes foram usados para gerar as topologias. Nossos resultados mostram que mesmo modelos complexos de evolução de seqüências são incapazes de superar o efeito da amostragem de táxons e a estabilidade das quatro superordens é diretamente influenciada pelo número de seqüências analisadas. Apoio financeiro: FAPERJ. 156 54º Congresso Brasileiro de Genética 157 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudos citotaxonômicos de pequenos mamíferos não-voadores de um fragmento de Mata Atlântica de Minas Gerais Stumpp, R¹; Eduardo, AA¹; Lessa, G¹; Dergam, JA Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa [email protected] 1 Palavras-chave: roedores, marsupiais, citogenética, Mata Atlântica, diversidade Apesar da grande importância ecológica dos pequenos mamíferos não-voadores, sua taxonomia, em particular a de roedores, é relativamente pouco conhecida, principalmente devido a dificuldade na detecção de variações discretas na morfologia externa e interna. Em alguns casos, duas espécies podem apresentar padrões morfológicos com diferenças tão sutis ou mesmo indistinguíveis, que são consideradas espécies crípticas. Em função da grande dificuldade na distinção de dessas espécies, técnicas citogenéticas e de biologia molecular têm sido empregadas para uma melhor definição das espécies e seu relacionamento filogenético. Neste sentido, este trabalho apresenta dados cariotípicos sobre os pequenos mamíferos não-voadores da Estação de Pesquisa Treinamento e Educação Ambiental Mata do Paraíso, um pequeno fragmento de Mata Atlântica localizado no município de Viçosa, Minas Gerais. Foram realizadas análises citogenéticas de coloração convencional em 9 espécies visando a determinação do número diplóide (2n) e número fundamental autossômico (NFa). Os cariótipos obtidos foram: Akodon cursor (2n=14; NFa=18-20), Bibimys labiosus (2n=70; NFa=76), Calomys tener (2n=66; NFa=66), Cerradomys subflavus (2n=54; NFa=62), Gracilinanus agilis (2n=14; NFa=24), Gracilinanus microtarsus (2n=14; NFa=24), Monodelphis americana (2n=18; NFa=32), Oligoryzomys flavescens (2n=66; NFa=70), e Oligoryzomys nigripes (2n=62; NFa=79-80). Os marsupiais amostrados (G. agilis, G. microtarsus e M. americana) apresentaram pouca variação cariotípica entre si, como é característico dos animais da ordem, sendo que o número diplóide mais freqüente para estes animais é 14. Os roedores apresentaram uma variação bastante maior. A. cursor é reconhecido por apresentar alta variabilidade cromossômica em diferentes populações. Dos 18 citótipos conhecidos para a espécie, a população da Mata do Paraíso apresentou 3, com no número fundamental variando de 18 a 20. O. nigripes também apresentou uma variação no número fundamental, com NFa=79-80, resultado semelhante ao que ocorre em outros fragmentos de Mata Atlântica do Sudeste. A análise cariotípica das espécies da Mata do Paraíso foi relevante para compreensão dos padrões citogenéticos e da riqueza das comunidades de pequenos mamíferos, reforçando sua utilização em inventários mastofaunísticos. Exemplo disso foi a distinção de O. flavescens e O. nigripes, espécies sintópicas do fragmento, que apresentam pequena variação morfológica. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Desenvolvimento de primers para o gene D-loop para amplificação do fragmento mitocondrial em detrimento de cópias nucleares para o estudo dos efeitos da fragmentação florestal sobre a estrutura genética de populações de Micoureus paraguayanus no Parque Estadual Morro do Diabo, SP Cattony Neto, PQ; Galetti Junior, PM; Rodrigues, FP Laboratório de Biodiversidade Molecular e Citogenética, Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos [email protected] Palavras-chave: Micoureus Paraguayanus, marcador mitocondrial, D-loop, cópia nuclear, estrutura populacional Os marcadores mitocondriais têm sido amplamente utilizados em estudos populacionais devido a características como herança materna, ausência de recombinação e altas taxas evolutivas. Estas podem fornecer informações relativas à diversidade, estruturação genética e dispersão diferencial dos sexos (DOWLING et al., 1996). Para avaliar os efeitos que a fragmentação florestal recente e o isolamento por distância entre demes possuem sobre a diversidade genética das populações naturais, analisamos o marsupial arborícola Micoureus paraguayanus em áreas do Parque Estadual Morro do Diabo e do seu entorno através do uso do gene mitocondrial D-Loop. A baixa taxa de recombinação, associada à alta taxa evolutiva deste gene é atraente à construção de genealogias recentes e permitem uma avaliação mais acurada dos eventos promovidos pelo processo de fragmentação ambiental. Entre os marsupiais neotropicais, os representantes do gênero Micoureus são considerados animais de médio porte com atividade crepuscular ou noturna e dieta insetívora/frutívora (Emmon & Feer,1997). Apresentam gestação e intervalo entre gerações curtos e capacidade de dispersão limitada quando comparados a outras espécies, o que os tornam um modelo interessante para estudos relativos à estrutura e variabilidade genéticas de populações afetadas pelo processo de fragmentação (Fernandez et al., 1998; Pires & Fernandez, 1999). Todavia, como descrito para o gênero Didelphis, o gênero Micoureus também parece apresentar fragmentos mitocondriais com cópias nucleares de tamanhos variados. Como essas cópias ocorrem frequentemente em grande número, são amplificadas erroneamente e a escolha equivocada de um desses fragmentos para análises populacionais pode diminuir a variação esperada para o fragmento mitocondrial, levando à obtenção de resultados que não refletem os verdadeiros efeitos da fragmentação. Resultados para o sequenciamento de duas bandas obtidas a partir de primers descritos por FUMAGALLI et al. (1997) mostraram que os indivíduos eram todos iguais para o menor fragmento, enquanto há certa variação para o maior. Para amplificar apenas o fragmento mitocondrial, descrevemos um novo conjunto de primers específicos para a segunda metade do gene D-Loop através do alinhamento das seqüências obtidas. O DNA nuclear provavelmente possui variação menor nas taxas de transversão e transição devido a seus mecanismos de reparo durante o processo de replicação. Assim, os novos primers foram desenhados com parte de suas bases sobre regiões de inserção/deleção da cópia paráloga para evitar que eles se liguem aos fragmentos nucleares novamente. Resultados preliminares indicam que os novos primers foram capazes de amplificar apenas um fragmento, todavia será realizada a confirmação de sua origem via sequenciamento e posterior “Blast” no “Gene Bank”. 158 Apoio financeiro: CAPES. 54º Congresso Brasileiro de Genética 159 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Filogeografia comparativa de marsupiais do interflúvio Madeira-Tapajós Pimentel, L¹; Nobre, K¹; Scheneider, H¹ ²; Sampaio, I¹,²; Figueiredo, WM¹,² IECOS -Instituto de estudos Costeiros Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança lucy.pimentel @gmail.com 1 2 Palavras-chave: endemismo, linhagens, marsupiais De acordo com estudos baseados em distribuições geográficas, o interflúvio Madeira-Tapajós é considerado como uma área de endemismo que abriga elevados índices de diferenciação biológica. Contudo, os estudos para avaliar esta distinção ainda são escassos e fragmentários. No intuito de testar e quantificar a diferenciação desta área em relação às outras porções da Amazônia utilizamos a fauna de marsupiais como modelo comparativo. Um fragmento de 520 pares de bases do gene mitocondrial codificador do citocromo b foi sequenciado para representantes de seis espécies de marsupiais, coletados em duas localidades neste interflúvio. As sequencias foram comparadas às disponíveis na literatura para as outras áreas amazônicas de endemismo. A diferenciação foi avaliada por meio de análise de distâncias genéticas, cálculos de tempos de divergência entre linhagens e verificação de monofilia recíproca em linhagens separadas geograficamente. Para as inferências filogenéticas usou-se os métodos de máxima parcimônia, máxima verossimilhança e análises bayesianas implementados nos programas Paup* e MrBayes. Os exemplares oriundos do interflúvio MadeiraTapajós apresentaram graus variáveis de divergência genética em relação a representantes conspecíficos e congenéricos de outras partes da Amazônia, sendo que o valor mínimo de distância corrigida entre as linhagens do interflúvio e as de outras regiões variou entre cerca de 2 e 12%. Comparações entre os tempos de separação entre linhagens e a topologia das árvores confirmam a distinção biológica da área e indicam que sua biodiversidade possui diferentes origens geográficas e é produto de sucessivos eventos de cladogênese. 54º Congresso Brasileiro de Genética 160 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Cariótipo de quatro espécies de marsupiais da Família Didelphidae do nordeste brasileiro Borges, JAT1; Sousa, MAN2 Curso de Ciências Biológicas, Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas, Universidade Estadual da Paraíba 2 Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas, Universidade Estadual da Paraíba 1 Bolsista PROINC/UEPB [email protected] 1 Palavras-chave: Cromossomos, Didelphimorphia, Didelphidae, Nordeste, Brasil Os marsupiais da Ordem Didelphimorphia, Família Didelphidae são um grupo bastante conservativo do ponto de vista citogenético com três tipos de complemento, 2n=14,18 e 22. Grande parte da informação citogenética, obtida ao longo de anos de estudos, encontra-se armazenada no Banco de Células e Tecidos do Laboratório de Citogenética do Departamento de Sistemática e Ecologia - DSE da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, na forma de 2942 lâminas preparadas. Onde, 137 são de marsupiais. O resgate destas informações pode contribuir para o aumento da informação sobre a citotaxonomia dos Marsupiais, pontuando novas localidades. Neste grupo, a morfologia de alguns pares autossômicos e a do par sexual pode auxiliar na diferenciação entre as espécies. Foram analisadas lâminas preparadas de quatro espécies da família Didelphidae do banco de células do DSE de três estados do Brasil (PE, PB e BA). O número modal foi estabelecido examinando-se 20 metáfases de cada exemplar. As metáfases mais elucidativas foram fotografadas em fotomicroscópio digital Olympus. As imagens foram ampliadas em papel fotográfico em laboratório comercial para montagem dos cariótipos levando-se em consideração o número diplóide (2n) e o número de braços autossômicos (NA). 3 machos e 3 fêmeas de Marmosa murina de Mamanguape e João Pessoa, PB mostraram 2n=14 e NA=20, com 3 pares de submetacêntricos grandes, 1 par metacêntrico médio e 2 pares de acrocêntricos pequenos, o X é um acrocêntrico pequeno e o Y é puntiforme. Um macho e uma fêmea de Micoureus cinereus, de Rio Tinto, PB mostraram 2n=14 e NA=20 com 2 pares de submetacêntricos grande, 2 pares de metacêntricos médios, 2 pares de acrocêntricos pequenos. O X é um acrocêntrico pequeno e o Y é um dos menores do complemento. Um macho de Metachirus nudicaudatus de Gandu, BA mostrou um 2N=14 e NA=20 com 3 pares de submetacêntricos grandes, 1 par de metacêntricos médios, 2 pares de acrocêntricos pequenos. O X e o Y são acrocêntricos pequenos. Uma fêmea de Didelphis marsupialis mostrou 2n=22 e NA=20, com todos os cromossomos acrocêntricos com variação decrescente de tamanho. M. nudicaudatus do Espírito Santo, São Paulo e Mato Grosso; M. murina do Ceará, Espirito Santo e Mato Grosso e D. marsupialis de São Paulo, mostram cariótipo semelhante ao encontrado neste trabalho. Observamos que, M. cinereus de São Paulo apresenta diferenças na morfologia de um dos pares de submetacêntricos, que neste trabalho é metacêntrico. Embora o 2n e o NA seja o mesmo. Observamos que o cariótipo dos marsupiais é bastante conservativo e destacamos que as informações apresentadas neste trabalho ainda não foram descritas para as localidades apresentadas. 54º Congresso Brasileiro de Genética 161 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Divergências morfométricas e moleculares em preguiça-comum (Bradypus variegatus): evidências de linhagens evolutivas independentes? Moraes-Barros, N1; Martin, P2; Vaughan, C2; Ramirez, O3; Morgante, JS1 Laboratório de Biologia Evolutiva e Conservação de Vertebrados (LABEC), Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo 2 Department of Forest and Wildlife Ecology, University of Wisconsin 3 Universidad Nacional Heredia [email protected] 1 Palavras-chave: preguiças, linhagens evolutivas, DNA mitocondrial, morfometria A preguiça-comum, Bradypus variegatus, é um animal típico da fauna brasileira, encontrada também em áreas florestadas de quase toda a América Latina. Trabalhos recentes sobre filogeografia deste grupo apontam a divergência genética entre populações de preguiça-comum distribuídas ao longo das florestas brasileiras e, a partir disso, propõem a existência de divisões intraespecíficas, caracterizadas como unidades de manejo (MUs).Neste trabalho apresentamos os resultados de um estudo similar realizado numa escala geográfica maior, envolvendo análises morfométricas e moleculares de preguiças-comuns amostradas na América Central e Norte da América do Sul.As análises moleculares abordaram o estudo de seqüências da região controle do DNA mitocondrial (DNAmit) de 17 indivíduos de preguiças-comuns distribuídas na Costa Rica, comparando-as às populações brasileiras previamente analisadas. Os resultados indicaram haver diferença genética significativa entre preguiças da Costa Rica em relação a todas as demais populações de preguiças. O valor de distância genética par-a-par, obtido ao comparar o grupo da Costa Rica às populações brasileiras, foi significativamente maior aos obtidos quando comparamos as preguiças brasileiras à outra espécie simpátrica à B. variegatus na região Norte do Brasil, a preguiça-do-norte (B. tridactylus). A partir de tal evidência, foram realizadas análises morfométricas com o intuito de investigar se esta diferenciação genética observada era também acompanhada de diferenciação morfológica. Para tanto, foram analisados 143 crânios de espécimes da preguiça-comum provenientes de diferentes localidades da América Central e América do Sul, e da preguiça-do-norte. Análises de morfometria geométrica revelaram resultados congruentes aos do estudo molecular, evidenciando três grupos significativamente divergentes, representados pelos espécimes de preguiça-do-norte, espécimes de preguiça-comum da América Central e preguiças-comuns da América do Sul. Estes resultados suscitam a hipótese da preguiça B. variegatus da América Central representar uma linhagem evolutiva distinta daquela constituída pelas preguiças-comuns da América do Sul. De fato, a filogenia molecular estimada a partir de aproximadamente 900 pb de genes mitocondriais (citocromo b e 16S) indica haver duas linhagens mitocondriais distintas, sustentadas por altos valores de suporte estatístico, representadas respectivamente por preguiças da Costa Rica e do Brasil, sendo que esta última posiciona-se como grupo irmão de B. tridactylus (valores de bootstrap em verossimilhança, distância e parcimônia: 0,90 a 0,95). É importante ressaltar que como não foram analisados até o momento marcadores moleculares independentes ao DNAmit não foi possível descartar eventos, como a introgressão, os quais podem estar associados ao padrão filogenético de parafilia. Ainda assim ao considerar a divergência genética e a congruência aos dados morfométricos, a existência de linhagens evolutivas independentes, restritas a regiões geográficas distintas, dentro da espécie B. variegatus, é uma hipótese consistente e de grande interesse para maiores investigações. Apoio Financeiro: Fapesp. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Sexagem molecular de preguiça-decoleira (Bradypus torquatus): uma nova perspectiva para a conservação da espécie Martinelli, AB¹,²; Alvarenga, CS1; Chaves, PB1; Santos, LAD3; Fagundes, V¹ Laboratório de Genética Animal, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Espírito Santo 2 Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC CNPq/UFES) 3 Instituto de Pesquisas da Mata Atlântica, IPEMA, ES [email protected], [email protected] 1 Palavras-chave: Bradypus torquatus, sexagem molecular, conservação, zinc-finger Y-linked gene, zinc-finger X-linked gene Bradypus torquatus (preguiça-de-coleira) é uma espécie ameaçada de extinção, pertencente à Ordem Xenarthra e habita as florestas tropicais das Américas do Sul e Central. Uma dificuldade na avaliação do status de conservação dessa espécie é estimar a razão sexual de uma população, já que há ausência de dimorfismo sexual em jovens e adultos. Nosso objetivo foi padronizar um método de sexagem molecular em preguiças a partir de amostras de DNA de sangue. Utilizamos perfis de RFLP-PCR dos genes ZFX (zinc finger X-linked) e ZFY (zinc finger Y-linked) para determinar o sexo de 12 espécimes de preguiças de Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo (SMJ-ES). Inicialmente, foi realizada a sexagem citogenética de quatro espécimes (sexo pré-determinado pelo comportamento de cópula) a partir de cultura de linfócitos, para serem usados como controle no estudo molecular. A sexagem molecular consistirá em identificar sítios de clivagem distintos na seqüência dos genes ZFX e ZFY, e consequentemente, gerar perfis distintos de RFLP-PCR entre machos e fêmeas. Estudos prévios mostraram que o polimorfismo existente entre os genes ZFX (presente no X) e ZFY (presente no Y), que são co-amplificados pelo mesmo par de primers (P1-5EZ/P2-3EZ), possibilitou o uso de uma enzima de restrição que cortasse distintamente os fragmentos dos genes ZFY e ZFX em mamíferos placentários, como o homem. Nesse sentido, usamos o DNA de um homem e uma mulher como controle para o presente estudo. A sexagem citogenética das quatro preguiças revelou um macho e três fêmeas, todos com 2n=50. A análise das seqüências dos fragmentos de 440pb foi feita pelo programa Sequencher 4.7 e revelou um dos sítios de restrição da enzima HaeIII que foi distinto entre homem e mulher. Para as preguiças, a enzima HaeIII também revelou um sítio polimórfico distinto, embora o mesmo tenha ocorrido nas fêmeas, ao invés do macho. Em humanos, foram observados dois fragmentos (380 e 60pb) para mulher e cinco fragmentos (380, 290, 90, 60 e 60pb) para o homem. Inversamente, em preguiças o produto da digestão do fragmento de 440 pb com a enzima HaeIII revelou cinco fragmentos (380, 290, 90, 60 e 60pb) em fêmeas e dois fragmentos (380 e 60pb) em machos, permitindo definir com sucesso os perfis de RFLP-PCR sexo-específicos. A análise dos 12 exemplares da população de SMJ-ES revelou oito fêmeas e quatro machos. Essa técnica mostrou-se eficiente para ser utilizada na investigação da razão sexual de preguiças, informação valiosa para estudos ecológicos, de estrutura populacional e de conservação. Ainda, nossos dados levantam questionamentos sobre a evolução dos genes ZFY e ZFX já que esses genes se localizam em autossomos em marsupiais (não placentários) e em cromossomos sexuais em placentários mais recentes, mas nunca foram investigados em placentários tão antigos como Xenarthra. Apoio Financeiro: FACITEC/ES, FAPES/ES e CEPF/CONSERVATION INTERNATIONAL. 162 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 A pintura cromossômica com sondas humanas em duas espécies de preguiças (Bradypus variegatus e Bradypus torquatus) Azevedo, NF; Vianna-Morgante, AM Departamento de Genética e Biologia Evolutiva, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo [email protected] Palavras-chave: Pintura cromossômica, mamíferos, Xenarthra As preguiças são mamíferos pertencentes à ordem Xenarthra que, juntamente com Afrotheria, representam os grupos mais basais entre os mamíferos placentários (Eutheria). Os cariótipos de espécies pertencentes a esses grupos devem, portanto, ser os mais próximos de um provável cariótipo ancestral de Eutheria. Neste trabalho apresentamos resultados preliminares da comparação dos cromossomos humanos com os cromossomos das espécies de preguiça Bradypus. variegatus (2n=54) e B. torquatus (2n=50), por meio de hibridação in situ fluorescente (FISH) de sondas cromossomo específicas humanas (pintura cromossômica). Em B. variegatus, a comparação foi realizada com a maioria dos cromossomos humanos, com exceção dos cromossomos 3, 8, 16 e 21. Em B. torquatus, foram realizadas hibridações com as sondas dos cromossomos humanos 1, 6, 7, 9, 11, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 19, 20, 22 e X. As associações dos cromossomos humanos 12/22 (em dois cromossomos) e 14/15 (em um único cromossomo) foram observadas nas duas espécies de preguiça. Essas associações de cromossomos já foram relatadas em espécies de Xenarthra e Afrotheria (Svartman et al., PloS Genetics, 2:1006, 2006, Yang et al., Chromosome Research 14: 283, 2006, Yang et al., PNAS 100: 1062, 2003; Kellogg et al., BMC Evolutionary Biology 7:6, 2007) e figuram nos cariótipos ancestrais propostos de Eutheria (Murphy et al., Genome Research 13: 1880, 2003; Wienberg, Current Opinion in Genetics & Development 14: 657, 2004). Observamos também uma associação entre os cromossomos humanos 17/19 tanto em B. variegatus como em B. torquatus. Essa associação 17/19 parece ser característica do gênero Bradypus, uma vez que não está presente nas preguiças Choloepus hoffmanni e C. didactylus, nem nas outras espécies de Xenarthra e Afrotheria estudadas. Os cromossomos humanos 6, 9, 11, 13, 14, 15, 17, 18, 20 e X corresponderam a um único cromossomo ou região cromossômica nas duas preguiças, sendo considerados como conservados. A principal diferença detectada entre B. variegatus e B. torquatus foi relativa ao cromossomo 1 humano, que está conservado em apenas um cromossomo de B. torquatus, como nos cariótipos propostos como ancestrais de Eutheria, e corresponde a dois cromossomos de B. variegatus, como observado anteriormente em C. didactylus. Considerando os tempos de divergência dessas espécies de preguiças, baseados em dados moleculares, deve ter havido rearranjo recorrente do cromossomo 1. Assim, ao lado de associações e conservações cromossômicas já registradas em espécies de Xenarthra e Afrotheria, identificamos particularidades dos cariótipos de preguiças. Apoio Financeiro: Fapesp. 163 54º Congresso Brasileiro de Genética 164 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Isolamento e caracterização de microssatélites em preguiça-comum (Bradypus variegatus): reduzida diversidade genética em marcadores hipervariáveis Silva, S1; Moraes-Barros, N2; Godinho, R3; Dávila, J4; Morgante, JS2; Ferrand, N1,3 Faculdade de Ciências da Universidade do Porto Laboratório de Biologia Evolutiva e Conservação de Vertebrados do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo 3 Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto 4 Instituto de Investigación en Recursos Cinegéticos da Universidade de Castilla La Mancha [email protected] 1 2 Palavras-chave: Bradypus, Microssatélites, Mata Atlântica Recentemente surgiram as primeiras publicações abordando a diversidade genética da preguiça-comum. A análise da variabilidade de minissatélites e de DNA mitocondrial revelou a existência de uma clara diferenciação entre o Norte e o Sul da Mata Atlântica, embora sem grande variabilidade dentro de cada um desses grupos. Assim, tornou-se necessária a descrição de marcadores hipervariáveis espécie-especificos para investigar a subestruturação populacional desta espécie e compreender a influência da fragmentação contemporânea da Mata Atlântica.Neste trabalho, descrevemos a análise de microssatélites desenvolvidos a partir de uma biblioteca genômica enriquecida. Dos 37 microssatélites isolados foram selecionados oito. Estes loci foram genotipados em 33 indivíduos, previamente analisados com DNA mitocondrial, provenientes de 3 regiões da Mata Atlântica (Norte: Minas Gerais e Bahia e Sul: São Paulo).Ao contrário do que seria de esperar de um marcador hipervariável, há uma notória homogeneidade genética entre populações distribuídas por fragmentos isolados. Este resultado restringiu o uso destes marcadores para o estudo de subestruturação na Mata Atlântica. De facto, apenas 2 microssatélites possuem variabilidade (locus 248: 2 alelos em 33 indivíduos da Mata Atlântica e 1 alelo em 1 espécime externo ao bioma; locus 249: 3 alelos em 32 indivíduos da Mata Atlântica e 3 alelos em 2 espécimes externos) com sinais de perda de heterozigose. Os restantes 6 marcadores apresentaram-se monomórficos, sendo que 2 desses microssatélites possuem variação quando se adicionam à análise indivíduos externos ao bioma Atlântico (loci 149 e 176: 2 alelos cada em um individuo externo).A baixa variabilidade, associada à diminuta diversidade mitocondrial, suporta a hipótese anteriormente publicada de que as populações de preguiça teriam sido sujeitas a diversos eventos de bottleneck, inclusive após a colonização do habitat Atlântico.Por outro lado, estes resultados levam ainda a supor que a baixa diversidade genética poderia ser uma característica da própria espécie, à semelhança do reportado em outros mamíferos. No entanto, esta hipótese não pode ser ainda testada, uma vez que foi analisado até ao momento um número insuficiente de indivíduos externos ao bioma Atlântico.Ainda assim, os microssatélites corroboraram os resultados da análise mitocondrial, apresentando alguma separação entre as populações do Norte e do Sul. O primeiro grupo apresenta alelos exclusivos e o segundo uma menor diversidade genética. Estes marcadores também foram amplificados com sucesso em preguiça-de-dois-dedos (Choloepus didactylus) e preguiça-de-coleira (B. torquatus), endêmica da Mata Atlântica e com estatuto de ameaça, estendendo assim os estudos populacionais a outros taxa deste grupo de mamíferos Neotropicais. Ademais, a disponibilização de microssatélites é uma contribuição importante deste trabalho para outras questões sobre as preguiças, como sistemas de acasalamento, análise de parentesco, dispersão, identificação, entre outras. Apoio Financeiro: FAPESP e FCT. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Filogenia da família Dasypodidae (Xenarthra) através de gene mitocondrial Costa, JF; Fraga, EC; Barros, MC Laboratório de Genética e Biologia Molecular – CESC/UEMA [email protected] Palavras chave: Dasypodinae, Tolypeutinae, Euphractinae, Xenarthra e rRNA 16S Os tatus são membros da família Dasypodidae a mais diversificada da ordem Xenarthra, compreendendo três subfamílias (Dasypodinae, Tolypeutinae e Euphractinae), oito gêneros e 21 espécies. Algumas espécies como Dasypus novemcinctus apresentam uma ampla distribuição encontrado da Patagônia ao centro sul dos Estados Unidos, outras são endêmicas como Chlamyphorus truncatus das planícies da Argentina e Tolypeutes trincinctus do nordeste brasileiro. Técnicas modernas de sistemática molecular têm sido aplicadas à filogenia de Xenarthra na tentativa de compreender a sistemática da ordem. Dessa forma objetivou-se contribuir no esclarecimento das relações filogenéticas da família Dasypodidae usando como ferramenta o gene mitocondrial rRNA 16S. Um fragmento de 424 pares de base do gene rRNA 16S foi seqüenciado para 18 espécimes de tatus, adicionou-se a estas, seqüências do GenBank. Didelphis marsupialis foi usado como grupo externo. O alinhamento e análise das seqüências foram feitos através de vários programas, tais como: Bioedit, Clustal, Mega e Paup. Fez-se análises filogenéticas baseadas em Máxima Parcimônia e Agrupamento de vizinhos. Os resultados mostraram que a subfamília Dasypodinae é monofilética com o clado robustamente apoiado (100%) em todas as análises, porém a subfamília Tolypeutinae não se agrupou significativamente com quaisquer das subfamílias da família Dasypodidae apresentadas na análise. Este estudo indica que se faz necessário um aumento da densidade dos táxons, bem como outras regiões genômicas analisadas, para melhor esclarecer as relações filogenéticas da família Dasypodidae. Apoio financeiro: UFPA e UEMA. 165 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudos filogeográficos em tamanduábandeira (Myrmecophaga tridactyla) indicam redutos de diversidade no cerrado Clozato, CL; Lara-Ruiz, P; Miranda, FR; Collevati, R; Santos, FR [email protected] O tamanduá-bandeira, Myrmecophaga tridactyla, é o maior representante da família Myrmecophagidae, ordem Xenarthra. Linhagem basal de placentários, a ordem representa grande importância histórico-evolutiva para a conservação da diversidade filogenética dos eutérios. A espécie M. tridactyla é amplamente distribuída pelas Américas do Sul e Central, porém, apesar de sua aparente abundância, já está extinta em muitos locais da distribuição original. No Brasil suas populações são, majoritariamente, restritas a reservas, e já não existem em muitos estados. Já consta na lista dos mamíferos brasileiros ameaçados de extinção do IBAMA, e é considerado “quase ameaçado” (NT) na lista vermelha da IUCN. As principais ameaças à integridade da espécie são: contínua deterioração, fragmentação e diminuição do hábitat natural, alastramento de fogo nos campos e caça antrópica.Poucos estudos genéticos foram feitos com o tamanduá-bandeira, e sua diversidade e estrutura populacional não é conhecida em nível nacional. Este estudo visa o conhecimento da variabilidade genética e caracterização das distintas populações ao longo da distribuição geográfica da espécie, informação importante para o estabelecimento de estratégias de manejo conservacionistas.Para tanto, foram utilizadas amostras de sangue e/ou tecido de 70 indivíduos, distribuídos pelo Brasil em nove estados (MG, SP, MT, MS, GO, PR, PA, AM, RR). A partir do DNA extraído foram amplificados por PCR e seqüenciados dois marcadores mitocondriais (450 pb da região hipervariável (HVI) e 570 pb do gene Citocromo b (Cyt-b)), um marcador molecular autossômico (700 pb do gene de ativação de recombinação(RAG2)), outro no cromossomo sexual X (520 pb do íntron do gene polilipoproteína (iPLP)) e, para os machos, outro marcador presente no cromossomo Y (509 pb do íntron do gene amelogenina (iAMELY)). Todos os marcadores apresentaram pelo menos um polimorfismo parcimoniosamente informativo, exceto o iPLP, que se apresentou monomórfico para os indivíduos amostrados.Para os marcadores mitocondriais, foram encontrados 20 haplótipos para HVI e 7 para Cyt-b. Para os nucleares, iAMELY e RAG2 foram observados 4 e 3 haplótipos/genótipos, respectivamente.Os dados obtidos com HVI, Cyt-b e RAG2 indicam um processo histórico de expansão recente. Identificou-se que os mais prováveis haplótipos ancentrais de HVI e Cyt-b são oriundos do Cerrado, sugerindo que este bioma é a fonte de expansão e diversificação populacional de M. tridactyla. Além disso, os parques nacionais amostrados que se localizam no Cerrado (Parque Nacional das Emas e Parque Nacional da Serra da Canastra) apresentam alta diversidade em relação às demais localidades, apontando para a importância das reservas naturais como redutos para a manutenção da diversidade da espécie e para a recolonização das demais localidades de ocorrência.Este estudo contribuiu na identificação de populações de interesse conservacionista, além de valorizar o papel dos parques e reservas naturais na preservação desta “espécie bandeira” do Cerrado. Suporte financeiro: CNPq e FAPEMIG. 166 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Tamanho populacional e variação genética de Puma concolor na região nordeste do estado de São Paulo – resultados preliminares Miotto, RA1; Cervini, M1; Ciocheti, G2; Galetti Junior, PM1 Laboratório de Biodiversidade Molecular e Citogenética, Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos 2 Laboratório de Ecologia da Paisagem e Conservação, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo [email protected] 1 Palavras-chave: DNA fecal, microssatélites, metapopulação, onça-parda, conservação Nos últimos 70 anos, a região nordeste do estado de São Paulo apresentou um grande crescimento populacional, bem como a expansão de áreas de cultivo de cana-de-açúcar e eucalipto, e a implementação de grandes rodovias. Nesse período, a vegetação natural foi reduzida a pequenos fragmentos florestais ou a poucas unidades de conservação como a Estação Ecológica de Jataí, o Parque Estadual do Vassununga e a Estação Ecológica de Itirapina. No entanto, pouco se sabe sobre como as populações de grandes carnívoros, por exemplo, a onça-parda (Puma concolor), estão se comportando frente a essas grandes alterações em seu hábitat natural. Nesse trabalho, pretendemos então, a partir do DNA obtido de fezes coletadas em campo e da análise de dez loci específicos de microssatélites, estimar o número de indivíduos que atualmente ocorrem na região nordeste do estado de São Paulo, testar a existência de subestruturação populacional, e estimar a variação genética entre as possíveis subpopulações existentes. Do ano de 2006 até o presente momento, analisamos 68 amostras de fezes para seis loci polimórficos de microssatélites e pudemos identificar dentre elas 21 indivíduos diferentes de P. concolor. Ainda, somamos a esses indivíduos, outros 10 animais vítimas de atropelamentos nesse período, aparentemente a maior causa de mortalidade desses animais na região. Desse modo, até o momento 31 indivíduos foram caracterizados pra os loci Pco C112 (range de 170–198, 6 alelos), Pco C217 (211-257, 6 alelos), Pco D217 (266-278, 4 alelos), Pco D103 (291-305, 7 alelos), Pco C209 (264-292, 7 alelos), Pco C108 (141-177, 9 alelos), todos eles tetranucleotídeos. Continuaremos coletando amostras em campo por, no mínimo, mais um ano e caracterizaremos cada indivíduo para mais 4 novos loci, momento em que constataremos a presença ou não de estruturação populacional e a possibilidade da espécie estar estabelecida como uma metapopulação. O alto número de animais encontrado até o momento, aparentemente, corrobora a hipótese da grande capacidade desses animais em percorrer e utilizar matrizes antrópicas, apesar de rodovias representarem uma grande ameaça à sua sobrevivência. Apoio financeiro: Capes e CNPq. 167 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Amplificação cruzada de microssatélites de gato doméstico (Felis catus) em jaguatirica (Leopardus pardalis) Figueiredo, MG¹; Cervini, M¹; Rodrigues, FP; Galetti Junior, PM¹ Laboratório de Biodiversidade Molecular e Citogenética, Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos [email protected] 1 Palavras-chave: amplificação cruzada, Leopardus pardalis, microssatélites Atualmente vários marcadores genéticos têm sido utilizados com o intuito de compreender aspectos ecológicos e genéticos. Os microssatélites, que são seqüências repetitivas encontradas no genoma dos eucariotos, têm sido um dos principais marcadores utilizados, principalmente, devido a expressão codominante e a conservação dos seus sítios em espécies relacionadas. A amplificação cruzada, ou seja, o uso de microssatélites desenvolvidos para uma espécie amplificados em espécies relacionadas, é desejável em estudos de conservação, devido ao alto custo para se isolar novos marcadores. O principal motivo de falha na amplificação cruzada entre espécies próximas é a fixação dos alelos nulos, que são provenientes de mutação nos sítios onde os microssatélites se anelam no genoma. No presente estudo objetivou-se observar a ocorrência de amplificação cruzada de microssatélites desenvolvidos para gatos domésticos (Felis catus) em jaguatirica (Leopardus pardalis), espécie que ainda não possui marcadores específicos isolados. A utilização desses microssatélites possibilitará estudos conservacionistas para a espécie L. pardalis, como por exemplo, análise da diversidade genética, do fluxo gênico e da estruturação populacional. Foram testados nove locos de microssatélites (FCA008, F42, FCA053, FCA77, FCA96, FCA 124, FCA 391, FCA 424, FCA 441, FCA 453). Todos os locos se mostraram polimórficos, com uma variação de 2 a 12 alelos por loco. Os tamanhos dos alelos encontrados em L. pardalis foram diferentes dos tamanhos dos alelos encontrados no gato doméstico para esses mesmos microssatélites. O estudo mostrou que esses marcadores são adequados para análises genéticas populacionais de L. pardalis. Apoio financeiro: FAPESP e CNPq. 168 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Uso de armadilhas de pêlos para obtenção de amostras de onça-parda (Puma concolor) Martins, N1,2; Miotto, RA2; Galetti Junior, PM2 Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de São Carlos 2 Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos [email protected] 1 Palavras-chave: armadilha de pêlos, Puma concolor, métodos não-invasivos, conservação, citocromo b O primeiro passo para o desenvolvimento de planos de conservação é a determinação da presença e abundância de espécies ameaçadas. Porém, a detecção de grandes carnívoros é dificultada pela baixa densidade de indivíduos, além dos hábitos elusivos e de difícil observação que apresentam. Freqüentemente, estudos populacionais são realizados com base na captura dos indivíduos, expondo os animais a riscos ou ferimentos. Para resolver esse problema vêm sendo desenvolvidos métodos não-invasivos para o estudo populacional por meio de marcadores moleculares. Nosso objetivo foi testar a eficiência de armadilhas de pêlos distribuídas em campo para a obtenção de pêlos de onças-pardas (Puma concolor), espécie cuja distribuição tem sido afetada pela crescente expansão das populações humanas. Distribuímos, aleatoriamente, dez armadilhas de pêlos em uma unidade de conservação do estado de São Paulo, a Estação Ecológica do Jataí. Para a extração de DNA das amostras de pêlos utilizamos um protocolo de extração por nós padronizado, em um projeto anterior, tomando como base o protocolo convencional de extração de DNA de fenol/clorofórmio/ álcool isoamílico. Utilizamos a amplificação de um fragmento específico de 146 pb do gene citocromo b do genoma mitocondrial para confirmação da espécie doadora dos pêlos. Foram analisadas cinco amostras obtidas em duas coletas. Dessas cinco amostras, a amplificação do citb confirmou que os pêlos eram de P. concolor. A ausência de amplificação para as outras três amostras de pêlos pode ter ocorrido pela baixa quantidade de DNA (apenas um pêlo por armadilha) ou por não pertencerem a P. concolor. Embora a quantidade de material obtido seja baixa, o processo de obtenção do DNA para análises posteriores mostrou-se satisfatório. Sendo assim, o uso de armadilhas de pêlos mostrou ser um método não-invasivo de obtenção de amostras muito promissor e de grande importância em projetos de genética na conservação desses animais. Apoio: PIBIC-CNPq/UFSCar, CAPES, CNPq. 169 54º Congresso Brasileiro de Genética 170 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Canis familiaris GNB3 polymorphisms as candidate polymorphisms for primary hypertension and diabetes mellitus Sousa, TA1; Fonteles, RS1; Corrëa, RB1; Pereira, SRF1; Fischer, E2; Ammer, H2; Uhrig, J2; Schulz, R2; Kuppinger, O1,2 Departamento de Biologia, Universidade Federal do Maranhão 2 University of Munique [email protected] 1 Palavras-chave: Canis familiaris, GNB3 allele variance, primary hypertension, diabetes mellitus Hypertension and diabetes mellitus are multifactorial diseases involving complex interactions between genetic and environmental factors. Heterotrimeric G proteins composed of distinct α and βγ subunits are recognised to the function of numerous hormones involved in human diseases such as primary hypertension and diabetes mellitus. A C5501T Single Nucleotide Polymorphism (SNP) located at exon 10 in the β3 - subunit of the G protein gene (GNB3) was reported to be associated with primary hypertension and diabetes mellitus type 2 in man. Although, the described cytosine to thymine substitution does not cause an exchange in the amino acid serine, but it does cause a 41 amino acid shortened GNB3 polypeptide (Gβ3s) by alternative splicing. In a previous study we cloned and analyzed the dog genomic GNB3 DNA by DNA sequencing. The aim of this study was to search for canine GNB3 allele- and mRNA splice variants, which are possibly associated with primary hypertension and diabetes mellitus. The complete canine GNB3 nucleotide sequence of a primary hypertensive, a diabetes mellitus and a control dog were analyzed by DNA sequence analysis and compared by nucleotide sequence alignment. In the canine GNB3 gene, 4 distinct allele variants, a C/T nucleotide substitution located in exon 3, a C/T substitution located in intron 6 as well as a TTA nucleotide deletion and a cytosine nucleotide insertion were identified in the 3`- untranslated region (UTR), respectively. The C/T SNP in exon 3 is of particular interest, since it causes an amino acid exchange in the GNB3 polypeptide. Allele frequency analysis either by direct PCR product sequencing or PCR-restriction fragment length polymorphism (RFLP) of 5 primary hypertensive, 36 diabetes mellitus and 36 control dogs revealed that there may be an association of the described polymorphism with primary hypertension and diabetes mellitus in dog. To confirm this data statistically, more specimens from primary hypertensive, diabetes mellitus and control dogs have to be studied. The search for potential differentially spliced GNB3 transcripts in blood cells detected 2 translatable mRNA species with a size of 1901 and 1445 bp and an untranslatable transcript (pseudogene) with a length of 2177 bp. In contrast to man we failed to identify the analogous hypertension and diabetes mellitus associated human C5501T GNB3 allele and their respective 41 amino acid truncated Gβ3s splice variant. The present study suggests that different molecular mechanisms may be responsible for the pathophysilogy of the described diseases in dog and man. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Diversidade genética de Sotalia guianensis da Baía de Sepetiba e Sotalia fluviatilis da Amazônia brasileira baseadas na análise do DNA mitocondrial Hollatz, C; Flach, L; Gomes, JD; Marmontel, M; Santos, FR Instituto de Biologia, Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Minas Gerais [email protected] Palavras-chave: Sotalia, DNA mitocondrial O gênero Sotalia (tucuxi ou boto-cinza) compreende atualmente duas espécies: i) a marítima, Sotalia guianensis, que se distribui ao longo da costa Atlântica da América do sul, de Florianópolis no Brasil à Nicarágua na América Central, e ii) a espécie de água doce, Sotalia fluviatilis, encontrada nas bacias do Amazonas e do Orinoco. Ambas estão listadas no Apêndice I da Convenção Internacional de Comércio de espécies ameaçadas da Fauna e Flora Silvestre (CITES) e são consideradas pela IUCN como deficientes de dados, o que indica uma necessidade de mais estudos para definição do status de conservação destas espécies. As principais ameaças que afetam a espécie de água doce estão relacionadas à captura incidental por redes de pesca. A espécie marítima sofre mais diretamente com a destruição dos hábitats ao longo de sua área de distribuição, incluindo a poluição por efluentes industriais e agrotóxicos, etc. O presente trabalho visou estudar geneticamente a diversidade das populações da Amazônia brasileira e da Baía de Sepetiba, esta última possui a maior população marinha estimada de botos-cinza no Brasil. Para tanto, 64 amostras de DNA de boto-cinza foram submetidas à amplificação por PCR e posterior sequenciamento da região controladora (RC) e do gene Citocromo b (Cit-b) do DNA mitocondrial. Destas, seis amostras são da espécie S. fluviatilis e o restante da espécie marítima S. guianensis. A análise de um segmento de 478 pb da RC de S. fluviatilis permitiu a identificação de 7 sítios variáveis e três haplótipos distintos. Para o Cit-b, a análise de 1140 pb revelou três haplótipos distintos definidos por 30 sítios variáveis. Tanto a análise da RC como do gene Cit-b do DNAmt de S. guianensis revelaram um único haplótipo. Para a Amazônia, alguns haplótipos novos foram identificados, sugerindo uma estruturação que possa estar relacionada a diferentes ambientes fluviais ou mera separação geográfica. A ausência de diversidade encontrada para a Baía de Sepetiba corrobora as conclusões de artigos previamente publicados para outras populações marinhas desta espécie, nas quais apenas um haplótipo da RC e de Cit-b foi encontrado para a Região Sudeste. Agradecimentos: Juliana Marigo e Projeto Biopesca. Apoio Financeiro: FAPEMIG, CAPES, CNPq e Vale. 171 54º Congresso Brasileiro de Genética 172 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Validação de marcadores microssatélites para golfinho rotador (Stenella longirostris) Santoro, A1; Farro, APC2; Bortoloto, TM1; Rollo Jr, MM3; Silva Jr, JM4; Marino, CL1 1 Instituto de Biociências, Departamento de Genética, UNESP, Botucatu-SP Centro de Ciências Humanas e Naturais, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória-ES 3 Campus do Litoral Paulista, UNESP, São Vicente-SP 4 Centro Golfinho Rotador, Fernando de Noronha-PE [email protected] 2 Palavras-chave: microssatélites, Stenella longirostris, golfinho rotador, cetáceos, conservação A utilização de marcadores microssatélites tem auxiliado os programas de conservação, colaborando na definição de estratégias para proteção e manejo de populações de animais silvestres. Microssatélites já foram desenvolvidos para algumas espécies de cetáceos, inclusive para os golfinhos rotadores (Stenella longirostris), para os quais foram recentemente publicados nove microssatélites espécie-específicos. Deste modo, o objetivo deste trabalho foi caracterizar e validar primers de microssatélites desenvolvidos para S. longirostris. O material, tecido epidérmico de golfinhos rotadores, foi coletado no Arquipélago de Fernando de Noronha pelo método de raspagem da pele e a extração do DNA das amostras foi realizada com o uso da resina Chelex. Foram analisados seis primers: quatro (67%) resultaram em amplificações com bandas inespecíficas e necessitam de padronização (Slo5, Slo6, Slo7 e Slo12) e os outros dois (Slo8 e Slo10) apresentaram um padrão de bandas ideal para análise populacional. O marcador Slo8 foi validado em 12 indivíduos e apresentou dois alelos que segregaram nessa população. O Slo10 está sendo avaliado, apresentando um padrão monomórfico, trata-se de dados preliminares que necessitam ser validados em um maior número de indivíduos. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Ocorrência de Stenella clymene em Fernando de Noronha, PE, Brasil, sugerida por identificação molecular Farro, APC1; Silva Jr., JM2; Marino, CL3 Centro de Ciências Humanas e Naturais, Departamento de Biologia, UFES,Vitória, ES 2 Centro Mamíferos Aquáticos - ICMBio, Fernando de Noronha, PE 3 Instituto de Biociências, Departamento de Genética, UNESP, Botucatu, SP [email protected] 1 Palavras-chave: Citocromo b; Fernando de Noronha; Golfinho-de-Clymene; Stenella clymene; O gênero Stenella compreende cinco espécies distribuídas em oceanos de águas tropicais, subtropicais e temperadas. Devido à similaridade do padrão de coloração externo e a sobreposição de faixas de fatores osteológicos entre algumas destas espécies erros de identificação podem ocorrer. Um dos exemplos é a espécie Stenella clymene que pode ser confundida com Stenella longirostris ou Delphinus spp. No Brasil a distribuição do golfinho-de-Clymene abrange quase todo o litoral (máximo de 29°59’ S), tendo o maior número de registros no nordeste do País. No Arquipélago de Fernando de Noronha, onde um grande número de golfinhos-rotadores (S. longirostris) é avistado diariamente, não há registros consistentes da ocorrência de S. clymene. No entanto, um estudo recente relata a presença de um suposto golfinho híbrido entre estas duas espécies, o que sugere a presença de S. clymene nestas águas. O objetivo do presente estudo foi identificar molecularmente a espécie de um golfinho encontrado encalhado no Arquipélago. A amostra de DNA foi analisada a partir de marcador mitocondrial de citocromo b. Para comparação foram utilizadas duas amostras de referência de golfinhos já identificados: uma de S. longirostris e outra de S. clymene. Os fragmentos amplificados, depois de purificados e seqüenciados, foram submetidos aos bancos de dados GenBank e DNA Surveillance. As espécies das duas amostras de referência foram confirmadas. A amostra do golfinho encontrado encalhado teve maior homologia com Stenella clymene. Considerando a inexistência de registros consistentes de tal espécie em Fernando de Noronha este resultado contribui como importante indício da ocorrência de S. clymene no Arquipélago. Financial support: CAPES; PETROBRÁS. 173 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Diversidade genética e estrutura populacional de peixes-boi baseado no uso de microssatélites Gomes, JD1; Meirelles, ACO2; Marmontel, M3; Santos, FR1 1 Departamento de biologia geral, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos – Aquasis, SESC Iparana, Praia de Iparana s/n, Caucaia, CE 3 Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá – Tefé, AM [email protected] 2 Palavras-chave: Microssatélites, Sirênios, peixe-boi, estruturação populacional, Trichechus. No Brasil existem duas espécies de Sirênios: Trichechus inunguis, encontrado na bacia amazônica e de hábito tipicamente fluvial, e T. manatus, espécie marinha encontrada ao longo da costa Atlântica desde o estado de Alagoas no Brasil até a Flórida nos Estados Unidos. Nos últimos anos, estudos foram feitos para acessar a diversidade genética dessas espécies, porém em boa parte desses, os dados foram obtidos através do estudo do DNA mitocondrial. Os resultados encontrados até agora mostraram que T. inunguis possui uma diversidade genética muito maior do que a encontrada para T. manatus. Além disso, foi demonstrada na espécie marinha, a existência de uma significativa diferenciação genética entre as populações a leste e a oeste das Antilhas, bem como a ocorrência de híbridos entre as duas espécies. No presente estudo foram usados marcadores do tipo microssatélites para avaliar a variabilidade e a estrutura genética das duas espécies. Foram analisados quatro locos de microssatélites em 43 de T. inunguis provenientes da região amazônica, e 53 indivíduos de T. manatus provenientes do Brasil, Guianas, Belize e Estados Unidos. Para a espécie amazônica o número de alelos encontrados variou entre três e sete sendo a heterozigosidade média 0,472. Para espécie marinha o número de alelos variou entre quatro e cinco, com heterozigosidade média de 0,318, no entanto também apresentou um excesso de homozigotos, o que condiz com um possível aumento da endogamia nesta espécie. Análises de divergência populacional considerando que os indivíduos foram agrupados entre leste e oeste das Antilhas (Trinidad) resultaram em um Rst de 0,367, evidenciando uma estruturação significante entre essas duas porções da distribuição populacional da espécie marinha. Sendo assim, esses resultados reforçam a idéia de que a população existente nas Guianas e no Brasil corresponde a uma linhagem evolutivamente separada das demais populações de T. manatus, o que aumenta sua importância em termos de conservação da espécie marinha como um todo. Apoio financeiro: CNPq, FAPEMIG. 174 54º Congresso Brasileiro de Genética 175 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudo citogenético e citoquímico do ciclo nucleolar no epitélio seminífero de Oryctolagus cuniculus (Mammalia, Lagomorpha) Peruquetti, RL; Azeredo-Oliveira, MTV Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE), Departamento de Biologia, Universidade Estadual Paulista (UNESP) [email protected] Palavras-chave: Nucléolo, Nucleologênese, Corpo cromatóide, Espermatogênese, Oryctolagus cuniculus O nucléolo é um território do núcleo relacionado com a compartimentalização das funções nucleares. A formação do nucléolo é um processo dinâmico no ciclo celular eucariótico denominado nucleologênese. Alguns autores acreditam que o corpo cromatóide (CB), uma estrutura citoplasmática de células espermatogênicas que possuem um provável papel na reserva de RNAs e proteínas durante a espermatogênese, é formado pela migração de material nucleolar do núcleo para o citoplasma. Entretanto, a origem e o papel do CB ainda permanecem controversos. O objetivo do presente estudo foi acompanhar o ciclo nucleolar no epitélio seminífero de Oryctolagus cuniculus. Os testículos foram removidos, fixados em Karnovsky e, posteriormente, incluídos em historesina. Cortes histológicos foram obtidos em micrótomo Leica RM 2155 e submetidos a algumas técnicas citoquímicas: Hematoxilina-eosina (HE), Azul de toluidina (AT), Variante da Concentração Eletrolítica Crítica (CEC), reação de Feulgen e impregnação por íons prata (AgNOR). Alguns fragmentos testiculares foram preparados para análises citogenéticas, sendo tratados com solução hipotônica de KCl 0,075 M e, posteriormente, fixados em metanol:ácido acético (3:1) recém preparado. O material fixado foi fragmentado para obtenção de uma suspensão celular e, com uma pipeta Pasteur, três gotas dessa suspensão foram colocadas em uma lâmina aquecida (30-35ºC). Posteriormente, essas lâminas foram submetidas à técnica de impregnação por íons prata (AgNOR). Nos cortes histológicos, a técnica de HE proporcionou uma análise geral do epitélio seminífero e as demais técnicas citoquímicas (AT, variante de CEC, reação de Feulgen e AgNOR) demonstraram uma fragmentação do material nucleolar nos espermatócitos primários, a distribuição desse material fragmentado dentro do núcleo celular e uma redução da área nucleolar nas espermátides iniciais. Essa redução da área nucleolar indica que pode ter ocorrido migração do material nucleolar do núcleo para o citoplasma. Na preparação citogenética não foram encontradas espermatogônias em mitose, porém, o número cromossômico da espécie foi determinado como sendo 2n=44. As espermatogônias em intérfase apresentaram um nucléolo central organizado. Espermatócitos primários em zigóteno apresentaram material nucleolar fragmentado distribuído no interior do núcleo, porém os espermatócitos primários em paquíteno apresentaram corpúsculos nucleolares distribuídos, preferencialmente, pela periferia da região nuclear. Durante a metáfase I não foi detectada a presença de material nucleolar organizado. Espermátides iniciais (redondas) e espermátides em alongamento foram observadas apresentando vários corpúsculos nucleolares, sendo os corpúsculos distribuídos com maior freqüência pela periferia do núcleo. Os espermatozóides apresentaram uma forte impregnação pela prata na região da formação da peça intermediária e cauda dos espermatozóides. Em conclusão, esses resultados demonstraram que ocorre uma fragmentação do material nucleolar durante a espermatogênese de Oryctolagus cuniculus, e que, provavelmente, uma parte desse material fragmentado migre para o citoplasma, onde ajuda a formar a estrutura conhecida como corpo cromatóide (CB). Apoio: CNPq/FAPESP/CAPES. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise mitótica e meiótica de híbridos cromossômicos de veado-mateiro (Mazama americana) Abril, VA1,2; Salviano, MB2; Ferreira, JC2; Duarte, JMB2 1 Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento Animal, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária, Universidade Estadual Paulista Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos, Departamento de Zootecnia, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária, Universidade Estadual Paulista [email protected] 2 Palavras-chave: variação cromossômica, complexo sinaptonêmico, Mazama americana Entre os cervídeos neotropicais, a espécie Mazama americana mostra-se uma das mais interessantes do ponto de vista citogenético. Distribuída por todo o território brasileiro, é possível reconhecer cinco citótipos com números diplóide e fundamental distintos. Com o objetivo de avaliar a compatibilidade cromossômica entre as variantes foram produzidos animais F1, híbridos entre os diferentes citótipos, sendo que 3 machos foram avaliados neste trabalho (MatFap 02, 04, 06). A análise mitótica foi realizada a partir de culturas de fibroblastos, contagem dos cromossomos e montagem dos cariótipos, enquanto que o estudo meiótico foi a partir de biópsias testiculares aspirativas, com os paquítenos identificados em microscópio de luz e analisados em microscópio eletrônico de transmissão. Nos paquítenos do animal MatFap02 (2n=44, NF=47), além da trivalente sexual (XY1Y2) foi identificado um único trivalente para autossomos, e ambas as configurações apareceram na forma cis. O pareamento na forma de bivalentes entre a maioria dos cromossomos se deve à proximidade cariotípica entre os animais parentais (um macho do citótipo Juína 2n=45 e NF=48 e uma fêmea do citótipo Rondônia 2n=42 e NF= 48). O animal MatFap 04 (2n=44, NF=49) foi produto do cruzamento entre um macho com 2n=45 e NF= 48 e uma fêmea com 2n=42 e NF=49 pertencentes aos citótipos Juína e Rondônia, respectivamente. A análise do pareamento meiótico revelou vários problemas de sinapse entre os cromossomos homólogos. Alguns apareceram com as extremidades não pareadas, outros na forma de univalentes não pareadas e também, regiões não pareadas no meio dos braços com formato de bolhas. Dentre os três produtos F1 analisados, o animal MatFap 06 é o único proveniente de cruzamento entre parentais com mesma constituição cromossômica (macho 2n=45; NF= 48 e fêmea 2n=44; NF=48, ambos do citótipo Juína). A análise meiótica mostrou pareamento normal, na forma de bivalentes para todos os cromossomos autossomos. O trivalente sexual foi identificado a partir do pareamento do Y1 na região pseudo-autossômica e do Y2 no terço distal do cromossomo X. A possibilidade de que exista várias espécies distintas dentro do táxon “americana” seria real caso se confirmasse a existência de esterilidade híbrida devido às incompatibilidades cromossômicas (anomalias meióticas) ou gênicas entre as espécies parentais. Os resultados de pareamento meiótico apresentados até o presente momento corroboram os trabalhos que mostram que quanto maior a divergência cariotípica entre os animais parentais, maior o número e os tipos de configurações de pareamento no paquíteno. Entretanto, ainda é cedo para afirmar que essa diferença cromossômica entre os animais da geração parental é suficiente para causar problemas de fertilidade nos F1. Apoio Financeiro: FAPESP. 176 54º Congresso Brasileiro de Genética 177 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Elucidação das homeologias cromossômicas entre os morcegos hematófagos: Zoo-Fish com sondas cromossômicas de Carollia brevicauda e Phyllostomus hastatus (Phyllostomidae-Chiroptera) Sotero-Caio, CG1; Pieczarka, JC2; Nagamachi, CY2; Gomes, AJB2; Lira, TC3; O´Brien, PCM4; Ferguson-Smith, MA4; Souza, MJ1; Santos, N1 Laboratório de Citogenética e Genética Animal, CCB/UFPE, Recife, Pernambuco – Brazil 2 Laboratório de Citogenética, CCB/UFPA, Belém, Pará – Brazil 3 Laboratório de Estudo e Conservação de Mamíferos, CCB/UFPE, Recife, Pernambuco – Brazil 4 Molecular Cytogenetics Laboratory, Department of Clinical Veterinary Medicine, University of Cambridge, UK [email protected] 1 Palavras-chave: Desmodus, Diaemus, Diphylla, homeologias cromossômicas, pintura cromossômica A família Phyllostomidae constitui a terceira maior dentre os Chiroptera, sendo caracterizada por exibir mais variações morfológicas do que qualquer outro grupo de mamíferos, o que gera considerável discordância no estabelecimento de suas relações sistemáticas e evolutivas. Citogeneticamente é caracterizada por cariótipos conservados entre espécies proximamente relacionadas, bem como por intensa variabilidade intergenérica, o que dificulta o estabelecimento de suas relações evolutivas por bandeamentos clássicos. A partir da análise comparativa de cariótipos com bandeamento G tem-se tentado estabelecer relações entre as várias espécies da família, entretanto a similaridade entre bandas não homeólogas dificulta o esclarecimento da história evolutiva de segmentos cromossômicos. Recentes estudos têm contornado este problema através do emprego da pintura cromossômica para a detecção de segmentos sintênicos entre espécies. Dessa forma, neste trabalho foi realizada a pintura cromossômica comparativa para a identificação de homeologias cromossômicas entre cinco espécies, pertencentes a três subfamílias de Phyllostomidae. A partir do emprego de sondas cromossômicas totais de Phyllostomus hastatus (Phyllostominae) e Carollia brevicauda (Carolliinae) foram discutidos os prováveis eventos ocorridos na diferenciação dos cariótipos de Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata e Diaemus youngi (Desmodontinae). As sondas de P. hastatus detectaram 23, 22 e 21 segmentos conservados nos cariótipos de D. rotundus, D. ecaudata e D. youngi, respectivamente, enquanto 28, 27, e 27 segmentos conservados foram respectivamente detectados com sondas de C. brevicauda. Os dados obtidos evidenciaram certa conservação cariotípica entre os membros de Desmodontinae, com D. rotundus apresentando o cariótipo mais rearranjado das três espécies. Com base nas relações evolutivas propostas por dados moleculares, morfológicos e citogenéticos são apresentadas as possíveis seqüências de eventos, incluindo rearranjos do tipo inversão e translocação, que ocorreram durante a evolução cromossômica dos morcegos hematófagos. Adicionalmente, o estudo comparativo entre as cinco espécies mostrou um maior número de cromossomos compartilhados entre Desmodontinae e P. hastatus, o que provavelmente está relacionado à maior proximidade de Desmodontinae à subfamília Phyllostominae do que a Carolliinae. A integração dos dados de pintura cromossômica aos de localização das RONs nas cinco espécies mostrou que a variação na localização das RONs parece acompanhar os rearranjos cromossômicos ocorridos durante a diferenciação dos cariótipos de algumas espécies, podendo, em outras, ser resultado de mecanismos de movimentação de seqüências repetitivas entre cromossomos não-homólogos. Os resultados obtidos no presente estudo mostram que as sondas cromossômicas de P. hastatus e C. brevicauda são ferramentas úteis no estudo da evolução cariotípica dos morcegos da família Phyllostomidae. Apoio financeiro: FACEPE e CNPq. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudo citogenético comparativo entre duas espécies do Gênero Artibeus (Chiroptera, Phyllostomidae) do Parque Estadual da Fonte Grande, Vitória, ES Pagnozzi JM1; Selvatici, LS1; Ditchfield AD2 Faculdade Salesiana de Vitória, FSV Universidade Federal do Espírito Santo, UFES [email protected] 1 2 Palavras-chave: citogenética, chiroptera, cromossomos, morcegos, Artibeus O Parque Estadual da Fonte Grande (PEFG) localiza-se no município de Vitória (ES) e sua área pertence ao complexo cristalino da Serra do Mar, sendo um resquício de Mata Atlântica preservada dentro de uma área urbana. A comunidade de morcegos do PEFG foi inventariada no período de janeiro a dezembro de 2003. Os morcegos foram coletados utilizando-se redes de neblina, e as preparações cromossômicas foram obtidas a partir de medula óssea ou baço, após injeção sub-cutânea in vivo de colchicina. Duas espécies do gênero Artibeus Leach, Artibeus lituratus Olfers, 1818 (2 machos e 2 fêmeas) e Artibeus fimbriatus Gray, 1838 (1 macho e 1 fêmea) foram selecionadas para estudo citogenético. Empregou-se a técnica de coloração convencional para se estabelecer o número cromossômico e morfologia. O padrão de bandas CBG foi obtido após tratamento das lâminas em Hidróxido de Bário. As duas espécies apresentaram 2n=30/31, XX/XY1Y2 e NF=56, constituído por autossomos meta/submetacêntricos. O cromossomo X é submetacêntrico médio para ambas as espécies, e o Y1 acrocêntrico pequeno para Artibeus lituratus e um pouco menor para Artibeus fimbriatus. Y2 é puntiforme em A. fimbriatus e A. lituratus. O padrão CBG, nas duas espécies, mostrou heterocromatina constitutiva (HC) localizada na região pericentromérica de todos os autossomos e pequenos blocos de HC na região telomérica do braço curto dos pares 5, 6 e 7. Este é o primeiro estudo citogenético comparativo entre morcegos do Espírito Santo. Apoio financeiro: FACITEC e FAPES. 178 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estrutura genética em populações de Phyllostomus discolor (Chiroptera: Phyllostomidae) Brina, LPS; Redondo, RAF; Santos, FR Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Minas Gerais letí[email protected] Palavras-chave: Phyllostomus discolor, DNA mitocondrial, D-loop, estrutura populacional, filogeografia Phyllostomus discolor (Wagner, 1843) é um morcego de hábitos generalistas e muitas vezes descrito como onívoro, pertencente a família Phyllostomidae e amplamente distribuido na América do Sul, ocorrendo em todos os biomas brasileiros. Devido ao seu modo de vida e hábitos alimentares ele é responsável pela polinização e dispersão de várias espécies, incluindo espécies de importância econômica como o pequi (Caryocar brasiliensis). Neste estudo, vinte indivíduos de P. discolor, de oito localidades diferentes, foram seqüenciados para 413 pares de bases da região D-loop mitocondrial com intuito de verificar padrões filogeográficos da espécie. Dos 413 pares de bases seqüenciados, 394 são monomórficos, 19 são variáveis e destes 12 são informativos de parcimônia. Oito hapótipos diferentes foram identificados, com uma diversidade haplotípica (h) de 0,7 e diversidade nucleotídica (π) de 0,011, indicando que os haplótipos são muito pouco divergentes entre si. Foram encontradas três linhagens diferentes para a espécie, que se distanciam em média em 2,5%. Uma destas linhagens consiste exclusivamente de indivíduos da região nordeste. Em outra linhagem, existe um haplótipo muito freqüente, compartilhado por 11 indivíduos e encontrado na maioria das localidades, inclusive na região nordeste. A terceira linhagem parece ser intermediária nas análises. Esta situação é diferente da encontrada para outras espécies de morcegos na Mata Atlântica, na qual existem duas linhagens distintas, uma da região nordeste e outra da região sudeste do país. Tal circunstância é explicada pela fragmentação da Mata Atlântica durante os períodos Pleistoceno e Plioceno, que levou a eventos vicariantes. Um possível cenário para estes resultados seria uma situação de isolamento e divergência das linhagens, com posterior recolonização de uma região gerando contato secundário. Apoio financeiro: CNPq e FAPEMIG. 