Versão Completa do Manual de Biossegurança - 2005

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Elza M. Thomazini
Bióloga
CRBio 26143/01
Mestre em Ciências Biológicas
UNESP – Rio Claro - SP
BIOSSEGURANÇA
MANUAL DE CONDUTAS
PIRACICABA
2005
FOP – UNICAMP
2
Fi c ha Catal ogr áfi c a
T368b
Thomazini, Elza M.
Biossegurança - controle de infecção cruzada na prática
odontológica : manual de condutas. / Elza M. Thomazini. –
2.ed. -- Piracicaba, SP : FOP/UNICAMP, 2005.
62f. : il.
1. Biossegurança. 2. Controle de infecção cruzada. 3.
Equipamento de proteção individual. I. Título.
CDD
614.44
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marilene Girello CRB/8–6159, da
Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP.
3
Agradecimentos
Minha gratidão ao Único Deus, Vivo e Verdadeiro, Criador do Universo,
pelo dom da vida e pela capacitação para a realização deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Thales Rocha de Mattos Filho, todo meu apreço e gratidão
pela amizade, incentivo, reconhecimento e valorização dispensados para
a concretização deste Manual.
Ao Prof. Dr. Luís Alexandre Maffei Sartini Paulillo, pela amizade, em penho, incentivo, reconhecimento e crédito dado a este trabalho, minha
gratidão.
Ao Prof. Dr. Márcio de Moraes, pelo grau de suporte dado pelos seus
conhecimentos, meu apreço.
A Profa. Dra. Maria da Luz Rosário de Souza, pelo apoio, amizade e
sugestões apontadas na elaboração deste trabalho.
Ao Emílio Carlos Salles, pela amizade, carinho, compreensão e apoio
dispensados a realização deste protocolo.
A Marilene Girello, pela amizade, apoio e sugestões concernentes à
revisão bibliogrática.
Ao Marco Antonio Cavallari Junior, pela colaboração na execução da
capa e na estruturação das fotos.
A Luciana Asprino, pela colaboração nas fotos.
Ao José Domingos Pedro, pelo apoio e contribuição concernente a
digitação.
4
APRESENTAÇÃO
O objetivo deste trabalho é identificar os riscos existentes
no exercício da Odontologia para o cirurgião-dentista, para os alunos e
demais
pessoas envolvidas nas atividades odontológicas e propor medidas
eficazes para impedir contágios.
Há necessidade imediata de que toda a classe odontológica
conscientize-se de que o consultório e clínicas odontológicas são ambientes de
risco, e que tanto o paciente como o profissional ou o aluno de Graduação podem
contaminar-se nesse ambiente.
Mudanças são necessárias na rotina do trabalho odontológico e
tais mudanças não devem ser encaradas como obstáculos ao exercício da
Odontologia, mas estímulos para uma evolução que se faz
extremamente necessária no momento.
Informação, responsabilidade e determinação são os ingredientes necessários na luta contra a contaminação nos consultórios
e nas
clínicas odontológicas e cumprir o protocolo de controle de doenças
transmissíveis é o desafio diário de todos nós.
Elza M. Thomazini
[email protected]
5
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO
1
2. DOENÇAS INFECCIOSAS DE RELEVÂNCIA NA PRÁTICA
ODONTOLÓGICA
2
2
2. 1 Infecções causadas por vírus
2.1.1 O vírus do Herpes
2.1.2 Hepatites
2.1.3 AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
2.1.4 Outras infecções viróticas
2
5
9
13
2. 2 Infecções causadas por bactérias
2.2.1 Sífilis
2.2.2 Tuberculose
2.2.3 Legionelose
13
13
15
16
2. 3 Infecções causadas por fungos
2.3.1 Candidíase Bucal
16
16
3. MEIOS E RISCOS DE CONTAMINAÇÃO
3. 1 O risco dos aerossóis
17
17
4. CONTROLE DA INFECÇÃO CRUZADA (CI) NA PRÁTICA
ODONTOLÓGICA
19
4. 1 Mecanismo de Infecção Cruzada
19
4. 2 Estruturação do conhecimento para a realização do CI
21
4.2.1 A presença de fontes de microrganismos
21
4.2.2 As formas de contaminação
22
4.2.3 Patogenicidade
22
5. IMPLANTANDO O PROGRAMA DE CI
23
5. 1. Medidas de precaução-padrão
23
5. 2 Proteção pessoal
23
5. 2. 1 Avaliação do paciente (história médica – anamnese)
23
5. 2. 2 Imunização
23
5. 2. 3 Higienização das mãos
24
6
5. 2. 4 Evitar acidentes
26
5. 2. 5 Uso de equipamentos de proteção individual - EPI
26
5. 3. Preparação do ambiente
31
5. 3. 1 Descontaminação de superfícies
31
5. 3. 2 Cobertura de superfícies passíveis de contaminação
31
5. 3. 3 Antissepsia prévia da boca do paciente
35
5. 3. 4 Cuidados com o instrumental
35
5. 3. 4. 1 Imersão
36
5. 3. 4. 2 Limpeza
36
5. 3. 4. 3 Enxague
37
5. 3. 4. 4 Secagem
38
5. 3. 4. 5 Empacotamento
38
5. 3. 4. 6 Desinfecção
38
5. 3. 4. 7 Esterilização dos artigos
39
5. 3. 4. 8 Armazenamento
41
5. 3. 5 Cuidados com os moldes e modelos
41
5. 3. 6 Cuidados com a manipulação de materiais de
biópsia e dentes
44
5. 3. 7 Cuidados com a manipulação do lixo
44
5. 3. 8 Em caso de contaminação
45
6. ALGUNS ERROS OBSERVADOS NA CLÍNICA ODONTOLÓGICA
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
46
56
57
7
1. Introdução
Biossegurança: é um conjunto de normas e procedimentos considerados seguros e adequados à manutenção da saúde.
O controle de infecção é constituído por recursos materiais e protocolos que
agrupam as recomendações para prevenção e vigilância visando à segurança da equipe
de saúde e dos pacientes.
Infecção
Cruzada
é
a
infecção
ocasionada
pela
transmissão
de
microrganismo de um paciente a outro indivíduo, geralmente pelo pessoal, ambiente ou
fômite.
O Controle de Infecção visa impedir a penetração de microrganismos em
locais onde eles não existam e evitar aportar novos agentes à área já contaminada,
garantindo segurança aos pacientes e à equipe.
A cavidade bucal é um ambiente propício à transmissão, inoculação e
crescimento de vários microrganismos, sendo que a saliva e o sangue são meios ideais
para transmissão desses microrganismos (CDC9 1986).
A cavidade da boca é um dos ambientes sépticos do organismo, suportando uma microbiota complexa, tanto sob o ponto de vista qualitativo como
quantitativo; essa complexidade fica perfeitamente caracterizada pela presença de
bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, fungos, protozoários e vírus, distribuidos em significativas concentrações, nos quatro principais ecossistemas orais
(SHEARER 40 1996) – epitélio bucal, dorso da língua, superfície dentária supra
gengival e superfícies dentária e epitelial subgengival – e na saliva, que não
possui microbiota própria, pois expressa, pelo menos em parte, o que existe nos
sítios da boca.
No exercício da prática odontológica, uma série de doenças infecciosas pode
ser transmitida para pacientes e profissionais, sendo que os microrganismos causadores
dessas doenças, podem ser vírus, bactérias, fungos e protozoários (MARTINIANO E
MARTINIANO28 1999).
Considerando os microrganismos orais, as bactérias possuem a
maior importância entre os agentes patogênicos, participando da etiologia de doen
ças endógenas, como a cárie, doença periodontal e patologias pulpar e periapical.
Os microrganismos cariogênicos, em nível de esmalte, dentina e ce8
mento, são Streptococcus mutans, S. sobrinus, Lactobacillus, Actinomyces
viscosus e A. naeslundii.
Através do controle da infecção, podemos evitar as infecções sérias e até
mesmo a morte. Várias fontes com potenciais de infecção estão presentes na Clínica
Odontológica: mãos, saliva, secreções nasais, sangue, roupas e cabelo, assim como
instrumentais e equipamentos.
ROSSETINI, em 1984, no Brasil, foi o primeiro a alertar e indicar os
problemas do contágio na prática odontológica, destacando as evidências do risco, as
vias potenciais de transmissão bem como medidas para reduzir a contaminação.
Algumas das doenças infecciosas de maior relevância na Odontologia
passíveis de serem contraídas são: hepatites, AIDS, difteria, herpes, rubéola, sarampo,
influenza (gripe), caxumba (parotidite), tuberculose.
2. Doenças infecciosas de relevância na prática odontológica
2. 1. Infecções causadas por vírus
As infecções ocasionadas por vírus são as mais graves e de maior
preocupação quando contraídas.
2.1.1. O vírus do Herpes
É considerado o mais transmissível e infeccioso em humanos.
O herpes é uma infecção promovida pelo vírus herpes, membro da
família Herpesviridae.
Existem 8 tipos conhecidos do vírus do herpes em humanos:
. vírus do herpes simples tipo 1 (HSV 1)
. vírus do herpes simples tipo 2 (HSV 2)
. vírus da varicela-zoster (VZV)
. citomegalovírus (HSV 5)
. herpesvírus humano 6 (HSV 6)
. herpesvírus humano 7 (HSV 7)
. vírus Epstein Barr (HSV 4)
9
. herpesvírus humano 8 (HSV 8)
Por serem numerosos foram divididos em subfamílias, como descrito
no quadro abaixo.
