setor 1721 17210409 17210409-SP Aula 13 O TEMPO E O CLIMA NO BRASIL 1. PRINCIPAIS FATORES DO CLIMA BRASILEIRO a) LATITUDE b) ALTITUDE Latitude Temperatura média (ºC) Cidade Latitude Altitude (m) Temperatura média (ºC) Macapá 0º02’N 26,9 Belo Horizonte 19º49’S 858,3 22,2 Teresina 5º05’S 27,4 Vitória 20º19’S 3,3 25,4 Aracaju 10º54’S 26,1 Curitiba 25º25’S 934,6 17,5 Cuiabá 15º35’S 26,9 Florianópolis 27º35’S 22,7 20,8 Campo Grande 20º26’S 23,1 Brasília 15º46’S 1.171,8 21,4 Porto Alegre 30º01’S 20,0 Salvador 12º58’S 8,3 25,7 Cidade c) MASSAS DE AR AÇÃO DAS MASSAS DE AR NO BRASIL NO VERÃO alísios de nordeste AÇÃO DAS MASSAS DE AR NO BRASIL NO INVERNO mEa Equador Equador mEa mEc AN CE Trópico de Capricórnio O PAC mTa E OCE N O L S Equatorial atlântica Equatorial continental ALFA-4 ★ 850750409 O mTc OCEA N mTc C Í F ICO O AN O PAC ÍFIC O AN O AT L OA TLÂ ÂN NTIC O TICO mEc Tropical atlântica Tropical continental 259 mTa Trópico de Capricórnio alísios de sudeste N O mPa L S Polar atlântica ANGLO VESTIBULARES 2. CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DO BRASIL CLIMAS DO BRASIL 70° 60° 50° N 40° O OCEAN L O S A T L 0° Â NT Belém Equador 0° ICO Manaus Juazeiro 10° 10° Salvador Cuiabá Clima Equatorial Super Úmido 20° Ouro Preto Clima Equatorial Úmido Clima Tropical Úmido do Nordeste O 20° IC Clima Tropical Clima Semi Árido Clima Tropical de Altitude Porto Alegre A N O AT N T OC São Joaquim Clima Subtropical com Verões brandos E Clima Subtropical com Verões quentes LÂ 30° OCEANO PA C Í F I C O ALFA-4 ★ 850750409 30° 70° 60° 50° 260 40° 30° ANGLO VESTIBULARES EQUATORIAL ÚMIDO (Belém – PA) EQUATORIAL SUPER ÚMIDO (Manaus – AM) 30 °C mm 600 30 °C mm 600 500 25 500 25 400 20 400 20 300 15 300 15 200 10 200 10 100 5 100 5 0 0 0 J F M A M J J A S O N D TROPICAL ÚMIDO DO NORDESTE (Salvador – BA) mm 600 0 J F M A M J J A S O N D TROPICAL DE ALTITUDE (Ouro Preto – MG) 30 °C 30 °C mm 600 500 25 500 25 400 20 400 20 300 15 300 15 200 10 200 10 100 5 100 5 0 0 0 J F M A M J J A S O N D F M A M J J A S O N D SUBTROPICAL COM VERÕES QUENTES (Porto Alegre – RS) 30 °C TROPICAL (Cuiabá – MT) 30 °C mm 600 0 J mm 600 500 25 500 25 400 20 400 20 300 15 300 15 200 10 200 10 100 5 100 5 0 0 0 J F M A M J J A S O N 0 J D SEMI-ÁRIDO (Juazeiro – BA) F M A M J J A S O N D SUBTROPICAL COM VERÕES BRANDOS (São Joaquim – SC) 30 °C mm 600 30 °C mm 600 500 25 500 25 400 20 400 20 300 15 300 15 200 10 200 10 100 5 100 5 0 0 0 J F M A M J J A S O N D Temperatura (°C) ALFA-4 ★ 850750409 0 J 261 F M A M J J A S O N D Precipitações (mm) ANGLO VESTIBULARES Exercícios ORIENTAÇÃO DE ESTUDO 1. (PUCCamp-SP) Livro 1 Metros 2.000 Caderno de Exercícios — Unidade I Campos do Jordão Tarefa Mínima • São Paulo Leia os itens 6 e 7, cap. 3. 1.000 Tarefa Complementar Santos • • 0 Alt.: 1.700 m Temp.: 11,3°C Alt.: 800 m Temp.: 20,6°C Resolva os exercícios 3 e 4, série 5. Leia o texto abaixo e faça o exercício. EVENTOS CLIMÁTICOS OU METEOROLÓGICOS EXTREMOS Alt.: 2 m Temp.: 22,6°C O clima basicamente atua de duas formas: a mais comum é a atuação de maneira contínua, influenciando os fenômenos biológicos e, a mais rara, é a atuação de forma episódica, através dos eventos climáticos ou meteorológicos extremos. É essa forma a mais preocupante, pois é geradora da maior parte dos problemas climáticos que enfrentamos hoje. Entre os numerosos problemas naturais que afetam as populações e as economias dos mais diversos países, destacam-se as mudanças climáticas que acontecem como decorrência do aquecimento global. O aumento da temperatura nas águas dos oceanos e na atmosfera tem feito o clima do planeta se comportar de maneira atípica, observando-se grandes alterações na direção e intensidade das correntes de vento e das massas de ar, no volume e na distribuição anual das chuvas e na ocorrência mais freqüente de fenômenos meteorológicos extremos, como furacões e tempestades. No caso dos eventos extremos, o principal impacto para a população humana se dá através dos acidentes e traumas, como no caso de tempestades seguidas de inundações — especialmente em zonas urbanas — que provocam mortalidade por afogamento, deslizamentos de terra, desabamentos de prédios etc. Um outro tipo de evento extremo, a seca, tem efeitos na perda de produção agrícola. Com relação à figura acima, é possível afirmar que existe uma variação térmica relacionada às cidades de Santos, São Paulo e Campos do Jordão. Tal variação, entre outros fatores, pode ser explicada pelo fato de: a) haver uma diminuição térmica gradativa de Santos a Campos do Jordão, devido ao aumento de altitude. b) haver uma diminuição térmica gradativa de Santos a Campos do Jordão, devido ao aumento da longitude. c) haver um aumento térmico gradativo de Santos a Campos do Jordão, devido à diminuição de latitude. d) haver um aumento térmico gradativo de Santos a Campos do Jordão, devido ao aumento de latitude. e) haver uma diminuição térmica gradativa de Campos do Jordão a Santos, devido à diminuição de altitude. 2. Observe o mapa dos climas brasileiros e suas respectivas características. DESASTRES CLIMÁTICOS — 1975/2004 CLIMAS 90 Enchente Ciclones Seca 80 70 Temp. Extrema Incêndio Deslizamento 60 50 40 30 I II III IV V VI VII VIII 20 10 in a nt ile rg e Ch il ia Br as lív Bo Pe ru a bi ôm zu e la Co l A As elevadas temperaturas durante o ano e a ausência de estação seca são características do clima representado no mapa com o nº-: a) I d) IV b) II e) V c) III ALFA-4 ★ 850750409 ne Ve M Cu ba ic o 0 éx – – – – – – – – Fonte: Unesp. Esses problemas vêm se intensificando no mundo e no Brasil, a exemplo da onda de calor na Europa em 2003, que matou cerca de 20 mil pessoas; ou da forte seca, nesse mesmo ano, responsável por incêndios generalizados em Portugal e que causou um prejuízo de cerca de 1 bilhão de euros; ou ainda do furacão Katrina nos Estados Unidos, 262 ANGLO VESTIBULARES A diferença entre esses dois fenômenos está, entre outras: a) no seu local de formação. O furacão forma-se sobre águas frias, já o ciclone extratropical forma-se em águas bem mais quentes. b) nas nuvens de tempestade. O furacão possui nuvens de tempestade em seu centro de, no máximo, 10km de altura, já no ciclone extratropical são nuvens de até 30km. c) na velocidade de seus ventos. O furacão pode chegar a ventos superiores a 249 km/h (categoria 5), enquanto o ciclone extratropical pode chegar a 118 km/h. d) no seu caráter destruidor. O furacão possui um nível baixo de destruição, algumas árvores e inundações, já o ciclone extratropical pode atingir níveis catastróficos. e) na temperatura do seu centro. O centro do furacão é frio, já o centro do ciclone extratropical tem temperaturas elevadas. considerado como um dos mais destrutivos da história, que arrasou a cidade de Nova Orleans em 2005. Assim também, no Brasil, a ocorrência de uma forte estiagem que atingiu a Amazônia em 2005 e o sul do país em 2006; e o mais importante desses fenômenos — pelo inusitado — o furacão Catarina, em 2004, no litoral de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Com rajadas de ventos de até 180km/h que, segundo a escala SaffirSimpson, corresponde a um furacão de categoria 2, esse foi o primeiro ciclone tropical, de que se tem notícia no sul do Oceano Atlântico. Ocorreu em março de 2004 e gerou danos da ordem de 250 milhões de reais, mas, de início, os pesquisadores não queriam reconhecê-lo como um furacão. Somente após algumas semanas de estudo, os cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) concordaram em classificar o Catarina como um furacão. (Ibmec-SP) O fenômeno Catarina, que atingiu os municípios localizados entre Laguna, em Santa Catarina, e Torres, no Rio Grande do Sul, em março de 2004, trouxe dúvidas aos cientistas quanto à sua classificação. Teria sido ele um furacão ou um ciclone extratropical? ALFA-4 ★ 850750409 263 ANGLO VESTIBULARES Aula 14 AS GRANDES PAISAGENS VEGETAIS BRASILEIRAS 1. A VEGETAÇÃO BRASILEIRA VEGETAÇÃO ORIGINAL N O AT LÂ NT ICO Equador Formações Florestais Mata Amazônica Mata Atlântica Mata dos Cocais Mata de Araucária O E A Tr ó p ic o d e C a p ri có rn Formações Arbustivas e Complexas Cerrado Caatinga Pantanal io N Formações Herbáceas Campos L O Formações Litorâneas Mangues e Dunas ALFA-4 ★ 850750409 C S 264 ANGLO VESTIBULARES 2. FORMAÇÕES FLORESTAIS MATA AMAZÔNICA MATA ATLÂNTICA Equador Trópico de OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO Equador Capricórnio N O L S Trópico de N O L