179 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Comparação entre filogenias nuclear e mitocondrial de roedores do Gênero Phyllomys (Echimyidae) Loss, ACC1; Leite, YLR1 Lab. Mastozoologia e Biogeografia, Universidade Federal do Espírito Santo [email protected] 1 Palavras-chave: citocromo b, IRBP, Rodentia, Mammalia O gênero Phyllomys corresponde a uma radiação arborícola dos roedores equimídeos e é endêmico de áreas de Mata Atlântica. Possui 13 espécies e suas relações filogenéticas ainda não estão bem esclarecidas. O DNA mitocondrial tem sido amplamente utilizado como ferramenta para determinação de relações evolutivas, porém trabalhos recentes sugerem também a utilização de genes nucleares para inferir filogenias. Estudos preliminares com citocromo b resultaram em uma politomia basal para as espécies de Phyllomys e, sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi comparar as filogenias geradas através de seqüências de DNA de genes nucleares e mitocondrias das espécies do gênero. Para isso, foram analisados os genes do citocromo b (mitocondrial) e do exon 1 da proteína ligante do fotorreceptor retinóide (IRBP, nuclear) de espécies do gênero Phyllomys. Como grupo externo utilizamos seqüências do GenBank de Capromys pilorides e Echimys chrysurus. Foram construídos filogramas utilizando máxima parcimônia e máxima verossimilhança para cada gene e também para os dados concatenados. O apoio estaístico dos clados foi estimado através de 100 replicações de bootstrap. Os resultados das árvores obtidas foram semelhantes para os dados concatenados e para o citocromo b, apontando a monofilia do gênero e também de cada uma das espécies de Phyllomys estudadas, sendo P. lamarum grupo irmão de P. blainvilli e P. pattoni um clado basal. De modo geral, os clados encontrados tiveram suporte elevado de bootstrap (acima de 90%). Esses resultados corroboram os dados da literatura. Porém, as árvores resultantes das análises com o gene nuclear IRBP apresentaram uma politomia para as espécies de Phyllomys, confirmando apenas a monofilia do grupo em relação aos grupos externos utilizados. Os resultados apontam que genes nucleares e mitocondriais são úteis para adicionar resolução em diferentes níveis na filogenia, apesar das diferentes taxas de evolução. Apoio financeiro: CEPF, FAPES e CAPES. 180 54º Congresso Brasileiro de Genética 181 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 ZOO-FISH em meiose: análise de pintura cromossômica do X humano em Artibeus obscurus (Phyllostomidae, Chiroptera) Noronha, RCR1,4; Pereira, AL1,2; Nagamachi, CY1,3; Pieczarka, JC1,3 Laboratório de Citogenética, ICB, UFPA, Belém 2 Bolsista IC, UFPA 3 Pesquisador CNPq 4 Bolsista de Fixação de Recursos Humanos na Amazônia, CNPq 1 Palavras-chave: ZOO-FISH, meiose, Artibeus obscurus, XY1Y2, citogenética Apesar do cromossomo X corresponder a 5% do complemento haplóide na maioria dos mamíferos euterianos, já foram encontradas situações em que este valor é ultrapassado, chegando a 10%, 15% e até 20%. Uma das explicações para este aumento seriam as translocações autossomos/X. Uma revisão citogenética de 9 espécies de morcegos filostomídeos destaca variações de tamanho do cromossomo X, com magnitude de 4,9% a 15,7%, todas decorrentes de translocações autossomos/X. A identidade dos cromossomos envolvidos no sistema sexual múltiplo de algumas espécies de Stenodermatinae, e a possível distribuição desse sistema entre os Artibeus foi descrita por pintura cromossômica de células meióticas com sondas específicas de cromossomos sexuais de Phyllostomidae. Neste trabalho objetivamos analisar as fases da meiose e comparar as regiões homeólogas do cromosomo X humano (sistema XX/XY) com o X de Artibeus obscurus (XX/XY1Y2). Exemplares de A. obscurus foram coletados em Santa Bárbara, estado do Pará, e depositados no Museu Paraense Emílio Goeldi. Foi aplicada a técnica de hibridização in situ com fluorocromo (FISH) com a utilização da sonda do cromossomo X de Homo sapiens em células meióticas de A. obscurus. Os resultados mostram vários sub-estágios meióticos com pintura cromossômica de X em um braço cromossômico do X composto de A. obscurus, confirmando a sintenia de X conservado por cerca de 170 milhões de anos. Contudo, além da marcação de um dos braços do cromosomo X composto, foram observadas outras regiões hibridizadas. Nos paquítenos iniciais a marcação envolve um bloco condensado, provavelmente por autopareamento do X original e em outro segmento cromossômico autossômico. Em paquítenos mais tardios observa-se uma marcação nítida em uma região central entre os segmentos do autossomo translocado (X-Y2) e do Y1 e em outra região cromossômica, semelhante ao observado nos diplótenos e metáfase II. Portanto, neste trabalho observou-se que a sonda do cromossomo X de humano além de sua homeologia ao X de Artibeus obscurus, marca outras regiões autossômicas que serão definidas após pintura cromossômica em células mitóticas desse animal. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Evolução cromossômica e relação de parentesco em três morcegos da Família Phyllostomidae (Mammalia, Chiroptera): Evidências por citogenética clássica e pintura cromossmômica multidirecional Gomes, AJB 1,3; Rodrigues, LRR4; Nagamachi, CY1,2; Pieczarka, JC1,2 Laboratório de Citogenética, UFPA-Belém 2 Pesquisador do CNPq 3 Bolsista Mestrado CAPES em Genética e Biologia Molecular 4 Laboratório de Genética & Biodiversidade, UFPA-Santarém 1 Palavras-chave: Citogenética, Phyllostomidae, Pintura cromossômica A família Phyllostomidae corresponde o mais diverso e abundante grupo de morcegos neotropicais, apresentando mais variações em caracteres morfológicos do que qualquer outro grupo, ao nível de família, dentre os mamíferos. No presente trabalho são apresentados dados de bandeamento cromossômico e pintura cromossômica multidirecional, usando sondas de cromossomos totais de Carollia brevicauda (CBR) e Phyllostomus hastatus (PHA) no genoma de Rhinophylla pumilio (Chiroptera, Phyllostomidae). São feitas inferências sobre a evolução cromossômica e relação de parentesco em representantes de três subfamilias de Phyllostomidae previamente mapeadas: Phyllostominae (Phyllostomus hastatus PHA), Glossophaginae (Glossophaga soricina - GSO) e Carolliinae (Rhinophylla pumilio - RPU). Rhinophylla pumilio, citótipo 2n= 34, NF=62, apresenta um complemento cromossômico consistindo em sua maioria de cromossomos de dois braços, sendo o par 16 um acrocêntrico e o Y um metacêntrico pequeno. Hibridização In Situ Fluorescente (FISH) com sondas de DNA telomérico evidenciaram marcações na região distal de todos os cromossomos não ocorrendo marcações intersticiais. Impregnação com nitrato de prata e hibridização com sondas de rDNA 18S e 28S mostraram marcações na região distal do braço longo do par 15, estando associada com heterocromatina constitutiva, e no braço curto do par 16. Pintura cromossômica multidirecional com sondas de PHA e CBR no genoma de Rhinophylla pumilio evidenciaram 17 e 26 sinais de hibridização, respectivamente. A análise comparativa usando bandeamento G e pintura cromossômica sugere que grande parte do complemento cromossômico de RPU está conservado no cariótipo de GSO e PHA, apontando para uma história evolutiva em comum entre os representantes destas três subfamílias. Aparentemente RPU seria mais relacionado com PHA do que com GSO. Uma análise cladística das associações cromossômicas é necessária para caracterizar Rhinophylla pumilio do ponto de vista filogenético, pesquisa esta em andamento. Apoio Financeiro: CNPq; CAPES; UFPA. 182 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise filogenética de morcegos da família Molossidae baseada em seqüências de DNA nuclear RAG2 e mitocondrial citocromo b Leme, FLJ; Morielle-Versute, E; Langeani, F; Marchesin, SRC Depto. de Zoologia e Botânica –UNESP – Universidade Estadual Paulista. Campus de São José do Rio Preto-SP [email protected] Palavras-chave: Chiroptera, variabilidade genética, filogenia A maior diversidade dos morcegos ocorre em regiões neotropicais, parte desta diversidade encontra-se no Brasil, devendo-se principalmente as famílias Phyllostomidae, Molossidae e Vespertilionidae. As espécies de Molossidae vivem em grandes colônias, sendo considerados os morcegos mais comuns. Entretanto, muitos táxons estão pobremente representados e pouco se sabe sobre as interpretações taxonômicas e filogenéticas. O presente trabalho propõe a utilização de caracteres moleculares mitocondrial (citocromob) e nuclear (RAG2) para a caracterização dos agrupamentos formados pelas espécies, Molossus molossus, M. rufus, Eumops glaucinus, E. perotis, E. auripendulus, Nyctinomops laticaudatus, N. macrotis, Cynomops abrasus, C. planirostris, Molossops temminckii, para as quais pouca ou nenhuma informação filogenética é reportada. Trinta e duas seqüências foram geradas obtendo-se a partir delas, seqüências consenso de cada espécie para os dois genes, estas foram editadas e alinhadas nos programas BioEdit e Clustal W. As análises de distância, Máxima Parcimônia e Verossimilhança foram realizadas no programa PAUP. Na análise de distância foi utilizado o algoritmo de Neighbor-joining, para a análise de parcimônia o algoritmo de busca de árvores foi o branch and bound e na análise de verossimilhança o modelo evolutivo escolhido foi o HKY85. Os suportes dos ramos foram obtidos a partir de bootstrap com 1000 réplicas. Foram analisados 472 caracteres do citocromob destes, 109 foram informativos filogeneticamente, com índices de consistência de 0,60 e homoplasia de 0,41. Para o RAG2 foram analisados 638 caracteres sendo 41 informativos, com índices de consistência de 0,90 e homoplasia de 0,10. Os valores de distância obtidos para os dois genes apresentaram-se baixos, variando de 0,0633 (C. abrasus/C. planirostris) a 0,184 (M. temminckii/E. auripendulus) para o citocromob e 0,0038 (N. laticaudatus/M. temminckii) a 0,0626 (M. rufus/C. abrasus) para o RAG2, indicando que este último apresenta maior conservação. Esta condição aparece também, nas topologias obtidas pelos diferentes métodos, visto que alguns táxons não apresentaram resolução gerando politomias, contudo, táxons como os pertencentes aos gêneros Molossus e Eumops formaram grupos com suporte variando de 60 a 100%. As topologias obtidas a partir das análises com os diferentes métodos e dados do citocromob foram semelhantes, com agrupamentos bem definidos e índices de bootstrap consistentes (77 a 100%). As diferenças encontradas entre os genes nuclear e mitocondrial refletem as diferentes taxas de evolução a que estes marcadores estão submetidos. Os agrupamentos bem definidos gerados pelo citocromob indicam a possibilidade de ocorrência de eventos evolutivos recentes nos diferentes táxons. Os baixos índices de diversidade encontrados entre os gêneros estudados refletem o conservacionismo já observado em algumas espécies de Chiroptera por outros estudos, caracterizando a complexidade da família. Contudo, os genes, mitocondrial e nuclear foram eficientes na detecção de polimorfirmos nos diferentes táxons, o que auxilia no estabelecimento dos limites das variações em espécies conservadas. Apoio financeiro: CNPq. 183 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização citogenética de Rhynchonycteris naso (Chiroptera: Emballonuridae) da Amazônia brasileira de Araujo, REF1,4; Gomes, AJB1,3; Nagamachi, CY1,2; Pieczarka, JC1,2 Laboratório de Citogenética, UFPA-Belém 2 Pesquisador do CNPq 3 Bolsista Mestrado CAPES em Genética e Biologia Molecular 4 Bolsista PIBIC-CNPq 1 Palavras-chave: Chiroptera, Citogenética, Cromossomo, Biodiversidade A Ordem Chiroptera constitui a segunda maior ordem em diversidade de espécies dentro da classe Mammalia. É uma das ordens de mamíferos mais dispersos, apresentando grande importância em florestas tropicais e subtropicais devido a atuarem como dispersores de sementes, polinizadores e predadores naturais de insetos. A família Emballonuridae compreende uma das famílias de morcegos mais primitivas, sendo estritamente insetívoros e apresentando pouca aversão à luz, diferindo assim das demais famílias de quirópteros. Os estudos citogenéticos têm trazido grande contribuição para a caracterização de táxons e desenvolvimento de hipóteses de relação de parentesco e filogenia, visto que caracteres cromossômicos estão menos sujeitos a ação do meio ambiente. No Brasil ocorrem sete gêneros e 15 espécies de Emballonuridae, sendo que nenhuma descrição citogenética foi realizada para nosso território. O presente trabalho analisou quatro espécimes fêmeas de Rhynchonycteris naso, coletados no município de Benevides, Pará (S 1º 23’06.06”; W 48º 15’ 58.7”). Os cromossomos metafásicos foram obtidos pela técnica de extração direta da medula óssea. As preparações cromossômicas foram coradas com Giemsa. Foram realizados bandeamentos C, G e marcação das regiões organizadoras de nucléolos (Ag-NOR). Os resultados mostram que a espécie apresenta 2n = 22 e NF = 36, sendo cinco pares de cromossomos metacêntricos maiores, três pares de cromossomos metacêntricos menores e dois pares de cromossomos acrocêntricos pequenos. O cromossomo X é um acrocêntrico médio. O padrão de bandeamento C mostra que a heterocromatina constitutiva ocorre na região pericentromérica de todos os cromossomos e na região intersticial em um dos cromossomos acrocêntricos. As regiões organizadoras de nucléolo foram observadas na porção distal do segundo par metacêntrico. A análise do padrão de bandeamento G foi semelhante ao descrito na literatura. Os mecanismos de evolução cromossômica da família ainda permanecem desconhecidos, não havendo trabalhos que enfatizem o conhecimento dos cariótipos de morcegos Emballonurídeos, com base nos padrões de bandeamento e pintura cromossômica. Tais dados são extremamente importantes para determinar as relações evolutivas entre os morcegos desta família, para, sobretudo auxiliar na compreensão da biodiversidade de morcegos da Amazônia, contribuindo assim para o entendimento da evolução dos quirópteros como um todo. Apoio Financeiro: CNPq; CAPES, UFPA. 184 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Pintura cromossômica utilizando três sondas cromossômicas totais de Phyllostomus hastatus no cariótipo de Uroderma magnirostrum (Chiroptera-Phyllostomidae) da Amazônia Brasileira Silva, NN 1,3; Gomes, AJ1,4; Nagamachi, CY 1,2; Pieczarka, JC1,2 Laboratório de Citogenética, UFPA 2 Pesquisador do CNPq 3 Bolsista PIBIC-CNPq 4 Bolsista de Mestrado CAPES em Genética e Biologia Molecular 1 Palavras-chave: Pintura cromossômica, Uroderma, morcego, citogenética, FISH A família Phyllostomidae é exclusiva do Novo Mundo, apresentando no Brasil, cerca de 90 espécies. A subfamília mais especiosa é Stenodermatinae, com 33 espécies. O gênero Uroderma apresenta duas espécies: Uroderma bilobatum e Uroderma magnirostrum, com cariótipos bastante diferenciados em relação a outros gêneros da subfamília Stenodermatinae (Chiroptera, Phyllostomidae). Apesar das técnicas de bandeamentos cromossômicos serem importantes no entendimento das relações de parentesco entre os grupos, a ocorrência de processos extensos de rearranjo cromossômico e variabilidade intragenérica dificultam as análises comparativas utilizando somente essa metodologia. Com o desenvolvimento das técnicas de Hibridização In Situ Fluorescente (FISH) a identificação de segmentos homeólogos entre cariótipos diferenciados se tornou possível, utilizando sondas que detectam grandes regiões de homologia, demonstrando as seqüências conservadas entre as espécies. No presente trabalho foram hibridizadas três sondas cromossomo-específicas de Phyllostomus hastatus (Phyllostominae) no cariótipo de Uroderma magnirostrum (Stenodermatinae) para identificação de blocos sintênicos comuns entre estas espécies. Os estudos envolveram a obtenção do padrão de bandeamento G e citogenética molecular de um espécime macho, que apresentou cariótipo com 2N=36/NF=62. O complemento autossômico é constituído por quatro pares metacêntricos, dez submetacêntricos e três acrocêntricos. O X é um submetacêntrico de tamanho médio e o Y submetacêntrico pequeno. O padrão de bandeamento G mostra-se similar ao descrito na literatura. Os resultados da análise por ZOO-FISH, utilizando sondas cromossômicas totais correspondendo aos cromossomos PHA8, PHA9 e PHA11 da espécie Phyllostomus hastatus, revelaram dois segmentos conservados no cariótipo de Uroderma magnirostrum (PHA8=UMA2 e PHA11=UMA4). Já o resultado do PHA9 evidenciou dois sinais de hibridização, um no braço longo do cromossomo UMA3 e outro na região proximal do cromossomo UMA15. Esta distribuição de sinais indica que teria ocorrido uma fissão do cromossomo PHA9, com cada um dos dois segmentos resultantes sofrendo translocação com outros cromossomos. Hibridizações com as demais sondas de PHA estão sendo realizadas visando o mapeamento completo no cariótipo de U. magnirostrum. Esses resultados permitirão uma análise comparativa mais precisa e melhor compreensão dos mecanismos de evolução cromossômica que atuaram na diversificação dessas espécies. Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, UFPA. 185 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Descrição cariotípica de Micronycteris homezi (Chiroptera - Phyllostomidae) da Amazônia Oriental, PA Benathar, TCM3; Gomes, AJB4; Noronha, RCR1,2; Rodrigues, LRR4; Nagamachi, CY1,2; Pieczarka, JC1,2 Laboratório de Citogenética, ICB, UFPA 2 Pesquisador do CNPq 3 Bolsista IC-CNPq 4 Bolsista Mestrado CAPES em Genética e Biologia Molecular 5 Laboratório de Genética & Biodiversidade, UFPA-Santarém [email protected] 1 Palavras-chave: Chiroptera, Micronycteris, Citogenética, FISH, Biodiversidade O gênero Micronycteris (Chiroptera - Phyllostomidae) atualmente inclui dez espécies: M. brosseti, M. hirsuta, M. homezi, M. matses, M. megalotis, M. microtis, M. minuta, M. sanbornii, M. schmidtorum e M. giovanniae. Os morcegos deste gênero apresentam distribuição nos neotrópicos, mais precisamente do México ao norte da América do Sul e Brasil. Vários estudos citogenéticos foram realizados em espécies do gênero Micronycteris revelando uma extensa variação cariotípica, tanto no que diz respeito ao número diplóide, como ao número fundamental. O presente trabalho reporta, pela primeira vez, o número cromossômico e a morfologia básica do cariótipo de um exemplar macho de Micronycteris homezi. Esta espécie foi coletada em um fragmento de floresta no município de Santa Bárbara do Pará (latitude 01º13’25” sul e longitude 48º17’40” oeste). Preparações cromossômicas foram realizadas a partir da técnica de medula óssea. O cariótipo foi analisado através das técnicas de coloração convencional, bandeamento G, C e Hibridização in situ Fluorescente (FISH) com sondas telomérica e de rDNA. M. homezi apresenta 2n = 28 e número fundamental NF = 52. O complemento cromossômico autossômico é formado por cromossomos de dois braços, organizados no cariótipo por tamanho decrescente (meta/submetacêntricos e subtelocêntricos), sendo o X um submetacêntrico médio e o Y um acrocêntrico pequeno. A análise por bandeamento C permitiu identificar a presença de heterocromatina na região pericentromérica de todo o complemento cromossômico. FISH com sondas teloméricas evidenciaram marcações na região distal de todos os cromossomos e uma marcação intersticial em um par de cromossomos metacêntricos pequenos, enquanto que sondas de rDNA 18S evidenciaram marcações na região proximal do braço curto de dois pares de cromossomos médios. O padrão de bandeamento G sugere que grande parte do complemento cromossômico autossômico de M. homezi é homeólogo aos de M. minuta, sugerindo uma relação de parentesco próxima. Para melhor interpretação dos possíveis mecanismos de evolução cariotípica neste gênero, torna – se necessário estudar um maior número de indivíduos e espécies relacionadas, devido à grande variação cariotípica observada. Apoio: CNPq, CAPES, UFPa. 186 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise comparativa do comportamento meiótico dos sistemas cromossômicos sexuais XY1Y2 e Neo-XY em Stenodermatinae (Chiroptera) da Amazônia Oriental Pereira, AL3; Pieczarka, JC1,2; Nagamachi, CY1,2; Rodrigues, LRR5; Noronha, RCR1,4 Lab. de Citogenética, ICB, UFPA 2 Pesquisador do CNPq 3 Bolsista PIBIC-UFPA 4 Bolsa de Formação de recursos humanos na Amazônia-CNPq 5 Laboratório de Genética & Biodiversidade, UFPA-Santarém 1 Palavras-chave: Meiose, Stenodermatinae, XY1Y2, Neo-X Y, FISH Em quirópteros da família Phyllostomidae são encontrados três sistemas sexuais diferentes, simples XX/XY, múltiplo XX/XY1Y2 e o composto neo-XX/XY. Visando comparar o comportamento dos cromossomos sexuais, analisamos a meiose de cinco espécies de quirópteros da subfamília Stenodermatinae, por coloração convencional e por hibridização in situ fluorescente (FISH) com sondas dos cromossomos X e 15 de Phyllostomus hastatus (PHAX, PHA15) e Y de Carollia brevicauda (CBRY). As espécies Artibeus obscurus e Artibeus jamaicensis apresentam sistemas sexuais do tipo múltiplo (2n=30/31, XY1Y2) e as espécies Artibeus cinereus, Platirrhinus helleri e Sturnira lilium com sistema composto (2n=30, neo-XY). A análise da meiose convencional mostra que nas espécies com sistema composto, as células paquitênicas apresentam um corpo sexual (CS) característico em forma de anel com cauda, diferente do observado nas espécies com sistema múltiplo onde, muitas vezes, não é detectado o corpo sexual. Nos diplótenos de espécies com sistema múltiplo XY1Y2, foram visualizadas duas regiões de pareamento no trivalente sexual, a região de pareamento ponta a ponta (X-Y1- PAR) e outra região de pareamento entre o autossomo translocado para o X e seu homólogo neste sistema chamado Y2 (X-Y2). Ao compararmos com o sistema composto, observamos a mesma disposição do múltiplo, o qual mantém o pareamento X-Y1, sendo que, o pareamento dos autossomos translocados já foi finalizado, divergindo dos bivalentes autossômicos, com pontos de quiasmas ao longo de suas extensões. Após hibridização in situ fluorescente (FISH), os resultados revelam que o cromossomo X das cinco espécies descritas acima compartilha homeologia com o X de PHA. O comportamento meiótico do corpo sexual nos sistemas múltiplo e composto é bem diferente em relação ao sistema simples (XY) no qual, dados da literatura revelam a ocorrência da inativação do cromossomo sexual meiótico (ISCM), detectável por uma heteropicnose acentuada. Além do cromossomo X, as espécies A. obscurus e A. jamaicensis, compartilham homeologia com o Y de C. brevicauda. Em A. obscurus o comportamento do CS no paquíteno confirma o visualizado em células diplotênicas, com pareamento de Y1 e Y2 nas duas extremidades do X. Em A. cinereus, o CS representa o eixo de X original (anel), o eixo de Y original ligado ao X e o bivalente autossômico ligado aos sexuais originais, contudo com um comportamento independente, bem distendido, semelhante aos bivalentes autossômicos. Assim, o cromossomo 15 de PHA rearranjado em Xq de A. obscurus e A. cinereus representa uma sinapomorfia que provavelmente mantém-se conservada em todas as espécies da subfamília Stenodermatinae. Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, UFPA. 187 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Implicações da filogeografia para a conservação do macaco-prego (Cebus) na Mata Atlântica Oliveira, CG; Gaiotto, FA; Martinez, RA Programa de Pós-graduação em Genética e Biologia Molecular, Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC [email protected] Palavras-chave: Cebus, filogeografia, conservação, microssatélites, extinção A preservação de áreas que incorporam o maior número de espécies ameaçadas de extinção tem sido uma das estratégias mais comuns para conservação de organismos. Essa abordagem é pouco eficiente significativa em termos de evolução dos seres vivos, pois não leva em consideração a história biogeográfica das espécies e suas populações, sendo considerado enfoque incompleto e sua validade se limita em curto prazo de tempo. Assim, os estudos de filogeografia possibilitam o entendimento da evolução das diferentes linhagens e sua relação com os eventos históricos determinantes de sua diversificação, fornecendo importantes informações para orientar programas visando a sua conservação. Este trabalho teve como objetivo a análise preliminar da filogeografia do Gênero Cebus na Mata Atlântica. As análises foram realizadas a partir da genotipagem de 67 indivíduos coletados em toda extensão de distribuição das espécies, com seis locos microssatélites, A estrutura populacional foi verificada através da GST de Nei (1978) com auxilio do programa Genetix V. 4.02. O GST entre as espécies C. xanthosternos e C. libidinosus foi 0.0652. Já entre as espécies C. xanthosternos e C. apella, GST = 0.0689, C. xanthosternos e C. nigritus foi GST = 0.1221 e C. xanthosternos e C. robustus GST = 0.1044. Os valores obtidos do GST corroboraram a análise de barreiras, pois mostraram que as espécies que estão distribuídas mais próximas geograficamente (C. apella e C. libidinosus) apresentam diversidade genética menor quando comparadas às espécies mais distantes fisicamente (C. nigritus e C. robustus). Algumas evidências geológicas indicam que a formação de refúgios durante o Pleistoceno pode ser uma possível explicação para a maior diversidade genética entre algumas espécies. O que indica que num tempo passado essas populações eram contínuas e existia fluxo gênico entre elas. Apoio financeiro: Fapesb, Margot Mash e CEPF. 188 54º Congresso Brasileiro de Genética 189 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização de haplótipos específicos de macaco-prego-do-peito-amarelo, Cebus xanthosternos Wied-Neuwied, 1826 (Platyrrhini:Cebidae) via marcadores moleculares Nink, RA; Oliveira, CG; Gaiotto, FA; Martinez, RA Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Santa Cruz [email protected] Palavras-chave: Cebus xanthosternos, mtDNA, D-loop, haplótipos específicos, marcadores moleculares Cebus xanthosternos é um primata platirrino endêmico da Mata Atlântica que se encontra criticamente ameaçado de extinção (Rylands et al., 2005). Pertence a um gênero com alta plasticidade fenotípica, tornando a sua classificação confusa e difícil (Silva Jr., 2001). A utilização da informação genética é muito requisitada para espécies ameaçadas e que apresentam grande variação fenotípica, como é típico em Cebus. A análise do mtDNA têm sido bastante utilizada em estudos voltados à biologia da conservação, pois o genoma mitocondrial não sofre recombinação, tem herança exclusivamente materna e é altamente susceptível a mutações (Ballard & Kreitman, 1994). A região do mtDNA conhecida como D-loop é alvo de vários estudos evolutivos e filogeográficos por ser a mais variável do genoma mitocondrial, sendo flanqueada por dois genes altamente conservados (tRNAphe e tRNApro), podendo ser amplificada com a utilização de primers universais (Avise, 1994; Kocher et al., 1989). A caracterizaçãode haplótipos específicos de C. xanthosternos pode ajudar na identificação de indivíduos com fenótipo confuso, bem como esclarecer os padrões de variabilidade genética dentro de populações naturais, habitantes de áreas isoladas de vegetação e com poucas possibilidades de fluxo gênico na atualidade. Utilizando-se uma variação do protocolo CTAB (Oliveira et al., 2007) e o método fenol-clorofórmio (Sambrook et al., 1989), extraiu-se DNA a partir de amostras de bulbos pilosos e/ou sangue de 30 exemplares, dos quais 20 foram positivamente identificados como C. xanthosternos pela análise de caracteres morfológicos e devido ao conhecimento exato da sua origem geográfica; e 10 foram classificados como potenciais “híbridos”. Dessas amostras, amplificou-se a região D-loop utilizando os primers universais L15996 (5’-CTCCACCATTAGCACCCAAAGC-3’) e H00651 (5’-ATCTTAACATCTTCAGTG -3’). Posteriormente, fez-se uma PCR aninhada com os primers L16209 (5’-CCCCATGCTTACAAGCAAGT-3’) e HD2 (5’CCTGAAAAAAGAACCAGATG-3’) amplificando-se uma região de aproximadamente 420 pares de bases. Selecionou-se, então, amostras de DNA de 6 exemplares (3 C. xanthosternos e 3 “híbridos”) para sequenciamento. As seqüências obtidas foram alinhadas com a ferramenta ClustalW (Thompson et. al, 1994) e analisadas com o programa MEGA 3.1 (Kumar et al., 2004), evidenciando a existência de 4 haplótipos bastante diversos dentro de cada grupo. Foram encontrados 48 sítios polimórficos, sendo 14 de transversões e 12 de transições. Denotou-se a presença de dois grandes blocos de seqüências conservadas e três palíndromos ATGTA, que fazem parte do elemento regulatório TAS (Saccone et al., 1991). Dois haplótipos específicos foram caracterizados para C. xanthosternos. Contudo, é preciso aprofundar as análises de seqüências do mtDNA para estabelecer a sua utilidade para os planos de manejo e conservação. Apoio: CEPF, Margot Marsh e CNPq. 54º Congresso Brasileiro de Genética 190 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise do éxon 1 do gene do fotopigmento opsina S (Short-Wavelength Sensitive) em macaco-prego Cebus apella Corso, J1; Buchmann, D2; Bartholomei-Santos, ML2 Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Maria Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Animal, Universidade Federal de Santa Maria [email protected] 1 2 Palavras-chave: opsina S, primatas Em primatas, o fotopigmento S é codificado por um gene autossômico, enquanto o fotopigmento L é codificado pelo cromossomo X. Nos primatas antropóides do Velho Mundo (Catarrhines) a visão tricromática foi adquirida a partir da duplicação do gene do fotopigmento L no cromossomo X, resultando em um pigmento adicional M. Entretanto, na maioria dos primatas do Novo Mundo (Platyrrhines), incluindo o macaco-prego, há um único gene codificador para fotopigmento no cromossomo X, mas este gene é polimórfico e codifica diferentes fotopigmentos M e L, de forma que fêmeas heterozigotas são tricromáticas e fêmeas homozigotas e machos são dicromáticos. A opsina S está associada à absorção de comprimento de onda para a faixa azul à ultravioleta. Para a funcionalidade do fotopigmento, diversos sítios-chave de interação entre aminoácidos devem estar conservados. O objetivo deste trabalho foi isolar e seqüenciar o éxon 1 do gene da opsina S em macaco-prego Cebus apella e compará-lo com as seqüências ortólogas depositadas no GenBank para outros primatas (Cebus olivaceus, Saimiri boliviensis, Alouatta palliata e Homo sapiens), a fim de verificar o nível de conservação da seqüência, as freqüências de substituições sinônimas (Ks) e não sinônimas (Ka), bem como a conservação de sítios-chave dentro desse éxon. O éxon 1 foi amplificado por PCR, a partir de amostras de DNA de três indíviduos diferentes, utilizando-se um par de primers degenerados. Produtos de PCR de três reações distintas, para cada indivíduo, foram seqüenciados. Não foi encontrado polimorfismo no éxon 1 do gene da opsina S entre os indivíduos analisados. A seqüência de DNA obtida, assim como a seqüência inferida de aminoácidos da proteína, foi alinhada com seqüências de Cebus olivaceus, Saimiri boliviensis, Alouatta palliata e Homo sapiens. As seqüências de nucleotídeos e de aminoácidos codificada em C. apella foram idênticas à de C. olivaceus (Ka = 0, Ks = 0), mas apresentaram diferenças em relação às seqüências de S. boliviensis (Ka = 0,0415, Ks = 0,0658), A. palliata (Ka = 0,0175, Ks = 0,0320) e H. sapiens (Ka = 0,0565, Ks =0,1501). Em todos os casos, as substituições sinônimas foram em maior número que as não sinônimas. A diversidade nucleotídica entre as seqüências foi 0,08429. Todos os sítios críticos de aminoácidos no éxon 1 apresentaram-se conservados em C. apella, quando comparados às outras espécies, indicando que, pelo menos em relação à porção da proteína codificada por esse éxon, a opsina S é funcional no macaco-prego. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise filogenética do gênero Cebus (Platyrrhini:Cebidae) baseada em seqüências do gene citocromo B Queiroz, MG; Ferreira, WAS; Borges, BN; Harada, ML Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Biológicas, Laboratório de Biologia Molecular, Belém, Pará [email protected] Palavras-chave: Cebus, Citocromo B, Platyrrhini, Filogenia, Subgêneros O gênero Cebus (Platyrrhini:Cebidae) é um dos primatas do Novo Mundo mais generalista quanto à exploração de hábitats e recursos alimentares. Essa flexibilidade lhe confere uma ampla distribuição geográfica, ocorrendo em praticamente toda a América do Sul e parte da América Central. Poucos estudos têm sido realizados no sentido de avaliar a sistemática deste grupo de primata. A classificação mais utilizada divide o gênero em dois grupos, de acordo com a presença ou ausência de tufos. Recentemente, foi proposta a elevação destes dois grupos ao nível de subgênero. O presente estudo visa contribuir para o esclarecimento das relações filogenéticas das espécies que compõem este gênero a partir de espécimes coletados em diferentes localidades e que fazem parte do banco de amostras do Laboratório de Biologia Molecular da Universidade Federal do Pará. O DNA foi extraído de tecido muscular pelo método do fenol-clorofórmio e o gene mitocondrial citocromo b foi amplificado via PCR para posterior seqüenciamento. A análise filogenética foi feita pelo método de agrupamento de vizinhos, com bootstrap de 1.000 réplicas. No arranjo filogenético obtido com base em seqüências parciais, há uma clara divisão dos espécimes em dois grupos. O primeiro agrupamento, apoiado com 98% de bootstrap reune as espécies C. capucinus, C. albifrons, C. olivaceus e C. kaapori, todas “sem tufo”. O segundo grupo, com apoio de 69% de bootstrap, engloba as espécies “com tufo”C. apella, C. nigritus, C. xanthosternus, e C. macrocephalus, Os valores de divergência variam de 0% a 6%, com média de 3%, para o primeiro grupo, e de 5% a 24%, com média de 9%, no segundo; a divergência entre os grupos varia de 9 a 12%. Estes dados apóiam a divisão do gênero em dois subgêneros, como proposto por análises baseadas em características morfológicas, citogenéticas e moleculares da literatura: Cebus Cebus, que inclui as espécies “sem tufo” e Cebus Sapajus, que engloba as espécies “com tufo”. Vale ressaltar que o grupo Sapajus, constituído por espécies anteriormente consideradas subespécies de C. apella, representa um grupo bastante heterogêneo, o que pode observado pelo valor de bootstrap e valores de divergência, sendo necessário ampliar o número de representantes do subgênero de diferentes localidades para confirmar esses resultados. Orgão financiador: UFPA. 191 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Expressão tecidual dos antígenos de grupos sanguíneos ABH em espécies da Família Cebidae provenientes do Centro Nacional de Primatas (Belém-PA) Aguiar DCF1; Pereira, WLA2; Matos, GCB1; Loiola, RSP3; Corvelo, TCO1 Universidade Federal do Pará Universidade Federal Rural da Amazônia 3 Laboratório Central do Estado do Pará [email protected] 1 2 Palavras-chave: Grupo Sanguíneo ABH, Primatas do Novo Mundo, Imunohistoquímica Os antígenos de grupos sanguíneos ABO foram descritos por Landsteiner (1900) inicialmente sobre a superfície dos eritrócitos humanos. Porém, estes antígenos estão amplamente distribuídos nos tecidos do corpo. Evolutivamente, estas moléculas são expressas apenas pelas hemácias humanas e de alguns primatas antropóides. Em primatas do Velho e Novo mundo, a expressão está restrita às secreções e tecidos. O sistema ABO é gerado pela ação dos loci gênicos ABO, H e Secretor, produzindo diversos oligossacarídeos através de uma biossíntese complexa. Esta via ocorre de maneira diferenciada nas hemácias e em células de outros tecidos. Particularmente, em primatas do Novo Mundo, existem poucos estudos descrevendo a expressão tecidual destes antígenos. Assim, a caracterização tecidual deste sistema nestes animais, é importante para o entendimento de sua origem e evolução. Órgãos de diferentes origens embriológicas, das espécies Cebus apella, Saimiri sciureus e Aotus infulatus foram investigados através da técnica de imunohistoquímica quanto à expressão e distribuição dos antígenos A, B e H. Nas espécies C. apella e S. sciureus houve um padrão polimórfico de expressão dos antígenos A, B e H. Em A. infulatus, apenas os genes B e H foram expressos. Quanto aos tecidos de origem endodermal de epitélio estratificado, houve expressão dos antígenos ABH principalmente nas camadas superficiais e intermediárias, sendo que a expressão do antígeno H mostrou-se heterogênea em alguns indivíduos. Nos tecidos de origem mesodermal de epitélio simples, como a trompa de falópio, também houve a expressão dos antígenos ABH, porém na espécie S. sciureus, não foi detectado o antígeno H neste órgão. Neste estudo, apesar da descrição tecidual destes antígenos ser compatível, na maioria, com o modelo genético indicado para humanos, onde tecidos de origem mesodermal estão sob controle do gene H e tecidos de origem endodermal serem controlados pelo gene Secretor, foram verificadas algumas variações de expressão em alguns órgãos destas espécies; provavelmente, refletindo padrões genéticos diferenciados de controle nestes compartimentos. Apoio Financeiro: UFPa, Centro Nacional de Primatas. 192 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise por pintura cromossômica em Callicebus torquatus (Primates Platyrrhini) da Amazônia Malcher, SM4; Nagamachi, CY1,2; Pieczarka, JC1,2; Pereira, AL4; de Oliveira, EHC1; Rodrigues, LRR3 Lab. de Citogenética, ICB, UFPA 2 Pesquisador do CNPq 3 Laboratório de Genética & Biodiversidade, UFPA-Santarém 4 Bolsista PIBIC-UFPA [email protected] 1 Palavras-chave: Callicebus, FISH, Citogenética, Primata, Biodiversidade A Ordem Primata representa o terceiro grupo mais diversificado de mamíferos em número de espécies. Dentro de Platyrrhini o gênero Callicebus é um dos grupos de primatas neotropicais mais complexos, com grande diversidade morfológica, ecológica e genética. Estudos citogenéticos neste gênero demonstraram uma extensa variação do número diplóide entre as espécies, de 2n=16 em C. lugens até 2n=50 em C. donacophilus, C. hoffmannsi e C. pallescens. Sua distribuição estende-se, de forma descontínua, entre as florestas da região Amazônica e da Mata Atlântica brasileira. As espécies desse gênero são divididas em cinco grupos, sendo que desses o grupo torquatus destaca-se por apresentar cariótipos altamente reorganizados por múltiplos eventos de rearranjos cromossômicos, que ainda são pouco conhecidos. Estudos genéticos de mapeamento genômico comparativo por pintura cromossômica têm sido utilizados com grande êxito na elucidação dos processos de evolução cromossômica de diversos grupos de mamíferos. Neste gênero a aplicação desta técnica foi realizada, até o momento, apenas as espécies C. cupreus, C. pallescens, C. donacophilus e C. lugens esta última sendo a única representante do grupo torquatus. O objetivo do presente trabalho é estudar o cariótipo de C. torquatus (2n=22) por citogenética clássica (bandeamento G e C) e molecular (Hibridização in situ fluorescente - FISH), visando mapear o cariótipo com sondas de cromossomos totais de humano. Até o momento foram hibridizadas sondas de 9 cromossomos: HSA 3, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15 e 16. As preparações cromossômicas foram obtidas através de cultura temporária de linfócitos de uma fêmea mantida no Centro Nacional de Primatas (Ananindeua-PA). Os resultados mostram que os padrões de bandeamento C e G estão de acordo com os já descritos na literatura. As hibridizações já revelaram três associações, 3/9, 10/16 e 14/15, sendo que cada uma dessas sondas marcam outros segmentos além das associações. A sonda HSA 11 também marcou mais de um par cromossômico. Já as sondas HSA 12 e HSA 13 produziram apenas um sinal cada. Na análise comparativa prévia com o mapeamento de C. lugens, verifica-se que C. torquatus compartilha as associações 3/9 e 14/15, mas apresenta padrão divergente quanto à associação 10/16 e ao padrão de hibridização do outro segmento do HSA 16 em dois acrocêntricos. Contudo esses resultados preliminares ainda são insuficientes para realizar uma ampla comparação entre C. torquatus e C. lugens. As hibridizações com as demais sondas permitirão o mapeamento completo do cariótipo de C. torquatus, assim como uma análise comparativa em relação ao C. lugens descritos na literatura. Essa análise permitirá uma melhor compreensão dos mecanismos de rearranjos cromossômicos envolvidos na diferenciação dessas espécies. Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, UFPa. 193 54º Congresso Brasileiro de Genética 194 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Brachyteles hypoxanthus, o maior primata americano criticamente ameaçado de extinção: três populações revelam-se potenciais reservatórios do patrimônio genético da espécie Alvarenga, CS1,4; Dias, LG2; Mendes, SL3; Fagundes, V1 Laboratório de Genética Animal, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Espírito Santo 2 Fundação Biodiversitas/PROBIO “Conservação e Manejo do Muriqui em Minas Gerais” 3 Laboratório de Biologia da Conservação de Vertebrados, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Espírito Santo 4 Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq-UFES) e Programa de Pós-graduação em Biologia Animal (PPGBAN-UFES) [email protected] 1 Palavras-chave: Brachyteles hypoxanthus, DNA mitocondrial, diversidade genética, fluxo gênico, conservação O gênero Brachyteles (Primates: Atelidae) compreende os maiores primatas não-humanos dos Neotrópicos e está dividido em duas espécies endêmicas da Mata Atlântica: B. arachnoides (muriqui-do-sul) e B. hypoxanthus (muriqui-do-norte). A espécie B. hypoxanthus está criticamente em perigo de extinção e menos de 900 indivíduos viventes estão distribuídos em 12 pequenas populações isoladas pelo desmatamento e redução do habitat. Estudos preliminares indicaram grande estruturação genética com baixa diversidade intrapopulacional em duas populações (Estação Biológica de Caratinga/EBC-MG, n=64; e Santa Maria do Jetibá/SMJ-ES, n=20), embora a amostragem de SMJ-ES fosse pequena. Foram objetivos do presente estudo caracterizar geneticamente novas populações de B. hypoxanthus, aumentar a amostragem da população de SMJ-ES, verificar se há fluxo gênico (número de migrantes por geração, Nm) entre as populações e contribuir para a elaboração de medidas conservacionistas para a espécie. Utilizamos 66 amostras de fezes coletadas entre maio/2002 a outubro/2007 em seis das 12 localidades de ocorrência da espécie: Parque Estadual Serra do Brigadeiro/ PESB-MG (n=17), Parque Estadual Rio Doce/PERD-MG (n=23), Reserva do Patrimônio Natural Mata do Sossego/MG (n=11), SMJ-ES (n=13), Parque Nacional do Caparaó/PNC-ES (n=1) e Parque Estadual de Ibitipoca/MG (n=1). O DNA, depois de extraído das amostras fecais, foi usado para amplificar e sequenciar a região hipervariável-I da alça D-loop do DNA mitocondrial (460pb). Aos 66 exemplares, somamos as seqüências de 85 indivíduos analisados previamente de EBC-MG (n=64), SMJ-ES (n=20) e PNC-ES (n=1); e uma seqüência de um exemplar da Fazenda Esmeralda-MG obtida do GenBank (AF213966), totalizando 152 indivíduos de oito populações. Encontramos 23 haplótipos, sendo 19 exclusivos para populações específicas, conferindo alta diversidade haplotípica global (h=0,9045+/-0,0113), com poucos sítios polimórficos responsáveis por tal diversidade (dn=0,014314+/-0,007704). As populações divergem entre si significativamente (0,15426≤FST≤0,60447) e apresentam fluxo gênico de até três migrantes por geração, sugerindo contato recente entre as populações, apesar de desconectadas atualmente. As populações do PESB-MG, PERD-MG e SMJ-ES destacaram-se por apresentar (1) alta diversidade genética intrapopulacional (0,7424≤h≤0,8456), responsável por mais de 80% da diversidade genética total encontrada para a espécie; e (2) forte estruturação genética devido ao grande número de haplótipos exclusivos (cinco para cada população), quando comparadas às outras populações, que mostraram em média 1,6 haplótipos. Nesse sentido, verificamos que as populações do PESB-MG, PERD-MG e SMJ-ES são os potenciais reservatórios do patrimônio genético da espécie, podendo ser tratadas como Unidades de Manejo distintas. Esses dados são valiosos para serem utilizados pelo Comitê para Conservação e Manejo do Muriqui (Brachyteles arachnoides e Brachyteles hypoxanthus), criado pelo IBAMA desde 2002, ao indicar que essas populações merecem ser reconhecidas como áreas prioritárias para a conservação do muriqui-do-norte. Apoio Financeiro: FACITEC/ES, FAPES/ES, CEPF/Conservation International/Washington, DC e PROBIO/FNMA-MMA. 54º Congresso Brasileiro de Genética 195 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudo do cromossomo Y em macacos brasileiros da família Atelidae (Platyrrhini) por microdissecção cromossômica Gifalli-Iughetti, C1; Teixeira, RHF2; Nunes, ALV2; Pessutti, C2; Koiffmann, CP1 Centro de Estudos do Genoma Humano, Departamento de Genética e Biologia Evolutiva, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo/SP, Brasil 2 Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, Sorocaba/SP, Brasil [email protected] 1 Palavras-chave: Microdissecção cromossômica, Hibridação in situ fluorescente, Cross-FISH, Atelinae, Cromossomo Y As relações na família Atelidae, composta pelas subfamílias Atelinae (Ateles, Lagothrix e Brachyteles) e Alouattinae (Aloautta) não estão claramente estabelecidas. Várias filogenias agrupam estes quatro gêneros de maneiras diferentes. Uma comparação entre os complementos cromossômicos dos três gêneros que compõem a subfamília Atelinae, Ateles (2n = 32-34), Lagothrix (2n = 62) e Brachyteles (2n = 62), indica que houve uma redução no número diplóide durante a evolução de Ateles, com Lagothrix e Brachyteles mantendo os 62 cromossomos. O menor número cromossômico de Ateles resultou de inúmeros rearranjos cromossômicos complexos. Com a finalidade de identificar o cromossomo Y no cariótipo de espécies do gênero Atelinae, utilizamos a técnica de microdissecção cromossômica, uma vez que este cromossomo não é hibridado pela biblioteca humana do Y. Células obtidas de cultura de linfócitos de Brachyteles arachnoides (2n = 62) foram pingadas sobre lamínula e coradas. A raspagem dos cromossomos foi feita com micro-agulha, com auxílio do Micromanipulador Transferman NK2 (Eppendorf ) acoplado a um microscópio invertido (Axiovert S100, Zeiss). Os três cromossomos Y microdissecados foram amplificados por DOP-PCR (“Degenerate OligonucleotidePrimed PCR”), que consiste de 8 ciclos de baixa estringência com “primers” degenerados seguidos por 30 ciclos de alta estringência. Para a utilização do material amplificado na Hibridação in situ fluorescente (FISH), a marcação foi feita tanto por PCR (usando o produto da DOP-PCR como molde de DNA) com o mesmo perfil e “primers” dos ciclos de alta estringência da DOP-PCR com nucleotídeos conjugados a biotina (Biotin 16-dUTP, Roche, USA) quanto por “nick translation” (DIG-Nick translation mix, Roche, USA). A sonda produzida foi hibridada em metáfases do próprio Brachyteles arachnoides, para confirmar a eficácia da microdissecção, em metáfases do gênero congenérico, Lagotrhix lagothricha (2n = 62), e em metáfases do terceiro gênero que forma a subfamília Atelinae, Ateles belzebuth marginatus (2n = 34). A detecção da marcação foi feita com Avidina-FITC ou Antidigoxigenina-Rodamina. As lâminas foram analisadas em microscópio Zeiss Motorizado (Axiophot 2) e as metáfases capturadas por vídeo-câmara CCD de alta resolução com auxílio do programa ISIS (MetaSystems). Visualizamos uma marcação no cromossomo Y das três espécies e nenhuma homeologia foi identificada nos demais cromossomos, mostrando a exatidão da microdissecção. Sabemos que poucas sondas produzidas pela microdissecção são capazes de revelar homeologia entre espécies de diferentes taxa. Mesmo após várias tentativas de hibridação desta sonda do Y em metáfases de espécies da subfamília Aloauttinae, não obtivemos resultados. O uso de caracteres citogenéticos-moleculares pode proporcionar informações valiosas para a elucidação das relações filogenéticas na subfamília Atelinae. Os nossos dados mostram que o cromossomo Y nesta subfamília compartilha uma história comum, devendo mostrar o mesmo padrão filogenético, corroborando a separação da família Atelidae nas subfamílias Atelinae e Alouattinae. Apoio Financeiro: FAPESP, CEPID/FAPESP, CNPq. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Confrontos e concordâncias gerados pela utilização do DNAmt e STRs na análise genética de populações de sagüis introduzidos na área de proteção ambiental da bacia do rio São João/mico-leãodourado, no estado do Rio DE Janeiro Andrade, CCF1; Grativol, AD1; Monteiro, LR1; Ruiz-Miranda, CR1; Miyaki, CY2 Laboratório de Ecologia e Recursos Naturais. Universidade Estadual do Norte Fluminense 2 Laboratório de Genética e Evolução Molecular de Aves. Universidade de São Paulo [email protected] 1 Palavras chaves: DNA mitocondrial, microssatélites, estrutura genética, espécies introduzidas, Saguis Sagüis (Callithrix spp.) nativos do Nordeste e do Cerrado brasileiros, foram introduzidos na área de proteção ambiental da Bacia do rio São João/Mico-leão-dourado, Rio de Janeiro. A presença dos sagüis pode prejudicar o sucesso do esforço que tem sido feito para a conservação do mico leão dourado. O principal objetivo deste trabalho foi conhecer a estrutura genética das populações de sagüis introduzidos na região para identificar o padrão de colonização e auxiliar o plano de erradicação dessa espécie não nativa. Foram utilizados oito “primers” polimórficos de microssatélites e o seqüenciamento do fragmento de DNA correspondente a uma parte das porções central e esquerda da região controladora do DNA mitocondrial. Informações sobre a estrutura genética das populações foram geradas a partir de uma matriz de distância genética (valores de Fst) gerada pelo programa Arlequin, e de uma análise de agrupamentos baseada em modelos (model-based clustering) gerada pelo programa Structure. Os valores de Fst obtidos para as populações de Rio Vermelho e Imabú através do DNAmt foi de 0.47 e, através do DNA microssatélites foi de 0,1084. Este fato pode ser explicado através de duas hipóteses: essa diferença possivelmente reflete a situação das populações de onde esses animais foram trazidos, juntamente com o padrão de introdução destes nos fragmentos analisados; ou reflete uma ausência de migração das fêmeas no local estudado. Portanto, é importante a realização da análise do cromossomo Y para elucidar a diferença entre os valores de Fst gerados pelo DNAmt e pelo DNA microssatélites. Apesar desta diferença, ficou claro, através da análise de agrupamentos, que o melhor cenário para representar a estrutura das populações estudadas é o de quatro populações genéticas (Rio Vermelho e Vendaval como uma única população; Imbaú, Vale do Cedro e Igarapé como populações distintas). Também foi possível observar, através das duas metodologias, que a introdução dos sagüis na região estudada ocorreu por meio de várias introduções independentes. A implantação de um corredor florestal na região estudada é uma situação preocupante, pois pode facilitar a dispersão dos sagüis e trazer maiores complicações para conservação do mico leão dourado, além de dificultar a elaboração do plano de manejo para os sagüis. Apoio Financeiro: UENF, FAPERJ, Associação Mico Leão Dourado (AMLD), Lion Tamarin of Brazil Fund, Frankfurt Zoological Society, FNMA-MMA. 196 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Investigando a validade dos gêneros Sphiggurus e Coendou (Rodentia: Hystricognathi) através de dados moleculares Bernabé, CS1, 2; Fagundes, V1 Laboratório de Genética Animal, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Espírito Santo 2 Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC CNPq-UFES) [email protected] 1 Palavras-chave: Sphiggurus, Coendou, DNA mitocondrial, filogenia, diversidade genética A família Erethizontidae (Rodentia: Hystricognathi) é conhecida como os porcos-espinhos do Novo Mundo, encontra-se distribuída nas Américas, e é formada por 15 espécies agrupadas em cinco gêneros. Sphiggurus e Coendou são dois desses gêneros que ocorrem nas florestas neotropicais, cujo status genérico é motivo de controvérsia na literatura. Quando estudos citogenéticos e moleculares do DNA mitocondrial são analisados, sugerem que Sphiggurus e Coendou sejam tratados como gêneros plenos. Por outro lado, esses táxons são tratados como sinonímias quando submetidos a estudos de morfologia de crânio e pêlo. Nesse sentido, o presente estudo visou verificar se Sphiggurus mantém a estruturação em um clado monofilético distinto de Coendou; e ainda qual o nível de diversidade genética intrapopulacional de S. villosus do Parque Estadual Paulo César Vinha (PEPCV-ES). Para tanto, foram analisados 800pb do gene mitocondrial citocromo b (citb) de 22 exemplares de S. villosus de quatro localidades do Espírito Santo: PEPCV, Setiba (n=18); Reserva Biológica de Duas Bocas, Cariacica (n=2); Estação Ecológica de Santa Lúcia, Santa Teresa (n=1) e um fragmento de Mata Atlântica ao redor do Convento da Penha, Vila Velha (n=1). Seqüências de S. villosus (Rio de Janeiro), S. melanura (Roraima), C. prehensilis (Mato Grosso) e C. bicolor (Acre) disponíveis no Genbank foram adicionadas em nossas análises. O DNA das amostras foi extraído, o gene citb foi amplificado com os primers MVZ05/MVZ16, e as seqüências alinhadas pelo programa CLUSTAL_X e confirmadas a olho no programa MEGA4. As árvores de Máxima Parcimônia (MP) e Neighbor Joining (NJ) foram criadas pelo programa MEGA4 com os valores de bootstrap estimados em 1000 replicações. Na análise de máxima verossimilhança (MV) a árvore foi construída utilizando o PhyML com o modelo evolutivo Kimura 2-parâmetros e os valores de bootstrap estimados em 500 replicações. A distância genética entre os táxons foi estimada com o método Kimura 2-parâmetros com taxa de 1:1 de transição para transversão pelo programa MEGA4. As análises dos parâmetrros genéticos intrapopulacionais foram feitas para a população de PEPCVES, usando o programa ARLEQUIN v3.11. As análises filogenéticas revelaram dois clados reciprocamente monofiléticos, respectivos a Sphiggurus e Coendou, com suporte superior a 76% nas análises de MP, MV e NJ. Considerando os haplótipos já descritos para as duas espécimes do Rio de Janeiro, somamos 15 haplótipos distintos para S. villosus, dos quais dez (67%) são exclusivos de Setiba-ES. No PEPCV-Setiba-ES, os 12 haplótipos variaram de freqüência de 6 a 17%, observou-se alta diversidade haplotípica (h=1,0000±0,0185) e baixa diversidade nucleotídica (dn=0,012476±0,00694). Nossos dados confirmam a distinção de Sphiggurus e Coendou, como previamente proposto por dados moleculares. Ainda, verificamos que a população do PEPCV-ES apresentou grande diversidade genética, sendo considerada uma importante área para a preservação do patrimônio genético de Sphiggurus. Apoio financeiro: FACITEC/ES, FAPES/ES, CEPF/CONSERVATION INTERNATIONAL, CNPq e UFES. 197 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Um cariótipo novo para Blarinomys breviceps (Winge, 1887): um caso de erro de identificação ou uma nova espécie no gênero? Fagundes, V1; Costa, LP2 Laboratório de Genética Animal Laboratório de Mastozoologia e Biogeografia, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Espírito Santo [email protected] 1 2 Palavras-chave: Blarinomys, cariótipo, nova espécie, Rodentia, Muridae Blarinomys Thomas, 1896 é um gênero de roedor pertencente à subfamília Sigmodontinae, família Cricetidae, tribo Akodontini. É monotípico e B. breviceps (Winge, 1887) é seu representante único. Essa espécie tem como distribuição o leste do Brasil, da Bahia a São Paulo e Nordeste da Argentina, com localidade tipo em Lagoa Santa, Minas Gerais. Dentre os Akodontini, é uma das poucas espécies pouco conhecidas devido ao registro raro em coleções científicas. Dados morfológicos e ecológicos são pouco conhecidos e essa espécie é indicada com extinta em sua localidade tipo, ocorrendo somente em regiões de Cerrado e na zona mais mésica da Mata Atlântica. No presente estudo, descrevemos o cariótipo de um exemplar macho dessa espécie, coletado na Reserva Biológica de Duas Bocas, em Cariacica, Espírito Santo. Os cromossomos foram obtidos de preparação direta de medula óssea, após injeção de colchicina 0,1% in vivo; e corados pela técnica de bandamento GTG e coloração das regiões organizadoras dos nucléolos pela prata (Ag-RONs). O cariótipo apresentou 2n=45, NF=51, com 4 pares de meta/submetacêntricos grandes (pares 1 a 4), 16 pares de acrocêntricos médios com variação gradativa de tamanho (pares 6 a 22) e um arranjo heteromórfico formado por um cromossomo acrocêntrico médio (cromossomo 5), um acrocêntrico pequeno (cromossomo 23) e um acrocêntrico grande, distinto de todos os demais do cariótipo. O padrão de banda GTG permite sugerir que o cromossomo acrocêntrico grande é resultante de uma fusão em tandem de um homólogo do par 5 com um homólogo do par 23 (5+23). O cromossomo X é um acrocêntrico médio e o Y um acrocêntrico pequeno. As Ag-RONs se localizaram nos telômeros proximais de dois pares acrocêntricos, um médio e um pequeno. Dados do cariótipo de um exemplar de B. breviceps do Rio de Janeiro, corado somente em coloração comum, já foi relato na literatura com 2n=28, NF=48, 11 pares metacêntricos, dois pares acrocêntricos, X metacêntrico médio e Y acrocêntrico médio. Estudos adicionais com hibridação in situ fluorescente (FISH) com sonda telomérica permitirão verificar se há resquícios teloméricos intersticiais decorrentes do evento da fusão em tandem. A diferença cariotípica entre os dois exemplares relatados é muito grande, e provavelmente esses exemplares não pertencem a uma mesma espécie. Financiadores: FAPES/ES, FACITEC/ES, CNPq/Programa Taxonomia. 198 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudo da variabilidade genética de quinze populações de Oligoryzomys nigripes Olfers, 1818 (Rodentia, Cricetidae) Coutinho, LC1,2; Fagundes, V1 Laboratório de Genética Animal, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES 2 Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq-UFES) [email protected] 1 Palavras-chave: Rodentia, Cricetidae, Oligoryzomys nigripes, DNA mitocondrial, D-loop Oligoryzomys nigripes Olfers, 1818 (Rodentia, Cricetidae) pertence à tribo Oryzomyini, apresenta ampla distribuição geográfica, ocupando o sul, sudeste, centro-oeste e nordeste do Brasil, sob o domínio da Mata Atlântica e Cerrado. Um estudo recente analisou o cariótipo de 41 exemplares de sete populações e revelou grande diversidade de cariótipos com 30 formas distintas, cuja distribuição não é aleatória, e sugeriu que O. nigripes apresenta um dos maiores índices de polimorfismos cromossômicos dentre os roedores do novo mundo. Diante do alto polimorfismo cariotípico, o presente estudo visou mapear geograficamente a diversidade molecular de O. nigripes, utilizando a seqüência de 1130 pb de DNA mitocondrial: 842 pb da região controladora, 66 pb do RNA transportador da Tirosina, 66 pb do RNA transportador da Prolina e 156 pb do gene citocromo b. Foram calculados número, freqüência de haplótipos e diversidade haplotípica total. Análises intrapopulacionais (diversidade nucleotídica, haplotípica e número médio de diferenças para-par) e interpopulacionais (análise de variância molecular e Φst) foram realizadas. Também foi construída uma rede de haplótipos para evidenciar os passos mutacionais que caracterizam a transição entre os haplótipos. Analisamos 91 exemplares de quinze populações: Bahia (Una, n=10), Espírito Santo (Cariacica, n=3; Caparaó, n=10; Santa Teresa, n=14), Rio de Janeiro (Teresópolis, n=6), Minas Gerais (Caxambu, n=5; Simão Pereira, n=3), São Paulo (Pilar do Sul, n=4; Piedade, n=4; Sete Barras, n=6), Paraná (Venceslau-Brás, n=3; Pinhalão, n=4; Ortigueira, n=5) e Rio Grande do Sul (Maquiné, n=10; Esmeralda, n=4). Foram obtidos 76 haplótipos, revelando alta diversidade haplotípica (h=0,9946), sendo que 31,5% estão distribuídos no Espírito Santo; 17% no Rio Grande do Sul; 15,5% no Paraná; 13% em São Paulo; 9,0 % na Bahia; 7,8% em Minas Gerais e 6,5% no Rio de Janeiro. Dos 1130 pb, 241 sítios foram variáveis e utilizados para análise. A diversidade nucleotídica (dn) foi baixa, o que indica que poucos sítios variaram entre os haplótipos, variando desde dn=0,003355 (Una, BA) a dn=0,063953 (Ortigueira, PR). A média de diferenças par-apar foi alta, variando de π=3,757772 (Una, BA) a π=72,138769 (Ortigueira, PR). Duas populações revelaram alta divergência genética (Φst) quando comparadas com as demais: Una, BA (0,71494≤Φst≤0,97418) e Esmeralda, RS (0,66290≤Φst≤0,97418), o que foi corroborado pela rede de haplótipos que as posicionou bastante divergentes das 13 outras populações. As únicas populações que possuem haplótipos compartilhados entre si foram Santa Teresa (ES) e Cariacica (ES); todas as demais apresentaram apenas haplótipos exclusivos. Nossos dados indicam uma alta diversidade genética no Espírito Santo, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, sugerindo que essas regiões são importantes centros de diversificação genética de O. nigripes, revelando-se com grande importância para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica. Apoio financeiro: FACITEC/ES, FAPES/ES, CEPF/Conservation International e CNPq/PIBIC. 199 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Primeira descrição do cariótipo de Oecomys paricola (Thomas, 1904) (Rodentia: Cricetidae) Rosa, CC3; Amaral, PJS4; Rossi, RV5; Pieczarka, JC1,2; Nagamachi, CY1,2 Lab. de Citogenética, ICB, UFPA 2 Pesquisador do CNPq 3 Bolsista PIBIC-CNPq 4 Bolsista FAPESPA de doutorado em Genética e Biologia Molecular 5 Museu Paraense Emilio Goeldi [email protected] 1 Palavras-chave: Citogenética, Oecomys, Rodentia, Cariótipo A família Cricetidae apresenta 112 gêneros e cerca de 580 espécies, sendo a segunda maior família entre os mamíferos. O gênero Oecomys pertence à subfamília Sigmodontinae, uma das cinco incluídas nessa família. De acordo com a literatura, o gênero Oecomys apresenta uma grande diversidade cariotípica, com o número diplóide variando entre 60 e 86, sugerindo um alto grau de rearranjo cromossômico. A fim de conhecer e compreender essa grande diversidade cariotípica, além de identificar os possíveis mecanismos cromossômicos envolvidos na diversificação dos cariótipos, foram estudados citogeneticamente dois exemplares machos de Oecomys, coletados no Parque Ambiental de Belém, Belém, PA. Após processados, os espécimes foram depositados na coleção de mamíferos do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ambos os exemplares foram identificados como Oecomys paricola, sendo esta uma das onze espécies encontradas no Brasil. Estudos citogenéticos nesta espécie estão sendo realizados pela primeira vez. Preparações cromossômicas mitóticas foram obtidas a partir da técnica de extração direta de medula óssea e foram empregadas as técnicas de coloração convencional (bandeamentos G e C) para verificar possiveis diferenças cromossômicas. Os resultados mostram que os dois espécimes apresentam cariótipos diferentes, com 2n=68/NF=72 e 2n=70/NF=76. No espécime com 2n=68 foram encontrados trinta pares de cromossomos acrocêntricos e três pares de cromossomos de dois braços (M/SM). No espécime com 2n=70 foram encontrados trinta pares de cromossomos acrocêntricos e quatro pares de cromossomos de dois braços. Nos dois citótipos o cromossomo X possui dois braços de tamanho médio e o cromossomo Y constitui um submetacêntrico pequeno. A heterocromatina constitutiva ocorre em pequena quantidade nas regiões centroméricas de todos os cromossomos, sendo que o espécime com 2n=68 apresentou um par de cromossomos com marcação pericentromérica mais evidente. A diferença no 2n e na morfologia cromossômica entre os dois cariótipos pode ser explicada por um rearranjo do tipo fissão ou fusão, seguido de possíveis inversões pericêntricas. Estudos citogenéticos em maior número de exemplares são necessários para tentar esclarecer se estes citótipos constituem um polimorfismo ou são indícios de espécies crípticas. Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, UFPA, MPEG. 200 54º Congresso Brasileiro de Genética 201 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Diferenças cromossômicas entre dois espécimes de Hylaeamys megacephalus (Cricetidae, Sigmodontinae) da região centro-oeste do Brasil Melo, DRM3; Amaral, PJS4; Rossi, RV5; Oliveira, ACM6; Rissino, JD1; Pieczarka, JC1,2; Nagamachi, CY1,2 Lab. de Citogenética, ICB, UFPA 2 Pesquisador do CNPq 3 Bolsista PIBIC-CNPq 4 Bolsista FAPESPA de doutorado em Genética e Biologia Molecular 5 Museu Paraense Emilio Goeldi; 6Lab. Zoologia de Vertebrados, ICB, UFPA 1 Palavras-chave: Hylaeamys, Cricetidae, Citogenética, FISH, citótipos Os roedores do gênero Oryzomys (Cricetidae, Sigmodontinae) representam um táxon complexo e primitivo, amplamente distribuído pela região Neotropical. Ao longo do tempo, diferentes autores agruparam o gênero em distintos arranjos sistemáticos. Oryzomys representa aproximadamente 40% das espécies descritas para a tribo Oryzomyini, porém a falta de acordo entre os taxonomistas tem gerado grandes controvérsias sobre a composição especifica do gênero, variando de 36 a mais de 100 espécies. Oryzomys é considerado um gênero polifilético do ponto de vista citogenético. Os estudos já realizados mostram uma grande variabilidade cromossômica, com 2n e NF variando de 34 a 80, e 50 a 112, respectivamente, indicando uma elevada taxa de evolução cromossômica. Foram detectadas mais de 40 variantes cariotípicas entre as 25 espécies já cariotipadas, revelando que o número total de táxons morfológicos de Oryzomys está subestimado. Estudos prévios mostram que a analise cariológica pode ser uma ferramenta muito útil na elucidação da real diversidade deste grupo. O gênero Hylaeamys corresponde a um dos 10 novos gêneros propostos para grupos de espécies dentro de Oryzomys, visando produzir uma classificação condizente com o parafiletismo deste último gênero. Hylaeamys corresponde ao “grupo megacephalus”, sendo constituído por sete espécies distribuídas na Venezuela, Trinidad, Guianas, Paraguai e no Brasil, através da floresta tropical amazônica, mata atlântica e cerrado. Neste trabalho foram estudados, por citogenética clássica (Convencional, Bandeamentos –G, -C) e molecular (FISH telomérico), os cariótipos de um casal de H. megacephalus coletados na Fazenda Tanguro (12º 54’ S e 52º 22’ W) aproximadamente 35 km ao Sul do município de Querência (12º 35’ 49” S e 52º 11’ 59” W), Mato Grosso. Estes espécimes estão depositados na coleção de mamíferos do Museu Paraense Emílio Goeldi. As preparações cromossômicas foram obtidas da medula do fêmur e de cultura de fibroblastos de biopsia de tecido. Os resultados mostram diferença no 2n: a fêmea possui 2n=54, NF=62, com cinco pequenos pares de cromossomos de dois braços, 21 pares de acrocêntricos, e cromossomo X acrocêntrico de tamanho médio. O macho possui 2n=52, NF 62, diferindo por apresentar um par metacêntrico pequeno a mais e dois pares acrocêntricos a menos. O cromossomo X é semelhante ao da fêmea e o Y é acrocêntrico pequeno. O bandeamento G permitiu a identificação de todos os pares cromossômicos, tendo sido observado heteromorfismo de tamanho em alguns pares. A diferença no 2n, considerando-se a proporção de cromossomos de dois braços e de acrocêntricos no cariótipo dos espécimes analisados, provavelmente é conseqüência de um rearranjo do tipo fusão/fissão cêntrica. O Bandeamento C mostra que a heterocromatina constitutiva ocorre em pequena quantidade nas regiões centroméricas dos cromossomos. A FISH com sonda telomérica não mostrou marcação intersticial (ITS), apenas nas regiões distais dos cromossomos. Apoio Financeiro: CNPq, CNPq-PPG7, UFPa, MPEG. 54º Congresso Brasileiro de Genética 202 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Cariótipo de Oryzomys subflavus e Necromys lasiurus (Rodentia: Sigmodontinae) do nordeste brasileiro Silva, SJ1, Sousa, MAN2 Curso de Ciências Biológicas, Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas, Universidade Estadual da Paraíba 2 Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas, Universidade Estadual da Paraíba 1 Bolsista PIBIC/CNPq/UEPB [email protected] 1 Palavras-chave: Cromossomos, Rodentia, Nordeste, Oryzomys subflavus, Necromys lasiurus Sigmodontinae é a segunda maior família de roedores murídeos, com 377 espécies e 74 gêneros divididos em 8 tribos. Este grupo apresenta alta variabilidade citogenética tanto inter como intraespecífica e, em vários casos, alta freqüência de polimorfismos cromossômicos. Grande parte da informação citogenética, obtida ao longo de anos de estudos, encontra-se armazenada no Banco de Células e Tecidos do Laboratório de Citogenética do Departamento de Sistemática e Ecologia - DSE da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, na forma de 2942 lâminas preparadas. O resgate destas informações pode contribuir para o aumento da informação sobre a biodiversidade brasileira, incluindo a região Nordeste. Foram analisadas lâminas preparadas de duas espécies da subfamília Sigmodontinae, do Nordeste brasileiro, do banco de células do DSE. O número modal foi estabelecido examinando-se 20 metáfases de cada exemplar. As metáfases mais elucidativas foram fotografadas em fotomicroscópio digital Olympus. As imagens foram ampliadas em papel fotográfico em laboratório comercial para montagem dos cariótipos levando-se em consideração o número diplóide (2n) e o número de braços autossômicos (NA). Um macho da espécie Oryzomys subflavus de Macarapana, PB apresentou 2n=50 e NA=58, com 2 pares de cromossomos metacêntricos médios, 3 pares de cromossomos submetacêntricos grandes e 19 pares de cromossomos acrocêntricos em ordem decrescente de tamanho. O X é o maior acrocêntrico e o Y um acrocêntrico pequeno. Dois machos de Necromys lasiurus, um de Salgado de São Félix, PB e outro de Mamanguape, PB e uma fêmea de Macaparana, PE mostraram 2n=34 e NA=34; com 15 pares de acrocêntricos em ordem descrescente de tamanho (1-15) e um par metacêntrico pequeno (16). Entretanto, o exemplar de Mamanguape apresentou uma metáfase com 2n=34 e NA=35 devido a presença de um cromossomo ímpar metacêntrico de tamanho grande. O. subflavus na região de PE e PB apresenta variação de 2n=46, 48,49 e 50 e NA=56 e no Espírito Santo 2n=54 e NA=64. N. lasiurus apresenta 2n=34 e NA=34 nos estados de Bahia, Goiás, Pernambuco, Piauí e Tocantis. Observa-se que a subfamília Sigmodontinae possui uma alta variabilidade específica e há uma notável diversidade citogenética que pode levar à especiação. Nesse trabalho, de acordo com a literatura, o 2n não variou em nenhum espécime. Entretanto, observamos variação no NA em O. subflavus em relação a literatura e destacamos que as informações apresentadas neste trabalho ainda não foram descritas para as localidades apresentadas. 54º Congresso Brasileiro de Genética 203 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 “Análise populacional de Oligoryzomys nigripes (Rodentia: Sigmodontinae) para avaliação de seu papel como reservatório de Hantavírus” Agrellos, R1; D’Andrea, PS1; Bonvicino, CR1,2 Depto. de Medicina Tropical, Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ 2 Divisão de Genética, INCA [email protected] 1 Palavras-chave: genética de populações, filogeografia, Oligoryzomys nigripes, reservatórios silvestres, Hantavírus Os roedores sigmodontíneos desempenham um papel fundamental na manutenção de ciclos parasitários e na dispersão e transmissão de doenças de origem zoonótica, como a hantavirose, na qual apresentam uma relação espécie-específica com os vírus causadores da Síndrome Cardio-Pulmonar por Hantavírus. Oligoryzomys nigripes é uma espécie associada ao Hantavírus Juquitiba-like na costa leste brasileira, do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul, e habita florestas primárias e secundárias da Mata Atlântica e da Floresta de Araucária. Estudos populacionais e filogeográficos de espécies de mamíferos reservatórios de parasitas ajudam a entender a distribuição e a dinâmica dos ciclos de transmissão das doenças associadas a elas. Para este trabalho, foram obtidas amostras de O. nigripes de 19 indivíduos sorologicamente positivos para Hantavírus de três localidades, nos estados do Espírito Santo (n=8), Rio de Janeiro (n=3) e Santa Catarina (n=8). As análises foram realizadas com cerca de 800 pares de base, utilizando como marcador molecular o gene mitocondrial Citocromo b. A análise de rede de median-joining não mostrou estruturação geográfica entre as populações do sudeste, porém houve uma pequena separação entre os haplótipos do sudeste e os do sul. A análise molecular de variância mostrou que 78,6% (p<0,05) da variação são diferenças dentro das populações (considerando separadamente ES, RJ e SC). Apesar da AMOVA mostrar pouca estruturação, o fluxo gênico entre as populações do sudeste e do sul é pequeno (Fst=0,2; p<0,01). Na análise da distribuição da diferença de substituições entre pares de haplótipos (mismatch distribution) foram consideradas como populações o total dos indivíduos e os indivíduos do sudeste e do sul separados. A análise mostrou expansão demográfica, ou seja, a curva simulando uma expansão demográfica não foi significativamente diferente do observado em todos os casos analisados (p>0,2). O teste de neutralidade de Fu corrobora esse resultado (Fs=-9,87; p<0,001). Esses resultados sugerem que as populações de O. nigripes analisadas sofreram uma expansão demográfica recente a partir de poucos indivíduos. Após essa expansão, o baixo fluxo gênico entre locais mais distantes iniciou uma diferenciação entre essas populações. Existiria então uma limitação regional de dispersão de Hantavírus a partir de O. nigripes. Como essa espécie é extremamente oportunista em relação às atividades agrícolas humanas, essa expansão recente pode estar associada à expansão das áreas de cultivo. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estruturação geográfica em Oxymycterus nasutus (Rodentia: Sigmodontinae) no Rio Grande do Sul: uma abordagem filogeográfica Pereira, JQ1; Jung, DMH1,2,3; Christoff, AU2; Valiati, VH1,3 Laboratório de Biologia Molecular, Universidade do Vale do Rio dos Sinos 2 Museu de Ciências Naturais, Universidade Luterana do Brasil 3 PPG em Biologia, Universidade do Vale do Rio dos Sinos [email protected] 1 Palavras-chave: Oxymycterus nasutus, Citocromo B, Filogeografia, Sigmodontinae, Estrutura geográfica Sigmodontinae (Rodentia: Cricetidae), segunda maior subfamília de mamíferos, compreende várias formas de roedores, organizados em aproximadamente 84 gêneros atuais, distribuídos predominantemente na América do Sul. A subfamília tem sido arranjada tradicionalmente em grupos de gêneros, dos quais alguns foram reconhecidos como tribos. Na tribo Akodontini, o gênero Oxymycterus destaca-se como um elemento comum das comunidades de mamíferos nas latitudes médias do continente sul-americano, estando representado no Estado do Rio Grande do Sul por O. judex e O. nasutus. Até o presente momento, nenhum trabalho de cunho sistemático, filogenético ou filogeográfico havia tido como foco amostras provenientes do estado, de forma que o conhecimento sobre estas espécies fundamenta-se em extrapolações a partir de estudos de taxonomia alfa, apanhados gerais e dados não publicados. Os objetivos deste estudo foram avaliar a existência de padrões filogeográficos entre populações de O. nasutus ao longo de sua distribuição geográfica no Rio Grande do Sul, através do gene mitocondrial da CytB entre 22 indivíduos provenientes de 11 populações do RS e Uruguai. O fragmento alvo foi amplificado pela PCR, sendo os primeiros 650pb seqüenciados. Destes, 579pb foram conservados e 25 polimórficos, dos quais 16 corresponderam a mutações únicas e nove foram informativos para parcimônia. Doze haplótipos foram encontrados entre os indivíduos seqüenciados. O teste de Tajima não rejeitou a hipótese de neutralidade (D= -0,11426± 0,2553; p= 0,86255). As análises filogeográficas deram-se através da inferência Bayesiana, Neighbor-joining, Máxima Parcimônia e rede haplotípica. Foi realizada uma AMOVA, sendo os níveis definidos entre os clados recuperados nas análises cladísticas. Todas as topologias recuperadas descreveram um padrão similar, dois clados principais (Sul e Norte), com suporte > 50%. O FST obtido, considerando os clados Sul, Norte e Uruguai, indicou estruturação entre os grupos (FST= 0,59952, p= 0,00196± 0,00136), sendo 59,95% da divergência genética total explicada pela variação entre os grupos, 14,36% entre populações e 25,69% dentro das populações. As análises filogeográficas revelaram a existência de dois grandes grupos de haplótipos no Estado do Rio Grande do Sul, com estruturação geográfica, correspondendo ao clados Norte e Sul. Ainda, foi possível identificar um padrão de dispersão Sul-Norte, já que os haplótipos considerados os mais ancestrais da população são aqueles pertencentes à região de Sentinela do Sul, na região sudeste do Estado, enquanto os mais derivados foram os encontrados no Clado Norte, na região Nordeste do Rio Grande do Sul. Considerando que O. nasutus está restrito a áreas de estepe gramíneo-lenhosa, e que a região fitogeográfica intermediária entre os seus dois limites de ocorrência é composta originalmente por áreas de Floresta Estacional Decidual e Floresta Ombrófila Mista, é possível sugerir que tais áreas funcionem, pelo menos atualmente, como um limitador do fluxo gênico entre os dois clados. Apoio Financeiro: UNISINOS, FAPERGS, CAPES. 204 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Alta diversidade cariotípica em Akodon cursor (Rodentia, Cricetidae) no Espírito Santo revela um novo citótipo para a espécie Colombi, VH1,2; Fagundes, V1 Laboratório de Genética Animal, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Espírito Santo 2 Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq-UFES) [email protected], [email protected] 1 Palavras-chave: Akodon cursor, Espírito Santo, citogenética, polimorfismo, cariótipo O gênero Akodon (Meyen, 1833), com 45 espécies reconhecidas, distribui-se pela América do Sul da região Andina do Chile até a Venezuela e nas porções temperadas, subtropicais e tropicais do Brasil, Bolívia, Argentina, Paraguai e Uruguai. Dentre as espécies, A. cursor ocorre na encosta atlântica da Paraíba ao Paraná e apresenta alto polimorfismo cariotípico intra e interpopulacional. Em 1998, a análise de 311 espécimes do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia revelou 28 citótipos com variação do número diplóide (2n=14, 15 e 16) e do número de braços autossômicos (NA=18-26), com rearranjos do tipo inversão pericêntrica e fusão cêntrica nos pares 1 e 3; inversão pericêntrica nos pares 2, 4 e 6; trissomia do cromossomo 7; e monossomia do cromossomo X. No intuito de identificar o número e a freqüência de citótipos no ES, analisamos o 2n e o NA de 98 espécimes de 10 localidades: Águia Branca (n=7), Cariacica (n=5), Castelo (n=6), Domingos Martins (n= 9), Governador Lindenberg (n=3), Ibitirama (n=11), Irupi (n=12), Muqui (n=1), Santa Teresa (n=7) e Viana (n=37). Todos os exemplares apresentaram 2n=14, com um par metacêntrico grande (1+3M), oriundo da fusão dos pares submetacêntricos 1 e 3 (da forma 2n=16). Os pares 2 e 4 apresentaram-se homomórficos acrocêntricos (2A/4A); heteromórficos (2H/4H), compostos por um cromossomo acrocêntrico e outro submetacêntrico; ou homomórficos submetacêntrico (2S) ou metacêntrico (4M). O par 5 é metacêntrico (5M); o par 6 é acrocêntrico (6A); o par 7 é metacêntrico minúsculo (7M); o cromossomo X é acrocêntrico médio e o Y acrocêntrico pequeno. Encontramos nove citótipos, sendo um novo para a espécie: 1) 2n=14, NA=18, 1+3M,2A,4A,5M,6A,7M em 19,6% dos exemplares (Cariacica, Domingos Martins, Governador Lindenberg, Ibitirama, Irupi, Santa Teresa e Viana); 2) 2n=14, NA=19, 1+3M,2A,4H,5M,6A,7M em 23,7% dos espécimes (Águia Branca, Cariacica, Castelo, Domingos Martins, Ibitirama, Irupi e Viana); 3) 2n=14, NA=20, 1+3M,2A,4M,5M,6A,7M em 7,2% dos exemplares (Domingos Martins, Governador Lindenberg, Irupi e Viana); 4) 2n=14, NA=19, 1+3M,2H,4A,5M,6A,7M em 15,5% dos espécimes (Águia Branca, Cariacica, Domingos Martins, Governador Lindenberg, Ibitirama, Irupi, Muqui, Santa Teresa e Viana); 5) 2n=14, NA=20, 1+3M,2H,4H,5M,6A,7M em 20,6% dos exemplares (Águia Branca, Cariacica, Castelo, Domingos Martins, Ibitirama, Irupi, Santa Teresa e Viana); 6) 2n=14, NA=21, 1+3M,2H,4M,5M,6A,7M em 9,3% dos espécimes (Castelo, Domingos Martins, Irupi e Viana); 7) 2n=14, NA=20, 1+3M,2S,4A,5M,6A,7M em 2,1% dos exemplares (Domingos Martins e Viana); 8) 2n=14, NA=21, 1+3M,2S,4H,5M,6A,7M em 1% dos espécimes (Viana); e 9) 2n=14, NA=22, 1+3M,2S,4M,5M,6A,7M em 1% dos exemplares (Viana), sendo esse citótipo novo para a espécie. Dessa maneira, aumentamos em 24% a amostra total analisada e só observamos um novo citótipo, resultando em 29 citótipos em 408 exemplares. Observamos, assim, que 31% de toda a variação cariotípica da espécie ocorre no Espírito Santo. Apoio Financeiro: FAPES/ES, FACITEC/ES e CNPq. 205 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise cariotípico de Akodon (Cricetidae, Rodentia) de Minas Gerais Godinho, RM; Lopes, MOG; Carvalho, AH; Svartman, M Universidade Federal de Minas Gerais, Biodiversity Salvation, Universidade federal de Minas Gerais, Universidade Federal de Minas Gerais [email protected] Palavras-Chave: Akodon, Cromossomos, Polimorfismos, Simpatria, Bandas Resumo: Os roedores constituem a mais numerosa ordem de mamíferos, com cerca de 40% das espécies desta classe. Sigmodontinae é a maior subfamília de roedores da América do Sul e cerca de um terço de seus representantes pertencem à tribo Akodontini, que se destaca pela alta variabilidade citogenética em contraste com a baixa variação morfológica. A subfamília Sigmodontinae é composta por nove gêneros e 81 espécies, 41 das quais pertencentes ao gênero Akodon, que se distribui por toda a América do Sul. Dez espécies de Akodon já foram registradas no Brasil: A. cursor, A. montensis, A. azarae, A. lindberghi, A. toba, A. paranaensis, A mystax, A. reigi, A. serrensis e Akodon sp, uma espécie recém-descrita e ainda sem classificação formal. Akodon. cursor (2n=14, 15 e 16; NF=18 a 26) e A. montensis (2n=24, 25 e 26; NF=42, 44 e 46) ocorrem em simpatria em algumas regiões dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. A citogenética é de fundamental importância para a identificação taxonômica diferencial entre estas duas espécies que, com base na morfologia, são crípticas.Neste trabalho, analisamos citogeneticamente 24 espécimes de Akodon coletados em Minas Gerais. A análise incluiu os padrões de bandeamento G, C e a coloração das regiões organizadoras de nucléolos (RON). Os exemplares estudados eram provenientes de diferentes áreas geográficas de Minas Gerais, englobando diversos biomas: mata, campo rupestre, campo inundado e cerrado. A ocorrência de Akodon ainda não havia sido descrita para a maior parte da área geográfica amostrada. Nossa amostra continha seis exemplares de Akodon cursor (2n=14; NF=18, 19, 20), com variação cariotípica devida a inversões pericêntricas nos pares 2 e 3; dezesseis exemplares de A. montensis (2n=24, NF=42; 2n=25, NF=44; 2n=26, NF=46), com um polimorfismo decorrente da presença de um ou dois cromossomos Bs; e dois exemplares de A. lindberghi (2n=42, NF=42). Akodon cursor e A. montensis ocorriam em simpatria em algumas regiões e em áreas próximas a locais de ocorrência conhecidos para A. lindberghi e A. serrensis, o que estende as zonas de simpatria conhecidas para essas espécies. Os dois espécimes de Akodon lindberghi foram coletados numa área de transição entre o cerrado e mata atlântica, o que reforça a idéia de que esse animal típico de cerrado e outras áreas centrais do Brasil, é simpátrico com as espécies da mata atlântica de Minas Gerais. Apoio financeiro: FAPEMIG, CAPES, NAPq e PRPq/UFMG. 206 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Técnica de GISH em quatro espécies de roedores da Tribo Akodontini (Rodentia, Cricetidae), a partir de suspensão celular em fixador ácido-alcoólico Hass, I1, 2; Müller, S2; Sbalqueiro, IJ1 Departamento de Genética, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brasil Department Biology II, Human Genetics, Ludwig-Maximilians University, Munich, Germany [email protected] 1 2 Palavras-chave: GISH, citogenética, Akdontini, Rodentia, hibridação A técnica GISH é amplamemte empregada em citogenética vegetal, onde o DNA genômico total de uma espécie é marcado e usado para identificar os cromossomos desta espécie em uma outra, reconhecendo os cromossomos ou segmentos homeólogos. Porém, nós utilizamos o GISH para verificar a qualidade de hibridação das células das espécies de roedores - Akodon montensis, Akodon paranaensis, Thaptomys nigrita e Brucepattersonius griserufescens - que seriam posteriormente submetidas a estudos com ZOO-FISH. O ojetivo deste estudo, foi o de comparar a técnica de amplificação de uma pequena quantidade de DNA genômico pela DOP-PCR, descrita por TELENIUS et al. (1992) e SPEICHER et al. (1993), com a nossa adaptação que utiliza material celular em suspensão em fixador ácido-alcoólico. Em ambas as metodologias foram utilizados os mesmos indivíduos das espécies em estudo, bem como os mesmos reagentes para a mistura de reação e iniciador para a amplificação o 6MW. Após a reação da 1ª. DOP-PCR em termociclador a verificação dos fragmentos produzidos foi realizada em gel de agarose 1% em TAE 1X, corrida a 130W/150mA por 20 min, e visualização em brometo de etídio. Foi utilizado o marcador Hind III para observar a obtenção de bandas entre 550 a 2300 pb, consideradas de tamanho ótimo para a realização das hibridações GISH. O mesmo procedimento foi utilizado posteriormente para a verificação de fragmentos produzidos pela 2a. amplificação e pela DOP-PCR de marcação. As sondas de DNA genômico foram marcadas com biotina e contra coradas com ActinomicinaD/DAPI. Para a análise das hibridações utilizou-se o microscópio Zeiss-Axiophot com sistema de fluorescência com lâmpada de mercúrio HBO 100. Os resultados observados mostram que a quantidade e qualidade das DOP-PCR e PCR de marcação foram mais intensas a partir da técnica por nós adaptada, porém os resultados das hibridações em ambas as metodologias apresentaram-se similares. Assim, a metodologia adaptada por nós pode ser amplamente utilizada, o que garante um melhor aproveitamento do material celular disponível para estudo, bem como uma maior quantidade e qualidade do DNA genômico a ser empregado nas hibridações. Apoio financeiro: UFPR, LMU, CNPq, DAAD. 207 54º Congresso Brasileiro de Genética 208 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Filogeografia e tempo de divergência de três espécies de roedores akodontinos de ocorrência na Mata Atlântica: Akodon cursor, A. montensis e Oxymycterus dasytrichus Montes, MA1,2; Barros, MC3; Oliveira, LFB4; Langguth, A3; Mattevi, MS1,5* Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Caixa Postal 15053, 91501-970, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil 2 Laboratório de Biologia Genômica e Molecular, Facultade de Biociências, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul 3 Departamento de Sistemática e Ecologia, Universidade Federal da Paraíba, Caixa Postal 5010, 58059-900, João Pessoa, Brazil 4 Setor de Mastozoologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 20940-040, Rio de Janeiro, Brazil 5 Curso de Pós-Graduação em Genética e Toxicologia Aplicada, Universidade Luterana do Brasil, 92420-280, Canoas, Rio Grande do Sul, Brazil [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] 1 A Mata Pluvial Atlântica é um dos ambientes terrestres mais ricos em espécies e um dos cinco mais ameaçados do planeta. Os roedores e os marsupiais são os mamíferos mais diversificados da Mata Atlântica, tendo um importante papel ecológico neste bioma. No presente estudo investigamos seqüências do gene mitocondrial citocromo b em roedores sigmodontinos da tribo Akodontini habitantes da Mata Atlântica da América do Sul a fim de analisar os níveis e os padrões da variação genética destes roedores neste habitat fragilizado. Objetivamos abordar quatro áreas conceptuais: 1) estudar a estrutura filogeográfica em Akodon cursor, A. montensis, Akodon 2n=44 e Oxymycterus dasytrichus, buscando delinear possíveis áreas regionais onde seriam encontrados clados monofiléticos dentro da Mata Atlântica; 2) determinar a idade das linhagens, 3) avaliar os processos de diversificação das espécies aqui estudadas em relação às mudanças geológicas e paleoambientais ocorridas na Mata Atlântica e 4) revelar a estrutura populacional das espécies e aplicar este conhecimento para a definição das prioridades de manejo e conservação de alguns taxa deste bioma. Foram estudadas amostras de 12 localidades de A. cursor (n=24), 13 localidades de A. montensis (n=24), sete localidades de Akodon 2n=44 (n=18) e 10 localidades de O. dasytrichus (n=15). Cada uma das espécies estudadas apresentou um padrão filogeográfico característico: A. montensis apresentou quatro grupos, dos quais três foram bem definidos geograficamente, O. dasytrichus não apresentou uma estruturação em grupos bem definida e A. cursor apresentou dois grupos monofiléticos, a princípio claramente correlacionados com a geografia. O tempo de divergência para O. dasytrichus coincidiu com a transição Mioceno-plioceno. A divergência entre os grupos de A. cursor e A. montensis ocorreu recentemente, há menos de dois milhões de anos, numa época onde o registro dos glaciais revela a presença de quatro grandes aumentos no volume das massas de gelo. Os intervalos de clima frio poderiam ter isolado populações e gerado a estrutura que encontramos atualmente em A. montensis. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Mecanismos envolvidos na heterose do comportamento de construção de ninho em camundongos Sauce, B; Anceti, KF; Peripato, AC Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos [email protected] Palavras-chave: Camundongo, Heterose, Comportamento Materno, Construção de Ninho O comportamento é uma característica complexa cuja variação é influenciada pelo ambiente e, geralmente, por fatores herdáveis geneticamente (aditivos ou por interações) e/ou de forma não-genética. Nosso grupo tem investigado os comportamentos associados ao cuidado materno em camundongos do cruzamento de duas linhagens endogâmicas (SM/J e LG/J). Dentre tais comportamentos, a construção de ninho parece sofrer influências de fatores genéticos por interações devido ao maior valor do híbrido (heterose em F1) observado em relação aos parentais. Além disso, em resultados anteriores, encontramos em nossas linhagens o gene PEG 3 (paternally expressed gene 3) afetando parte da variação fenotípica do cuidado materno em geral. Tal gene tem, em outros animais, conhecida influência no comportamento de construção de ninho e sua expressão (apenas paterna) sofre efeito epigenético – que, teoricamente, também pode levar à heterose. Neste trabalho, testamos a hipótese que, em nossas linhagens, a heterose observada no comportamento materno de construção de ninho está associada com herança por fatores genéticos de interações (dominantes e epistáticos) ou por fatores epigenéticos. Usamos fêmeas das linhagens endogâmicas SM/J (n=29), LG/J (n=24), e dos intercruzamentos F1 (n=23) e F2 (n=89) dessas linhagens. Avaliamos, então, a qualidade dos ninhos pré-parto construídos classificando quanto à utilização de algodão e abertura (pontuação de 0 a 3). Para o teste de fatores genéticos com interações, usamos as análises para o modelo de heterose assumindo dominância. Para o teste dos fatores epigenéticos, fizemos uma correlação da construção de ninho das fêmeas F2 com a diferença no cruzamento dos avós: fêmea LG/J com macho SM/J, ou fêmea SM/J com macho LG/J. Em nossos resultados, detectamos a média de 1,979 de qualidade de ninho na população F1. Como esperado, esses valores são estatisticamente maiores que a média de 1,462 nas populações parentais (P<0,002). Na população F2, o valor esperado pelo modelo de dominância seria metade da média de F1, mas encontramos um valor de 1,727. Como essa média é significativamente maior que o modelo prevê (t140=18,1; P<10-7), isso indica que a heterose existente é devida não apenas a efeitos de dominância, mas também a fatores epistáticos. As avaliações do ninho em F2 tiveram uma correlação próxima de zero com o cruzamento dos avós (qualidade com r=-0,07; altura com r=-0,08). Isso é uma indicação de que não detectamos efeito herdável epigenético dos avós associados à variação existente. Enfim, apesar do resultado negativo sobre o efeito de herança epigenética também esperado em nossa hipótese, a heterose e a variação do comportamento de construção de ninho parecem sofrer um efeito de interações genéticas. Em estudos futuros, genotiparemos diversos marcadores no genoma desses animais cruzados buscando elucidar os genes e a arquitetura genética do comportamento de construção de ninho por meio do método de QTL. Apoio financeiro: FAPESP. 209 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Variação no tamanho de ninhada em camundongos LG/J x SM/J Gallo, TCG; Anceti, KF; Sauce, B; Peripato, AC Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos [email protected] Palavras-chave: Tamanho de ninhada, Camundongos O tamanho de ninhada (TN) é uma característica diretamente relacionada ao fitness e sua variação pode apresentar grandes conseqüências em mamíferos. Devido ao custo fisiológico da lactação em fêmeas, TN elevado pode ser desvantajoso, pois precisará estar associado a um maior desempenho materno no que tange a amamentação, proteção contra intrusos, entre outros fatores. A variação no número de filhotes nascidos pode receber influências ambientais e genéticas. O objetivo deste trabalho foi o de investigar a variação de TN em camundongos das linhagens endogâmicas LG/J, SM/J e seus intercruzamentos F1 e F2. Registramos o número de filhotes por fêmea logo após o parto e monitoramos por sete dias, período em que ocorre a maior perda significativa de filhotes devido a desvios de comportamento materno ou inviabilidade da prole. Durante este período verificamos a perda em média de quatro filhotes por ninhada de fêmeas da linhagem LG/J, um filhote para a linhagem SM/J e F1 e dois filhotes em média para geração F2. As primíparas da linhagem LG/J, em geral, apresentam a ejeção de leite apenas no segundo dia pós-parto, fato pelo qual podemos observar a menor sobrevivência de filhotes. O TN médio de 24 fêmeas da linhagem LG/J é de 6,59 ± 0,54 enquanto que 20 fêmeas SM/J apresentaram média de 4,05 ± 0,38 filhotes nascidos. As gerações F1 (n=21) e F2 (n=88) apresentaram, respectivamente, os valores médios de ninhada de 10,84 ± 0,39 e 9,11 ± 0,23. Esta característica difere significativamente entre as gerações parentais (P= 0,0004) e entre as demais gerações, inclusive entre F1 e F2 (P=0,0006). Nós também investigamos heterose na geração F1 e com a detecção da mesma, verificamos se havia alterações no TN médio na geração F2 baseada no modelo de dominância. Se o modelo a ser explicado fosse devido a dominância, teríamos um decréscimo de metade do TN da geração F1 para a geração F2. O tamanho médio de ninhada encontrado para fêmeas F1 é significativamente maior do que da linhagem parental (t63=7,13; P<1,0x10-7) indicando heterose para TN nesse cruzamento. Nós esperaríamos o TN de 8,08 na geração F2, no modelo de dominância de heterose. No entanto, encontramos o tamanho médio de 9,11 que desvia significativamente do valor esperado (t130=16,43; P<1,0x10-7). Desta forma, podemos indicar também interações epistáticas afetando heterose nesse cruzamento. Encontramos resultados semelhantes no estudo de TN utilizando o mesmo intercruzamento, porém em outra população (Peripato et al. 2004). A primeira etapa desenvolvida foi a investigação da variação de TN neste intercruzamento. Nosso próximo passo deverá ser o aumento do tamanho amostral em F2 e a investigação da arquitetura genética de tamanho de ninhada através da análise de QTL em fêmeas F2 do intercruzamento da linhagem LG/J e SM/J. Apoio Financeiro: FAPESP. 210 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Uso de haplótipos de mtDNA na conservação das raças caprinas (Capra hircus) moxotó e canindé no nordeste do Brasil Paiva, SR1; Barreto, GB1; Faria, DA1; da Silva, FLR2; Facó, O2; McManus, C.3; Mariante, AS1; Araújo, AM4 Laboratório de Genética Animal, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, DF 2 Embrapa Caprinos, CE 3 FAV, Universidade de Brasília, DF 4 Embrapa Meio Norte, PI [email protected] 1 Palavras-chave: Conservação Recursos Genéticos animais, D-loop, manejo genético A região Nordeste é detentora do maior rebanho caprino do País e possui raças naturalizadas adaptadas às condições adversas do semi-árido. Estas raças sofreram um processo de cruzamento indiscriminado com diversas raças comerciais, pondo em risco o tamanho dos seus efetivos populacionais e, conseqüentemente, seu potencial genético. Adicionalmente, estas raças apresentam poucos estudos que visem agregar conhecimento as suas origens, potenciais produtivos e diversidade genética. Resultados recentes com marcadores microssatélites indicaram que as raças Moxotó e Canindé são estatisticamente diferentes das raças européias e que o Núcleo de conservação da raça Moxotó da Embrapa Caprinos se encontra com endogamia elevada. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avançar nos estudos sobre a variabilidade genética dos Núcleos de Conservação das raças Canindé e Moxotó existentes na Embrapa Caprinos por meio do sequenciamento do DNA mitocondrial (mtDNA). Foram seqüenciados 391 pares de bases da primeira metade da região controle (D-loop) de 41 animais Moxotó, 30 animais Canindé e 11 animais pertencentes a raças comerciais recentemente introduzidas no Brasil (Saanen, Parda Alpina e Anglo Nubiana). Foram observados um total de 39 haplótipos de forma, que 16 foram específicos da raça Canindé, 11 da raça Moxotó e sete das raças comerciais. Três haplótipos foram específicos das duas raças naturalizadas e dois haplótipos comuns entre todas as raças analisadas. Trinta dos 39 haplótipos foram observados apenas uma vez na amostra estudada. Tais resultados confirmam o alto número de haplótipos existente dentro da espécie caprina, padrão este já relatado por outros autores e significativamente diferente do observado, por exemplo, em ovinos e suínos. Por outro lado, apesar da alta diversidade de haplótipos, a análise de variância molecular demonstrou que apenas 4,39% (p=0,03519) de toda a variabilidade observada foram em razão de diferenças entre as raças. Isso é uma evidência adicional da influência das raças comerciais nos estoques localmente adaptados bem como demonstra que estes marcadores podem ser úteis para monitorar eventos de introgressão. Em relação à diversidade nucleotídica foram observados valores de 0,024615 ± 0,012793 para raça Moxotó, 0,021642 ± 0,011461 para a raça Canindé e 0,015903 ± 0,009233 para as raças comerciais. As raças naturalizadas apresentaram uma diversidade genética significativamente maior do que as raças comerciais, sugerindo que apesar de estarem ameaçadas de extinção, possuem um conjunto gênico apto ao restabelecimento de seus antigos efetivos populacionais. Estes resultados auxiliarão o manejo genético destes dois rebanhos bem como serão usados, juntamente com outras amostras, em estudos filogenéticos para determinar as principais raças que deram origem às raças localmente adaptadas brasileiras. Apoio Financeiro: Embrapa. 211 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Citogenética de raças locais de ovinos (Ovis aries) e caprino (Capra hircus) do estado da Bahia Santos, JR; Medrado, AS; Malhado, CHM; Affonso, PRAM; Carneiro, PLS; Paiva, SR Laboratório de Citogenética, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB [email protected] Palavras-chave: Cariótipo, Ovino, Morada Nova, Rabo Largo e Repartida O Brasil possui diversas raças de animais domésticos que se desenvolveram a partir de raças trazidas pelos colonizadores portugueses, franceses e holandeses logo após o descobrimento. Todas as raças de ovinos e caprinos presentes no território brasileiro foram formadas pelo processo de adaptação e seleção natural de raças européias. Geralmente, são animais de pequeno porte, contudo, eficientes em termos de adaptação e sobrevivência nas mais diversas regiões brasileiras de naturalização. Na região nordeste estes animais ganharam notoriedade por terem se adaptado às condições edafo-climáticas predominantes na região, desenvolvendo mecanismos biológicos apropriados, resultando em vários grupos e/ou raças localmente adaptadas ou locais. Esta adaptação ao sistema de produção promoveu uma redução da capacidade produtiva dos rebanhos em termos de carne, leite e tamanho corporal. Apesar de a seleção natural ter ocorrido no sentido negativo da produção, o nordeste possui hoje, para suas condições de semi-árido, material genético de excelente qualidade para produção de pele, carne de baixo teor de gordura e uma adequada produção de leite. As técnicas citogenéticas são consideradas ferramentas poderosas para os programas de conservação, tanto por identificarem os padrões e processos responsáveis pela situação atual dos rebanhos como por auxiliarem no desenvolvimento de estratégias de manejo e unidades de conservação. Tal atitude é válida, visto que esses animais representam principalmente na região Nordeste, uma fonte de recursos importantes dos pontos de vista social, econômico, cultural e histórico. Com o objetivo de caracterizar e avaliar os rebanhos das raças de ovinos e caprinos criados na Bahia, análises citogenéticas convencionais foram realizadas em animais das raças Morada Nova e Rabo Largo (ovinos), e Repartida (caprino) para uma abordagem comparativa em relação ao padrão citogenético descrito para rebanhos europeus. A análise microscópica convencional, pela coloração com Giemsa, revelou o mesmo número cromossômico nas duas raças de ovinos estudadas (2n = 54) e o mesmo na raça de caprino, Repartida (2n = 60). A fórmula cariotípica dos ovinos composta por 06 metacêntricos grandes e 48 telocêntricos, incluindo o par sexual, com diferenças sutis de tamanho entre os pares cromossômicos (NF=60) e no caprino, 60 telocêntricos (NF=60). Com relação aos cromossomos sexuais, apresentados ao lado direito do primeiro grupo na seqüência do cariótipo, o cromossomo X é o maior dos telocêntricos, enquanto o cromossomo Y é o menor elemento do cariótipo para ambas as espécies. Estudos subseqüentes utilizando outros marcadores cromossômicos estão sendo realizados para uma caracterização citogenética mais detalhada dessas raças, a fim de identificar eventuais peculiaridades na estrutura dos cromossomos desses rebanhos, auxiliando no manejo reprodutivo dos mesmos. Apoio financeiro: FAPESB, CNPq, Banco do Nordeste e UESB. 212 54º Congresso Brasileiro de Genética 213 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Uso de marcadores moleculares para seleção de doadores de germoplasma em um programa de conservação: caso da raça ovina (Ovis aries) morada nova Barretto, GB1,3; Facó, O2; Mariante, AS3; Paiva, SR3 Estudante de Medicina Veterinária, União Pioneira de Integração Social, DF 2 Embrapa Caprinos, CE 3 Laboratório de Genética Animal, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, DF [email protected] 1 Palavra-Chave: Recursos Genéticos Animais, microssatélites, manejo genético A origem da raça ovina Morada Nova no Brasil é desconhecida, contudo, acredita-se que por meio de uma forte seleção natural pelo clima da região, os animais trazidos pelos portugueses na época do povoamento do sertão passaram por um processo de adaptação favorecendo-se assim a sua multiplicação. Como não há relatos da origem exata destes animais o nome da raça Morada Nova surgiu devido aos primeiros relatos da presença destes animais serem na cidade de Morada Nova, CE. Hoje esta raça é reconhecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento como uma raça localmente adaptada e está inserida no Programa Nacional de Conservação coordenado pela Embrapa e parceiros. Uma das várias estratégias de conservação é a coleta e criopreservação de germoplasma (sêmen e embriões) dos animais mais representativos da raça. Os critérios tradicionais usados para escolha destes animais são baseados, principalmente, em caracteres reprodutivos, sanitários e morfológicos. A utilização de marcadores moleculares, principalmente os baseados na genotipagem de locos microssatélites, tem se mostrado uma ótima ferramenta para verificação da diversidade genética de rebanhos, obtendo informações valiosas para a conservação. Desta forma o objetivo deste trabalho foi testar a utilização destes marcadores para a seleção de animais para doadoras de germoplasma dentro de um programa de conservação. Foram utilizados 15 marcadores microssatélites (maioria dentro da lista proposta pela FAO e ISAG) em 32 animais da raça Morada Nova que participaram da Primeira Prova de Desempenho de ovinos da raça Morada Nova realizado entre fevereiro e maio de 2008 no município de Morada Nova, CE. Os microssatélites foram amplificados por PCR em sistemas multiplex e a eletroforese capilar foi realizada no sistema ABI3700 e a leitura dos alelos foi realizada a partir da detecção das fluorescências específicas contidas nos oligonucleotídeos usados. Em termos de diversidade total do rebanho, foi observada uma média de 5.13 alelos, heterozigosidade esperada de 0,6162, heterozigosidade observada de 0,5680 e coeficiente de concestralidade molecular médio 0,3935. Para a escolha dos melhores animais a serem conservados, os mesmos foram classificados, em ordem crescente, a partir dos valores médios de concestralidade molecular. Desta forma os 15 animais com menor valor deste índice foram pré-selecionados como candidatos a coleta de germoplasma. Com a utilização de um gráfico de componentes principais (três primeiros componentes explicaram aproximadamente 60% de toda a variação) pode-se confirmar os resultados obtidos de forma que foi observado um distanciamento excessivo dos animais com as maiores médias de coeficiente de concestralidade. A utilização dos locos de microssatélites confirmaram ser uma ferramenta de ótima funcionalidade para auxiliar a escolha dos animais a serem conservados, maximizando assim a variabilidade genética representativa desta raça. Apoio Financeiro: Embrapa, Banco do Nordeste. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Associação entre microssatélite localizado no cromossomo OAR3 e peso ao abate de ovinos pertencentes a três grupos genéticos Gouveia, JJS1; Santiago, AC2; Ibelli, AMG3; Tizioto, PC1; Esteves, SN4; Barioni Júnior, W4; Regitano, LCA4 Mestrado em Genética e Evolução, Univ. Federal de São Carlos 2 Graduanda em Ciências Biológicas, UNICEP 3 Doutorado em Genética e Evolução, Univ. Federal de São Carlos 4 Pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste [email protected] 1 A ovinocultura tem uma enorme importância em várias regiões do mundo e isso pode ser demonstrado pelo volume de produção e de dinheiro gerado por esta atividade. Apesar de o Brasil apresentar excelentes condições ambientais e mercado bastante favorável, a produção nacional ainda é desprezível no contexto mundial. A baixa produtividade brasileira na ovinocultura se deve, ao menos em parte, ao baixo potencial genético do rebanho nacional. Algumas características importantes que poderiam ser usadas nos programas de melhoramento genético apresentam baixa herdabilidade, difícil mensuração ou correlações negativas com outras características. Nesse contexto, a genética molecular, através da identificação das regiões cromossômicas responsáveis pelo controle das mesmas e incorporação destas informações moleculares em programas de melhoramento genético, pode ser bastante útil. Portanto, o objetivo do presente trabalho foi investigar uma região do braço Q do cromossomo OAR3 como região candidata a conter genes importantes para a característica peso ao abate em ovinos. Para isso foram utilizados 139 cordeiros de três grupos genéticos (48 Santa Inês x Santa Inês, 51 Dorper x Santa Inês e 40 Suffolk x Santa Inês). Os animais foram genotipados para os marcadores microssatélites BP1, BL4 e BMS1617, localizados no braço Q do cromossomo OAR3, a 163.1, 195.5 e 202.2 cM. A análise de associação entre os marcadores e a característica de peso ao abate foi realizada através de um modelo de substituição gênica no qual o alelo de maior freqüência é fixado e o efeito dos demais alelos é estimado como desvio deste. O marcador BL4 apresentou um alelo (BL4_159) com efeito significativo (P= 0,0415) no grupo genético Santa Inês x Santa Inês. O efeito de substituição do alelo BL4_159 representou um aumento de 1,018 Kg no peso ao abate dos animais. Não foi observado efeito significativo para nenhum alelo do marcador BL4 para os outros grupos genéticos assim como para os marcadores BMS1617 e BP1 em todos os três grupos genéticos. Nossos resultados corroboram outros estudos em ovinos e bovinos que sugerem que o braço Q do cromossomo OAR3 contém um ou mais genes que influenciam características de crescimento. Apoio financeiro: CAPES,CNPq e EMBRAPA. 214 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 DIversidade genética de ovinos (Ovis aries) no centro-oeste do Brasil: alta variabilidade do grupo genético pantaneiro Vilarinho, KR1; Martins, CF2; Vargas Jr., FM2; McManus, C3; Paiva, SR1 Laboratório de Genética Animal, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, DF 2 Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal, MS 3 FAV, Universidade de Brasília, DF [email protected] 1 Palavras-chave: Conservação Recursos Genéticos animais, microssatélites, manejo genético A atividade de criação de ovinos na região Centro Oeste tem se destacado, nos últimos anos, como uma alternativa economicamente viável para os produtores. Existe um mercado com grande potencial, principalmente para carne, de forma que o sucesso dessa atividade esta intimamente relacionada aos grupos genéticos a serem usados bem como o nível de tecnificação e conhecimento aplicado. Dentre as possíveis raças a serem usadas em sistemas de produção observa-se que há pouco conhecimento acerca de um grupamento genético adaptado às condições da região do estado de Mato Grosso do Sul e do Pantanal denominado localmente de ovelha crioula ou Pantaneira. Estudos recentes da presente equipe demonstraram, por meio de haplótipos de mtDNA, que esses animais podem ser considerados um grupo geneticamente mais semelhante as raças localmente adaptadas de ovinos brasileiros do que de raças comerciais recentemente introduzidas no país. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a diversidade genética de um rebanho deste grupo genético no Estado do Mato Grosso do Sul de modo que os resultados irão subsidiar o manejo genético deste rebanho. Foram usados sete locos de microssatélites (MAF65, ILSTS05, BM827, ILSTS11, INRA35, INRA63 e OarHH35) em 118 animais (12 reprodutores e 106 matrizes) do rebanho pertencente à UNIDERP, Campo Grande-MS. Foi observado um número médio de alelos de 8,71 ± 2,06; a heterozigosidade observada foi de 0,7790 ± 0,0145 e a heterozigosidade esperada foi de 0,7935 ± 0,0123. Tais valores foram altos quando comparados com os obtidos para outras raças de ovinos para o mesmo painel de marcadores. A coancestralidade molecular média foi de 0,2119 e o índice de endogamia (FIS) do rebanho foi de apenas 0,0066. Novamente, estes coeficientes indicam uma alta diversidade genética dentro deste grupo, que por sua vez, sugere a existência de uma vasta variabilidade para ser trabalhada tanto em programas de melhoramento como de conservação de recursos genéticos animais. Estes resultados serão usados para auxiliar o manejo genético deste rebanho (por exemplo, controle pedigree e indicação de cruzamentos) bem como serão um subsídio para a seleção de doadores de germoplasma para o programa nacional de conservação de recursos genéticos animais coordenado pela Embrapa e que conta com a participação de várias Universidades e Instituições de pesquisa do Brasil. Apoio Financeiro: CNPq, Embrapa e UNIDERP. 215 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Validação Preliminar de bibliotecas SAGE em mÚsculo esquelético de gado nelore (Bos indicus) e búfalos d’água (Bubalus bubalis) por PCR em tempo real Reis, SP; Lima, NO, Gonçalves, EC; Silva, A; Schneider, MPC Laboratório de Polimorfismo de DNA, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará [email protected] Palavras-chave: PCR em tempo real, SAGE, expressão gênica, Bos indicus, Bubalus bubalis Os zebuínos (Bos indicus) e os búfalos d’água (Bubalus bubalis) são amplamente utilizados como produtores de carne, sendo de elevada importância para o agronegócio nacional. Estudos envolvendo análise da expressão de genes que atuam na formação da musculatura esquelética são de extrema relevância para o avanço nas pesquisas que visam o melhoramento genético animal. A análise seriada da expressão gênica (SAGE), apesar de eficiente para quantificar a expressão gênica, pode ocasionalmente identificar genes erroneamente e, portanto, precisa ser validada por outra técnica quantitativa que permita identificar precisamente os níveis de expressão gênica. A mais adequada delas é a PCR em tempo real, por permitir o monitoramento da fase exponencial da reação. Assim, o objetivo deste trabalho foi validar a acurácia das análises de bioinformática nas bibliotecas SAGE construídas por nosso grupo para Nelore e Murrah, utilizando PCR em tempo real. O RNA foi obtido de amostras do músculo semitendinosus de zebuínos da raça nelore e de búfalos da raça Murrah para síntese de cDNA. As reações de PCR em tempo real foram realizadas utilizando o ABI PRISM 7500 Real Time PCR System para os genes da miozenina e do canal aniônico voltagem-dependente 3 (VDAC3), usando a molécula fluorescente SYBR Green como sistema de detecção e gerando uma curva de dissociação para detecção de amplificações inespecíficas. Foi empregado o método de quantificação relativa (2-ΔΔCt) utilizando-se o gene da microglobulina como controle endógeno e a amostra bovina como calibradora. Para comparação da expressão destes genes nas duas técnicas foi realizado o teste estatístico ANOVA com auxílio do aplicativo Bioestat 5.0. Os iniciadores foram padronizados a 400nM para a miozenina e microglobulina e a 300nM para VDAC3. As eficiências de amplificação dos genes mostraram-se similares. Os valores médios de Ct para VDAC3, miozenina e microglobulina para zebuínos foram 32,36, 33,28 e 32,55 e para búfalo 37,58, 37,98 e 36,10 respectivamente. Já os valores médios de ΔCt (Ctalvo – Ctcontrole endógeno) foram de -0,19 (VDAC3) e 0,72 (miozenina) para zebuínos e 1,48 (VDAC3) e 1,88 (miozenina) para búfalos, com ΔΔCt (ΔCtalvo - ΔCtcalibrador) de 1,67 para VDAC3 e 1,15 para miozenina. Ambos os genes mostraram-se hipoexpressos nas amostras de búfalo em relação às de nelore (VDAC3: -31%; miozenina: -45%), semelhante às razões de tags da SAGE (VDAC3: -5,95 vezes; miozenina: -3,27 vezes). O valor de p no teste ANOVA foi de 0,011, considerado significante ao nível alfa de 0,05. Assim, estes dados indicam diferenças na expressão gênica destes dois genes entre estas espécies e embora haja a necessidade de ampliar a análise para um maior número de genes, de forma preliminar validam a biblioteca SAGE que os indicou como de expressão diferencial, abrindo perspectivas para outros estudos envolvendo a expressão gênica nestas espécies. Financiamento: PRONEX, FUNTEC/SECTAM, CNPq. 216 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Avaliação de marcadores do complexo MHC do genoma bovino para o mapeamento da região MHC do búfalo de rio Rodrigues filho, EA1; Stafuzza, NB1, Amaral, MEJ1 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE), Departamento de Biologia, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP [email protected] 1 Palavras-chave: búfalo de rio, mapeamento, região MHC Devido suas vantagens produtivas e reprodutivas em relação ao bovino, o búfalo de rio vem despertando o interesse dos produtores nos últimos anos como uma excelente alternativa para a produção de carne, leite e derivados. Porém, estudos envolvendo a caracterização do seu genoma encontram-se em fase inicial quando comparados aos genomas de outras espécies de interesse econômico. Uma vez que as informações sobre o genoma bubalino estão no inicio, os mapas genômicos de bovino podem potencialmente ser utilizados, por meio de tecnologias envolvendo a genômica comparativa. Estudos de hibridização in situ, evidenciaram que cromossomo 2 bubalino é o resultado de fusão cêntrica entre os cromossomos bovino 2 e 23, sendo este último o portador da região do complexo MHC bovino. Uma característica marcante do búfalo é uma maior resistência à doenças quando comparado com bovinos. O complexo MHC corresponde à região mais densa no número de genes, contendo a maioria daqueles relacionados à apresentação de antígenos às células do sistema inume. O presente trabalho teve por objetivo avaliar pares de primers para PCR de genes de classe II do complexo MHC, mapeados previamente no genoma bovino, para o mapeamento da região MHC do genoma de búfalo. Pares de primers para 35 marcadores foram avaliados, sendo que 31 produziram produtos de PCR adequado ao mapeamento da região MHC de búfalo, mostrando aproveitamento de 89% dos marcadores. Os dados obtidos são inéditos e contribuem para a criação do primeiro mapa genômico do complexo MHC bubalino, cujas informações irão auxiliar no conhecimento sobre a arquitetura genômica dessa região entre as espécies de bovídeos. Bolsa: FAPESP. 217 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Conservação de sintenia entre os cromossomos 1 e 6 de búfalo de rio com seus correspondentes nos genomas bovino e humano Stafuzza, NB; Miziara, MN; Amaral, MEJ Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE), Departamento de Biologia, Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP) [email protected] Palavras-chave: búfalo de rio, conservação de sintenia A comparação entre genomas de espécies de mamíferos vem auxiliando na busca pelos fatores genéticos que distinguem organismos evolutivamente relacionados por meio da identificação dos rearranjos cromossômicos que resultaram na evolução cariotípica e na diferenciação das espécies. Uma das estratégias utilizadas na comparação de genomas é o mapeamento comparativo que se baseia na conservação existente entre os genomas de mamíferos. A construção de mapas comparativos vem permitindo uma análise estrutural detalhada dos genomas de diferentes espécies, mostrando que organismos que se divergiram recentemente apresentam segmentos de DNA homólogos contendo genes em posições relativamente idênticas. Desse modo, o objetivo do presente estudo foi comparar mapas genômicos construídos para os cromossomos 1 e 6 de búfalo de rio com os mapas correspondentes no genoma bovino e humano, evidenciando as porções de conservação de sintenia entre esses cromossomos. As comparações entre os marcadores do cromossomo 1 de búfalo e a seqüência do genoma humano foi realizada a partir de 40 genes, os quais geraram oito blocos homólogos de sintenia, revelando segmentos correspondentes nos cromossomos humanos 3, 4, 8 e 21. Destes oito blocos, cinco apresentaram rearranjos na ordem dos genes e na orientação, dois revelaram conservação da ordem dos genes com orientação do bloco invertida, e um bloco apresentou ordem e orientação conservadas. A comparação entre o mapa do cromossomo 6 bubalino com a seqüência do genoma humano foi realizada a partir de 18 genes, revelando um bloco homólogo de sintenia correspondente ao cromossomo humano 1 com rearranjos na ordem dos genes. As comparações dos mapas de búfalo com a seqüência do genoma bovino revelou inversões dos marcadores ao longo dos cromossomos homólogos 1, 27 e 3. Pela primeira vez foi possível comparar a ordem de genes dos cromossomos 1 e 6 do genoma bubalino, corroborando a conservação de sintenia entre os cromossomos correspondentes no genoma bovino e humano, porém com ordem diferente dos genes. Bolsas: CAPES e CNPq. 218 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise da expressão gênica da miostatina em músculo esquelético de gado nelore (Bos indicus) e búfalos d’água (Bubalus bubalis) por PCR em tempo real Lima, NO; Reis, SP; Silva, A; Schneider, MPC; Gonçalves, EC Laboratório de Polimorfismo de DNA, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará [email protected] Palavras-chave: PCR em tempo real, expressão gênica, Bos indicus, Bubalus bubalis Tanto rebanhos bovinos (Bos indicus) quanto bubalinos (Bubalus bubalis) são amplamente utilizados como produtores de carne, sendo de elevada importância para a pecuária nacional. Entretanto, há grande variação na qualidade da carne, tanto entre indivíduos como entre espécies. Apesar do grande número de pesquisas buscando compreender a influência das características dos músculos nas propriedades da carne, principalmente maciez e sabor, esta variabilidade ainda não é totalmente compreendida. Considerando o componente genético, estudos envolvendo a análise da expressão de genes que atuam na formação da musculatura esquelética são de extrema relevância para o avanço nas pesquisas que visam o melhoramento genético animal e o controle de qualidade, em atendimento aos requerimentos do mercado consumidor. Neste sentido, o objetivo desta pesquisa foi comparar a expressão do gene da miostatina, um importante regulador negativo muscular, na musculatura esquelética de uma raça de bovino e uma de bubalino. Para isso, foram utilizadas duas amostras de músculo semitendinosus de bovinos da raça nelore e de búfalos da raça Murrah para extração de RNA total e síntese de cDNA. As reações de PCR em tempo real foram realizadas utilizando o ABI PRISM 7500 Real Time PCR System, usando a molécula fluorescente SYBR Green como sistema de detecção e gerando uma curva de dissociação para detecção de amplificações inespecíficas e dímeros de iniciadores. Foi empregado o método de quantificação relativa (2-ΔΔCt) utilizando-se o gene da microglobulina como controle endógeno e a amostra bovina como calibradora. Os iniciadores foram padronizados a 400 nM e as eficiências de amplificação dos genes mostraram-se similares. Não foi observada amplificação de produtos inespecíficos. Os valores de Ct da miostatina e microglobulina para bovinos foram 28,4 e 30,46 e para búfalos 31,1 e 38,8 respectivamente. Já os valores de ΔCt (Ct alvo – Ct controle endógeno) foram de -2,046 para bovinos e -7,616 para búfalos, com o ΔΔCt (ΔCt alvo – ΔCt calibrador) igual a -5,63. Assim, o gene da miostatina mostrou-se 49,52 vezes mais expresso nas amostras de búfalos do que nas de bovinos (Log 49,5 = 1,69). Embora haja a necessidade de análises de uma maior número de genes, estes dados permitiram traçar um perfil preliminar da expressão da miostatina nas espécies estudadas, fornecendo subsídios para o entendimento das bases moleculares das diferenças fenotípicas encontradas entre as espécies. Fonte financiadora: PRONEX, FUNTEC/SECTAM, CNPq. 219 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Mapeamento físico e comparativo do cromossomo 14 bubalino (Bubalus bubalis) com painel de células híbridas irradiadas Galvão, SR1; Mariani, P2; Williams, JL2; Womack, JE3; Amaral, MEJ3,4; Caetano, AR1 Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Parque Estação Biológica, Final Av. W/5 Norte, Brasília - DF 2 Parque Tecnológico Padano, Via Einstein, Polo Universitario, Lodi 26900, Itália 3 Departamento de Patobiologia Veterinária, Texas A&M University, College Station, TX 77843, EUA 4 Dept. Biologia, IBILCE, UNESP – Universidade Estadual de São Paulo, São Jose Rio Preto, SP [email protected] 1 Palavras-chave: Búfalo, Mapa RH, Mapa Físico O desenvolvimento de ferramentas genômicas e a geração de informações moleculares para o búfalo (Bubalus bubalis) ainda estão em uma fase inicial em relação a outras espécies de interesse zootécnico. Esse trabalho será de grande importância para a condução de estudos para identificação das bases genéticas e mecanismos moleculares que resultam em diferenças significativas entre bubalinos e bovinos, tanto na fisiologia quanto na qualidade e composição da carne e leite. Possibilitará também a geração de soluções inovadoras para aumentar a produtividade e saúde dos rebanhos, e também da qualidade e segurança de produtos derivados. A ferramenta genômica de última geração para construção de mapas físicos é o painel de células somáticas híbridas irradiadas (Painel RH), pois não requer a geração de famílias segregantes e permite o mapeamento de marcadores de baixo polimorfismo intraespecífico/intraracial, permitindo assim a utilização de marcadores derivados de seqüências gênicas conservadas entre espécies e úteis para mapeamento comparativo. Em uma colaboração entre o Centro de Biotecnologia Animal e Genômica da Universidade Texas A&M e o Laboratório de Genômica Comparativa do IBILCE-UNESP, foi produzido um Painel RH de Búfalo, composto de 90 linhagens celulares. Recentemente, um consócio internacional foi então estabelecido para a construção de um mapa RH bubalino de primeira geração. No presente estudo, foram testadas condições de amplificação para 79 marcadores derivados de genes do cromossomo bovino BTA13, o qual possui alto grau de sintenia com o cromossomo bubalino BBU14, conforme demonstrado em estudos citogenéticos previamente publicados. Condições ideais de amplificação foram obtidas para um total de 37 marcadores, os quais foram testados no mínimo duas vezes em todas as linhagens do Painel para minimizar a ocorrência de resultados falsos positivos ou negativos. O software Carthagene foi utilizado para analisar os dados e gerar o mapa. Marcadores com LOD dois pontos < 3 foram excluídos da análise final. O mapa produzido contém um total de 26 marcadores, com taxa de retenção média de 5,9%. O mapa RH gerado foi ancorado ao mapa citogenético bubalino e a localização dos genes mapeados em 2 mapas bovinos (RH 2ª geração e Sequência Genômica v3.1) foi utilizada para construção do mapa comparativo. O resultado obtido mostrou uma alta conservação sintênica entre os cromossomos BTA13 e BBU14, como esperado. Mais marcadores estão sendo adicionados ao mapa, o que permitirá uma melhor cobertura do cromossomo e uma análise mais robusta. Apoio financeiro: CNPq e Embrapa. 220 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Interação genótipo-ambiente em características de crescimento de bovinos da raça nelore criados nos estados de Goiás e São Paulo Guidolin, DGF1,5; Buzanskas, ME1,6, Paz, CCP2; Lôbo, RB3, Bezerra, LAF4.; Oliveira, JA1; Munari, DP1 UNESP, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Departamento de Ciências Exatas, Jaboticabal, SP 2 APTA/SAA, Ribeirão Preto, SP 3 Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), Ribeirão Preto, SP 4 Departamento de Genética, FMRP/USP, Ribeirão Preto, SP [email protected] 1 Palavra-chave: Interação genótipo-ambiente; desempenho; bovino de corte; Nelore; crescimento Em programas de avaliação genética é comum a inclusão de rebanhos oriundos de extensas áreas geográficas, onde os fatores climáticos, nutricionais e de manejo são distintos. Nessas condições, é necessário o estudo da interação genótipoambiente para avaliar as diferenças entre animais de um ambiente de produção para outro. Assim, o objetivo deste trabalho foi estudar o efeito da interação genótipo-ambiente sobre a classificação de touros da raça Nelore, nos estados de Goiás e São Paulo. Foram utilizados dados de animais participantes do Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PMGRN-Nelore Brasil), mantido pela ANCP. Utilizou-se 7588 e 6928 dados de pesos corporais aos 365 (P365) e aos 450 (P450) dias de idade, respectivamente, de animais nascidos entre os anos de 1986 a 2006. Análises preliminares, utilizando o método dos quadrados mínimos, auxiliaram na definição dos efeitos ambientais considerados no modelo de análise. Em cada estado, os animais foram distribuídos em grupos de contemporâneos (GC) que incluíram ano e estação de nascimento do animal, sexo, fazenda e lote de manejo. As estimativas de parâmetros genéticos foram realizadas pelo método da máxima verossimilhança restrita, utilizando um modelo animal uni-característica por estado, que incluiu o efeito fixo de GC e os efeitos aleatórios de animal e residual. Os touros com pelo menos oito filhos foram classificados com base nos seus valores genéticos por estado. Estimativas de correlações de Spearman entre as classificações dos touros pelo valor genético foram utilizadas para avaliar o efeito da interação genótipo-ambiente. Para esta análise foram utilizados 25 e 21 touros, presentes em ambos os estados, para P365 e P450, respectivamente. As estimativas de herdabilidade para P365 e P450 foram, respectivamente, 0,62±0,052 e 0,50±0,058 para os dados de Goiás e 0,20±0,072 e 0,14±0,07 em São Paulo. As correlações entre a classificação dos touros foram não significativas (P>0,05), indicando que houve interação genótipo-ambiente para ambas as características, o que sugere haver possibilidade de que animais selecionados pelo mérito genético superior para um estado não o serem para outro. Apoio Financeiro: Capes5 e CNPq6 (Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento Animal, FCAV/UNESP) 221 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Associação entre SNPs e maciez de carne na raça nelore Pinto LFB1; Ferraz JBS1; Balieiro JCC1; Eler JP1; Meirelles FV1; Silva SL1; Rezende FM1; Bonin MN1; Tarouco JU1; Oliveira ECM1 Departamento de Ciências Básicas – FZEA/USP [email protected] 1 Palavras-chave: Bovinos, Calpaína, Calpastatina, Desequilíbrio de ligação, Qualidade de Carne Para avaliar maciez de carne é necessário abater os animais, logo, trata-se de uma característica de difícil avaliação. Este aspecto tem implicado em incessante busca de marcadores moleculares que estejam associados a esta característica para facilitar o processo de seleção. Portanto, o presente estudo teve por objetivo testar associações entre três marcadores SNPs (CAPN4751, UOGCAST1 e WSUCALP) e maciez de carne em animais da raça Nelore. Foram utilizados dados de 468 machos não castrados, criados em pastagem até cerca de 18 meses de idade e então confinados até o abate entre 22 e 26 meses. Foram colet adas amostras do músculo Longissimus dorsi entre a 12ª e 13ª costela, as quais foram avaliadas após 7, 14 e 21 dias de maturação a 2°C. Para determinar a maciez utilizou-se o método de mensurar a força de cisalhamento com aparelho Warner Braztler Shear Force. Foi utilizado o teste razão de verossimilhança entre o modelo reduzido ij i ij Y = m + GC + e, onde ij Y é o valor fenotípico, m é a média geral, i GC é o efeito fixo de grupo de contemporâneo, e ij e é o resíduo aleatório. Para testar efeito aditivo utilizou-se o modelo completo ij i ij ij Y = m + GC + b (A) + e onde A é o efeito aditivo associado ao coeficiente ij b, enquanto para testar o efeito de dominância utilizou-se o modelo ij i j ij ij Y = m +GC + T + l (D) + e, onde D é o desvio de dominância associado ao coeficiente ij l. O marcador CAPN4751 está presente no gene da calpaína e aqui foi associado à maciez de carne nos três tempos de maturação avaliados. O genótipo C/C exigiu sempre menor força para rompimento das fibras musculares que o genótipo T/T. A freqüência do alelo C foi igual a 33,8 %, porém apenas 17 animais apresentaram o genótipo C/C. O marcador UOGCAST1 está presente no gene da calpastatina e foi associado à maciez de carne maturada com 14 e 21 dias. O genótipo C/C (observado em 189 animais) foi sempre mais favorável que o G/G para maciez e a freqüência do alelo C foi igual a 64,7%. O marcador WSUCALP também está localizado no gene da calpastatina e aqui foi associado à maciez de carne apenas na mensuração feita 14 dias post mortem. Neste caso o genótipo T/T (observado em 187 animais) foi mais favorável que o C/C e a freqüência do alelo T foi igual a 64,2 %. Apenas o CAPN4751 apresentou efeito de dominância significativo e os percentuais de variância residual explicados foram geralmente reduzidos, variando de 0,92 % até 2,40 %. Todos as associações aqui encontradas podem ser utilizadas como fonte de informação na seleção, porém ainda é necessário testar possíveis interações entre esses marcadores, para concluir sobre o verdadeiro potencial de utilização na raça Nelore. Apoio Financeiro: MERIAL e FAPESP. 