Propriedades dos herpesvírus (Disseminação e Doenças)
Subfamília
Alfaherpesviridae
Betaherpesviridae
Vírus
Disseminação
Herpes simples 1 (HSV 1)
Contato direto
Herpes simples 2 (HSV 2)
Contato direto
Vírus da varicela-zoster
(VZV)
Contato direto e
respiratório
Citomegalovírus (HSV 5)
Contato direto e
Doenças
Herpes oral
Herpes genital
Varicela,
herpes-
zoster
___________
transfusões
Gamaherpesviridae
Herpesvírus humano 6
(HSV 6)
Contato direto e
Herpesvírus humano 7
(HSV 7)
Contato direto
Vírus Epstein Barr (HSV 4)
Contato direto (saliva)
Herpesvírus humano 8
(HSV 8)
2.1.1.1
Herpes simples (HSV 1)
2.1.1.2
Herpes simples (HSV 2)
respiratório
__________________
Exantema súbito
(roséola)
___________
Mononucleose
infecciosa
___________
O vírus apresenta período de incubação curto (2 a 12 dias), enquanto
a
doença pode variar em torno de 2 semanas. O vírus herpes simples tipo 1
(HSV 1) é transmitido mais freqüentemente através do contato direto com as
lesões ou com objetos contaminados, porém, pode ser transmitido através de
perdigotos (partículas de saliva lançadas durante a fala, tosse ou espirro; gotículas de Pflügge), uma vez que já se identificou o vírus na saliva. Sua disseminação é assintomática através de fluidos (sangue, saliva) ou de lesões. Pode infectar a pele e mucosas, através do aerossol ou da auto-inoculação.
O vírus herpes simples 1, também pode infectar a córnea, como uma
infecção primária, ou através de infecções recorrentes, causando a ceratoconjun
tivite. Ressalta-se a importância da paramentação adequada, com a utilização
10
de óculos de proteção.
O uso de barreiras e de equipamentos de proteção individual pode
evitar a contaminação cruzada. Os procedimentos clínicos eletivos em pacientes
portadores de lesões causadas por esse vírus devem ser evitados, até que haja
o estabelecimento da cura clínica da doença.
2.1.1.3 Herpes-zoster
O herpes-zoster é uma doença infecciosa aguda causada pelo vírus varicella-zoster (VZV), um dos membros da família Herpesviridae, do gênero
Varicellovírus, também denominado herpes vírus humano tipo 3.
O herpes vírus humano tipo 3 (HSV 3) penetra no hospedeiro através
das células epiteliais da mucosa do trato respiratório superior, orofaringe ou con
juntiva.
2.1.1.4 Mononucleose infecciosa
A mononucleose infecciosa é provocada pelo vírus Epstein-Barr (EBV),
um membro da família Herpesviridae, do gênero Lymphocryptovirus.
A infecção pelo vírus Epstein-Barr se dá via oral, provavelmente atra
vés do contato com secreções orofaríngeas contaminadas.
2.1.2. Hepatites
As doenças infecciosas fazem parte das preocupações que os profissio
nais de Odontologia se defrontam nos dias atuais.
Dentre as doenças infecciosas, as hepatites virais representam um importante risco ocupacional aos cirurgiões-dentistas, visto que, muitas vezes, a
transmissão se dá por fluidos corporais contaminados, dentre os quais aqueles
freqüentemente manipulados pelos CDs, tais como sangue e saliva.Tais infecções
encontram-se em alta incidência nos pacientes que buscam rotineiramente atendimento odontológico.
Nos últimos 35 anos, sete vírus hepatotrópicos foram reconhecidos como sendo capazes de desenvolverem hepatites virais.Tais vírus são denominados
por A, B, C, D, E, E e G.
Essas formas de hepatite apresentam manifestações clínicas muito semelhantes com quatro fases que incluem: período de incubação, prodrômica, de
estado e convalescença (FERREIRA19 1999; BRASIL5 1994).
11
A hepatite se caracteriza por um processo inflamatório do fígado que le
va a uma necrose hepatocelular difusa ou irregular com envolvimento de todos os
lóbulos (FERREIRA19 1999). Além disso, as hepatites virais, em especial as hepatites B
e C, encontram-se entre as doenças infecciosas ocupacionais que atuam em maiores
índices de mortalidade dentre a classe odontológica.
A maior parte dos casos são anictéricos (70%), apresentando sintomas
semelhantes a uma síndrome gripal, ou mesmo assintomáticos.
Outro quadro clínico que merece destaque é a forma fulminante. Ocorre
em menos de 1% dos casos de hepatites virais, independentemente da etiologia.
A forma crônica é definida como um processo inflamatório contínuo do
fígado, de etiologia variável (TIPOS B, C e D) e com duração superior a seis
meses.
Chama-se de portador o indivíduo que conserva o vírus (TIPOS B, C e
D) por mais de seis meses. Esses indivíduos podem ser sintomáticos ou assinto
máticos.
As hepatites virais agudas (as que não evoluem para cura completa) po
dem progredir para uma forma crônica, para cirrose e até para carcinoma hepatocelular primário. O melhor exemplo é a da hepatite de vírus tipo B.
A concentração mais elevada do vírus é observada no sangue de pessoas
infectadas. Um (1) mililitro de sangue de uma pessoa infectada pode conter 100 milhões
de partículas virais, significando que pequena quantidade de sangue ou outros fluidos
corpóreos são suficientes para transmissão da doença (OTTONI30 1991).
Hepatite B
É provocada pelo vírus da hepatite B (HBV) que pertence a família
Hepadnarirus e foi primariamente detectado em 1963.
Os maiores índices de infecção pelo vírus HBV em profissionais de saúde
encontram-se entre os cirurgiões-dentistas. Entre as doenças infecto-contagiosas, a Hepatite B é a maior causa de mortes e interrupções da prática de consultório pelos dentistas.
O sulco gengival é um local de grande risco pela presença de sangue
diante das inflamações que aí rotineiramente ocorrem. É a presença frequente de
sangue na saliva que a faz mais perigosa.
Um dos meios de transmissão na rota paciente/profissional é o acidente
12
com agulhas contaminadas. Há relatos de transmissão profissional/paciente. O HBV
também pode ser transmitido quando fluidos contaminados entram em conta
to com mucosas sadias.
Alguns casos de transmissão profissional-paciente estão descritos na literatura,
inclusive com o desfecho trágico de hepatite fulminantemente mortal.
O vírus da Hepatite B é considerado de elevado risco de transmissão durante a prática odontológica.
As principais formas de transmissão do vírus da Hepatite B na prática
odontológica acontecem através de acidentes pérfurocortantes contaminados com saliva e sangue.
O risco de transmissão ocupacional para um profissional de Saúde não
imunizado varia de 2 a 40%. Portanto, a proteção dos profissionais de saúde é o
principal fator relacionado ao risco de transmissão nos profissionais de saúde.
Tal proteção envolve a vacinação adequada e a utilização das medidas de controle de
infecções pelos profissionais.(AMERICAN DENTAL ASSOCIATION21996;
1994;GILLCRIST20 1999; PORTER
31
BRASIL5
1994).Como os cirurgiões-dentistas apresentam
risco duas vezes maior do que a população em geral, a vacinação destes profissionais é
mandatória e tal
procedimento reduz
significativamente o risco
de desenvolver a
infecção (DEMAS e McCLAIN14 1999).
São necessárias três doses, com a segunda dose um mês e a terceira
seis meses após a primeira. A ocorrência de efeitos colaterais é pouco observada
(FERREIRA19 1999). Os anticorpos permanecem eficazes por um período que varia
entre 3 a 9 anos, após a imunização. As vacinas são 95% eficazes.
O melhor momento para a imunização é o anterior ao início da atividade
clínica.
Hepatite C
O vírus foi descrito pela primeira vez em 1989.
Sua transmissão é feita pelo contato percutâneo com sangue e seus
derivados.
Os cirurgiões-dentistas estão sob um risco significativo para contraírem
13
o HCV. Deve se tomar cuidado maior na manipulação de agulhas.
O período de incubação vai de 2 a 6 semanas.
Em virtude de seu curso clínico ser insidioso, brando e de progressão
lenta, a maioria dos pacientes não sabem que são portadores da doença, até a
realização de exames laboratoriais ou pela presença tardia da cronicidade
da
doença, característica esta que a coloca como a mais severa dentre as hepatites virais.
Sua infectividade é oito vezes maior que a do HIV.
A doença provoca anorexia, desconforto abdominal vago, náusea, vômitos e icterícia.
A severidade vai desde casos assintomáticos (75%) até casos fulmi nantes e fatais. Pode haver um longo estado assintomático (20 anos ou mais)
durante o qual pode levar à destruição severa do parênquima hepático. Nesse
estado o paciente não apresenta febre, anorexia, fadiga e muito menos icterícia.
Nas fases finais, o paciente apresenta vômitos, dores, hemorragias,
perda de massa muscular, confusão mental e coma.
A doença pode levar à cirrose (10-20% dos casos) e ao carcinoma
hepatocelular.
Anualmente, cerca de 2 a 4% das infecções pelo HCV ocorre em profissionais da área de saúde, sendo o risco principalmente relacionado a acidentes percutâneos com sangue, no entanto, o vírus HCV já foi detectado na saliva de pacientes com hepatite crônica, durante tratamentos odontológicos, bem
como existe um relato da transmissão de hepatite C pela saliva através de mordida humana (DUSHEIKO et al.15 1990; GILLCRIST20 1999). Um outro
importante achado é a possibilidade do vírus permanecer ativo por cerca de
7dias em temperatura ambiente, o que salienta a importância das medidas de
controle de infecções, durante a prática odontológica (PORTER et al.31 1994).
