setor 1721

Propaganda
setor 1721
17210409
17210409-SP
Aula 13
O TEMPO E O CLIMA NO BRASIL
1. PRINCIPAIS FATORES DO CLIMA BRASILEIRO
a) LATITUDE
b) ALTITUDE
Latitude
Temperatura
média (ºC)
Cidade
Latitude
Altitude (m)
Temperatura
média (ºC)
Macapá
0º02’N
26,9
Belo Horizonte
19º49’S
858,3
22,2
Teresina
5º05’S
27,4
Vitória
20º19’S
3,3
25,4
Aracaju
10º54’S
26,1
Curitiba
25º25’S
934,6
17,5
Cuiabá
15º35’S
26,9
Florianópolis
27º35’S
22,7
20,8
Campo Grande
20º26’S
23,1
Brasília
15º46’S
1.171,8
21,4
Porto Alegre
30º01’S
20,0
Salvador
12º58’S
8,3
25,7
Cidade
c) MASSAS DE AR
AÇÃO DAS MASSAS DE AR NO BRASIL NO VERÃO
alísios de
nordeste
AÇÃO DAS MASSAS DE AR NO BRASIL NO INVERNO
mEa
Equador
Equador
mEa
mEc
AN
CE
Trópico de
Capricórnio
O PAC
mTa
E
OCE
N
O
L
S
Equatorial atlântica
Equatorial continental
ALFA-4 ★ 850750409
O
mTc
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N
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O
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PAC ÍFIC O
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L
OA
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O
TICO
mEc
Tropical atlântica
Tropical continental
259
mTa
Trópico de
Capricórnio
alísios de
sudeste
N
O
mPa
L
S
Polar atlântica
ANGLO VESTIBULARES
2. CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DO BRASIL
CLIMAS DO BRASIL
70°
60°
50°
N
40°
O
OCEAN
L
O
S
A
T
L
0°
Â
NT
Belém
Equador
0°
ICO
Manaus
Juazeiro
10°
10°
Salvador
Cuiabá
Clima Equatorial Super Úmido
20°
Ouro Preto
Clima Equatorial Úmido
Clima Tropical Úmido do Nordeste
O
20°
IC
Clima Tropical
Clima Semi Árido
Clima Tropical de Altitude
Porto Alegre
A
N
O
AT
N
T
OC
São Joaquim
Clima Subtropical com Verões brandos
E
Clima Subtropical com Verões quentes
LÂ
30°
OCEANO
PA C Í F I C O
ALFA-4 ★ 850750409
30°
70°
60°
50°
260
40°
30°
ANGLO VESTIBULARES
EQUATORIAL ÚMIDO (Belém – PA)
EQUATORIAL SUPER ÚMIDO (Manaus – AM)
30 °C
mm 600
30 °C
mm 600
500
25
500
25
400
20
400
20
300
15
300
15
200
10
200
10
100
5
100
5
0
0
0
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O N
D
TROPICAL ÚMIDO DO NORDESTE (Salvador – BA)
mm 600
0
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O N
D
TROPICAL DE ALTITUDE (Ouro Preto – MG)
30 °C
30 °C
mm 600
500
25
500
25
400
20
400
20
300
15
300
15
200
10
200
10
100
5
100
5
0
0
0
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O N
D
F
M
A
M
J
J
A
S
O N
D
SUBTROPICAL COM VERÕES QUENTES (Porto Alegre – RS)
30 °C
TROPICAL (Cuiabá – MT)
30 °C
mm 600
0
J
mm 600
500
25
500
25
400
20
400
20
300
15
300
15
200
10
200
10
100
5
100
5
0
0
0
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O N
0
J
D
SEMI-ÁRIDO (Juazeiro – BA)
F
M
A
M
J
J
A
S
O N
D
SUBTROPICAL COM VERÕES BRANDOS (São Joaquim – SC)
30 °C
mm 600
30 °C
mm 600
500
25
500
25
400
20
400
20
300
15
300
15
200
10
200
10
100
5
100
5
0
0
0
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O N
D
Temperatura (°C)
ALFA-4 ★ 850750409
0
J
261
F
M
A
M
J
J
A
S
O N
D
Precipitações (mm)
ANGLO VESTIBULARES
Exercícios
ORIENTAÇÃO DE ESTUDO
1. (PUCCamp-SP)
Livro 1
Metros
2.000
Caderno de Exercícios — Unidade I
Campos do Jordão
Tarefa Mínima
•
São Paulo
Leia os itens 6 e 7, cap. 3.
1.000
Tarefa Complementar
Santos
•
•
0
Alt.: 1.700 m
Temp.: 11,3°C
Alt.: 800 m
Temp.: 20,6°C
Resolva os exercícios 3 e 4, série 5.
Leia o texto abaixo e faça o exercício.
EVENTOS CLIMÁTICOS OU METEOROLÓGICOS
EXTREMOS
Alt.: 2 m
Temp.: 22,6°C
O clima basicamente atua de duas formas: a mais comum é a atuação de maneira contínua, influenciando os fenômenos biológicos e, a
mais rara, é a atuação de forma episódica, através dos eventos climáticos ou meteorológicos extremos. É essa forma a mais preocupante,
pois é geradora da maior parte dos problemas climáticos que enfrentamos hoje.
Entre os numerosos problemas naturais que afetam as populações e
as economias dos mais diversos países, destacam-se as mudanças
climáticas que acontecem como decorrência do aquecimento global. O
aumento da temperatura nas águas dos oceanos e na atmosfera tem feito
o clima do planeta se comportar de maneira atípica, observando-se grandes alterações na direção e intensidade das correntes de vento e das
massas de ar, no volume e na distribuição anual das chuvas e na ocorrência mais freqüente de fenômenos meteorológicos extremos, como furacões e tempestades.
No caso dos eventos extremos, o principal impacto para a população
humana se dá através dos acidentes e traumas, como no caso de tempestades seguidas de inundações — especialmente em zonas urbanas —
que provocam mortalidade por afogamento, deslizamentos de terra, desabamentos de prédios etc. Um outro tipo de evento extremo, a seca, tem
efeitos na perda de produção agrícola.
Com relação à figura acima, é possível afirmar que existe
uma variação térmica relacionada às cidades de Santos,
São Paulo e Campos do Jordão. Tal variação, entre outros
fatores, pode ser explicada pelo fato de:
a) haver uma diminuição térmica gradativa de Santos a
Campos do Jordão, devido ao aumento de altitude.
b) haver uma diminuição térmica gradativa de Santos a Campos do Jordão, devido ao aumento da longitude.
c) haver um aumento térmico gradativo de Santos a Campos do Jordão, devido à diminuição de latitude.
d) haver um aumento térmico gradativo de Santos a Campos do Jordão, devido ao aumento de latitude.
e) haver uma diminuição térmica gradativa de Campos do
Jordão a Santos, devido à diminuição de altitude.
2. Observe o mapa dos climas brasileiros e suas respectivas
características.
DESASTRES CLIMÁTICOS — 1975/2004
CLIMAS
90
Enchente
Ciclones
Seca
80
70
Temp. Extrema
Incêndio
Deslizamento
60
50
40
30
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
20
10
in
a
nt
ile
rg
e
Ch
il
ia
Br
as
lív
Bo
Pe
ru
a
bi
ôm
zu
e
la
Co
l
A
As elevadas temperaturas durante o ano e a ausência de
estação seca são características do clima representado no
mapa com o nº-:
a) I
d) IV
b) II
e) V
c) III
ALFA-4 ★ 850750409
ne
Ve
M
Cu
ba
ic
o
0
éx
–
–
–
–
–
–
–
–
Fonte: Unesp.
Esses problemas vêm se intensificando no mundo e no Brasil, a
exemplo da onda de calor na Europa em 2003, que matou cerca de 20 mil
pessoas; ou da forte seca, nesse mesmo ano, responsável por incêndios generalizados em Portugal e que causou um prejuízo de cerca de
1 bilhão de euros; ou ainda do furacão Katrina nos Estados Unidos,
262
ANGLO VESTIBULARES
A diferença entre esses dois fenômenos está, entre outras:
a) no seu local de formação. O furacão forma-se sobre águas frias,
já o ciclone extratropical forma-se em águas bem mais quentes.
b) nas nuvens de tempestade. O furacão possui nuvens de tempestade em seu centro de, no máximo, 10km de altura, já no ciclone
extratropical são nuvens de até 30km.
c) na velocidade de seus ventos. O furacão pode chegar a ventos
superiores a 249 km/h (categoria 5), enquanto o ciclone extratropical pode chegar a 118 km/h.
d) no seu caráter destruidor. O furacão possui um nível baixo de
destruição, algumas árvores e inundações, já o ciclone extratropical pode atingir níveis catastróficos.
e) na temperatura do seu centro. O centro do furacão é frio, já o
centro do ciclone extratropical tem temperaturas elevadas.
considerado como um dos mais destrutivos da história, que arrasou a
cidade de Nova Orleans em 2005. Assim também, no Brasil, a ocorrência de uma forte estiagem que atingiu a Amazônia em 2005 e o sul
do país em 2006; e o mais importante desses fenômenos — pelo inusitado — o furacão Catarina, em 2004, no litoral de Santa Catarina e do
Rio Grande do Sul.