222 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análises de seqüências STR na determinação do vínculo genético em animais da raça nelore Reis, RL1; Pedrosa, ER3; Souto, R4; da Cruz, AD5, Carvalhêdo, AS6; Borges, FR2 Departamento de Biologia, Núcleo de Pesquisas Replicon- Universidade Católica de Goiás- UCGárea IV Bloco L Av. Universitária, 1069, Goiânia-GO CPE: 74605-010 2 Biólogo, Doutorando - UNB, Departamento de Biologia-UCG, Lagene- SES-GO 3 Biomédico, Núcleo de Pesquisas Replicon- UCG 4 Biomédico, Lab. Genectis Center, Lagene- SES-GO 5 Doutor, Departamento de Biologia- UCG, Núcleo de Pesquisas Replicon, Lagene- SES-GO 6 Veterinário, Embriotec, Universidade Paulista- UNIP [email protected] 1 Palavras-Chave: Genetic link, STR, Tipagem Sanguínea, Nelore, PCR- multiplex O presente estudo teve como objetivo principal a análise de seqüências STR para a identificação do vínculo genético em animais da raça nelore. Realizando um comparativo entre a técnica de tipagem sanguínea e o teste através de DNA utilizando PRC-multiplex. O estudo envolveu a análise de 16 trios (Touro, Matriz, Prole) devidamente certificados pelo sistema de tipagem. A análise das seqüências foram feitas utilizando 12 marcadores dos quais 10 são os recomendados pela ISAG. (TGLA 57; TGLA 122; TGLA126; TGLA 227; BM1818; BM 2113; BM 1824; INRA 23; SPS 115; ETH 10; ETH225. Dos 16 trios analisados, 3 trios tiveram a exclusão de 6 alelos do Touro e 1 trio excluiu em 8 alelos o Touro e o outro trio em 7 alelos o Touro. A amplificação dos marcadores foram eficientes em 100% dos animais analisados. Podemos concluir que o sistema STR desenvolvido pela Empresa BIOCOD-LINHAGEN (BH), mostrouse altamente eficiente para a resolução de casos de erro na paternidade onde os métodos tradicionais como tipagem sanguínea não foi possível. Apoio financiero: PROPE/UCG. 223 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Construção de uma biblioteca genômica tipo BAC de nelore (Bos taurus indicus) de Campos, TA1; Merighe, GKF2; Amaral, MEJ3; Meirelles, FV2; Caetano, AR1 Embrapa – Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília, DF Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, USP, Pirassununga, SP 3 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, UNESP, S. J. Rio Preto, SP 1 2 Palavras-chave: Biblioteca Genômica, BAC, Nelore, Bos taurus indicus, Cromossomo artificial de bactéria Nos últimos anos, grandes avanços foram realizados em pesquisas genômicas de bovinos, principalmente de raças européias (grupo Bos taurus taurus). Apesar destas informações constituírem ferramentas úteis para o estudos genéticos, e do genoma bovino em geral, o desenvolvimento de ferramentas específicas para o estudo de raças zebuínas (Bos taurus indicus) é de grande importância,pois este grupo constitui grande parte da base genética do rebanho brasileiro. Com a finalidade de desenvolver uma ferramenta para estudos do genoma zebuíno, iniciamos a construção de uma biblioteca genômica tipo BAC (Bacterial Artificial Chromosome) de um touro Nelore. Na etapa atual de trabalho, foram estabelecidos parâmetros necessários para a obtenção de alta eficiência de clonagem de grandes insertos (100Kb – 200Kb) em vetor BAC. Para esta finalidade, o DNA de um touro Nelore POI (Puro de Origem por Importação) foi extraído a partir de plugs de agarose contendo 108 fibroblastos obtidos a partir de uma cultura celular. Após a extração, o DNA foi submetido à eletroforese de campo pulsado em gel de 1% de agarose por 20 horas em um aparelho CHEFF DR II (Biorad) para retirada do DNA mitocondrial e de outras substâncias inibidoras do processo de clonagem. Os plugs foram removidos do gel e submetidos à digestão parcial com EcoRI para a obtenção de insertos de 150-200Kb. Após a digestão, o DNA foi fracionado através de eletroforese em campo pulsado de 3 etapas: i) 2V/cm, 15s de pulso, 15 horas, 14ºC, com a corrente elétrica levando o DNA para o topo do gel; ii) mesmas condições anteriores com inversão da corrente elétrica e iii) 40 horas; 3V/cm; 0,1 – 40 segundos de pulso; 14ºC. Esta eletroforese de 3 etapas retirou pequenos fragmentos de DNA que poderiam co-migrar com fragmentos de alto peso molecular e, assim, interferir negativamente na obtenção de clones portadores de grandes insertos. A região do gel contendo 150- 200Kb foi excisada do gel, e os fragmentos foram extraídos do gel. Após a obtenção dos insertos, foram realizadas a ligação ao vetor PCC1 BAC e a transformação em Escherichia coli EPI 300 (Epicentre). Diferentes concentrações de inserto e vetor na reação de ligação, além de diferentes condições de eletroporação foram testadas para obtenção da maior eficiência de clonagem. A maior eficiência de clonagem obtida foi de 1000 clones/2µL de reação de ligação, com condições que serão utilizadas para a finalização da biblioteca genômica tipo BAC de B. taurus indicus com cobertura de 5X do genoma do animal (aproximadamente 100mil clones). Fontes de financiamento: CNPq, Embrapa. 224 54º Congresso Brasileiro de Genética 225 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Parâmetros genéticos e fenotípicos de produtividade acumulada e intervalo entre partos em bovinos da raça nelore Grossi, DA1; Berton, MP2; Venturini, GC3; Paz, CCP4; Bezerra, LAF5; Lôbo, RB6; Munari, DP7 Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento Animal, Curso de Doutorado, FCAV/UNESP, Bolsista FAPESP 2 Acadêmica do Curso de Zootecnia, FCAV/UNESP, Bolsista FAPESP 3 Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento Animal, Curso de Mestrado, FCAV/UNESP, Bolsista CNPq 4 APTA/SAA – Ribeirão Preto/SP 5 Departamento de Genética, FMRP/USP 6 ANCP- Ribeirão Preto/SP 7 Departamento de Ciências Exatas, FCAV/UNESP [email protected] 1 Palavras-Chave: bovinos de corte, características reprodutivas, herdabilidade, intervalo de partos Foram analisados dados de 5724 fêmeas da raça Nelore nascidas de 1973 a 2002, pertencentes a 22 fazendas do estado de São Paulo, participantes do Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PMGRN/Nelore Brasil). O objetivo foi avaliar a associação genética entre produtividade acumulada (PAC) e primeiro e segundo intervalo entre partos (IEP1 e IEP2, respectivamente), visando propor subsídios para seleção de bovinos de corte. Todas as fêmeas consideradas continham dados de PAC e IEP1. Na estruturação dos dados, foram excluídas fêmeas que não possuíam pai e mãe conhecidos, número de fazenda atual ou data de nascimento e observações de qualquer dos intervalos entre partos que estivessem abaixo de 330 e acima de 750 dias. Análises pelo método dos quadrados mínimos auxiliaram na definição dos efeitos ambientais considerados nas análises dos componentes de variância. Assim, o grupo de contemporâneos (GC) de PAC foi formado por animais da mesma fazenda, nascidos no mesmo ano e estação e os GC de IEP1 e IEP2 foram compostos por animais da mesma fazenda atual e nascidos no mesmo ano. Foram excluídos dos arquivos os GC com menos de quatro observações por característica e pais com menos de três filhos em cada variável. O arquivo final resultou em 2641, 2642 e 1437 animais com observações de PAC, IEP1 e IEP2, com médias de 146,0±28,1 kg, 474,6±113,5 dias e 449,9±110,6 dias, respectivamente. Utilizou-se o método de máxima verossimilhança restrita (REML) sob modelo animal para estimar parâmetros genéticos, fenotípicos e ambientais em análises bi-característica de PAC com IEP1 e IEP2. Os modelos incluíram efeitos aleatórios aditivo direto e residual. No modelo para PAC, foram considerados os efeitos fixos de GC e o peso do animal à desmama como co-variável linear de primeiro grau e no modelo de IEP1 e IEP2, o efeito fixo de GC e de estação de nascimento do parto anterior e do parto atual. As estimativas de herdabilidade para PAC, IEP1 e IEP2 foram de 0,12 (média), 0,02 e 0,02, respectivamente. Essas estimativas indicaram que a PAC possui variabilidade genética aditiva suficiente para incluí-la nos programas de avaliação genética e que o IEP1 e IEP2 não respondem a seleção. As correlações genéticas de PAC com IEP1, IEP2 foram -0,17 e -0,30 respectivamente. Portanto, a seleção para PAC poderá ocasionar mudanças favoráveis em IEP1 e IEP2. 54º Congresso Brasileiro de Genética 226 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Parâmetros genéticos de características corporais associadas ao rendimento de cortes comerciais na raça nelore Tarouco, JU1; Silva, SL1; Pinto, LFB1; Ferraz, JBS1; Balieiro, JCC1; Eler, JP1; Oliveira, ECM1; Leme, PR1 Departamento de Ciências Básicas – FZEA/USP [email protected] 1 Palavras-chave: Bovinos, Carne, Correlação, Gordura, Porção Comestível A determinação do rendimento da porção comestível (PERPC) da carcaça de bovinos de corte é de grande importância para produtores, industria e retalhistas. Essa característica pode ser estimada utilizando equações de predição, onde a área de olho de lombo (AOLU), espessura de gordura subcutânea (EGSU) e espessura de gordura na picanha (EGPU), avaliadas no animal vivo utilizando aparelho de ultra-som, aliadas ao peso vivo (PV550) são utilizados como fonte de informação. Entretanto, pouco se sabe sobre as correlações genéticas entre as diferentes características, bem como os coeficientes de herdabilidade, o que dificulta sua utilização em programas de melhoramento no Brasil. Portanto, o objetivo do presente estudo foi estimar os coeficientes de herdabilidade e as correlações genéticas para AOLU, EGSU, EGPU, PV550 e PERPC. Foram utilizados dados de 2620 tourinhos Nelore com média de idade de 547,0 ± 47,5 dias e peso médio de 404,5 ± 50,7 kg. A PERPC foi estimada com a equação PERPC = Ø ,057 - (0,006 ) + 0,072AOLU - (0,076EGSU - 0,192EGPU). O grupo de contemporâneo (GC) foi composto considerando-se a fazenda, ano de nascimento e grupo de manejo ao sobreano, avaliado por mesmo técnico e equipamento. Grupos com progênies de apenas um touro, menos que cinco registros por touro ou com nenhuma variabilidade foram excluídos do banco de dados. Para determinação dos efeitos (variâncias) genéticos e ambientais foram realizadas análises bi-variadas utilizando o peso aos 550 dias como característica âncora. A convergência foi assumida quando a variância do simplex atingiu 1 x 10-9 para cada análise e sem alteração nos seis primeiros decimais da função de verossimilhança, em duas fases seguidas do processo iterativo. Os componentes de variância e os parâmetros genéticos foram estimados pelo método da Máxima Verosimilhança Restrita livre de derivadas (DFREML), com o software MTDFREML, utilizando um modelo que incluiu os efeitos fixos de grupo de contemporâneos (classe) e idade como (covariável) e os efeitos aleatórios de animal e de resíduo. PV550, AOLU, EGSU, EFPU, PERPC apresentaram herdabilidades iguais a 0,41, 0,43, 0,38, 0,40, 0,36 e 0,47, respectivamente. Estes resultados indicam que há um substancial efeito genético aditivo e que o progresso genético dessas características pode ser obtido através da seleção. O fato desses coeficientes de herdabilidade serem superiores aos normalmente observados na literatura pode ser explicado pelo fato de não ter havido pressão de seleção direta para essas características nos animais avaliados neste trabalho. A PERPC apresentou correlação genética baixa e negativa com PV550 (-0,10), porém de alta magnitude com AOLU (0,70), EGSU (-0,71) e EGPU (-0,75), logo, a seleção para aumento do percentual de porção comestível implicará, principalmente, na redução de gordura na carcaça. Este fato merece atenção, pois na raça Nelore os percentuais de gordura já são reduzidos. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Perfil da expressão do gene forebrain embryonic zinc finger-like em células do leite de vacas da raça Gir Leiteiro hígidas e com mastite Antunes, GR1*; Vasconcellos, RS2; Fonseca, I3; Carvalho, GC2; Guimarães, MFM3; Guimarães, SEF4 Universidade Federal de Juiz de Fora Universidade Presidente Antônio Carlos - Juiz de Fora 3 Embrapa Gado de Leite 4 Universidade Federal de Viçosa [email protected] 1 2 Palavras-chave: expressão diferencial, FEZL, resposta imune, PCR em tempo real, melhoramento animal A raça Gir Leiteiro (Bos indicus) é considerada uma das raças mais recomendadas para a produção de leite em áreas tropicais principalmente pela capacidade de adaptação ao clima e por apresentar maior rusticidade que as raças de clima temperado. Desta forma, as raças zebuínas e seus cruzamentos assumiram posição de destaque na composição do rebanho bovino efetivo nacional, representando cerca de 80% deste (Ferreira et al., 2007). A mastite bovina é a doença que mais se destaca dentre as doenças infecto-contagiosas na produção animal, sendo de grande importância econômica por conta da diminuição da qualidade e quantidade de leite, descarte da produção, custos com tratamento e até mesmo morte do animal. A doença é caracterizada pela resposta inflamatória da glândula mamária causada por mudanças metabólicas e fisiológicas, traumas, ou, mais freqüentemente, por patógenos contagiosos ou ambientais (Baizabal et al, 2006). A resposta de resistência à mastite é complexa e os genes envolvidos na resposta imune têm sido apontados como fortes candidatos à resistência (Alluwaimi et al., 2003). A partir de dados de correlação genética, mapeamento fino, seqüenciamento e expressão gênica, identificou-se o gene FEZL (forebrain embryonic zinc-finger-like) como candidato ao fenótipo de resistência/susceptibilidade, sendo a expressão deste maior em vacas com mastite do que em vacas hígidas (Sugimoto et al., 2006). Com isto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil de expressão do gene FEZL em células do leite de vacas da raça Gir Leiteiro por meio da técnica de PCR quantitativo em tempo real (qPCR). Foram coletadas amostras de leite de seis animais, sendo três com mastite e três sem mastite. O RNA total extraído a partir de células presentes no leite de cada animal foi utilizado na confecção da primeira fita de cDNA e as reações de qPCR foram realizadas usando-se o gene rRNA 18S como controle endógeno. Os dados gerados foram analisados pelo software REST© (Pfaffl et al, 2002). A expressão do gene FEZL foi 18,65 vezes maior nas vacas com mastite em comparação às vacas hígidas (p<0,001), corroborando os resultados obtidos por Sugimoto et al. (2006). Este resultado sugere que este gene tem um papel importante nos mecanismos de resistência à mastite bovina, podendo ser um candidato para estudos que tenham como objetivo o isolamento de genes de resistência à mastite, para ser usado em programas de melhoramento animal assistido por marcadores. Apoio Financeiro: Fapemig. 227 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Identificação de novos alelos microssatélites na raça Gir Azevedo, ALS1,2; Gomez, AL1,2; Gasparini, K1; Campos, AL1; Domingues, R1; Vieira TR1; Mendonça, PRF1; Guimarães, SEF 2; Peixoto, MGCD1; Verneque, RS1; Regitano, LCA3; Machado, MA1 1 Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. 3Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, São Paulo [email protected] 2 Palavras-chave: marcadores moleculares; SSR, bovino; Bos indicus Estudos arqueológicos e de miDNA comprovam que os bovinos taurinos e zebuínos foram domesticados em duas regiões distintas e divergiram há mais de 610.000 anos. É possível verificar, como conseqüência desse processo, grandes diferenças entre estas subespécies, tanto para características fenotípicas como adaptação ao ambiente tropical e também a nível genômico. O grande avanço das técnicas moleculares nos últimos anos possibilitou identificar e catalogar essa grande diversidade genômica existente entre taurinos e zebuínos, por meio da formação de bancos de dados com informação de diversos tipos de marcadores e sequências de DNA. O USDA (United States Department of Agriculture) disponibiliza um mapa de ligação bovino altamente saturado com informações sobre os marcadores (número de alelos, tamanho dos alelos e heterozigosidade). Esse mapa baseia-se em trabalhos que utilizaram diferentes raças de bovinos, na grande maioria taurinas (Gelbvieh, Simmental, Piedmontese, Longhorn, Hereford, Angus) sendo que apenas duas raças zebuínas foram utilizadas (Brahman, Nellore). Dada a grande diferença existente entre essas duas subespécies, espera-se encontrar características distintas para esses marcadores em rebanhos zebuínos, já que poucos animais foram avaliados para a formação do mapa de referência do USDA. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi identificar, na raça Gir, novos alelos para marcadores moleculares localizados em toda extensão do genoma bovino. Para isso, foram utilizadas 27 fêmeas Gir que foram genotipadas com 142 marcadores microssatélites. As amostras foram amplificadas pela técnica de PCR, e os produtos foram detectados por eletroforese capilar no equipamento MegaBACE 1000. Foi calculado, para cada um dos marcadores, a heterozigosidade esperada (HE) e conteúdo de informação polimórfica (PIC). Os valores médios de HE (0,69), de PIC (0,63) e do número de alelos (6) podem ser considerados altos, demonstrando que esses marcadores são altamente informativos mesmos dentro de pequenas populações. O marcador IOBT959 foi o que apresentou os maiores valores para HE (0,87), PIC (0,90) e número de alelos (14). Apenas 28 marcadores (20%), apresentaram PIC inferior a 0,5, indicando que a maioria dos marcadores são altamente polimórficos. Foi possível identificar 40 novos alelos que apresentavam tamanho em pares de base fora da faixa indicada no mapa de referência do USDA. Foram encontrados alelos bem distantes do tamanho máximo pré-determinado para os marcadores DIK553 (60 pb) e MNB88 (42pb). Os demais alelos identificados estavam, em média, a 8 pares de bases do tamanho esperado. A identificação de novos alelos dentro de uma população de animais zebuínos reforça a necessidade de um maior conhecimento molecular para essas raças, uma vez que o rebanho bovino brasileiro é constituído, na sua maioria, por raças zebuínas. A escassez de conhecimento a respeito dessa diversidade genômica pode comprometer, ou reduzir a confiabilidade, na utilização de marcadores para seleção assistida por marcadores e também na realização de testes de paternidade. Apoio financeiro: FAPEMIG/CNPq/Embrapa Gado de Leite. 228 54º Congresso Brasileiro de Genética 229 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise das freqüências alélicas e genotípicas do polimorfismo LEP/Kpn2I em bovinos de corte Moura, WC1; Siqueira, F2; Torres Junior, RAA2; Regitano, LCA3; Alencar, MM4; Silva, LOC2;Feijó,GLD2; Carvalho, TD2; Machado, COF5 Ciências Biológicas, Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal, Campo Grande/MS 2 Melhoramento Genético Animal, Embrapa Gado de Corte, Campo Grande/MS 3 Genética Molecular Animal, Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos/SP 4 Melhoramento Genético Animal, Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos/SP 5 Ciências Biológicas, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campo Grande/MS [email protected] 1 Palavras-chave: bovinos, melhoramento genético, seleção assistida por marcadores, leptina, freqüências alélicas Embora seja o maior exportador de carne bovina no mundo, o Brasil não detém o maior faturamento, já que não exporta para os mercados de maior valor agregado, pois, além das questões sanitárias a carne brasileira não é considerada de boa qualidade. A maciez da carne, o grau de marmoreio, a cobertura de gordura da carcaça e a área do músculo Longissimus dorsi são fatores relevantes na procura por qualidade e padronização. Em razão das várias raças disponíveis, diversas estratégias podem ser usadas no sentido de adequar tipo de animal e ambiente para aumentar a produtividade e melhorar a qualidade da carne. Uma delas é a utilização de cruzamentos Bos taurus e Bos indicus, resultando em animais produtores de carne de boa qualidade em ambientes tropicais, como conseqüência da heterose, da complementaridade e do efeito aditivo das raças. Com o rápido avanço dos estudos de fisiologia e de genômica, alguns dos fatores moleculares envolvidos na fisiologia dessas características se tornaram conhecidos e, a partir disso, marcadores moleculares puderam ser identificados. Até o momento, vários genes foram identificados como possíveis responsáveis pela qualidade de carcaça e de carne em bovinos, como os genes: DGAT1, FABP3, GH1, LEP, TG, CAST e CAPN. A proteína leptina, codificada pelo gene LEP, está associada com diversas características de interesse econômico, como capacidade de ingestão alimentar, produção de leite e deposição de gordura na carcaça. Dados da literatura mostram que uma transição C/T (arginina/cisteína) localizada no éxon 2 está estreitamente relacionada com deposição de gordura na carcaça. Neste trabalho, foram avaliadas as diferenças de freqüências alélicas e genotípicas do polimorfismo LEP/Kpn2I entre raças taurinas adaptadas (Bonsmara, Caracu e Senepol) e delas com a raça Nelore (zebuína) e Angus (taurina não adaptada) em 124 touros escolhidos em centrais de inseminação e com o menor grau de parentesco possível. A genotipagem foi realizada por PCR-RFLP e as freqüências alélicas e genotípicas foram comparadas utilizando o teste de Qui-quadrado. O alelo favorável para deposição de gordura foi designado de T e o alelo desfavorável de C. As freqüências alélicas variaram entre as raças, sendo que dos 26 touros Nelore avaliados apenas dois apresentaram o alelo T (3,9%). Esse alelo também está presente nas raças taurinas adaptadas (Bonsmara 58,0%, Caracu 62,0%, Senepol 43,5%), assim como na raça Angus (62,0%). Dessa forma, esse marcador poderá ser viável na seleção de animais taurinos, adaptados ou não, já que a freqüência de média a alta observada na população em estudo permite que esse teste seja aplicado, desde que confirmada a associação desse alelo com a característica. Essas informações poderão contribuir para o melhoramento genético de bovinos de corte e para a seleção de animais com potencial para produção de carne de maior qualidade. Apoio Financeiro: EMBRAPA e FUNDECT. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Associação dos polimorfismos nos loci da κ-caseína e da β-lactoglobulina com parâmetros da produção leiteira na raça Guzerá melhorada para leite Carvalho, MRS1; Steinberg, RS1; Machado, MA2; Verneque, RS2; Teodoro, RL2; Sandes, SHC1; Peixoto, MGCD2 Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas - UFMG 2 Embrapa Gado de Leite - Juiz de Fora [email protected] 1 Palavras–chave: seleção assistida por marcadores, κ-caseína, β-lactoglobulina, Zebu, núcleo MOET Polimorfismos nos genes da κ-caseína e β-lactoglobulina foram descritos influenciando a variação em parâmetros de produção de leite. O alelo B da κ-caseína é associado a aumentos na quantidade e na concentração de proteína no leite, e no rendimento da produção de queijo. O alelo A da β-lactoglobulina está associado a aumentos na produção de leite, no teor de proteína e redução na concentração de caseína enquanto o alelo B está associado a aumentos na quantidade de caseínas e no rendimento da produção de queijo. Neste trabalho foram genotipados animais pertencentes ao núcleo MOET Guzerá de seleção para leite com o intuito de validar a associação desses polimorfismos com traços de produção leiteira. Em 169 animais genotipados, foi encontrado o alelo B na freqüência de 0,15, para a κ-caseína, e 0,80, para a β-lactoglobulina. A análise de variância utilizou dados de famílias de irmãos completos e meio-irmãos dos reprodutores do núcleo MOET, sob modelo de substituição gênica. Os resultados sugerem a associação do polimorfismo da κ-caseína com os valores genéticos para produção de leite, gordura e proteína, com efeito superior do genótipo AA sobre o AB (p<0,0001). Não foi detectada associação do polimorfismo da β-lactoglobulina com os valores genéticos para as características estudadas. Orgão financiador: FAPEMIG, CNPQ, PRODETAB, PRONEX. 230 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Identificação de SNPs no gene DDEF1 bovino Veneroni, GB1; Meirelles, SL2; Gouveia, JJS1; Santiago, AC3; Oliveira, HN4; Alencar, MM5; Regitano, LCA5 Programa de pós graduação em Genética e Evolução – UFSCAR Departamento de Genética e Melhoramento Animal - UNESP Jaboticabal/SP 3 Graduanda em Ciências Biológicas, UNICEP 4 Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal - UNESP Botucatu/SP 5 Embrapa Pecuária Sudeste - São Carlos/SP [email protected] 1 2 Palavras-chave: SNP, gene DDEF1, raça Canchim, espessura de gordura, marcador molecular A raça Canchim foi criada objetivando a produção de carne de melhor qualidade nas condições brasileiras e, tem sido muito utilizada em cruzamentos. Padrões específicos de algumas características da carcaça como, por exemplo, de espessura de gordura, contribuem para a manutenção da qualidade da carne. A raça Canchim produz carcaças com espessura de gordura inferior ao desejável pelo mercado, necessitando assim de estudos que visem auxiliar o melhoramento dessa característica. Os marcadores moleculares surgem nesse contexto como uma possibilidade de auxiliar o melhoramento tradicional. O BTA14 possui relatos de QTLs para espessura de gordura, motivando o estudo de genes candidatos a influenciar a deposição de gordura nessa região do genoma dos bovinos. Um dos genes encontrados nessa região e que foi relacionado à adipogênese é o DDEF1. Este trabalho teve por objetivos a identificação de polimorfismos em parte do domínio P H centaurina do gene DDEF1. Foram calculados os valorers genéticos de 113 touros, pais de uma população de meio-irmãos constituída de 1193 animais. Procedeu-se a escolhida de 6 touros com maior valor genético e maior acurácia e 6 touros com menor valor genético e maior acurácia. O DNA desses 12 touros foi utilizado em reações de sequenciamento do domínio P H centaurina do gene DDEF1, que foi dividido em 5 amplicons devido ao grande distanciamento dos exons codificadores desse domínio. No entanto, até o momento apenas as análises de 3 desses amplicons foram finalizadas. Os sequenciamentos foram realizados em um seqüenciador ABI Prism 3100 Avant (Applied Biosystems). Os eletroferogramas gerados pelo seqüenciador foram submetidos ao programa de base calling Phred. Em seguida tais seqüências foram submetidas ao programa de montagem Phrap. A visualização das seqüências geradas foi realizada através do programa Consed, onde foi possível a observação dos SNPs. Esta metodologia permitiu identificação de polimorfismos somente em indivíduos heterozigotos para o SNP. Para identificação de polimorfismos entre indivíduos homozigotos submeteu-se as seqüências consenso ao programa CLUSTAL W. Foram identificados 10 polimorfismos no amplicon RP1, 8 no RP2 e 9 no RP3. As seqüências consenso obtidas foram comparadas as depositadas no banco de SNPs do NCBI (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/SNP/snp_blastByOrg.cgi). Tendo-se verificado que os polimorfismos identificados nesse trabalho não estão depositados naquele banco de dados. Apoio financeiro: Embrapa, CNPq, FAPESP. 231 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Varredura dos cromossomos 24 e 29 em uma população F2 de bovinos (Gir x Holandês) no mapeamento de QTL para resistência a parasitas e características de crescimento Cervini, M1; Machado, MA3; Verneque, RS3; Teodoro, RL3; Campos, AL3; Regitano, LCA2 Universidade Federal de São Carlos Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP, Brasil 3 Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG, Brasil [email protected] 1 2 Palavras-chave: QTL, carrapato, mapeamento, bovino, melhoramento A utilização de metodologias moleculares no melhoramento animal apresenta grande potencial para incrementar o ganho na seleção de várias características de valor comercial no rebanho mundial. Esse conhecimento pode ser aplicado, tanto no manejo adequado de cruzamentos de animais quanto na seleção. A identificação de regiões do DNA que controlam uma parte da variação de características quantitativas (QTL, Quantitative Trait Loci) que possuam interesse econômico é uma etapa importante para o desenvolvimento de estratégias de seleção assistida por marcadores. Dentre esses fenótipos de variação quantitativa, podemos apontar: características de crescimento, medidas por meio do peso corporal, e a resistência à parasitas, como o carrapato (Rhipicephalus (Boophilus) microplus), o qual é responsável, direta ou indiretamente, por perdas anuais que giram em torno de 1 bilhão de dólares só no Brasil. A identificação de QTLs para características de crescimento e resistência ao carrapato poderá auxiliar em estudos posteriores de identificação de marcadores moleculares em gene(s) específico(s), os quais poderão ser informativos na identificação de animais com maior valor genético para essas características. Dessa forma, esse trabalho tem como objetivo mapear QTLs para características de crescimento e resistência a carrapatos nos cromossomos 24 e 29, utilizando marcadores do tipo microssatélites em uma população F2 Gir x Holandês. Os valores fenotípicos de contagem de carrapato e medidas de peso ao nascimento, peso a desmama, peso aos 180 dias e peso aos 365 dias foram coletados em 370 animais F2. Os genótipos para 12 marcadores, cobrindo os cromossomos 24 e 29, foram determinados para as três gerações. O mapeamento de possíveis QTLs está sendo realizado por análise de intervalos com o auxílio dos softwares CRI-MAP e QTL Express. Apoio financeiro: Prodetab Embrapa. 232 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise de transcritos relacionados ao processo de cavitação em embriões bovinos da raça Gir produzidos in vivo e in vitro Wohlres-Viana, S1; Boité, MC2; Viana, JHM3; Machado, MA1,3; Camargo, LSA3 Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG 2 Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ 3 Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG [email protected] 1 Palavras-chave: Blastocisto, Criopreservação, RT-PCR, Expressão gênica, Blastocele A maioria do gado brasileiro é de origem zebuína e apresenta um melhor desempenho reprodutivo do que gado taurino em ambiente tropical, provavelmente pela adaptação evolutiva desta subespécie. Biotecnologias reprodutivas, como a transferência de embriões (TE) e produção in vitro (PIV) de embriões, têm sido utilizadas nestas raças visando a multiplicação dos animais de elevado valor comercial. Apesar da ampla adoção destas biotecnologias, existem diferenças entre embriões produzidos in vitro (PIV) e in vivo (TE) que envolvem aspectos morfológicos e genéticos. Diversos transcritos de RNAm podem estar envolvidos no desenvolvimento pré-implantação, com influência na qualidade embrionária. O objetivo deste trabalho foi avaliar a expressão dos transcritos para AQP3 (aquaporina 3) e ATPase-α1 (Na/K-ATPase alfa 1) em blastocistos produzidos in vivo e in vitro a partir de animais zebuínos da raça Gir. Uma vez que estes genes têm sido relacionados com o processo de cavitação e formação da blastocele, podem implicar em diferenças na viabilidade pós-criopreservação observada entre embriões de TE e PIV. Foram utilizados 15 blastocistos, divididos em três pools para extração do RNA, para cada grupo (in vivo e in vitro). Após a extração, foi realizada a amplificação do RNA e a transcrição reversa. O cDNA obtido foi submetido a PCR em Tempo-Real (RT-PCR), utilizando o gene H2a como controle endógeno, para a subsequente análise da expressão pelo software REST®. A quantificação relativa dos genes AQP3 (0,81 ± 0,31) e ATPase-α1 (1,20 ± 0,65) nos grupos in vitro em relação aos grupos in vivo não apresentou diferença significativa (P>0,05). Com base nestes resultados podemos concluir que estes genes não apresentam variações em sua expressão cuja magnitude seja suficiente para explicar as diferenças encontradas nas taxas sobrevivência póscriopreservação, sendo necessária a análise de outros transcritos para identificar as possíveis fontes de variação. Apoio financeiro: CNPq, Fapemig. 233 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Clonagem e expressão dos hormônios ovarianos GDF-9 e BMP-15 de bovino em E. coli para produção de anticorpos policlonais em coelhos Dias, LO¹,²; Franco, MM¹; Melo, EO¹ ¹Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia ²UnB – Universidade de Brasília [email protected] Palavras-chave: GDF-9, BMP-15 O desenvolvimento folicular e a taxa de ovulação são determinados por uma complexa troca de sinais endócrinos, parácrinos e autócrinos envolvendo o ovócito e as células somáticas adjacentes. Dentre os fatores secretados pelo ovócito, com efeito parácrino sobre as células somáticas do folículo, podemos destacar os hormônios GDF-9 (“Growth Differentiantion Factor-9”) e BMP-15 (“Bone Morphogenetic Protein-15”). Nesse trabalho foram gerados anticorpos policlonais contra regiões específicas das proteínas GDF-9 e BMP-15 que serão usados como ferramentas para estudar a expressão e as funções desses hormônios em várias fases do desenvolvimento folicular. Foi escolhida uma região não conservada entre os pré-peptídeos dos genes do GDF-9 e BMP-15 a fim de se evitar a possibilidade de reação cruzada dos anticorpos contra os peptídeos maduros e a não expressão da pré-pro-proteína devido à questões de códon-usage. Para a clonagem das seqüências dos genes de bovino, ovócitos de ovários obtidos em abatedouros foram submetidos à extração de RNA total com o reagente Trizol (Invitrogen). A partir do RNA total foram sintetizados os cDNAs por meio da enzima transcriptase reversa (Superscript II – Invitrogen). Os cDNAs foram usados como molde para amplificação, por PCR, das seqüências específicas. Os fragmentos amplificados foram clonados no vetor pGEMTeasy (Promega) e posteriormente no vetor pET21 (Novagen) para expressão em bactérias E. coli da cepa BL21. Todas as construções foram confirmadas quanto a sua integridade, e fase de leitura por sequenciamento. A expressão das proteínas foi induzida em culturas em fase de crescimento com 0,5mM de IPTG (Sigma) por 1, 2, 3 e 4 horas a 300C, sob agitação vigorosa, e analisadas por eletroforese em géis de poliacrilamida 12%. As culturas com bons índices de indução foram usadas para produzir extratos utilizados na purificação das proteínas de interesse por meio de cromatografia de afinidade, usando colunas de Níquel (Amersham). As proteínas purificadas foram usadas para imunização de coelhos com inoculação subcutânea utilizando de 100 a 150µg de amostra, em três doses com intervalo de 3 semanas entre as doses. As inoculações foram feitas com adjuvante de Freund completo (primeira dose) e incompleto (segunda e terceira doses). Após as imunizações, 10 ml de sangue foram coletados para se isolar o soro e medir a titulação em ensaios de Westhern-blot usando as proteínas como antígenos nas imunizações. Orgão financiador: CNPq. 234 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise da expressão do gene SEMA5A em gado holandês com mastite Vasconcellos, RS1; Antunes, GR2; Fonseca, I3; Silva, PV4; Guimarães, MFM3*; Guimarães, SEF4 Univesidade Presidente Antônio Carlos - Juiz de Fora 2 Universidade Federal de Juiz de Fora 3 Embrapa Gado de Leite 4 Universidade Federal de Viçosa *[email protected] 1 Palavras-chave: PCR em Tempo Real, expressão gênica, resposta imune A mastite é a principal doença em gado de leite, caracteriza-se pela resposta inflamatória da glândula mamária a agentes infecciosos, alterando sua fisiologia e metabolismo. Esta doença promove grandes perdas na produção leiteira devido a alterações na composição do leite e prejuízos na saúde do animal, aumentando assim os custos de produção. Com o objetivo de compreender melhor os mecanismos de resposta imune envolvidos no fenótipo de resistência/susceptibilidade à mastite, foi realizada a quantificação da expressão relativa do gene SEMA5A (Semaphorin 5A) em animais com e sem mastite da raça Holandesa preta e branca (PB). A proteína SEMA5A pertence à família das semaforinas que exercem funções no desenvolvimento neuronal. Estudos mostram que o gene SEMA5A está relacionado com a resposta imune do hospedeiro por induzir a expressão de TNF-α e IL-8, dentre outras citocinas (Sugimoto et al, 2006). Para esta investigação foi utilizada a técnica de PCR quantitativo em tempo real. Seis animais da raça Holandesa PB, puros de origem, provenientes de uma fazenda localizada no município de Coimbra (MG) foram analisados, sendo três sem mastite clínica (controle) e três com mastite clínica. As amostras de leite das vacas com mastite clínica foram coletadas imediatamente após o aparecimento dos sinais clínicos, portanto não houve infecção artificial. O RNA total foi extraído a partir de células somáticas presentes nas amostras de leite e utilizado como molde para a síntese da primeira fita de cDNA. Os animais com mastite foram comparados com o grupo controle e as análises estatísticas foram realizadas pelo programa REST© (Pfaffl et al, 2002). Utilizou-se como controle endógeno o rRNA18S sendo a eficiência de amplificação do gene alvo e do controle endógeno próximas (1,86 e 1,80, respectivamente). A taxa de expressão do gene SEMA5A foi 11,22 vezes menor nos animais com mastite em comparação ao grupo controle (p<0,001). Espera-se que a expressão do SEMA5A seja maior em animais com mastite por ativar a expressão de genes da resposta imune, fato que não foi observado neste trabalho. Sugimoto et al (2006), demonstraram que um SNP no gene FEZL (forebrain embrionic zinc finger-like) pode ser responsável pela suscetibilidade e resistência à mastite. Constataram também que a proteína FEZL liga-se à região promotora do gene SEMA5A, ativando a sua expressão, sendo a intensidade desta ativação dependente deste SNP. Desta forma é interessante realizar uma análise de SNP do gene FEZL nestes animais para verificar se a baixa taxa de expressão do SEMA5A nos animais com mastite foi devido ao SNP deste gene. Apoio financeiro: FAPEMIG. 235 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise da proporção sexual de embriões bovinos desenvolvidos in vitro: influência do touro Elias, FP1; Vila, RA1; Galerani, MAV1; Lôbo, RB1 Departamento de Genética - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP [email protected] 1 Palavras–chave: embrião, sexagem Embriões produzidos in vitro, na maioria das espécies, dividem – se já nos primeiros dias de desenvolvimento em dois grupos definidos: clivagem rápida e clivagem lenta, dos quais há predominância de machos e fêmeas, respectivamente. Assim, o desvio sexual é um fator de estreita ligação com a cinética de desenvolvimento. Uma vez já comprovado o efeito do touro na cinética e taxa de desenvolvimento de blastocistos, é suposto que o sêmen de diferentes touros pode interferir no desvio da proporção sexual dos embriões in vitro. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a proporção macho:fêmea de blastocistos produzidos de 18 touros do Programa de Melhoramento Genético Nelore Brasil. Para a realização do protocolo de Fertilização in vitro (FIV), os oócitos selecionados foram coletados de ovários provenientes de matadouro e permaneceram em meio de maturação por 24 h a 38,5 oC e 5% CO2 em atmosfera. Os espermatozóides viáveis foram obtidos por centrifugação do sêmen dos touros em Gradiente de Percoll e utilizados para a fecundação in vitro com concentração de 2 x 106 células/ml em meio de fecundação. Após 12 horas, os supostos zigotos foram transferidos para meio de cultivo em co-cultivo com células do cumulus. Após 168h da fecundação in vitro foi feita a classificação dos embriões viáveis em estágio de blastocisto. A sexagem dos blastocistos foi realizada por meio de Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) com a utilização de uma sequência Y-específica e de uma sequência autossômica bovina e a visualização dos fragmentos feita em gel de agarose. A análise estatística por meio do teste de Qui-Quadrado dos resultados obtidos mostrou que a proporção macho:fêmea variou conforme o touro utilizado (p<0,05), de modo que cinco touros apresentaram desenvolvimento superior de blastocistos fêmeas (entre 52,7% e 62,2%) em relação aos machos, enquanto que em 12 touros o desenvolvimento de blastocistos machos foi superior (entre 52,9% e 61,9%) ao de fêmeas e apenas 1 touro apresentou igual proporção de desenvolvimento entre blastocistos fêmeas e machos. Os resultados apresentados são de grande interesse, pois permitem por meio da sexagem de embriões no estágio de blastocisto obter conhecimento a respeito da cinética de desenvolvimento dos touros. Além disso, verificou-se que a proporção sexual de embriões desenvolvidos in vitro pode ser maior para machos ou fêmeas de acordo com o touro utilizado para a produção in vitro de embriões. Agradecimentos: FAEPA, CNPq e ANCP. 236 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Polimorfismo no Exon 2 do gene leptina pela técnica de PCR/RFLP em bovinos Lara, MAC1; Fiorini, LC1; Resende, FD2; Siqueira, GR2; Faria, MH2; Signoretti, RD2; Machado, JPM3 1 Instituto de Zootecnia, APTA, Nova Odessa, SP Pólo Regional da Alta Mogiana, APTA, Colina, SP 3 Universidade Federal de Pelotas, RS [email protected] 2 Palavras-Chave: Marcador molecular, Qualidade de carne, Bos taurus taurus, Bos taurus indicus,Marmorização A crescente demanda do mercado consumidor por carne de qualidade, principalmente em relação à maciez e à palatibilidade, tem incentivado o desenvolvimento de marcadores genéticos que permitam identificar e selecionar animais de genótipos superiores para essas características. A leptina por controlar a deposição de gordura subcutânea e intramuscular (marmorização), que afeta a terminação do animal para o peso de abate e a palatabilidade da carne tem sido muito estudada. Alguns SNPs foram identificados no exon 2 (LEP2), dentre eles: o SNP252, que provoca a substituição do nucleotídeo A por T, levando a mudança do aminoácido tirosina para fenilalanina, associado à alteração no consumo de alimento e na gordura subcutânea e intermuscular (Lagoniro et al., 2003); o SNP305, com transição de C para T, modificando arginina por cisteína, relacionado ao conteúdo de gordura na carcaça (Buchanan et al., 2002). Sabe-se que a marmorização aumenta a maciez perceptível da carne, ao substituir proteína por lipídeo, aumentando a suculência, por estimular as glândulas salivares. Em geral, animais de origem Bos taurus taurus, principalmente as raças Britânicas, produzem carne com maior marmorização em relação às raças de origem Bos taurus indicus. O presente estudo teve como objetivo investigar a variabilidade genética do SNP252 e SNP305 e compará-la entre bovinos de raças européias e zebuínas. Um total de 437 bovinos das seguintes raças: Aberdeen Angus (76), Hereford (48), Shorthorn (62), Simental (29) Caracu (84), Gir (50), Guzerá (41) e Nelore (47) foram investigados pela técnica de PCR/RFLP. Os locos LEP2-252 e LEP2-305 foram investigados com o emprego das enzimas de restrição ClaI e Kpn2I, respectivamente, em gel de poliacrilamida 8%, corado com prata. O loco LEP2-252 apresentou os alelos T (467pb) e A (252 e 215pb). O alelo A foi o mais freqüente em todas as raças investigadas. As estimativas de freqüência do alelo T variaram de 0,0125 (Aberdeen Angus) a 0,2467 (Nelore). O teste exato de Fisher revelou diferenças significativas (P<0,05) entre raças quanto à ocorrência dos alelos A e T. O loco LEP2-305 apresentou os alelos T (94pb) e C (75 e 19pb) em freqüências distintas (P<0,05) entre raças européias e zebuínas. O alelo T ocorreu em freqüências superiores nas raças européias, que produzem carnes com maior marmorização, e na naturalizada (Caracu) em relação às zebuínas, variando de 0,0937 (Guzerá) a 0,5610 (Aberdeen Angus). Esses resultados corroboram com os achados da literatura que sugerem uma relação significativa entre o alelo T e carcaças com excelente marmorização. A confirmação desses resultados será de grande aplicação para os programas de melhoramento com vistas à seleção assistida por marcadores moleculares e certificação de qualidade, agregando valores econômicos ao produto animal. Orgão financiador: FAPESP. 237 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Expressão do gene NK-LYSIN em resposta à infecção por Eimeria Tenella em Gallus gallus Amazonas, EA1; Bayer, DV1; Costa, CAF2; Brentano, L2; Trevisol, IM2; Figueiredo, EAP2; Zingali, RB3; Gil, LHVG3; Bertani, GR1 Departamento de Bioquímica - LIKA/UFPE, Recife, PE 2 Embrapa Suínos e Aves – CNPSA, Concórdia,SC 3 Instituto de Ciências Biomédicas, UFRJ 4 Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães – CPqAM/FIOCRUZ, Recife, PE [email protected] 1 Palavras-chave: expressão gênica, qRT-PCR, resistência a coccidiose, baço, aves A cadeia produtiva de frangos contribui de modo expressivo para o agronegócio brasileiro. No entanto, quase a totalidade do plantel avícola do país é acometida pela coccidiose – uma das principais causas de perda de produtividade – e causada por parasitas do gênero Eimeria. O controle da coccidiose é, em geral, realizado através do uso de anticoccidiostáticos fornecidos na ração ao longo da vida da ave. Essa prática vem sendo combatida cada vez mais amplamente pelos consumidores que clamam por soluções alternativas ao uso de medicamentos na produção de animais destinados ao consumo humano. Nesse sentido, esforços em elucidar os mecanismos de resistência inata têm conquistado importância crescente. O ciclo de infecção de E. tenella envolve a invasão e destruição de células intestinais, podendo ocasionar a morte da ave. Nesse sentido, células de defesa como linfócitos são cruciais no mecanismo de resistência à doença. Dentre os peptídeos secretados por linfócitos, o NK-lysin tem sido relatado como importante mediador da resposta imune a infecções parasitárias. O presente estudo visou avaliar o perfil de expressão de NK-lysin antes e após inoculação com oocistos de Eimeria tenella em três linhagens que apresntam diferentes taxas de mortalidade quando infectadas com esta coccidio. Para tanto, as três linhagens com características fenotípicas divergentes (TT, de corte; CC, de postura e CON, controle de CC, sem seleção genética) desenvolvidas pela Embrapa Suínos e Aves foram inoculadas com 30.000 oocistos de E. tenella aos 7 dias de idade sendo coletado o baço de 4 aves por linhagem para estudos de expressão gênica antes da inoculação (dpi0) e aos dois dias pós infecção (dpi2). A expressão de mRNA de NK-lysin foi avaliada por qRT-PCR em Rotor Gene (Corbett Life Sciences). A quantificação relativa foi realizada segundo o método 2-∆∆CT (Livak & Schmittgen, 2001) normalizada com GAPDH como gene constitutivo de referência. Antes da infecção observou-se maior expressão de NK-lysin nas aves CC, sendo 6,8 vezes maior do que nas aves da linhagem CON (P=0,08). Após a infecção, houve um aumento na expressão de NK-lysin na ordem de 6,29 vezes na linhagem CON (P=0,09) e de 17,8 vezes nos animais da linhagem TT (P=0,01), enquanto na linhagem CC não observou-se alteração pós-infecção. Em estudos anteriores, nosso grupo evidenciou maior taxa de mortalidade das aves da linhagem de corte TT em relação às aves da linhagem de postura CC (Bertani, 2005). Linhagens com maiores níveis de NK-lysin préinfecção podem ser mais resistentes a infecção por Eimeria tenella, conforme observamos nas aves CC. Os resultados sugerem que a seleção para produção de ovos baseada na teoria da genética quantitativa possa estar favorecendo maior expressão de NK-lysin. Apoio Financeiro: CAPES, FACEPE, Embrapa. 238 54º Congresso Brasileiro de Genética 239 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudo de modelos de regressão aleatória para avaliação genética da curva de produção de ovos em aves de postura Venturini, GC1,2; Grossi, DA1,3; Buzanskas, ME1,2; El Faro, L4; Schmidt, GS5; Ledur, MC5; Munari, DP6 Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento Animal, FCAV/UNESP 2 Bolsista CNPq 3 Bolsista FAPESP 4 APTA/SAA, Ribeirão Preto, SP 5 EMBRAPA Suínos e Aves. Concórdia, SC 6 Departamento de Ciências Exatas. FCAV/UNESP [email protected] 1 Palavras-Chave: avicultura; poedeiras; polinômios ortogonais, herdabilidade, característica reprodutiva Objetivou-se aplicar modelos de regressão aleatória (MRA) para a estimação de parâmetros genéticos para a curva de produção de ovos em aves de postura. Foram utilizadas 1494 fêmeas provenientes de uma geração de uma linhagem de postura desenvolvida pelo Programa de Melhoramento Genético de Aves da EMBRAPA Suínos e Aves, Concórdia, SC. As fêmeas eram filhas de 43 galos acasalados com 232 galinhas em esquema hierárquico sob inseminação artificial, nascidas a partir de três incubações, com intervalos de 15 dias e identificadas por anelamento. A produção individual foi avaliada por meio do número de ovos produzidos a cada três semanas, a partir da 17ª até 70ª semana de idade, totalizando 18 períodos de produção. As fêmeas com produções totais inferiores a 63 ovos ou que morreram foram excluídas dos arquivos. O arquivo de dados conteve 25509 observações de períodos de produção e a matriz dos coeficientes de parentesco foi constituída por 12006 animais. As funções de covariâncias foram estimadas por meio de MRA pelo método de máxima verossimilhança restrita, utilizando-se a opção DXMRR do programa estatístico DFREML. O modelo incluiu o efeito fixo de incubação e a trajetória média de produção (fixa), e os efeitos aleatórios genético-aditivos (ka), de ambiente permanente direto (kc), além dos resíduos. Para modelar as trajetórias aleatórias foram utilizados os polinômios ortogonais de Legendre, variando as ordens de ka e kc de 3 até 6 coeficientes, totalizando 10 diferentes modelos. A estrutura de variâncias residuais foi fixada em cinco classes, após agrupar aquelas com comportamento semelhante, usando um modelo com ka e kc=3, e 18 diferentes variâncias. De acordo com os critérios de informação de Akaike e Bayesiano de Schwar, o melhor modelo para avaliar geneticamente a curva de produção de ovos conteve 47 parâmetros, com ordem para ka e para kc de seis coeficientes. As estimativas de herdabilidade variaram de 0,05 a 0,38, sendo que as maiores estimativas foram observadas no primeiro, terceiro, quarto e quinto período, (0,29; 0,32; 0,38 e 0,31, respectivamente). A partir do sexto período, as estimativas decresceram, variando de 0,08 a 0,21. Assim, a produção de ovos nos períodos iniciais (terceiro a quinto) apresentou variabilidade genética suficiente para obter ganho genético com a seleção. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Expressão diferencial dos micrornas MIR133 e MIR-206 entre linhagens de corte e postura de Gallus gallus Andreote, APD1; Jorge, EC2; Ledur, MC3; Silva, NA2; Coutinho, LL2 CENA-USP, Av. Centenário, 303, Piracicaba – SP, 13400-970, Brasil ESALQ-USP, Av. Pádua Dias,11, Piracicaba - SP, 13418-900, Brasil 3 Embrapa Suínos e Aves, CP. 21, 89700-000, Concórdia, SC, Brasil [email protected] 1 2 Palavras-chave: microRNAs, miogênese, expressão gênica, RT-PCR quantitativo MicroRNAs são uma família de pequenos RNAs não codantes, com cerca de 20 bases, que regulam negativamente a expressão gênica num nível pós-transcricional. A ação dessas moléculas na repressão da expressão gênica vem sendo descrita em diversos processos biológicos, como: morfogênese do cérebro, secreção de insulina, proliferação e diferenciação celular, tumorgênese, defesa viral, desenvolvimento muscular, etc. O desenvolvimento da musculatura esquelética envolve a ação de inúmeros genes, expressos em locais e momentos específicos durante as diversas fases do processo. Esta especificidade sugere a existência de um mecanismo dinâmico de indução e inativação da expressão desses genes, no qual os microRNAs têm ganhando posição de destaque. Os microRNAs músculo-específicos miR133 e miR-206 vêm sendo amplamente estudados e sua ação na miogênese é conhecida. miR-133 está associado ao aumento da proliferação celular, através da repressão do gene que codifica a proteína SRF (Serum response factor). Já o miR-206 foi descrito em associação com a diferenciação dos mioblastos, e sugerido como possível regulador da folistatina, molécula cuja ação antagoniza a miostatina (regulador negativo do crescimento muscular). Este trabalho teve por objetivo analisar a expressão destes dois microRNAs em frangos com capacidades divergentes para deposição muscular. Embriões de frango no estádio E43 (H&H), provenientes de duas linhagens (corte e postura), foram dissecados para a coleta de tecido da musculatura peitoral. O tecido removido foi imediatamente congelado e o RNA total foi extraído utilizando Trizol (Invitrogen). A síntese de cDNA foi realizada a partir de 10 ng do RNA total utilizando o TaqMan MicroRNA Reverse Transcription Kit (Applied Biosystems). Os níveis de expressão foram mensurados em sistema de detecção LightCycler utilizando o TaqMan microRNA probes kit (Applied Biosystems). A normalização dos dados de expressão foi feita utilizando-se o gene referência MRPS27. Para a quantificação da expressão relativa utilizamos o software REST 2005 (19.12). Os resultados indicaram que ambos os microRNAs, miR-133 e miR-206, são mais expressos na linhagem de corte em relação à de postura (P<0,04 e P<0,005, respectivamente). Estes resultados sugerem que a regulação da expressão de genes importantes na miogênese pode ser diferente em cada uma das linhagens. Ainda, esses resultados nos permitiram adicionar novos membros à via molecular que determina as diferenças no potencial de deposição muscular entre as linhagens. Apoio financeiro: FAPESP, CNPq e Embrapa Suínos e Aves. 240 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise de meio-irmãos para o mapeamento fino de uma região associada a QTLs no cromossomo 1 da galinha Boschiero, C1; Nones, K3; Rosário, MF3; Ledur, MC2; Coutinho, LL3; Moura, ASAMT1 Departamento de Produção Animal, FMVZ, UNESP, Botucatu 2 Embrapa Suínos e Aves, Concórdia 3 Laboratório de Biotecnologia Animal, ESALQ, USP, Piracicaba [email protected] 1 Palavras-chave: mapeamento fino, QTL Após a identificação de QTLs (locos de características quantitativas), o mapeamento fino é o passo seguinte na busca por genes associados a características de importância econômica. Esta abordagem permite identificar QTLs com maior precisão, pois satura com marcadores moleculares regiões previamente identificadas. Nos últimos anos foram identificados cerca de 700 QTLs em galinhas. O objetivo deste trabalho foi conduzir análise com modelo genético de meio-irmãos para refinar o mapeamento de QTLs de uma região do cromossomo 1 da galinha previamente identificada por nosso grupo. Os genótipos de 653 aves pertencentes a três famílias de meio-irmãos foram obtidos a partir da população desenvolvida pela Embrapa Suínos e Aves. A região-alvo foi definida a partir dos resultados de Nones et al. (2006), que mapearam QTLs para pesos vivos e de órgãos numa região de 82,3 cM utilizando dez marcadores. Seis novos marcadores microssatélites foram genotipados nesta região, e o mapa de ligação parcial foi construído com 16 marcadores, resultando numa região de 110,8 cM. O espaçamento médio entre os marcadores foi de aproximadamente 7,4 cM, em comparação com 9,1 cM obtido por Nones et al. (2006), na mesma região. As aves foram abatidas aos 42 dias e as características avaliadas foram: peso vivo aos 35 (P35), 41 (P41) e aos 42 dias (P42), peso do coração (Pcor) e pulmões (Ppul). Foram calculados os rendimentos do coração (Rcor) e dos pulmões (Rpul). A análise de mapeamento de QTLs foi conduzida em duas etapas: primeiro para o conjunto de três famílias (1, 2 e 3) de meio-irmãos paternos (análise conjunta = C) e, a seguir, dentro de cada família (individual = I). O modelo estatístico incluiu os efeitos fixos de sexo, família e incubação. Na análise C foram mapeados QTLs para: P35, P41, Pcor e Ppul, e na análise I para: P35, P41, Pcor, Ppul e Rpul (família 1) e para Pcor e Rcor (família 2). Nenhum QTL foi mapeado na família 3. Os intervalos de confiança variaram de 47 a 95 cM (C) e de 40 a 93 cM (I). A proporção da variância fenotípica total atribuída a cada QTL variou de 2,6 a 4,3% (C) e de 4,1 a 14,7% (I), com destaque para os QTLs mapeados na família 1, para P35 e P41, que explicaram cerca de 14% da variância fenotípica total. O mapeamento fino permitiu mapear diversos QTLs, confirmando os já mapeados, porém alguns foram posicionados em diferentes intervalos. Além disso, as análises dentro de famílias indicaram que os principais QTLs estão segregando em apenas uma das famílias de meio-irmãos. Apoio financeiro: CNPq e FAPESP. 241 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Evidências do aumento da sensibilidade ao hormônio do crescimento (GH) e produção do fator de crescimento tipo insulina I (IGF-I) após estresse hiperosmótico no linguado brasileiro Paralichthys orbignyanus Meier, KM1; Figueiredo, MA1; Kamimura, MT1; Laurino, J3; Maggioni, R4; Pinto, LS5; Dellagostin, OA5; Tesser, MB2; Sampaio, LA2; Marins, LF1 Departamento de Ciências Fisiológicas, Universidade Federal do Rio Grande 2 Departamento de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande 3 Centro de Biologia Genômica e Molecular, Faculdade de Biociências, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul 4 Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central, Universidade Estadual do Ceará 5 Centro de Biotecnologia, Universidade Federal de Pelotas [email protected] 1 Palavras-chave: Estresse hiperosmótico, crescimento, osmorregulação, RT-PCR semi-quantitativa, Paralichthys orbignyanus. A ação do hormônio do crescimento (GH) é o resultado de uma cascata intracelular iniciada logo após a sua interação com o receptor do GH (GHR), localizado na superfície das células alvo. Esta cascata culmina com a transcrição de genes alvo, como os fatores de crescimento tipo insulina (IGFs), os quais são responsáveis pela maioria dos efeitos biológicos do GH. Além de sua função central sobre o crescimento, o GH de peixes também está envolvido com o controle osmorregulatório. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi isolar os cDNAs do GH, GHR e IGF-I do linguado brasileiro Paralichthys orbignyanus e avaliar se a expressão desses genes é induzida pelo estresse hiperosmótico. Os peixes utilizados neste estudo (18 a 26 cm) foram oriundos de desovas artificiais realizadas na Estação Marinha de Aquacultura (EMA-FURG, Brasil). Os indivíduos foram aclimatados por uma semana à salinidade 11 (ponto isosmótico da espécie). Após a aclimatação, um grupo de peixes foi transferido para um tanque com água do mar a salinidade 30, enquanto outro grupo foi colocado a salinidade 11. Os tecidos foram amostrados em quatro ocasiões: três horas, 24 h, 72 h e sete dias após a transferência. Foi extraído o RNA total e sintetizado o cDNA de hipófises, brânquias e fígados de três indivíduos de cada salinidade, em cada tempo de exposição. Foram isolados e seqüenciados os cDNAs do GH, GHR, IGI-I e β-actina, sendo as seqüências de nucleotídeos e de aminoácidos comparadas com as seqüências de peixes disponíveis no GenBank. Todas as seqüências obtidas mostraram alta similaridade com seqüências de outras espécies de linguados. A expressão foi analisada através do método de RT-PCR semiquantitativa, utilizando o gene da β-actina como normalizador. Os resultados obtidos indicaram que o mRNA do GH tem um pico de expressão significativo somente 24 h após o estresse hiperosmótico. Nas brânquias, a expressão do GHR apresentou um aumento significativo após sete dias. No fígado, tanto GHR quanto IGF-I aumentaram significativamente em 72 h, e ambos atingiram os maiores níveis de expressão após sete dias. Estes resultados indicam que o estresse hiperosmótico pode aumentar a sensibilidade ao GH nas brânquias e no fígado de P. orbignyanus e, conseqüentemente, incrementar a produção de IGF-I. O manejo deste parâmetro pode ser útil para atingir melhor desempenho de crescimento para esta e outras espécies comercialmente importantes, nas quais o GH tenha uma relação direta com o mecanismo osmorregulatório. 242 Apoio financeiro: FAPERGS. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Impacto da variação de taxas evolutivas nas estimativas de tempo de divergência Soares, AER1; Schrago CG1 Departamento de Genética, Universidade Federal do Rio de Janeiro [email protected] 1 Palavras-chave: Relógio molecular, tempo de divergência, relógio molecular relaxado, Bayes MCMC, simulação Desde que foi proposto o relógio molecular, no início dos anos 60, ele tem sido utilizado para elucidar diversas questões sobre o tempo de origem de linhagens e suas relações com eventos da história do planeta. Entretanto, o método clássico impõe a constância de taxas evolutivas em todas as espécies analisadas, o que limita consideravelmente a aplicação do mesmo. Além disso, testes foram desenvolvidos para detectar linhagens que desviam do relógio molecular. Isso motivou o desenvolvimento de metodologias que modelam a evolução das taxas de evolução decompondo o tamanho de ramo em taxa e tempo independentemente. A idéia da necessidade de um ponto de calibração foi flexibilizada pela adoção de intervalos máximos e mínimos dos tempos de divergência das linhagens e até mesmo com a adoção de distribuições probabilísticas nas calibrações. Modelagens complexas requerem algoritmos eficientes para vasculhar o espaço paramétrico num tempo computacionalmente viável. Nesse sentido, aqueles algoritmos influenciados pela inferência bayesiana filogenética foram aplicados ao problema da estimativa de tempos de divergência, como por exemplo os trabalhos de Thorne et al, 1998 e Drummond, 2006. Embora esses métodos tenham ganhado grande aceitação, ainda não se sabe o comportamento do acúmulo de erros quando a variação das taxa evolutivas é elevada. Para entender a relação entre a taxa de erro e as taxas evolutivas simulamos uma série crescente de variação de taxas evolutivas numa árvore simples com 4 táxons, nos métodos clássico e bayesiano auto-correlacionado e independente. As simulações foram feitas nos modelos evolutivos Jukes-Cantor e Kimura 2-P. Conforme previsto, o acúmulo de erros do relógio clássico é linear em relação à variação da taxa, porém a estatística Z é bastante sensível à variação das taxas e impede que estimativas errôneas sejam adotadas. Em contrapartida, o método bayesiano auto-correlacionado não apresenta acúmulo linear de erros e atinge um erro máximo, diferente do método bayesiano independente que surpreendentemente também apresenta uma taxa de acúmulo de erros aproximadamente linear. Apoio financeiro: CNPq e FAPERJ. 