Até o momento não existe vacina contra o vírus HCV, sendo o seu de
senvolvimento dificultado pela diversidade viral e sua habilidade em produzir
novas mutações (GILLCRIST20 1999).
14
2.1.3. AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
- A síndrome da imunodeficiência humana adquirida (AIDS) é uma doença
progressiva que pode levar à destruição do sitema imunológico. Foi
identificada pela primeira vez em 1980. Caracteriza-se por uma infecção crônica cujo agente etiológico é o HIV (Vírus da Imunodeficiência
Humana). Este vírus pertence à família Retroviridae e ao gênero Lentivírus. Apresenta dois tipos antigênicos: o HIV-1 e o HIV-2. O HIV-1 é o
tipo mais virulento e disseminado pelo mundo. Apresenta elevada taxa
de mutação e grande variedade genética. O HIV-2 é o tipo menos virulento, sendo encontrado quase que exclusivamente na África.
É importante ressaltar que o vírus já foi isolado de todas as secreções or
gânicas: sangue, sêmen, secreções vaginais, saliva, lágrima, leite mater
no, fluido cérebro-espinhal, fluido amniótico e urina, porém, só ficou com
provada a possibilidade de transmissão através de sangue, sêmen, secreções vaginais e leite materno contaminado (BRASIL 6 1996).
Desde o início da epidemia, o grupo etário mais atingido, em ambos os
sexos, tem sido o de 20-39 anos, perfazendo 70% do total de casos de
AIDS notificados ao Ministério da Saúde até 26/02/2000.
O HIV não tem a capacidade de se reproduzir por si próprio. Para superar tal limitação, ele age como um autêntico parasita, invadindo e aproveitando a essência energética de células do sistema imunológico normal do ser humano – os linfócitos conhecidos como células CD4 (T4). Po
de-se dizer que o HIV, tanto do tipo 1 como do tipo 2 utiliza essas células como verdadeiras fábricas de reprodução viral. Estima-se que a cada dia são produzidas ou criadas mais de um bilhão de novas partículas
virais no portador do HIV/AIDS.
O período mediano de incubação é de 10 anos, ou seja, 50% dos indivíduos portadores do HIV vem a desenvolver a doença decorrido esse
tempo.
15
O período de transmissão, entretanto, compreende desde o momento de
infecção até o eventual óbito do paciente. Trata-se de um vírus frágil, cuja vida extracorpórea é curta, tendo em vista a sua fragilidade à luz solar
e ao meio ambiente.
A possibilidade de transmissão durante um acidente pérfurocortante com
sangue sabidamente contaminado é baixa, variando de 0,05 a 0,1%, ou
seja, de 1 chance em mil a 5 chances em um milhão.
Manifestações da AIDS
A manifestação da doença tem início com febre, fadiga, diarréia, perda
de peso superior a 10% da massa corporal, infecções oportunistas, neoplasias malignas e demência relacionada à AIDS. O aparecimento isolado de algum destes sintomas não indica que a pessoa esteja com AIDS.
O quadro a seguir demonstra algumas enfermidades associadas à AIDS.
Doenças frequentemente associadas à imunodepressão causada
pelo HIV
__________________________________________________________________
Doenças causadas por
protozoários e helmintos
. Toxoplasmose ocular, pulmonar ou do
sistema nervoso central
. Estrongiloidíase pulmonar ou disseminada
. Criptosporidíase intestinal
. Isosporíase intestinal
Doenças causadas por fungos
. Pneumonia por Pneumocystis carinii
. Candidíase
16
. Criptococose
. Histoplasmose
Doenças causadas por bactérias
. Tuberculose
. Micobacterioses atípicas
. Angiomatose bacilar
. Doença periodontal
. Úlceras aftóides
Doenças causadas por vírus
. Citomegalovírus
. Leucoencefalopatia multifocal progressiva
. Herpes (simples e zoster)
. Leucoplasia pilosa
. Condilomas e papilomas
Neoplasias
. Sarcoma de Kaposi
. Linfomas
Outras
. Pneumonite intersticial linfóide crônica
. Úlceras aftosas recorrentes
. Púrpura trombocitopênica
. Alteração de glândulas salivares
. Melanoses
_______________________________________________________________________________
Manifestações bucais
É comum o aparecimento dos primeiros sinais clínicos da AIDS na cavida
de oral. O Ministério da Saúde 8 2000 classifica as lesões de acordo com
a freqüência a que estão associadas com a infecção pelo vírus da AIDS,
como mostram os quadros que se seguem:
Lesões fortemente associadas com infecção pelo HIV
__________________________________________________________
Candidíase Eritematosa/Pseudomembranosa
Leucoplasia pilosa
Sarcoma de Kaposi
Linfoma Não-Hodgkin
Doença periodontal: Eritema gengival linear
Gengivite (ulcerativa) necrosante
Periodontite (ulcerativa) necrosante
______________________________________________________________________
17
Lesões menos freqüentemente associadas com infecção pelo HIV
_______________________________________________________________________
Infecções bacterianas:
Mycobacterium avium intracellulare
Mycobacterium tuberculosis
Hiperpigmentação melanótica
Estomatite (ulcerativa) necrotizante
Doenças das glândulas salivares:
- Boca seca devido à diminuição da secreção salivar
- Aumento de volume unilateral ou bilateral das glândula salivares
Púrpura trombocitopênica
Ulceração não-específica
Infecção viral: - Herpes simples
- Vírus do Papiloma Humano-HPV (lesões verrucosas)
- Condiloma acuminado
- Hiperplasia epitelial focal
- Verruga vulgar
- Varicela-zoster
_______________________________________________________________________
O tratamento da AIDS é realizado com anti-retrovirais.
Atualmente se preconiza um coquetel de vários anti-retrovirais com o objetivo de reduzir a seleção de vírus mutantes resistentes. Esse tratamento reduz a carga viral para quase zero, fazendo com que ocorra redução
da morbidade e mortalidade de indivíduos infectados.
Quanto ao desenvolvimento de uma vacina, cabe enfatizar que ainda não
existe vacina com eficácia comprovada e que são necessários mais estu- dos
para o desenvolvimento de uma vacina que seja efetiva contra todas
as formas mutantes do vírus.
O aluno/ o profissional pode tratar de pacientes infectados pelo HIV, sem
ter conhecimento desse fato, ou soropositivos que, temendo não receberem atendimento odontológico, escondam a doença.
A adoção de medidas de segurança é fundamental para garantir a saúde
do paciente, do aluno, do profissional. O uso das medidas de proteção
deve ser rotineiro e em todos os pacientes sem exceção.
2.1.4. Outras infecções viróticas
18
- Outras infecções viróticas de interesse na Odontologia, freqüentemente
transmitidas na prática odontológica através de pequenas partículas de
aerossóis, são as doenças gripais, geralmente atribuídas ao vírus influenza, comumente associada a um quadro febril, dores, amigdalite, tosse não produtiva (BRASIL6 1996).
2. 2. Infecções causadas por bactérias
2.2.1 – SÍFILIS
A sífilis é uma doença crônica, altamente contagiosa, de ocorrênciamundial cujas primeiras manifestações ocorreram no século XV, como um quadro epidêmico e maligno, mas seu agente etiológico foi somente descoberto em 1905.
O seu agente etiológico, o Treponema pallidum é uma bactéria de forma helicoidal, fina e flexível, que se locomove às custas da rotação e
flexão de seu corpo, sendo portanto, um espiroqueta dotado de 6 a 15
mm de comprimento e 0,1 a 0,2 mm de largura.
O homem é o único hospedeiro natural e exclusiva fonte de infecção.
A doença sexualmente transmitida incide na faixa de 20 a 35 anos. A
transmissão é feita pelo contato direto com lesões de pele, mucosas,
fluidos e secreções (seminais, vaginais, saliva e sangue) durante o
ato sexual e, mais raramente, pelo beijo, transfusão sanguínea e con
tato de ulcerações de pele das mãos com as placas mucosas. A incu
bação varia de 10 dias a 3 meses, usualmente 3 semanas.
A doença é sistêmica, mas as manifestações intrabucais são muito
frequentes. Presentes em lesões bucais (ÁLVAREZ LEITE1 1996).
As placas mucosas são altamente contagiantes, constituindo-se em
um sério problema de biossegurança.
Uma lesão prévia nas mãos ou um acidente pérfurocortante constitui
porta de entrada para alunos/profissionais.
Clinicamente, a evolução da doença ocorre em três fases: fase inicial
ou primária, fase secundária e fase terciária ou tardia.
A sífilis primária é caracterizada pelo aparecimento de lesão cutânea,
denominada cancro duro, no local da inoculação do microrganismo,
decorrido o período de incubação. Caso seja diagnosticada e tratada
19
neste momento, a lesão cicatriza espontaneamente após aproximada
mente dois meses.
Na cavidade oral, o cancro ocorre, mais frequentemente nos lábios e
na língua, porém, pode ser observado também nas amígdalas ou outras localizações. As gotículas de saliva
contaminadas com o
T. pallidum, bem como o exsudato das lesões, podem ser veículos
de transmissão do agente. Nesse contexto, é pertinente enfatizar
que outra possível localização extragenital da sífilis primária é os dedos, que, no caso pode ser decorrente da manipulação da lesão, durante o atendimento odontológico.