S MATA DAS ARAUCÁRIAS MATA DOS COCAIS Equador Trópico de OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ATLÂNTICO Equador ALFA-4 ★ 850750409 Capricórnio Capricórnio N O L S 265 Trópico de Capricórnio N O L S ANGLO VESTIBULARES 3. FORMAÇÕES ARBUSTIVAS E COMPLEXAS Exercícios CERRADO Para responder às questões 1 e 2, observe o mapa e os climogramas abaixo. Equador OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO VEGETAÇÃO Trópico de Capricórnio N O L S I– PANTANAL II – III – Equador OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO IV – Trópico de CLIMOGRAMAS TÍPICOS DE TRÊS GRANDES DOMÍNIOS CLIMÁTICOS NO BRASIL mm Capricórnio N O L mm B °C 600 30° 500 25° 500 25° 400 20° 400 20° 300 15° 300 15° 200 10° 200 10° 100 5° 100 5° 0 0° 0 0° J F MAM J J A S ON D J F MAM J J A S ON D S CAATINGA OCEANO ATLÂNTICO Equador OCEANO PACÍFICO °C 30° mm Trópico de °C 30° 500 25° 400 20° 300 15° 200 10° 100 5° 0° temperatura em °C pluviosidade em mm J F MAM J J A S ON D 1. As formações florestais que ocorrem, originalmente, nos domínios climáticos que apresentam as variações termopluviométricas A e B correspondem às paisagens vegetais indicadas no mapa pelos números: a) I e II b) II e III c) I e III d) II e IV e) I e IV Capricórnio N O C 600 0 L S ALFA-4 ★ 850750409 A 600 266 ANGLO VESTIBULARES 2. O climograma C retrata variações termo-pluviométricas típicas do domínio original: a) da Mata Atlântica no litoral meridional do Sudeste. b) da Floresta Tropical na bacia do Paraná. c) da Mata Atlântica junto à faixa litorânea do Nordeste oriental. d) da Floresta Tropical no Pantanal no Centro-Oeste. e) da Mata Atlântica no litoral da Amazônia. A Convenção da Diversidade Biológica, apresentada no Rio de Janeiro na reunião das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (Eco-92), assim definiu biodiversidade: “Variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte, compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas”. Uma das definições mais abrangentes e precisas — a da Embrapa — conceitua biodiversidade da seguinte maneira: “é a variedade de genes, espécies e ecossistemas que fazem parte da biosfera, reunindo todas as espécies vivas, desde os microrganismos simples até as plantas e animais superiores. Há uma interrelação inexorável entre os elementos vivos da natureza que garantem a riqueza, a proliferação e a continuidade da vida em nosso planeta”. ORIENTAÇÃO DE ESTUDO Livro 1 Como se vê, todas chamam a atenção para os diversos níveis e a variedade de ambientes da vida, referindo-se também aos processos que os mantêm organizados. Caderno de Exercícios — Unidade I Tarefa Mínima • (FGV-SP) Preservar a biodiversidade é condição básica para manter um ambiente sadio no planeta. Esta frase é uma preocupação: a) mundial porque as espécies levaram milhões de anos para se constituir e podem desaparecer em poucas décadas no mundo se o desmatamento e a poluição indiscriminados tiverem continuidade. b) mundial porque o desaparecimento das espécies de animais de porte médio e grande pode ser responsável por problemas alimentares e aumento de pragas pela ruptura da cadeia alimentar. c) apenas para os países da Europa e dos Estados Unidos que por terem sido industrializados, há muito tempo, destruíram quase totalmente suas florestas temperadas e frias. d) apenas para os países que se organizaram politicamente em áreas áridas ou semi áridas como Namíbia e que dependem do pouco que resta de seus ecossistemas. e) apenas para os países que têm uma tecnologia altamente desenvolvida e que precisam dos organismos vivos como fonte original dos princípios ativos. Leia os itens 1 a 5, cap. 4. Tarefa Complementar • • Resolva os exercícios 1 e 2, série 6. Leia o texto abaixo e faça o exercício. A BIODIVERSIDADE A noção de variedade da vida existe desde a Antiguidade: os gregos e os romanos, por exemplo, já pensavam sobre a diversidade biológica, chegando a elaborar esquemas para classificar os vários tipos de vida. Nos últimos anos, entretanto, a idéia de diversidade biológica foi atropelada pela noção de biodiversidade, que surgiu há não muito tempo e difundiuse na década de 1980, quando o ecólogo Edward O. Wilson, da Universidade de Harvard, organizou um livro com os trabalhos apresentados numa reunião ambiental ocorrida nos Estados Unidos e quando o termo foi inserido no relatório BRUNDTLAND (1987), com contexto econômico, mencionando-se a biodiversidade como um bem em si mesma. Desde então foram formuladas várias definições para o termo biodiversidade, dentre as quais muitas ressaltam que não se trata apenas de uma coleção de componentes, em vários níveis: tão importantes quanto os componentes são a forma como eles estão organizados e a maneira como interagem, isto é, as interações e processos que fazem os organismos, as populações e os ecossistemas preservarem sua estrutura e funcionarem em conjunto. ALFA-4 ★ 850750409 Geografia ao Vivo Assista aos programas Brasil: domínios morfoclimáticos; Caatinga: um processo de desertificação? e Brasil: Pantanal ameaçado, acessando o ícone do Geografia ao Vivo em nossa página na internet. 267 ANGLO VESTIBULARES Aula 15 A BIODIVERSIDADE BRASILEIRA 1. A BIODIVERSIDADE BRASILEIRA O Brasil se sobressai por ser detentor de uma enorme biodiversidade. Seu número inigualável de espécies de plantas, de peixes, de anfíbios, pássaros, primatas e insetos, muitos deles ainda não descritos pela ciência, o inclui num seleto grupo de países notórios por sua megadiversidade biológica. Detentor de 23% da biodiversidade do planeta, de acordo com cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil conta com um patrimônio genético cujo valor potencial é estimado em US$2 trilhões. Tentando promover um levantamento no país, o governo, através da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias), criou o Banco de Germoplasma para recolher e catalogar as plantas brasileiras que possam interessar à engenharia genética, no esforço de preservar esse inestimável patrimônio. Entre os vários biomas biodiversos merecem destaque as florestas tropicais. Área de elevado interesse por parte de determinados setores econômicos. CAUSAS DA ELEVADA BIODIVERSIDADE DAS FLORESTAS TROPICAIS • • • • Elevada temperatura média Elevada umidade Luminosidade Processo de evolução natural OS NÚMEROS DA BIODIVERSIDADE BRASILEIRA Possui cerca de 23% do número total de espécies existentes no planeta, entre milhões de espécies de fungos e microorganismos; a maior diversidade de insetos, com cerca de 15 milhões de espécies; a maior diversidade de mamíferos, com 524 espécies catalogadas; a segunda maior diversidade de anfíbios, com 517 espécies; a segunda maior diversidade de peixes, com 3.131 espécies; a terceira maior diversidade de aves, com 1.622 espécies; e a quinta maior diversidade em répteis, com 468 espécies. Das 240 mil espécies de vegetais catalogadas no planeta, 150 mil ocorrem nos trópicos e, dessas, 55 mil são encontradas naturalmente no Brasil, sendo a maioria delas exclusiva do nosso território. Segundo o Parlamento Latino-Americano, mais de cem empresas fazem bioprospecção ou biopirataria no Brasil. Calcula-se que cerca de 40% dos remédios sejam oriundos de fontes naturais, sendo 30% de origem vegetal e 10% de origem animal e microorganismos. 2. O QUE SÃO OS HOTSPOTS? O conceito de hotspot foi criado pelo ecólogo inglês Norman Myers em 1988. Trata-se de áreas prioritárias para conservação. Tem como característica uma elevada biodiversidade altamente ameaçada. É considerada hotspot uma área com pelo menos 1.500 espécies endêmicas de plantas e que tenha perdido mais de 3/4 de sua vegetação original. Hoje são 34 hotspots pelo mundo. Veja a seguir. ALFA-4 ★ 850750409 268 ANGLO VESTIBULARES HOTSPOTS BIÓLOGICOS OCEANO ATLÂNTICO 18 OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO 22 15 4 21 27 5 20 2 16 23 12 14 10 26 34 11 27 13 32 8 6 9 30 33 31 1 7 N O 17 29 3 19 OCEANO ÍNDICO 24 28 25 L S Fonte: Conservação Internacional 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. Mata Atlântica (Brasil, Paraguai, Argentina) Província Florística da Califórnia Província Florística do Cabo (África do Sul) Ilhas do Caribe Cáucaso Cerrado (Brasil) Chile Central - Florestas Valdivias Florestas de Afromontane (África Oriental) Ilhas da Melanésia Oriental Montanhas do Arco Oriental Florestas da Guiné, África Ocidental Himalaia Chifre da África Regiões da Indo-Birmânia Região Irano-Anatólica Japão Madagascar e Ilhas do Oceano Índico Floresta de Pinho-Encino de Sierra Madre (México, EUA) ALFA-4 ★ 850750409 19. Maputaland-Pondoland-Albany (África do Sul, Suazilândia, Moçambique) 20. Bacia do Mediterrâneo 21. Mesoamérica (Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala, Belize, México) 22. Montanhas da Ásia Central 23. Montanhas do Centro-Sul da China 24. Nova Caledônia 25. Nova Zelândia 26. Filipinas 27. Ilhas da Polinésia e Micronésia (incluindo Hawai) 28. Sudoeste da Austrália 29. Karoo das Plantas Suculentas (África do Sul, Namíbia) 30. Sunda (Indonésia, Malásia, e Brunei) 31. Andes Tropicais 32. Tumbes-Chocó-Magdalena (Panamá, Colômbia, Equador, Peru) 33. Wallacea (Indonésia) 34. Gates Ocidentais (Índia e Sri Lanka) 269 ANGLO VESTIBULARES Entre as principais vítimas da ação humana estão as florestas tropicais. Portadoras da maior biodiversidade do planeta, despertam interesse em vários campos, como o madeireiro, o farmacológico, o biológico, etc. Veja a seguir os países que mais devastaram entre 1980 e 2000 e a cobertura remanescente das florestas tropicais no mundo. 