243 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estimação de normas de reação adaptativas ao longo do desenvolvimento usando modelo de regressão aleatória múltipla Pegolo, NT1; de Oliveira, HN1,2; Albuquerque, LG3; Lôbo, RB4; Bezerra, LAF1 1 Departamento de Genética - FMRP, Universidade de São Paulo (USP) Departamento de Nutrição e Melhoramento Animal – FMVZ, Universidade Estadual Paulista (UNESP) 3 Departamento de Zootecnia – FCAV, Universidade Estadual Paulista (UNESP) 4 Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) [email protected] 2 Palavras-chave: normas de reação, regressão aleatória, desenvolvimento, peso, bovinos O conceito para norma de reação ao longo do desenvolvimento (NRD) é dado por Schlichting and Pigliucci (1998) como sendo o conjunto completo de trajetórias ontogênicas multivariadas que podem ser produzidos por um único genótipo exposto a todos os ambientes biologicamente relevantes. Os mesmos autores consideram a NRD um modelo ideal para expressar e entender as interconexões entre as várias abordagens da evolução fenotípica, elucidando os caminhos envolvidos na transição epigenética do genótipo para o fenótipo. Neste trabalho, agregamos uma visão da Genética Quantitativa ao isolar o componente genético aditivo da característica analisada, tornando a NRD adaptativa (NRAD). Usando 408.416 dados de peso das progênies de touros Nelore do Programa Nelore Brasil da ANCP, realizamos a estimação da função de covariância (FC) e a predição das NRADs, por meio de um modelo de regressão aleatória com variáveis de controle múltiplas, citada por Meyer e Kirkpatrick (2005), usando programa BLUPF90 de Mizstal (1999) e suas atualizações, com a estimação dos parâmetros genéticos por inferência bayesiana. O modelo considerou polinômios de Legendre lineares ao longo do gradiente ambiental (gerado pela média de peso de grupos contemporâneos) e cúbicos ao longo do gradiente temporal (definido pelos dias após nascimento, com os pesos ajustados aos 120, 210, 365 e 450 dias), com 20 classes residuais, evitando heteroscedasticidade. Separamos os dados de progênies machos (PM) e fêmeas (PF) em duas análises diferentes, pois análises anteriores indicaram ser a melhor abordagem. A aplicação do modelo resultou em duas matrizes simétricas de ordem cinco, com os coeficientes da FC a partir de PM e PF, evitando a superparametrização comum às análises multivariadas. O modelo permitiu a estimação das herdabilidades (h2), bem como a predição do valor genético de animais, em qualquer ponto dos eixos ambiental e temporal, gerando gráficos de superfície. As correlações entre os coeficientes da CF indicaram importantes conexões entre atributos das NRADs, como entre plasticidade ambiental e inclinação da curva de crescimento em machos. A superfície de h2 para PM apresentou valores menores (entre 0,11 e 0,39), havendo uma depressão em ambientes desfavoráveis. Com PF, a h2 foi maior (entre 0,19 e 0,59), com a depressão bastante delimitada e deslocada para ambientes menos desfavoráveis e para menores idades, confirmando uma interação genótipo-ambiente-idade-sexo. A metodologia permitiu predizer o efeito da seleção fenotípica para peso nos coeficientes da FC, e assim, a resposta correlacionada ao longo de todo o gradiente ambiental e de desenvolvimento, em ambos os sexos. Apoio financeiro: CAPES. 244 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 O homem, a baleia e o ornitorrinco compartilham um idêntico domínio paired do gene PAX9 Paixão-Côrtes, VR1; Heinzelmann, L1,4; Santos, F2; Redondo, R2; Pissinatti, A3; Salzano, FM1; Bortolini, MC PPGBM, Departamento de Genética, Instituto de Biociências, Universidade Federal do.Rio Grande do Sul 2 Departamento de Biologia Geral, ICB, Universidade Federal de Minas Gerais 3 Centro de Primatologia do Rio de Janeiro – CPRJ – FEEMA 4 Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul - GEMARS [email protected] 1 Palavras-chave: PAX9, domínio paired, seleção purificadora, dN/dS, mamíferos O PAX9 é um gene de desenvolvimento composto por quatro exons, sendo que o exon 2 codifica o chamado domínio paired que confere à proteína, um fator de transcrição, a capacidade de se ligar ao DNA. Estudos de mutações que provocam agenesia de dentes em humanos e experimentos com modelos animais fornecem sólidas evidências de que o exon 2 do PAX9 teria papel chave na rota genética da odontogênese. Em mamíferos, a diversificação e especialização dos dentes possibilitaram um incremento na geração de energia que representou uma inovação chave para a sobrevivência deste grupo. Sendo assim, é possível supor que alterações no exon 2 do PAX9 poderiam estar relacionadas ao estabelecimento das diferentes fórmulas dentais que surgiram ao longo da história evolutiva dos mamíferos. Foram analisadas seqüências do exon 2 (~690bp) de 45 espécies de mamíferos, sendo 18 destas obtidas para esse estudo. As demais foram compiladas do Genbank/NCBI (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/Genbank) e do Ensembl (http://www.ensembl.org/index.html). Um fato marcante que surge das análises é a grande diferença entre a porcentagem de mutações não-sinônimas e sinônimas no exon 2, pois somente 2% de todas as mutações detectadas, resultam em troca do aminoácido. Para testar se a variação encontrada poderia ser explicada pelo equilíbrio entre mutação e deriva (neutralidade) foram realizados testes usando os programas YN00 e CODEML, parte do pacote PAML 3.15, que estimam as taxas de substituições sinônimas e não-sinônimas (dN/dS), também conhecidas como ω. Valores das taxas de substituição ω < 1 e ω > 1 indicam respectivamente seleção purificadora (ou negativa), ou positiva (Darwiniana). Já valores de ω = 1 estariam indicando que a hipótese de neutralidade não poderia ser descartada. Quando os modelos de substituição são comparados (M0 - M3, M1a - M2a e M7 e M8), o que melhor se adapta aos dados é o M3 (p < 0,001), que admite variação nas classes de ω. A taxa de substituições sinônimas e não-sinônimas (dN/dS= ω = 0,00759) é um valor significativamente menor que zero, sinalizando que a principal força agindo no exon 2 de mamíferos é seleção purificadora. Além disso, como o modelo M3 permite ramos com valores diferentes, encontramos que 92% dos sítios dentro do exon 2 estão sujeitos a uma taxa substituições sinônimas e não-sinônimas muito baixa (menor que 0,00125). Isso significa que uma esmagadora constrição funcional mantém a seqüência de aminoácidos inalterada por todas as linhagens dos mamíferos estudados até aqui. Uma onipresente seleção purificadora domina completamente o panorama evolutivo do domínio paired do exon 2, pois não há nenhuma alteração não-sinônima nos 384 nucleotídeos que o compõe. Ou seja, são os mesmos 128 aminoácidos para todos os 45 mamíferos analisados, entre eles o homem, a baleia e o ornitorrinco. Apoio: CNPq, CAPES e FAPERGS. 245 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 A sinalização por ácido retinóico é determinante para a padronização das câmaras cardíacas em peixe zebra (Danio rerio) Castro, RA 1,2 & Xavier-Neto, J1,2 Departamento de Biologia Celular e do Desenvolvimento, Instituto de Ciências Biomédicas/USP 2 HC-Incor- FM, São Paulo/SP [email protected] 1 Palavras-chave: Padronização antero-posterior do coração, Ácido retinóico, Peixe zebra e Biologia do desenvolvimento O ácido retinóico (AR) é sintetizado no organismo a partir de oxidações sucessivas de seu precursor, o álcool retinol, para AR. A última etapa de oxidação é catalisada pela ação das enzimas RALDHs. Na cardiogênese, o AR é importante para a geração dos átrios e o crescimento do miocárdio ventricular. Uma das decisões mais precoces durante a formação do coração é o estabelecimento de sua polaridade antero-posterior (AP). Seu estabelecimento é crítico para a demarcação das regiões de efluxo (ventrículos) e de influxo (átrios), respectivamente. Segundo, a proposta levantada pelo nosso grupo, uma onda caudo-rostral (CR) de expressão da RALDH2 é o mecanismo ancestral responsável pela de padronização AP do coração dos vertebrados. Estudos em embriões de galinha e camundongo mostraram que a onda caudo-rostral de RALDH2 é responsável pela especificação das identidades atriais e ventriculares nestes organismos. Embora a presença dessa onda tenha sido observada no peixe zebra (Danio rerio), não havia sido encontrado, ainda, em peixes nenhum indício efetivo de correlação entre a presença da onda com sua ação de padronização AP no tubo cardíaco dos peixes. Para testar o papel da sinalização pelo AR nesta padronização AP, manipulamos a via de AR do peixe zebra com um pulso do inibidor das enzimas RALDHs, DEAB e com AR exógeno. Os resultados obtidos, durante o período da onda CR de expressão de RALDH2, sugerem que os tratamentos com DEAB produzem átrios significativamente reduzidos (p<0,001), em média 12% menores que o grupo controle, enquanto que os animais tratados com AR exógeno apresentam o domínio atrial significativamente expandido(p<0,05), com um aumento médio de 9% em relação ao grupo controle. Animais tratados com DEAB e AR em um estágio no qual a manipulação de AR não mais perturba a especificação das câmaras cardíacas, não mostraram diferença significativa quando comparados com o controle, (p>0,05). Estes dados suportam a hipótese de que, semelhante aos demais amniotos, o padrão AP do coração em vertebrados é determinado pela presença ou ausência de AR e que a onda de expressão da RALDH2 é um mecanismo ancestral de padronização dos vertebrados. Apoio financeiro: FAPESP. 246 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Nkd1 é necessária para o posicionamento dos órgão internos em relação ao eixo esquerdo-direito Schneider, I; Houston, D; Rebagliati, M; Slusarski, D Department of Biological Sciences, University of Iowa, Iowa City, IA 52242 [email protected] Palavras-chave: zebrafish, cálcio, β-catenina, embrião, naked cuticle Vertebrados em geral possuem perfeita simetria bilateral externa, porém quando examinamos seus órgãos internos, podemos constatar que coração, pulmões, intestino etc., são posicionados de forma assimétrica com relação ao eixo esquerdo-direito. Apesar de algumas vias de sinalização já terem sido associadas com a determinação do eixo esquerdodireito, o mecanismo que determina a assimetria dos órgãos internos ainda não foi elucidado.Através do estudo da sinalização de íons cálcio (Ca2+) in vivo, tanto embriões de peixe (peixe-zebra, Danio rerio) e sapo (Xenopus laevis), demonstramos que a manipulação da sinalização de Ca2+ em um grupo especial de células (células dorsais precursoras, CDP), causa alteração no posicionamento dos órgãos internos e na expressão de genes importantes para a determinação do eixo esquerdo-direito. Também observamos que a perda da sinalização de Ca2+ nas CDP causa estabilização e ativação da proteína β-catenina. Como a β-catenina parece ser o principal alvo da sinalização de Ca2+, procuramos identificar reguladores de sua atividade que fossem expressos no mesmo grupo de células, as CDP. O gene Naked Cuticle, ou nkd, identificado inicialmente em estudos em Drosophila, codifica uma proteína produzida nas CDP, capaz de se ligar em Ca2+, e que inibe a ação da proteína β-catenina. O peixe-zebra possui duas cópias do gene nkd, nkd1 e nkd2, ambos expressos nas CDP e capazes de antagonizar β-catenina. Através da utilização de um tipo especial de oligonucleotideos denominados morpholinos, nós bloqueamos a expressão de ambas as cópias do gene nkd nas CDP em peixe-zebra. Apenas o bloqueio da expressão de nkd1 resultou em alteração do posicionamento de órgãos internos e afetou a expressão de genes necessários para formação do eixo esquerdo-direito. Por fim, concluímos que tanto o bloqueio da expressão da proteína Nkd1 quanto a inibição da sinalização de Ca2+ causam inibição da atividade da proteína β-catenina, afetam expressão de genes importantes para lateralidade e alteram o posicionamento dos órgãos internos em relação ao eixo esquerdo-direito. Nossos dados identificam Nkd1 como possível mediador entre fluxos de Ca2+ nas CDP e a determinação do eixo esquerdo-direito. Apoio financeiro: American Heart Association. 247 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Efeito do hormônio do crescimento (GH) sobre a regulação de genes relacionados ao eixo somatotrófico e ao estresse oxidativo em um modelo de peixe transgênico Petry, RG1; Figueiredo, MA1; Lanes, CFC1; Almeida, DV1; Marins, LF1 Departamento de Ciências Fisiológicas, Universidade Federal do Rio Grande (FURG) [email protected] 1 Palavras-chave: Hormônio do Crescimento, Peixe Transgênico, Estresse Oxidativo, Síntese Protéica, Expressão de Genes O hormônio do crescimento (GH) é o principal responsável pelo crescimento somático em vertebrados. Este processo é regulado pelo eixo somatotrófico, onde o GH liberado no sangue pela hipófise liga-se a receptores específicos (GHR) na superfície das células-alvo, induzindo a síntese dos fatores de crescimento tipo insulina (IGFs). O IGF-I é o principal mediador do efeito anabólico do GH sobre o metabolismo protéico. Entretanto, tem sido observado que o excesso de GH pode promover um aumento da produção de espécies reativas de oxigênio. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos de diferentes níveis de GH sobre a regulação de genes relacionados ao eixo somatotrófico e ao estresse oxidativo em um modelo de peixe transgênico. Paulistinhas (Danio rerio) transgênicos foram produzidos através da co-injeção de duas construções genéticas lineares ambas contendo o promotor da β-actina de carpa (Cyprinus carpio), porém uma direcionando a expressão da proteína verde-fluorescente (GFP) utilizado como gene marcador (cβA/GFP), e a outra o cDNA do GH do peixe-rei marinho, Odontesthes argentinensis, (cβA/msGH). O transgene cβA/msGH foi microinjetado em ovos recém-fertilizados em duas concentrações: 100.000 cópias/célula (Grupo T1) e 500.000 cópias/célula (Grupo T5). Além disso, ambos os grupos receberam 100.000 cópias/célula do transgene cβA/GFP. A análise da expressão dos genes msGH, GHR, IGF-I, eIF2β, hsp70 e gclc foi realizada através de RT-PCR semiquantitativa. Os resultados mostraram que o grupo com a menor concentração do transgene cβA/ msGH (T1) apresentou um aumento significativo na expressão do gene GHR (P<0,05) em relação aos demais grupos (T5 e controle), enquanto que o grupo T5 não mostrou diferença em relação ao controle. A expressão do gene IGF-I corroborou com os resultados do receptor, onde a maior expressão foi observada para o grupo T1 (P<0,05). O resultado observado para o gene eIF2β foi similar ao IGF-I, onde o grupo T1 também apresentou uma expressão elevada em relação aos demais grupos (P<0,05). A expressão do gene hsp70 indicou que os dois grupos transgênicos apresentaram uma maior expressão do que o grupo controle (P<0,05). Entretanto, para o gene gclc apenas o grupo T5 apresentou uma maior expressão em relação ao controle (P<0,05). Portanto, no presente estudo é possível inferir que o excesso de GH pode gerar estresse oxidativo, afetando o crescimento devido a uma diminuição nos receptores de GH e conseqüente queda na produção de fatores de crescimento. Além disso, foi demonstrada, em peixes, a existência de um nível ótimo de GH associado a um aumento de síntese protéica. Apoio: CNPq e FURG. 248 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Expression pattern of the Dapper genes during development of limbs in chicken (Gallus gallus) Peterlini, DJ1; Sobreira, RD1; Xavier-Neto2, J; Dietrich, S3; Alvares, LE1 Department of Histology and Embryology, State University of Campinas - UNICAMP Laboratory of Genetics and Molecular Cardiology, Heart Institute - Incor – HC, FMUSP 3 Department of Craniofacial Development, King’s College London [email protected] 1 2 Keywords: chicken, Dapper, development, expression patterning, limb Limbs represent an important evolutionary acquisition of tetrapoda that has allowed the expansion of this group throughout biosphere. The molecular basis of limbs development has been subject of intense investigations, and the role of several genes and signaling molecules has begun to be understood in the context of axial patterning as well as in regard to the differentiation of specific tissues and/or structures of the limbs. The family of the Dapper genes (Dpr) has been related to several aspects of vertebrate’s development, as morphogenetic movements, specification of the neural tissue, cardiogenesis and eye development. These multiple roles are mediated by the interaction of the Dapper proteins with different molecular partners in particular Dishevelled, a key molecule of the Wnt signaling and the Alk4/5 receptors of the Nodal signaling pathway. Considering that the Dapper genes are able to modulate signals of the Wnt and Nodal pathways, we decided to investigate the expression of these genes during limbs development using chicken as the experimental model. At embryonic day 3 (E3) the expression of Dapper 1 occurs along the whole extension of the limbs, but it is stronger on zeugopod and autopod. Between E4 and E5, the expression in the zeugopod region becomes diffused while it is still strong in a narrow region of the autopod. At E6, the expression of Dapper 1 becomes strong in whole autopod, keeping diffused in the zeugopod. Dapper 2 expression at E3 is observed in the whole limb in a pattern similar to that observed to Dapper 1. Between E4/E5 Dapper 2 transcripts are localized in the anterior region of the forelimb and hindlimb as well as in the digits, being absent in interdigital regions. At E6, the expression of Dapper 2 becomes related to the joints of shoulder/hip on stilopod, elbow/knee on zeugopod, and wrist/ankle and fingers on autopod. Our preliminary results of in situ hybridization revealed that both Dapper 1 and Dapper 2 are expressed in the limbs in a dynamic pattern, suggesting that they may play an important role in the ontogeny of these structures. At the moment we are characterizing the expression of the Dapper 1 and Dapper 2 in the earlier phases of limb development. Financial support: FAPESP and FAEPEX. 249 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Expressão dos genes Wpkci e PKCI na região gonadal em diferentes estadios do desenvolvimento de Aves Caetano, LC1; Araújo, A1; Bobrovnitchaia, IG1; Gennaro, FGO1; Vila, RA1; Galerani, MAV1; Ramos, ES1,2 Laboratório de Epigenética e Reprodução do Departamento de Genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP 2 Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP [email protected] 1 Palavras-chave: expressão, gônada, gene Wpkci, gene PKCI, embrião de galinha Os mecanismos que levam a determinação e diferenciação sexuais em Aves não estão completamente elucidados. O gene Wpkci tem expressão fêmea-específica no desenvolvimento gonadal, localiza-se no cromossomo W e apresenta um homólogo em Z, o gene PKCI. Devido à localização destes genes e a estrutura de suas proteínas, foi proposto que devam atuar de forma antagônica no processo de diferenciação do ovário. O objetivo deste trabalho foi verificar a expressão desses dois genes em diversos estádios do desenvolvimento de Gallus gallus. A região gonadal embrionária dos estadios de desenvolvimento anteriores à diferenciação histológica (estadio 20HH - 3 dias de incubação e estadio 25HH 4 ½ dias de incubação), e os primórdios gonadais pós-diferenciação histológica (estadio 38HH - 12 dias de incubação) foram isolados de ovos galados, bem como ovário e testículos de animais adultos. Foram utilizados quatro embriões de cada estadio, sendo dois de cada sexo, e um animal adulto de cada sexo. A sexagem prévia à análise de expressão foi realizada utilizando-se PCR (Polimerase Chain Reaction) para detecção de seqüências do gene CHD e também pelo MHM assay, ensaio desenvolvido em nosso laboratório. Foram realizadas a extração de RNA e a transcrição reversaPCR para seqüências dos genes PKCI, Wpkci e da β-actina (controle). O transcrito de Wpkci só pôde ser observado em embriões fêmeas. A expressão de PKCI foi observada nos machos e fêmeas no período anterior ao início da diferenciação histológica da gônada, bem como no estadio pós-diferenciação (38HH) nos machos e no testículo adulto. No ovário de fêmea adulta e nos primórdios gonadais pós-diferenciação das fêmeas não foi visualizada a expressão deste gene. Com esses resultados pode-se concluir que a expressão do gene PKCI limitou-se ao período pré-diferenciação da gônada feminina, enquanto no macho, manteve-se até o adulto, enquanto o Wpkci apresentou transcritos em todos os estadios analisados, mas exclusivamente nas fêmeas. As pesquisas com expressão de genes envolvidos com a determinação sexual das Aves poderão levar a futuros estudos de interferência por RNA visando a um maior entendimento desse complexo sistema. Apoio: CNPq, FAPESP, FAEPA, ANCP, CAPES. 250 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 A família RGM em Gallus gallus: estrutura gênica e transcrição alternativa presumível Jorge, EC1; Coutinho, LL1 Departamento de Zootecnia, Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’ (ESALQ/USP) [email protected] 1 Palavras-chave: orientadores de axônio, estrutura gênica, Gallus gallus, expressão diferencial Moléculas orientadoras por repulsão (Repulsive Guidance Molecules, RGM) são uma família de orientadores de axônios com várias funções durante a embriogênese, incluindo processos regenerativos após injúria no sistema nervoso; apoptosis; adesão e diferenciação celular. Vertebrados possuem três homólogos de RGM: RGM-A, RGM-B e RGM-C. Os membros da família dividem 50-60% de identidade de aminoácidos e apresentam características estruturais similares, incluindo uma seqüência sinal na porção N-terminal e um domínio parcial ´von Willebrand do tipo D´. RGM-A e RGM-C possuem ainda um domínio RGD, potencialmente envolvido no processo de interação célula-célula. Todos os membros da família RGM possuem o domínio transmembrana do tipo âncora de GPI na porção C-terminal da proteína. RGM-A e RGM-B dividem funções no sistema nervoso, enquanto RGM-C tem sido caracterizado como específico de tecido muscular (esquelético e cardíaco), com funções descritas no metabolismo de ferro. Ortólogos para os três membros da família RGM foram encontrados nos genomas de Homo sapiens, Pan troglodytes, Rattus novergicus, Mus musculus, Xenopus tropicalis e Danio rerio. Entretanto, em frangos (Gallus gallus), apenas RGM-A e RGM-B foram mapeados no genoma, sendo RGM-A localizado no cromossomo 10 e RGM-B no cromossomo Z. Transcritos para RGM-A de frango, contendo dois éxons e totalizando 1.355pb, foram ainda encontrados no tecido muscular esquelético embrionário, onde era esperado encontrar RGM-C. A hipótese é que em frangos RGM-A poderia estar exercendo no tecido muscular o papel de RGM-C, ausente no genoma desta espécie. Análises computacionais corroboraram essa hipótese, pois as seqüências de proteínas e nucleotídeos de RGM-C dos ortólogos de frango foram cerca de 46% similares apenas às seqüências de RGM-A e RGM-B do genoma do frango e nenhuma outra região. Essas análises indicaram ainda a presença de 19 EST agrupadas em quatro unigenes clusters (Gga.117; Gga.28485; Gga.38535; Gga.18951), imediatamente upstream ao loci de RGM-A no cromossomo 10, com sobreposição ao segundo éxon do gene. A origem dessas EST sugeriu ainda a transcrição alternativa de RGM-A, com padrão de expressão tecido-específica. Iniciadores específicos para os dois éxons conhecidos e os quatro unigenes permitiram amplificar um fragmento único, de aproximadamente 3.900 pb. RT-PCRs realizadas em diversos tecidos revelou a expressão de transcritos alternativos para RGM-A em estádios específicos do desenvolvimento muscular. Estes resultados contribuíram para (1) sugerir que a estrutura de RGM-A de frango esteja incompleta no banco de dados; e (2) revelar transcritos alternativos inéditos para RGM-A, expressos diferencialmente durante o desenvolvimento muscular, ambas corroborando para a hipótese de que uma das formas alternativas expressas de RGM-A tenha assumido o papel de RGM-C nesse tecido, justificando sua ausência no genoma. Apoio financeiro: FAPESP e CNPq. 251 54º Congresso Brasileiro de Genética 252 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 The retrovirallike cENS gene family specifically expressed in early chicken embryos Lerat, E1; Birot, A2; Samarut, J2; Mey, A2 1 Université Claude Bernard Lyon, Laboratoire de Biométrie et Biologie Evolutive, UMR CNRS 5558, Villeurbanne, France Ecole Normale Supérieure de Lyon, Laboratoire de Biologie Moléculaire de la Cellule, UMR5161 CNRSINRA UMR1237, Lyon, France 2 Embryonic stem (ES) cells are important developmental cells that appear very early during development and subsequently give rise to all the cell lineages of the future adult organism. In these cells a limited subset of transcription factors is expressed that are well conserved among species and essential for the stem cell fate. The transcriptome analysis of ES cells from chicken has revealed a gene family, cENS, that is specifically expressed in ES cells and in early embryos, and is repressed during the differentiation process. This family is characterized by displaying retroviral structures and sharing no homology with other species genes. These characteristics are probably not restricted to the chicken genome, and raise the question of whether similar genes are present and have been maintained in other species. We have examined the different copies of this gene in the sequenced chicken genome in order to investigate its dynamics and its evolution. We have distinguished two groups of cENS related copies. The first group, resulting from recent transposition events, contains the transcribed ENS1 and ENS3 plus copies subjected to negative selection pressures. The second group contains degenerate copies that were integrated into the genome earlier. Comparison with copies previously isolated from three Galliformes showed that they are also subjected to selection pressures. We also detected numerous soloLTR containing the ENS1 promoter that may control the expression of host genes. Taken together, these findings suggest a function sustained by a neogene of retroviral origin during the early stages of chicken development. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Expressão dos genes TSPX e SRY em embriões bovinos pré-implantação Takeuchi, PL1; Rios, AFL1; Araújo, A1; Galerani, MAV1; Lôbo, RB1; Vila, RA1; Elias, FP1; Ramos, ES1,2 1 Departamento de Genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP [email protected] 2 Introdução: TSPX e SRY são genes específicos dos cromossomos X e Y, respectivamente, que estão envolvidos nos processos de transcrição e regulação do ciclo celular, e podem estar relacionados à diferença na velocidade de desenvolvimento entre embriões machos e fêmeas de mamíferos no período pré-implantacional. Objetivos: Verificar a expressão dos genes TSPX e SRY em embriões bovinos pré-implantação produzidos por fertilização in vitro e comparar a expressão de TSPX entre embriões machos e fêmeas por reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real. Material e Métodos: Como amostra controle foi utilizado tecido testicular bovino. Foram analisado pools de 20 embriões produzidos por fertilização in vitro para cada fase do desenvolvimento embrionário pré-implantação (1-2; 2-4; 4-8; 8-16; 16-32 células, mórula e blastocisto) para a análise qualitativa de expressão dos genes TSPX e SRY por PCR com transcrição reversa (RT-PCR). A seqüência obtida após a amplificação para o gene TSPX foi seqüenciada para confirmação da origem do segmento estudado. Para a análise quantitativa por PCR em tempo real foram obtidos seis embriões individualizados submetidos à extração concomitante de DNA (para a sexagem utilizando o gene TSPY) e RNA. O gene da β-actina foi utilizado como controle. Resultados: Foram encontrados transcritos dos genes TSPX e SRY no tecido testicular e em todas as fases analisadas do desenvolvimento embrionário bovino, exceto no estágio de 1-2 células. Com o DNA extraído foi possível realizar a sexagem dos embriões antes da análise quantitativa, a qual revelou a presença de transcritos de TSPX apenas nos blastocistos femininos e no tecido testicular. Conclusão: A expressão dos genes estudados mostrou-se muito precoce, sendo verificada em todos os estágios, exceto no de 1-2 células. Foi detectado um padrão de expressão diferencial de TSPX entre machos e fêmeas no estágio de blastocisto que, associado à expressão de SRY nos embriões masculinos, poderia contribuir para a diferença na velocidade de desenvolvimento entre os embriões machos e fêmeas relatada por vários autores nesse período do desenvolvimento embrionário. Apoio Financeiro: FAPESP/CNPq/FAEPA/PRONEX/ANCP. 253 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Teoria cromossômica do câncer e expressão da telomerase em uma linhagem tumoral de camundongo Oliveira-Júnior, RJ1; Vieira, CU1; Reis, CF 1; Goulart, LR; Morelli, S1 Instituto de Genética e Bioquímica, Universidade Federal de Uberlândia [email protected] 1 Palavras-chave: Sarcoma 180, citogenética, telomerase, evolução cromossômica, micro-seleção natural O câncer é uma doença resultante da instabilidade genética. Existem duas linhas teóricas que tentam explicar a origem da patologia, a teoria da mutação pontual convencional e a teoria cromossômica do câncer. Diversas características das células neoplásicas que não podem ser explicadas através das mutações convencionais são explicadas pela teoria cromossômica. A telomerase desempenha um papel importante no surgimento e desenvolvimento do câncer, permitindo que as células tumorais se proliferem sem as barreiras impostas pela erosão telomérica. É observado, frequentemente, que o câncer possui células específicas que são responsáveis pela progressão tumoral. O objetivo do presente trabalho foi realizar a caracterização genética e citogenética da linhagem celular, bem como utilizar a mesma para entender alguns aspectos da biologia tumoral, como expressão da telomerase, resposta cariotípica frente a diferentes tipos de manutenção da linhagem, presença de células-tronco tumorais e o papel da aneuploidia na progressão da neoplasia. A linhagem celular sarcoma 180 possui uma população heterogênea de células, com número modal de 68 cromossomos (tetraplóide) e número cromossômico variando de 16 a 232. A linhagem celular não apresentou diferenças cariotípicas referentes aos diferentes tipos de manutenção celular ou diferentes tempos de progressão tumoral. Em todas as metáfases analisadas foram encontrados cromossomos marcadores, sendo eles três cromossomos metacêntricos e quatro microcromossomos. A heterocromatina constitutiva é rica nas bases A-T e sua localização é conservada nas regiões pericentroméricas. As NORs encontram-se ativadas, em pelo menos um cromossomo do par, em todos os cromossomos que possuem a seqüência de DNAr, sendo eles os cromossomos 2, 4, 8, 10, 11, 12, 15, 16, 17, 18 e 19. Dentro da população encontram-se algumas células que possuem as combinações cromossômicas ideais para a perpetuação do tumor, que foram denominadas células-tronco tumorais. A linhagem possui elevada expressão da telomerase em comparação com células do sangue, lavado peritoneal, mesentério e testículos, o que permite com que a linhagem se prolifere indefinidamente. A tetraploidia observada em sarcoma 180 foi originada via endoreduplicação e durante a evolução cariotípica da linhagem, foram selecionadas alterações cromossômicas específicas que conferem vantagens adaptativas às células tumorais. Apoio financeiro: FAPEMIG, CNPq, CAPES, UFU. 254 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Domínios estruturais conservados e fosforilação preditiva em proteínas de músculo gastrocnêmio de rato Ribeiro Junior, HL²; Salles, KFF²; Ferraz, ASM²; Machado, AAN²; Barros, PM²; Moraes, SMD¹; Ceccatto, VM¹; Lima, TS² ¹Mestrado Acadêmico em Ciências Fisiológicas ²Instituto Superior de Ciências Biomédicas – Universidade Estadual do Ceará [email protected] Palavras-chave: Proteínas, Bioinformática, Músculo Esquelético, Evolução Molecular, Fosforilação Dados experimentais obtidos a partir de perfil bidimensional de proteínas de músculo gastrocnêmio de ratos Wistar foram utilizados como entrada para o estudo teórico de seus domínios protéicos estruturais conservados e predição de potenciais sítios de fosforilação. Os animais foram sacrificados por deslocamento cervical e dissecado o músculo gastrocnêmio. Após a extração, foi realizada a eletroforese bidimensional (2D-PAGE, pI 4-7, 7cm), coloração com Coomassie Blue, digitalização e análise no software ImageMaster 2D Platinum. A identificação dos spots foi efetuada contra o banco de dados Uni ProtKB/Swiss-Prot, utilizando a ferramenta online Tagident. Suas seqüências de aminoácidos foram usadas como entrada de dados para programas preditivos online: sítios de fosforilação (ProMoST – www.promost. com) e domínios conservados (SMART – http://smart.embl-heidelberg.de). No ProMoST, foram plotados os dados experimentais obtidos em gel bidimensional, caracterizando cerca de vinte isoformas da proteína MYBPH (proteína ligante de miosina – H, MYBP_RAT, O88599). Na simulação, foram incluídas as espécies protéicas: camundongo (MYBPH_MOUSE, P70402) e humana (MYBPH_HUMAN, Q13203). Os resultados mostraram um perfil gráfico, onde se reconhece diferentes spots com pequenas diferenças de pI (variando de 5 a 6,8), ocorrendo fosforilação pelas enzimas fosforilases ST e Y, com cerca de 20 isoformas cada (incluindo a proteína não-modificada). Os resultados preditivos obtidos através do ProMoST e dos dados utilizados, mostraram correlação com os dados experimentais. Sugere-se que o uso desta ferramenta na análise de géis 2D pode facilitar a identificação de fosfo-isoformas. O programa SMART caracterizou domínios conservados. As proteínas estudadas (miosinas, actinas, tropomiosinas, proteínas ligantes de miosina, tipo C e H entre outras) mostraram dezenas de sítios de conservação. Desta forma, montou-se um quadro analítico que considera a proteômica de músculo que envolve a homologia dos sítios estruturais conservados e suas relações estruturais e fisiológicas. Em MYBPH, usada aqui como modelo analítico, encontrou-se dois domínios IGcam e um FN3. O primeiro é um domínio imunoglobulínico de adesão molecular, constituindo uma subfamília molecular. O domínio FN3 é um dos três tipos de repetições internas encontradas no plasma da proteína fibronectina. Aproximadamente 2% de todas as proteínas animais contém o motivo FN3, incluindo proteínas intra e extra-celulares. Análises preditivas utilizando ferramentas preditivas podem auxiliar na busca de biomarcadores para alterações musculares, como o exercício físico e o diabetes mellitus. Apoio Financeiro: Funcap, CNPq, FINEP. 255 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudos cromossômicos em células tumorais obtidas a partir de expansão clonal indicam a presença de células-tronco tumorais Oliveira-Júnior, RJ1; Oliveira, DM1; Vieira, NR1; Morelli, S1 Instituto de Genética e Bioquímica, Universidade Federal de Uberlândia [email protected] 1 Palavras-chave: Sarcoma 180, expansão clonal, citogenética, poliploidia, células-tronco tumorais As células cancerosas em geral apresentam muitas alterações no material genético, uma vez que acumulam uma série de mutações e anomalias cromossômicas. Em algumas células tumorais são observadas profundas mudanças cariotípicas, o que possibilita a análise citogenética destas aberrações. O presente estudo teve como objetivo acompanhar o desenvolvimento de uma linhagem celular a partir de uma única célula tumoral (expansão clonal) e fazer a análise citogenética da população celular resultante. As células cancerosas foram retiradas do animal e células individuais foram isoladas por meio de diluição seriada em uma placa de ELISA com 96 poços. Os cromossomos das células tumorais foram obtidos por meio da técnica de suspensão celular e as metáfases foram analisadas por meio de microscopia óptica. As células normais de camundongos possuem 2n=40 cromossomos, sendo que todos eles são acrocêntricos. O sarcoma 180 possui número cromossômico anormal variando de 68 a 71 cromossomos (tetraplóide), com a presença de cromossomos metacêntricos e micro-cromossomos que são marcadores desta linhagem. Foram individualizadas células em pelo menos 50 poços diferentes, no entanto somente uma célula foi capaz de se proliferar e originar uma nova população celular. Este dado sugere que somente algumas células que possuem características específicas são responsáveis pela progressão tumoral, sendo elas frequentemente denominadas células-tronco tumorais. Analisando a população obtida por meio de expansão clonal foi observado que as células mantiveram os cromossomos marcadores da linhagem, no entanto observou-se um aumento no número de cromossomos metacêntricos. Também foi observado um aumento no número cromossômico geral em relação às células tumorais originais, sendo que mais que 50% das metáfases apresentaram o dobro do número cromossômico original (>120 cromossomos). O aumento do número cromossômico se deve provavelmente à poliploidização de uma célula via endoreduplicação. Apesar de algumas células possuírem número cromossômico extremamente alterado, a cultura celular se manteve viável e as células foram capazes de originar tumores em animais (in vivo). As células inoculadas nos animais foram recuperadas depois do desenvolvimento tumoral e re-analisadas. Observou-se que a população celular retornou ao estado tetraplóide original, caracterizando mais uma vez a presença de células-tronco tumorais. Desta forma acredita-se que o tumor é composto por uma população heterogênea de células e somente as células tetraplóides possuíam as características adaptativas necessárias para se desenvolverem no animal. A presença de variabilidade genotípica dentro da população tumoral pode ser interessante para a manutenção do tumor. Ao ocorrer algum tipo de pressão seletiva, como o tratamento com quimioterápicos, a população celular possuirá material genético diversificado, podendo algumas células apresentar características que as permitam sobreviver às adversidades encontradas. Desta forma, a progressão tumoral seguiria todas as leis evolutivas propostas por Darwin, ocorrendo assim uma “micro-seleção natural”. Apoio financeiro: FAPEMIG, CNPq, CAPES, UFU. 256 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Identificação do gene candidato para mutação careca induzida por ENU em camundongos Lopes, GC1; Massironi S2; Melo, LCFP1; Reis, BLFS1; Guénet, JL3; Godard, ALB1 Laboratório de Genética Animal e Humana, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais/MG 2 Biotério de Experimentação do Departamento de Imunologia, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo/SP 3 Unité de Génétique des Mammifères, Institut Pasteur, França [email protected] 1 Palavras-chave: Mutação induzida, ENU, clonagem gênica, Fgfr2 Através do projeto “Camundongo como organismo modelo: Indução de novas mutações” de colaboração entre o LGAH do ICB/UFMG e o Biotério de Experimentação do Depto. de Imunologia do ICB/USP buscou-se induzir mutações em camundongos com a utilização de ENU (Etil-Nitroso-Uréia), que gera mutações pontuais em região aleatória no genoma.O projeto ENU gerou 11 mutantes com fenótipos característicos e marcantes dentre eles o careca (carc). Essa mutação isolada em linhagem isogênica BALB/c se caracteriza por ser recessiva, A partir de observações histológicas dos animais observou-se nos rim aumento da celularidade nos glomérulos, o baço apresenta hiperplasia de tecido linfóide e o fígado apresenta aumento de celularidade nas regiões periarteriolares. O linfonodo dos animais mutantes mostrou-se maior em relação aos animais normais, apesar de apresentar uma distribuição normal de células T, B e macrófagos. Os níveis de T3, T4 e TSH estão sendo medidos com a finalidade de explicitar um possível envolvimento hormonal no fenótipo mutante. Com base nas observações histológicas, é possível que o mutante careca sofra de algum problema metabólico hormonal ou mesmo de algum distúrbio imunológico envolvido com formação da pelagem. Esse trabalho tem como objetivo de mapear e Identificar o gene causador do fenótipo carc, identificar e caracterizar a mutação a nível molecular e avaliar o valor do mutante como um modelo animal viável para estudos subseqüentes. O mapeamento genético à média resolução proveniente da genotipagem por meio de microssatélites de 783 animais com 15 marcadores polimórficos, pôde posicionar o locus careca no cromossomo 7 num intervalo genômico de 5,56 megabases compreendido entre os marcadores D7Mit105 e D7Mit304. Os resultados do mapeamento posicionaram o locus carc na porção distal do cromossomo 7 em uma região homóloga aos cromossomos humanos 10q25-q26, 11p15.5 e 11q13.3. Dentre os genes conhecidos neste trecho, o gene Fgfr2 (fibroblast growth factor receptor 2) foi considerado o candidato mais imediato, já que participa ativamente da diferenciação epidérmica no embrião. Além disso, animais knockouts para Fgfr2 mostram intensa correspondência fenotípica com o mutante carc. Existe também dentro da região mapeada 5 genes com função ainda não descrita experimentalmente e 3 genes homeobox. O seqüenciamento do gene descartou qualquer mutação exônica capaz de indicar a possibilidade do gene Fgfr2 ser o responsável pelo fenótipo carc. A busca pela identificação gene causador do fenótipo carc continua tendo como foco principal no estudo dos genes sem função descrita em concomitância com mapeamento posicional do loci carc com o uso de marcadores SNPs. Instituições financiadoras/parceiras: FAPEMIG, CAPES/FAPESP, USP e Instituto Pasteur – Paris. 257 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Evolution of the gene regulatory network controlling trunk segmentation in insects Marques-Souza, H1; Aranda, M2; Tautz, D3 Department of Integrative Biology, University of California, Berkeley, USA 2 Institute for Genetics, University of Cologne, Cologne, Germany 3 Department of Evolutionary Genetics, Max-Planck-Institute, Ploen, Germany [email protected] 1 Keywords: Gene, regulatory network, evolution, development, insect, segmentation gene, RNAi, gene silencing The study of pattern formation in insects is the main source of our current understanding of the genetic processes underlying the development of an organism. In the model organism Drosophila melanogaster, a set of transcription factors and signaling molecules pattern the embryo through a segmentation gene cascade. Maternal gradients define broad expression domains of the transcription factors called gap genes, which are involved in a cross-regulatory network along the anteroposterior axis of the fly embryo. This cross-regulatory network regulate the expression of downstream genes like pair rule, segment polarity and Hox genes, resulting in the patterning all body synchronously (long germ development). Although orthologs of most of the Drosophila segmentation genes can be found in all arthropods, functional study in insects displaying more ancestral mode of development (short germ development) reveals significant differences in the role of these genes during insect development. In order to shed light into the evolution of insect body patterning, we analyzed the role of the gene regulatory network controlling trunk segmentation in the short germ beetle Tribolium castaneum. To this aim, we performed a simultaneous analysis of an extensive number of segmentation genes using techniques such as in situ hybridization and gene silencing to characterize the expression pattern, function and genetic interaction among these genes during embryonic developing. Our data reveals that, although most of the segmentation genes are expressed in comparable patterns between Tribolium and Drosophila, their interactions as well as their role in regulating target genes has changed significantly since both species have diverged from their last common ancestor. In contrast to Drosophila, it seems that the gap genes have only a minor role in regulating pair rule genes in Tribolium. This evolutionary difference might reflect the different mode of development between both species. Intriguingly, we find that the expression of the gap genes along the AP axis in Tribolium form a set of repression borders essential for the regulation of the trunk Hox genes in their collinear anteroposterior order of expression. By altering the limits of the gap gene expression domains via RNAi, it is possible to generate Tribolium larva that are completely lacking limbs, with additional pairs of legs or with additional mouthparts along the body. More importantly, based on our interpretation of the Hox gene regulation in Tribolium, we are able to interpret all morphological changes observed in the gap gene knockdown embryos and to propose a model for the evolution of the gene regulatory network controlling trunk segmentation in insects. Funding: International Graduate School in Genetics and Functional Genomics. 258 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Segmentação: velhos genes, novas funções Andrioli LP Escola de Artes Ciências e Humanidades, USP/SP [email protected] Tailless (tll) e huckebein (hkb) são genes expressos nas porções mais terminais do embrião, diretamente sujeitos a regulação do receptor tirosina-quinase Torso, desencadeador do sinal responsável pela formação das extremidades não segmentadas do corpo da larva. Nas regiões mais centrais do embrião, uma cascata de fatores de transcrição organizada em níveis hierárquicos (gap, pair-rule e segment-polarity) gera informação posicional necessária para a especificação dos segmentos do corpo. Nesse estudo investigo a possibilidade de que hkb e tll também participem da regulação do padrão estriado pair-rule na região anterior do embrião. De acordo com modelo que proponho, faixas pair-rule não são formadas nas regiões mais terminais do embrião devido à atividade combinatória de repressores locais. Para testar esse modelo, o padrão de faixas de expressão pair-rule foi analisado em embriões duplo-mutantes nulos formados pela combinação de um repressor comum de faixas anteriores (sloppy-paired, slp) com hkb ou tll. Dessa forma detectamos efeitos específicos de desrepressão de faixas anteriores em embriões slp-hkb- e slp-tll-, maiores do que em embriões mutantes simples para esses genes, evidenciando a atuação de tll e hkb como repressores. A expressão ectópica de tll e hkb diretamente sobre as faixas confirmou o papel repressor desses genes para faixas específicas, compatível com os resultados verificados com os mutantes. Fato interessante, nos experimentos com a expressão ectópica, foi verificada a atuação de tll como repressor dos genes Kr, kni e gt, sinalizando um possível mecanismo de gradiente de concentração de Tll. No momento estamos gerando e analisando duplo-mutantes e triplo-mutantes para verificar se essa atividade não detectada no mutante simples tll- também reflete um papel fisiológico segundo um mecanismo combinatório na regulação de genes gap da região mediana do corpo. A atuação combinatória e/ou redundante de reguladores é um indício da robustez dos mecanismos de regulação necessários para a geração dos segmentos do corpo, assegurando a correta expressão espacial dos genes envolvidos. Apoio financeiro: FAPESP. 259 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Positive selection in a conserved gene Sobrinho Jr., IS1; de Brito, RA2 Laboratório de Genética de Populações e Evolução, Departamento de Genética e Evolução, UFSCar [email protected]; [email protected] Keywords: positive selection, doublesex, Anastrepha, sex differentiation genes Doublesex (dsx) is a key gene in the sex differentiation cascade in insects and acts by regulating genes that are responsible for males or females traits. Because of functional and structural conservation of its DNA-binding domain and the central role dsx plays in sexual differentiation, this gene is expected be reasonably conserved. In this work we study population genetics data for many specimens of the Anastrepha fraterculus species group, notably A. fraterculus, A. sororcula and A. obliqua, to investigate patterns of molecular adaptation in the common region of dsx and test the hypothesis that this gene is evolutionary conserved and evolves under purifying selection. Flies were collected from 39 localities in Brazil. DNA was extracted and a 543 bp fragment, which represents the common region of dsx between both gender and contains de DNA-binding domain, was PCR amplified, purified, and cloned. At least two to five recombinant colonies were sequenced per individual. These sequences were aligned and the haplotype network was inferred by statistical parsimony. Our results show that haplotype diversity of dsx was very high and its evolutionary rate, based on dN/dS estimates, was approximately eightfold higher than mitochondrial COI data from these same populations. Although the relatively high proportion of nonsynonymous substitutions found in dsx, Tajima’s and Fu and Li’s neutrality tests, Templeton’s contingency test and the analysis of dN/dS ratio in PAML revealed an overall signature of purifying selection. However, when using the test of McClellan et al. (2005), which considers shifts in amino acid properties of nonsynonymous substitutions and determines if the change is conservative or radical, we found five amino acid properties that were under positive-destabilizing selection. The majority of them were detected in the 3’ end of the common exon, but none was detected in the DNA-binding domain. Interestingly, two of the affected properties were involved in structural changes in α-helixes at the 3' extremity, showing that structural changes in α-helix had been favored by selection at this region. Such results indicate that dsx evolves under a complex pattern of diversification with some regions being affected by positive selection in a background of mild purifying selection. Sequencing of the whole gene in these individuals might help elucidate these questions. Financial support: CAPES, CNPq, FAPESP. 260 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Conservação do fator de transcrição Doublesex em insetos e seu papel na regulação das proteínas de estocagem em Apis mellifera Freitas, FCP1; Cristino, AS2; Simões, ZLP1,3 Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo 2 Instituto de Física de São Carlos, Universidade de São Paulo 3 Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo [email protected] 1 Palavras-chave: Doublesex, regulação gênica, Apis mellifera O gene doublesex (dsx) está entre os genes mais conservados que participam da determinação do sexo em insetos e ocupa a base da hierarquia reguladora dos genes envolvidos na diferenciação sexual somática. O dsx codifica um fator de transcrição (DSX) que regula a transcrição sexo-específica de vários genes. Recentemente, foram identificadas quatro isoformas alternativas de mRNA do gene dsx em Apis mellifera, sendo duas específicas de fêmea, uma específica de macho e uma presentes em ambos os sexos. A função melhor caracterizada do DSX é a regulação da expressão de proteínas de estocagem tais como a proteína do ovo (yp1) em Drosophila melanogaster, a vitelogenina (vg) em Bombyx mori e a hexamerina 1.2 (hex1.2) em Ochlerotatus atropalpus. Este estudo teve dois objetivos: caracterizar do perfil de expressão de cinco genes (dsx, ix, vg, hex70A e hex110) em rainhas e zangões nos estágios larvais 4 (L4), 5 (sudivisões L5F2 e L5S3) e pupal (pupa de olho branco, Pw) e realizar uma análise filogenética da evolução do dsx em insetos. O fato de dsx apresentar-se conservado em metazoários indica que as vias regulatórias e os genes-alvo controlados por este fator pleiotrópico possam também estar conservados. Análises filogenéticas e da região promotora dos genes vg e hex110 em insetos (apresentados em trabalhos anterioes) indicam ser estes os candidatos a terem expressão diferencial nos sexos de A. mellifera. Contudo, foi observado que não parece haver um perfil de expressão específico de sexo para os genes ix, vg, hex70A e hex110, mas sim uma expressão diferencial (em níveis de transcritos) entre os sexos. Apoio Financeiro: FAPESP. 261 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Níveis de esterase do hormônio juvenil (HJ) e epóxido hidrolase do HJ no desenvolvimento pós-embrionário de Melipona scutellaris Bonetti, AM1; Mackert, A2; Vieira, CU1; Bitondi, MMG3; Paulino-Simões, ZL3 Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Genética e Bioquímica, Laboratório de Genética 2 Depto. de Genética, FMRP, Universidade de São Paulo 3 Depto. de Biologia, FFCLRP, Universidade de São Paulo 1 A ação do Hormônio Juvenil (HJ) na diferenciação de casta e polietismo etário em abelhas depende de genes que estão relacionados com o controle de sua síntese e degradação. A Esterase do HJ (JHE) produzida no corpo gorduroso e secretada na hemolinfa e a Epóxido Hidrolase do HJ (JHEH) enzima citosólica, participam da degradação do HJ. Em A. mellifera essas proteínas foram estudadas e apresentaram perfis compatíveis com os títulos de HJ durante o desenvolvimento pós-embrionário. Em Melipona scutellaris essas proteínas foram estudadas utilizando-se anticorpos específicos para A. mellifera durante o desenvolvimento pós-embrionário de operárias. As análises foram feitas por western blot após separação de extrato protéico total por SDS-PAGE. Foram localizadas proteínas de peso molecular compatíveis com A. mellifera. Ambas foram encontradas na hemolinfa (JHE) e corpo gorduroso (JHEH) durante todo o desenvolvimento, no entanto, o perfil destas proteínas foi diferente do obtido para A. mellifera. Os maiores níveis de JHE foram encontrados nas fases de larva defecante e pupa de olho branco, que correspondem ao final do instar larval e início do estágio pupal. Em relação à JHEH altos níveis de proteínas foram encontrados durante todos os estágios larvais e pupais analisados. Em abelhas adultas, ocorre queda dos níveis de JHEH. Apesar da alta similaridade entre as seqüências de A. mellifera e M. scutellaris, evidenciada pelo fato da localização das proteínas utilizando anticorpo nãoespecífico, o perfil das proteínas durante o desenvolvimento é diferente. Esse fato sugere que a regulação dessas duas proteínas seja diferente entre essas espécies de abelhas. Apoio Financeiro: FAPESP, FAPEMIG e CNPq. 262 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Gene codificador de uma proteína cuticular rica em glicina em Apis mellifera: expressão modulada por ecdisteróides durante o desenvolvimento Soares, MPM; Bitondi, MMG Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP Departamento: Biologia Avenida Bandeirantes, 3900, 14040-901, Ribeirão Preto, Brasil [email protected] Palavra-chaves: gene codificador de proteína cuticular, Apis mellifera, tegumento, ecdisteróides Resumo: Os insetos são recobertos por uma estrutura extracelular, a cutícula. Dentre seus principais componentes destacam-se as proteínas cuticulares, as quais são sintetizadas pela epiderme e secretadas em momentos precisos dos ciclos de muda. O presente trabalho se desenvolve dentro de uma abordagem ampla que visa obter informações sobre estrutura, função e regulação hormonal de genes codificadores de proteínas integrantes das diferentes cutículas que recobrem a abelha Apis mellifera em seus estágios larval, pupal e adulto. Neste contexto, foi investigada a expressão de um gene codificador da proteína cuticular, AmelGrp. O RNA foi extraído do tegumento (epiderme e cutícula) dos diferentes estágios e utilizado em experimentos de RT-PCR semiquantitativa para síntese de cDNA, amplificação, clonagem e seqüenciamento. A proteína predita apresentou regiões ricas em glicina, evidenciando uma provável classe de proteínas cuticulares inédita em abelhas. A expressão de AmelGrp se restringe a períodos específicos do desenvolvimento e não está sujeita a regulação espacial. O aumento dos transcritos AmelGrp, tanto no tórax quanto no abdômen, coincide com o declínio do título de ecdisteróides na hemolinfa. Experimentos in vitro confirmaram que AmelGrp é regulado por estes hormônios. Western blots mostraram que os níveis da proteína AmelGrp se relacionam positivamente com os níveis do respectivo transcrito nas diferentes fases do desenvolvimento. No presente momento estamos utilizando o RNA de interferência como ferramenta para investigar a função do gene AmelGrp. Apoio Financeiro: Fapesp, CnpQ, Capes-Proap, Pro-Reitoria de Pós-graduação. 263 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 CO2 inibe a ativação de ovários e expressão de genes ligados à reprodução em operárias Apis mellifera Macedo, LMF1; Guidugli-Lazzarini, KR1; Laure, MAFB2; Simões, ZLP1 Departamento de Biologia, FFCLRP- USP Departamento de Genética, FRMRP - USP [email protected] 1 2 Palavras-chave: abelha, vitelogenina, perfil protéico, expressão gênica, status reprodutivo Em Apis mellifera a rainha é a única fêmea na colônia com capacidade de acasalar e botar ovos fecundados. As operárias, facultativamente estéreis, arcam com as tarefas não-reprodutivas. Ambas sintetizam vitelogenina (Vg), principal proteína do ovo, porém, a modulação da expressão do gene codificador dessa proteína, a função exercida por ela, diferem nas castas. Inúmeros agentes podem estimular ou reprimir a síntese da Vg. Sabe-se que a exposição ao dióxido de carbono (CO2) afeta o processo reprodutivo em ambas as castas. O tratamento das rainhas com CO2 eleva os títulos de Vg na hemolinfa e acelera o desenvolvimento ovariano. Nas operárias o efeito é antagônico. Dentro deste cenário, os nossos objetivos foram: analisar os títulos de proteínas na hemolinfa de abelhas operárias (órfãs) controles e tratadas com CO2 e verificar diferenças na expressão de genes relacionados à reprodução. O tratamento foi realizado no quarto e quinto dia após a emergência. No décimo dia, foram extraídos corpo gorduroso e ovário (para análises moleculares) e hemolinfa (para análise protéica por meio da técnica SDS-PAGE). Os genes selecionados para a análise de expressão, por RTPCR semi-quantitativa, foram os codificadores de: Vg, Lipoforina (Lp) e seus receptores, Transferrina, Hexamerina 70a e Buffy. O tratamento inibiu o desenvolvimento ovariano e também modificou o padrão protéico, causando uma diminuição nos títulos de Vg e hexamerinas 70a, 70b e 70c presentes na hemolinfa de operárias com dez dias de idade. Também observamos um harmônico aumento tanto da expressão da Lp (ligante) quanto do seu receptor. Nos demais genes, a expressão foi maior no grupo controle, cujos ovários apresentavam-se predominantemente ativados. Acreditase que a hexamerina 70a tenha função associada ao desenvolvimento dos ovários e reprodução. A principal função da transferrina nos ovários é o fornecimento essencial de íons de ferro necessários para o desenvolvimento dos ovócitos e embriões. O buffy é inibidor de morte celular programada e a maior expressão deste gene é esperada nos tecidos que não entraram em processo de morte celular. Sugerimos que os genes estudados possam fazer parte da rede que regula a esterilidade funcional em operárias. O aumento observado na expressão de Lp pode compensar a diminuição de Vg, já que, estas duas proteínas compartilham funções como transporte de lipídios e de estocagem. A análise conjunta dos nossos resultados mostra que o tratamento com CO2 afeta genes importantes em processos reprodutivos e através deste tratamento podemos ampliar os conhecimentos nesta área de estudo. Apoio Financeiro: FAPESP, CAPES. 264 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Identificação e expressão de um gene Toll-Like receptor em Melipona scutellaris (Hymenoptera, Apidae, Meliponina) Amaral, IMR1; Vieira, CU1; Bonetti, AM1 Instituto de Genética e Bioquímica, Laboratório de Genética, Universidade Federal de Uberlândia/MG [email protected] 1 Palavras-chave: Melipona scutellaris, receptor toll, Drosophila melanogaster, resposta imune, proteína transmembrânica Em Drosophila melanogaster, as moléculas toll foram inicialmente descritas como receptores transmembrânicos do tipo I com um papel importante no desenvolvimento dorso-ventral do embrião. Moscas geneticamente deficientes em moléculas toll apresentam uma capacidade reduzida de defesa contra fungos e bactérias gram-positivas. Posteriormente, pelo menos 11 tipos de moléculas toll análogas às de Drosophila foram identificadas em mamíferos e denominadas “tolllike” receptors (TLRs). Os TLRs são proteínas transmembranas caracterizadas por seqüências extracelulares repetidas ricas em leucina capazes de reconhecer um amplo grupo de padrões moleculares associados à patógenos (PAMPs) de diferentes espécies de microrganismos e fundamentais para a ativação da resposta imune inata. Não existem trabalhos sobre o sistema imune de abelhas sem ferrão. Devido ao potencial econômico dos meliponíneos, principalmente no norte e nordeste do Brasil, é de vital importância conhecer os seus mecanismos de defesa contra patógenos. Nesse trabalho foi feito a identificação de um gene Toll em Melipona scutellaris e análise de expressão durante o desenvolvimento larval. Análises de bioinformática no genoma de Apis mellifera revelaram um gene codificante para receptor Toll. Em seguida, foi desenhado um par de primer específicos para esse gene para estudos de expressão. Os RNA totais de larvas L1, L2, L31 e L32 de M. scutellaris foram extraídos utilizando Trizol. Em seguida foi feita a reação de transcrição reversa e análise da expressão por PCR semi-quantitativa. O fragmento gênico foi clonado e seqüenciado para caracterização do gene em M. scutellaris. Alinhamento com clustal W mostrou a homologia desse gene com o de Apis mellifera. Análise de expressão gênica mostrou que o gene MsToll é expresso em todas as fases analisadas. Nos meliponíneos, o alvéolo de cria é preenchido com alimento (pólen, mel e secreção glandular), a rainha ovoposita em cima desse alimento, sem seguida o alvéolo é lacrado. Esse alimento larval é rico em bactérias. A expressão desse gene durante a fase larval pode ser explicado pela grande interação entre as larvas e as bactérias do alimento. A proteína toll é essencial para sinalizar a invasão do organismo por bactérias, disparando uma cascata de eventos para tentar bloquear essa invasão. Apoio: CNPq, FAPEMIG, CAPES, UFU. 265 54º Congresso Brasileiro de Genética 266 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Can a storage protein plays a nuclear activity? Martins, JR; Araújo, LA; Nunes, FMF; Bitondi, MMG Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Departamento de Genética, Universidade de São Paulo [email protected] Keywords: Apis mellifera, hexamerin, ovaries, immunofluorescence In preparing for metamorphosis, insect larvae store a huge amount of proteins in hemolymph, mainly hexamerins. Out of four hexamerins synthesized in the fat body of the honey bee larvae, HEX 70a exhibited a peculiar developmental pattern, especially it is present in adults. The fat body is not the only site for hex 70a gene expression. Both transcripts and protein subunits are detected in developing gonads from workers and queens, suggesting a role in ovary differentiation. Here we used a monoclonal antibody against HEX 70a in immunofluorescence assays and confocal microscopy to localize this hexamerin in the ovaries of newly emerged queens. At this life cycle stage, the queen ovary consists around 200 ovarioles, each one formed by a terminal filament (containing somatic cells) and a germarium (with oogonia and somatic cells). A vitellarium containing the oocyte and nurse cells is not yet distinguished in ovarioles of newly emerged queens. Our analyses revealed that HEX 70a is present mainly in the nuclei of all germarium cells types. In termites, a hemolymph-soluble hexamerin is able to covalently binding JH to modulate JH-dependent gene expression. The presence of hexamerins in the germarium nuclei is an amazing novelty and strongly suggest that HEX 70a protein can be a hormone carrier to the cell nucleus, acting as a transcription factor. Supported by: FAPESP, FAEPA. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Cellular basis of selection response and phenotypic plasticity in Drosophila melenogaster Torquato, LMS; Bitner-Mathé, BC Instituto de Biologia, Departamento de Genética, Universidade Federal do Rio de Janeiro [email protected] Palavras-chave: Cell size, developmental temperature, Drosophila, selection, wing shape Artificial selections on wing shape have been separately performed at two temperatures: 39 generations at 16.5oC and 64 generations at 22oC. This selection program resulted in lines of Drosophila melanogaster with ring-shaped or elongated wings. We tested whether the changes in the mean values of the artificially selected character has led to changes in the phenotypic plasticity of this character in terms of cell size and cell number. For each direction and temperature of selection, flies were raised in two generations at 16.5oC or 25oC. For up to 40 females by group, the numbers of tricomes were counted in standard squares on 5 intervein areas of the dorsal surface of the wing. These data were also used for estimating the cell size throughout the wing blade. We observed that cell size varies across intervein areas, increasing towards the anterior region of the wing. This pattern of variation can be better explained by the fitting of a quadratic distribution than by a linear one. There is also a significant effect of developmental temperature: the cell size is greater at the lowest temperature. But the most interesting was that we observed a significant effect of the interaction between the direction of selection and the temperature where the selection was performed. These preliminary results suggest that variation in cell size is related to wing shape variation. Moreover, populations may respond to similar selection regime through different genetic mechanisms, depending on the environment where the selection was performed, and this response may be partially independent from that related to the character plasticity. Apoio financeiro: CNPq e FAPERJ. 