A sífilis terciária ocorre em pequena parcela dos pacientes infectados
e se manifesta sob a forma de reações lentas.
Na cavidade oral, a manifestação da sífilis terciária também pode ser
observada, de modo particular em nível de língua e palato.
O tratamento da sífilis tem como referencial a prescrição de antibióticos/quimioterápicos.
2.2.2 - TUBERCULOSE
A tuberculose é uma das mais antigas doenças da humanidade e foi
a causa do óbito de inúmeras pessoas, principalmente nos anos de
1823 e 1824. A distribuição é universal e apesar da atual diminuição
da mortalidade é um problema de saúde pública em vários países do
mundo.
A tuberculose é uma doença infecciosa, cujo agente etiológico é uma
micobactéria denominada Mycobacterium tuberculosis. A tuberculose
pulmonar é acompanhada por febre, fadiga, tosse, torocalgia, hemoptise e cavitação.
O bacilo de Koch, como também é conhecido é veiculado pessoa-pes
soa, quase exclusivamente por aerossóis, onde pode permanecer viá
vel por mais de seis semanas, penetrando no organismo por inalação.
Algumas partículas são aprisionadas no muco do aparelho respiratório e removidas, mas as menores chegam ao pulmão. Relativamente,
o ser humano é facilmente infectado – a concentração microbiana mínima à infecção do pulmão oscila em torno de 10 células.
Apesar do M. tuberculosis apresentar predileção pelos pulmões, o
20
que ocorre em 85% dos casos, o agente causador pode escapar do
pulmão e, disseminado pela corrente sanguínea pode causar doença
sistêmica, ao nível de pele, ossos, articulações, fígado, baço, rins, trato gastrointestinal, meninges, nódulos linfáticos e cavidade oral.
As regiões atingidas pela tuberculose oral envolvem, usualmente, a
língua, mandíbula, maxila, lábios, processos alveolares, gengiva e
mucosa jugal, podendo também atingir a região da faringe, amígdalas
e cavidade nasal.
Será um problema de biossegurança enquanto a doença existir. Este
se tornou maior ainda com a AIDS e a presença de formas multirresis
tentes nos pacientes. O bacilo é transmitido pela saliva, esputo e aerossóis. O aluno/profissional com deficiências imunitárias devem se
preocupar especialmente.
O tratamento odontológico eletivo deve se possível ser evitado em pa
cientes com a doença ativa.
Fora do hospedeiro sobrevive nas roupas por 45 dias, no esputo (escarro) em ambiente frio e escuro por 6 a 8 meses, na poeira por 90 a
120 dias, em carpetes por mais de 70 dias, em livros por 105 dias.
A minimização de aerossóis é absolutamente necessária.
Os acidentes ocorrem por inalação de aerossóis, inoculação parenteral, contato direto com mucosas e ingestão.
2.2.3 - LEGIONELOSE
Tem sido sugerida como agente contaminante da água de reservatórios e da tubulação dos equipamentos odontológicos, podendo causar a “doença dos legionários”, que se apresenta como uma forma
grave de pneumonia (ÁLVAREZ LEITE1 1996).
2.3. Infecções causadas por fungos
2.3.1 . CANDIDIASE BUCAL: caracteriza-se por manchas brancas, podendo
estar localizadas na língua, gengiva, palato duro, comissuras labiais e
bochechas, e ser disseminada pelo organismo. Verifica-se hoje um
au-
mento na presença de candidíase sistêmica em pacientes sob tratamento de imunodepressores, ou de antibióticoterapia prolongada, assim co21
mo em portadores de HIV (MARTINIANO e MARTINIANO28 1999).
3. Meios e riscos de contaminação
A prática odontológica oferece condições para o risco de infecção cruzada, que
são:
Estreito contato profissional-paciente;
Realização do trabalho diretamente na cavidade bucal, favorecendo o potencial de estímulo a sangramento;
Produção constante de aerossóis pelo uso de instrumentos rotatórios cortantes, dispersando um vasto número de microrganismos no ambiente e,
portanto, colocando toda a área de operação e a equipe como potencial
mente contaminadas;
Podemos classificar as vias de transmissão de microrganismos no atendimento a pacientes na Clínica Odontológica em três:
Contato direto com lesões infectadas, sangue ou saliva;
Transmissão indireta através de instrumentos e equipamentos contaminados;
Inalação ou absorção dos microrganismos veiculados através do ar, em de
corrência da produção de aerossóis contaminados de sangue e saliva infectados pela tosse, espirro e fala ou perdigotos de secreções nasofaringea nas (ALVAREZ LEITE1 1996; CHINELATO e SCHEIDT12 1993).
3.1. O risco dos aerossóis
O potencial de risco dos aerossóis produzidos em Consultórios/Clínicas Odontológicas já foi grandemente demonstrado.
Aerossóis: suspensão de micropartículas sólidas ou líquidas presentes
no ar atmosférico sob a forma de uma fina névoa, passíveis de permanecer
flutuando por longo período de tempo, com dimensões de 0,1 a 50 micrômetros.
Penetram no organismo através das vias aérea e ocular.
Podem ser produzidos principalmente pelos motores de alta e baixa
rotação, raspadores ultrassônicos e pelas seringas tríplices.
O M. tuberculosis já foi encontrado nos aerossóis odontológicos.
22
Micik e cols. conceituam o aerossol odontológico como sendo partículas menores que 50 micrômetros e partículas acima disto são denominadas
de espirros. As partículas menores que 50 micrômetros são as que representam maior risco, pois estas é que são capazes penetrar na árvore respiratória.
O aerossol em si não deve ser confundido com a névoa (spray), o gotejamento e o espirro. É constituido por partículas invisíveis, que são oriundas
das névoas produzidas.
A detecção do HIV nos aerossóis é muito pouco provável, já que sua
concentração no sangue é geralmente bem menor que a do HBV.
Os microrganismos podem ser introduzidos na peça de mão no tratamento de um paciente e infectar o próximo. Toda vez que retiramos o pé do
pedal de um aparelho de alta rotação há uma aspiração por alguns instantes
mesmo que o instrumento rotatório seja equipado com válvula anti-retração.
O CDCP (Centers for Disease Control and Prevention) e a ADA
(American Dental Association) sugerem que as linhas de água devem ser acio
nadas no início dos trabalhos para diminuir a contaminação que se acumulou
durante a noite e entre os pacientes para reduzir a contagem de microrganismos aspirados do paciente anterior.
Diminuindo a produção de aerossóis
Estratégias para diminuir o risco do aerossol em Consultórios/Clínicas Odonto
lógicas:
•
coloque o paciente na posição mais adequada.
•
nunca use a seringa tríplice na sua forma em névoa (spray) acionando
os dois botões simultaneamente.
•
regule a saída de água de refrigeração. O dente precisa de refrigeração
mas não há necessidade de exageros.
•
paramentação
•
use sempre que possível dique de borracha.
•
use sempre sugadores de alta potência.
•
O uso de colutórios anti microbianos antes do tratamento reduz a quantidade de microrganismos na cavidade bucal.
Ex. Clorexidina
23
Apesar do alto risco existente na prática odontológica em adquirir e/ou transmitir
doenças infecciosas, existem meios capazes de controlar a transmissão de
microrganismos patogênicos, através da adoção de medidas de controle de infecção,
tais como o uso de equipamentos de proteção individual e procedimentos de
desinfecção
e
esterilização
de
equipamentos
e
(ROSSETINI32 1984; SAMARANAYAKE et al.33 1995;
instrumentais
utilizados
COTTONE et al.13 1996;
CDC10 1998).
4. Controle da Infecção Cruzada na Prática Odontológica
Não existem dúvidas que a infecção cruzada acontece a partir dos procedimentos odontógicos. A exata magnitude da Infecção Cruzada na Odontologia é improvável de se conhecer precisamente.
4. 1. Mecanismo de Infecção Cruzada
Para compreender o mecanismo da Infecção Cruzada vamos sugerir uma
situação hipotética:
“O paciente sentou-se na cadeira odontológica, o instrumental esterilizado foi
disposto adequadamente e o aluno/profissional lavou criteriosamente as mãos.
Porém, num dado momento o refletor precisa ser melhor posicionado, a cadeira
abaixada, novo instrumento precisa ser retirado da gaveta, as seringas de ar e
água são manipuladas, as peças de alta e baixa rotação são tocadas.”
Tudo o que for tocado pelo aluno ou pelo profissional torna-se teóricamente
contaminado. Além disso, todas as superfícies da sala ficam contaminadas por
aerossóis produzidos pela peça de mão, seringas de ar e água.
Existem três nichos ou reservatórios que favorecem a Infecção Cruzada na
Clínica ou no Consultório:
24
1. Instrumental
2. Mãos
3. Superfícies contaminadas
Todos os pacientes devem ser considerados potencialmente infectantes pelo
fato de não poderem ser identificados, mesmo com um bom levantamento da
história médica e a realização de criterioso exame físico e de testes laboratoriais.
Todo paciente deve ser atendido como se fosse portador de uma doença
contagiosa.
Levando-se em consideração isso tudo, o CDC-EUA
(Center for Disease
Control and Prevention) recomenda que se tomem precauções contra a
contaminação por sangue ou outros fluidos corporais de forma consistente no
atendimento de TODOS OS PACIENTES. Isso ficou conhecido como
“precauções universais.”