3. OS PROCESSOS DE DEVASTAÇÃO Os ecossistemas brasileiros foram e continuam sendo gravemente perturbados ou destruídos pelo homem, devido, sobretudo, ao uso da terra para o desenvolvimento de culturas agrícolas e/ou pastagens, ao crescimento urbano, à exploração predatória da vegetação pela ação das madeireiras, entre outros fatores. A destruição ou a perturbação dos ecossistemas interrompe os ciclos biológicos que mantêm o equilíbrio entre as espécies e o meio, produzindo efeitos negativos de dimensões gigantescas. O homem moderno tem provocado, nos últimos séculos, a aceleração da extinção de espécies de plantas e animais numa taxa nunca antes ocorrida. Sabe-se que a extinção é um processo natural que, ao longo da história da Terra, resulta na evolução das espécies. Entretanto, desde 1600, muitas espécies foram consideradas extintas pelos registros oficiais, embora alguns estudiosos sugiram que esses números estejam subestimados, sobretudo nas regiões tropicais, onde ainda há muito por descobrir. As principais causas desse efeito danoso sobre a biodiversidade são demográficas e econômicas. São inúmeros os exemplos em todos os continentes: muitas espécies asiáticas, australianas, norte-americanas e européias tiveram seu tamanho populacional reduzido a ponto de não conseguirem recuperar sua diversidade genética, o que as levou à extinção. ÁREA DEVASTADA 1980-2000 — PRINCIPAIS PAÍSES Área (ha) 250.000.000 200.000.000 área devastada (ha) 150.000.000 100.000.000 Tailândia Malásia Mianmar Colômbia Bolívia México Venezuela Indonésia Rep. Dem. do Congo Brasil 0 TOTAL 50.000.000 Países Fonte: Moraes, P.R. O Mundo Tropical e as Febres Hemorrágicas, Humanitas, 2008. COBERTURA FLORESTAL TROPICAL REMANESCENTE N O L S 18°C Trópico de Câncer Equador Trópico de Capricórnio 18°C COBERTURA FLORESTAL TROPICAL REMANESCENTE Fonte: FAO (2004). National Geographic (2000). Coord.: Moraes, P. R. (2007) Org.: Vilela, F.N.J. (2007) A devastação predatória das florestas tropicais continua a assolar o mundo. A exploração irresponsável pode acabar destruindo uma biodiversidade muitas vezes ainda desconhecida. ALFA-4 ★ 850750409 270 ANGLO VESTIBULARES fragmentos de tecidos, culturas de microorganismos ou minúsculas sementes sem a necessidade de grandes aparatos. O bolso, a caneta, o frasco de perfume, o estojo de maquiagem, os cigarros, os adornos artesanais, as dobras e costuras das roupas são alguns dos esconderijos utilizados. 4. A BIOPIRATARIA Nos últimos anos, com os avanços da engenharia genética e da biotecnologia, o preço da vida silvestre tornou-se incalculável para as grandes corporações multinacionais, que buscam em determinados ambientes as matrizes para muitos de seus produtos, as quais, depois de alteradas geneticamente, são comercializadas por valores elevadíssimos. O Brasil e outras nações privilegiadas em termos de biodiversidade passaram a ser alvos da ação da biopirataria, praticada principalmente por grandes conglomerados transnacionais das nações ricas. Entende-se por biopirataria simples o envio ilegal de elementos da fauna e da flora nativa para o estrangeiro, com fins industriais ou medicinais, sem qualquer pagamento ao país produtor ou à população local, que muitas vezes já conhece as propriedades curativas de espécies subtraídas sem autorização. 5. OS PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Na Eco-92, a Convenção da Biodiversidade deu origem ao documento Estratégia Global para a Biodiversidade, em que estão estabelecidas mais de 80 ações para a preservação da biodiversidade biológica no planeta. Entre elas estão ações de combate à biopirataria, prevendo o pagamento de royalties pelas empresas que fizerem pesquisas ou explorarem a fauna e/ou a flora num país estrangeiro, e a transferência de tecnologia e informações para o país detentor da “matéria-prima” biológica. Esses dois pontos vão contra os interesses dos grandes conglomerados farmacêuticos, que se opõem à assinatura de qualquer acordo ou tratado nesses termos. Os países ricos, liderados pelos EUA, alegam que os seus gastos com pesquisas nem sempre se transformam em produtos rentáveis. Em outras palavras, afirmam que investem muito na procura de novas substâncias e que apenas uma ou outra resulta em fonte de lucro. Os esforços para impedir a biopirataria parecem tímidos quando comparados à ganância dos especuladores e das empresas multinacionais que vêm cada vez mais se apossando, de maneira inescrupulosa, de tais riquezas. Vale destacar, entretanto, que não podemos confundir essa prática, representada pelo saque indiscriminado de material biológico, com as atividades próprias da ciência, direcionadas à produção de informações sobre a fauna e a flora da região. Embora seja impossível imaginar a ciência neutra e sem fronteiras, é preciso cuidado para que eventuais exageros não inviabilizem o progresso científico. A ação dos legisladores busca a preservação do patrimônio biológico, intenção válida e desejável, mas há momentos de tensão em decorrência da falta de informações. A discussão da questão precisa, pois, ser despida de componentes emocionais, que produzem desde argumentos de base ideológica até afirmações curiosas sobre o poder milagroso das plantas, formando um binômio filosófico-imaginário desprovido de comprovação científica. O uso sustentável da biodiversidade deve ser, portanto, uma das maiores preocupações da sociedade moderna, que, adquirindo maior consciência da importância estratégica da preservação da biodiversidade, passa a mobilizar-se para exigir dos governos posturas coerentes para a proteção ambiental e para a exploração dessa riqueza. PAÍSES QUE SOFREM BIOPIRATARIA COMPROVADA Brasil Peru Argentina Venezuela Paraguai Bolívia Madagascar Quênia Senegal Camarões Guiana Colômbia África do Sul Rep. Dem. do Congo Tanzânia Indonésia Índia Vietnã Malásia China Rússia O termo biopirataria foi lançado em 1993 para alertar sobre o fato de que recursos biológicos e conhecimentos indígenas estavam sendo roubados e patenteados por empresas multinacionais, sem que as comunidades nativas, que há séculos usam tais recursos e geraram os conhecimentos, participassem nos lucros. Calcula-se que esse comércio ilegal movimente cerca de 10 bilhões de dólares por ano. O Brasil responde por 10% desse tráfico (principalmente de animais silvestres), em razão da grande biodiversidade que apresenta. O Brasil possui um imenso potencial genético a ser explorado, e estima-se que seu patrimônio vegetal represente cerca de 16,5 bilhões de genes. Sendo tão rico em substâncias biologicamente ativas, tornou-se, comprovadamente, alvo de biopirataria. São freqüentes as denúncias de casos de pirataria genética envolvendo instituições oficiais de ensino e pesquisa, cientistas e laboratórios estrangeiros que, simplesmente, saem do país levando riquezas biológicas para posteriormente registrar patentes e gozar de vantagens econômicas obtidas à custa de produtos gerados com nossas plantas e animais. Cerca de 70% da biopirataria praticada no Brasil é feita por instituições filantrópicas, que entram em nosso território alegando a intenção de promover o atendimento a populações carentes e remetem clandestinamente material genético, in natura e em grandes quantidades, para seus países de origem, principalmente Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Suíça e Japão. O restante da retirada irregular é praticado por instituições científicas legalmente instaladas. Apesar do volume exportado ser menor, o dano por elas causado é maior, pois a alta tecnologia que aplicam nas pesquisas realizadas aqui mesmo permite o envio, para suas sedes, de material já sintetizado. Retirar material biológico clandestinamente de um país não exige muita criatividade. Existem diversas maneiras de esconder ALFA-4 ★ 850750409 Exercícios 1. (FUVEST) Dentre os vários aspectos que justificam a diversidade biológica da Mata Atlântica, encontram-se: I. Concentração nas baixas latitudes, associada a elevadas precipitações. II. Distribuição em áreas de clima tropical e subtropical úmido. 