267 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Candidate genes expression and wing shape divergence in Drosophila melenogaster Matta, BP; Bitner-Mathé, BC Instituto de Biologia, Departamento de Genética, Universidade Federal do Rio de Janeiro [email protected] Palavras-chave: morphological evolution, wing development, artificial selection, real-time quantitative RT-PCR, Drosophila The outline shape of Drosophila wing can be estimated by the ratio between wing width and wing length, so that the higher this ratio, the rounder the wing, and vice-versa. Through a program of bidirectional artificial selection in a single natural population of Drosophila melanogaster, lines with a highly significant divergence in wing outline shape were previously established. Since these lines have the same genetic background, and no correlated response of wing size to the shape selection program was observed, they were used here to evaluate if genes functionally associated to the wing development also account for the quantitative size-free wing shape variation between these lines. We have analyzed the expression of three candidate genes involved in different processes during the development of wing imaginal disc: rotund (rn), nubbin (nub) and Epidermal growth factor receptor (EGFR). Third instar wandering larvae were sexed and dissected in cold PBS for the collection of 100 imaginal discs from at least 50 males of each selection line: rounder outline shape (R line) or longer outline shape (L line). Two technical replicates of real-time quantitative RT-PCR (qRTPCR) were performed for each candidate gene in triplicates of each line sample. A reference gene (Rp49/RpL32) was included to normalize the relative expression of candidate genes. RNA integrity and dissociation curves were analyzed and did not show strong degradation or the presence of unspecific products. For all three tested genes, the normalized relative expression (NRE) corrected by the efficiency of each gene was significantly greater than the expected at random (REST, 5000 permutations: NRErn = 1,784; NREnub = 1,561; NREEGFR = 1,497; all P < 0,003). Moreover, all NRE were higher in the R sample than in L the sample. That is, rn, nub and EGFR have transcription levels significantly higher in males with rounder wings than in males with longer ones, showing the possibility that these genes might have contributed to generate the phenotypic divergence between these lines. This preliminary result is now being validated in biological replicates and in samples of a control line with no selection applied. A better normalization will be done as well, with the inclusion of at least one more reference gene. Other candidate genes will be tested, so we hope to better understand if morphological divergence can be rapidly generated through the selection of variation in non-coding regions of genes functionally involved in developmental processes. Apoio Financeiro: CNPq e FAPERJ. 268 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Plasticidade fenotípica da pigmentação em Drosophila mediopunctata: forma da norma de reação e valor fenotípico médio Rocha, F; Medeiros, HF; Klaczko, LB Departamento de Genética e Evolução, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas [email protected] Palavras-chave: plasticidade fenotípica, policromatismo, pleiotropia Atualmente, parece haver um consenso sobre a idéia de que a plasticidade fenotípica e o valor médio de uma determinada característica são geneticamente independentes. Neste trabalho, nós usamos a norma de reação da pigmentação abdominal de Drosophila mediopunctata em resposta à temperatura para testar essa idéia. Em D. mediopunctata os indivíduos podem ter de zero a três pintas escuras mediais no abdômen. Já se demonstrou que: esta característica sofre forte influência da temperatura; tem determinação genética, com pronunciada influência do segundo cromossomo; há uma associação não-aleatória entre as inversões PA0 e PC0 do segundo cromossomo e o número médio de pintas, na qual a primeira inversão está associada a fenótipos claros (menor número de pintas) e a segunda associada a fenótipos escuros (maior número de pintas). Para testar diferentes cenários envolvendo o valor fenotípico médio, as inversões PA0 e PC0 e as normas de reação desse traço à temperatura, oito estirpes (quatro homocariotípicas para PA0 e quatro para PC0) com valor fenotípico médio variável (de 1,01 a 3,00 pintas por indivíduo) foram criadas em 11 temperaturas diferentes num gradiente térmico entre 14° e 24°C. Seguindo uma amostra estratificada, as oito estirpes formaram dois grupos fenotípicos, independentemente do cariótipo: um grupo claro (valor médio abaixo de 2 pintas por indivíduo) e um grupo escuro (valor médio acima de 2). Todas as estirpes apresentaram o mesmo padrão de resposta à variação de temperatura, em que temperaturas mais baixas produziram animais com mais pintas que temperaturas mais altas. Os dados (número de pintas de 1134 animais) foram analisados por duas ANCOVAs, testando separadamente os fatores cariótipo e grupo fenotípico. Nenhum efeito significativo foi detectado para o cariótipo ou qualquer interação entre o cariótipo e outras variáveis. Em contraste, houve um forte efeito do grupo fenotípico (F=26,804; g.l.= 1, 1118; P<0,001), bem como da interação entre esse fator, a temperatura e o sexo (F=13,677; g.l.=1, 1118; P<0,001), indicando que estirpes do grupo claro tiveram normas de reação diferentes de estirpes do grupo escuro. As normas de reação das oito estirpes foram descritas por equações quadráticas (NP = a + bT + cT2), e apresentaram grande variação de forma, em parte explicada pelo parâmetro c, que determina a curvatura da parábola descrita por essa equação. Foi detectada uma correlação negativa significativa entre o valor médio de cada estirpe e a curvatura (valor de c) das normas de reação (r = -0,93; P< 0,001), evidenciando uma alta dependência entre a forma da norma de reação e o valor fenotípico médio. Esses resultados rejeitam diretamente a idéia de independência genética entre o valor médio e a plasticidade fenotípica e podem indicar um padrão de correlação geral cuja importância pode ter sido subestimada. Orgão financiador: FAPESP, CNPQ, CAPES. 269 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Variation in wing shape of artificially selected lineages of Drosophila melanogaster and its effects on correlated traits and phenotypic plasticity Corrêa, DM1; Bitner-Mathe, BC2 Instituto de Biologia, Departamento de Genética, Universidade Federal do Rio de Janeiro [email protected]; [email protected] Palavra-chave: Drosophila melanogaster, phenotypic plasticity Divergent lineages have been produced by artificial selection on the shape (SH) of the Drosophila melanogaster wing, generating both elongated and rounded shaped wings. The selection program has been performed independently in two temperatures (16.5°C and 22°C). In generation 39 at 16.5 oC and 64 at 22oC, some replications were transferred to the opposite temperature while some were maintained at the original temperature. We tested the influence of the environment where the lineages were selected over the artificially selected character and over other correlated traits. The influence of the artificial selection over the phenotypic plasticity of the traits was also analyzed. We found significant differences between the experimental conditions (direction of selection and temperature) where the direction of selection was responsible for the largest amount of variation of SH. The temperature at which the selection process occurred showed to be significant and appointed as the second principal effect causing variation in SH. Final temperature was also significant but responsible for a minor variation. No interaction effect was detected. A preliminary study of the correlation patterns of the wing traits, by Principal Components Analysis, indicates a similar pattern, also found in preview studies, with a slight variation among the direction of selection and temperatures. The differences found are yet to be confirmed. Transferring some replications to a different temperature allowed us to test the phenotypic plasticity of the traits in each direction of selection. Traits responded differently when raised at a different temperature but all directions of selection (elongated, control and rounded) responded very similarly. This suggests that although the selection program was strong enough to change the genotypic structure that produces variation in the traits it didn’t influence the mechanisms that control the phenotypic plasticity itself, allowing very divergent lineages to respond in a very similar pattern. Wing size was highly affected by the temperature the lineages were raised in the final generation comparing with the temperature at which the selection program occurred. Assessing the effects that influence the variation of SH and its correlated traits is important to understand the mechanisms that underlie the variation of complex traits as the wing of a fly. Orgão finanaciador: CAPES. 270 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 A forma das asas e o sucesso dos machos em Drosophila melanogaster Menezes, BF1; Vigoder, F2; Peixoto, A2; Bitner-Mathé, BC1 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Laboratório de Genética de Populações de Drosophila, Instituto de Biologia 2 Instituto Oswaldo Cruz, Laboratório de Biologia Molecular de Insetos 1 Palavras-chave: Drosophila, seleção sexual, variação morfológica Em Drosophila, a corte é fundamental para o acasalamento, sendo constituída por uma série de processos. Entre estes processos, o batimento das asas gera uma vibração que é característica de cada espécie e essencial no reconhecimento intra-específico. Variações na forma das asas de Drosophila foram descritas entre populações e entre espécies, mas se estas variações influenciam, direta ou indiretamente, o processo de corte é uma questão em aberto. Em nosso laboratório, a partir de uma população natural de Drosophila melanogaster, foram obtidas por seleção artificial, linhagens com formas de asas muito divergentes - quatro linhagens apresentam forma das asas alongadas e outras quatro apresentam forma das asas arredondadas. Nesse trabalho, nós utilizamos essas linhagens para testar a influência da forma das asas dos machos para o seu sucesso no acasalamento. Em cruzamentos onde machos de asas alongadas competiam com machos de asas arredondadas, observamos um número significativamente maior de acasalamentos dos machos de asas alongadas independente da fêmea disputada ser proveniente de linhagens com asas alongadas ou arredondadas. O mesmo não ocorreu quando machos de asas alongadas competiam com machos de linhagens controle. Nesse caso, o sucesso dos machos de asas alongadas foi significativamente maior apenas na disputa por fêmeas provenientes do mesmo tipo de linhagens. Três testes complementares foram realizados. O primeiro permitiu descartar a hipótese de que, nos experimentos que realizamos, o tamanho dos machos tenha sido o fator determinante para o seu sucesso. O segundo mostrou que ao cortarmos as asas dos machos não foi mais possível detectar diferença no sucesso entre machos provenientes de diferentes linhagens. O terceiro detectou diferenças significativas no padrão de som emitido por machos provenientes de linhagens com asas alongadas e arredondadas. Esse conjunto de dados sugere que a forma das asas tem influência no processo de corte e, embora não esteja clara a relação direta dessa influência, é possível que ela esteja relacionada com o padrão de som emitido durante a corte. Apoio: Bolsa IC CEPEG/UFRJ, FAPERJ, CNPq. 271 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Prevalência de agentes androcidas em espécies de Drosophila Martins, AB¹; Ventura, IM¹; Andrade, CAC¹; Araripe, LO¹; Klaczko, LB¹ Departamento de Genética e Evolução, Universidade Estadual de Campinas [email protected] 1 Palavras-chave: “sex-ratio”, elementos genéticos egoístas, Wolbachia, Spiroplasma, D. paraguayensis Agentes androcidas são elementos citoplasmáticos egoístas que causam desvios nas proporções sexuais. Para estes elementos a morte precoce da prole masculina de uma fêmea infectada favorece sua disseminação, já que é transmitido verticalmente. A prevalência de agentes androcidas, estimada por modelos matemáticos, depende da taxa de transmissão de uma fêmea infectada para suas filhas e dos efeitos diretos e indiretos do agente causador no valor adaptativo do hospedeiro. Até o momento não foi detectada influência da presença desses elementos no valor adaptativo de Drosophila, por isso espera-se que a prevalência dos mesmos seja baixa neste grupo. Em populações naturais de Drosophila a prevalência desses agentes varia entre 1-10%, atingindo um máximo de 13,4%. Neste trabalho iniciamos estimativas da prevalência de agentes androcidas em populações de D. melanogaster e D. paraguayensis. A detecção inicial da presença do agente androcida é feita pela contagem da F1. Proles com mais de 75% de fêmeas são consideradas positivas. Posteriormente, será confirmada a presença e identificação do agente pela amplificação com primers específicos para os agentes androcidas encontrados em Drosophila (Wolbachia e Spiroplasma). Em 2008, foram realizadas coletas no Parque Nacional do Itatiaia (Itatiaia, Rio de Janeiro) e nas cidades de Salvador e Rio de Janeiro. Para D. paraguayensis a prevalência de agentes androcidas estimada foi igual a 7,7% (IC: 4,1% - 13,8%; n = 130). No caso de D. melanogaster, a prevalência de agentes androcidas estimada foi igual a 1,7% (IC: 0% - 9,9%; n = 60) no Rio de Janeiro, RJ. A coleta de D. melanogaster em Salvador, BA foi realizada em duas localidades. Em Patamares a prevalência de agentes androcidas estimada foi igual a 16,5% (IC: 12,0% - 22,3%; n = 200), enquanto em Peri-peri, foi igual a 23,8% (IC: 10,2% - 45,5%; n = 21). Montenegro e colaboradores (2005) estimaram uma prevalência de 2,3% (IC: 0,6% - 5,8%; n = 173) para esta espécie em Recife, PE. Estes resultados mostram que a prevalência de agentes androcidas em diferentes espécies pode ser bem maior do que a prevista pelos modelos disponíveis, o que indica que novos estudos envolvendo taxa de transmissão e influência no valor adaptativo do hospedeiro são necessários. Além disso, a descoberta de populações de uma mesma espécie apresentando grande variação nas prevalências desses elementos – como relatadas aqui – podem ser bastante informativas e úteis para esses estudos. Apoio financeiro: FAPESP; CNPq. 272 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Variación natural en el tamaño corporal asociada al segundo cromosoma de Drosophila melanogaster Carreira, VP; Mensch, J; Hasson, E; Fanara JJ Laboratorio de Evolución. Departamento de Ecología, Genética y Evolución Facultad de Ciencias Exactas y Naturales. Universidad de Buenos Aires [email protected] Palabras clave: tamaño corporal, variación genética, clina, Drosophila melanogaster, segundo cromosoma El análisis genético-evolutivo de caracteres adaptativos es complejo debido a los múltiples factores, genéticos y ambientales, implicados en su expresión. Sin embargo, el conocimiento de las bases genéticas de estos caracteres es indispensable para comprender su arquitectura genética y cuantificar la variación genética natural intrapoblacional y la divergencia interpoblacional en loci asociados. El tamaño del cuerpo es un carácter adaptativo cuya variación tiene base genética, depende de factores ambientales y muestra una multiplicidad de interacciones con otros componentes del fitness. El objetivo de este trabajo es estudiar la variación natural en el tamaño corporal asociada al segundo cromosoma de Drosophila melanogaster. Se midieron varios caracteres morfológicos (tamaño del ala, largo del tórax, ancho de cabeza y distancia interocular) en individuos de ambos sexos de 66 líneas isogénicas para el cromosoma 2 derivadas de 9 poblaciones naturales dispuestas a lo largo de un gradiente latitudinal en Argentina. Las correlaciones entre los caracteres fueron generalmente positivas y significativas en ambos sexos pero el porcentaje de la varianza explicado por la correlación nunca alcanzó el 50%. Esto implicaría cierta proporcionalidad entre las tasas de proliferación y crecimiento celular de distintos discos imaginales durante el crecimiento larval y, a la vez, diferencias en la arquitectura genética de los caracteres. Asimismo, la correlación entre mediciones de un mismo carácter en machos y hembras fue siempre positiva y significativa y el porcentaje de la varianza explicado por esta asociación varió entre el 38% y el 58%. Esto último sugiere un cierto grado de dimorfismo sexual en la arquitectura genética de los caracteres de tamaño corporal. Los ANOVAs para cada carácter mostraron que las hembras son más grandes que los machos y que existen diferencias entre las poblaciones en todos los casos. Además, el factor línea fue siempre significativo explicando entre un 9% y un 19% de la varianza fenotípica total indicando la existencia de una base genética de la variación para todos los caracteres. Los análisis de regresión múltiple revelaron asociaciones positivas y significativas entre la distancia intraocular en las hembras y el ancho de cabeza en ambos sexos con la latitud, mientras que el largo del tórax de los machos mostró una relación negativa con la altitud. Estos resultados apoyan parcialmente la hipótesis de adaptación térmica de estos caracteres aunque se debe considerar que las regresiones explicaron solamente hasta un 10% de la varianza fenotípica total. A partir de estos resultados se proyectan estudios tendientes a determinar qué genes son los responsables de la variación fenotípica observada en las poblaciones naturales para los caracteres vinculados al tamaño corporal. Financiamiento: ANPCYT, CONICET y UBA. 273 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Variação fenotípica da espécie Drosophila buzzatii (Díptera, Drosophilidae) detectada por morfometria geométrica da asa Santos,CG; Silva-Bernardi, ECC; Franco, FF; Manfrin, MH [email protected] Palavras-chave: variação geográfica, Drosophila buzzatii, morfometria geométrica Drosphila buzzatii é uma espécie cactofílica pertencente ao “cluster” D. buzzatii (grupo repleta). Essa espécie tem uma distribuição semi-cosmopolita, sendo encontrada na Europa e Austrália, onde foi introduzida há aproximadamente 200 anos, e na América do Sul, local de sua ocorrência natural. Geralmente, D. buzzatii está associada à cactus do gênero Opuntia, mas ela também pode estar associada a outros gêneros como Cereus, Trichocereus e Pilosocereus. Embora D. buzzatii tenha sido extensivamente estudada por meio de marcadores citogenéticos e moleculares, não há informação sobre a diversidade morfológica de suas populações naturais. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi investigar a diferenciação fenotípica, através da morfologia da asa, de 37 populações de D. buzzatii, localizadas no Chaco argentino (9) e nas regiões sul (7), sudeste (10), nordeste (10), e centro-oeste (1) do Brasil. Essa amostragem abrange a maior parte da distribuição geográfica dessa espécie na América do Sul. Dez indivíduos machos de cada população foram analisados através de técnicas de morfometria geométrica (relative warps), totalizando 320 exemplares, nos quais foram digitalizados dez marcos anatômicos na asa direita de cada um. Através da análise discriminante foi possível detectar diferenciação morfológica entre as populações (Wilk`s 0,0103183; p < 0,001). Entretanto, apenas 47,5% dos indivíduos foram re-classificados corretamente, indicando que a variação intra-populacional é maior que a variação interpopulacional de D. buzzatii. O tamanho (centroide size) foi a variável com maior peso na discriminação dos grupos, sugerindo que a diferenciação morfológica observada pode ser explicada por variações ambientais, como a temperatura que reconhecidamente afeta o tamanho corporal dos insetos e também o tipo de sítio de desenvolvimento larval utilizado pela população, pois estudos mostram que a espécie de planta hospedeira pode gerar variações morfológicas em populações de uma mesma espécie. Este resultado corrobora outros estudos realizados com marcadores cromossômicos e moleculares, os quais sugerem que esta espécie apresenta fluxo gênico, o que explica a baixa diferenciação morfológica interpopulacional observada, apesar da grande amplitude de distribuição geográfica. Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, FAPESP, USP. 274 54º Congresso Brasileiro de Genética 275 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Composition Correlations for the D. melanogaster Genome. Role of Exonic 3-periodic Component Guerra, JCO1*; Barbosa, PLM2 Departamento de Física, ICEx, UFMG, Belo Horizonte, MG, Brazil Departamento de Física, ICEx, UFMG, Belo Horizonte, MG, Brazil *[email protected] 1 2 Keywords: Irreducible correlation functions, Nucleotide correlations, 3-periodic composition, Exon distribution, D. melanogaster genome Correlation functions of DNA have been widely studied in order to understand the complex organization of genomes. Many correlation measures, such as composition correlation functions, power spectra, random-walk variances, or the mutual information function, have been employed. Many authors have recently rather considered dinucleotide frequency distributions, in special purine-purine and pyrimidine-pyrimidine dinucleotides. In our work, we focus on composition correlation functions and how to decompose and analyze its features. Surprisingly, features found from dinucleotide frequency analysis are already fully obtained from our approach. In this work, we adopt the irreducible representation of the four-nucleotide set, given as four tetrahedron directors in 3-D. This approach was developed in the context of describing general properties of DNA sequences in the most compact or irreducible form. In the context of double strand properties, any of the 10 given nucleotide correlations (AA, AT, AC, AG, TA, CA, GA, CC, CG, GC) can be deduced from a smaller set of 6 irreducible correlation functions (xx, yy, zz, xy, xz and yz). We observe that the z component, reflecting the contrast between strong-weak base pairing, contains the most relevant genomic structure and therefore we focus our analysis in the zz-correlations alone. We examine composition correlations for both the D. melanogaster whole genome and its protein coding segments alone. In particular, the 3-periodic correlation component could be correctly isolated and shown to reflect essentially a phase-uncorrelated exon distribution along the genome. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise do padrão de esterases ao longo de cinco gerações de linhagem da espécie Drosophila mercatorum pararepleta (Diptera; Drosophilidae) resistente a metal pesado Gustani, EC; Santos, K; Machado, LPB; Mateus, RP Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Genética e Evolução, UNICENTRO, Guarapuava-PR [email protected] Palavras-chave: Esterase, Drosophila mercatorum pararepleta, metal pesado, cádmio, resistência As populações de Drosophila mercatorum pararepleta (Diptera; Drosophilidae) estão distribuídas preferencialmente em ambientes naturais de vegetação aberta da América do Sul, geralmente não é encontrada em áreas urbanas, sendo, portanto, uma espécie sensível a alterações ambientais de origem antrópica. O cádmio é um metal pesado tóxico encontrado em sedimentos de esgotos industriais e domésticos, podendo contaminar água e solo e assim ser absorvido pelos organismos. As esterases são enzimas que catalisam a hidrólise de éster e são responsáveis por funções diversificadas nos insetos. O objetivo do presente trabalho foi analisar o perfil das esterases ao longo de cinco gerações da linhagem D33 de D. m. pararepleta selecionada para resistência a metal pesado. A seleção da resistência foi realizada em experimentos com diferentes concentrações de cádmio no meio de cultura. A mortalidade das moscas desenvolvidas em meio contaminado com 0,07 mM de cádmio foi de 80%, desta forma, os indivíduos sobreviventes foram cultivados por cinco gerações nesta condição. A cada geração, 10 indivíduos foram congelados a - 20o C, para posterior análise enzimática, e os demais repicados para meio de cultura contaminado. Após cinco dias do repique, as moscas parentais foram descartadas para não haver sobreposição de gerações. A análise das enzimas em indivíduos controle e da linhagem resistente ao longo das 5 gerações foi realizada em PAGE 10%, sendo as esterases detectadas na presença dos substratos α e β-naftil acetatos e do corante Fast Blue RR. Dos oito loci esterásicos observados nos indivíduos controle, apenas 4 foram detectados com maior freqüência nos indivíduos cultivados em meio contaminado. Os loci dos indivíduos controle apresentaram maior afinidade pelo substrato α-naftil acetato, sendo apenas um locus (EST-7) observado como β-esterase, e dois como α/β-esterase (EST-1 e 6). Já nos indivíduos das 5 gerações da linhagem resistente apenas um locus (EST-8) foi detectado como α-esterase, os demais foram observados ou como β-esterase (EST-7), ou como α/β-esterase (EST-1 e EST-3). Desse modo, pode ser inferido que o cádmio não apenas atuou na inibição da expressão de alguns loci, como também na afinidade destas enzimas pelos substratos α/β-esterase, aumentando a atividade β-esterásica das mesmas. Apoio financeiro: Fundação Araucária. 276 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Ação de metal pesado na atividade esterásica de duas linhagens de Drosophila mercatorum pararepleta cultivadas em meio de cultura contaminado com cádmio Santos, K; Gustani, EC; Mateus, RP; Machado, LPB Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Genética e Evolução, UNICENTRO, Guarapuava-PR [email protected] Palavras-chave: metal pesado, cádmio, esterase, Drosophila mercatorum, isoenzima O cádmio é um metal pesado com potencial mutagênico e genotóxico, de efeito cumulativo e distribuído ao longo dos organismos por proteínas plasmáticas. As esterases constituem um sistema isoenzimático multilocus capaz de desempenhar diferentes funções fisiológicas celulares catalisando a hidrólise de ésteres. O objetivo deste trabalho foi analisar o efeito do cádmio na atividade das esterases de indivíduos provenientes de duas linhagens de Drosophila mercatorum pararepleta (Diptera; Drosophilidae), D33 (Cristalina/GO) e Rio do Poço (Guarapuava/PR). Larvas de 1o estadio inicial destas linhagens foram transferidas para desenvolvimento em meio de cultura contaminado com 0,01 mM de cádmio. Indivíduos adultos controle e sobreviventes da exposição ao cádmio foram submetidos à eletroforese em gel de poliacrilamida 10%, e as esterases foram reveladas no gel em solução de coloração contendo os substratos α e β-naftil acetatos e Fast Blue RR (corante). Na comparação com os indivíduos controle, alguns loci de esterases foram inibidos nos indivíduos que se desenvolveram em meio contaminado. Um locus, EST-11, foi observado, em baixa freqüência, nos indivíduos expostos ao cádmio, e a expressão do locus β-esterase, EST-7, foi maior (bandas mais fortemente coradas) também nessas amostras, quando comparadas ao controle. Em experimentos semelhantes realizados anteriormente com indivíduos desenvolvidos em meio contaminado com 0,05 mM de cádmio, outros loci foram expressos, os quais não foram detectados neste estudo. Desta forma, pode ser concluído que a expressão dos loci de esterases parece ser bastante sensível à concentração de cádmio a qual os indivíduos são expostos durante o desenvolvimento. E, ainda, que este metal pode atuar aumentando a atividade β-esterásica do locus EST-7. Apoio financeiro: UNICENTRO. 277 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Elementos transponíveis mariner em espécies neotropicais de drosophila Wallau, GL1; Capy, P2; Loreto ELS1,3 PPG Biodiversidade Animal – Universidade Federal de Santa Maria LEG, CNRS, Gif Sur Yvette, França Dep de Biologia- CCNE, Univ. Fed. de Santa Maria, Santa Maria, RS Palavras–chave: Transposons, Evolução, análise filogenética Os elementos transponíveis da família mariner apresentam uma ampla distribuição, estando presentes nos genomas de diversos filos animais, como artrópodes, vertebrados, celenterados, assim como também nos genomas de protozoários, fungos e plantas. Esta ampla distribuição é marcada por uma significativa diversidade de seqüências de elementos relacionados à mariner (mariner-like elements - MELs), que são classificados em 6 subfamílias de acordo com o grau de similaridade de aminoácidos do sítio catalítico. Apesar deste elemento transponível já ser descrito em vários organismos, em drosophilídeos existem poucos estudos com seqüências relacionadas à mariner. Neste trabalho propomos uma busca mais abrangente de seqüências relacionadas à mariner em 48 espécies neotropicais de Drosophila. Para a análise molecular, foi utilizadas buscas por PCR no DNA genômico de com primers degenerados de regiões de aminoácidos conservadas da ORF (WVPHEL-YSPDALP) que na presença desses elementos produzem um fragmento de 491pb. As seqüências obtidas a partir dos clones serão jogadas contra o banco de dados do GENBANK BLAST P para confirmação de seqüência relacionada à mariner. Posteriormente a secuencia da provável proteína é determinada pelo programa Genedoc, alinhadas no Clustal X e analisadas filogeneticamente com o programa MEGA 4 (bootstrap 1000) em conjunto com seqüências já descritas para a identificação das subfamílias de mariner. Para a análise filogenética foi utilizado como grupo externo duas famílias distintas da ordem TIR Bari e TC1. As buscas com os primers degenerados já foram realizadas em 11 espécies, sendo que 9 apresentaram o fragmento esperado. Destas 9 espécies 6 (D. ornatifrons, D. mediostriata, D. neocardini,D. pallidpenis, D. mediopunctata e D. paramediostriata) apresentaram clones com seqüências relacionadas a mariner. Com esses dados podemos visualizar que a subfamília mellífera é a mais amplamente distribuída estando presente em 5 das 6 espécies que possuem clones de mariner. Já a subfamília mauritiana está presente em 3 destas espécies e a subfamília irritans em 1 espécie. Destas 6 espécies que têm clones de mariner D. ornatifrons, D. mediostriata, D. neocardini, e D. pallidipenis possuem seqüências degeneradas com stop códons, deleções ou substituições. Já D. mediopunctata e D. paramediostriata apresentaram 2 clones cada, que provavelmente são provenientes de elementos ativos, pois não são degenerados. A analise filogenética dos MELs demonstra algumas incongruências comparadas com a filogenia das espécies. Orgão financiador: CAPES-COFECUB. 278 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Novos elementos transponíveis hAT de Drosophila possivelmente envolvidos em Transferência Horizontal Mota, NR1; Valente, VLS1; Loreto, ÉLS1,2 Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular, Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2 Departamento de Biologia, Universidade Federal de Santa Maria [email protected] 1 A superfamília hAT pertence à Classe II de elementos transponíveis e seus membros estão amplamente distribuídos nos genomas de plantas, animais e fungos. Esta superfamília foi assim designada em razão dos seus três membros fundadores: hobo de Drosophila melanogaster, Activator de Zea mays e Tam3 de Antirrhinum majus. Os elementos da superfamília hAT são caracterizados por possuírem normalmente menos de 4Kb de comprimento, duplicações de sítio-alvo (TSDsTarget Site Duplications) de 8pb e repetições terminais invertidas (TIRs- Terminal Inverted Repeats) relativamente curtas de 5 a 27pb, além de apresentarem certa similaridade de seqüência em motivos restritos da transposase. Um estudo anterior do nosso grupo de pesquisa (Ortiz e Loreto, 2008) identificou novos elementos hAT através de buscas in silico nos 12 genomas disponíveis de Drosophila. Dentre estes novos elementos, estão Homo3 e Howilli3, da família homo, os quais compartilham 96% de similaridade e Homo1 e Howilli2, da família hobo, que possuem 88% de similaridade. Estes elementos tornam-se especialmente interessantes devido aos seus altos valores de similaridade de seqüência, uma vez que estão inseridos em genomas de espécies Drosophila de subgêneros distintos: Homo3 e Homo1 em D. mojavensis (subgênero Drosophila) e Howilli3 e Howilli2 em D. willistoni (subgênero Sophophora). Este trabalho tem como objetivo rastrear seqüências homólogas a estes elementos em espécies Neotropicais e cosmopolitas do gênero Drosophila, assim como tentar esclarecer o cenário evolutivo destas duas famílias de transposons. Até o momento, através de abordagem por PCR, com o uso de primers desenhados a partir dos elementos identificados in silico, um total de 55 espécies foram analisadas (32 do subgênero Drosophila e 23 do subgênero Sophophora). Seqüências de Homo3/ Howilli3 parecem ter uma distribuição descontínua ao longo do gênero Drosophila, o que pode sugerir a ocorrência de eventos de transferência horizontal. Uma hipótese alternativa a esta é a de que essas seqüências estavam presentes no ancestral do gênero Drosophila. No entanto, esta situação é pouco provável pois implicaria na ocorrência de múltiplos eventos de perda estocástica. Por outro lado, seqüências homólogas a Homo1/Howilli2 parecem ser restritas ao grupo willistoni, sugerindo ao menos um evento de transferência horizontal para o genoma de D. mojavensis. No momento, estes amplicons estão sendo clonados e seqüenciados e serão em breve utilizados para as análises filogenéticas. Além disso, através de buscas adicionais com a ferramenta Blast no banco de dados do NCBI, uma seqüência de Ceratitis capitata com 92% de similaridade à transposase de Howilli2. Os gêneros Ceratitis e Drosophila são ambos conhecidos como “moscas das frutas” e podem facilmente serem encontrados compartilhando o mesmo ambiente. Estes dados podem fortemente indicar a ocorrência de transferência horizontal entre gêneros, provavelmente facilitada por sobreposição espacial, ecológica e temporal das espécies envolvidas. Orgão financiador: CNPq. 279 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Analise isoenzimática em espécies de Drosophila do grupo tripunctata (Diptera, Drosophilidae) Mateus, RP; Cavasini, R; Gustani, EC; Machado, LPB Laboratório de Genética e Evolução, Departamento de Ciências Biológicas, UNICENTRO, Guarapuava-PR [email protected] Palavras-chave: Isoenzima, Alozimas, Drosophila, Grupo tripunctata, Floresta Ombrófila Mista O grupo tripunctata (gênero Drosophila) é endêmico da Região Neotropical, e, com 64 espécies descritas, é o segundo maior grupo de drosofilídios nesta região e o maior grupo do gênero que ocorre nas florestas Neotropicais. No presente trabalho, indivíduos de 11 espécies do grupo tripunctata, coletados em dois fragmentos florestais formados por Floresta Ombrófila Mista (Mata de Araucária), no município de Guarapuava – Paraná, foram avaliados para 4 sistemas isoenzimáticos (IDH, MDH, ME e 1-GPDH) em géis de amido a 14%. As coletas foram realizadas durante o ano de 2006, e foram detectadas as seguintes espécies: Drosophila angustibucca, D. bandeirantorum, D. bifilum, D. medioimpressa, D. mediopicta, D. mediopunctata, D. mediosignata, D. mediostriata, D, platitarsus, D. prosimilis e D. pruinifacies. Os resultados das análises eletroforéticas identificaram um total de 5 loci e 20 alelos (6 para Idh, 5 para Mdh-1, 3 para Mdh-2, 3 para Me e 3 para 1-Gpdh). Para o locus Idh, a banda mais catódica foi encontrada apenas em D. mediopicta. Já para os loci Mdh-1 e 1-Gpdh, as bandas mais lentas foram encontradas apenas em indivíduos de D. pruinifacies. Todos os loci apresentaram mais de um alelo. Drosophila bandeirantorum apresentou polimorfismo em todos os loci analisados. Drosophila mediosignata e D. mediostriata apresentaram mais de um alelo para 3 loci (Idh, Mdh-1 e Me; Idh, Mdh-2 e Me, respectivamente). Drosophila medioimpressa, D. mediopicta, D. mediopunctata e D. pruinifacies foram polimórficos para 2 loci (Mdh-1 e 1-Gpdh; Idh e Mdh-1; Idh e Mdh-2; Mdh-1 e Mdh-2, respectivamente). Nossos resultados indicaram que os loci Idh e Mdh-1 apresentaram um número maior de alelos (6 e 5, respectivamente) quando comparados com os outros loci, que apresentaram 3 diferentes alelos cada. Entre as espécies analisadas, D. pruinifacies apresentou maior divergência com relação à composição alélica dos loci analisados quando comparada com as outras espécies. Estes dados revelam aspectos importantes sobre a variabilidade genética destas espécies de Drosophila do grupo tripunctata, que poderão ser utilizados em trabalhos posteriores sobre aspectos populacionais e evolutivos das espécies deste grupo. Apoio Financeiro: CNPq, FAU e UNICENTRO. 280 54º Congresso Brasileiro de Genética 281 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Relação entre tamanho de regiões intergênicas e inserções de elementos transponíveis em espécies de Drosophila: análise dos genes das classes Delta e Epsilon das Glutationas S-Transferases Dias, ES1; Lopes, FR1; Vieira, C2; Carareto, CMA1 Departamento de Biologia, UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” 2 Universidade de Lyon, França [email protected] 1 Palavras-chaves: Elementos transponíveis, análise in silico, genomas de Drosophila, Glutationa S-Transferases, resistência a inseticida A inserção de elementos tranponíveis (TEs) em regiões regulatórias de genes CYP tem sido associada a evolução da resistência a inseticidas. Como as Glutationas S-transferases (GSTs) estão relacionadas a metabolização de xenobióticos, o objetivo deste estudo foi verificar a ocorrência de inserções de TEs em regiões próximas dos genes das classes Delta e Epsilon dessa família. Em D. melanogaster, essas classes contém 10 genes cada. A localização dos genes de ambas as classes foi realizada a partir de comparações entre as seqüências de D. melanogaster e os onze genomas seqüenciados de Drosophila. Na região genômica entre os dois genes vizinhos dos clusters das GSTs foi realizado um BLASTN contra o banco de genes preditos de modo a identificar os genes GSTs e suas regiões intergênicas. Nessas seqüências foi avaliada a ocorrência de fragmentos de TEs, utilizando a biblioteca de TEs de Drosophila por meio do RepeatMasker. Os genes das classes Delta e Epsilon encontram-se seqüencialmente arranjados, formando clusters, exceto em D. ananassae na classe Delta e em D. yakuba e D. willistoni na Epsilon, nas quais os clusters são interrompidos por genes que não codificam GSTs. O número de genes variou de 6 (D. mojavensis) a 12 (D. willistoni), na classe Delta, e de 6 (D. grimshawi) a 16 (D. ananassae) na classe Epsilon. As regiões intergênicas da classe Delta (126) apresentaram tamanho médio de 1.044pb, e da Epsilon (138), 775pb. Foram encontrados TEs em todas as espécies, exceto em D. sechellia e D. mojavensis, exclusivamente nas regiões intergênicas. Nos genes Delta, foram encontradas 52 inserções (0,41 TE/região intergênica); nos Epsilon, 36 inserções (0,26 TE/região intergênica). Os TEs mais freqüentes foram os transposons, exceto em D. willistoni, na qual foi encontrado também um retrotransposon, e em D. simulans e D. ananassae, que apresentaram apenas LINEs. Na classe Delta, as inserções corresponderam a cerca de 8% dos tamanhos dos elementos consenso, e na Epsilon a 5%, indicando que os fragmentos de TEs na proximidade das GSTs são muito pequenos, indicando serem resquícios de inserções antigas. Em todas as espécies, em ambas as classes, não foram encontradas inserções em regiões intergênicas com até 500pb, e, exceto no grupo melanogaster, em ambas as classes, e em D. willistoni e D. virilis, para Delta, essa ausência também foi observada em regiões com até 1.000pb. A correlação positiva significante entre tamanho médio das regiões intergênicas e número de TEs sugere atuação de seleção purificadora eliminando inserções nas proximidades de genes (< 1 Kb), onde freqüentemente são encontradas as seqüências regulatórias. Como as GSTs são enzimas de detoxificação e fragmentos de TEs são fontes de variabilidade genética, pode-se sugerir que eles propiciem plasticidade genômica importante para adaptação a ambientes em constante mudança. Apoio finaceiro: CNPq. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudo do elemento Mar, um MITE, no gênero Drosophila Ludwig, A1; Deprá, M1; Loreto, ELS1,2; Valente, VLS1,3 PPGBM – UFRGS Departamento de Biologia – UFSM 3 Departamento de Genética – UFRGS [email protected] 2 Palavras-chave: MITEs, Mar, Drosophila, superfamília hAT, transposon MITEs (Miniature inverted repeat transposable elements) são elementos de transposição curtos, não-autônomos e freqüentemente presentes em alto número de cópias nos genomas. Vários trabalhos têm sugerido que esses elementos originam-se a partir de transposons autônomos que sofrem deleções internas, mas mantém as repetições terminais invertidas (TIRs) conservadas, possibilitando mobilização in trans. O elemento Mar de Drosophila willistoni possui 610 pb, sítio alvo de duplicação (TSDs) de 8 pb, TIRs perfeitas de 11 pb e não apresenta capacidade codificadora. Esse elemento foi classificado como um MITE da superfamília hAT com base na similaridade das TIRs e TSDs, e foi encontrado em apenas uma linhagem de D. willistoni, analisada em um trabalho anterior de outros autores. Na tentativa de caracterizar a representatividade deste elemento e suas implicações evolutivas nos genomas de Drosophila, iniciamos um trabalho de análise da distribuição do elemento Mar em um grande número de espécies. Um total de 58 espécies de Drosophila de diferentes grupos dos dois principais subgêneros, Sophophora e Drosophila, juntamente com Zaprionus indianus, Z. sepsoides, Scaptodrosophila latifasciaeormis e S. lebanonensis foram testadas por PCR para a presença do elemento Mar. Fragmentos de tamanho esperado (400 pb) foram encontrados em todas as linhagens do subgrupo willistoni investigadas (exceto em D. tropicalis onde encontramos um fragmento maior): 3 linhagens de D. willistoni, 3 semiespécies de D. paulistorum, D. equinoxialis e D. insularis. Além disso, a amplificação de um fragmento maior também foi detectada em D. saltans e D. prosaltans. Os amplicons de cada espécie foram clonados e serão seqüenciados para a realização de análise evolutiva do elemento. Adicionalmente às análises por PCR, realizamos buscas in silico por seqüências homólogas ao Mar, nos 12 genomas de Drosophila atualmente disponíveis. Através da ferramenta BLAST, inúmeras cópias deste elemento (mais de 30) foram encontradas no genoma de D. willistoni. Nenhuma seqüência foi encontrada nas outras espécies. A maioria das cópias encontradas em D. willistoni possui TIRs e TSDs conservadas indicando recente amplificação dessas seqüências neste genoma. Dessa forma, podemos sugerir a existência de seqüências ativas de elementos da superfamília hAT no genoma de D. willistoni capazes de mobilizar esses MITEs. A análise das seqüências dos clones das diferentes espécies deverá contribuir para o entendimento da evolução do elemento Mar no gênero Drosophila. Apoio financeiro: CNPq. 282 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise da posição do gene de rDNA em espécies da radiação tripunctata de Drosophila Brianti, MT; Ananina, G; Klaczko, LB Departamento de Genética e Evolução, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, CP 6109, Campinas 13083-970 SP [email protected] Palavras-chaves: Drosophila, NOR, Hidridação, FISH, heterocromatina Nos eucariotos, o DNA ribossômico (rDNA) é uma família multigênica composta de um ou mais aglomerados de unidades de repetição (RU). Cada unidade consiste de seqüências altamente conservadas que codificam os rRNAs 18S, 5.8S e 28S, separadas por espaçadores internos de transcrição (internal transcribed spacers - ITS) e espaçadores intergênicos (intergenic spacer – IGS). Citogeneticamente são visíveis como regiões organizadoras do nucléolo (NORs) quando estão transcricionalmente ativos. O rDNA tem sido utilizado como marcador molecular para sistemática e reconstrução filogenética, tanto pela análise de seqüências nucleotídicas quanto pela localização; e também como modelo de evolução para famílias multigênicas. Investigamos através de hibridação in situ por fluorescência (FISH) 19 espécies, a maioria da radiação tripunctata do subgênero Drosophila, quanto à posição do rDNA em cromossomos mitóticos. Todas as espécies apresentaram marcações exclusivamente nos cromossomos sexuais. Nos cromossomos X apenas uma região de rDNA foi detectada para cada cromossomo, porém com variação de localização nas marcações entre espécies; nos cromossomos Y, além de alterações das posições, observamos, também, alteração do número de marcações. Anteriormente a este trabalho aproximadamente 40 espécies já tinham sido estudadas sob este aspecto e avaliando nossos dados em conjunto com os anteriormente publicados notamos que no sub-genêro Drosophila, com poucas exceções, a posição do rDNA se restringe aos cromossomos sexuais. Deste modo podemos sugerir que a condição de uma região organizadora do nucléolo (NOR) em cada cromossomo sexual é um caráter ancestral no subgênero Drosophila e provavelmente é um caráter ancestral comum aos subgêneros Drosophila e Sophophora do gênero Drosophila. Apoio Financeiro: CAPES, FAPESP e CNPq. 283 54º Congresso Brasileiro de Genética 284 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Epigenomic variability of TEs control in natural populations of Drosophila Rebollo, R1; Horard, B2; Vieira, C1 Université de Lyon; Université Lyon 1; CNRS; UMR 5558, Laboratoire de Biométrie et Biologie Evolutive,Villeurbanne F-69622, France Université Lyon ; CNRS; ENS Lyon; HCL; UMR 5239, Laboratoire de Biologie Moléculaire de la Cellule, Pierre Bénite, F-69495, France 1 2 Transposable elements (TE) are ubiquitarious, abundant and major players in genome evolution. They may constitute a living library of DNA information for the host genome but TEs insertion are also mutagenic events. Host genome needs therefore to control TEs dynamics. Epigenetics regulation pathways of parasitic DNA is being more and more observed in different species. Chromatin modifications allow malleable isolation of DNA sequences in putative on/ off regions that can be dependent of the environment. Indeed, host genome can suppress negative effects of TEs – transcription and mobilisation – but keep the library intact – TEs DNA sequences. Curiously, biological importance of epigenetic variation in natural populations is still unknown; probably due to the paradox between epigenetics and heritable characteristics. A few examples of epigenetics spreading to more than one individual can already be observed today and population epigenomics is therefore justified. In Drosophila simulans, where 5% of the genome is made of TEs, we can observe an important variation of TE copy number between natural populations. We propose to make a population epigenomic survey in D. simulans natural populations in order to understand variations in TEs copy number. Preliminary results illustrate a significant difference in histone modifications regarding specific TEs in given natural populations of D. simulans. TEs transcription analysis allowed us to correlate chromatin localisation with TEs putative activity. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 A inserção de elemento P na linhagem KG00562 de Drosophila melanogaster causa um splicing aberrante Pereira, GB; Paçó-Larson, ML Departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP [email protected] Palavras-chave: Splicing, Drosophila melanogaster, KG00562, Lipina B A linhagem KG00562 é uma entre as milhares de linhagens de Drosophila melanogaster geradas por mutagênese de inserção e que têm sido utilizadas para análises da função de novos genes. Nesta linhagem mutante o sítio de inserção de 11.467Kb, mediada pelo elemento P, foi mapeado à 3’ do locus de Kermit e à 5’ do CG8709, que codifica proteínas de uma nova família de fosfatases de ácido fosfatídico dependente de Mg+2. Dados de nosso laboratório mostraram que o locus CG8709 expressa diferentes transcritos com padrões teciduais distintos. A isoforma neural, nomeada DmLpin B, tem seu primeiro éxon compartilhado com o locus vizinho que codifica Kermit. Na linhagem KG00562 a inserção do elemento P ocorre no primeiro intron da isoforma B. Nesta linhagem, o transcrito de DmLpinB não é detectado e é observada a presença de um mRNA anômalo, de aproximadamente 2,5Kb, em northern blot hibridado com sonda derivada do primeiro exon de DmLpin B. Neste trabalho, através de Rapid Amplification of cDNA Ends 3’ (RACE-3’), clonamos e caracterizamos a estrutura primária do RNA adicional de 2,5 kb expresso na linhagem KG00562. Este mRNA tem 2.292 nucleotídeos e é resultado de um splicing aberrante entre o primeiro éxon não traduzido de DmLpin B e o segundo éxon do gene White, presente na construção KG e utilizado como marcador da inserção. A maior fase de leitura deste mRNA tem 613 aminoácidos e consiste na proteína White com a porção amino-terminal truncada em 74 resíduos de aminoácidos. Estes resultados indicam que a expressão dessa proteína White truncada, possivelmente seguindo o padrão de expressão de DmLpin B, é a causa do ganho de função observado na linhagem KG00562, caracterizado por um alto índice de letalidade. Mesmo em background selvagem, cerca de 73% das moscas carregando a inserção KG00562 não completam o desenvolvimento. Órgãos Financiadores: FAPESP, CNPq, FAEPA. 285 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Seqüências relacionadas ao elemento But2 no gênero Drosophila Rossato, DO1; Ludwig, A2; Loreto, ELS2,3; Valente-Gaiesky, VLS2,4 Curso de Ciências Biológicas – UFRGS 2 PPGBM – UFRGS 3 Departamento de Biologia da UFSM 4 Departamento de Genética da UFRGS [email protected] 1 Palavras-chave: Drosophila, elemento de transposição, But2, MITEs Os elementos de transposição são segmentos de DNA que têm a capacidade de mover-se e replicar-se dentro do genoma. O elemento But2 pertence a superfamília hAT da ordem TIR (terminal inverted repeat) de transposons da classe II. Elementos dessa ordem usualmente possuem repetições terminais invertidas curtas e codificam uma transposase que catalisa a sua excisão do sítio original e promove sua reinserção em um novo lugar no genoma, gerando duplicações no sítio alvo (TSDs). But2 foi descoberto em locais de pontos de quebra cromossômica em D. buzzatii, possui 2775 pb, TIRs de 12 pb e gera TSDs de 8 pb. Com a disponibilidade de seqüências genômicas de 12 espécies de Drosophila, nós realizamos uma busca in silico, por seqüências homólogas ao But2 utilizando a ferramenta BLAST. Como esperado, esse elemento está presente em D. mojavensis a qual, juntamente com D. buzzatti, pertence ao grupo repleta do subgênero Drosophila. Inesperadamente, uma seqüência com alto grau de similaridade (93%) ao But2 foi encontrada em D. willistoni, uma espécie pertencente a outro subgênero, Sophophora. Nas outras espécies nenhuma seqüência foi encontrada. Esses resultados nos instigaram a realizar uma análise mais abrangente da distribuição e evolução do elemento But2 no gênero Drosophila. Testamos, então, a presença do elemento But2 através de PCR em diversas espécies de Drosophila, utilizando primers degenerados desenhados a partir das TIRs para amplificar o elemento completo. Até o momento, 25 espécies foram investigadas e observamos amplificação de fragmentos de tamanhos distintos e menores que o esperado nas espécies do grupo willistoni e grupo saltans de Drosophila e em D. buzzatii. A presença de seqüências menores (400-800 pb) relacionadas ao But2 foi confirmada através de PCR in silico no genoma de D. willistoni. Encontramos um grande número dessas seqüências (mais de 20 cópias) com similaridade em média de 85% com o elemento But2 completo encontrado em D. willistoni. Os fragmentos amplificados de todas as espécies serão clonados e seqüenciados para confirmar a identidade dessas seqüências e fazer análises evolutivas. Vários trabalhos têm mostrado que elementos curtos, chamados MITEs (Miniature inverted repeat transposable elements) podem ser originados a partir da degeneração de elementos autônomos. Nossos dados preliminares sugerem que seqüências curtas relacionadas ao But2 estão presentes nas espécies do grupo willistoni e saltans possivelmente por degeneração. A grande similaridade encontrada entre os elementos completos de D. willistoni e D. buzzatii pode ser devido a ocorrência de transferência horizontal entre essas espécies. A análise filogenética das diferentes variantes dessas seqüências nas diferentes espécies deve permitir o melhor entendimento da evolução do elemento But2 nos genomas de Drosophila. Apoio financeiro: CNPq e PROPESQ/UFRGS. 286 54º Congresso Brasileiro de Genética 287 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Componentes do valor adaptativo em linhagens de Drosophila melanogaster e Drosophila simulans (Diptera, Drosophilidae) com diferentes níveis de suscetibilidade ao inseticida DDT Gomes, MO1; Madi-Ravazzi, L2 Universidade Estadual Paulista – UNESP/IBILCE, Departamento de Biologia [email protected]; [email protected] 1,2 Palavras-chave: Resistência a inseticidas, grupo melanogaster, valor adaptativo, Drosophila, DDT A resistência a inseticidas tem sido estudada em muitos insetos vetores e também na espécie Drosophila melanogaster, que é considerada um organismo modelo para este tipo de estudo. Um dos problemas em debate na literatura é que o fenótipo para a resistência ao DDT nessa espécie parece não trazer custo adaptativo, pois há indicativos que o gene (DDT-R) responsável pela resistência está se aproximando de uma fixação global. O objetivo do presente trabalho foi avaliar os parâmetros do valor adaptativo como a fertilidade, viabilidade, fecundidade e tempo de desenvolvimento de linhagens geográficas recém coletadas de D. melanogaster (BG,SE, LE, RP) e D. simulans (BG, SE, LE, RP) com diferentes níveis de suscetibilidade ao DDT. A linhagem suscetível de D. melanogaster, Canton-S, foi usada como referência. Foram efetuados 20 cruzamentos por casal de 3 dias de idade, em tubos de excursão contendo meio de cultura padrão (banana-fermento). Os casais permaneceram nesses tubos por 5 dias para a oviposição, com repiques diários, e logo após foram submetidos ao bioensaio com o DDT (efetuados em tubos de cintilação contendo as concentrações CL50) previamente estabelecidas para as linhagens em estudo. A linhagem do casal que sobreviveu ao bioensaio foi considerada resistente ao DDT e a linhagem do casal que não sobreviveu, suscetível. Foram computados, o número de ovos, pupas e adultos dessas linhagens para avaliação do valor adaptativo. Em D. melanogaster foram analisadas a F1 de 08 casais resistentes e 09 casais suscetíveis e em D. simulans foram analisadas a F1 de uma linhagem resistente e 12 suscetíveis. A viabilidade ovo-pupa, pupa-adulto e ovo-adulto foram relativamente altas (70 a 90%) para as linhagens resistentes e suscetíveis de D. melanogaster e para D. simulans, com exceção para essa última espécie da viabilidade ovo-adulto que foi relativamente menor (55 a 71%) do que em D. melanogaster. A produtividade das linhagens de D. melanogaster também foi consideravelmente maior (876) do que D. simulans (91). O tempo de desenvolvimento ovo-adulto para as linhagens variou de 9 a 10 dias. Os ovos da linhagem de SE de D. melanogaster que sobreviveu à exposição ao DDT, não prosseguiram seu desenvolvimento. Essa linhagem pode não conter o alelo que confere a resistência ao inseticida, e o que observamos pode ser um efeito de outros mecanismos de resistência atuando nessa espécie. Isso é sugestivo que esse alelo pode não estar amplamente difundido nas populações de D. melanogaster. Na observação dos parâmetros avaliados entre as linhagens resistentes e suscetíveis das duas espécies não foi possível identificar diferenças que permitam responder a questão do custo da resistência do fenótipo resistente, para isso deveremos ampliar o número de amostras de linhagens resistentes para uma avaliação mais robusta. PROAP-CAPES. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Simpatria entre duas espécies de Drosophila: o que esperar? Santos, CKB1; Mazucato, M2; Sene, FM2; Manfrin, MH1 Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada, Departamento de Biologia, FFCLRP, USP 2 Departamento de Genética, FMRP, USP [email protected] 1 Palavras-chave: Drosophila cactofílica, zona de contato secundário, introgressão assimétrica, morfometria geométrica, DNA mitocondrial As espécies crípticas Drosophila serido e D. antonietae, cactofílicas e pertencentes ao “cluster” buzzatii, são alopátricas na maior parte de suas áreas de ocorrência. Entretanto, análises populacionais prévias descreveram a localidade de Florianópolis-SC como área de contato secundário, com populações de D. serido e D. antonietae em simpatria, sem formação de híbridos. Com a finalidade de testar esta hipótese, foram analisados 160 indivíduos: 100 da referida área de contato; 20 da localidade tipo de cada espécie e 20 indivíduos híbridos, oriundos de cruzamentos em laboratório. Cada indivíduo foi caracterizado através da variação morfológica da asa e do edeago, DNA mitocondrial e por análise eletroforética da proteína isocitrato desidrogenase (IDH), que apresenta alelos característicos para cada espécie. Foi observado o alelo 1,05, característico de D.serido, em 94% da amostra e não foi observada a presença de híbridos para este marcador, que constituiu um marcador taxonômico eficiente para a identificação destas espécies. Através da técnica de morfometria geométrica, foi feita uma análise discriminante dos edeagos, com 87% de eficiência na classificação dos grupos, que apresentaram diferenças significativas (Wilk’s = 0.08737; P < 0.00001); A análise discriminante das asas classificou os grupos com 89,2% de eficiência, com diferenças significativas (Wilk’s = 0.06564; P < 0.00001). As análises morfométricas evidenciaram uma menor variação morfológica na população de D. serido de Florianópolis, com relação à população da localidade-tipo (Milagres-BA), sugerindo uma colonização e efeito do fundador ou seleção natural. Através da análise do DNA mitocondrial, foram geradas duas redes de haplótipos não enraizadas, indicando a existência de duas linhagens evolutivas distintas. Verificou-se a existência de um haplótipo característico da linhagem de D. antonietae em indivíduos que possuíam morfologia e alelos característicos de D. serido, sugerindo uma introgressão assimétrica. Porém, novas análises são necessárias para descartar a possibilidade de existência de um polimorfismo ancestral deste haplótipo. Nesta amostra, a maior freqüência observada de D. serido, diferentemente de dados anteriores, sugere influência da sazonalidade na dinâmica desta área de contato, que pode estar relacionada à preferência e disponibilidade de cactos hospedeiros. As análises de cada indivíduo, através de diferentes marcadores, não foram totalmente congruentes, podendo sugerir eventos de introgressão atuais ou passados. Por outro lado, os caracteres morfológicos possuem herança genética complexa, e podem apresentar plasticidade fenotípica, além de dominância, recessividade, epistasia e estar sob ação de seleção natural. Portanto, estudos adicionais são necessários para verificar hipóteses de eventos de hibridização e introgressão para caracterizar a dinâmica populacional envolvida na presente área de contato e definir eventos históricos e ecológicos para esta área. Apoio financeiro: FAPESP, CAPES, CNPq, FINEP, USP. 288 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estrutura de populações de Drosophila melanogaster Ananina, G1; Nolte, V2; Orozco-terWengel, P2; Medeiros, HF3; Andrade, CAC4; Schlötterer, C2; Klaczko, LB1 1 Instituto de Biologia, Departamento de Genética e Evolução, Unicamp Institut für Populationsgenetik, Veterinärmedizinische Universität Wien, Wien, Austria 3 Coordenação de Zoologia, Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, PA, Brazil 4 Departamento de Biologia Marinha, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brazil [email protected] 2 Palavras-chave: inversões cromossômicas, microssatélites, filogeografia, biodiversidade genética, espécie invasora Drosophila melanogaster originou-se na região sub-sahariana da África e recentemente colonizou o resto do mundo. De acordo com as estimativas, a colonização do continente Eurásia deu-se 10,000 – 15,000 anos atrás, enquanto a dispersão para América do Norte e Austrália ocorreu há apenas algumas centenas de anos. Os estudos recentes de comparação das populações ancestrais africanas com as não africanas foram concentrados nas populações europeus, asiáticas, norte americanas e australianas de D. melanogaster. Populações da América do Sul praticamente não foram investigadas. Examinamos nove populações brasileiras de D. melanogaster usando dois tipos de marcadores genéticos: inversões cromossômicas e microssatélites. Com ambos os tipos de marcadores encontramos baixa estruturação nas populações brasileiras. Apenas uma população, Recife (PE), formou um cluster distinto. Contudo, para as freqüências das quatro inversões cosmopolitas detectamos correlações significativas com a latitude para: In(2R)NS, In(3L)P, e In(3R)P. Microssatélites mostraram um padrão complexo da variabilidade. Detectamos estrutura genética somente nas regiões correspondentes às inversões In(3L)P e In(3R)P, enquanto outros locos não revelaram nenhum agrupamento entre as populações. As amostras brasileiras foram comparadas com as populações africanas, européias e norte americanas de D. melanogaster. As comparações foram feitas baseando-se na variação genética em 11 locos de microssatélites. Nossa análise indicou que as populações brasileiras são muito semelhantes às populações cosmopolitas (africanas, européias e norte americanas), no entanto formam um grupo distinto mostrando maior presença de alelos africanos. Os dados citogenéticos foram consistentes com os dados moleculares, pois nas amostras brasileiras, encontramos uma inversão no cromossomo X [In(1)16D;18D], idêntica à inversão africana In(1)Be, que até então só foi encontrada no continente africano. Apoio financeiro: FAPESP, CNPq, CAPES, FAEP e FWF (Fonds zur Förderung des wissenschaftlichen Forschung). 289 54º Congresso Brasileiro de Genética 290 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Testando o uso de barcoding na identificação de espécies crípticas de drosophilideos do “cluster” Drosophila buzzatii (Insecta: Drosophilidae) Santos, MH1; Franco, FF1; Manfrin, MH1 Departamento de Genética, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo [email protected] 1 Palavras-chave: barcoding, Drosophila, buzzatii, identificação de espécies, COI O DNA “barcoding” baseia-se na premissa de que é possível distinguir indivíduos de espécies distintas a partir de pequenas porções do DNA. A região do genoma mais utilizada para esse tipo de análise é a primeira porção do gene Citocromo Oxidase I (COI), presente no DNA mitocondrial da grande maioria dos organismos eucariontes. Apesar das críticas que vem recebendo, o DNA “barcoding” pode ser uma ferramenta útil na identificação de espécies em situações particulares, como a identificação de espécies crípticas, imaturos e fêmeas de insetos.O “cluster” Drosophila buzzatii é formado por sete espécies cactófilas e crípticas, distribuídas em regiões de vegetação seca dos domínios morfoclimáticos da Caatinga, Cerrado e Chaco Argentino. A identificação das espécies é comumente efetuada pelo estudo morfológico do aparelho reprodutor masculino (edeago), o que limita o processo de identificação. Para a identificação das fêmeas, por exemplo, é necessário obter machos através de isolinhagens de fêmeas que previamente copularam na natureza. Utilizando as técnicas convencionais, a identificação de formas larvais é também dificultada. Devido a essas limitações, seria possível, através de “barcoding”, identificar de forma rápida e segura, espécies do “cluster” D. buzzatii, incluindo fêmeas e imaturos?Foram utilizadas seqüências de 576 pb da primeira porção da COI de 48 indivíduos das espécies Drosophila martensis (1) e D. ricardsoni (1), como grupo externo; D. koepferae (1), D. antonietae (7), D. borborema (10), D. buzzatii (10), D. gouveae (6), D. serido (8) e D. seriema (4). O alinhamento das seqüências foi realizado através do programa Bioedit v. 7.0.9.0. e a relação entre os haplótipos foram verificadas pela construção de uma rede de haplótipos, gerada pelo programa TCS v. 1.21. Foi construída uma árvore de relações haplotípicas através do método de máxima parcimônia (bootstrap, 500 replicações) (PAUP v. 4.0b10). Com base nos cladogramas, foi calculado o Fst e a AMOVA entre os grupos (ARLEQUIN v. 3.11) a fim de testar o grau de isolamento entre os agrupamentos.A rede de haplótipos gerou três grandes clados isolados e três haplótipos isolados. O clado 1 continha apenas D. buzzatii, já o clado 2, todos os indivíduos da espécie D. antonietae e o clado 3 D. gouveae, de uma região onde há suspeita de introgressão entre as espécies. O clado 3 continha todas as outras espécies do “cluster”, com exceção de D. buzzatii (clado 1) e D. koepferae, que não apareceu agrupada, assim como as espécies do grupo externo. O teste de Máxima Parcimônia confirmou os agrupamentos dos clados 1 e 2 (Bootstrap de 100 e 86), entretanto o clado 3 não formou agrupamento de uma mesma espécie. Os valores de Fst indicaram grande separação entre esses agrupamentos e a AMOVA indicou que 81,6% da variação é encontrada entre os clados e 16% dentro deles. Neste trabalho preliminar, pode-se concluir que “barcoding” pode ser usado na identificação de algumas espécies como D. buzzatii, considerada basal dentro do “cluster”, mas deve ser usado com cautela na identificação de espécies com histórias evolutivas complexas. Apoio: CAPES, CNPq, Fapesp, USP. 54º Congresso Brasileiro de Genética 291 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Desarrollo y caracterización de microsatélites para poblaciones del noroeste argentino de Drosophila buzzatii Lipko, P; Corio, C; Villaruel, C; Hasson, E Laboratorio de Evolución. Facultad de Ciencias Exactas y Naturales. Universidad de Buenos Aires. Argentina [email protected] Palabras clave: Drosophila buzzatii, microsatélites, estructura poblacional, genética evolutiva, variabilidad Drosophila buzzatii (Ruiz & Wasserman 1993) es una especie cactófila originaria de Sudamérica que se reproduce en los tejidos necróticos de varias especies de cactáceas de los géneros Opuntia, Cereus y Trichocereus. Esta especie forma parte del cluster buzzatii del complejo D. buzzatii (subgrupo D. mulleri, grupo D. repleta). El conocimiento de la ecología y la genética hacen de D. buzzatii un modelo ideal para estudiar los procesos genéticos que moldean la variabilidad intra e interpoblacional. A su vez, los loci de microsatélites proveen herramientas potentes para el estudio de la diversidad genética y la estructura poblacional. En este trabajo se presentan 15 nuevos microsatélites aislados del genoma de D. buzzatii, los cuales se utilizaron para la caracterización genética de 2 poblaciones argentinas, una del Noreste (Montecarlo, Provincia de Misiones) y otra del Noroeste (Valle Fértil, Provincia de San Juan), con el fin de avanzar en el estudio de la estructura poblacional de esta especie cactófila autóctona de la argentina. En este estudio mostramos que si bien la heterocigosidad observada fue baja, todos los loci analizados fueron polimórficos en ambas poblaciones. Estos marcadores serán una herramienta fundamental para la estimación de variación genética y para investigar los procesos que han determinado la estructura genética de las poblaciones de esta especie. 