Com rajadas de ventos de até 180km/h que, segundo a escala SaffirSimpson, corresponde a um furacão de categoria 2, esse foi o primeiro
ciclone tropical, de que se tem notícia no sul do Oceano Atlântico. Ocorreu em março de 2004 e gerou danos da ordem de 250 milhões de reais,
mas, de início, os pesquisadores não queriam reconhecê-lo como um furacão. Somente após algumas semanas de estudo, os cientistas do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) concordaram em classificar o
Catarina como um furacão.
(Ibmec-SP) O fenômeno Catarina, que atingiu os municípios localizados entre Laguna, em Santa Catarina, e Torres, no Rio Grande do
Sul, em março de 2004, trouxe dúvidas aos cientistas quanto à sua
classificação. Teria sido ele um furacão ou um ciclone extratropical?
ALFA-4 ★ 850750409
263
ANGLO VESTIBULARES
Aula 14
AS GRANDES PAISAGENS VEGETAIS BRASILEIRAS
1. A VEGETAÇÃO BRASILEIRA
VEGETAÇÃO ORIGINAL
N
O
AT
LÂ
NT
ICO
Equador
Formações Florestais
Mata Amazônica
Mata Atlântica
Mata dos Cocais
Mata de Araucária
O
E
A
Tr ó p ic o d e
C a p ri có rn
Formações Arbustivas
e Complexas
Cerrado
Caatinga
Pantanal
io
N
Formações Herbáceas
Campos
L
O
Formações Litorâneas
Mangues e Dunas
ALFA-4 ★ 850750409
C
S
264
ANGLO VESTIBULARES
2. FORMAÇÕES FLORESTAIS
MATA AMAZÔNICA
MATA ATLÂNTICA
Equador
Trópico de
OCEANO ATLÂNTICO
OCEANO PACÍFICO
OCEANO PACÍFICO
OCEANO ATLÂNTICO
Equador
Capricórnio
N
O
L
S
Trópico de
N
O
L
S
MATA DAS ARAUCÁRIAS
MATA DOS COCAIS
Equador
Trópico de
OCEANO PACÍFICO
OCEANO PACÍFICO
OCEANO ATLÂNTICO
OCEANO ATLÂNTICO
Equador
ALFA-4 ★ 850750409
Capricórnio
Capricórnio
N
O
L
S
265
Trópico de
Capricórnio
N
O
L
S
ANGLO VESTIBULARES
3. FORMAÇÕES ARBUSTIVAS E COMPLEXAS
Exercícios
CERRADO
Para responder às questões 1 e 2, observe o mapa e os
climogramas abaixo.
Equador
OCEANO PACÍFICO
OCEANO ATLÂNTICO
VEGETAÇÃO
Trópico de
Capricórnio
N
O
L
S
I–
PANTANAL
II –
III –
Equador
OCEANO PACÍFICO
OCEANO ATLÂNTICO
IV –
Trópico de
CLIMOGRAMAS TÍPICOS DE TRÊS GRANDES DOMÍNIOS
CLIMÁTICOS NO BRASIL
mm
Capricórnio
N
O
L
mm
B
°C
600
30°
500
25°
500
25°
400
20°
400
20°
300
15°
300
15°
200
10°
200
10°
100
5°
100
5°
0
0°
0
0°
J F MAM J J A S ON D
J F MAM J J A S ON D
S
CAATINGA
OCEANO ATLÂNTICO
Equador
OCEANO PACÍFICO
°C
30°
mm
Trópico de
°C
30°
500
25°
400
20°
300
15°
200
10°
100
5°
0°
temperatura em °C
pluviosidade em mm
J F MAM J J A S ON D
1. As formações florestais que ocorrem, originalmente, nos domínios climáticos que apresentam as variações termopluviométricas A e B correspondem às paisagens vegetais indicadas
no mapa pelos números:
a) I e II
b) II e III
c) I e III
d) II e IV
e) I e IV
Capricórnio
N
O
C
600
0
L
S
ALFA-4 ★ 850750409
A
600
266
ANGLO VESTIBULARES
2. O climograma C retrata variações termo-pluviométricas
típicas do domínio original:
a) da Mata Atlântica no litoral meridional do Sudeste.
b) da Floresta Tropical na bacia do Paraná.
c) da Mata Atlântica junto à faixa litorânea do Nordeste
oriental.
d) da Floresta Tropical no Pantanal no Centro-Oeste.
e) da Mata Atlântica no litoral da Amazônia.
A Convenção da Diversidade Biológica, apresentada no Rio de Janeiro na reunião das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (Eco-92),
assim definiu biodiversidade:
“Variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem
parte, compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre
espécies e de ecossistemas”.
Uma das definições mais abrangentes e precisas — a da Embrapa
— conceitua biodiversidade da seguinte maneira:
“é a variedade de genes, espécies e ecossistemas que fazem
parte da biosfera, reunindo todas as espécies vivas, desde os microrganismos simples até as plantas e animais superiores. Há uma interrelação inexorável entre os elementos vivos da natureza que garantem
a riqueza, a proliferação e a continuidade da vida em nosso planeta”.
ORIENTAÇÃO DE ESTUDO
Livro 1
Como se vê, todas chamam a atenção para os diversos níveis e a
variedade de ambientes da vida, referindo-se também aos processos que
os mantêm organizados.
Caderno de Exercícios — Unidade I
Tarefa Mínima
•
(FGV-SP) Preservar a biodiversidade é condição básica para manter
um ambiente sadio no planeta. Esta frase é uma preocupação:
a) mundial porque as espécies levaram milhões de anos para se
constituir e podem desaparecer em poucas décadas no mundo
se o desmatamento e a poluição indiscriminados tiverem continuidade.
b) mundial porque o desaparecimento das espécies de animais de
porte médio e grande pode ser responsável por problemas alimentares e aumento de pragas pela ruptura da cadeia alimentar.
c) apenas para os países da Europa e dos Estados Unidos que por
terem sido industrializados, há muito tempo, destruíram quase
totalmente suas florestas temperadas e frias.
d) apenas para os países que se organizaram politicamente em
áreas áridas ou semi áridas como Namíbia e que dependem do
pouco que resta de seus ecossistemas.
e) apenas para os países que têm uma tecnologia altamente desenvolvida e que precisam dos organismos vivos como fonte original
dos princípios ativos.
Leia os itens 1 a 5, cap. 4.
Tarefa Complementar
•
•
Resolva os exercícios 1 e 2, série 6.
Leia o texto abaixo e faça o exercício.
A BIODIVERSIDADE
A noção de variedade da vida existe desde a Antiguidade: os gregos
e os romanos, por exemplo, já pensavam sobre a diversidade biológica,
chegando a elaborar esquemas para classificar os vários tipos de vida. Nos
últimos anos, entretanto, a idéia de diversidade biológica foi atropelada
pela noção de biodiversidade, que surgiu há não muito tempo e difundiuse na década de 1980, quando o ecólogo Edward O. Wilson, da Universidade de Harvard, organizou um livro com os trabalhos apresentados numa
reunião ambiental ocorrida nos Estados Unidos e quando o termo foi inserido no relatório BRUNDTLAND (1987), com contexto econômico, mencionando-se a biodiversidade como um bem em si mesma.
Desde então foram formuladas várias definições para o termo biodiversidade, dentre as quais muitas ressaltam que não se trata apenas de
uma coleção de componentes, em vários níveis: tão importantes quanto
os componentes são a forma como eles estão organizados e a maneira
como interagem, isto é, as interações e processos que fazem os organismos, as populações e os ecossistemas preservarem sua estrutura e funcionarem em conjunto.
ALFA-4 ★ 850750409
Geografia ao Vivo
Assista aos programas Brasil: domínios morfoclimáticos; Caatinga: um processo de desertificação? e
Brasil: Pantanal ameaçado, acessando o ícone do
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267
ANGLO VESTIBULARES
Aula 15
A BIODIVERSIDADE BRASILEIRA
1. A BIODIVERSIDADE BRASILEIRA
O Brasil se sobressai por ser detentor de uma enorme biodiversidade. Seu número inigualável de espécies de plantas, de peixes, de
anfíbios, pássaros, primatas e insetos, muitos deles ainda não descritos pela ciência, o inclui num seleto grupo de países notórios por sua
megadiversidade biológica. Detentor de 23% da biodiversidade do planeta, de acordo com cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), o Brasil conta com um patrimônio genético cujo valor potencial é estimado em US$2 trilhões. Tentando promover um
levantamento no país, o governo, através da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias), criou o Banco de Germoplasma
para recolher e catalogar as plantas brasileiras que possam interessar à engenharia genética, no esforço de preservar esse inestimável patrimônio. Entre os vários biomas biodiversos merecem destaque as florestas tropicais. Área de elevado interesse por parte de determinados setores econômicos.