271 ANGLO VESTIBULARES III. Ocorrência apenas em planícies litorâneas, que recebem umidade vinda dos oceanos. IV. Ocorrência em diferentes altitudes. a) I e III. d) II e IV. b) I e IV. e) III e IV. c) II e III. ORIENTAÇÃO DE ESTUDO Tarefa Mínima • Leia os itens 1 a 5 da apostila. Tarefa Complementar 2. (FATEC) • 1. Resolva os exercícios a seguir. (FGV-SP) Dependendo da referência utilizada, pode variar bastante a importância de cada país no mundo. No mapa a seguir, não se adotou a extensão territorial dos países como critério para delimitar a proporção dos espaços que eles ocupam no Globo. O referencial utilizado foi: Rússia EUA Canadá Continente Europeu Assinale a alternativa que identifica corretamente: I. o nome da vegetação que ocupava originalmente as áreas representadas no mapa. II. um dos fatores responsáveis pela redução dessas áreas na atualidade. III. um aspecto que justifica sua importância para a sociedade. a) I. Matas tropicais e subtropicais; II. secas prolongadas devido a fenômenos ocasionais como El Niño; III. fornecimento de plantas específicas para a indústria farmacêutica. b) I. Florestas pluviais (Rainforest); II. queimadas associadas à expansão da agropecuária; III. megadiversidade, possuindo cerca de 70% das espécies vegetais e animais do mundo. c) I. Savanas; II. queimadas associadas à expansão da agropecuária; III. biodiversidade, possuindo um dos mais ricos estoques genéticos do globo. d) I. Floresta pluviais (Rainforest); II. processo de desertificação associado ao crescimento da atividade industrial; III. biodiversidade, possuindo um dos mais ricos estoques genéticos do globo. e) I. Savanas; II. processo de desertificação associado ao crescimento da atividade industrial; III. megadiversidade, possuindo cerca 70% das espécies vegetais e animais do mundo. ALFA-4 ★ 850750409 China México Colômbia Congo Índia América Central Zaire Brasil Peru Gabão Austrália a) A biodiversidade, relacionada ao número de espécies animais e vegetais existentes. b) A participação percentual da agricultura na economia. c) As principais jazidas de minerais metálicos e combustíveis fósseis. d) A população, correspondendo à quantidade de habitantes presentes no mundo. e) As taxas de urbanização, em porcentagem da população total. 2. (UNESP) Em fevereiro de 1997, a ONG norte-americana Conservation lnternational divulgou resultados sobre a biodiversidade mundial, indicando 17 ecossistemas que têm, pelo menos, 75% de sua área vegetal já devastada. Dois destes ecossistemas estão localizados no Brasil: Mata Atlântica e Cerrado. a) Quais são as áreas de ocorrência destes ecossistemas? b) Cite duas características de cada um deles. Geografia ao Vivo Assista aos programas Biodiversidade brasileira, Hotspots e Amazônia: a biopirataria, acessando o ícone do Geografia ao Vivo em nossa página na internet. 272 ANGLO VESTIBULARES Aula 16 A GESTÃO PÚBLICA NO CAMPO AMBIENTAL 1. A AGENDA AMBIENTAL INTERNACIONAL: BREVE HISTÓRICO O ser humano sempre teve com a natureza uma relação antropocêntrica, ou seja, de que a natureza foi feita para servi-lo, o que absolutamente, não é verdadeiro. Dessa forma, nunca houve preocupação em preservar ou usar racionalmente os recursos de que necessitamos para as nossas atividades cotidianas e econômicas. Na década de 1960 surgiram as primeiras organizações preocupadas com a questão ambiental. Também nesse período tivemos a Conferência da Biosfera, em 1968, em Paris, França. Dessa conferência participaram 64 países. O evento contou com o patrocínio de instituições e organismos internacionais, como, por exemplo, a Unesco, a FAO e a OMS. Nessa ocasião, a pauta de discussões foi centrada nos impactos que a ação antrópica causa ao meio ambiente. Nas décadas de 1970 e 1980, organismos internacionais preocupados com a questão preservacionista ambiental, promoveram outras conferências internacionais com a temática ambientalista e educação ambiental. Em 1972 ocorre a I Conferência sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, Suécia, onde foram discutidos problemas ambientais como a chuva ácida e o controle da poluição do ar, inaugurando uma nova forma de relacionamento internacional, centrado na questão ambiental, que contou com a presença de 113 países e 400 instituições governamentais e não governamentais. Desse encontro saiu um documento inédito sobre questões ambientais, a preservação e a utilização dos recursos naturais em âmbito global. O mundo acordava para a ameaça da ação humana ao meio ambiente. Em 1992, aconteceu no Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92), que contou com a presença de 178 países, organizações governamentais e não governamentais, e cujo objetivo maior era a obtenção de acordos para minimizar os impactos sobre a ação humana no meio ambiente. Da Eco-92 saíram tratados internacionais (Convenções), duas declarações, uma carta de princípios pela preservação da vida na Terra e a Declaração de Florestas, esta última sobre a necessidade de se manterem as reservas florestais no mundo. Também foi elaborada a Agenda 21, um documento que expõe um plano de ação preservacionista/conservacionista do meio ambiente terrestre. Em 2002, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), em Johannesburgo, na África do Sul. Esse encontro terminou de uma forma melancólica, pois houve um esvaziamento nas discussões, resultado do pouco empenho de algumas nações ricas, em especial, os Estados Unidos. As conclusões de Johannesburgo foram pífias diante das prementes necessidades do meio ambiente. Neste começo de século percebe-se nitidamente que a preocupação maior das nações ricas, feitas algumas exceções, está centrada nas questões econômicas e de sua segurança, esta última, intensificada após os atentados de 11 de setembro. ALFA-4 ★ 850750409 2. POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS E A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA As pessoas que resolvem enveredar pelos temas relativos ao meio ambiente e às políticas ambientais, no Brasil, deparam com centenas de órgãos públicos, um gigantesco número de siglas, ONGs que proliferam ano após ano, inúmeras leis ambientais recém-criadas e vários tipos de áreas de conservação — como parques e florestas nacionais, reservas extrativistas, etc. Tem-se a impressão de que os órgãos públicos e as legislações se sobrepõem, de que não há diferença entre os tipos de unidades de conservação e de que a enxurrada de siglas retrata os labirintos da administração pública brasileira. Entretanto a legislação ambiental brasileira nos últimos anos vem se desenvolvendo e se aprimorando, porém muitas vezes, lamentavelmente, não tem sido incorporada pela realidade. O que vemos, assim, são dois mundos, o do “papel”, elogiado internacionalmente diversas vezes como modelo, e o do “real”, onde as leis dos mais poderosos acabam prevalecendo. É importante destacar que tal quadro, mesmo em ritmo lento, vem sendo alterado, deixando-nos otimistas com relação ao futuro. Isso se a natureza agüentar. 3. O SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (SNUC) Dentro do aprimoramento da legislação ambiental que o país tem promovido, o governo federal, no ano 2000, por intermédio do presidente da República, sancionou a lei nº- 9.985, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da natureza, conhecido pela sigla SNUC. Esse sistema, de nome estranho, veio cobrir uma lacuna existente na legislação ambiental de nosso país, pois estabeleceu critérios e normas para a criação, a implantação e a gestão das unidades de conservação. Além de normatizar o setor nas diversas esferas de poder e perante a sociedade civil, a implantação do SNUC trouxe à tona discussões das mais variadas sobre o que são as Unidades de Conservação — UCs. Segundo o artigo I da referida lei, entende-se por Unidade de Conservação: “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. Podemos dizer que as Unidades de Conservação exercem função importante na preservação da vida dos animais e plantas, pois podem proporcionar uma revitalização de áreas degradadas; paralelamente, ficam sujeitas a normas e regras especiais. As Unidades de Conservação podem ser legalmente criadas pelo governo em suas três esferas de poder: federal, estadual e municipal. 