Realizar CI (Controle de Infecção) é uma necessidade moral e legal, que torna
a razão do trabalho verdadeira e valoriza o profissional da
Saúde e a profissão, perante o paciente e a sociedade. Embora a realização do
CI tenha um certo custo, vidas não tem preço.
4. 2 Estruturação do conhecimento para a realização do CI
Todos devem estar conscientes das variáveis que levam à contaminação e à infecção:
4.2.1 A presença de fontes de microrganismos
4.2.2 As formas de contaminação
4.2.3 Patogenicidade
4.2.1 A PRESENÇA DE FONTES DE MICROGANISMOS
A maior concentração de microrganismos na Clínica/Consultório Odon
tológico encontra-se na boca do paciente. Quanto maior a manipula ção de sangue, visível ou não, maior é a sua chance de contrair doen
ça infecciosa. Ao utilizarmos instrumentos rotatórios, jatos de ar, ar/
água, ar/água/bicarbonato e ultra-som, a contaminação gerada
em
até 1,5 m de distância é muito grande.
Peças de mão e borrachas contaminadas, a água que supre o abaste25
cimento de Saúde, o sabonete em barra, a toalha de pano, a torneira
não automática, as soluções de limpeza, podem ser fortes veículos de
microrganismos.
Nossas mãos, uma vez contaminadas de saliva e/ou sangue,
são os maiores veículos de contaminação de superfícies.
4.2.2 FORMAS DE CONTAMINAÇÃO
a. direta: ocorre pelo contato direto entre o portador e o hospedeiro.
Ex. Hepatites virais, HIV.
b. Indireta: ocorre quando o hospedeiro entra em contato com uma
superfície ou substância contaminada. Ex. Hepatite B, Herpes
simples.
c. À distância: através do ar, o hospedeiro entra em contato com o
microrganismo. Ex.Tuberculose, Sarampo e Varicela.
4.2.3 PATOGENICIDADE
Expressa a possibilidade de uma contaminação gerar uma infecção.
Patogenici dade =
número _ de _ microrgani smos _ x _ virulência
Re sistência _ do _ hospedeiro
Uma vez ocorrida a contaminação, a possibilidade de ocorrer a infecção é
diretamente proporcional ao número de
microrganismos contaminantes
vezes a virulência deles e é inversamente proporcional à resistência do
hospedeiro. A virulência é definida como o conjunto de recursos que os
microrganismos possuem para causar dano ao hospedeiro, instalando-se,
sobrevivendo e, finalmente multiplicando-se. Resumindo, para que ocorra
uma infecção é necessário que haja uma fonte de microrganismos, um
26
contágio através de uma das três formas, por um microrganismo de
determinada virulência, em um hospedeiro com maior ou menor
resistência.
5. Implantando o Programa de Controle de Infecção (CI)
5. 1 Medidas de Precaução-Padrão
É um conjunto de medidas de controle de infecção adotadas
universalmente como forma eficaz de redução de risco e de transmissão de agentes
infecciosos nos serviços de saúde. Essas precauções foram criadas para reduzir o
risco de transmissão de patógenos através de sangue e fluidos corporais.
O controle de infecção na prática odontológica obedece a 4 princípios
básicos:
Princípio 1
- Os profissionais e os alunos devem tomar medidas para proteger a
saúde;
Princípio 2 - Os profissionais e os alunos devem evitar contato direto com matéria
orgânica;
Princípio 3
- Os profissionais e os alunos devem
limitar a propagação de
microrganismos;
Princípio 4
- Os profissionais e os alunos devem tornar seguro o uso de artigos,
peças anatômicas e superfícies.
5. 2. Proteção Pessoal
5. 2. 1 Avaliação do paciente – história médica - anamnese
A anamnese deve ser obtida, revista e atualizada nas sessões
subsequentes e poderá fornecer dados para que a frente de acidentes, possa decidir
pela conduta terapêutica a ser tomada, pois pode identificar um paciente como sendo
portador de agentes patogênicos, por ter sofrido ou sofrer condições de risco como
por exemplo: transfusões sanguíneas, ser usuário de drogas e outros (OTTONI30
1991; GUANDALINI et al. 21 1998).
5. 2. 2 Imunização
A Secretaria da Saúde recomenda que todos os componentes da equipe
odontológica, que não tenham contraído ou que não tenham sido imunizados contra
27
as seguintes doenças: tétano, difteria, rubéola, sarampo, hepatite B, tuberculose,
sejam vacinados, antes de iniciar a prática odontológica (SÃO PAULO37 1998).
Vacinação contra tétano e difteria
Está indicada para os profissionais e alunos que não foram vacinados ante riormente
e para aqueles nos quais a última dose tenha sido aplicada há mais de 10 anos. A
vacina dupla adulto (difteria e tétano) deve ser feita com um intervalo de um a dois
meses entre a primeira e a segunda dose e de seis meses a um ano entre a segunda
e terceira dose (BALDY4 1997).
Vacinação contra a rubéola
Está indicada para as profissionais e alunas (sexo feminino) que não
tiveram a
doença e/ou apresentam teste sorológico negativo. Hoje se recomenda uma segunda
dose da vacina contra a rubéola às pessoas que receberam a primeira dose na
infância (BALDY4 1997).
Vacinação contra a hepatite B
São recomendadas as três doses da vacina contra a hepatite B, cujos intervalos após
a primeira dose deverão ser de um a seis meses. Pessoas que tenham interrompido
o esquema vacinal após a primeira dose deverão realizar a segunda dose logo que
possível e a terceira dose deverá ser indicada com um intervalo de pelo menos dois
meses da dose anterior. Caso haja interrupção após a segunda dose, a terceira
deverá ser administrada imediatamente (BRASIL7 1999; CDC10 1998).
5. 2. 3. Higienização das mãos
A lavagem das mãos com freqüência é um importante meio de proteção
pessoal e de prevenção de doenças, embora se estime que apenas 40% dos
profissionais o façam rotineiramente (CEDROS11 1993).
A lavagem básica das mãos é uma norma preconizada no pré e no pósatendimento de cada paciente, antes da colocação de luvas e depois de sua remoção
e sempre que se verificar ruptura na integridade das luvas de látex, de modo que
todas as áreas das mãos sejam consistentemente limpas (SAMARANAYAKE et al.33
1995; COTTONE13 1996; TEIXEIRA e SANTOS41
28
1999).
A pele é densamente povoada por microrganismos. A flora habitante é
classificada em:
Transitória: presente na superfície da pele, facilmente removível com adequada
lavagem das mãos. Trata-se de uma flora patogênica composta principalmente por
bactérias Gram negativas e estafilococos.
Residente: presente nas camadas mais internas da pele e derme, exigindo uso de
escovação associada a substâncias químicas para remoção. É composta por
bactérias Gram positivas e é considerada patogênica em procedimentos cirúrgicos e
nos pacientes imunodeficientes.
LAVAGEM PRÉVIA A PROCEDIMENTOS DE ROTINA (NÃO-CIRÚRGICOS) DEVE
SER FEITA DA SEGUINTE FORMA:
1. Retire anéis, relógios e pulseiras;
2. Ensaboe as mãos e a metade dos antebraços por, no mínimo 10
segundos. O sabão deve ser líquido, hipoalergênico, Clorex 4%,
PVPI degermante;
3. Enxágüe em abundante água corrente;
4. Seque, preferencialmente com toalhas de papel;
5. Feche a torneira com acionador de pedal ou, se não disponível, com
toalha de papel ou ajuda de um auxiliar. Nunca toque a torneira depois
de haver lavado as mãos.
LAVAGEM DE MÃOS PREVIAMENTE À REALIZAÇÃO DE PROCEDIMEN
TOS CIRÚRGICOS:
1. Retirar anéis, relógio e pulseiras;
2. Use sabão antisséptico e escova;
3. Escove, nessa ordem: unhas, dedos, palma e dorso das mãos e
antebraços, até o cotovelo;
4. Enxágüe em abundante água corrente;
29
5. Seque com compressas estéreis;
6. Calce as luvas assepticamente.
5. 2. 4 Evitar acidentes
As agulhas devem ser descartáveis, não devem ser entortadas ou
reencampadas após o uso, evitando a punção acidental. As brocas devem ser
retiradas das pontas, logo após o uso.
Não reencapar instrumentos
pérfurocortantes com as mãos desprotegidas, usar sempre um instrumento
auxiliar e uma superfície fixa como apoio.
5. 2. 5 Uso de equipamentos de proteção individual.
Uso de barreiras protetoras:
- luvas
- máscara
- gorro
- óculos de proteção
- avental
Uso de equipamento de proteção individual é extremamente
eficiente na redução do contato com sangue e secreções orgânicas, sendo
obrigatório durante o atendimento odontológico:
LUVAS
As luvas devem ser usadas para prevenir contato da pele das mãos e antebraços
com sangue, secreções ou mucosas, durante a prestação de cuidados e para
manipular instrumentos e superfícies. Deve ser usado um par de luvas exclusivo
para cada paciente, descartando-as após o atendimento. O mercado dispõe de
diversos tipos de luvas, segundo as finalidades de uso:
Luvas descartáveis de vinil: não oferecem boa adaptação e servem
para a realização de procedimentos como exame clínico, remoção
de sutura e como sobreluva.