CAUSAS DA ELEVADA BIODIVERSIDADE
DAS FLORESTAS TROPICAIS
•
•
•
•
Elevada temperatura média
Elevada umidade
Luminosidade
Processo de evolução natural
OS NÚMEROS DA BIODIVERSIDADE BRASILEIRA
Possui cerca de 23% do número total de espécies existentes no planeta, entre milhões de espécies de
fungos e microorganismos; a maior diversidade de insetos, com cerca de 15 milhões de espécies; a maior
diversidade de mamíferos, com 524 espécies catalogadas; a segunda maior diversidade de anfíbios, com
517 espécies; a segunda maior diversidade de peixes, com 3.131 espécies; a terceira maior diversidade de
aves, com 1.622 espécies; e a quinta maior diversidade em répteis, com 468 espécies. Das 240 mil espécies
de vegetais catalogadas no planeta, 150 mil ocorrem nos trópicos e, dessas, 55 mil são encontradas naturalmente no Brasil, sendo a maioria delas exclusiva do nosso território. Segundo o Parlamento Latino-Americano, mais de cem empresas fazem bioprospecção ou biopirataria no Brasil. Calcula-se que cerca de 40%
dos remédios sejam oriundos de fontes naturais, sendo 30% de origem vegetal e 10% de origem animal e
microorganismos.
2. O QUE SÃO OS HOTSPOTS?
O conceito de hotspot foi criado pelo ecólogo inglês Norman Myers em 1988. Trata-se de áreas prioritárias para conservação. Tem
como característica uma elevada biodiversidade altamente ameaçada. É considerada hotspot uma área com pelo menos 1.500 espécies
endêmicas de plantas e que tenha perdido mais de 3/4 de sua vegetação original. Hoje são 34 hotspots pelo mundo. Veja a seguir.
ALFA-4 ★ 850750409
268
ANGLO VESTIBULARES
HOTSPOTS BIÓLOGICOS
OCEANO
ATLÂNTICO
18
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
PACÍFICO
22
15
4
21
27
5
20
2
16
23
12
14
10
26
34
11
27
13
32
8
6
9
30
33
31
1
7
N
O
17
29
3
19
OCEANO
ÍNDICO
24
28
25
L
S
Fonte: Conservação Internacional
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
Mata Atlântica (Brasil, Paraguai, Argentina)
Província Florística da Califórnia
Província Florística do Cabo (África do Sul)
Ilhas do Caribe
Cáucaso
Cerrado (Brasil)
Chile Central - Florestas Valdivias
Florestas de Afromontane (África Oriental)
Ilhas da Melanésia Oriental
Montanhas do Arco Oriental
Florestas da Guiné, África Ocidental
Himalaia
Chifre da África
Regiões da Indo-Birmânia
Região Irano-Anatólica
Japão
Madagascar e Ilhas do Oceano Índico
Floresta de Pinho-Encino de Sierra Madre (México, EUA)
ALFA-4 ★ 850750409
19. Maputaland-Pondoland-Albany (África do Sul, Suazilândia,
Moçambique)
20. Bacia do Mediterrâneo
21. Mesoamérica (Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador,
Guatemala, Belize, México)
22. Montanhas da Ásia Central
23. Montanhas do Centro-Sul da China
24. Nova Caledônia
25. Nova Zelândia
26. Filipinas
27. Ilhas da Polinésia e Micronésia (incluindo Hawai)
28. Sudoeste da Austrália
29. Karoo das Plantas Suculentas (África do Sul, Namíbia)
30. Sunda (Indonésia, Malásia, e Brunei)
31. Andes Tropicais
32. Tumbes-Chocó-Magdalena (Panamá, Colômbia, Equador,
Peru)
33. Wallacea (Indonésia)
34. Gates Ocidentais (Índia e Sri Lanka)
269
ANGLO VESTIBULARES
Entre as principais vítimas da ação humana estão as florestas tropicais. Portadoras da maior biodiversidade do planeta,
despertam interesse em vários campos, como o madeireiro, o
farmacológico, o biológico, etc. Veja a seguir os países que mais
devastaram entre 1980 e 2000 e a cobertura remanescente das
florestas tropicais no mundo.
3. OS PROCESSOS DE DEVASTAÇÃO
Os ecossistemas brasileiros foram e continuam sendo gravemente perturbados ou destruídos pelo homem, devido, sobretudo, ao uso da terra para o desenvolvimento de culturas agrícolas e/ou pastagens, ao crescimento urbano, à exploração predatória da vegetação pela ação das madeireiras, entre outros fatores. A destruição ou a perturbação dos ecossistemas interrompe
os ciclos biológicos que mantêm o equilíbrio entre as espécies e o
meio, produzindo efeitos negativos de dimensões gigantescas.
O homem moderno tem provocado, nos últimos séculos, a
aceleração da extinção de espécies de plantas e animais numa
taxa nunca antes ocorrida. Sabe-se que a extinção é um processo
natural que, ao longo da história da Terra, resulta na evolução
das espécies. Entretanto, desde 1600, muitas espécies foram
consideradas extintas pelos registros oficiais, embora alguns estudiosos sugiram que esses números estejam subestimados,
sobretudo nas regiões tropicais, onde ainda há muito por descobrir. As principais causas desse efeito danoso sobre a biodiversidade são demográficas e econômicas. São inúmeros os exemplos
em todos os continentes: muitas espécies asiáticas, australianas,
norte-americanas e européias tiveram seu tamanho populacional
reduzido a ponto de não conseguirem recuperar sua diversidade
genética, o que as levou à extinção.
ÁREA DEVASTADA 1980-2000 — PRINCIPAIS PAÍSES
Área (ha)
250.000.000
200.000.000
área devastada (ha)
150.000.000
100.000.000
Tailândia
Malásia
Mianmar
Colômbia
Bolívia
México
Venezuela
Indonésia
Rep. Dem.
do Congo
Brasil
0
TOTAL
50.000.000
Países
Fonte: Moraes, P.R. O Mundo Tropical e as Febres
Hemorrágicas, Humanitas, 2008.
COBERTURA FLORESTAL TROPICAL REMANESCENTE
N
O
L
S
18°C
Trópico de Câncer
Equador
Trópico de Capricórnio
18°C
COBERTURA FLORESTAL TROPICAL REMANESCENTE
Fonte: FAO (2004). National Geographic (2000). Coord.: Moraes, P. R. (2007) Org.: Vilela, F.N.J. (2007)
A devastação predatória das florestas tropicais continua a assolar o mundo. A exploração irresponsável pode acabar destruindo uma
biodiversidade muitas vezes ainda desconhecida.
ALFA-4 ★ 850750409
270
ANGLO VESTIBULARES
fragmentos de tecidos, culturas de microorganismos ou minúsculas sementes sem a necessidade de grandes aparatos. O bolso, a
caneta, o frasco de perfume, o estojo de maquiagem, os cigarros,
os adornos artesanais, as dobras e costuras das roupas são
alguns dos esconderijos utilizados.
4. A BIOPIRATARIA
Nos últimos anos, com os avanços da engenharia genética e
da biotecnologia, o preço da vida silvestre tornou-se incalculável
para as grandes corporações multinacionais, que buscam em determinados ambientes as matrizes para muitos de seus produtos,
as quais, depois de alteradas geneticamente, são comercializadas
por valores elevadíssimos.
O Brasil e outras nações privilegiadas em termos de biodiversidade passaram a ser alvos da ação da biopirataria, praticada
principalmente por grandes conglomerados transnacionais das nações ricas.
Entende-se por biopirataria simples o envio ilegal de elementos da fauna e da flora nativa para o estrangeiro, com fins industriais ou medicinais, sem qualquer pagamento ao país produtor ou à população local, que muitas vezes já conhece as propriedades curativas de espécies subtraídas sem autorização.
5. OS PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Na Eco-92, a Convenção da Biodiversidade deu origem ao
documento Estratégia Global para a Biodiversidade, em que
estão estabelecidas mais de 80 ações para a preservação da
biodiversidade biológica no planeta. Entre elas estão ações de
combate à biopirataria, prevendo o pagamento de royalties
pelas empresas que fizerem pesquisas ou explorarem a fauna
e/ou a flora num país estrangeiro, e a transferência de tecnologia e informações para o país detentor da “matéria-prima”
biológica. Esses dois pontos vão contra os interesses dos grandes conglomerados farmacêuticos, que se opõem à assinatura
de qualquer acordo ou tratado nesses termos. Os países ricos,
liderados pelos EUA, alegam que os seus gastos com pesquisas
nem sempre se transformam em produtos rentáveis. Em outras palavras, afirmam que investem muito na procura de novas substâncias e que apenas uma ou outra resulta em fonte
de lucro.
Os esforços para impedir a biopirataria parecem tímidos
quando comparados à ganância dos especuladores e das empresas multinacionais que vêm cada vez mais se apossando, de
maneira inescrupulosa, de tais riquezas. Vale destacar, entretanto, que não podemos confundir essa prática, representada
pelo saque indiscriminado de material biológico, com as atividades próprias da ciência, direcionadas à produção de informações sobre a fauna e a flora da região.