273 ANGLO VESTIBULARES A Proteção Integral O Uso sustentável C EA N TL Â N O TI C O N O L S No Reino Unido surgiram as Reservas da Natureza (Nature Reserve), cujo objetivo principal consistia na conservação de hábitats naturais contra a transformação que vinha ocorrendo no país desde do início da revolução industrial. Esse modelo introduziu também uma nova idéia: a de unidades privadas de conservação, que se contrapôs às unidades de conservação públicas baseadas na instalação de Yellowstone. Esses modelos de unidades de conservação não tiveram a mesma importância mundial. As públicas tornaram-se muito mais comuns que as particulares, muitas vezes mal vistas. Somente nos últimos anos essa situação mudou. No Brasil, a idéia de Reservas Particulares vem desde o antigo Código Florestal de 1934, que já previa o estabelecimento de áreas particulares protegidas. Naquela época, tais áreas, que eram chamadas de Florestas Protetoras, permaneciam de posse e domínio do proprietário e eram inalienáveis. Em 1965, foi instituído um novo Código Florestal e a categoria Florestas Protetoras desapareceu. Em 1977 alguns fazendeiros, principalmente do Rio Grande do Sul, sentiram a necessidade de dar proteção oficial às suas propriedades rurais, face à pressão de caça que elas sofriam. Graças ao movimento empreendido por eles foram criadas algumas categorias de reservas que acabou gerando a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPNs). Definem-se as RPPNs como áreas de conservação da natureza em terras privadas, em que o proprietário é quem decide se quer fazer de seu imóvel rural, integral ou parcialmente, uma reserva, sem que isso acarrete perda do direito de propriedade. A área deverá possuir atributos importantes para o meio ambiente ou, na ausência de vegetação significativa, a viabilização de recuperação da área. Em 2000, com a nova lei do Sistema Nacional de Unidade de Conservação — SNUC, as RPPNs passaram a ser consideradas Unidades de Conservação integrantes do grupo. No estabelecimento do SNUC, as Unidades de Conservação foram divididas em dois grupos distintos, de acordo com suas diferentes formas de proteção. O primeiro, denominado Unidades de Proteção Integral, é constituído por aquelas que precisam de maiores cuidados devido a sua fragilidade e particularidades; o segundo, batizado Unidades de Uso Sustentável, constitui-se daquelas cuja situação permite conservação e utilização de forma sustentável concomitantemente. Em função desses dois grupamentos, foram distribuídas as doze categorias de unidades que seguem: Fonte: Ministério do Meio Ambiente. Núcleo do Geoprocessamento - SBF/DAP/Geo BRASIL — UNIDADES DE CONSERVAÇÃO A Região Amazônica possui a maior área territorial de Unidades de Conservação do Brasil. A idéia de Unidades de Conservação pelo mundo e no Brasil não é nova. Ela surgiu em 1872 com a criação do primeiro parque nacional, Yellowstone, nos EUA. Embora este inicialmente se destinasse ao lazer e ao turismo para o público, outros países, no mesmo período, adotaram a idéia, adaptando-a à meta de conservar os recursos naturais. PARQUE NACIONAL São áreas geográficas extensas e delimitadas, dotadas de atributos naturais excepcionais, objeto de preservação permanente, submetidas à condição de inalienabilidade e indisponibilidade de seu todo. (Ministério do Meio Ambiente) PARQUES NACIONAIS BRASILEIROS RR AP PA MA PI AC TO RO BA MT CE RN PB PE AL SE DF MG TI MS CO GO ES LÂ N SP RJ A T PR SC RS Parques nacionais brasileiros O C E A N N O L O S UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL Estação Ecológica Reserva Biológica Parque Nacional Monumento Natural Refúgio da Vida Silvestre Fonte: Ministério do Meio Ambiente. AM UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL Área de Relevante Interesse Ecológico Floresta Nacional Reserva de Fauna Reserva de Desenvolvimento Sustentável Reserva extrativista Área de Proteção Ambiental O Brasil possui em seu território atualmente (2008) 62 parques nacionais e muitos ainda são completamente desconhecidos para os brasileiros. O Parque Nacional de Itatiaia (RJ) foi o primeiro instalado no país em 1937. ALFA-4 ★ 850750409 274 ANGLO VESTIBULARES 4. OUTRAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO • Reserva Florestal — Área extensa, desabitada, de difícil acesso e em estado natural. Dela se carece de conhecimento e tecnologia para uso racional dos recursos e então as prioridades nacionais, em matéria de recursos humanos e financeiros, impedem investigação de campo, avaliação e desenvolvimento, no momento. É uma categoria de manejo transitória. Tem por objetivo a proteção dos valores dos recursos naturais para uso futuro e o impedimento de atividades de desenvolvimento até que sejam estabelecidos outros objetivos de manejo ou simples extinção. • Reserva Biológica — Área essencialmente não-perturbada por atividades humanas que compreende características e/ou espécies da flora ou fauna de significado científico e tem por objetivo a proteção de amostras ecológicas do ambiente natural para estudos científicos, monitoramento ambiental, educação científica e manutenção dos recursos genéticos em estágio dinâmico e evolucionário. • Reserva Extrativista — Área que corresponde a espaços destinados à exploração autosustentável e conservação de recursos naturais renováveis, por população extrativista. É criada pelo Poder Público em espaços territoriais de interesse ecológico e social. RESERVA EXTRATIVA CHICO MENDES Situada no estado do Acre, a reserva Chico Mendes foi criada em 1990 e possui terras nos municípios de Assis Brasil, Brasiléia, Xapuri, Capixaba, Senador Guiomard, Rio Branco e Sena Madureira. A área da reserva foi uma das grandes produtoras de borracha, mas nos últimos anos o preço da borracha tornou-se insignificante e a produção caiu. O principal produto extrativo tem sido a castanha do Brasil que contribui, em média, com 9% da renda familiar. As famílias vivem basicamente da agricultura de subsistência (mandioca, arroz, milho, feijão, frutas e legumes), da criação de pequenos animais (galinhas, patos, porcos) e completam a dieta alimentar com caça e pesca. Há também quem possua algumas cabeças de gado, cavalos e burros para transporte. Para garantir sua sobrevivência, a população organizada em unidades de produção familiar utiliza sua força de trabalho em atividades extrativistas e na pequena produção agropecuária. Os espaços produtivos não são necessariamente contínuos, pois sua distribuição obedece à proximidade dos rios e à distribuição das espécies vegetais na floresta. Os principais produtos coletados são a castanha, no setor da Terra Firme, e o açaí ou o palmito, nos setores do Ajuruxi e Cajari. O percentual de famílias que coletam produtos florestais é: Castanha: 36%; Palmito: 25%; Açaí Fruto: 7%; Látex: 4%; Cipó Titica: 3%; Andiroba: 2%. O percentual de famílias que plantam as principais culturas é: Mandioca: 72%; Banana: 64%; Laranja e Limão: 58%; Abacaxi: 57%; Cará: 53%; Batata Doce: 52%; Milho: 51%; Cupuaçu: 49%; Arroz 22%. RESERVAS EXTRATIVAS RR AP AM PA MA PI AC RO TO BA MT CE RN PB PE AL SE Exercícios DF MG ES LÂ N SP RJ A T PR Área em estudo e Reservas em fase de criação TI MS Reservas Extrativas Criadas 1. (UNIFESP) O Sistema Nacional de Unidades de Conservação indica vários instrumentos de gestão ambiental, dos quais destaca-se o: a) Monitoramento Ambiental, para combater a presença de biopiratas na Amazônia brasileira. b) Plano de Manejo, criado por decreto para impedir o comércio ilegal de material genético. c) Controle Ambiental do cerrado, desenvolvido em cooperação com países europeus a partir da Rio-92. d) Zoneamento Ambiental, que visa conservar características sócio-ambientais das áreas protegidas. e) Estudo de Impacto Ambiental, criado para viabilizar ações de degradação em parques naturais. CO GO SC RS O C E A N N O L O S Fonte: Ministério do Meio Ambiente. As reservas