Luvas descartáveis de látex: oferecem boa adaptação, e são usadas
em procedimentos clínicos de dentística, prótese, periodontia, etc.Pa
30
ra procedimentos em prótese o acabamento de pequenas peças em
resina e metais exige luvas bem adaptadas nas mãos, sob pena das
brocas, drilas ou pedras para acabamento e/ou polimento, se enroscarem nas luvas e lançarem as peças no piso da Clínica. Devido a
isso, todo cuidado deve ser tomado na seleção do tamanho de luva
adequado.Se durante o desgaste dessas peças a luva for perfurada,
a mesma deve ser substituida imediatamente.
Luvas cirúrgicas estéreis descartáveis:confeccionadas com látex de
melhor qualidade, oferecem melhor adaptabilidade e seu uso é indicado em procedimentos cirúrgicos.
Luvas para limpeza geral: são de borracha grossa, utilizadas para
serviços de limpeza e descontaminação de instrumentos, equipa
mentos e superfícies e reutilizáveis, se não estiverem furadas ou
rasgadas. Devem ser descontaminadas após o uso e guardadas em
saco plástico, separadamente.
Um fato importante relacionado ao uso de luvas, diz respeito ao tempo de utilização
das mesmas, não sendo recomendado o uso de um mesmo par por mais de 1 hora,
pois além de aumentar as chances de perfurações, perdem a capacidade de manter a impermeabilidade e provoca irritação na pele pela
sudorese e pela multiplicação bacteriana sob as luvas (COTTONE et al.13 1996;
GUIMARÃES Jr22 2000).
IMPORTANTE
Enquanto estiver de luvas não manipular objetos fora do campo de tra
balho – canetas, fichas de pacientes, maçanetas, telefone;
Retirar as luvas imediatamente após o término do tratamento do pacien
te;
Lavar as mãos assim que retirar as luvas;
As luvas não protegem de perfurações de agulhas, porém está compro
vado que as luvas podem diminuir a penetração de sangue em até
50% de seu volume;
31
Uso de 2 pares de luvas é formalmente indicado em procedimentos ci rúrgicos de longa duração ou com sangramento profuso, conferindo
proteção adicional contra a contaminação.
MÁSCARA
A máscara constitui-se na maior medida de proteção das vias aéreas superiores
contra microrganismos presentes nas partículas de aerossóis produzidas durante os
procedimentos clínicos ou durante um acesso de tosse,
(GUANDALINI et al.
21
espirro ou fala
1998).
O uso adequado da máscara facial deve atender os seguintes princípios:
prover conforto e boa adaptação;
não tocar lábios e narinas;
não irritar a pele;
permitir respiração normal;
não embaçar o protetor ocular;
não permanecer pendurada no pescoço;
descartá-la após o uso.
A efetividade da máscara depende da adaptação à face e da habilidade de filtrar
micropartículas contaminadas,
sendo considerada eficiente
quando apresenta
um mínimo de filtração de 95% a 98% das partículas de aproximadamente 3,0 a
5,0 micras de diâmetro (SAMARANAYAKE et al.33 1995; COTTONE et al.13 1996;
MILLER e PALENIK29 1998).
O uso da máscara é recomendado em todos os procedimentos (SÃO PAULO34
1995a; SÃO PAULO38 1999), sendo indicada sua troca quando essa se apresentar
úmida e após o atendimento do paciente (COTTONE et al.13 1996; GUANDALINI et
al.21 1998).
As máscaras são confeccionadas com diferentes tipos de materiais e cada material
apresenta uma capacidade de filtração diferente, sendo que as máscaras
confeccionadas com fibra de vidro ou fibra sintética foram consideradas mais
eficientes na filtragem de bactérias do que as de tecido ou papel (ALVAREZ LEITE1
1996; GUANDALINI et al.21 1998), especialmente quando se trabalha em ambientes
com potenciais pacientes de Tuberculose.
32
ÓCULOS DE PROTEÇÃO
Os protetores oculares ou óculos de proteção devem ser usados para todos os
procedimentos que envolvam produção de aerossóis, pois impedem a penetração
de resíduos e a contaminação dos olhos
(SAMARANAYAKE
et al.33 1995;
LORENZI27 1997; SÃO PAULO37 1998; SÃO PAULO38 1999). O protetor ocular
deve ser também fornecido aos pacientes sempre que os procedimentos a serem
realizados possam trazer risco a integridade ocular do paciente (COTTONE et
al.13 1996; LORENZI27 1997; GUANDALINI et
al.21 1998).
Após o atendimento clínico do paciente, o protetor ocular deverá ser lavado com
sabão germicida ou soluções antissépticas, posteriormente sofrer um enxágüe com
água corrente e seco com toalhas descartáveis e se
esterilizado (COTTONE et al.
13
possível
10
1996; CDC 1998).
Os protetores oculares com abas laterais e com vedação periférica são mais
efetivos que os óculos, pois esses, não oferecem proteção completa nos
procedimentos odontológicos sujeitos a ferimentos e produção de aerossol.
As
infecções herpéticas oculares são o maior risco quando do não uso desse
equipamento (MILLER e PALENIK29 1998).
AVENTAL
O avental deve ser usado sempre. A roupa branca não o substitui.
O avental deve ter colarinho alto e mangas longas e comprimento de ¾ e deverão
ser confeccionados com material a prova de líquido (ALVAREZ LEITE1
1996;
GUANDALINI et al.21 1998). Na prática da nossa Clínica
Odontológica, só devem ser retirados após a lavagem do instrumental, permi
tindo assim, a proteção da pele.
GORRO
Protege contra gotículas de saliva, aerossóis e sangue contaminados.
33
O uso de gorros é recomendado para prevenir infecção cruzada oriunda dos cabelos
expostos ao aerossol contaminado decorrente do acionamento de instrumentos
rotatórios e de procedimentos cirúrgicos (SÃO PAULO34 1995a
SÃO PAULO38 1999).
O gorro deve ser de material descartável e com troca realizada a cada paciente.
5. 3. Preparação do ambiente
5. 3. 1 Descontaminação de superfícies
5.3. 2 Cobertura de superfícies passíveis de contaminação
Considerando-se
que um grande número de superfícies operatórias
podem ser respingados por sangue, saliva e outras secreções, torna-se claro
que o uso de desinfetantes constitui uma das principais etapas de assepsia
efetiva.
A limpeza e desinfecção das superfícies operatórias fixas e partes
expostas do equipo reduz significativamente a contaminação cruzada ambiental.
O hipoclorito de sódio a 1%, iodóforos e fenóis sintéticos são os melhores
produtos a serem utilizados na etapa de desinfecção. A solução de hipoclorito
de sódio à 1% não deve ser aplicada sobre superfícies metálicas e mármores:
ela apresenta ação corrosiva sobre metais e ação descolorante sobre o
mármore.
Ademais, devido ao seu baixo custo, é recomendável usar o
hipoclorito de sódio em todas as superfícies não-metálicas. Já o fenol sintético
causa despigmentação irreversível da pele, e portanto, deve ser utilizado com
cuidado. O que aplicar então? - Utilizar Álcool 70% em três aplicações em
um único sentido após cada atendimento.
É importante lembrar que desinfetantes de imersão,
como o
glutaraldeído, não devem ser utilizados como desinfetantes de superfícies,
devido as suas características
de toxicidade, e o seu alto custo para esta
aplicação.
Todas as superfícies que são passíveis de contaminação e, ao mesmo
tempo, de difícil descontaminação, devem ser cobertas. Exemplos:
- Alças e interruptor de refletor;
- Tubo, alça e disparador do Raio-X;
- Filme radiográfico;
34
- Pontas de alta e baixa rotação;
- Seringa tríplice;
- Haste da mesa auxiliar;
- Ponta do fotoativador;
- Ponta da mangueira do sugador;
- Ponta do aparelho ultrassônico.
A cobertura deve ser de material impermeável e descartada após o atendimento
de cada paciente, podendo ser usada folhas de alumínio (estéreis em
procedimentos cirúrgicos), capas plásticas e filmes plásticos de PVC.
O uso adequado das coberturas depende dos seguintes passos:
- Colocação de cobertura limpa, preferencialmente com luvas;
- Após o uso, remoção da cobertura utilizada, com luvas grossas de
borracha;
- Repetição desse processo após cada atendimento.
As pontas (alta e baixa rotação e seringa tríplice) devem ser limpas com água e
sabão, antes da esterilização.
Seqüência:
1. Permitir escoar toda a água de refluxo que fica aprisionado no sistema das pontas. Manter a ponta funcionando com água abundante em direção
a unidade auxiliar por 30 segundos
2. Lavar com água e sabão, secar e desinfetar.
3. Lubrificar
4. Fazer funcionar para que o lubrificante penetre em todo o sistema.
5. Esterilizar (sempre que possível para procedimento cirúrgico).
Caso
não seja possível, esterilizar e encapar com PVC.
A esterilização ou desinfecção deve ser realizada após o atendimento de cada
paciente.
Recomenda-se que o mesmo seja feito com o espaldar da cadeira, mesa auxiliar
e todas as superfícies com as quais o profissional mantenha contato. Nessas
superfícies o filme de PVC também deverá ser trocado a cada paciente.
35
Para desinfecção de bancadas, móveis e equipamentos com superfícies não
metálicas, é adequada a fricção com álcool etílico a 70%, com tempo de
exposição de 10 minutos
(3 aplicações)
conforme descrito na norma
“Processamento de artigos e superfícies em estabelecimentos de saúde,”
MS/94.
Quanto à limpeza de paredes e pisos, recomenda-se o uso de água e sabão.