54º Congresso Brasileiro de Genética 292 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Filogeografia de Drosophila meridionalis (Diptera, Drosophilidae): um novo grupo de espécies no subgrupo mulleri Silva-Bernardi, ECC1; Mazucato, M1; Sene, FM1; Manfrin, MH2 1 Departamento de Genética, FMRP, Universidade de São Paulo Departamento de Biologia, FFCLRP, Universidade de São Paulo [email protected] 2 Palavras-chave: grupo repleta, filogeografia, DNA mitocondrial, COI, estrutura populacional Drosophila meridionalis (grupo repleta, subgrupo mulleri) é uma espécie cactofílica, amplamente distribuída na América do Sul, cujas populações, geralmente, encontram-se geograficamente isoladas. Estudos citogenéticos anteriores revelaram a existência de variação cariotípica entre populações dessa espécie. Foram descritos cinco cariótipos distintos, mostrando que D. meridionalis é politípica em relação a esse marcador. Embora potencialmente adequada, D. meridionalis, até o momento, não foi utilizada como modelo em pesquisas sobre os processos de diferenciação populacional e especiação. Neste trabalho, seqüências de 640 pb do gene mitocondrial COI foram analisadas, objetivando descrever a estrutura populacional de D. meridionalis e inferir eventos históricos e/ou recorrentes, que expliquem a distribuição geográfica atual da espécie e, eventualmente, estejam envolvidos na diversificação das populações. Os haplótipos mitocondriais foram obtidos a partir de indivíduos machos provenientes de 15 populações: Mucugê-BA, Mucuri-BA, Itaúnas-ES, Macaé-RJ, Arraial do Cabo-RJ, São Sebastião-SP, Bertioga-SP, Itirapina-SP, São Francisco do Sul-SC, Camboriú-SC, Governador Celso Ramos-SC, Florianópolis-SC, Arroio Teixeira-RS, Cornélios-RS e Viamão-RS. A rede de parcimônia estatística dos haplótipos foi construída pelo programa TCS 1.21. A Nested Clade Analysis (NCA) foi feita utilizando o programa GeoDis 2.5 e a análise de variância molecular (AMOVA) utilizando o programa Arlequin 3.11. A AMOVA, considerando todas as populações um grupo único, mostrou que 61,59% da variação genética é inter-populacional e 38,40% intrapopulacional (ΦST=0,6159; p<0,000001). Três redes de haplótipos foram geradas pelo programa TCS, sendo a rede A separada por nove passos da rede B e 28 passos da rede C. A rede A continha haplótipos das populações do Rio Grande do Sul, um haplótipo de Governador Celso Ramos-SC e um haplótipo de Florianópolis-SC. A NCA indicou amostragem inadequada para discriminar entre “isolamento por distância” e “dispersão a longa distância” das populações de Santa Catarina em relação às populações do Rio Grande do Sul. A AMOVA sugeriu estruturação populacional significativa (ΦCT=0,3817; p<0,000001) quando as populações de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul foram tratadas como dois grupos distintos. A NCA da rede B sugeriu “fluxo gênico restrito com isolamento por distância” entre as populações de Mucugê-BA, Mucuri-BA e Itaúnas-ES e as populações do litoral de Santa Catarina. A AMOVA indicou estrutura populacional altamente significativa (ΦCT=0,8042; p<0,000001) quando as populações do litoral de São Paulo e Rio de Janeiro foram reunidas em um grupo separado das demais, sugerindo fragmentação alopátrica entre tais grupos, resultado não obtido na NCA porque a amostragem foi considerada inadequada. Somente um haplótipo de Itirapina-SP e um haplótipo de São Sebastião-SP formaram a rede C. Os resultados obtidos a partir dos dados moleculares mostraram que indivíduos identificados taxonomicamente como representantes da espécie D. meridionalis podem compor, no mínimo, três grupos distintos. A associação de estudos morfológicos e moleculares permitirá determinar o status taxonômico desses grupos. Apoio Financeiro: CAPES, CNPq e USP. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Polimorfismo intraespecífico de inserção de elementos transponíveis em regiões reguladoras dos genes da família Cyp em Drosophila melanogaster e D. simulans Ricci, J1, Lopes, FR1, Vieira, C2; Carareto, CMA1 Laboratório de Evolução Molecular. Departamento de Biologia, IBILCE, UNESP-São José do Rio Preto Laboratório de Biométrie et Biologie Evolutive,Université Claude Bernard Lyon 1, Villeurbanne, França [email protected] 1 2 Palavras-chave: elementos transponíveis, genes Cyps, regulação da expressão gênica, resistência a inseticidas, DNAREP1_DM A família citocromo P450 monooxigenases (CYP) possui genes envolvidos no metabolismo de xenobióticos, dentre eles, os inseticidas. Alguns Cyps de Drosophila melanogaster tiveram sua função bem estabelecida, oito associados à resistência a inseticidas e cinco ao desenvolvimento. Sabe-se que a inserção de fragmentos de elementos transponíveis (TEs) em regiões regulatórias ou codificadoras dos Cyps aumenta sua expressão e pode induzir a resistência a inseticidas. Neste estudo foram analisados os genomas seqüenciados de D. melanogaster e D. simulans com o objetivo de avaliar a ocorrência de inserções de TEs nas regiões intergênicas 5’ e 3’, bem como nas regiões gênicas de 35 Cyps e do primeiro gene vizinho upstream e downstream de cada Cyp. Foram extraídas as regiões de similaridade de cada gene e analisada a ocorrência de TEs nessas seqüências pela ferramenta RepeatMasker (RM) utilizando a biblioteca de TEs do gênero Drosophila oriunda do RepBase. Essa análise identificou alta freqüência de TEs nas regiões intergênicas 5’ e 3’em Cyps associados à resistência e ao metabolismo de xenobióticos em geral, e da mesma forma nos genes flanqueadores, associados a variadas funções. Porém, aqueles associados ao desenvolvimento mostraram quase completa ausência de inserções. Esses resultados corroboram os achados de Chen e Li (2007) de que inserções nos Cyps relacionados à resistência a xenobióticos podem ser adaptativas e são mantidas nas populações, enquanto aquelas em genes relacionados ao desenvolvimento, sob forte seleção negativa. A maioria dessas inserções está localizada entre 500 e 2.000pb do gene alvo. De modo geral, houve maior número de inserções na região intergênica 5’ que na 3’. Entretanto, quando consideradas as inserções 5´ e 3´ para diferentes Cyps (resistência, detoxificação em geral e desenvolvimento), essa diferença foi significante apenas para os relacionados à resistência em D. simulans. Dentre os TEs detectados, destaca-se o DNAREP1_DM, um transposon não-autônomo ancestral descrito em D. melanogaster. Os resultados mostram que os DNAREP1 com diferentes tamanhos presentes nos Cyps de D. simulans correspondem preferencialmente à extremidade 3’ do elemento consenso, enquanto o mesmo não ocorre em D. melanogaster. De modo inédito, utilizando a ferramenta Alibaba2, foram identificados seqüências homólogas a sítios de ligação de fatores de transcrição (Oct-1, HSTF, Hb, Sp1, TBP e NF-1) em cópias do DNAREP1_DM localizadas nos genes Cyp6w1, Cyp6a2 e Cyp12d1 de D. simulans, e apenas no primeiro de D. melanogaster, todos associados à resistência Esses achados sugerem que tais fragmentos de TEs possam ser seletivamente mantidos por fornecerem motivos de ligação de fatores de transcrição que, de alguma maneira, afetariam a expressão gênica em situação de estresse ambiental. Apoio Financeiro: FAPESP e CNPq. 293 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Padrões contrastantes entre morfologia do edeago e asa em espécies de Drosophila cactofílicas Franco, FF1; Sene, FM1; Manfrin, MH2 1 Departamento de Genética, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, USP [email protected] 2 Palavras-chave: morfometria, morfometria geométrica, edeago, asa, taxonomia, Drosophila Espécies do gênero Drosophila são organismos modelo para estudos de genética. Por esse motivo, a taxonomia destas espécies é de grande interesse para os geneticistas. Um dos maiores agrupamentos de espécies dentro do gênero Drosophila é o grupo repleta, que é composto por mais de 90 espécies, naturalmente endêmicas da região Neotropical. O principal marcador taxonômico para as espécies do grupo repleta é a morfologia do edeago, que ao contrário da morfologia externa do corpo, é bastante variável entre as espécies do grupo. Com o advento da morfometria geométrica, entretanto, a qual é uma metodologia sensível a pequenas alterações na morfologia, outros caracteres morfológicos têm sido utilizados para diferenciar as espécies do grupo repleta, bem como de outros grupos dentro do gênero Drosophila. Dentre esses caracteres, destaca-se a asa, que é um órgão plano e com várias intersecções entre as veias alares, que permitem a definição de marcos anatômicos (landmarks), que são utilizados nas análises morfométricas. Com o objetivo de investigar se a morfologia da asa é um bom marcador taxonômico para espécies do “cluster” buzzatii (grupo repleta), que é um grupo composto por espécies cactofílicas e crípticas, foram analisadas a morfologia do edeago e da asa de aproximadamente 340 indivíduos, pertencentes às espécies D. serido, D. gouveai, D. seriema e D. borborema. As imagens dos edeagos foram contornadas e analisadas de acordo com os Descritores Elípticos de Fourier. As asas foram analisadas por Relative Warps, com a utilização de 10 marcos anatômicos. A quantificação da divergência morfológica entre as espécies foi realizada através de análises discriminantes. Tanto o edeago (Wilks’ Lambda = 0,0054; p<0,00001) quanto a asa (Wilks’ Lambda = 0,1787; p<0,00001) apresentaram diferenciação entre as quatro espécies analisadas, mas enquanto através da morfologia do edeago os indivíduos foram reclassificados corretamente com uma porcentagem de 98%, com os dados de morfologia da asa os indivíduos foram reclassificados corretamente em 79% das vezes, sendo que para a espécie D. gouveai a porcentagem de reclassificação correta foi de apenas 54,5%. Esses resultados confirmam o edeago como um excelente marcador taxonômico para as espécies do “cluster” D. buzzatii e sugerem que, embora haja pronunciada diferenciação morfológica na asa das espécies analisadas, a variabilidade intra-específica é maior do que a variação interespecífica, não sendo, portanto, um marcador consistente para identificação das espécies do “cluster” D. buzzatii. Apoio Financeiro: FAPESP, FAEPA, CAPES, CNPq, FINEP, USP. 294 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Desvendando a diversidade críptica do grupo bromeliae de Drosophila Schmitz, HJ1; Valente, VLS1 Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) [email protected] 1 Palavras-chave: Drosophila, grupo bromeliae, espécies crípticas, morfometria, diversidade O grupo bromeliae de Drosophila compreende espécies de ecologia restrita a flores como recurso de ovoposição, ao contrário da maior parte das espécies do gênero, que utilizam frutos. Segundo dados presentes na literatura, a única espécie do grupo conhecida para o sul do Brasil é Drosophila bromelioides, mas nossas coletas recentes, realizadas em Porto Alegre, RS, revelaram três novas espécies crípticas, que chamamos aqui de tipos III, IV e V. A mais generalista das espécies é D. bromelioides, seguida pelo tipo III, enquanto os tipos IV e V foram encontrados apenas em flores do gênero Solanum. O objetivo deste trabalho é comparar estas espécies através de diferentes marcadores, a fim de se estudar a evolução deste grupo críptico. Foram usadas para a análise D. bromeliae, que tem distribuição na América Central, e as quatro espécies presentes em nossas coletas, anteriormente mencionadas. Embora crípticas quanto à morfologia geral, as cinco espécies podem ser reconhecidas pela análise da genitália masculina, mais precisamente pela morfologia do edeago. Além disso, apresentamos aqui os resultados da análise de espermateca, ovopositores, arista e de um conjunto de 29 caracteres morfométricos. A espermateca de D. bromeliae apresenta um tamanho marcadamente reduzido, com comprimento e largura de cerca de 40µm e invaginação do duto alcançando ¾ da cápsula. As espermatecas das demais espécies apresentam tamanho aproximado de 80µm de comprimento e 60µm de largura, porém, a invaginação do duto alcança 2/3 da cápsula no tipo III e apenas 1/3 em D. bromelioides e nos tipos IV e V. Quanto aos ovopositores, os tipos IV e V apresentam valvas fortes e pontudas, com comprimento aproximado de 550µm, enquanto nas demais espécies as valvas são arredondadas e menores, com comprimento de 375µm. Entre essas três últimas espécies, há diferença estatisticamente significativa entre o número de espinhos em cada valva do ovopositor (ANOVA, com n=30 para cada espécie), tanto discais (p<0,0001; D. bromelioides > tipo III > D. bromeliae), quanto marginais (p<0,0001; tipo III > D. bromelioides > D. bromeliae) e totais (p<0,0001; tipo III > D. bromelioides > D. bromeliae). O número de ramos dorsais na arista mostrou-se diferente no tipo V. Este número variou entre três e cinco, tendo como regra geral, quatro (88,7% dos indivíduos em D. bromeliae, n=53; 95,8% em D. bromelioides, n=119; 93,4% no tipo III, n=136; 100% no tipo IV, n=11). Entretanto, o tipo V apresenta-se como exceção, já que 91,1% dos indivíduos têm apenas três ramos (n=45). Finalmente, a utilização de uma análise discriminante com os 29 caracteres morfométricos obteve sucesso de 98% na classificação dos machos, e de 96% na análise das fêmeas. Apoio financeiro: CNPq. 295 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Filogeografia de espécies de Drosophila cactofílicas e endêmicas da América do Sul inferida pelos genes mitocondrial COI e nuclear period Franco, FF1; Sene, FM1; Mazucato, M1; Manfrin, MH2 Departamento de Genética, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, USP [email protected] 1 2 Palavras-chave: Filogeografia, COI, period, genealogia, Drosophila As espécies cactofílicas Drosophila serido, D. gouveai, D. seriema e D. borborema pertencem ao “cluster” Drosophila buzzatii (grupo repleta), um grupo monofilético e endêmico da América do Sul. Para investigar a história filogeográfica dessas espécies foram analisados 630pb do gene mitocondrial COI e 360pb do gene nuclear period, provenientes de 102 indivíduos de diferentes populações. Os dados foram analisados através de Nested Clade Analysis (NCA), testes de neutralidade e AMOVA. Na genealogia baseada no gene period, as seqüências formaram haplogrupos espécie específicos. Através da NCA foi detectada fragmentação alopátrica entre os clados 3-5 (D. serido) e 3-4 (D. gouveai) e entre os clados 4-2 (D. serido + D. gouveai) e 4-1 (D. seriema + D. borborema). Além disso, foi detectado fluxo gênico restrito e eventos de dispersão a longa distância para D. seriema, em congruência com a distribuição fragmentada dessa espécie ao longo da Cadeia do Espinhaço. Ao contrário do gene period, existe compartilhamento de vários haplótipos do gene COI entre as espécies analisadas, sendo que não foram observados agrupamentos espécie específicos, embora exista pronunciada diferenciação entre as espécies em relação a este marcador (Фst = 0,434; p < 0,000001). Os principais resultados da NCPA foram: 1. Fluxo gênico restrito com isolamento por distância para as espécies D. seriema e D. borborema, 2. Expansão populacional contígua de populações de D. serido de Cabo Frio, RJ em direção ao litoral Sul do estado de São Paulo, 3. Eventos de expansão populacional contígua envolvendo populações de D. borborema, D. seriema e D. gouveai. Tais resultados podem estar relacionados aos eventos de expansão das populações de cactos durante o período Quaternário. O tempo de divergência estimado para as espécies analisadas nesse trabalho é de cerca de três milhões de anos, que é tempo suficiente para aquisição de monofilia recíproca de acordo com a teoria da genética de populações. Dessa forma, o compartilhamento entre haplótipos do gene COI entre as espécies analisadas parece estar relacionado a eventos de introgressão de DNA mitocondrial entre as diferentes linhagens evolutivas dentro do “cluster” buzzatii. Além disso, os genes analisados no presente trabalho possuem Ne diferentes, uma vez que os genes mitocondriais possuem Ne menor do que genes ligados ao X, que é o caso do period. Neste contexto, seria esperado encontrar menor número de polimorfismos compartilhados na genealogia do gene mitocondrial em comparação com a genealogia do gene period, exceto se o último estivesse sob ação de seleção direcional. No entanto, os testes de neutralidade sugerem que o period está evoluindo sob seleção purificadora. Esses resultados corroboram a hipótese de que houve diversificação com fluxo gênico entre as linhagens que compõem o “cluster” buzzatii, com introgressão de DNA mitocondrial. Apoio Financeiro: FAPESP, FAEPA, CAPES, CNPq, FINEP, USP. 296 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Polimorfismo cromossômico de populações de Drosophila willistoni da região nordeste do Brasil Nascimento, GAF; Lima, CDS; Oliveira, RDL; Valente, VLS; Rohde, C Laboratório de Genética, Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de Pernambuco Palavras-chave: Drosophila, citogenética A espécie Drosophila willistoni pertence ao grupo críptico willistoni e ao subgênero Sophophora (Diptera, Drosophilidae). Apesar de esta espécie ter sido bastante estudada nos últimos 20 anos, as populações do Nordeste são praticamente desconhecidas quanto à genética e aos padrões dos cromossomos politênicos. Este projeto de iniciação científica está estudando as características genéticas das populações naturais de D. willistoni do Nordeste, em especial do Estado de Pernambuco. O objetivo é comparar os padrões dos cromossomos politênicos, tanto os fixados quanto os segregantes (inversões), com os resultados obtidos para outras populações estudadas por nosso grupo e originárias de outras regiões geográficas. Coletas de drosofilídeos são realizadas nas regiões úmidas de Pernambuco, como a Zona da Mata e o Litoral, desde 2007, quando se iniciaram as atividades práticas do Laboratório de Genética, no Centro Acadêmico de Vitória/ UFPE. As formas adultas são capturadas com o uso de rede entomológica sobre frutos caídos ou através de armadilhas contendo banana. Já as formas imaturas (ovos e larvas) são obtidas através da coleta dos frutos fermentados que são trazidos ao laboratório e mantidos em vidros apropriados até a emergência dos adultos. Todos os nascidos são separados por espécie, contados e sexados. A análise do polimorfismo cromossômico é feita a partir dos preparados dos cromossomos politênicos presentes nas células da glândula salivar de larvas em terceiro estágio. O reconhecimento do padrão dos cromossomos politênicos das diferentes isolinhagens é feito com auxílio do fotomapa da espécie, elaborado por Rohde e Valente. Já o reconhecimento das diferentes inversões paracêntricas é feito com auxílio das imagens disponíveis em laboratório tanto para inversões homo quanto heterozigotas. Os resultados indicam que as populações são abundantes em Pernambuco e várias isolinhagens foram obtidas nos municípios de Pombos e Bonito, principalmente sobre frutos de jaca, espalhados nas bordas da mata. As análises citogenéticas dos descendentes indicam que as populações são polimórficas quanto à presença de inversões. Apoio Financeiro: FACEPE e CNPq. 297 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Evidência da ação de seleção natural em populações naturais de Drosophila mediopunctata de fragmentos florestais Batista, MRD¹; Ananina, G¹; Klaczko, LB¹ ¹Instituto de Biologia, Departamento de Genética e Evolução, Unicamp [email protected] Desde 1986, estamos estudando o polimorfismo de inversões cromossômicas em Drosophila mediopunctata. O cromossomo II é o que apresenta maior número de inversões, oito na região distal e 9 na proximal, 17 no total. Foi demonstrado que há um cline altitudinal nas freqüências dos arranjos da população do Parque Nacional do Itatiaia e que há diferenciação no padrão das freqüências em distintas populações. Na população da Mata Santa Genebra (Campinas, SP) encontramos anteriormente as seguintes freqüências de inversões para a região distal do cromossomo II: f(DA) = 0,221; f(DI) = 0,047; f(DS) = 0,369; f(DV) = 0,048; f(DP) = 0,246 (N = 634 cromossomos). Esse resultado foi inesperado, quando comparado às freqüências em Jundiaí: f(DA) = 0,562; f(DI) = 0,092; f(DS) = 0,147; f(DV) = 0,076; f(DP) = 0,095 (N = 368 cromossomos); e no Itatiaia: f(DA) = 0,512; f(DI) = 0,224; f(DS) = 0,126; f(DV) ~ 0; f(DP) = 0,071 (N = 3860 cromossomos). A distribuição das freqüências de inversões da Mata Santa Genebra é mais diferente daquelas de Jundiaí, cuja distância é de 50 km, do que esta última da população do Itatiaia (distante 150 km). Para melhor compreendermos este resultado, realizamos outras coletas em diferentes fragmentos de mata da região de Campinas e observamos o seguinte padrão de distribuição de freqüências: Mata do Ribeirão Cachoeira - f(DA) = 0,407; f(DS) = 0,214; f(DV) = 0,107; f(DI) = 0,1; f(DP) = 0,107 (N = 140 cromossomos); Parque Ecológico de Campinas - f(DA) = 0,395; f(DI) = 0,1320; f(DS) = 0,105; f(DV) = 0,237; f(DP) = 0,105 (N = 38 cromossomos); e a Mata do Costa e Silva f(DA) = 0,268; f(DI) = 0,109; f(DS) = 0,342; f(DV) = 0,073; f(DP) = 0,195 (N = 82 cromossomos). Notamos que o padrão das freqüências da Mata do Ribeirão Cachoeira e do Parque Ecológico são semelhantes entre si e àquelas do Itatiaia e Serra do Japi. Enquanto que o padrão da Mata do Costa e Silva e Mata Santa Genebra são entre si. Estes resultados sugerem que as freqüências de inversão cromossômica dividem as matas em dois grupos distintos, aquelas cuja freqüência da inversão DA é maior (Mata do Ribeirão Cachoeira e Parque Ecológico) e aquelas com a freqüência de DS maior (Mata Santa Genebra e Mata do Costa e Silva). Tais fragmentos também estão divididos em relação ao seu domínio florístico. A Mata do Ribeirão Cachoeira e Parque Ecológico pertencem ao domínio Floresta Ombrófila Densa, enquanto as matas de Santa Genebra e do Costa e Silva ao domínio Floresta Estacional Semidecídua. Sendo assim, a diferenciação geográfica das freqüências de inversão cromossômica pode estar refletindo adaptações às variações florísticas ou climáticas locais, fruto da ação da Seleção Natural. Apoio financeiro: FAPESP, CNPq, CAPES, FAEP. 298 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Polimorfismo cromossômico em Drosophila nebulosa: uma releitura Garcia, CF1; Garcia, ACL2; Schmitz, HJ1; Valente, VLS1 Departamento de Genética, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2 Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de Pernambuco [email protected] 1 Palavras-chave: Drosophila nebulosa, Polimorfismo cromossômico, Inversões paracêntricas, Cromossomos politênicos, Fotomapa Drosophila nebulosa é um drosofilídeo pertencente ao grupo willistoni, típico de regiões abertas e xéricas. Apresenta ampla distribuição neotropical desde os U.S.A., até o Chile, Argentina e Uruguai. Do ponto de vista cromossômico, ela é polimórfica para inversões paracêntricas, localizadas principalmente no cromossomo III. Esta espécie teve o seu primeiro fotomapa dos cromossomos politênicos construído e análises de polimorfismos cromossômicos de populações das regiões de Porto Alegre e do Uruguay, realizadas por nosso grupo, baseado nos estudos prévios de Pavan (1946). O presente trabalho se insere em um amplo projeto que pretende estabelecer relações entre polimorfismo cromossômico e elementos transponíveis. Assim, apresentamos aqui o fotomapa aprimorado, com uso de recursos computacionais modernos, para a D. nebulosa, incluindo além das seções já estabelecidas, também subseções e outros detalhes estruturais; bem como a análise do polimorfismo para o terceiro cromossomo de indivíduos oriundos de diferentes locais da América Latina (Santa Maria, RS; San José, Costa Rica e Tingo María, Peru). Para tal, fez-se a análise dos cromossomos politênicos de células das glândulas salivares de larvas em terceiro estágio de desenvolvimento. Estas glândulas foram dissecadas em solução fisiológica e os cromossomos fixados em ácido acético 45%, corados com orceína aceto-lática, e analisados ao microscópio, sob contraste de fase. Os melhores núcleos de cada indivíduo foram fotografados e analisados quanto à presença de diferentes rearranjos. Das 13 inversões paracêntricas já descritas para o terceiro cromossomo de D. nebulosa (inversões A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L e M), foram encontradas as inversões A, C e H até o momento, com a inversão H sendo a mais freqüente. Apoio Financeiro: PIBIC/CNPq, CNPq. 299 54º Congresso Brasileiro de Genética 300 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Novas contribuições sobre o polimorfismo cromossômico de Drosophila paulistorum Garcia, ACL1; Garcia CF2; Rohde C1; Tidon R3; Valente, VLS2 Laboratório de Genética, Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de Pernambuco Laboratório de Drosophila, Departamento de Genética, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul 3 Departamento de Genética e Morfologia, Universidade de Brasília 1 2 Palavras-chave: Drosophila paulistorum Drosophila paulistorum (Diptera, Drosophilidae) é uma superespécie constituída por seis semi-espécies morfologicamente similares: Andino-Brasileira, Centro-Americana, Orinocana, Transicional, Interior e Amazônica. A distribuição geográfica deste grupo é essencialmente neotropical, e a semi-espécie Andino-Brasileira é a de mais ampla distribuição, ocorrendo desde a Guatemala até o sul do Brasil. Quando intercruzadas em laboratório, estas semi-espécies apresentam um isolamento reprodutivo parcial: as fêmeas descendentes são férteis e os machos estéreis. A identificação de cada semi-espécie pode ser feita através de poucos marcadores genéticos, como o cruzamento direcionado com linhagens conhecidas ou a análise do padrão de bandas dos cromossomos politênicos e comparação com fotomapas de referência. Neste estudo, apresentamos novas contribuições sobre o polimorfismo cromossômico da semi-espécie Andino-Brasileira proveniente do bioma Cerrado, os resultados deste estudo são comparados com dados prévios de populações de outras regiões do Brasil estabelecidos por nosso grupo. As coletas do presente estudo foram realizadas em Brasília, na Reserva Ecológica do IBGE (15°56′S, 47°53′W) e no Parque Nacional de Brasília (15°40′S, 47°54′W). A análise dos cromossomos politênicos incluiu a caracterização dos diferentes arranjos fixados e arranjos segregantes, resultantes da ocorrência de inversões paracêntricas no passado evolutivo da espécie. Os cromossomos politênicos estão presentes em células das glândulas salivares de larvas em terceiro estágio de desenvolvimento. Estas glândulas são dissecadas em solução fisiológica e os cromossomos fixados em ácido acético 45%, corados com orceína aceto-lática, e analisados ao microscópio, sob contraste de fase. Os melhores núcleos de cada isolinhagem são fotografados e analisados quanto à presença de diferentes rearranjos com o auxílio do fotomapa da semi-espécie Andino-Brasileira produzido por nosso grupo. Foram identificadas 7 diferentes inversões paracêntricas nas 20 isolinhagens do Cerrado investigadas. O cromossomo III (acrocêntrico) apresentou 4 inversões, o cromossomo X (metacêntrico) 2 inversões no braço XL e 1 inversão no braço XR e o cromossomo II (metacêntrico) não apresentou inversões segregantes ou fixadas. O cromossomo III também tem sido caracterizado como o mais polimórfico entre as outras populações previamente analisadas, incluindo representantes do bioma da Mata Atlântica da região sul e sudeste do Brasil. O polimorfismo cromossômico de D. paulistorum vem sendo tradicionalmente estudado por nosso grupo, dentro de uma proposta maior que visa estudar populações desta superespécie habitantes de diferentes biomas brasileiros, a fim de comparar as variantes cromossômicas que se estabeleceram ao longo da evolução da superespécie nestes ambientes. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudo de duas populações naturais de Drosophila mediopunctata por meio de marcadores microssatélites Laborda, PR1; Mori, GM1; Klaczko, LB2; Souza, AP1 1 Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética, UNICAMP Departamento de Genética e Evolução, Instituto de Biologia, UNICAMP [email protected] 2 Palavras-chave: Drosophila, microssatélites O entendimento da biologia das espécies e da forma como elas evoluem pode ser muitas vezes obtido pelo estudo da dinâmica de suas populações. Devido a isso, a conformação genética de diversas espécies, selvagens e domesticadas, é constantemente alvo da investigação científica. E uma das ferramentas mais eficazes para esse tipo de análise são os marcadores microssatélites, que permitem o acesso a vários sítios do genoma e, dessa forma, podem reconstituir a história genética das populações. A nossa espécie de interesse é Drosophila mediopunctata, mosca com distribuição neotropical que é estudada por nosso grupo sob diversos aspectos. Este trabalho objetivou a obtenção de estimativas populacionais para a espécie por meio da análise de duas populações naturais com o auxílio de marcadores moleculares microssatélites. Quarenta e oito indivíduos, provenientes de duas coletas, realizadas em Campinas e Jundiaí, foram genotipados com 25 marcadores desenvolvidos para a espécie. Foram obtidas as heterozigosidades observada e esperada, identificados os locos que desviaram das proporções esperadas no Equilíbrio de Hardy-Weinberg (EHW) e aqueles em desequilíbrio de ligação, e calculados o valor de FST e o número de migrantes por geração. Quatro programas foram usados para a obtenção das estimativas: TFPGA, FSTAT, GENEPOP e ARLEQUIN. Os valores médios de número alelos e heterozigosidades observada e esperada foram n = 8,5, HO = 0,5 e HE = 0,7, respectivamente. Não foram identificados alelos privativos de uma ou outra população, e os cálculos realizados com as populações separadas mostraram os mesmos resultados. Na população de Campinas, doze locos desviaram das proporções do EHW, e na população de Jundiaí, treze. Na análise conjunta, dezesseis dos 25 locos desviaram do EHW. Todos os locos fora do EHW apresentaram deficiência de heterozigotos. Com relação aos pares de locos em desequilíbrio de ligação, houve algumas discrepâncias entre os resultados gerados por alguns programas. O GENEPOP identificou nove, doze e sete pares de locos em desequilíbrio para Campinas, Jundiaí, e as duas populações juntas, respectivamente. O ARLEQUIN identificou sete, nove e quatro pares para Campinas, Jundiaí, e as duas em conjunto, respectivamente. Entretanto, de maneira geral, o mesmo grupo de locos estava envolvido nos grupos de ligação formados. O valor de FST obtido entre as duas populações foi de -0,0013 (P>0,05), e o número de migrantes calculado foi de aproximadamente três por geração. Os resultados sugerem, portanto, que as localidades de Campinas e Jundiaí constituem uma única população para D. mediopunctata, uma vez que há compartilhamento dos mesmos alelos, não foi detectada estruturação e ocorre fluxo gênico considerável. Apoio financeiro: FAPESP. 301 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Herança mendeliana dos cromossomos supranumerários do curimbatá (Prochilodus lineatus) do rio Mogi-Guaçu Voltolin, TA1; Senhorini, JA2; Oliveira, C.3; Foresti, F3; Bortolozzi, J1; Porto-Foresti, F1 Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual Paulista Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais, CEPTA 3 Departamento de Morfologia, Universidade Estadual Paulista [email protected] 1 2 Palavras-chave: Cromossomos supranumerários, Herança mendeliana, Prochilodus lineatus, Cruzamento dirigido, Neutralização Prochilodus lineatus, popularmente conhecido como curimbatá, ocorre freqüentemente na bacia superior do rio Paraná, envolvendo, sobretudo, os rios Grande, Pardo e Mogi-Guaçu. Além disso, é uma espécie bastante utilizada em projetos de piscicultura principalmente no sul do Brasil. Sob o ponto de vista citogenético, apresenta um cariótipo básico composto por 2n=54 cromossomos, além da presença de até 7 cromossomos B. Cromossomos B, também conhecidos como supranumerários ou cromossomos acessórios, são elementos adicionais dispensáveis presentes em alguns indivíduos de algumas populações em algumas espécies, o qual provavelmente surgiu do cromossomo A, mas seguiu seu próprio caminho evolutivo. A estrutura, função e comportamento destes cromossomos são completamente particulares nos diferentes grupos portadores, tornando-se difícil alcançar uma conclusão geral sobre sua origem e importância para as espécies. A presença destes elementos cromossômicos em peixes Teleostei de água continental é um evento comum, presente em 41 espécies dentre as já analisadas na região Neotropical. Estes cromossomos extras são de pequeno tamanho, freqüentemente heterocromáticos e geralmente não apresentam homologia com o complemento padrão A, podendo variar tanto no número quanto na morfologia. Intensos estudos têm sido realizados no intuito de buscar informações sobre sua função, origem e herança nos organismos portadores. Diante disso, este trabalho objetivou o estudo da herança dos cromossomos B resultantes de cruzamentos dirigidos na espécie P. lineatus proveniente do rio Mogi-Guaçu, Pirassununga, SP. Estes cruzamentos foram realizados no CEPTA/ICMbio, Pirassununga, SP. O padrão de transmissão destes elementos supranumerários foi obtido utilizando o teste Z. Os dados sobre padrão de transmissão destes microcromossomos mostraram-se consistentes (KB= 0,48), com a expectativa do comportamento meiótico regular seguindo um modelo de transmissão mendeliano (KB= 0,5). Observou-se, portanto, um processo de não acumulação destes cromossomos B manifestado nas gerações filiais desta referida espécie. Estes resultados parecem indicar que os cromossomos supranumerários presentes na espécie P. lineatus de ocorrência no rio Mogi-Guaçu estão em uma fase de neutralização, seguindo um padrão de herança mendeliana. Apoio financeiro: CAPES, CEPTA/ICMbio e FAPESP. 302 54º Congresso Brasileiro de Genética 303 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Resultado das coletas e da atividade diária de machos e fêmeas de Drosophilidae capturados na Universidade Estadual de Goiás – Morrinhos, GO Pires, DJ1; Isaac, VLR1; Rocha, LHO1; Ribeiro, AI1; Ávila, LR1 Departamento de Biologia, Universidade Estadual de Goiás – Unidade Universitária de Morrinhos 1 Palavras-chave: Drosophilidae, Comportamento Diurno, Zaprionus indianus, Drosophila simulans e Temperatura O conhecimento das espécies de drosofilideos que colonizam um determinado ambiente é de extrema importância, porque são consideradas indicadoras de biodiversidade por responderem rapidamente às alterações ambientais. Os drosofilídeos são moscas sensíveis as mudanças no ambiente, principalmente da temperatura e umidade relativa do ar. Neste sentido, este trabalho foi verificado o número de espécies da família Drosophilidae e o comportamento diurno de machos e fêmeas capturados na Unidade Universitária de Morrinhos, GO. As coletas foram realizadas com o auxílio de um puçá e uma caixa isca com bananas maduras foi deixada no local, um dia antes da coleta. No total foram realizadas 14 coletas durante dois dias em horários diferentes (6:00hs, 8:00hs, 10:00hs, 12:00hs, 14:00hs, 16:00hs e 18:00hs. Os valores de temperatura e umidade relativa do ar foram anotados em cada horário. No total foram coletados 2.773 drosofilídeos de 11 espécies, sendo 1.361 no dia 24/10/07 e 1.412 no dia 26/10/07. As espécies com maior número de exemplares capturados foram: Drosophila simulans e Zaprionus indianus. As coletas do dia 24/10/07 mostraram que os picos das atividades dos drosofilídeos foram pela manhã (8 e 10horas). O mesmo aconteceu no dia 26/10/07, onde os horários dos maiores picos de atividades foram às 6 e 10horas. O teste do X2 mostrou que houve diferença significativa no número de machos capturados no dia 24/07/07, no período da manhã (6, 8 e 10horas) e no fim da tarde (18horas). O número de fêmeas coletado foi significativamente maior às 14horas. No dia 26/10/07 o número de machos foi significativamente maior nos três primeiros horários de coletas e a partir das 12 horas não houve diferença significativa entre os membros de cada sexo. Em ambos os dias de coletas dos drosofilídeos, foi observado uma preferência para realização das suas atividades no período da manhã, onde a temperatura é mais baixa e a umidade relativa do ar é maior. O número de machos foi significativamente maior neste mesmo período, sugerindo que os machos e as fêmeas possuem estratégias diferentes para explorar o mesmo recurso e assim evitar a competição. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Comportamento sexual de Zaprionus indianus: análise do som de corte do macho Müller, MJ1,2; Mendonça, MP2; Oliveira, IR2; de Oliveira, LPL3; Valiati, VH2; Valente, VLS1 Laboratório de Drosophila, Departamento de Genética Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Porto Alegre/RS 2 Laboratório de Biologia Molecular, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, São Leopoldo/RS 3 Ciências Exatas e Tecnológicas, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, São Leopoldo/RS [email protected] 1 Palavras-chave: Zaprionus indianus, som de corte, intervalo interpulso Drosofilídeos apresentam uma corte sexual complexa, formada por vários componentes comportamentais, acústicos e químicos. Alguns destes podem estar envolvidos na manutenção do isolamento sexual entre espécies. O som produzido pela vibração das asas do macho é um destes e apresenta diversos componentes acústicos, incluindo uma série de pulsos com intervalo interpulso (IPI), o qual é espécie-específico, funcionando como sinal de reconhecimento entre indivíduos da mesma espécie. Além disso, pode compor o “display” sexual e, conseqüentemente, influenciar na escolha dos parceiros. Em algumas espécies as fêmeas produzem sons em resposta ao som de corte do macho, podendo ser de rejeição. No gênero Zaprionus, as fêmeas exibem sons de resposta ao som de corte dos machos, porém não produzidos pela batida das asas, mas sim pela vibração do corpo num movimento chamado de “rocking”. Em Z. indianus, não há conhecimento do padrão sonoro de corte dos machos, nem se as fêmeas produzem sons de resposta. O objetivo deste trabalho é caracterizar o som de corte sexual de machos e a possível ocorrência de sons produzidos pela fêmea desta espécie em resposta a corte do macho. Os indivíduos utilizados eram sexualmente maduros e depois de separados por sexo, eram mantidos em meio de cultura por três dias em fotoperíodo (12h claro/12h escuro) a temperatura de 24ºC ± 1. Foram gravados os sons de 11 casais, captados com um microfone de lapela, amplificados 70 vezes e armazenados com o programa Audacity. A análise do oscilograma foi executada nos programas Sigview e MatLab. Para este trabalho, avaliou-se apenas a última seqüência de pulsos antes da cópula. Os parâmetros estimados foram o IPI e a freqüência fundamental, via análise de Fourier. Os resultados demonstraram que o som de corte de Z. indianus é monocíclico com um IPI médio de 0,2472 msec ± 0,0514 e freqüência fundamental de aproximadamente 300 Hz. Não há diferenças significativas entre as médias de IPI para os pulsos produzidos pelos machos antes da cópula (F4,25=1,78; P=0,1650). Nesta seqüência de pulsos pré-copula foram detectados dois diferentes intervalos de tempo (IPI), denominados IPI longo (0,2743 msec ± 0,0345) e IPI curto (0,1842 msec ± 0,0141 (F1,28=56.23; P<0,00000). Somente um casal não copulou, observando-se uma grande quantidade de pulsos emitidos pelo macho. Contudo, o som que a fêmea emitiu difere na quantidade de vibrações das fêmeas que copularam. De maneira geral, todas as vezes que a fêmea aceitou os machos e emitiu algum som, o número de vibrações foi muito menor. Mesmo preliminares, os resultados apontam para a possibilidade de dois tipos de som de resposta da fêmea a corte do macho. Uma seqüência de vibrações curta como sinal de receptividade a cópula e uma longa, como um sinal de rejeição ao macho. Apoio financeiro: CAPES, CNPq, UFRGS, UNISINOS. 304 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Ecologia e genética da espécie invasora Zaprionus indianus na região nordeste do Brasil Lima Filho, MGC1; Monteiro, AGF1; Anjos, MDA1; Garcia, ACL1, Valente VLS2; Rohde, C1 1 Laboratório de Genética, Centro Acadêmico de Vitória, Universidade Federal de Pernambuco Laboratório de Drosophila, Departamento de Genética, Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2 Palavras-chave: Zaprionus, citogenética A espécie Zaprionus indianus pertence à família Drosophilidae é originária da África tropical. É conhecida por sua capacidade invasora e por ser transportada pelo homem em frutos comerciais. Desde sua primeira descrição no Brasil, em Santa Isabel, São Paulo, em março de 1999, esta espécie tem se espalhado rapidamente ao longo das latitudes do Brasil, tendo sido reconhecida em freqüências superiores a 45% no Sul do Brasil e, recentemente, já chegou aos Estados Unidos. Este trabalho visa dar continuidade aos estudos iniciados em 2005 sobre o polimorfismo cromossômico e sobre a dispersão da espécie Zaprionus indianus, dando enfoque às populações do Nordeste Brasileiro. Coletas e análises citogenéticas estão feitas desde agosto de 2007, quando se iniciaram as atividades práticas do Laboratório de Genética, no Centro Acadêmico de Vitória/UFPE. As coletas dos adultos machos e fêmeas são feitas com rede entomológica sobre frutos caídos ou através de armadilhas contendo banana. Já as coletas das formas imaturas (ovos e larvas) são feitas pela coleta dos frutos fermentados que são trazidos ao laboratório e mantidos em vidros apropriados até a emergência dos adultos. Todos os nascidos são separados por espécie, contados e sexados. Aqueles identificados como Z. indianus têm seus cromossomos politênicos extraídos da glândula salivar e processados de acordo com protocolo padrão do laboratório. Foram obtidas diversas isolinhagens nas coletas realizadas nos municípios de Paulista, Camaragibe, Vitória de Santo Antão e Gravatá, no interior de Pernambuco. As análises citogenéticas comparativas entre populações do Nordeste e de outras regiões do Brasil e da Argentina, são discutidas neste trabalho. Apoio Financeiro: FACEPE e CNPq. 305 54º Congresso Brasileiro de Genética 306 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Variabilidade genética tipo RAPD em linhagens geográficas de Zaprionus indianus (Gupta, 1970) Bélo, M; Braganholi, DF; Bertoni, BV; Beleboni, RO; Zingaretti, SM Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) [email protected] Palavras-chave: distância genética, índice de Jaccard, localidades, similaridade Exemplares de Z. indianus foram capturados em cinco regiões, distribuídas segundo uma linha imaginária norte sul, pelos estados de Goiás (Morrinhos), Minas Gerais (Carneirinho) e São Paulo (Olímpia, Jaboticabal e Santa Cruz da Esperança). As linhagens foram mantidas separadas no laboratório, em frascos de ¼ de litro com meio de cultura à base de farinha de trigo e fubá, permanecendo em câmara com condições controladas de temperatura (25 ± 1ºC), umidade relativa do ar (70-85%) e fotoperíodos de 12 horas. O DNA genômico foi extraído das larvas de terceiro instar e utilizado para análise da variabilidade genética das linhagens, pelo método RAPD. Foram usados 15 tipos de primers, que apresentaram 96 bandas de tamanhos diferentes que variaram de 300 a 4950 pares de bases. Os dados foram agrupados usando-se o método UPGMA e o índice de Jaccard, utilizados para construção de um dendograma. O valor mais alto para similaridade genética foi apresentado entre as linhagens provenientes de Jaboticabal e Olímpia, seguindo, respectivamente, a graduação dos valores, vieram as combinações entre as linhagens provenientes de Carneirinho e Olímpia e, a outra, entre Santa Cruz da Esperança e Jaboticabal. De acordo com os resultados, o dendograma mostra a formação de dois grupos maiores; um formado pelas linhagens de Jaboticabal, Olímpia e Carneirinho (este grupo é dividido em dois sub-grupos, um constituído pelas linhagens de Olímpia e Jaboticabal e outro subgrupo é constituído unicamente pela linhagem de Carneirinho); o outro grupo é constituído pelas linhagens provenientes de Morrinhos e Santa Cruz da Esperança. Apesar de a invasão de Z. indianus ser recente na América do Sul, estes resultados indicam a possibilidade de estar ocorrendo uma diferenciação genética entre as linhagens para a formação de clina, em relação à latitude, especialmente entre as linhagens de Caneirinho, Olímpia e Jaboticabal. Por outro lado, não foi encontrada uma explicação adequada para a similaridade apresentada pelas linhagens localizadas nos extremos da distribuição norte sul, ou seja, entre Morrinhos e Santa Cruz da Esperança, respectivamente. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise da espermatogênese nas espécies Zaprionus indianus, Z. megalorchis e Z. sepsoides (Drosophilidae, Diptera) Madi-Ravazzi L; Penariol, L; Bardella, VB; Azeredo-Oliveira, MTV Departamento de Biologia, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE), Universidade Estadual Paulista (UNESP) [email protected] 1 Palavras-chave: Zaprionus, espermatogênese, testículo, meiose, prófase I Zaprionus indianus é um drosofilídeo nativo da região Afrotropical que recentemente colonizou o continente Sul Americano espalhando-se rapidamente por várias regiões. Vários estudos têm sido realizados com o objetivo de entender a dinâmica dessa espécie invasora e o sucesso de sua colonização. Entretanto, existem poucos estudos sobre a biologia reprodutiva desse gênero na literatura. O objetivo desse trabalho foi avaliar a espermatogênese de três espécies do gênero Zaprionus: Z. indianus e Z. megalorchis e Z.sepsoides. A espécie Z. indianus apresenta uma ampla distribuição geográfica enquanto as outras duas são restritas a algumas regiões africanas. Para as análises citogenéticas foram utilizados 10 machos de cada espécie, com diferentes idades (de um a oito dias). Testículos não fixados foram dissecados em solução fisiológica (Demerec), recobertos com lamínula, esmagados suavemente e analisados ao microscópio de contraste de fase. Outros testículos foram corados com orceína lacto-acética, esmagados e analisados ao microscópio Olympus BX40, com o sistema analisador de imagem Image Pró-Plus Media Cybernetics, Versão 4.5 para Windows. A análise morfológica dos testículos, realizada em contraste de fase, das três espécies revelou que esses apresentam estrutura em espiral e diferem quanto ao tamanho e quanto à espessura dos túbulos seminíferos: testículos de espessura mediana e com tamanho médio (Z. indianus); testículos finos e longos (Z. megalorchis) e testículos com maior diâmetro e pequenos (Z. sepsoides). A análise dos espermatócitos (prófase I) revelou que essas células possuem um grande núcleo com um evidente nucléolo. Nessa fase, as três espécies apresentaram características diferentes em relação à distribuição e morfologia dos corpúsculos heteropicnóticos. Na espécie Z. indianus foi verificada a presença de um corpúsculo heteropicnótico central em formato de estrela com quatro prolongamentos cromatínicos. Em Z. megalorchis, nessa mesma fase, pode ser observado três corpúsculos heteropicnóticos ligados por prolongamento cromatínicos. Na espécie Z. sepsoides os núcleos dessas células apresentaram um corpúsculo heteropicnótico maior associado a um menor em formato de bastonete. A distribuição do material cromatínico nesse estágio pode estar associada com a organização dos cromossomos bivalentes ao longo da prófase I, especialmente nas fases tardias (paquíteno até a diacinese). Essas células, nas três espécies, exibiram evidente marcação de proteínas citoplasmáticas, indicando alta atividade sintética, o que corrobora a presença proeminente do nucléolo. As análises citogenéticas das espécies do gênero Zaprionus indicaram que todos os estágios da espermatogênese estão presentes e organizados de forma regular e progressiva ao longo do comprimento do testículo, semelhantemente ao que ocorre em Drosophila. As diferenças morfológicas e citogenéticas, observadas nas fases da meiose, das três espécies, refletem uma diferenciação genética acentuada nesse grupo, que poderão auxiliar no entendimento da biologia reprodutiva do gênero Zaprionus, além de contribuir com o entendimento do sucesso da colonização de Z. indianus em outros continentes. Apoio Financeiro: CAPES. 307 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise da expressão circadiana da proteína PERIOD no relógio biológico de insetos vetores Campos, CA1; Gentile, C2; Peixoto, AA1; Bauzer, LGSR1 1 Laboratório de Biologia Molecular de Insetos, Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz School of Biological and Chemical Sciences, Queen Mary University of London [email protected] 2 Palavras-chave: Insetos vetores, Relógio circadiano, Period, Aedes aegypti, Drosophila melanogaste A compreensão de aspectos comportamentais de insetos vetores é essencial para o controle de doenças transmitidas por eles. A partir do modelo Drosophila melanogaster, genes que controlam o comportamento foram caracterizados, principalmente aqueles envolvidos no funcionamento do relógio circadiano. O modelo atual de controle molecular de ritmos circadianos é baseado em mecanismos de auto-regulação negativa envolvendo diversos genes sendo os principais period, timeless, Clock e cycle. Estes genes formam a primeira alça de regulação do relógio onde os fatores de transcrição CLOCK e CYCLE ativam a expressão de period e timeless. Em seguida, os produtos destes genes, PERIOD e TIMELESS, formam heterodímeros que migram para o núcleo reprimindo a ação de CLOCK e CYCLE, desativando assim sua própria expressão. Este mecanismo de auto-regulação negativa é responsável pela regulação cíclica dos genes period e timeless. Através de experimentos de Western Blot, ritmos de expressão da proteína PERIOD do relógio de Aedes aegypti, vetor da dengue e febre amarela, foram comparados com dados existentes no modelo Drosophila. A utilização do anticorpo anti-PERIOD em Aedes aegypti revelou bandas com peso molecular acima de 200 kD, um valor maior do que o peso de 160 kD previsto a partir da anotação de seqüências de cDNA do gene period desta mesma espécie sugerindo que, assim como observado em Drosophila, alterações pós-traducionais da proteína PERIOD de Aedes aegypti, possivelmente fosforilação, aumentam seu tamanho molecular. Quantificação das bandas observadas indica que, diferentemente do descrito em Drosophila melanogaster, a expressão da proteína PERIOD não sofre uma alteração substancial na comparação entre as amostras coletadas na fotofase e aquelas coletadas na escotofase. Apoio financeiro: HHMI, CNPq, Faperj e Fiocruz. 308 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise molecular do gene vrille em insetos vetores Rivas, GBS1; Gentile, C2; Peixoto, AA1 Laboratório de Biologia Molecular de Insetos, IOC, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro 2 Queen Mary College, Universidade de Londres, Reino Unido [email protected] 1 Palavras-chave: vrille, ritmos circadianos, regulação gênica, insetos vetores, relógio biológico A grande maioria dos seres vivos apresenta oscilações diárias em sua fisiologia e comportamento, que são controladas por um mecanismo endógeno chamado relógio biológico. Em insetos, suas bases genéticas têm sido elucidadas no modelo Drosophila melanogaster. Diversos loci foram identificados e o mecanismo molecular regulando este sistema consiste de alças regulatórias interligadas que causam o aumento e queda da expressão de muitos genes ao longo das 24 horas do dia. O gene vrille apresenta uma expressão circadiana e codifica um repressor que tem um papel importante no controle do relógio de Drosophila. Os ritmos de atividade e alimentação de insetos vetores são importantes para a dinâmica de transmissão de várias doenças. Contudo, apesar da sua importância epidemiológica, pouco se sabe sobre os genes que controlam o ciclo circadiano desses insetos. Neste trabalho, estudamos a genética molecular do gene vrille em três espécies de insetos vetores: Lutzomyia longipalpis, o principal vetor de leishmaniose visceral nas Américas, Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue e febre amarela, e Culex quinquefasciatus, vetor da filariose. Uma análise comparativa entre essas espécies é interessante, pois suas atividades locomotoras ocorrem em períodos diferentes, sendo Aedes aegypti, uma espécie diurna, Culex quinquefasciatus, noturna e Lutzomyia longipalpis de hábitos crepusculares e noturnos. A seqüência do gene vrille de Lutzomyia longipalpis foi obtida a partir do seqüenciamento de fragmentos amplificados utilizando-se as técnicas de PCR, com oligos degenerados e específicos, e RACE. As seqüências de vrille de Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus, foram obtidas pela caracterização in silico de seqüências disponíveis nos bancos de dados dos genomas destas espécies. A comparação entre as proteínas codificadas por vrille destes três vetores mostra que apesar de bastante divergentes em algumas regiões, existe uma grande conservação no domínio bZIP, importante para ligação ao DNA e para o seu papel como repressor transcricional. Além disso, através da análise da expressão circadiana de vrille por PCR em tempo real, observamos um padrão rítmico com níveis máximos de mRNA no período da transição de luz para escuro (“crepúsculo”), em todas as espécies estudadas. Essa ritmicidade e sua fase de expressão se mantêm mesmo em condições de escuro constante. Sendo assim, observamos um forte indicativo de que apesar das diferenças nos padrões de atividade locomotora entre Aedes aegypti, Culex quinquefasciatus, e Lutzomyia longipalpis, alguns componentes importantes no funcionamento do relógio biológico como vrille, apresentam-se conservados evolutivamente. Apoio: IOC, CNPq, FAPERJ e HHMI. 309 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Genética populacional de Culex quinquefasciatus (Diptera: Culicidae) Morais, SA; Marrelli, MT Faculdade de Saúde Pública, Departamento de Epidemiologia, Universidade de São Paulo [email protected] Palavras-chave: Culex quinquefasciatus, variação geográfica, COI, ND4 O mosquito Culex (Culex) pipiens quinquefasciatus Say, 1823 faz parte de um complexo de espécies com distribuição mundial, conhecido como complexo Culex pipiens. Os outros membros incluem Cx. p. pipiens, com distribuição restrita aos países de clima temperado, Cx. australicus, na Austrália e Cx. p. pallens que possui registros em zonas de hibridação. São relatadas ainda as espécies crípticas Cx. torrentium e Cx. pervigilans que possuem distribuição fechada em países da Europa e Nova Zelândia, respectivamente. No Brasil ainda não foi relatada a presença de outro membro do complexo pipiens, com exceção do Cx. quinquefasciatus que tem distribuição expansiva na faixa tropical, incluindo todo o território brasileiro. Entretanto, existem evidências da presença de híbridos entre Cx. quinquefasciatus e Cx. pipiens no extremo sul do Brasil, uma vez que este último ocupa regiões localizadas ao sul da Argentina, mais precisamente na extensão da bacia do Prata. O mosquito Cx. quinquefasciatus tem importância pela sua potencialidade em transmitir doenças, pelo incômodo que causa às comunidades e pelas características de infestação da população. O estudo genético em populações naturais de Cx. quinquefasciatus por marcadores moleculares está sendo realizado com o intuito de entender a distribuição e a dinâmica populacional desta espécie no Brasil, assim como as implicações nas possíveis medidas de controle genético de populações provenientes de várias regiões brasileiras. Para isso foram efetuadas coletas da espécie Cx. quinquefasciatus nas cidades de São Paulo SP, Pariquera-Açú SP, Recife PE, Rio Branco AC, Teresina PI, Chapecó SC, Pelotas RS e Chuí RS. Os mosquitos foram previamente identificados por observação dos caracteres externos, confecção de lâminas da genitália masculina e consulta às chaves taxonômicas. Para os testes foram utilizados em média 30 mosquitos de cada localidade e analisada a região do gene codificador da subunidade IV da NADH desidrogenase (ND4) e subunidade I do citocromo c oxidase (COI), ambos do DNA mitocondrial. As análises das freqüências de nucleotídeos da região do gene ND4 e COI mostram similaridade genética entre populações de diferentes regiões geográficas, podendo ser resultante do fluxo gênico pelos movimentos migratórios constantes, no caso de dispersão passiva, somado ao estabelecimento desta população de mosquitos no território brasileiro. As análises da morfologia da genitália masculina de exemplares capturados no extremo sul do Brasil mostram a presença de possíveis híbridos. Em vista disso, serão efetivados testes com regiões mais variáveis que possibilitem diferenciar geneticamente esses eventos na população, como o segundo espaçador intergênico, do DNA ribossômico (ITS2) ou a região nuclear polimórfica, não codificante, do segundo intron do lócus da acetilcolinesterase (ACE2). Apoio financeiro: FAPESP. 310 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise da diferenciação genética entre populações brasileiras de Anopheles (Kerteszia) Cruzii (Diptera: Culicidae): evidências de um complexo de espécies Rona, LDP1; Carvalho-Pinto, CJ2; Gentile, C1; Grisard, EC2; Peixoto, AA1 Instituto Oswaldo Cruz, Laboratório de Biologia Molecular de Insetos, Rio de Janeiro, RJ – Brasil 2 Universidade Federal de Santa Catarina, MIP, Florianópolis, SC – Brasil [email protected] 1 Palavras-chave: Anopheles cruzii, malária, complexo de espécies, genética de populações, análise multilocus Anopheles (Kerteszia) cruzii (Diptera: Culicidae) foi o principal vetor da malária endêmica no sul do Brasil, entre os anos de 1930 e 1960. Atualmente este mosquito é responsável por vários casos de malária, geralmente oligossitomática, no sul e sudeste do Brasil. Apesar da importância epidemiológica de An. cruzii, são escassos os estudos relacionados á genética dessa espécie, sendo ainda discutível seu status taxonômico. Estudos de inversões cromossômicas e do padrão de bandeamento do cromossomo X em populações do sul e sudeste do Brasil revelaram que An. cruzii é uma espécie polimórfica e sugeriam que o táxon seria, na verdade, um complexo de três espécies crípticas. Outro estudo baseado na análise de isoenzimas sugeriu a ocorrência de apenas dois grupos geneticamente isolados, um formado pela população da Bahia e o outro pelas populações do sul e sudeste do Brasil (RJ, SP e SC). No presente estudo, diferentes genes relacionados ao relógio circadiano (timeless, Clock e cycle) e genes constitutivos que codificam proteínas ribossomais (rp49, rpS29 e rpS2) foram utilizados como marcadores moleculares na análise da diferenciação genética entre populações brasileiras de An. cruzii. Os genes que controlam os ritmos biológicos são importantes do ponto de vista evolutivo, pois estão envolvidos no controle dos ritmos de atividade sexual, potencialmente importantes no isolamento reprodutivo entre espécies próximas e os genes constitutivos foram escolhidos para verificar se os resultados obtidos não eram específicos dos genes do relógio biológico. Utilizando a técnica de PCR com iniciadores degenerados, isolamos e seqüenciamos fragmentos destes genes em An. cruzii e utilizamos estes genes no estudo de diversas populações brasileiras. O fragmento do gene timeless foi utilizado para analisar a diferenciação genética entre as populações de Florianópolis (SC), Cananéia e Juquitiba (SP), Itatiaia (RJ), Santa Teresa (ES) e Ilha de Itaparica (BA) e os outros cinco genes foram utilizados para a análise exclusiva das populações de Santa Catarina e da Bahia. Nossos resultados mostram claramente que os mosquitos do Estado da Bahia formam um grupo geneticamente distinto das populações do sul/sudeste do Brasil. Considerando a variabilidade genética detectada neste estudo e a diferença fenotípica já verificada em estudos anteriores de populações de An. cruzii coletadas nas mesmas localidades, nós propomos que An. cruzii é um complexo de no mínimo duas espécies crípticas, uma encontrada na Bahia e a outra formada pelas populações do sul/sudeste do Brasil. Apoio financeiro: HHMI, FIOCRUZ e CNPq. 311 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Banco de genes expressos de Anopheles darlingi adulto (Diptera; Culicidae), Coari, Amazonas Rafael, MS1; Nunes-Silva, CG2; Junior, GMA4; Guimarães4, GM; Bridi, LC1; Assunção, EN2; Neves, RO3; Astolfi-Filho, S2; Tadei, WP1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Laboratório de Vetores de Malária e Dengue, Coordenação de Pesquisas em Ciências da Saúde, Manaus, AM 2 Universidade Federal do Amazonas, Instituto de Ciências Biológicas, Centro de Apoio Multidisciplinar, Campus Universitário, Manaus, AM 3 Bolsista CAPES, Programa de Pós-Graduação em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva/INPA 4 Bolsistas DTI-CNPq [email protected] 1 Palavras-chave: Biblioteca de cDNA, genes de resistência a inseticidas, ESTs, malária Anopheles darlingi é um mosquito de grande importância epidemiológica, pois transmite a malária humana, especialmente na Amazônia. Medidas rotineiras adotadas nos programas de controle de A. darlingi têm diminuído a ocorrência dessa enfermidade, mas não eliminam a doença. O aumento do número dessa parasitose ocorre, especialmente, devido à resistência a inseticidas sintéticos deste mosquito e de outros anofelinos vetores da malária. Montou-se o banco de Seqüências Expressas Curtas (Expressed Sequences Tags - ESTs) de A. darlingi adultos, para determinar as seqüências de genes expressos, especialmente daquelas desconhecidas e de outras envolvidas com a resistência a inseticidas químicos e no desenvolvimento de espécies de plasmódios. Um micrograma de RNA mensageiro de A. darlingi adulto foi isolado, utilizando-se o kit “Micro-FastTrack 2.0 (Invitrogen Life Technologies) e o oligo-(dT)”, com um sítio para a enzima Not I, para a síntese da primeira fita de cDNA. Após a síntese da segunda fita, esse cDNA foi ligado ao adaptador Sal I. O cDNA foi digerido com enzima de restrição Not I, segundo o kit “SuperScriptTM Plasmid System with Gateway Technology for cDNA Synthesis and Cloning (Invitrogen Life Technologies)”. Fragmentos de 500 e 1000 pb foram selecionados em gel de agarose. As bandas do gel foram recortadas e eluídas, pelo kit GFX da GE Healthcare. Cerca de 10ng/µl de cDNA foram ligados ao plasmídeo pCMVSPORT6™. Os plasmídeos recombinantes foram inseridos em bactérias Escherichia coli TOPO10 INVITROGEN, pelo processo de eletroporação. Os cDNAs amplificados apresentaram entre 200 e 900 pb. A análise da qualidade das seqüências obtidas e a exclusão das seqüências contaminantes foram realizadas pelos programas Phred, Cross-match e SeqClean, respectivamente. Os Contigs e Singlets obtidos foram analisados por programas BLAST X e BLAST N junto ao Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC). Até o momento obteve-se cerca de 7.000 reads. Muitas dessas seqüências expressas apresentaram homologia com Anopheles gambiae, Anopheles quadrimaculatus, Anopheles stephensis e outros insetos de importância epidemiológica depositados em bancos de dados públicos. As ESTs descritas pela primeira vez neste trabalho representam importante estratégia para nortear e embasar estudos específicos, voltados para o controle de A. darlingi, importante vetor da malária humana no Brasil. Apoio Financeiro: CNPq,processo no. 506431/2004-5, Projeto PIATAM-FINEP/Petrobrás. 