extrativas implantadas pelo país estão criando uma nova realidade organizacional e comercial para as populações que sobrevivem das atividades extrativas. ALFA-4 ★ 850750409 275 ANGLO VESTIBULARES 2. (PUC-MG) O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) definiu a obrigatoriedade da apresentação de um relatório de impacto ambiental para projetos que possam alterar as propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente resultantes de atividades humanas. Tal exigência NÃO se aplica: a) à construção de estradas de rodagem com duas pistas de rolamento. b) à construção de barragens para produção de energia. c) à implementação de distritos industriais. d) a projetos urbanísticos em áreas consideradas relevantes de interesse ambiental. e) à criação de parques e reservas de flora e fauna. A observação das figuras e seus conhecimentos sobre a Amazônia brasileira permitem afirmar que a) a criação de unidades de conservação, conhecidas como reservas extrativistas representa uma possibilidade dos grupos economicamente minoritários sobreviverem ao avanço do capital, na região. b) com o efetivo controle da violência e do desmatamento, na região, os ambientalistas e as comunidades locais tendem a promover a integração regional, a partir do extrativismo vegetal. c) a região como um todo ainda é predominantemente rural, o que significa que qualquer política de desenvolvimento, a ser implantada, deve estar associada ao desenvolvimento das atividades primárias. d) depois do grande avanço do capital, nas décadas de 1960/70, a região foi novamente abandonada à própria sorte, retomando o crescimento econômico, nos anos de 1990, graças à descoberta da biodiversidade da região. e) a aceleração do desenvolvimento econômico autônomo, da região, deve estar associada à introdução de técnicas extrativas e de manejos dos solos, já utilizadas nos países desenvolvidos. ORIENTAÇÃO DE ESTUDO Tarefa Mínima • 2. Leia os itens 1 a 4 da apostila. Tarefa Complementar • 1. Resolva os exercícios a seguir. (Puccamp) Menos que uma sociedade organizada, a Amazônia destes anos de febre de borracha terá o caráter de um acampamento. Enquanto a massa da população, os trabalhadores dos seringais, dispersos e isolados, se aniquilava nas asperezas da selva e na dura tarefa de colher a goma, os proprietários dos seringais, os comerciantes e toda esta turbamulta marginal e parasitária de todas as sociedades deste tipo, se rolavam nos prazeres fáceis das cidades, atirando às mancheias o ouro que lhes vinha tão abundante da mata. A riqueza canalizada pela borracha não servirá para nada de sólido e ponderável. (Adaptado de “Carta Capital”, 02/02/2005) Esse modelo de gestão florestal, já adotado em outros países, é apresentado à sociedade brasileira como uma alternativa técnica e política para a exploração da Floresta Amazônica, frente à expansão do desmatamento. Na prática, para a sociedade brasileira, um aspecto positivo e outro negativo desse modelo estão explicitados, respectivamente, em: a) manejo da biodiversidade e fiscalização precária. b) controle do acesso à terra e minimização dos lucros. c) preservação da biomassa e redução da produtividade. d) manutenção dos recursos hídricos e estatização dos recursos. (Caio Prado Junior. “História econômica do Brasil”. São Paulo: Brasiliense, 1990, p. 240) Coleta de látex (UERJ) A exploração das Florestas Nacionais pelo setor privado é, para o Secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, a única saída possível para inibir o desmatamento e a grilagem. Para o secretário, desde o Brasil Colônia, doam-se florestas públicas para terceiros, que a partir daí passam a utilizar essas áreas sem nenhum tipo de remuneração para a sociedade. No sistema de gestão, as florestas continuarão públicas, e os interessados terão de identificar áreas prioritárias para conservação e explorar de forma sustentável as demais. Defumação de látex (Igor Moreira “Geografia Nova”. v. 2. p. 138) ALFA-4 ★ 850750409 276 ANGLO VESTIBULARES Aula 17 O BRASIL RURAL A interação entre a agricultura e o clima é de tal ordem que tanto as atividades agrícolas podem ser influenciadas pelas mudanças globais do clima, como, por exemplo, pela alteração na freqüência e severidade de eventos extremos, quanto podem ser geradoras dessas mudanças, ao produzirem gases de efeito estufa. Estima-se que 20% do incremento anual desses gases possam ser atribuídos ao setor agrícola, considerando-se o efeito dos gases metano, óxido nitroso e gás carbônico. 1. A RELAÇÃO NATUREZA-ESPAÇO NA AGRICULTURA O clima é um dos elementos da natureza que mais interage com todos os outros aspectos do espaço geográfico e, em particular, com a atividade agrícola. O clima é um importante fator de alteração do relevo, de formação do solo e do desenvolvimento da vida animal e vegetal. No contexto agrícola, são de suma importância características como o índice das chuvas e a sua distribuição, bem como a variação térmica no decorrer do ano, para melhor planejar as atividades de desenvolvimento da agricultura. Mesmo com todo o avanço tecnológico e científico recente, o clima ainda é a variável mais importante na produção agrícola. Tanto para a determinação de seu sucesso, quando as chuvas ocorrem no período esperado e na quantidade desejada, quanto para a determinação do seu fracasso, quando da ocorrência dos chamados azares climáticos, a exemplo de uma seca prolongada ou uma forte geada. PRINCIPAIS ATIVIDADES AGRÍCOLAS GERADORAS DE METANO (CH4) Esterco animal 7% Esgoto doméstico 7% Carvão 8% Aterros 10% Queima de biomassa 11% FATORES FAVORÁVEIS: Outros 4% Fermentação entérica 22% Cultivo de arroz inundado 16% Gás Natural e Óleo 15% Fonte: Embrapa. • Radiação Solar — é a energia que determina as características térmicas do ambiente, tais como as temperaturas do ar e do solo; a duração do dia; a luminosidade; a fotossíntese. • Temperatura — a temperatura do ar e do solo afeta todo o processo de crescimento das plantas. As temperaturas do solo são mais importantes, em uma análise do que as do ar, porque influenciam diretamente na germinação das sementes. • Umidade — a água desempenha um papel vital no crescimento dos vegetais e na produção de todos os cultivos, pois transporta os nutrientes químicos através das plantas. CONTRIBUIÇÃO DA AGRICULTURA PARA AS EMISSÕES DE ÓXIDO NITROSO (N2O) Dejetos da pecuária 7% Queima de biomassa 9% Solos cultivados 61% Fontes industriais 23% Fonte: Embrapa. FATORES DESFAVORÁVEIS: O solo é outro elemento da natureza que apresenta forte inter-relação com a agricultura. É também importante destacar que o solo não é útil somente para a produção de alimentos, mas também, para a regulação da distribuição, escoamento e infiltração da água da chuva; para o armazenamento de nutrientes para as plantas, além de contribuir na filtração da qualidade do ar e da água que consumimos. Como qualquer outro recurso natural, o solo pode ser degradado pelo seu uso inadequado, trazendo interferências negativas ao equilíbrio ambiental, afetando a qualidade de vida nos sistemas agrícolas e urbanos. Observe algumas práticas agrícolas e atividades de exploração comuns em quase todo o país que têm provocado alterações no solo. • Granizo — pequenos pedaços duros de gelo, de tamanho variável, que caem de nuvens como uma forma sólida de precipitação. • Vento — o vento transporta a umidade do ar e o calor na atmosfera e influencia as taxas de evapotranspiração. • Seca — ocorre quando se verifica a diminuição do suprimento de umidade das precipitações, ou quando a umidade armazenada do solo é insuficiente para atender as necessidades hídricas das plantas. • Geadas — fenômeno que ocorre se a temperatura do ar superficial em contato com o solo estiver abaixo de 0ºC. ALFA-4 ★ 850750409 277 ANGLO VESTIBULARES blica (em 1889), pouco modificaram essa estrutura social baseada na propriedade da terra, a não ser o fim do uso da mão-de-obra escrava (apesar de os jornais, vez ou outra, noticiarem a descoberta de uma fazenda que, criminosamente, continua utilizando escravos). Passamos ainda grande parte dos séculos XIX e XX ligados ao café, cacau, algodão e, mais recentemente, nas últimas décadas, produtos como a soja e a laranja, vieram fortalecer a histórica relação entre a posse da terra, a produção de riqueza e a concentração do poder político e econômico no país, só que agora a propriedade agrícola está sendo cada vez mais integrada ao grande capital industrial