Embora seja impossível imaginar a ciência neutra e sem fronteiras, é preciso cuidado para que eventuais exageros não inviabilizem o progresso científico. A ação dos legisladores busca a preservação do patrimônio biológico, intenção válida e desejável, mas
há momentos de tensão em decorrência da falta de informações.
A discussão da questão precisa, pois, ser despida de componentes
emocionais, que produzem desde argumentos de base ideológica
até afirmações curiosas sobre o poder milagroso das plantas,
formando um binômio filosófico-imaginário desprovido de comprovação científica.
O uso sustentável da biodiversidade deve ser, portanto, uma
das maiores preocupações da sociedade moderna, que, adquirindo maior consciência da importância estratégica da preservação da biodiversidade, passa a mobilizar-se para exigir dos
governos posturas coerentes para a proteção ambiental e para
a exploração dessa riqueza.
PAÍSES QUE SOFREM BIOPIRATARIA COMPROVADA
Brasil
Peru
Argentina
Venezuela
Paraguai
Bolívia
Madagascar
Quênia
Senegal
Camarões
Guiana
Colômbia
África do Sul
Rep. Dem. do Congo
Tanzânia
Indonésia
Índia
Vietnã
Malásia
China
Rússia
O termo biopirataria foi lançado em 1993 para alertar sobre
o fato de que recursos biológicos e conhecimentos indígenas
estavam sendo roubados e patenteados por empresas multinacionais, sem que as comunidades nativas, que há séculos usam
tais recursos e geraram os conhecimentos, participassem nos lucros. Calcula-se que esse comércio ilegal movimente cerca de 10
bilhões de dólares por ano. O Brasil responde por 10% desse tráfico (principalmente de animais silvestres), em razão da grande biodiversidade que apresenta.
O Brasil possui um imenso potencial genético a ser explorado, e estima-se que seu patrimônio vegetal represente cerca de
16,5 bilhões de genes. Sendo tão rico em substâncias biologicamente ativas, tornou-se, comprovadamente, alvo de biopirataria.
São freqüentes as denúncias de casos de pirataria genética envolvendo instituições oficiais de ensino e pesquisa, cientistas e laboratórios estrangeiros que, simplesmente, saem do país levando
riquezas biológicas para posteriormente registrar patentes e gozar de vantagens econômicas obtidas à custa de produtos gerados com nossas plantas e animais.
Cerca de 70% da biopirataria praticada no Brasil é feita por
instituições filantrópicas, que entram em nosso território alegando a intenção de promover o atendimento a populações carentes
e remetem clandestinamente material genético, in natura e em
grandes quantidades, para seus países de origem, principalmente
Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Suíça e Japão. O
restante da retirada irregular é praticado por instituições científicas legalmente instaladas. Apesar do volume exportado ser menor, o dano por elas causado é maior, pois a alta tecnologia que
aplicam nas pesquisas realizadas aqui mesmo permite o envio,
para suas sedes, de material já sintetizado.
Retirar material biológico clandestinamente de um país não
exige muita criatividade. Existem diversas maneiras de esconder
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Exercícios
1. (FUVEST) Dentre os vários aspectos que justificam a diversidade biológica da Mata Atlântica, encontram-se:
I. Concentração nas baixas latitudes, associada a elevadas precipitações.
II. Distribuição em áreas de clima tropical e subtropical
úmido.
271
ANGLO VESTIBULARES
III. Ocorrência apenas em planícies litorâneas, que recebem
umidade vinda dos oceanos.
IV. Ocorrência em diferentes altitudes.
a) I e III.
d) II e IV.
b) I e IV.
e) III e IV.
c) II e III.
ORIENTAÇÃO DE ESTUDO
Tarefa Mínima
•
Leia os itens 1 a 5 da apostila.
Tarefa Complementar
2. (FATEC)
•
1.
Resolva os exercícios a seguir.
(FGV-SP) Dependendo da referência utilizada, pode variar bastante a
importância de cada país no mundo. No mapa a seguir, não se adotou a extensão territorial dos países como critério para delimitar a
proporção dos espaços que eles ocupam no Globo. O referencial
utilizado foi:
Rússia
EUA Canadá
Continente
Europeu
Assinale a alternativa que identifica corretamente:
I. o nome da vegetação que ocupava originalmente as áreas
representadas no mapa.
II. um dos fatores responsáveis pela redução dessas áreas
na atualidade.
III. um aspecto que justifica sua importância para a sociedade.
a) I. Matas tropicais e subtropicais;
II. secas prolongadas devido a fenômenos ocasionais
como El Niño;
III. fornecimento de plantas específicas para a indústria
farmacêutica.
b) I. Florestas pluviais (Rainforest);
II. queimadas associadas à expansão da agropecuária;
III. megadiversidade, possuindo cerca de 70% das espécies vegetais e animais do mundo.
c) I. Savanas;
II. queimadas associadas à expansão da agropecuária;
III. biodiversidade, possuindo um dos mais ricos estoques
genéticos do globo.
d) I. Floresta pluviais (Rainforest);
II. processo de desertificação associado ao crescimento
da atividade industrial;
III. biodiversidade, possuindo um dos mais ricos estoques
genéticos do globo.
e) I. Savanas;
II. processo de desertificação associado ao crescimento
da atividade industrial;
III. megadiversidade, possuindo cerca 70% das espécies
vegetais e animais do mundo.
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China
México
Colômbia
Congo
Índia
América
Central
Zaire
Brasil
Peru
Gabão
Austrália
a) A biodiversidade, relacionada ao número de espécies animais
e vegetais existentes.
b) A participação percentual da agricultura na economia.
c) As principais jazidas de minerais metálicos e combustíveis
fósseis.
d) A população, correspondendo à quantidade de habitantes presentes no mundo.
e) As taxas de urbanização, em porcentagem da população total.
2.
(UNESP) Em fevereiro de 1997, a ONG norte-americana Conservation lnternational divulgou resultados sobre a biodiversidade mundial,
indicando 17 ecossistemas que têm, pelo menos, 75% de sua área
vegetal já devastada. Dois destes ecossistemas estão localizados
no Brasil: Mata Atlântica e Cerrado.
a) Quais são as áreas de ocorrência destes ecossistemas?
b) Cite duas características de cada um deles.
Geografia ao Vivo
Assista aos programas Biodiversidade brasileira,
Hotspots e Amazônia: a biopirataria, acessando o
ícone do Geografia ao Vivo em nossa página na internet.
272
ANGLO VESTIBULARES
Aula 16
A GESTÃO PÚBLICA NO CAMPO AMBIENTAL
1. A AGENDA AMBIENTAL INTERNACIONAL:
BREVE HISTÓRICO
O ser humano sempre teve com a natureza uma relação antropocêntrica, ou seja, de que a natureza foi feita para servi-lo, o que
absolutamente, não é verdadeiro. Dessa forma, nunca houve preocupação em preservar ou usar racionalmente os recursos de que
necessitamos para as nossas atividades cotidianas e econômicas.
Na década de 1960 surgiram as primeiras organizações
preocupadas com a questão ambiental. Também nesse período
tivemos a Conferência da Biosfera, em 1968, em Paris, França.
Dessa conferência participaram 64 países. O evento contou com
o patrocínio de instituições e organismos internacionais, como,
por exemplo, a Unesco, a FAO e a OMS. Nessa ocasião, a pauta de
discussões foi centrada nos impactos que a ação antrópica causa
ao meio ambiente.
Nas décadas de 1970 e 1980, organismos internacionais
preocupados com a questão preservacionista ambiental, promoveram outras conferências internacionais com a temática ambientalista e educação ambiental.
Em 1972 ocorre a I Conferência sobre o Meio Ambiente
Humano, em Estocolmo, Suécia, onde foram discutidos problemas ambientais como a chuva ácida e o controle da poluição do
ar, inaugurando uma nova forma de relacionamento internacional, centrado na questão ambiental, que contou com a presença
de 113 países e 400 instituições governamentais e não governamentais. Desse encontro saiu um documento inédito sobre questões ambientais, a preservação e a utilização dos recursos naturais em âmbito global. O mundo acordava para a ameaça da ação
humana ao meio ambiente.
Em 1992, aconteceu no Rio de Janeiro a Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92),
que contou com a presença de 178 países, organizações governamentais e não governamentais, e cujo objetivo maior era a obtenção de acordos para minimizar os impactos sobre a ação humana no meio ambiente. Da Eco-92 saíram tratados internacionais (Convenções), duas declarações, uma carta de princípios pela
preservação da vida na Terra e a Declaração de Florestas, esta
última sobre a necessidade de se manterem as reservas florestais
no mundo. Também foi elaborada a Agenda 21, um documento
que expõe um plano de ação preservacionista/conservacionista do
meio ambiente terrestre.
Em 2002, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), em Johannesburgo, na
África do Sul. Esse encontro terminou de uma forma melancólica,
pois houve um esvaziamento nas discussões, resultado do pouco
empenho de algumas nações ricas, em especial, os Estados Unidos.