Os antissépticos bucais são utilizados através de bochechos e/ou aplicação
tópica, e não devem ser irritantes, tóxicos, alergizantes, produzir lêsões
celulares,
interferir na defesa do organismo ou prejudicar reparação ou
cicatrização, além de ter rápido início de ação e boa penetração nos tecidos.
O número de microrganismos viáveis na cavidade bucal após a antissepsia é
diminuído em 99% na região cervical dos dentes e, em 96% nos aerossóis e
gotículas decorrentes da utilização de pontas. Portanto, devem
ser utilizados como rotina e para todos os pacientes, não só para os que serão
submetidos a cirurgia.
OBS. - GERENCIAMENTO DE SUPERFICIE
As
partículas
produzidas
permanecem viáveis no ambiente.
pelo
uso
de
equipamentos
rotatórios
Além disso, há relatos a respeito da
sobrevivência de microrganismos sobre superfícies, mostrando que uma grande
variedade deles consegue sobreviver durante um tempo prolongado em diversos
materiais de uso rotineiro em Odontologia, tais como fichas clínicas, peças de
mão, papel e descartáveis como gazes e luvas, e ainda sobre a pele.
Antes de cada atendimento deve-se desinfetar as peças de mão, as
seringas de ar/água, o refletor e os comandos, as bandejas de instrumentos e
superfícies, os suportes das peças de mão e seringas, os braços e alavancas da
36
cadeira, o suporte da cabeça, as torneiras do laboratório, as superfícies dos
armários e puxadores das gavetas, as cuspideiras, etc.
Papel impermeável, folha de alumínio ou plástico devem ser usados para
proteger superfícies que são difíceis de limpar ou desinfetar e, que podem ser
contaminados com sangue ou saliva durante o uso.
No intervalo entre o atendimento de dois pacientes, essas coberturas de
proteção devem ser removidas
(com o
profissional/aluno ainda enluvado),
descartadas, e novas coberturas devem ser colocadas. As barreiras garantemnos segurança.
5. 3. 3 Antissepsia prévia da boca do paciente
Para a profilaxia das infecções, utilizamos os antissepticos sempre antes
de qualquer procedimento como incisões, injeções, punções, raspagens,
polimentos, moldagens.
São considerados antissépticos bucais: a clorexidina 0,12%, os iodóforos (PVPI tópico).
5. 3. 4 Cuidados com o instrumental
Verifica-se pela literatura que a forma de se tratar os artigos
odontológicos dependerá de sua utilização, sendo considerados como: críticos,
semicríticos e não críticos. Visando primar por mais segurança na Clínica da
FOP, o tratamento dos instrumentais sempre será da maneira mais rigorosa ou
melhor, críticos e semi-críticos.
Artigos críticos: são todos aqueles que penetram nos tecidos subepiteliais, no
sistema vascular e em outros órgãos isentos de microbiota
própria, bem como
todos que estejam diretamente conectados com eles. Esses artigos devem estar
obrigatoriamente estéreis ao serem utilizados.
Ex: instrumentos, agulhas, brocas, bisturis, seringas, etc.
37
Artigos semicríticos: são todos aqueles que tocam membrana mucosa íntegra.
Esses artigos também devem estar
estéreis ou o mais possível
livre de
microrganismos – desinfecção. Ex: Espelho bucal, sonda exploratória,
afastadores fotográficos, suporte de lençol de borracha, etc.
Artigos não-críticos: são todos os que entram em contato apenas com pele
íntegra e/ou não entram em contato direto com o paciente. Esses artigos devem
estar isentos de agentes de doenças infecciosas transmissí veis (desinfecção).
Ex: mobiliário, cadeira, telefone, sanitários, etc.
As mais recentes recomendações são de que todos os artigos
reutilizáveis, críticos, semicríticos ou não críticos, devem ser esterilizados,
desde que possível (BRASIL5 1994) pois todos os artigos odontoló
gicos apresentam-se de alguma forma contaminados através dos aerossóis e/ou do contato das mãos (CDC10 1998).
5. 3. 4. 1 IMERSÃO
O objetivo desta etapa é a diminuição da carga biológica com
a
remoção das sujeiras e resíduos orgânicos pelo contato com água e sabão ou
detergentes.
Atualmente, os detergentes desincrostantes enzimáticos tem-se
destacado na limpeza dos instrumentais cirúrgicos.
identificar, dissolver e digerir sujeiras específicas.
Essas enzimas podem
Após a diluição, deve-se
deixar o instrumental totalmente imerso na solução por 15 minutos; depois,
enxaguar copiosamente com água, dispensando a limpeza mecânica. Podem-se
usar, também, os limpadores ultrassônicos. Seguir rigorosamente as instruções
do fabricante, particularmente no que diz respeito à diluição e tempo de ação.
5.3.4.2 LIMPEZA
É o processo de remoção de sujeiras e é universalmente recomendada
antes de quaisquer procedimentos de desinfecção ou de esterilização de todos
os instrumentos, superfícies e equipamentos; qualquer falha nesta atividade,
38
incorre em falha no processo de desinfecção e esterilização, pois sujeira e
gordura atuam como fatores de proteção para os microrganismos, impedindo o
contato do agente esterilizante.
(APECIH3 1998).
São duas as formas de limpeza:
1. Limpeza manual: é realizada com água, sabão/detergente e ação mecânica
que consiste na fricção dos artigos e superfícies com escovas, panos, dentre
outros. Deve ser realizada com muita atenção, para evitar ferimentos nas
mãos em decorrência da manipulação de artigos pérfurocortantes.
2. Limpeza mecânica (automática): é executada principalmente
através do uso de ultrassom, onde a chance de ferimento é bastante diminuida (ALVAREZ LEITE1 1996; GUANDALINI et al.21
1998).
Durante a limpeza dos instrumentos, visando a redução de riscos
ocupacionais, recomenda-se o uso de aventais impermeáveis, luvas de limpeza,
óculos de proteção e máscaras.
Portanto, antes da esterilização ou desinfecção, os instrumentos
devem ser limpos vigorosamente para a retirada da sujeira e do material
orgânico. O aluno ou o profissional deve decidir os objetos a serem utilizados
durante o atendimento e determinar:
. aqueles que podem ser apenas cobertos por invólucros,
. aqueles que podem ser esterilizados,
. e aqueles que podem ser desinfetados.
5. 3. 4. 3 ENXÁGUE
O enxágüe deve ser realizado posteriormente a limpeza e/ou
descontaminação, com água potável e corrente (BRASIL51994; SÃO PAULO
35
1995b; BRASIL8 2000).
39
5. 3. 4. 4 SECAGEM
A secagem dos artigos tem como objetivos reduzir as chances de
corrosão e evitar a ação da umidade nos processos e produtos utilizados para
esterilização. O processo de secagem pode ser conseguido através de um pano
limpo e seco; secadora de ar quente ou frio; estufa regulada a 50°C e ar
comprimido medicinal (BRASIL5 1994; GUANDALINI et al.21 1998; BRASIL8
2000). A secagem por ação da gravidade também é indicada (SÃO PAULO36
1995c), mas ocasiona manchamento nos instrumentos metálicos.
5. 3. 4. 5 EMPACOTAMENTO
Após a limpeza e a secagem do instrumental, este deve ser
empacotado para posterior esterilização.
5. 3. 4. 6 DESINFECÇÃO
O processo de desinfecção é menos letal aos microrganismos
patogênicos que o processo de esterilização, podendo o primeiro processo ser
definido como um processo que leva a destruição dos microrganismos
patogênicos com exceção dos esporos bacterianos.
Os desinfetantes são classificados em baixo, intermediário e alto
nível segundo sua eficácia contra bactérias na forma vegetativa, bacilo da
tuberculose, esporos de fungos, vírus hidrofílicos e lipofílicos e endósporos
bacterianos (CEDROS11 1993; GUANDALINI et al.21 1998).
Como exemplos de desinfetantes mais comuns utilizados em
Odontologia podemos citar o GLUTARALDEIDO À 2%, classificado como um
DESINFETANTE DE ALTA EFICÁCIA, quando os artigos são imersos por um
período de 30 minutos, e como ESTERILIZANTE QUÍMICO se os artigos
permanecerem imersos durante 10 horas. É frequentemente utilizado como um
40
desinfetante de alto nível para os materiais sensíveis ao calor (CEDROS11 1993;
SAMARANAYAKE et al.33 1995).
Na Norma técnica de Artigos e Superfícies em estabelecimentos de
saúde, o ÁLCOOL é indicado como desinfetante de nível intermediário para
artigos e superfícies. São recomendadas 3 aplicações, da maneira como se
segue: friccionar o álcool etílico 70% embebido em gaze, esperar secar e repetir
3 vezes o procedimento, totalizando um tempo de exposição de 10 minutos
(BRASIL5 1994).
6. 3. 4. 7 ESTERILIZAÇÃO DOS ARTIGOS
“NÃO DESINFETAR QUANDO SE PODE ESTERILIZAR.
ESTERILIZAR É A MELHOR CONDUTA.”
41
MÉTODO
TEMPERATURA
TEMPO
_________________________________________________________
Autoclave:
- por gravidade
121ºC (1atm)
20 min
- por alto-vácuo
132ºC (2atm)
04 mim
Estufa
160ºC
120 min
170ºC
60 min
Imersão em Glutaraldeído a 2% _____________10 horas
ESTERILIZAÇÃO: é o processo que promove completa elimi
nação ou destruição de todas as formas de microrganismos
presentes. O processo de esterilização de artigos é um dos
métodos mais eficientes de controle de infecção e o seu uso
deve ser recomendado na rotina odontológica.