ou financeiro. Apesar de o Brasil ter rapidamente se transformado em um país dos mais industrializados do globo, particularmente com a implantação do grande capital transnacional a partir da segunda metade do século XX, a agricultura continuou a ocupar um espaço significativo no contexto da produção econômica nacional, seja na geração de divisas com as exportações, seja na produção de matérias primas para a forte agroindústria que se estabeleceu no país, seja ainda para atender as necessidades de alimentos para uma população que atingiu um contingente bastante elevado, tendo triplicado nos últimos 50 anos. A adoção nos últimos anos de políticas agrícolas mais efetivas no apoio às exportações, trouxe diferentes conseqüências: de um lado, a agricultura passou a contribuir expressivamente para satisfazer as necessidades de divisas, introduziu novas técnicas de plantio, acelerou o desenvolvimento de tecnologias aplicadas à agricultura, favoreceu uma intensa mecanização da lavoura, ajudou a modernizar a vida no campo, especialmente com a eletrificação rural; por outro lado, trouxe uma série de transformações para a estrutura agrária do país, como o aumento das áreas exploradas com produtos de exportação, a utilização intensiva de grandes áreas de solos férteis favorecendo sua exaustão, a diminuição do espaço ocupado com a produção de alimentos, o deslocamento dessas produções para as regiões muito distantes dos grandes mercados e de solos mais pobres. • Irrigação: serve para molhar os solos secos tornando-os bons para o plantio, através de tubos ou canais. • Drenagem: utilizada para retirar o excesso de água dos terrenos muito úmidos. Costuma-se abrir valas, fazer aterros ou plantar vegetais que absorvem muita água, como o eucalipto. • Adubação: importante para enriquecer os solos pobres com nutrientes. Podem ser usados: calcário, húmus e esterco, adubos ou fertilizantes químicos. • Aração: realizada para revolver a terra facilitando a circulação do ar, da água e nutrientes. Realizada em solos compactos, que dificultam a passagem do ar. No entanto, o uso exagerado desta técnica pode também levar à erosão. A contaminação do solo agrícola por substâncias químicas como fertilizantes e pesticidas, tem sido uma das maiores preocupações ambientais, pois interfere no solo, nas águas superficiais e subterrâneas, no ar, na fauna e na vegetação. A grande perda de solos agricultáveis através da erosão e redução da capacidade produtiva do solo, o assoreamento dos cursos de água e represas e, conseqüentemente, o empobrecimento do produtor rural, são exemplos de problemas também muito graves. Portanto, as ações voltadas para o uso racional e para o manejo adequado dos recursos naturais, principalmente o solo, a água e a biodiversidade, visam promover uma agricultura sustentável, aumentar a oferta de alimentos e melhorar os níveis de emprego e renda no meio rural. 2. O PASSADO AGRÁRIO-EXPORTADOR A história política e econômica brasileira está intensamente vinculada à produção agrícola, desde os primeiros momentos do período colonial. Já no início do século XVI a cana de açúcar adquiria uma importância fundamental, não só na geração de grandes lucros para seus produtores (e especialmente para a Metrópole portuguesa), mas também na definição de uma estrutura de produção que valorizava o latifúndio e o uso da mão-de-obra escrava e na determinação de uma forma de organização social, que relacionava a propriedade da terra com a concentração do poder político e econômico. Esta herança que data de cinco séculos, está na base dos conflitos que se verificam no meio rural brasileiro na atualidade. 3. OS PRINCIPAIS SISTEMAS AGRÍCOLAS A prática da agricultura implica uma grande diversidade de processos e maneiras de se utilizar o solo: relações entre os vegetais e o meio, entre os trabalhadores e a terra e entre a produção e o capital investido. Assim, um sistema agrícola abrange todo e qualquer aspecto humano, econômico, político, tecnológico e de ordem natural relacionado à produção agrícola de um determinado território. Para conhecer um sistema agrícola devemos considerar os três fatores mais importantes na produção: Pode-se caracterizar a sociedade canavieira do Nordeste brasileiro, durante os primeiros séculos da nossa história, como: • latifundiária, onde o poder dos indivíduos dependia da posse da terra; • escravocrata, sobrevivendo à custa do trabalho realizado pelos escravos; • patriarcal, já que os senhores de engenho possuíam autoridade absoluta sobre todos os outros membros da família, os agregados e os escravos de sua propriedade. • a terra (solo), cuja maior ou menor disponibilidade, associada a fatores como a fertilidade do solo, pode favorecer ou dificultar a produção. • o trabalho, no qual o uso de mão-de-obra, associado ou não ao uso de tecnologia pode contribuir para a maior ou menor produtividade. • o capital, cujo maior ou menor investimento em máquinas e equipamentos, fertilizantes, inseticidas etc, se reflete na produtividade agrícola. As transformações políticas ocorridas no Brasil com a Declaração da Independência (em 1822), e posteriormente com a Abolição dos Escravos (em 1888) e com a Proclamação da Repú- ALFA-4 ★ 850750409 278 ANGLO VESTIBULARES Nas regiões subdesenvolvidas do globo, onde há grande disponibilidade de espaço para o cultivo, além de mão-de-obra abundante e a baixo custo, a terra é o fator preponderante. Os rendimentos das lavouras estão diretamente associados à área cultivada. Essa forma é definida como extensiva, e caracteriza a agricultura itinerante, também conhecida por roça tropical. Nesse sistema, os trabalhadores rurais realizam intervenções extremamente danosas ao meio ambiente, na seqüência: desmatamento, queimada, plantio e colheita por alguns anos. Sem receber cuidado algum, o solo rapidamente se esgota e as terras são abandonadas. O trabalho exerce forte peso nas atividades agrárias dos países subdesenvolvidos, como é o caso da agricultura de jardinagem, que se vale de grandes contingentes de mão-de-obra pouco ou nada qualificada. Sistema característico de regiões densamente povoadas como o Sudeste Asiático, com baixa produtividade. Um outro sistema agrícola conhecido é a rotação de cultura, geralmente em pequenas propriedades, a qual é dividida em três parcelas: uma para o plantio, outra para o gado e uma terceira para o descanso, ou pousio. Quando o capital é o fator predominante na agricultura, há uma inversão na forma de produção: o largo uso de insumos em substituição ao uso maciço de mão-de-obra. É conhecido como sistema intensivo de produção e é adotado nos países desenvolvidos e em algumas áreas de algumas nações subdesenvolvidas. Esse é o sistema usado na agricultura moderna, ou comercial, que faz parte de uma intrincada cadeia produtiva conhecida como agronegócio. parte do país, com energia solar abundante pela sua tropicalidade e com quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, o Brasil tem 388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não foram explorados. A sua vocação agrícola fica assim bastante evidente. Favorecida pela diversidade climática, a agricultura brasileira pode obter até duas safras anuais de grãos, enquanto a pecuária se estende dos campos do Sul ao Pantanal de Mato Grosso e à Amazônia. O agronegócio brasileiro é hoje uma atividade moderna e eficiente, responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos brasileiros, dos quais 17,7 milhões de trabalhadores somente no campo. Estima-se que o PIB do setor chegue a US$ 200 bilhões em 2008. Entre 1998 e 2008, a taxa de crescimento do PIB agropecuário foi de 4,7% ao ano. Em dez anos, o país dobrou o faturamento com as vendas externas de produtos agropecuários e teve um crescimento superior a 100% no saldo comercial. O desenvolvimento científico-tecnológico e a modernização da atividade rural, obtidos por intermédio de pesquisas e da expansão da indústria de máquinas e implementos, contribuíram para transformar o país numa das mais respeitáveis plataformas mundiais do agronegócio. Com uma população superior a 180 milhões, o Brasil tem um dos maiores mercados consumidores do mundo. Hoje, cerca de 80% da produção brasileira de alimentos é consumida internamente e apenas 20% são embarcados para mais de 209 países. Em 2007, o Brasil vendeu mais de 1.800 diferentes produtos para mercados estrangeiros. Além dos importadores tradicionais, como Europa, Estados Unidos e os países do Mercosul, o Brasil tem ampliado as vendas dos produtos do seu agronegócio aos mercados da Ásia, Oriente Médio e África. 