As conclusões de Johannesburgo foram pífias diante das prementes necessidades do meio ambiente. Neste começo de século percebe-se nitidamente que a preocupação maior das nações ricas,
feitas algumas exceções, está centrada nas questões econômicas e
de sua segurança, esta última, intensificada após os atentados de
11 de setembro.
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2. POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS E A
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA
As pessoas que resolvem enveredar pelos temas relativos ao
meio ambiente e às políticas ambientais, no Brasil, deparam com
centenas de órgãos públicos, um gigantesco número de siglas,
ONGs que proliferam ano após ano, inúmeras leis ambientais recém-criadas e vários tipos de áreas de conservação — como parques e florestas nacionais, reservas extrativistas, etc. Tem-se a
impressão de que os órgãos públicos e as legislações se sobrepõem, de que não há diferença entre os tipos de unidades de conservação e de que a enxurrada de siglas retrata os labirintos da
administração pública brasileira.
Entretanto a legislação ambiental brasileira nos últimos anos
vem se desenvolvendo e se aprimorando, porém muitas vezes,
lamentavelmente, não tem sido incorporada pela realidade. O que
vemos, assim, são dois mundos, o do “papel”, elogiado internacionalmente diversas vezes como modelo, e o do “real”, onde as leis
dos mais poderosos acabam prevalecendo. É importante destacar
que tal quadro, mesmo em ritmo lento, vem sendo alterado, deixando-nos otimistas com relação ao futuro. Isso se a natureza
agüentar.
3. O SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES
DE CONSERVAÇÃO (SNUC)
Dentro do aprimoramento da legislação ambiental que o país
tem promovido, o governo federal, no ano 2000, por intermédio
do presidente da República, sancionou a lei nº- 9.985, que instituiu
o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da natureza,
conhecido pela sigla SNUC. Esse sistema, de nome estranho, veio
cobrir uma lacuna existente na legislação ambiental de nosso país,
pois estabeleceu critérios e normas para a criação, a implantação e
a gestão das unidades de conservação. Além de normatizar o
setor nas diversas esferas de poder e perante a sociedade civil, a
implantação do SNUC trouxe à tona discussões das mais variadas
sobre o que são as Unidades de Conservação — UCs. Segundo o
artigo I da referida lei, entende-se por Unidade de Conservação:
“espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as
águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,
legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”.
Podemos dizer que as Unidades de Conservação exercem
função importante na preservação da vida dos animais e plantas, pois podem proporcionar uma revitalização de áreas degradadas; paralelamente, ficam sujeitas a normas e regras especiais. As Unidades de Conservação podem ser legalmente criadas pelo governo em suas três esferas de poder: federal, estadual e municipal.
273
ANGLO VESTIBULARES
A
Proteção Integral
O
Uso sustentável
C
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TI
C
O
N
O
L
S
No Reino Unido surgiram as Reservas da Natureza (Nature
Reserve), cujo objetivo principal consistia na conservação de hábitats naturais contra a transformação que vinha ocorrendo no
país desde do início da revolução industrial. Esse modelo introduziu também uma nova idéia: a de unidades privadas de conservação, que se contrapôs às unidades de conservação públicas baseadas na instalação de Yellowstone. Esses modelos de unidades de
conservação não tiveram a mesma importância mundial. As públicas tornaram-se muito mais comuns que as particulares, muitas
vezes mal vistas. Somente nos últimos anos essa situação mudou.
No Brasil, a idéia de Reservas Particulares vem desde o antigo Código Florestal de 1934, que já previa o estabelecimento de
áreas particulares protegidas. Naquela época, tais áreas, que
eram chamadas de Florestas Protetoras, permaneciam de posse
e domínio do proprietário e eram inalienáveis. Em 1965, foi instituído um novo Código Florestal e a categoria Florestas Protetoras desapareceu. Em 1977 alguns fazendeiros, principalmente do
Rio Grande do Sul, sentiram a necessidade de dar proteção oficial
às suas propriedades rurais, face à pressão de caça que elas sofriam. Graças ao movimento empreendido por eles foram criadas
algumas categorias de reservas que acabou gerando a Reserva
Particular do Patrimônio Natural (RPPNs).
Definem-se as RPPNs como áreas de conservação da natureza em terras privadas, em que o proprietário é quem decide se
quer fazer de seu imóvel rural, integral ou parcialmente, uma reserva, sem que isso acarrete perda do direito de propriedade. A
área deverá possuir atributos importantes para o meio ambiente
ou, na ausência de vegetação significativa, a viabilização de
recuperação da área.
Em 2000, com a nova lei do Sistema Nacional de Unidade de
Conservação — SNUC, as RPPNs passaram a ser consideradas
Unidades de Conservação integrantes do grupo. No estabelecimento do SNUC, as Unidades de Conservação foram divididas
em dois grupos distintos, de acordo com suas diferentes formas
de proteção. O primeiro, denominado Unidades de Proteção Integral, é constituído por aquelas que precisam de maiores cuidados
devido a sua fragilidade e particularidades; o segundo, batizado
Unidades de Uso Sustentável, constitui-se daquelas cuja situação
permite conservação e utilização de forma sustentável concomitantemente. Em função desses dois grupamentos, foram distribuídas as doze categorias de unidades que seguem:
Fonte: Ministério do Meio Ambiente. Núcleo do Geoprocessamento - SBF/DAP/Geo
BRASIL — UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
A Região Amazônica possui a maior área territorial de Unidades
de Conservação do Brasil.
A idéia de Unidades de Conservação pelo mundo e no Brasil
não é nova. Ela surgiu em 1872 com a criação do primeiro
parque nacional, Yellowstone, nos EUA. Embora este inicialmente
se destinasse ao lazer e ao turismo para o público, outros países,
no mesmo período, adotaram a idéia, adaptando-a à meta de
conservar os recursos naturais.
PARQUE NACIONAL
São áreas geográficas extensas e delimitadas, dotadas de
atributos naturais excepcionais, objeto de preservação permanente, submetidas à condição de inalienabilidade e indisponibilidade
de seu todo. (Ministério do Meio Ambiente)
PARQUES NACIONAIS BRASILEIROS
RR
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PA
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Parques nacionais
brasileiros
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L
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S
UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL
Estação Ecológica
Reserva Biológica
Parque Nacional
Monumento Natural
Refúgio da Vida Silvestre
Fonte: Ministério do Meio Ambiente.
AM
UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL
Área de Relevante Interesse Ecológico
Floresta Nacional
Reserva de Fauna
Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Reserva extrativista
Área de Proteção Ambiental
O Brasil possui em seu território atualmente (2008) 62 parques
nacionais e muitos ainda são completamente desconhecidos
para os brasileiros. O Parque Nacional de Itatiaia (RJ) foi o primeiro instalado no país em 1937.
ALFA-4 ★ 850750409
274
ANGLO VESTIBULARES
4. OUTRAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
• Reserva Florestal — Área extensa, desabitada, de difícil
acesso e em estado natural. Dela se carece de conhecimento e
tecnologia para uso racional dos recursos e então as prioridades nacionais, em matéria de recursos humanos e financeiros, impedem investigação de campo, avaliação e desenvolvimento, no momento. É uma categoria de manejo transitória. Tem por objetivo a proteção dos valores dos recursos naturais para uso futuro e o impedimento de atividades de desenvolvimento até que sejam estabelecidos outros objetivos de
manejo ou simples extinção.
• Reserva Biológica — Área essencialmente não-perturbada
por atividades humanas que compreende características e/ou
espécies da flora ou fauna de significado científico e tem por
objetivo a proteção de amostras ecológicas do ambiente natural para estudos científicos, monitoramento ambiental, educação científica e manutenção dos recursos genéticos em estágio
dinâmico e evolucionário.
• Reserva Extrativista — Área que corresponde a espaços
destinados à exploração autosustentável e conservação de recursos naturais renováveis, por população extrativista. É criada pelo Poder Público em espaços territoriais de interesse ecológico e social.
RESERVA EXTRATIVA CHICO MENDES
Situada no estado do Acre, a reserva Chico Mendes foi
criada em 1990 e possui terras nos municípios de Assis Brasil,
Brasiléia, Xapuri, Capixaba, Senador Guiomard, Rio Branco e
Sena Madureira.
A área da reserva foi uma das grandes produtoras de borracha, mas nos últimos anos o preço da borracha tornou-se
insignificante e a produção caiu. O principal produto extrativo
tem sido a castanha do Brasil que contribui, em média, com 9%
da renda familiar. As famílias vivem basicamente da agricultura
de subsistência (mandioca, arroz, milho, feijão, frutas e legumes), da criação de pequenos animais (galinhas, patos, porcos)
e completam a dieta alimentar com caça e pesca. Há também
quem possua algumas cabeças de gado, cavalos e burros para
transporte.
Para garantir sua sobrevivência, a população organizada
em unidades de produção familiar utiliza sua força de trabalho
em atividades extrativistas e na pequena produção agropecuária. Os espaços produtivos não são necessariamente contínuos,
pois sua distribuição obedece à proximidade dos rios e à distribuição das espécies vegetais na floresta.