312 54º Congresso Brasileiro de Genética 313 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Diferenciação genética em populações de Aedes aegypti nos estados do Maranhão e Amazonas com base no marcador mitocondrial ND4 Sousa, AA1; Sampaio, I2; Fraga, E1; Barros, MC1 Laboratório de Genética e Biologia Molecular – CESC/UEMA 2 Instituto de Estudos Costeiros/UFPA Bragança PA [email protected] 1 Palavras–chave: Aedes aegypti, diferenciação genética, Maranhão, Amazonas, ND4 O Aedes aegypti é um vetor de grande importância epidemiológica, sendo responsável pela transmissão da febre amarela e dos quatro sorotipos de dengue, causando impactos em termos de morbidez o que exige esforços e investimentos cada vez mais intensos dos serviços de saúde pública. Objetivou – se obter a variabilidade haplotípica para diferentes populações de Ae. aegypti no estado do Maranhão e no estado do Amazonas com base no marcador mitocondrial ND4 a fim de detectar a diferenciação genética entre as populações e subsidiar estratégias de controle. As amostras foram obtidas em doze municípios do estado do Maranhão e em Manaus/AM através de armadilhas para ovos (APO). No Laboratório de Genética e Biologia Molecular do CESC/UEMA (GENBIMOL) as larvas foram alimentadas, quando adultos transferidos para gaiolas entomológicas onde foram proporcionadas as condições de cruzamentos e obtenção da F1. A partir da F1 foram aplicados os procedimentos moleculares: extração de DNA, amplificação do gene por PCR e reação de sequenciamento. Foram inseridas algumas seqüências do Genbank ao banco de dados onde foram editadas e alinhadas através do programa Bioedit. Os sítios polimórficos, as diversidades haplotípica (h) e nucleotídica (π) para cada população e a análise de variância molecular (AMOVA) foram realizados nos programas DNAsp e Arlequin. Obteve – se um fragmento de 335 pares de bases em 129 espécimes de Ae. aegypti para o gene ND4. Quando todos os municípios foram considerados como uma única população foi observado 15 sítios polimórficos, 16 haplótipos sendo que o haplótipo um foi o mais freqüente ocorrendo em todas as populações do Maranhão, seguido pelos haplótipos dois, quatro e oito. A diversidade haplotípica (Hd) encontrada foi de 0, 715 e nucleotídica (π) foi de 0, 01843. Quando cada município foi considerado como única uma população o número de sítios polimórficos variaram de 1 a 12 e o de haplótipo de 2 a 7, os valores de diversidade haplotípica foram de 0, 167 a 0, 864 e nucleotídica de 0,00050 a 0,01824. Os resultados da AMOVA mostraram que a maior parte da variação encontra-se dentro das populações (um único grupo 63,60%, dois grupos distintos 60,94%). O índice de diferenciação genética entre as populações (ΦST) apresentou um valor de 0,36404 para um único grupo e de 0,39058 para dois grupos com P significativo. A magnitude das diversidades haplotípica e nucleotídica das populações nos estados do Maranhão e Amazonas indicam diferenças significativas entre as populações analisadas e os resultados da AMOVA para os diferentes níveis de hierarquia testada apontam para uma estruturação populacional. Esta diferenciação genética nas populações pode ser reflexo das campanhas sistemáticas de controle com aplicação de inseticidas pelo qual o vetor vem sendo submetido em razão da sua importância epidemiológica. Apoio financeiro: CNPq, UFPA e UEMA. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Padrão de esterases em populações do mosquito Aedes aegypti (Diptera, Culicidae), resistentes e suscetíveis a inseticidas utilizados no controle Guirado, MM1; Bicudo, HEMC2 Programa de Pós Graduação em Genética Departamento de Biologia, UNESP, São José do Rio Preto, SP [email protected], [email protected] 1 2 Palavras-chave: Aedes aegypti, polimorfismo, esterases, resistência a inseticidas Aedes aegypti é considerado um mosquito cosmopolita, com ocorrência nas regiões tropicais e subtropicais. No Brasil, está restrito às vilas e cidades, sempre com características domiciliares e peridomicíliares e, raramente, é encontrado em ambientes onde a densidade populacional é baixa. Este mosquito é o único vetor do arbovírus da dengue e da febre amarela urbana em todo território nacional, e é considerado um dos vetores mais importantes na veiculação de patógenos a humanos. Este trabalho tem o objetivo de analisar o polimorfismo de esterases em populações geográficas de A. aegypti suscetíveis e resistentes a inseticidas. É bem conhecido na literatura o envolvimento de esterases no processo de resistência em muitos organismos. A classificação quanto á resistência ou suscetibilidade é realizada pelo Laboratório de Referência da SUCEN localizado no município de Marília – SP. A técnica utilizada é a eletroforese em géis de poliacrilamida, aplicando-se amostras de larvas L4 maceradas individualmente. Os resultados preliminares correspondentes à análise de cinco populações e trinta larvas de cada mostraram a presença de sete bandas α-esterásicas, provisoriamente denominadas EST-1 a EST-7. Essas populações mostraram dois padrões com relação às bandas que apresentaram maior freqüência: um composto pelas bandas EST-1 e EST-4 e outro pelas bandas EST-3 e EST-4. As populações portadoras do primeiro padrão são consideradas resistentes (São José do Rio Preto-SP, Santos-SP e Salvador-BA) enquanto as portadoras do segundo padrão são consideradas suscetíveis (Rockefeller – padrão e MaríliaSP). A confirmação de que esses padrões realmente diferenciam populações resistentes e suscetíveis deverá ser obtida pela ampliação do número de populações analisadas, na continuação do trabalho. Apoio Financeiro: FAPESP. 314 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Efeitos do butóxido de piperonil na toxicidade do organofosforado temefós e o envolvimento de esterases na resistência de Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) ao temefós Pereira, BB; Guilherme, LC; De Campos Júnior, EO; Luiz, DP; Faria, RCB; Moreira Neto, JF; Amaral, IMR; Bonetti, AM; Kerr, WE Instituto de Genética e Bioquímica, Laboratório de Genética, Universidade Federal de Uberlândia [email protected] Palavras-chave: Temefós, Resistência, Sinergismo, Esterases, Aedes aegypti A dengue, uma das principais doenças transmitidas por vírus, é um problema gravíssimo especialmente em países tropicais como o Brasil, onde o clima e os hábitos urbanos oferecem condições ótimas para o desenvolvimento e proliferação de seu principal vetor, o mosquito Aedes aegypti descrito por Linnaeus em 1762 (Forattini, 1999). A resistência aos inseticidas continua sendo um grande problema para o efetivo controle de Aedes aegypti, que é comumente um dos mais amplamente distribuídos vetores de doenças no mundo. O inseticida organofosforado temefós (TE) tem sido usado para controlar populações de A. aegypti resistentes a piretróides. O butóxido de piperonil é utilizado como um sinergista de inseticidas para controlar insetos resistentes. Este estudo foi conduzido para avaliar os efeitos de PBO na toxicidade de temefós utilizando alguns bioensaios (Carvalho et al., 2004). Estes bioensaios, realizados nas linhagens resistentes e suscetíveis de larvas no estágio L4 de A. aegypti ao TE revelaram que na concentração de 1%, o PBO teve significante (p< 0,05) efeito sinergista na toxicidade de TE. Nós demonstramos que elevadas atividades esterásicas estiveram associadas com a sobrevivência das larvas L4 de A. aegypti expostas somente ao TE. Resultados de ensaios bioquímicos sugerem que o PBO teve significante (p< 0,05) efeito inibidor na atividade esterásica total das larvas de A. aegypti. O alto efeito sinergista observado com concentração de 1% de PBO na toxicidade de temefós às larvas pode ser explicado pela redução da atividade esterásica devido a inibição por PBO. Apoio financeiro: Capes, FAPEMIG, CNPq e UFU. 315 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Presença de duas linhagens genética do vetor da dengue Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) no Brasil Scarpassa, VM1; Cardoza, TB1; Cardoso-Júnior, CP2 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, AM, Brasil 2 SUCEN, São José do Rio Preto, SP, Brasil [email protected] 1 Palavras-chave: Aedes aegypti, DNA mitocondrial, Genética de populações, Linhagens mitocôndrias Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus, 1762) é o principal transmissor da dengue e da febre amarela em áreas urbanizadas. Esse mosquito foi introduzido no Brasil provavelmente pelo intenso tráfico fluvial entre a África e as Américas, ao longo dos séculos XV a XIX. No Brasil, após intensas campanhas de combate, Ae. aegypti foi considerada erradicada na década de 50, sendo re-introduzido na década de 70, por falhas na vigilância epidemiológica e pelas mudanças ambientais antrópicas favorecidas pela urbanização acelerada. Desde 1998 está espécie encontra-se presente em todos os estados brasileiros e, apesar dos programas de combate ao vetor, freqüentes epidemias de dengue têm sido registradas em diferentes centros urbanos do Brasil, com um aumento alarmante de casos de febre hemorrágica do dengue. O objetivo deste estudo foi analisar a estrutura genética e inferir as taxas de dispersão, via fluxo gênico, de 14 amostras de Ae. aegypti procedentes de quatro regiões do Brasil: Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. Cento sessenta e três espécimes foram seqüenciados para o gene COI do DNAmt, que geraram fragmentos de tamanho de 852 pb. Dez haplótipos foram observados. A diferenciação genética com base em valores de FST foi muito elevada entre as populações. Considerando as quatro regiões do Brasil analisadas conjuntamente, a correlação entre distancias geográfica e genética foi positiva e significante (r2 = 0,332; P = 0,038), suportando o modelo de isolamento por distância. No entanto, não houve correlação dentro de cada região. Estes resultados são consistentes com a dispersão passiva desse vetor, via migrações humanas e atividades comerciais, dentro das regiões. O dendrograma de haplótipos apresentou claramente dois grupos. O grupo I mostrou semelhança genética com as populações de Ae. aegypti do leste da África, enquanto o grupo II com as populações de Ae. aegypti do oeste da África. As distâncias genéticas, estimativas de fluxo gênico (valores de FST e Nm, respectivamente), AMOVA e análises de dendrograma indicaram uma expressiva e significante estrutura genética para as populações analisadas. Estes resultados são provavelmente decorrentes de vários fatores: múltiplas introduções associadas às linhagens distintas, diferenciação geográfica (IBD), padrões de dispersão passiva, atividades de controle do vetor, seguidas por eventos de extinção e re-colonização, e deriva genética. Apoio Financeiro: FAPEAM e MCT/INPA. 316 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Níveis reduzidos de variação genética compatíveis com o efeito do fundador observados em populações de Aedes albopictus (Diptera: Culicidae) de Manaus, Amazonas, Brasil Maia, RT; Maciel, LH; Scarpassa, VM; Tadei, WP Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, Amazonas, Brasil [email protected] e [email protected] Palavras-chave: gene ND5, DNA mitocondrial, estrutura genética, dengue O Aedes albopictus, conhecido como “tigre asiático”, é uma das espécies da família Culicidae que representa preocupação na saúde pública. No Brasil, a presença deste mosquito foi registrada pela primeira vez em 1986 no Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, essa espécie foi registrada em pelo menos 19 Estados do território nacional, ocorrendo predominantemente nas periferias urbanas e localidades semi-rurais. Em condições experimentais, o Ae. albopictus é capaz de transmitir 22 arboviroses, entre elas, o dengue e a febre amarela. No Brasil, estudos de genética de populações com Ae. albopictus foram realizados nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Maranhão, Espírito Santo, Santa Catarina, Bahia, Paraná e Pernambuco. Nas demais localidades ainda existe uma grande necessidade de se elucidar a estrutura genética das populações deste mosquito. Neste trabalho foram estudadas a variabilidade e estrutura genética de populações de Ae. albopictus, com base no polimorfismo do gene ND5 do DNA mitocondrial. Foram estudadas populações provenientes de cinco bairros de Manaus (AM): Coroado, Cidade de Deus, Cidade Nova, Compensa e Mauazinho. Dos 68 indivíduos seqüenciados, observou-se 2 haplótipos. Esses haplótipos estão separados por apenas uma mutação (C↔T). Os valores de diversidade genética foram baixos para todas as populações, sendo a população de Mauazinho a que apresentou os maiores índices (h = 0,385 ± 0,0201; π = 0,00089 ± 0,00031). Os testes de neutralidade, D de Tajima e Fs de Fu, não foram significativos para todas as amostras, indicando que as populações de Ae. albopictus de Manaus estão em equilíbrio genético. O teste Fs de Fu sugeriu, também, que as populações não se encontram em expansão. A AMOVA revelou que a maior parte da variação ocorreu dentro das populações (99,08%). Os valores de FST foram baixos, assim como os valores de Nm foram elevados, para todas as comparações, com exceção da comparação entre Compensa e Mauazinho sugerindo pouca estrutura genética para Ae. albopictus da cidade de Manaus. A correlação entre distâncias genética e geográfica (r = 0,598; P = 0,039) foi positiva e significante, sugerindo que a distância genética depende da distância geográfica. Em conclusão, a baixa estrutura genética detectada neste estudo pode ser conseqüência da recente introdução dessa espécie em Manaus, via efeito do fundador, seguida de expansão subseqüente através dos bairros da cidade. A semelhança genética pode ser, portanto, decorrente do tempo insuficiente para haver o acúmulo de diferenças genéticas entre as populações e, não ao extensivo fluxo gênico ocorrendo no presente entre elas. Apoio Financeiro: FAPEAM, CNPq, CAPES. 317 54º Congresso Brasileiro de Genética 318 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Evaluation of the genetic markers cacophony and period in the development of topologies applied to phylogeography of Lutzomyia longipalpis Costa Júnior, CRL1; Figueiredo Júnior, CAS1; Lima, TLD1; Oliveira, APA1; Tenório, KER1; Coutinho Abreu, IV2; Ramalho Ortigão, M2; Balbino, VQ1 Departamento de Genética, Universidade Federal de Pernambuco Department of Biological Sciences, University of Notre Dame, USA [email protected] 1 2 Lutzomyia longipalpis is the principal vector of Leishmania infantum chagasi in the Americas. This vector is found throughout the Neotropical Region, primarily in semi-arid and dried tropical forests. However, its distribution is discontinuous due to geographical and climatic barriers. In addition, its limited flying ability can restrict gene flow between populations leading to the appearance of cryptic species. An increasing number of reports, dealing with genetic characterization of L. longipalpis populations have fostered intense discussion regarding the taxonomic state o this species. Currently, no definition exists as to the number of cryptic species and their areas of occurrence in Brazil, due in part to the small number of genetic markers available. Here we evaluated the polymorphisms of two such markers (cacophony e period) being used in studies of population genetics of L. longipalpis. DNA sequences for both markers were obtained from the NCBI database (http://www.ncbi.nlm.nih.gov) and applied to a test of phylogeny signal using Tree Puzzle (http://www. tree-puzzle.de). Total number of sequences analyzed for each marker was 111 for cacophony and 94 for period. The results indicated that both markers displayed greater than 60% of the quartets in the vertices of likelihood maps obtained. In addition, Modeltest 3.7 (http://darwin.uvigo.es/software/modeltest.html) was used to assess the model that best represents nucleotide evolution, and in this case our results indicate that the General Time Reversible (GTR) fit that description. Using this model, new topologies were created using maximum parsimony, corrected distances for each respective model, and maximum likelihood. The topologies obtained for the three models used did not reveal any groups representative of the populations of Lapinha, Jacobina, Natal and Sobral. Additionally, it was not possible to establish a separation between sympatric, morphologically distinct specimens collected in Sobral. The data suggest an elevated degree of retention of ancestral polymorphism, possibly indicating that these markers are not recommended for topologies in phylogeographic studies of L. longipalpis. Thus, we believe that for the clarification of the taxonomic status of L. longipalpis, period and cacophony are unable to provide strong topologies to identify incipient speciation process. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise microgeográfica de Lutzomyia longipalpis s.l. (Diptera: Psychodidae: Phlebotominae) no município de Pancas, Espírito Santo Ferreira, GEM1; Araki, AS1; Santos, CB2; Grimaldi Jr, G3; Falqueto, A2; Peixoto, AA1 Laboratório de Biologia Molecular de Insetos – Instituto Oswaldo Cruz Unidade de Medicina Tropical – Universidade Federal do Espírito Santo 3 Laboratório de Pesquisas em Leishmaniose – Instituto Oswaldo Cruz [email protected] 1 2 Palavras-chave: Lutzomyia longipalpis s.l., complexo de espécies, period, análise microgeográfica, barreiras geográficas Lutzomyia longipalpis s.l. (Lutz & Neiva, 1912) é a principal espécie transmissora da Leishmaniose Visceral Americana (LVA) e apresenta ampla distribuição geográfica que se estende do México ao Norte da Argentina. Esse vetor é na verdade um complexo de espécies crípticas que, no Brasil, diferem nos sinais acústicos e feromônios produzidos pelos machos. Contudo, não se sabe ainda quantas são e nem como se distribuem essas espécies. L. longipalpis s.l. não apresenta variação morfológica significativa entre as populações brasileiras, exceto pelo número de pintas abdominais que, apenas em alguns casos de simpatria, pode ser utilizado para separar espécies do complexo. O município de Pancas (ES) é caracterizado pela presença de afloramentos rochosos cortados por córregos definindo microrregiões que em sua maioria são endêmicas para LVA. Algumas delas apresentam um alto número de registros da LVA, com prevalência de infecção críptica de 40% em humanos mas variando de 45% a 85% em cães. Uma das hipóteses para explicar a variação na prevalência relativa entre cães e humanos seria a existência de diferenças na preferência alimentar de L. longipalpis s.l. entre as microrregiões, indicando uma diferenciação genética entre elas. A divergência molecular entre as populações de duas microrregiões desse município, chamadas de Córregos São Luiz e Ubá, foi analisada utilizando seqüências de period, um gene que controla ritmos circadianos e som de corte em Drosophila. As análises das 57 seqüências (30 no Córrego São Luiz e 27 no Ubá) mostraram medidas de polimorfismo com valores semelhantes. A estimativa de FST mostrou um valor baixo, mas significativo, indicando haver estruturação entre as duas populações. Além disso, a divergência genética encontrada entre as microrregiões de Pancas é maior que as observadas entre algumas populações separadas por mais de 500 km de distância e que parecem pertencer a uma mesma espécie do complexo L. longipalpis. Entretanto, essa divergência é ainda muito menor que a observada entre diferentes espécies desse complexo sugerindo que a baixa estruturação em period entre os Córregos São Luiz e Ubá seja conseqüência de um isolamento geográfico recente ou incompleto. Seria interessante estudar essas populações utilizando técnicas mais sensíveis como, por exemplo, microssatélites, além de estender as análises a outras microrregiões. Apoio financeiro: HHMI, FIOCRUZ, CAPES e CNPq. 319 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Lutzomyia longipalpis s.l. in Brazil and the impact of the Sao Francisco River in the speciation of this sand fly vector Oliveira, APA3; Coutinho-Abreu, IV1; Sonoda, IV2; Tenório, KER3; Figueiredo-Junior, CAS3; Balbino, VQ3; Ramalho-Ortigão, M1 Department of Biological Sciences, University of Notre Dame 2 Centro de Pesquisas René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz 3 Laboratório de Genética Molecular Humana, Universidade Federal de Pernambuco [email protected] 1 Keywords: Lutzomyia longipalpis s.l.; geographic isolation; speciation; Sao Francisco River, Brazil Lutzomyia longipalpis s.l. (Diptera: Psychodidae) is the principal vector of Leishmania infantum chagasi in the Americas, and constitutes a complex of species. Various studies have suggested an incipient speciation process based on behavioral isolation driven by the chemotype of male sexual pheromones. It is well known that natural barriers, such as mountains and rivers can directly influence population divergence in several organisms, including insects. In this work we investigated the potential role played by the Sao Francisco River in eastern Brazil in defining the current distribution of Lu. longipalpis s.l. Our studies were based on analyses of polymorphisms of the cytochrome b gene (cyt b) sequences from Lu. longipalpis s.l. available in public databases, and from additional field-caught individuals. Altogether, 9 distinct populations and 89 haplotypes were represented in the analyses. Lu. longipalpis s.l. populations were grouped according to their distribution in regards to the 10ºS parallel: north of 10ºS (<10ºS); and south of 10ºS (>10ºS). Our results suggest that although no polymorphisms were fixed, moderate genetic divergences were observed between the groups analyzed (i.e., FST= 0.184; and Nm= 2.22), and were mostly driven by genetic drift. The population divergence time estimated between the sand fly groups was about 0.45 million years (MY), coinciding with the time of the change in the course of the Sao Francisco River, during the Mindel glaciation. Overall, the polymorphisms on the cyt b haplotypes and the current speciation process detected in Lu. longipalpis s.l. with regards to the distribution of male sexual pheromones suggest a role of the Sao Francisco River as a significant geographical barrier in this process. Apoio: FACEPE & CNPq. 320 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Diferenciação genética entre populações brasileiras do complexo Lutzomyia longipalpis (Diptera: Psychodidae) Araki, AS1; Vigoder, FM1; Bauzer, LGRS1; Ferreira, GEM1; Souza, NA2; Brazil, RP3; Peixoto, AA1 Laboratório de Biologia Molecular de Insetos, Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil Laboratório de Transmissores de Leishmanioses, Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil 3 Laboratório de Bioquímica e Fisiologia de Insetos, Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil [email protected] 1 2 Palavras-chave: Lutzomyia longipalpis, complexo de espécies, period, som de cópula, leishmanioses Lutzomyia longipalpis s.l. é o principal vetor da leishmaniose visceral americana e um complexo de espécies no Brasil. Entretanto, a distribuição e o número de espécies que compõem este complexo ainda permanecem por ser elucidados. Um fragmento do gene period (per), que controla aspectos dos ritmos circadianos e do som de corte em Drosophila, foi utilizado na análise do polimorfismo molecular e da divergência entre amostras de L. longipalpis s.l. de diferentes regiões do Brasil. Os dados gerados neste trabalho foram comparados com os previamente publicados que envolvem o mesmo marcador molecular. Os resultados sugerem a existência de duas espécies simpátricas, distinguidas pelo número de pintas abdominais, nas localidades de Estrela (AL) e Jaíba (BA), semelhante ao observado previamente em Sobral (CE). Machos com duas pintas (2P) abdominais destas localidades e aqueles provenientes de Marajó (PA), Natal (RN) e Pancas (ES) são geneticamente similares. Interessantemente estas seis populações produzem som do tipo “Burst”. Estas populações pertencem a uma das espécies do complexo Longipalpis, mostram certo grau de isolamento por distancia e se encontram distribuídas na faixa costeira brasileira desde a região norte até o sudeste, em Pancas. Por outro lado, machos das populações de Jaíba uma pinta (1P), Teresina (PI), Lapinha (MG), Sobral 1P, Estrela 1P e Jacobina (BA) produzem cinco subtipos diferentes de som Pulsado, sendo um subtipo compartilhado entre Sobral 1P e Teresina. Este segundo grupo de populações é geneticamente mais heterogêneo, representando um número de espécies incipientes. Apoio Financeiro: HHMI, Capes e FIOCRUZ. 321 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Divergência genética entre duas espécies simpátricas do complexo Lutzomyia longipalpis utilizando o gene paralytic, um locus associado com resistência a inseticidas e produção de som de corte Lins, RMMA1; Souza, NA2; Peixoto, AA1 1 Laboratório de Biologia Molecular de Insetos, IOC, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro Laboratório de Transmissores de Leishmanioses, IOC, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro [email protected] 2 Palavras-chave: Lutzomyia longipalpis, Drosophila, para, resistência a inseticidas, flebotomíneos, espécies simpátricas Flebotomíneos são insetos vetores das leishmanioses e Lutzomyia longipalpis s.l. é o principal vetor da Leishmaniose Visceral Americana (LVA). L. longipalpis s.l. forma um complexo de espécies, entretanto, até recentemente, a existência de um complexo de espécies cripticas entre as populações brasileiras era controversa. Um fragmento do gene paralytic (para), que codifica um canal de sódio dependente de voltagem associado com a resistência a inseticidas da classe dos piretróides e também à produção de som de corte em Drosophila melanogaster, foi isolado e utilizado como marcador para estudar a divergência entre duas espécies do complexo L. longipalpis da localidade de Sobral (CE), onde os machos podem ser diferenciados pela presença de uma ou duas pintas em seus tergitos abdominais, sendo chamados de Sobral 1S (uma pinta) e Sobral 2S (duas pintas). Nessa localidade, estudos anteriores envolvendo cruzamentos, análise de feromônios e som de cópula indicam a existência de duas espécies do complexo vivendo em simpatria. Os resultados revelaram o gene para como sendo o primeiro marcador molecular a apresentar diferenças fixas entre essas duas espécies. Além disso, foram observadas duas mudanças de aminoácidos em baixa freqüência em uma região bastante conservada do canal, levantando a possibilidade de que estas possam estar associadas a um processo incipiente de resistência a inseticidas nesse vetor da leishmaniose visceral. Financiamento: HHMI, CNPq, FIOCRUZ e CAPES. 322 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização de quatro espécies do grupo Simulium perflavum (Diptera: Simuliidae) da Amazônia brasileira pelo método de Barcode Soares, FR1,2; Cunegondes, A1; Hamada, N1; Kaminski, AC1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Coordenação de Pesquisas em Entomologia, Av. André Araújo, 2936, Aleixo, Manaus, AM 2 Bolsista PIBIC/INPA [email protected] 1 Simulium grupo perflavum (Insecta: Simuliidae) constituí um conjunto de espécies que compreende quatro, cinco ou sete espécies, dependendo do autor, devido à alta similaridade morfológica de algumas espécies. Espécies amazônicas têm sua identificação controversa, sendo que duas delas, S. rorotaense e S. maroniense são consideradas sinônimas. O método de “DNA barcoding”, sistema de identificação por meio da análise de um pequeno segmento do genoma, representa um método extremamente promissor para o diagnóstico da diversidade biológica e apresenta diversas vantagens, como: capacitar a identificação de espécies em qualquer estágio de vida ou fragmento; facilitar a delimitação de espécies crípticas; auxliar áreas diversas do conhecimento relacionadas. A análise de regiões curtas e padronizadas de um gene pode descriminar espécies animais reconhecidas. O objetivo desse trabalho foi realizar o seqüenciamento de um fragmento do gene citocromo oxidase subunidade I (COI), para servir como um “barcode” de algumas espécies amazônicas do gênero Simulium grupo perflavum da Amazônia brasileira. Foram estudados indivíduos das seguintes espécies do grupo perflavum: S. perflavum, S. rorotaense, S. maroniense e S. trombetense. Os espécimes foram preservados em álcool 100%. O DNA total foi isolado pelo kit “DNeasy Blood and Tissue” da Qiagen. As seqüências do gene COI foram amplificadas por “Polymerase Chain Reaction” (PCR). Os produtos de PCR foram separados por eletroforese em gel de agarose 1%, corado com brometo de etídeo. As bandas de DNA foram visualizadas em um transiluminador de luz ultravioleta (UV) e fotografadas. Os fragmentos foram recortados e extraídos do gel, com o “QIAquick PCR Purification Kit” da Qiagen. O seqüenciamento foi feito em seqüenciador MegaBace 1000. As seqüências obtidas foram comparadas quanto à distância entre espécies com o modelo Kimura-2-Parâmetros (K2P). Com os dados disponíveis, realizamos uma análise com base em estimativas no tamanho dos fragmentos encontrados. As análises foram realizadas utilizando o programa UVP. S. maroniense possui 50% dos fragmentos analisados com cerca de 700 pares de bases (bp). S. trombetense possui 38% dos fragmentos analisados com cerca de 723bp. S. perflavum possui a maioria dos fragmentos analisados (36%) com cerca de 800bp. S. rorotaense possui 46% dos fragmentos analisados com cerca de 723bp. Esses resultados sugerem que S. perflavum é uma espécie bastante diferente geneticamente das demais, por possuir um maior número de pares de bases nos fragmentos. S. trombetense e S. rorotaense apresentaram em sua maioria fragmentos de tamanho semelhante. Já S. maroniense apresentou maior porcentagem de fragmentos com 700bp. Fontes financiadoras: INPA/FAPEAM. 323 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise de genes pertencentes ao ciclo circadiano em Anastrepha fraterculus Gonçalves, VR; de Brito, RA Laboratório de Genética de Populações e Evolução, Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos [email protected] Palavras-chave: Anastrepha, Ciclo circadiano Na família Tephritidae (Trypetinae, Toxotrypanini) encontra-se o gênero Anastrepha que é o maior dentro desta família. Algumas espécies deste grupo, dentre elas A. fraterculus, possuem grande importância econômica, embora os estudos nestas espécies sejam ainda escassos. Além disso, estas espécies têm sido utilizadas em estudos evolutivos, particularmente buscando o entendimento do processo de diferenciação entre espécies deste grupo, muitas das quais proximamente relacionadas. Dessa forma é de extrema importância o conhecimento de genes que possam estar diretamente ligados ao processo de especiação destas espécies. Como algumas das espécies deste grupo apresentam diferenças no período preferencialmente utilizado para cópula, no presente trabalho foram estudados os genes aristaless (al), hand e cycle (cyc), pertencentes ao ritmo circadiano, que estão ligados a este processo em Drosophila. Este ciclo possui genes envolvidos em diversos processos biológicos, dentre eles ritmos e horários de processos celulares incluindo aprendizagem, visão, olfato, locomoção, desintoxicação e áreas de metabolismo, afetando assim, o comportamento de todos os organismos desde unicelulares até humanos. O objetivo deste trabalho foi identificar regiões internas nos genes al, hand e cyc na espécie A. fraterculus que permitam a utilização destas regiões para estudos comparativos entre espécies do grupo fraterculus. Os primers para amplificação destes genes foram desenvolvidos a partir de seqüências de nucleotídeos de espécies filogeneticamente próximas ao gênero Anastrepha. A amplificação dos genes foi feita a partir de pools de cDNAs e DNAs da espécie estudada. Estas regiões gênicas foram purificadas através de precipitação com PEG8000 e clonadas usando o kit de clonagem InsTAclone (Fermentas). Os clones foram sequenciados utilizando o sequenciador automático MegaBACE 4800 e Kits de sequenciamento Dyenamic ET Terminator (GE). As seqüências internas dos genes al, hand e cyc na espécie A. fraterculus revelaram regiões razoavelmente conservadas quando comparadas com as espécies de gêneros próximos filogeneticamente, as mesmas usadas para a construção dos primers, mas com regiões potecialmente promissoras para comparações intra- e inter- específicas. O resultado destas análises sugerem regiões para a construção de primers específicos que permitirão a amplificação destes genes em espécies distintas do grupo fraterculus e em outras espécies do gênero Anastrepha, o que pode nos permitir entender um pouco mais sobre o processo de especiação neste gênero e do papel que estes genes podem desempenhar nesta diferenciação. Apoio financeiro: CAPES. 324 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Expressed gene tags from reproductive tissues of Anastrepha fraterculus Kaminski, ACF; Paula, FPP; Henrique-Silva, F; de Brito, RA Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos [email protected] We are celebrating 150 years of Darwin’s evolutionary theory, and the speciation process has continued to be one of the central questions in evolutionary biology. One question of paramount importance relates to which genes would be involved in this process. Albeit a great deal of knowledge has accrued in recent years due to more robust quantitative analytical methods, faster computers and a plethora of methods to identify and screen new genetic markers, we still know surprisingly little of which evolutionary changes lead to species differentiation. It has been suggested that most speciation processes occur as a by-product of the independent evolution in allopatric populations. Because it is difficult to distinguish between traits that directed the speciation process and others that differentiated after the split, the identification of such genes has been pretty elusive. Many comparative studies have indicated that sex-related molecular and morphological traits evolve faster than others, in part due to sexual selection. Studies on such genes have shown that many are subject to positive selection that has driven the large differences observed, but most of these studies have focused on male-expressed proteins. In this study we created a cDNA library of adult female reproductive tissues seeking genes that are preferentially expressed in females and may be also subject to selection and the counter-response to male proteins. We extracted total RNA from the reproductive tissue of a pool of 50 sexually mature females of Anastrepha fraterculus. After quantification, mRNA was isolated using the PolyATract mRNA Isolation System and cloned using the CloneMiner cDNA Library Construction kit. This library has been screened by colony PCR and over 500 clones sequenced to identify expressed genes in the female reproductive trait. Sequences were edited for quality and blasted. Sequences that find no similarities on GenBank are investigated for open reading frames which are then blasted. This procedure has enabled a higher rate of gene identification because many genes here identified have shown low levels of similarity to sequences available on GenBank. We have identified many standard house-keeping genes such as Tubulin, Actin, ATP synthase 6, mitochondrial Cytochrome Oxidase and at least 10 different ribosomal proteins. It is not surprising that ribosomal proteins account for almost 40 % of the clones sequenced so far, considering the amount of protein expression that takes place in the ovary. More importantly, we have also identified many tissue specific genes, such as chorion, some tripsin-like proteases and some genes involved in immune response as well as about 10% of sequences that show no similarity to any sequences in GenBank which we hope that, with a more thorough screening, should help us identify many important genes that affect species differentiation in this important group of flies. Financiamento: CNPq, CAPES, FAPESP. 325 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise da Variação genética em genes Nucleares de Moscas-das-Frutas do grupo fraterculus Fernandes, F; Sobrinho, ISJr; de Brito, RA Laboratório de Genética de Populações e Evolução, Departamento de Genética de Populações e Evolução, Universidade Federal de São Carlos [email protected] Palavras-chave: Anastrepha, marcadores nucleares, Rhagoletis A família Tephritidae, possui grande importância econômica por causar grandes prejuízos na produção de frutos, nesta família encontram-se as moscas-das-frutas do gênero Anastrepha. As espécies deste gênero são de difícil identificação, provavelmente devido recente divergência do grupo e possível existência de híbridos na natureza. O isolamento de marcadores genéticos para estas espécies podem ajudar a caracterizá-las melhor e auxiliar o estudo de sua biologia. Neste trabalho, buscamos a amplificação de um conjunto de 18 marcadores nucleares isolados de moscas-das-frutas do gênero Rhagoletis, um grupo filogeneticamente próximo ao gênero Anastrepha. Primers para estes marcadores foram desenvolvidos a partir de seqüências isoladas de uma biblioteca de cDNA de Rhagoletis por Roethele et al. (Ann.Ent. Soc.Am. 94:936-947. 2001). A amplificação destas regiões foi testada em diferentes condições em pools de DNA com cinco indivíduos de cada espécie, A. obliqua, A.sororcula e A.fraterculus, de localidades distintas no Brasil. O DNA deste pool foi extraído utilizando o protocolo de precipitação diferenciada em Tiocianato de Guanidina. Dos 18 marcadores, oito forneceram bons produtos de amplificação para estes pools sendo que dois destes marcadores, P70 (correspondente ao gene RpL27A) e o P661, uma região expressa ainda não identificada, geraram sequências que indicam regiões em Anastrepha homólogas às de Rhagoletis. Os produtos de PCR destas regiões foram purificados através de precipitação com PEG8000 e clonados usando o kit de clonagem InsTAclone (Fermentas). Os clones derivados de cada amplificação representam cópias distintas para cada uma das regiões amplificadas permitindo uma investigação cursorial do nível geral de polimorfismo inter e intraespecífico para estas regiões. Entre cinco e dez clones foram seqüenciados por espécies. A maioria das alterações encontradas nas seqüências obtidas das regiões clonadas estava ou em um íntron, ou em uma região que não sabemos determinar se seria ou não codificadora, mas provavelmente também intrônica (P661). A comparação dos índices de diversidade nucleotídica (π) revelaram que as espécies estudadas apresentam níveis razoáveis de polimorfismo para a região P70 (p = 0, 0156) e valores bastante altos para a região P661 (0,02257), quando comparados com outras espécies estudadas. Os testes de neutralidade F e D de Fu & Li e D de Tajima, não foram significantes (p>0,10). As redes de haplótipos para a região RpL27A não separaram bem A. fraterculus de A. obliqua, mas diferenciaram A. sororcula das outras 2 espécies. A ausência de polimorfimos específicos de espécie é facilmente visualizada nas árvores de haplótipos. Os polimorfismos ora detectados podem ser já utilizados para o estabelecimento de marcadores SNPs (Single Nucleotide Polymorphisms), o que pode ser de grande utilidade no estabelecimento de mapas genéticos para estas espécies e em estudos de segregação destes marcadores e sua associação com uma variação quantitativa para a identificação de QTLs (loci de caracteres quantitativos). Apoio Financeiro: CNPq. 326 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estruturas cromossômicas terminais em dípteros da família Sciaridae: Inesperada diversificação revelada com sondas obtidas por microdissecção Fernandes, T; Madalena, CRG; Gorab, E Departamento de Genética e Biologia Evolutiva, Universidade de São Paulo [email protected] Palavras-chave: Sciaridae, microdissecção, heterocromatina terminal, Trichosia pubescens A maioria dos eucariontes possui telômeros compostos por seqüências curtas (4 a 8 pb) e replicados pela ação da telomerase. Contudo, em dípteros esse padrão geral é substituído por famílias ou de retroelementos (Drosophila) ou de DNAs satélites (Chironomus e Anopheles). Embora os dípteros sejam um excelente objeto de estudo de diversificação telomérica, estudos têm se concentrado basicamente em dois gêneros: Drosophila e Chironomus, muito distantes filogeneticamente. A indicação de que seqüências curtas possam compor a região cromossômica terminal de Rhynchosciara escapa ao que tem sido observado em outros dípteros, chamando a atenção para a necessidade de um estudo comparativo dentro de Sciaridae. Apesar de ser um sciarídeo empregado há tempo em pesquisa, estudos voltados para a organização da heterocromatina terminal de Trichosia pubescens nunca foram realizados. Quanto à estrutura cromossômica terminal, T. pubescens, diferentemente de espécies de Rhynchosciara, não possui cromossomos telocêntricos e não apresenta enriquecimento de DNA homopolimérico A/T ou proteínas relacionadas à transcriptase reversa, sugerindo a existência de estruturas terminais divergentes entre essas espécies. Com o objetivo de compreender a organização da heterocromatina terminal de T. pubescens, microdissecções cromossômicas foram realizadas e o pull de DNA microdissecado marcado com biotina e posteriormente usado como sonda para hibridação in situ (HIS). Estudos de microdissecção cromossômica em Rhynchosciara americana e R. hollaenderi anteriormente realizados em nosso laboratório mostraram que DNAs microdissecados de uma única extremidade geravam um padrão de hibridação em que todas as extremidades, exceto as telocêntricas, eram marcadas. No presente trabalho, o produto de dissecção oriundo de uma única extremidade do cromossomo X foi avaliado por HIS. Para nossa surpresa, o padrão abrangente observado em espécies de Rhynchosciara não foi repetido em T. pubescens. Um padrão de marcação preferencial na extremidade utilizada para a microdissecção foi observada por HIS, embora algumas extremidades aparecessem fracamente marcadas. Esses dados preliminares apontam para uma possível singularidade quanto à organização das regiões terminais em T. pubescens quando comparadas às observadas em outro gênero da mesma família. Estes resultados inesperados sugerem uma organização cromossômica terminal mais complexa do que prevíamos anteriormente, sugerida pela distribuição da heterocromatina desta espécie se comparada a de Rhynchosciara. As informações obtidas até o momento serão futuramente importantes para os experimentos de caracterização do DNA telomérico de T. pubescens e reforçam a premissa de que estudos comparativos podem fornecer dados importantes na elucidação das estruturas teloméricas excepcionais observadas nos dípteros. Apoio Financeiro: FAPESP. 327 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise do genoma mitocondrial de duas espécies de flebotomíneos epidemiologicamente importantes (Diptera: Psychodidae) Tenório, KER; Oliveira, APA; Figueiredo Júnior, CAS; Batista, MVA; Lima,TLD; Balbino, VQ Laboratório de Genética Molecular Humana, Departamento de Genética, Universidade Federal de Pernambuco [email protected] Palavras-chave: Flebotomíneos, primers degenerados, Diptera, DNA mitocondrial, genômica comparativa Os flebotomíneos são pequenos insetos, hematófagos, responsáveis pela transmissão de algumas doenças aos humanos e animais e apresentam distribuição pantropical, com algumas espécies sendo também encontradas nas regiões temperadas. Das enfermidades transmitidas pelos flebotomíneos, as de maior importância, pela distribuição geográfica e pelo número de casos, são as leishmanioses. Lutzomyia longipalpis, encontrada no Novo Mundo, é o principal vetor da leishmaniose visceral, a forma mais grave da doença. Phlebotomus papatasi, espécie encontrada no Velho Mundo, é vetor da leishmaniose cutânea. Apesar da importância epidemiológica destes insetos, as informações acerca dos seus genomas mitocondriais ainda são escassas. O DNA mitocondrial (mtDNA) tem sido alvo de vários estudos evolutivos e filogenéticos, sendo ainda utilizado na identificação de populações, subespécies e espécies. O mtDNA dos metazoários é pequeno e circular (15 a 20 Kb de extensão) e possui conteúdo gênico conservado (moda de 37 genes, sendo duas subunidades ribossômicas, 22 tRNA e 13 genes codificadores de proteínas), com uma estrutura gênica simples (ausência de DNA repetitivo, transposons, íntrons ou pseudogenes). Neste estudo, definimos a base para a obtenção dos genomas mitocondriais de Lu. longipalpis e Ph. papatasi a partir do uso de primers degenerados. Utilizamos como referência as seqüências de 25 espécies de Diptera depositadas no National Center for Biotechnology Information (http://www.ncbi.nlm.mih.gov), além de 293 ESTs de Lu. longipalpis e Ph. papatasi depositadas em bancos de dados públicos. A partir destas seqüências, foi criado um banco de dados local contendo informações sobre a estrutura e função dos genes mitocondriais. A utilização diferencial de códons sinônimos foi avaliada pelo programa Codon Usage (http://www.bioinformatics.org/sms2/codon_usage.html). Estes dados foram analisados com programas de alinhamento múltiplo, visando identificar as similaridades que favorecessem a identificação de regiões conservadas. A partir das seqüências das ESTs, foi possível definir as seqüências de nove dos trezes genes mitocondriais codificadores de proteínas do genoma mitocondrial. A identidade dos produtos obtidos foi estabelecida pelo programa BLAST X (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/blast), utilizado na busca de homologias dos contigs gerados contra o banco de dados do NCBI. A partir destas informações, estabelecemos um total de 23 conjuntos de primers degenerados que nos propiciarão a obtenção das seqüências dos genomas mitocondriais de Lu. longipalpis e Ph. papatasi. A relevância da expansão das informacões concernentes aos genomas mitocondriais destas espécies é discutida em relação a possibilidade do desenvolvimento métodos mais robustos para estudos de genética de populações e de filogeografia destas espécies. Orgão financiador: FACEPE. 328 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Filogenia Molecular dos Meliponini (Hymenoptera: Apidae) Neotropicais Guedes, CES1; Melo, GA2; Costa, MA3 Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná 3 Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Santa Cruz [email protected] 1 2 Palavras-chave: Meliponini, Filogenia Molecular A tribo Meliponini (Hymenoptera: Apidae) reúne as abelhas indígenas sem ferrão. Estas abelhas são eussociais e apresentam-se distribuídas em todas as regiões tropicais do planeta. Cerca de 500 espécies são conhecidas para este grupo, que apresenta 57 gêneros, com maior diversidade na região Neotropical, onde são importantes polinizadores de espécies nativas e cultivadas. A classificação do grupo é incerta, em parte pela dificuldade no levantamento de caracteres morfológicos bem definidos. As hipóteses filogenéticas morfológicas propostas para Meliponini mostraram-se discordantes e foram baseadas em poucos caracteres. Propostas filogenéticas anteriores baseadas em dados moleculares foram limitadas na resolução das relações entre os gêneros neotropicais. O objetivo do presente trabalho foi desenvolver uma análise filogenética ampliada da tribo Meliponini com a avaliação de novas regiões gênicas informativas e aumento do número de táxons. Para isso foram selecionadas duas regiões do genoma mitocondrial, o DNAr 16S e o Citocromo b e amostras de 40 espécies pertencentes a 25 gêneros de Meliponini. As seqüências foram obtidas através de seqüenciamento direto de produtos de PCR. Uma matriz resultante do alinhamento combinado das seqüências das duas regiões genômicas apresentou 478 sítios variáveis, dos quais 96 foram autapomórficos. Duas espécies de Bombus, uma de Apis, uma de Euglossa e uma de Eufriesea foram utilizadas como grupo externo. As análises filogenéticas foram desenvolvidas pelos métodos de máxima parcimônia e análise Bayesiana. A análise de máxima parcimônia realizada no programa Winclada 1.00.08 resultou em uma única árvore mais parcimoniosa com comprimento de 1896 passos, com índice de consistência 0,34 e índice de retenção de 0,43. Nesta análise os gêneros de Meliponini formam um grupo monofilético, apresentando três clados principais: o clado I apresenta Austroplebeia como o grupo irmão dos demais Meliponini, no clado II Heterotrigona itama e Tetragonula carbonaria surgem como grupo irmão dos Meliponini neotropicais, agrupados no clado III. A análise Bayesiana apresentou resultado similar ao encontrado na análise de parcimônia. Os resultados obtidos no presente trabalho mantêm os Meliponini neotropicais como um grupo monofilético, corroborando os resultados de análises anteriores baseados em dados moleculares e contrariando as propostas morfológicas que mostram, entre outras diferenças, disjunções intercontinentais envolvendo gêneros neotropicais. A principal destas disjunções tem sido proposta dentro do gênero Trigona sensu Michener, que não foi verificada em nenhuma das análises realizadas no presente trabalho. Schwarziana e Mourella surgem como um clado monofilético, bem como Leurotrigona muelleri, Trigonisca sp. e Celetrigona longicornis. Outro agrupamento com forte suporte morfológico recuperado no presente trabalho é formado pelos gêneros Meliwillea e Scaptotrigona. Estes resultados mostraram que a análise combinada das duas regiões gênicas selecionadas foi eficiente na resolução das relações entre gêneros e espécies de Meliponini proximamente relacionados. Apoio Financeiro: CNPq. 329 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Isolamento de locos microssatélites em cinco espécies de abelhas sem ferrão Gonçalves, PHP1; Domingues, AMT1; Francisco, FO1; Brito, RM1; Pioker, FC2; Mateus, S3; Arias, MC1 Departamento de Genética e Biologia Evolutiva,Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo 2 Departamento de Ecologia, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo 3 Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo [email protected] 1 Palavras-chave: Meliponini, biblioteca genômica, microssatélites As abelhas sem ferrão (Apidae, Meliponini) têm papel ecológico fundamental, sendo responsáveis pela polinização de espécies vegetais nativas ou cultivadas e até mesmo pela dispersão de sementes. Ainda, os meliponíneos também apresentam importância econômica, pois muitas espécies podem ser manejadas para fins de produção de mel e subprodutos. Essas abelhas encontram-se amplamente distribuídas pelas regiões tropicais e subtropicais do planeta, sendo a maior diversidade encontrada na região Neotropical. As abelhas sem ferrão nidificam frequentemente em ocos de árvores e por isso a degradação dos biomas brasileiros ameaça de extinção muitas espécies. O desmatamento da Mata Atlântica para a criação de áreas cultiváveis chegou a reduzir o número de espécies em 95% no Estado de São Paulo, o que torna fundamental o conhecimento e estudo das espécies restantes. A caracterização da variabilidade genética de populações é essencial para o conhecimento da biodiversidade de um determinado ecossistema, e os microssatélites são uma das ferramentas moleculares mais utilizadas para esse tipo de estudo. Com o intuito de se conhecer mais sobre o status genético das populações de abelhas sem ferrão, o objetivo deste trabalho foi isolar locos microssatélites das seguintes espécies: Frieseomelitta varia, Plebeia remota, Scaura latitarsis, Tetragonisca angustula, e Trigona spinipes. Através do enriquecimento da biblioteca genômica destes organismos, conseguimos isolar marcadores com repetições de di (TC, GA, CA), tri (GAA, TTC) tetranucleotídeos (TAGG, ATAG, TCAC) para cada uma das espécies. Estes resultados serão extremamente úteis no estudo genético dos meliponíneos, visto que até a realização deste trabalho, apenas três espécies (Melipona bicolor, Scaptotrigona postica e Trigona carbonaria) tiveram locos de microssatélites isolados e caracterizados por grupos de pesquisa no exterior. Apoio financeiro: FAPESP, CNPq e CAPES. 330 54º Congresso Brasileiro de Genética 331 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Filogeografia de Melipona quadrifasciata (Hymenoptera, Meliponini): vicariância pleistocênica e diversificação recente na região neotropical Batalha-Filho, H1; Waldschmidt, AM2; Campos, LAO 1; Fernandes-Salomão, TM1 Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia [email protected] 1 2 Palavras-chave: Meliponini, filogeografia, mtDNA, vicariância, Pleistoceno Estudos filogeográficos têm proporcionado inúmeras possibilidades para o entendimento dos padrões evolutivos e da história demográfica da diversificação das linhagens de espécies. A abelha Melipona quadrifasciata, conhecida popularmente como mandaçaia, apresenta duas subespécies distintas: M. quadrifasciata anthidioides e M. quadrifasciata quadrifasciata. A principal diferença entre as subespécies são as bandas tergais amarelas, que são contínuas em M. q. quadrifasciata e descontínuas em M. q. anthidioides. A existência de colônias com padrão de faixas abdominais contínuas, semelhantes a M. q. quadrifasciata, em regiões fora da área de ocorrência da subespécie do sul do Brasil tem sido relatadas no Sergipe e na região de Januária, no norte do Estado de Minas Gerais, em regiões com clima semi-árido. O objetivo deste estudo foi elucidar o padrão filogeográfico das populações de M. quadrifasciata ao longo de sua área de distribuição. Para análise filogeográfica foram utilizados 852 pb referentes a parte do gene COI do mtDNA de 145 indivíduos de M. quadrifasciata provenientes de 56 localidades dos estados RS, SC, PR, SP, RJ, MG, ES, BA e SE. As seqüências foram alinhadas pelo método ClustalW. Foram construídas uma árvore filogenética por meio da inferência Bayesiana e uma rede de haplótipos por meio de median-joining network. Também foram implementados SAMOVA e mismatch distribution. A estimativa da coalescência foi realizada pelo programa MDIV. Dos 852 pb obtidos 55 (6,45%) foram variáveis. Foram identificados 50 haplótipos, com uma diversidade nucleotídica (π) de 0,0055 e uma diversidade haplotípica (Hd) de 0,957. Foi evidenciado, na inferência filogenética e na rede de haplótipos, a presença de dois clados: o clado sul compreendendo à subespécie M. q. quadrifasciata, e o clado norte formado pela subespécie M. q. anthidioides e as populações de faixa tergal contínua do norte de Minas Gerais e do Sergipe e nordeste da Bahia. A SAMOVA mostrou um percentual de variação entre os clados de 65,56%, um ΦST de 0.905 e a barreira de fluxo gênico estimada foi localizada próxima ao Vale do Ribeira do Iguape no sul do estado de São Paulo, concordando também com a separação dos clados. A mismatch distribution evidenciou gargalos populacionais em ambos clados por meio de distribuição unimodal. O tempo de divergência estimado pela análise de coalescência foi entre 490.000 e 390.000 anos A.P., no Pleistoceno médio, provavelmente durante intensos ciclos de glaciações. Padrões filogeográficos com vicariância semelhante foram reportados para pássaros (Xiphorhynchus fuscus) e serpentes (Bothrops jararaca). Outras espécies de abelhas, M. bicolor e M. marginata, exibem diferenciação morfológica que recebe o status de subespécies, apresentando zona de separação entre as subespécies concordante com M. quadrifasciata. Mais estudos se fazem necessários para confirmar se o efeito vicariante aqui observado se repete em outras espécies de abelhas ou outros grupos animais. Apoio: CNPq, PROBIO e FAPEMIG. 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Análise molecular de Melipona quadrifasciata utilizando marcadores PCRRFLP (Hymenoptera: Apidae, Meliponina) Dutra-Valente, D; Fernandes-Salomão, TM; Waldschmidt, AM; Tavares, MG; Campos, LAO Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Biologia Geral, Setor Biologia Celular e Biofísica, Universidade Federal de Viçosa [email protected] Palavras-chave: Citocromo oxidase I, DNA mitocondrial, Hymenoptera, M. quadrifasciata, PCR-RFLP Melipona quadrifasciata é uma espécie de abelha sem ferrão endêmica e amplamente distribuída em uma área que abrange desde o sul ao nordeste do país. Duas formas de M. quadrifasciata são encontradas no estado de Minas Gerais: Melipona quadrifasciata anthidioides, com faixas tergais descontínuas e Melipona quadrifasciata de faixas tergais contínuas. O objetivo do presente trabalho foi caracterizar o gene citocromo oxidase I (COI) no DNA mitocondrial de Melipona quadrifasciata utilizando marcadores RFLP. Foram analisadas 40 colônias coletadas em quatro localidades no estado de Minas Gerais sendo 10 colônias por localidade. Melipona quadrifasciata anthidioides foram coletadas em Rio Vermelho e Caeté e Melipona quadrifasciata de faixas contínuas foram coletadas em Januária e Urucuia. A extração do DNA total foi conforme o protocolo de Fernandes-Salomão et al., (2005) e um indivíduo por colônia foi analisado. Foi feita uma amplificação parcial por PCR do gene COI utilizando primers específicos. Os produtos da amplificação foram digeridos com cinco endonucleases de restrição (DraI, XbaI, SspI, ScaI e HinfI) conforme recomendação dos fabricantes e o produto da digestão foi separado por eletroforese em gel de agarose 2% (p/v). Os resultados mostraram ausência de sítios XbaI e ScaI nas seqüências analisadas. Sítios SspI, DraI e HinfI foram observados na seqüência COI analisada, no entanto, foram monomórficas em todos os indivíduos. Os resultados mostraram que, as diferenças morfológicas entre Melipona quadrifasciata anthidioides e Melipona quadrifasciata de faixas contínuas, não refletem diferenças na seqüência da região do DNA mitocondrial avaliada. Estudos posteriores utilizando outros genes mitocondriais e/ ou outros marcadores moleculares devem ser utilizados para averiguar se existe correlação entre variações genéticas e diferenças morfológicas nessas abelhas. Apoio financeiro: FAPEMIG, CNPq. 332 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Uso de primers microssatélite heteroespecíficos e diversidade genética entre espécies de abelhas sem ferrão (Hymenoptera: Apidae) Silva, FO1; Borges, AA1; Tavares, MG1, Fernandes-Salomão, TM1; Campos, LAO1 Departamento de Biologia Geral, Setor de Biofísica e Biologia Celular, Universidade Federal de Viçosa [email protected] 1 Palavras-chave: Abelhas sem ferrão, microssatélites, diversidade genética, Hymenoptera, Melipona Melipona rufiventris e M. mondury, duas espécies de abelha sem ferrão, foram estudadas com o objetivo de acessar a diversidade genética, determinando o número de alelos e a heterozigosidade média observada, com base na análise de nove locos microssatélites desenvolvidos especificamente para M. bicolor. Foram analisadas 54 operárias de 11 colônias de M. mondury coletadas nos estados de Minas Gerais e Bahia e 177 operárias de 36 colônias de M. rufiventris provenientes de três estados brasileiros (Goiás, Maranhão, Minas Gerais), além do Distrito Federal. O DNA genômico das operárias foi extraído conforme Waldschmidt et al. (1997) e amplificado segundo Peters et al. (1998). Os dados foram analisados utilizando o programa Popgene (Yeh et al. 1999). Os resultados obtidos foram comparados com aqueles disponíveis na literatura para oito espécies de meliponíneos: M. bicolor, M. quadrifasciata, Tetragona clavipes, Scaptotrigona postica (Peters et al., 1998); Partamona helleri, P. mulata, Plebeia remota (Francisco et al., 2006) e M. scutellaris (Carvalho-Zilze & Kerr, 2006), as quais também foram analisadas com “primers” microssatélites desenvolvidos para M. bicolor. Todos os nove pares de “primers” utilizados geraram fragmentos de tamanho esperado. O número médio de alelos (A) e a heterozigosidade média observada (Ho) em M. rufiventris (A: 2,78 alelos/loco; Ho: 0,11) e em M. mondury (A: 3 alelos/loco; Ho: 0,24) foram menores do que os valores verificados em M. bicolor (A: 4,1 alelos/loco; Ho: 0,61), mas semelhantes aos encontrados nas outras espécies. A comparação mostrou que o elevado valor de heterozigosidade (Ho) detectado em M. bicolor, para a qual os “primers” foram desenvolvidos, não foi, em geral, observado nas demais espécies. Entre os fatores que poderiam explicar as diferenças encontradas, pode-se citar a redução populacional que algumas espécies têm sofrido, devido à degradação ambiental; o tamanho amostral; a presença de mais de uma rainha fisogástrica em colônias de M. bicolor; a presença de alelos nulos ou características intrínsecas da própria evolução dos microssatélites, como o fato da taxa de mutação diferir entre locos e alelos, e consequentemente, entre espécies. É importante ressaltar que, embora “primers” heteroespecíficos possam ser utilizados, com sucesso, em estudos com espécies filogeneticamente próximas, os resultados devem ser analisados com cuidado, já que o número de alelos e os valores de heterozigosidade observadas em cada caso podem variar devido à influência de diferentes fatores. Apoio financeiro: FAPEMIG, CNPq, UFV. 333 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Caracterização de locos microssatélite para Melipona mondury (Hymenoptera: Apidae) Lopes, DM; Oliveira, FS; Salomão, TMF; Campos, LAO; Tavares, MG Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa [email protected] Palavras-chave: Melipona, Hymenoptera, Microssatélite, ISSR Microssatélites são marcadores moleculares muito úteis em estudos populacionais devido ao seu alto grau de polimorfismo, codominância e multialelismo. A etapa limitante no uso desses marcadores é o desenvolvimento dos primers utilizados para amplificar a região microssatélite. Devido a essa dificuldade, existem poucos primers microssatélites desenvolvidos para abelhas sem ferrão, e considerando-se a diversidade de espécies desse grupo de abelhas e a importância das mesmas como agentes polinizadores em ambientes naturais e cultivados, torna-se urgente o desenho de outros primers espécieespecíficos para meliponíneos. Assim, este trabalho teve como objetivo desenhar primers microssatélites para Melipona mondury, uma espécie de abelha sem ferrão que se distribui ao longo da mata Atlântica. Para o desenvolvimento dos primers, o DNA extraído de um indivíduo de M. mondury foi amplificado utilizando-se 14 primers ISSR (Inter-simple sequence repeats), de acordo com a metodologia proposta por Nest et al. (2000). Os fragmentos ISSR foram purificados, clonados e seqüenciados, permitindo o desenho de 11 pares de primers específicos para M. mondury. Estes primers foram testados amplificando-se o DNA de 20 indivíduos de M. mondury e 20 indivíduos de M. quadrifasciata, M. bicolor, M. rufiventris e Partamona helleri. Dentre os 11 locos testados nove (81,8%) foram polimórficos em M. mondury, com um número de alelos variando de 2 a 6. Os valores de diversidade genética variaram de 0,0 a 0,78 (média: 0,38). Apenas o loco Mmo15 não apresentou desvio do equilíbrio de HW ao nível de 5% e nenhum loco apresentou desequilíbrio de ligação. Vários primers também foram polimórficos em M. quadrifasciata, M. bicolor, M. rufiventris e Partamona helleri, demonstrando que os mesmos poderão ser utilizados em estudos genéticos com outras espécies de meliponíneos. Apoio Financeiro: FAPEMIG, CNPq, CAPES, UFV. 334 54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Comparação entre algumas populações de abelhas do complexo Rufiventris com base em seqüências do DNA mitocondrial Pires, CV; Fernandes-Salomão, TM; Tavares, MG; Campos, LAO Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa, MG [email protected] Palavras-chaves: Rufiventris; DNA mitocondrial As abelhas são objetos de estudo de grande interesse na área científica pela sua importância ecológica e econômica, isto por serem polinizadoras e produtoras de mel. Os meliponíneos são excelentes polinizadores, no entanto, as populações destes polinizadores vêm diminuindo (Didham et al., 1996), principalmente em conseqüência da ação indiscriminada de meleiros, do uso de inseticidas, de queimadas (Kerr et al., 1994, 2001; Martins, 2002) e de práticas como desmatamentos. O gênero Melipona, é difícil separação de espécies por análise dos caracteres morfológicos (Michener, 2000). Por isso, estudos morfológicos e moleculares com M. rufiventris foram e continuam sendo realizados visando obtenção de dados que possam ampliar os conhecimentos relativos à taxonomia e à variabilidade genética desta espécie. Estudos empregando diferentes técnicas moleculares, demonstraram que a maioria dos indivíduos oriundos da região de Dom Bosco e Brasilândia de Minas não incluem em nenhum dos padrões moleculares já descritos para M. rufiventris e M. mondury sugerindo que possam pertencer a uma outra espécie. Considerando a grande importância deste tipo de estudo em Melipona e espécies relacionadas, o prese