4. O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO Com um clima diversificado, que varia do equatorial quente e úmido ao subtropical mais frio, com chuvas regulares na maior Balança comercial do agronegócio Brasil e Grandes Regiões 2007 (em milhões de US$) Brasil e Grandes Regiões Exportações Importações Saldo Norte 2.362 138 2.224 Nordeste 4.950 1.333 3.618 Sudeste 21.061 4.688 16.373 Sul 21.275 2.257 19.018 8.704 291 8.413 58.352 8.707 49.646 Centro-Oeste (1) BRASIL Fonte: MAPA. Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio Elaboração: DIEESE Nota: (1) Exclui as categorias de consumo de bordo, mercadoria nacionalizada, reexportação e não declarados Com pelo menos 90 milhões de hectares de terras agricultáveis ainda não utilizadas, o Brasil pode aumentar em, no mínimo, três vezes sua atual produção de grãos, saltando dos atuais 123,2 milhões para 367,2 milhões de toneladas. Esse volume, porém, poderá ser ainda maior, considerando-se que 30% dos 220 milhões de hectares hoje ocupados por pastagens devem ser incorporados à produção agrícola em função do expressivo aumento da produtividade na pecuária. O país tem condições de aumentar facilmente a área plantada, com a expansão da fronteira agrícola no Centro-Oeste e no Nordeste. Tudo isso é possível sem necessariamente causar qualquer impacto à Amazônia e em total sintonia e respeito à legislação ambiental. Dependerá apenas de um acompanhamento constante e efetivo das autoridades responsáveis nesse processo. ALFA-4 ★ 850750409 279 ANGLO VESTIBULARES 5. A BIOTECNOLOGIA NO CAMPO O desenvolvimento da biotecnologia, ou engenharia genética, tem servido para que se realize uma verdadeira revolução na produção agrícola mundial e, certamente, também na agricultura brasileira. Tal avanço científico e tecnológico tem sido responsável, entre outros aspectos, por um expressivo aumento na produtividade, bem como por uma grande melhora na qualidade dos produtos. Resultou também, no entanto, no surgimento de uma série de novos problemas, que só agora a sociedade começa a discutir mais concretamente. Apesar do desenvolvimento da biotecnologia ter resultado em uma diversidade de aspectos, o que mais tem sido lembrado, pela polêmica que causou, foi o surgimento do chamado “produto transgênico”, cuja obtenção se dá a partir da inserção de genes de determinada variedade vegetal em outra variedade, a fim de torná-la resistente à ação destrutiva de um inseto ou de algum agrotóxico, como por exemplo, um tipo de herbicida considerado de uso necessário no cultivo desse produto. A importância desse novo produto é que, ao ser modificado geneticamente, é possível que ele consiga resistir à ação dos agrotóxicos (herbicidas e inseticidas). Anteriormente, quando se aplicava um agrotóxico em uma plantação para combater pragas e insetos, era comum que a própria planta fosse afetada. Agora, com o produto transgênico, é possível se aplicar agrotóxicos eliminando os agentes nocivos, sem ter o produto afetado. As novas sementes transgênicas estão sendo desenvolvidas para uma grande variedade de produtos, mas a soja é atualmente, aquele em que mais se tem utilizado essa tecnologia no mundo. Países como os Estados Unidos e Argentina já apresentam metade de suas áreas de cultivo da soja com produtos transgênicos. No Brasil, a participação desse tipo de semente ainda é oficialmente muito pequena, pois existe uma grande discussão sobre se deve se ampliar ou não o uso dessa tecnologia na nossa agricultura. Lembramos também, que além da soja, outros produtos como o arroz, o tomate, a laranja, o milho, a batata, também estão se desenvolvendo bastante dentro dessa nova tecnologia de produção, apesar das críticas feitas ao uso da engenharia genética na produção de alimentos, principalmente as relacionadas com a saúde da população e com a degradação ambiental. No caso da saúde da população, o problema está na dificuldade de se fazer qualquer previsão sobre quais as características que surgiram no interior do produto com as transformações genéticas, existindo assim a possibilidade de elas serem tóxicas ou alergênicas, afetando a saúde de quem consome produtos obtidos com essa tecnologia. Quanto à questão ambiental, o problema é o aumento considerável da quantidade de agrotóxicos utilizada, pois como o produto transgênico se torna resistente à sua ação destrutiva, os agricultores tendem a aplicar mais freqüentemente os herbicidas, inseticidas e fungicidas. Assim, uma maior quantidade de produtos químicos, tóxicos, fixam-se no próprio solo ou são transportados pelas águas da chuva até o leito dos rios, podendo afetar até os lençóis freáticos da região. ALFA-4 ★ 850750409 Exercícios 1. (UEL-PR) “O processo de internacionalização da economia brasileira revela que o desenvolvimento atual do capitalismo na agricultura está marcado, sobretudo, pela sua industrialização.” (OLIVEIRA, A. U. de. In: Geografia do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1995. p. 470.) Em relação ao tema, é correto afirmar: a) A industrialização da agricultura significa tão somente o processo de transformação dos produtos agrícolas para a exportação. b) O capital industrial investe maciçamente na produção de alimentos básicos para a população brasileira. c) O processo de modernização do campo leva o agricultor a depender das indústrias produtoras de insumos e implementos agrícolas. d) A indústria oferece novas tecnologias ao setor agropecuário, possibilitando a modernização do campo somente aos agricultores voltados à produção de alimentos. e) A industrialização da agricultura mantém-se independente das empresas multinacionais. 2. (FGV-SP) A utilização de agrotóxicos nas lavouras busca o controle de pragas, como as chamadas “ervas daninhas”, os insetos e os fungos. A aplicação freqüente de quantidades cada vez maiores desses produtos químicos causa diversos impactos ambientais, como: I. compromete a qualidade da água quando os resíduos dos agrotóxicos são infiltrados no solo, contaminando os lençóis subterrâneos e aqüíferos; II. a água superficial é contaminada quando parte dos agrotóxicos é transportada pela chuva, afetando, desse modo, os rebanhos, o abastecimento das cidades, os peixes; III. o veneno dos defensivos afasta os pássaros das grandes lavouras, favorecendo a proliferação de pragas, lagartas e mosquitos; IV. a impregnação do solo com adubos químicos e venenos ajuda na fertilidade do solo, tornando-o cada vez mais produtivo, o que justifica o intenso uso desses produtos. Está correto o que se afirma em: a) I, II, III e IV. b) I, II e III, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) II e IV, apenas. e) I e IV, apenas. 280 ANGLO VESTIBULARES Aula 14 ORIENTAÇÃO DE ESTUDO A Livro 1 Aula 15 Caderno de Exercícios — Unidade I 1. A O mapa se baseou na distribuição das quantidades de espécies da fauna e flora que cada país apresenta, ou seja, na sua biodiversidade. 2. a) A Mata Atlântica tem sua área de ocorrência se estendendo pela costa leste brasileira, desde o Rio Grande do Norte até Santa Catarina. O Cerrado, tem sua área de ocorrência no interior do chamado Brasil Central. b) A Mata Atlântica é uma formação florestal, heterogênea, latifoliada, hidrófila e densa. O Cerrado é uma formação herbáceo-arbustiva com gramíneas ásperas, arbustos retorcidos com cascas grossas e raízes profundas. Tarefa Mínima • • Leia os itens 1 a 7, cap. 10. Leia os itens 1 a 5 da apostila. Tarefa Complementar • Resolva os exercícios 1, 2 e 3, série 13. Aula 16 Geografia ao Vivo 1. A O texto deixa claro que, historicamente, os grandes beneficiários da exploração das riquezas naturais da Amazônia sempre foram os da elite econômica. Por isso, a criação das reservas extrativistas pode representar uma possibilidade dos mais pobres sobreviverem ao avanço do capital, na região. 2. A Um aspecto positivo da exploração das Florestas Nacionais pelo setor privado é a possibilidade de manejo da biodiversidade de forma sustentável e um aspecto negativo é que a fiscalização existente é muito precária, o que pode levar a desvios na exploração. Assista aos programas Febre aftosa e a pecuária atual e A agricultura transgênica, acessando o ícone do Geografia ao Vivo em nossa página na internet. Respostas das Tarefas Complementares Aula 13 C ALFA-4 ★ 850750409 281 ANGLO VESTIBULARES