Os principais produtos coletados são a castanha, no setor
da Terra Firme, e o açaí ou o palmito, nos setores do Ajuruxi e
Cajari. O percentual de famílias que coletam produtos florestais
é: Castanha: 36%; Palmito: 25%; Açaí Fruto: 7%; Látex: 4%;
Cipó Titica: 3%; Andiroba: 2%. O percentual de famílias que
plantam as principais culturas é: Mandioca: 72%; Banana: 64%;
Laranja e Limão: 58%; Abacaxi: 57%; Cará: 53%; Batata Doce:
52%; Milho: 51%; Cupuaçu: 49%; Arroz 22%.
RESERVAS EXTRATIVAS
RR
AP
AM
PA
MA
PI
AC
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TO
BA
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CE RN
PB
PE
AL
SE
Exercícios
DF
MG
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SP
RJ
A
T
PR
Área em estudo e
Reservas em fase de criação
TI
MS
Reservas Extrativas
Criadas
1. (UNIFESP) O Sistema Nacional de Unidades de Conservação indica vários instrumentos de gestão ambiental, dos quais
destaca-se o:
a) Monitoramento Ambiental, para combater a presença
de biopiratas na Amazônia brasileira.
b) Plano de Manejo, criado por decreto para impedir o comércio ilegal de material genético.
c) Controle Ambiental do cerrado, desenvolvido em cooperação com países europeus a partir da Rio-92.
d) Zoneamento Ambiental, que visa conservar características sócio-ambientais das áreas protegidas.
e) Estudo de Impacto Ambiental, criado para viabilizar ações
de degradação em parques naturais.
CO
GO
SC
RS
O
C
E
A
N
N
O
L
O
S
Fonte: Ministério do Meio Ambiente.
As reservas extrativas implantadas pelo país estão criando uma
nova realidade organizacional e comercial para as populações que
sobrevivem das atividades extrativas.
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275
ANGLO VESTIBULARES
2. (PUC-MG) O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA)
definiu a obrigatoriedade da apresentação de um relatório de
impacto ambiental para projetos que possam alterar as propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente resultantes de atividades humanas. Tal exigência NÃO se aplica:
a) à construção de estradas de rodagem com duas pistas de
rolamento.
b) à construção de barragens para produção de energia.
c) à implementação de distritos industriais.
d) a projetos urbanísticos em áreas consideradas relevantes de interesse ambiental.
e) à criação de parques e reservas de flora e fauna.
A observação das figuras e seus conhecimentos sobre a Amazônia
brasileira permitem afirmar que
a) a criação de unidades de conservação, conhecidas como reservas extrativistas representa uma possibilidade dos grupos economicamente minoritários sobreviverem ao avanço do capital, na
região.
b) com o efetivo controle da violência e do desmatamento, na região, os ambientalistas e as comunidades locais tendem a promover a integração regional, a partir do extrativismo vegetal.
c) a região como um todo ainda é predominantemente rural, o que
significa que qualquer política de desenvolvimento, a ser implantada, deve estar associada ao desenvolvimento das atividades
primárias.
d) depois do grande avanço do capital, nas décadas de 1960/70, a
região foi novamente abandonada à própria sorte, retomando o
crescimento econômico, nos anos de 1990, graças à descoberta
da biodiversidade da região.
e) a aceleração do desenvolvimento econômico autônomo, da região, deve estar associada à introdução de técnicas extrativas e
de manejos dos solos, já utilizadas nos países desenvolvidos.
ORIENTAÇÃO DE ESTUDO
Tarefa Mínima
•
2.
Leia os itens 1 a 4 da apostila.
Tarefa Complementar
•
1.
Resolva os exercícios a seguir.
(Puccamp) Menos que uma sociedade organizada, a Amazônia
destes anos de febre de borracha terá o caráter de um acampamento. Enquanto a massa da população, os trabalhadores dos seringais,
dispersos e isolados, se aniquilava nas asperezas da selva e na dura
tarefa de colher a goma, os proprietários dos seringais, os comerciantes e toda esta turbamulta marginal e parasitária de todas as
sociedades deste tipo, se rolavam nos prazeres fáceis das cidades,
atirando às mancheias o ouro que lhes vinha tão abundante da mata.
A riqueza canalizada pela borracha não servirá para nada de sólido e
ponderável.
(Adaptado de “Carta Capital”, 02/02/2005)
Esse modelo de gestão florestal, já adotado em outros países, é
apresentado à sociedade brasileira como uma alternativa técnica
e política para a exploração da Floresta Amazônica, frente à expansão do desmatamento. Na prática, para a sociedade brasileira, um
aspecto positivo e outro negativo desse modelo estão explicitados, respectivamente, em:
a) manejo da biodiversidade e fiscalização precária.
b) controle do acesso à terra e minimização dos lucros.
c) preservação da biomassa e redução da produtividade.
d) manutenção dos recursos hídricos e estatização dos recursos.
(Caio Prado Junior. “História econômica do Brasil”. São Paulo: Brasiliense, 1990, p. 240)
Coleta de látex
(UERJ) A exploração das Florestas Nacionais pelo setor privado é,
para o Secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do
Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, a única saída possível para
inibir o desmatamento e a grilagem. Para o secretário, desde o Brasil
Colônia, doam-se florestas públicas para terceiros, que a partir daí
passam a utilizar essas áreas sem nenhum tipo de remuneração para
a sociedade. No sistema de gestão, as florestas continuarão públicas,
e os interessados terão de identificar áreas prioritárias para conservação e explorar de forma sustentável as demais.
Defumação de látex
(Igor Moreira “Geografia Nova”. v. 2. p. 138)
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ANGLO VESTIBULARES
Aula 17
O BRASIL RURAL
A interação entre a agricultura e o clima é de tal ordem que
tanto as atividades agrícolas podem ser influenciadas pelas mudanças globais do clima, como, por exemplo, pela alteração na
freqüência e severidade de eventos extremos, quanto podem ser
geradoras dessas mudanças, ao produzirem gases de efeito
estufa. Estima-se que 20% do incremento anual desses gases
possam ser atribuídos ao setor agrícola, considerando-se o efeito
dos gases metano, óxido nitroso e gás carbônico.
1. A RELAÇÃO NATUREZA-ESPAÇO
NA AGRICULTURA
O clima é um dos elementos da natureza que mais interage
com todos os outros aspectos do espaço geográfico e, em
particular, com a atividade agrícola. O clima é um importante
fator de alteração do relevo, de formação do solo e do desenvolvimento da vida animal e vegetal. No contexto agrícola, são de
suma importância características como o índice das chuvas e a
sua distribuição, bem como a variação térmica no decorrer do
ano, para melhor planejar as atividades de desenvolvimento da
agricultura.
Mesmo com todo o avanço tecnológico e científico recente, o
clima ainda é a variável mais importante na produção agrícola.
Tanto para a determinação de seu sucesso, quando as chuvas
ocorrem no período esperado e na quantidade desejada, quanto
para a determinação do seu fracasso, quando da ocorrência dos
chamados azares climáticos, a exemplo de uma seca prolongada
ou uma forte geada.
PRINCIPAIS ATIVIDADES AGRÍCOLAS
GERADORAS DE METANO (CH4)
Esterco animal
7%
Esgoto doméstico
7%
Carvão
8%
Aterros
10%
Queima de biomassa
11%
FATORES FAVORÁVEIS:
Outros
4%
Fermentação
entérica
22%
Cultivo de arroz
inundado
16%
Gás Natural e Óleo
15%
Fonte: Embrapa.
• Radiação Solar — é a energia que determina as características térmicas do ambiente, tais como as temperaturas do ar
e do solo; a duração do dia; a luminosidade; a fotossíntese.
• Temperatura — a temperatura do ar e do solo afeta todo
o processo de crescimento das plantas. As temperaturas
do solo são mais importantes, em uma análise do que as do
ar, porque influenciam diretamente na germinação das sementes.
• Umidade — a água desempenha um papel vital no crescimento dos vegetais e na produção de todos os cultivos, pois
transporta os nutrientes químicos através das plantas.
CONTRIBUIÇÃO DA AGRICULTURA PARA AS
EMISSÕES DE ÓXIDO NITROSO (N2O)
Dejetos da
pecuária
7%
Queima de
biomassa
9%
Solos
cultivados
61%
Fontes
industriais
23%
Fonte: Embrapa.
FATORES DESFAVORÁVEIS:
O solo é outro elemento da natureza que apresenta forte
inter-relação com a agricultura. É também importante destacar
que o solo não é útil somente para a produção de alimentos, mas
também, para a regulação da distribuição, escoamento e infiltração da água da chuva; para o armazenamento de nutrientes para
as plantas, além de contribuir na filtração da qualidade do ar e da
água que consumimos.
Como qualquer outro recurso natural, o solo pode ser degradado pelo seu uso inadequado, trazendo interferências negativas
ao equilíbrio ambiental, afetando a qualidade de vida nos sistemas agrícolas e urbanos. Observe algumas práticas agrícolas e
atividades de exploração comuns em quase todo o país que têm
provocado alterações no solo.