Processo de esterilização indicado para materiais e instrumental odontológicos
MATERIAL
Brocas
TIPO DE MATERIAL
PROCESSO
aço, carbide, tungstênio
Autoclave ou Estufa
Instrumental de Endodontia
aço inox e outros
Autoclave ou Estufa
Moldeiras resistentes ao calor
alumínio ou inox
Autoclave ou Estufa
Moldeiras não resistentes ao calor
Instrumental
Bandejas ou Caixas
Discos e Brocas de Polimento
Placas e Potes
cera ou plástico
Agentes Químicos
aço
Autoclave ou Estufa
metal
Autoclave ou Estufa
borracha
Agente Químico
Pedra
Autoclave, Estufa
Vidro
Autoclave ou Estufa
As bandejas também necessitam ser submetidas à esterilização,
devendo ser trocadas a cada paciente atendido.
Após a esterilização, o instrumental não deve ser manipulado, e a sua
transferência para as bandejas deve ser feita por meio de pinças, também
42
esterilizadas.
Quando
uma caixa é aberta, não se pode mais assegurar a
esterilidade do instrumental que ela contém.
5. 3. 4. 8 ARMAZENAMENTO
Os artigos esterilizados devem ser armazenados em condições
adequadas, evitando-se a sua contaminação.
O Ministério da Saúde em sua última publicação destinada a classe
odontológica indica que quando o material é estocado em local limpo, protegido do
meio externo, sua esterilidade é preservada por sete dias, ultrapassado esse período,
o instrumental deverá ser submetido novamente a todas as etapas de tratamento
(BRASIL8 2000).
5. 3. 5 Cuidados com os moldes e modelos
Para evitar que material contaminado seja enviado ao Laboratório de
Prótese, recomenda-se a sua prévia lavagem e descontaminação na Clínica.
Após a realização de moldagens, e antes de enviá-las ao Laboratório ou
vazar o gesso, é necessário descontaminar a peça para remover salina, sangue e
outros detritos e em seguida, usar substâncias desinfetantes.
Os desinfetantes indicados são: hipoclorito de sódio a 1% e glutaraldeído
a 2%. Os métodos de aplicação podem ser por aspersão ou por imersão.
Para a
desinfecção, siga os seguintes passos:
1 - Lave abundantemente o molde com água para retirar toda a secreção
ou resíduos presentes.
2 - Aplique o desinfetante por imersão (Glutaraldeído a 2% por 30 min,
pois o gesso não sofre alterações), exceto para o alginato.
3
- Mantenha-o assim por 30 minutos, lave e realize os procedimentos
necessários para confecção do modelo.
Os moldes em alginato não podem ser desinfetados antes de se
vazar o gesso pois altera as propriedades do material, por isso a desinfecção
deve ser feita no modelo de gesso.
43
As siliconas de adição devem ser desinfetadas após 30 minutos,
para a possível eliminação do hidrogênio residual. Após esse período de tempo,
desinfeta-se e vaza-se o gesso no molde.
As siliconas
de condensação quando o fabricante não recomenda
aguardar um determinado período de tempo, procede-se como para o alginato, se for
recomendado aguardar um tempo antes de se vazar o molde procede-se como para a
silicona de adição.
Sobre as moldagens e moldes:
MOLDES: dependem do material, portanto lavar abundantemente para retirar
toda a secreção ou os resíduos presentes e depois vazar o gesso.
MODELOS: imergir em glutaraldeído a 2% por 30 min pois o gesso não sofre
alterações e isto estará reduzindo em muito as chances de Infecção Cruzada ao Técnico de Laboratório (Protético).
Apesar do Ministério da Saúde recomendar a desinfecção de materiais odontológicos utilizados para moldagm das arcadas dentárias e até de
gesso para a obtenção de modelos, é importante ressalvar que não são encontradas na literatura pesquisas que objetivem estudar alterações nas propriedades físico-químicas destes materiais e fundamentalmente as relacionadas com
a perda ou diminuição nas propriedades relacionadas à fidelidade de reprodução (modificações dimensionais), provocados por substâncias desinfetantes,
tais como: o hipoclorito de sódio, glutaraldeído, clorexidina, iodóforo e outras.
O quadro seguinte sugere condutas para os diversos materiais de
moldagem e modelos. Procedimentos indicados para desinfecção de materiais de moldagem e modelos.
MATERIAL
DESINFETANTE
TÉCNICA
Glutaraldeido
Siliconas
Ácido a 2%
10 minutos
Imersão
Glutaraldeído
Mercaptanas
Ácido a 2%
10 minutos
Imersão
Glutaraldeído
Polisulfetos
Ácido a 2%
10 minutos
Imersão
Hipoclorito de
Poliéster
Sódio a 1%
Iodóforos; e
TEMPO
10 minutos
Imersão
Não mais que
44
Alginatos
Hipoclorito de
Aspersão ou
Sódio a 1%
10 minutos
Imersão
Glutaraldeído
a 2%
Gesso
Imersão
30 minutos
Imersão
30 minutos
Hipoclorito de Sódio a 1% ou
Cones de Guta-percha
Prótese fixa:
Metal/porcelana
Clorexidina gel a 2%
Glutaraldeído
a 2%
Hidrocolóide
Iodóforos;
Hipoclorito
de
Reversível
Sódio a 1% e Glutaraldeído
Imersão
10 minutos
Imersão
Não mais que
10 minutos
Ácido a 2%, 1:4
Prótese removível
Hipoclorito de Sódio a 1:10
Não mais que
Imersão
Metal/Acrílico
Prótese removível
Hipoclorito de
total
Sódio a 1:10
Pasta OZE
Sódio a 1:10; e
Imersão
10 minutos
10 minutos
Hipoclorito de
Gluta alcalino 2%
Registros em cera
Iodóforo
Imersão
10 minutos
Deixar úmido por
Lavar-borrifar-
10”após 2a.borrifar
Lavar-borrifar
5. 3. 6 Cuidados com a manipulação de materiais de biópsia e dentes
1. MATERIAL DE BIÓPSIA – PRECAUÇÕES
Para transportar a peça usar recipiente de paredes duras, inquebrável,
envolvido em um saco impermeável e resistente de cor branco leitoso; fechar e lacrar
o recipiente; cuidado para não contaminar a parte externa do recipiente.
2. DENTES PARA ESTUDO
Antes de serem manipulados, devem sofrer descontaminção com imersão
em uma das seguintes soluções: detergentes e Glutaraldeído a 2% ou Hipoclorito a
1% por 30 minutos. Depois de descontaminados, devem ser limpos e esterilizados em
autoclave.
3. DENTES EXTRAIDOS
Usar luvas ao manipular dentes extraídos e descartá-los junto com o lixo
sólido contaminado.
45
5. 3. 7 Cuidados com a manipulação do lixo
Descarte do lixo e de resíduos da Clínica
O lixo contaminado da Clínica deve ser separado e acondicionado em
sacos plásticos brancos e recolhido pelo serviço público especializado, que o
encaminhará à incineração.
Objetos pérfuro-cortantes devem ser descartados imediatamente após o
uso em recipientes estanques, rígidos e com tampa e com o símbolo de infectante, de
acordo com a NBR 7500 da ABNT ( Associação Brasileira de Normas Técnicas) e com
a transcrição das expressões
INFECTANTE e MATERIAL PÉRFUROCORTANTE.
Após o fechamento desse coletor de material
pérfuro-cortante, ele deve ser colocado em saco plástico branco
leitoso, pa-
dronizado (ABNT - NBR 9190 e NBR 9191 de 1993).
Nesse saco, deve constar o símbolo de material infectante. Em seguida, o
saco deve permanecer em local apropriado, aguardando a coleta especial.
5. 3. 8 Em caso de contaminação
Contaminação de pele com saliva ou sangue: lavar imediata e abundan
temente a região com água e sabão líquido e promover a antissepsia com álcool-iodado 0,3% ou similar;
Ferimentos com instrumental cortante ou perfurante: lavagem imediata
e abundante com água e sabão líquido,
seguido de álcool-iodado
a
0,3% ou similar;
Contaminação dos olhos com sangue ou saliva: deve-se usar colírio a
base de nitrato de prata a 1%.
Procurar o Professor Responsável pela Clínica para que o aluno e o paciente sejam encaminhados para o Centro de Controle de Infecção Hospitalar - CEDIC - para consulta com médico infectologista para que seja
instituida a terapia adequada de acordo com o tipo de ferimento e com
o perfil do paciente.
46
LEMBRETE IMPORTANTE:
Existindo aparelhos condicionadores de ar, estes não devem ser usados
ininterruptamente. O ambiente necessita de ventilação natural. Os filtros devem ser
substituídos por outros limpos, semanalmente.
47
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50
51
52
53
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55
56
57
Considerações finais
1. O protocolo é uma série de medidas adotadas no mundo
inteiro para tentar controlar doenças transmissíveis.
2. A contaminação em Clínica Odontológica é algo que deve ser
levado
a
sério,
pois
o
ambiente
odontológico
propicia
contaminação e tanto o paciente pode infectar o Cirurgião-Dentista como o contrário.
3. O protocolo deve ser seguido em todos os pacientes, sem
exceções.
4. Quanto menor a atenção com as Normas de Biossegurança na Clínica Odontológica, maior a possibilidade de se
contraírem doenças infecto-contagiosas.
5. O Cirurgião-Dentista deve ser um desconfiado e obedecer
as Normas de Biossegurança.
58
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