• Granizo — pequenos pedaços duros de gelo, de tamanho
variável, que caem de nuvens como uma forma sólida de
precipitação.
• Vento — o vento transporta a umidade do ar e o calor na
atmosfera e influencia as taxas de evapotranspiração.
• Seca — ocorre quando se verifica a diminuição do suprimento de umidade das precipitações, ou quando a umidade armazenada do solo é insuficiente para atender as
necessidades hídricas das plantas.
• Geadas — fenômeno que ocorre se a temperatura do ar
superficial em contato com o solo estiver abaixo de 0ºC.
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blica (em 1889), pouco modificaram essa estrutura social baseada
na propriedade da terra, a não ser o fim do uso da mão-de-obra
escrava (apesar de os jornais, vez ou outra, noticiarem a descoberta de uma fazenda que, criminosamente, continua utilizando
escravos).
Passamos ainda grande parte dos séculos XIX e XX ligados
ao café, cacau, algodão e, mais recentemente, nas últimas décadas, produtos como a soja e a laranja, vieram fortalecer a histórica relação entre a posse da terra, a produção de riqueza e a concentração do poder político e econômico no país, só que agora a
propriedade agrícola está sendo cada vez mais integrada ao grande capital industrial ou financeiro.
Apesar de o Brasil ter rapidamente se transformado em um
país dos mais industrializados do globo, particularmente com a
implantação do grande capital transnacional a partir da segunda
metade do século XX, a agricultura continuou a ocupar um espaço significativo no contexto da produção econômica nacional, seja
na geração de divisas com as exportações, seja na produção de
matérias primas para a forte agroindústria que se estabeleceu no
país, seja ainda para atender as necessidades de alimentos para
uma população que atingiu um contingente bastante elevado,
tendo triplicado nos últimos 50 anos.
A adoção nos últimos anos de políticas agrícolas mais efetivas no apoio às exportações, trouxe diferentes conseqüências:
de um lado, a agricultura passou a contribuir expressivamente
para satisfazer as necessidades de divisas, introduziu novas técnicas de plantio, acelerou o desenvolvimento de tecnologias aplicadas à agricultura, favoreceu uma intensa mecanização da lavoura, ajudou a modernizar a vida no campo, especialmente com
a eletrificação rural; por outro lado, trouxe uma série de transformações para a estrutura agrária do país, como o aumento das
áreas exploradas com produtos de exportação, a utilização intensiva de grandes áreas de solos férteis favorecendo sua exaustão, a diminuição do espaço ocupado com a produção de alimentos, o deslocamento dessas produções para as regiões muito
distantes dos grandes mercados e de solos mais pobres.
• Irrigação: serve para molhar os solos secos tornando-os bons
para o plantio, através de tubos ou canais.
• Drenagem: utilizada para retirar o excesso de água dos terrenos muito úmidos. Costuma-se abrir valas, fazer aterros ou
plantar vegetais que absorvem muita água, como o eucalipto.
• Adubação: importante para enriquecer os solos pobres com
nutrientes. Podem ser usados: calcário, húmus e esterco, adubos ou fertilizantes químicos.
• Aração: realizada para revolver a terra facilitando a circulação do ar, da água e nutrientes. Realizada em solos compactos, que dificultam a passagem do ar. No entanto, o uso
exagerado desta técnica pode também levar à erosão.
A contaminação do solo agrícola por substâncias químicas
como fertilizantes e pesticidas, tem sido uma das maiores preocupações ambientais, pois interfere no solo, nas águas superficiais
e subterrâneas, no ar, na fauna e na vegetação. A grande perda
de solos agricultáveis através da erosão e redução da capacidade
produtiva do solo, o assoreamento dos cursos de água e represas
e, conseqüentemente, o empobrecimento do produtor rural, são
exemplos de problemas também muito graves. Portanto, as ações
voltadas para o uso racional e para o manejo adequado dos recursos naturais, principalmente o solo, a água e a biodiversidade,
visam promover uma agricultura sustentável, aumentar a oferta
de alimentos e melhorar os níveis de emprego e renda no meio
rural.
2. O PASSADO AGRÁRIO-EXPORTADOR
A história política e econômica brasileira está intensamente
vinculada à produção agrícola, desde os primeiros momentos do
período colonial. Já no início do século XVI a cana de açúcar adquiria uma importância fundamental, não só na geração de grandes
lucros para seus produtores (e especialmente para a Metrópole
portuguesa), mas também na definição de uma estrutura de produção que valorizava o latifúndio e o uso da mão-de-obra escrava
e na determinação de uma forma de organização social, que
relacionava a propriedade da terra com a concentração do poder
político e econômico. Esta herança que data de cinco séculos, está
na base dos conflitos que se verificam no meio rural brasileiro na
atualidade.
3. OS PRINCIPAIS SISTEMAS AGRÍCOLAS
A prática da agricultura implica uma grande diversidade de
processos e maneiras de se utilizar o solo: relações entre os vegetais e o meio, entre os trabalhadores e a terra e entre a produção
e o capital investido. Assim, um sistema agrícola abrange todo e
qualquer aspecto humano, econômico, político, tecnológico e de
ordem natural relacionado à produção agrícola de um determinado território. Para conhecer um sistema agrícola devemos considerar os três fatores mais importantes na produção:
Pode-se caracterizar a sociedade canavieira do Nordeste brasileiro, durante os primeiros séculos da nossa história, como:
• latifundiária, onde o poder dos indivíduos dependia da posse
da terra;
• escravocrata, sobrevivendo à custa do trabalho realizado
pelos escravos;
• patriarcal, já que os senhores de engenho possuíam autoridade absoluta sobre todos os outros membros da família,
os agregados e os escravos de sua propriedade.
• a terra (solo), cuja maior ou menor disponibilidade, associada a fatores como a fertilidade do solo, pode favorecer
ou dificultar a produção.
• o trabalho, no qual o uso de mão-de-obra, associado ou
não ao uso de tecnologia pode contribuir para a maior ou
menor produtividade.
• o capital, cujo maior ou menor investimento em máquinas
e equipamentos, fertilizantes, inseticidas etc, se reflete na
produtividade agrícola.
As transformações políticas ocorridas no Brasil com a Declaração da Independência (em 1822), e posteriormente com a
Abolição dos Escravos (em 1888) e com a Proclamação da Repú-
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ANGLO VESTIBULARES
Nas regiões subdesenvolvidas do globo, onde há grande disponibilidade de espaço para o cultivo, além de mão-de-obra abundante e a baixo custo, a terra é o fator preponderante. Os rendimentos das lavouras estão diretamente associados à área cultivada. Essa forma é definida como extensiva, e caracteriza a
agricultura itinerante, também conhecida por roça tropical.
Nesse sistema, os trabalhadores rurais realizam intervenções extremamente danosas ao meio ambiente, na seqüência: desmatamento, queimada, plantio e colheita por alguns anos. Sem receber
cuidado algum, o solo rapidamente se esgota e as terras são abandonadas.
O trabalho exerce forte peso nas atividades agrárias dos
países subdesenvolvidos, como é o caso da agricultura de jardinagem, que se vale de grandes contingentes de mão-de-obra
pouco ou nada qualificada. Sistema característico de regiões densamente povoadas como o Sudeste Asiático, com baixa produtividade. Um outro sistema agrícola conhecido é a rotação de cultura, geralmente em pequenas propriedades, a qual é dividida em
três parcelas: uma para o plantio, outra para o gado e uma terceira para o descanso, ou pousio.
Quando o capital é o fator predominante na agricultura, há
uma inversão na forma de produção: o largo uso de insumos em
substituição ao uso maciço de mão-de-obra. É conhecido como
sistema intensivo de produção e é adotado nos países desenvolvidos e em algumas áreas de algumas nações subdesenvolvidas.
Esse é o sistema usado na agricultura moderna, ou comercial,
que faz parte de uma intrincada cadeia produtiva conhecida como
agronegócio.
parte do país, com energia solar abundante pela sua tropicalidade
e com quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, o
Brasil tem 388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis
e de alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não foram
explorados. A sua vocação agrícola fica assim bastante evidente.
Favorecida pela diversidade climática, a agricultura brasileira
pode obter até duas safras anuais de grãos, enquanto a pecuária
se estende dos campos do Sul ao Pantanal de Mato Grosso e à
Amazônia.
O agronegócio brasileiro é hoje uma atividade moderna e
eficiente, responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB),
42% das exportações totais e 37% dos empregos brasileiros,
dos quais 17,7 milhões de trabalhadores somente no campo.
Estima-se que o PIB do setor chegue a US$ 200 bilhões em
2008. Entre 1998 e 2008, a taxa de crescimento do PIB agropecuário foi de 4,7% ao ano. Em dez anos, o país dobrou o faturamento com as vendas externas de produtos agropecuários e
teve um crescimento superior a 100% no saldo comercial.
O desenvolvimento científico-tecnológico e a modernização
da atividade rural, obtidos por intermédio de pesquisas e da expansão da indústria de máquinas e implementos, contribuíram
para transformar o país numa das mais respeitáveis plataformas
mundiais do agronegócio. Com uma população superior a 180
milhões, o Brasil tem um dos maiores mercados consumidores do
mundo. Hoje, cerca de 80% da produção brasileira de alimentos
é consumida internamente e apenas 20% são embarcados para
mais de 209 países. Em 2007, o Brasil vendeu mais de 1.800 diferentes produtos para mercados estrangeiros. Além dos importadores tradicionais, como Europa, Estados Unidos e os países do
Mercosul, o Brasil tem ampliado as vendas dos produtos do seu
agronegócio aos mercados da Ásia, Oriente Médio e África.
4. O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
Com um clima diversificado, que varia do equatorial quente
e úmido ao subtropical mais frio, com chuvas regulares na maior
Balança comercial do agronegócio
Brasil e Grandes Regiões 2007 (em milhões de US$)
Brasil e Grandes Regiões
Exportações
Importações
Saldo
Norte
2.362
138
2.224
Nordeste
4.950
1.333
3.618
Sudeste
21.061
4.688
16.373
Sul
21.275
2.257
19.018
8.704
291
8.413
58.352
8.707
49.646
Centro-Oeste
(1)
BRASIL
Fonte: MAPA. Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio
Elaboração: DIEESE
Nota: (1) Exclui as categorias de consumo de bordo, mercadoria nacionalizada, reexportação e não declarados
Com pelo menos 90 milhões de hectares de terras agricultáveis ainda não utilizadas, o Brasil pode aumentar em, no mínimo, três
vezes sua atual produção de grãos, saltando dos atuais 123,2 milhões para 367,2 milhões de toneladas. Esse volume, porém, poderá ser ainda maior, considerando-se que 30% dos 220 milhões de hectares hoje ocupados por pastagens devem ser incorporados
à produção agrícola em função do expressivo aumento da produtividade na pecuária. O país tem condições de aumentar facilmente a
área plantada, com a expansão da fronteira agrícola no Centro-Oeste e no Nordeste. Tudo isso é possível sem necessariamente causar
qualquer impacto à Amazônia e em total sintonia e respeito à legislação ambiental. Dependerá apenas de um acompanhamento constante e efetivo das autoridades responsáveis nesse processo.
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5. A BIOTECNOLOGIA NO CAMPO
O desenvolvimento da biotecnologia, ou engenharia genética,
tem servido para que se realize uma verdadeira revolução na produção agrícola mundial e, certamente, também na agricultura brasileira. Tal avanço científico e tecnológico tem sido responsável,
entre outros aspectos, por um expressivo aumento na produtividade, bem como por uma grande melhora na qualidade dos produtos. Resultou também, no entanto, no surgimento de uma série
de novos problemas, que só agora a sociedade começa a discutir
mais concretamente.
Apesar do desenvolvimento da biotecnologia ter resultado em
uma diversidade de aspectos, o que mais tem sido lembrado, pela
polêmica que causou, foi o surgimento do chamado “produto
transgênico”, cuja obtenção se dá a partir da inserção de genes de
determinada variedade vegetal em outra variedade, a fim de torná-la resistente à ação destrutiva de um inseto ou de algum agrotóxico, como por exemplo, um tipo de herbicida considerado de
uso necessário no cultivo desse produto.
A importância desse novo produto é que, ao ser modificado
geneticamente, é possível que ele consiga resistir à ação dos agrotóxicos (herbicidas e inseticidas). Anteriormente, quando se aplicava um agrotóxico em uma plantação para combater pragas e insetos, era comum que a própria planta fosse afetada. Agora, com o
produto transgênico, é possível se aplicar agrotóxicos eliminando
os agentes nocivos, sem ter o produto afetado.
As novas sementes transgênicas estão sendo desenvolvidas
para uma grande variedade de produtos, mas a soja é atualmente,
aquele em que mais se tem utilizado essa tecnologia no mundo.
Países como os Estados Unidos e Argentina já apresentam metade
de suas áreas de cultivo da soja com produtos transgênicos. No
Brasil, a participação desse tipo de semente ainda é oficialmente
muito pequena, pois existe uma grande discussão sobre se deve se
ampliar ou não o uso dessa tecnologia na nossa agricultura. Lembramos também, que além da soja, outros produtos como o arroz,
o tomate, a laranja, o milho, a batata, também estão se desenvolvendo bastante dentro dessa nova tecnologia de produção, apesar
das críticas feitas ao uso da engenharia genética na produção de
alimentos, principalmente as relacionadas com a saúde da população e com a degradação ambiental.
No caso da saúde da população, o problema está na dificuldade de se fazer qualquer previsão sobre quais as características que
surgiram no interior do produto com as transformações genéticas,
existindo assim a possibilidade de elas serem tóxicas ou alergênicas, afetando a saúde de quem consome produtos obtidos com
essa tecnologia.
Quanto à questão ambiental, o problema é o aumento considerável da quantidade de agrotóxicos utilizada, pois como o produto transgênico se torna resistente à sua ação destrutiva, os
agricultores tendem a aplicar mais freqüentemente os herbicidas,
inseticidas e fungicidas. Assim, uma maior quantidade de produtos
químicos, tóxicos, fixam-se no próprio solo ou são transportados
pelas águas da chuva até o leito dos rios, podendo afetar até os
lençóis freáticos da região.
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Exercícios
1. (UEL-PR) “O processo de internacionalização da economia
brasileira revela que o desenvolvimento atual do capitalismo na agricultura está marcado, sobretudo, pela sua industrialização.”
(OLIVEIRA, A. U. de. In: Geografia do Brasil.
São Paulo: EDUSP, 1995. p. 470.)
Em relação ao tema, é correto afirmar:
a) A industrialização da agricultura significa tão somente o
processo de transformação dos produtos agrícolas para a
exportação.
b) O capital industrial investe maciçamente na produção de
alimentos básicos para a população brasileira.
c) O processo de modernização do campo leva o agricultor
a depender das indústrias produtoras de insumos e implementos agrícolas.
d) A indústria oferece novas tecnologias ao setor agropecuário, possibilitando a modernização do campo somente aos agricultores voltados à produção de alimentos.
e) A industrialização da agricultura mantém-se independente das empresas multinacionais.
2. (FGV-SP) A utilização de agrotóxicos nas lavouras busca o
controle de pragas, como as chamadas “ervas daninhas”, os
insetos e os fungos. A aplicação freqüente de quantidades
cada vez maiores desses produtos químicos causa diversos
impactos ambientais, como:
I. compromete a qualidade da água quando os resíduos dos
agrotóxicos são infiltrados no solo, contaminando os lençóis subterrâneos e aqüíferos;
II. a água superficial é contaminada quando parte dos agrotóxicos é transportada pela chuva, afetando, desse modo,
os rebanhos, o abastecimento das cidades, os peixes;
III. o veneno dos defensivos afasta os pássaros das grandes
lavouras, favorecendo a proliferação de pragas, lagartas
e mosquitos;
IV. a impregnação do solo com adubos químicos e venenos
ajuda na fertilidade do solo, tornando-o cada vez mais
produtivo, o que justifica o intenso uso desses produtos.
Está correto o que se afirma em:
a) I, II, III e IV.
b) I, II e III, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) II e IV, apenas.
e) I e IV, apenas.
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Aula 14
ORIENTAÇÃO DE ESTUDO
A
Livro 1
Aula 15
Caderno de Exercícios — Unidade I
1.
A
O mapa se baseou na distribuição das quantidades de espécies
da fauna e flora que cada país apresenta, ou seja, na sua biodiversidade.
2.
a) A Mata Atlântica tem sua área de ocorrência se estendendo
pela costa leste brasileira, desde o Rio Grande do Norte até Santa Catarina. O Cerrado, tem sua área de ocorrência no interior
do chamado Brasil Central.
b) A Mata Atlântica é uma formação florestal, heterogênea, latifoliada, hidrófila e densa. O Cerrado é uma formação herbáceo-arbustiva com gramíneas ásperas, arbustos retorcidos com
cascas grossas e raízes profundas.
Tarefa Mínima
•
•
Leia os itens 1 a 7, cap. 10.
Leia os itens 1 a 5 da apostila.
Tarefa Complementar
•
Resolva os exercícios 1, 2 e 3, série 13.
Aula 16
Geografia ao Vivo
1.
A
O texto deixa claro que, historicamente, os grandes beneficiários
da exploração das riquezas naturais da Amazônia sempre foram os
da elite econômica. Por isso, a criação das reservas extrativistas
pode representar uma possibilidade dos mais pobres sobreviverem ao avanço do capital, na região.
2.
A
Um aspecto positivo da exploração das Florestas Nacionais pelo
setor privado é a possibilidade de manejo da biodiversidade de forma sustentável e um aspecto negativo é que a fiscalização existente é muito precária, o que pode levar a desvios na exploração.
Assista aos programas Febre aftosa e a pecuária atual
e A agricultura transgênica, acessando o ícone do Geografia ao Vivo em nossa página na internet.
Respostas das Tarefas Complementares
Aula 13
C
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ANGLO VESTIBULARES
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