Transformações Recentes na Agricultura Internacional A economia imaginada do capitalismo agrário: os intelectuais e a formação do agronegócio brasileiro Felipe Maia G. da Silva CPDOC - FGV A economia imaginada do capitalismo agrário Este trabalho trata das condições intelectuais presentes na formação do capitalismo agrário brasileiro contemporâneo, em especial do autodenominado “agronegócio”. Quero argumentar que diferentemente da narrativa sustentada por suas lideranças, esta construção social e econômica foi altamente dependente de uma determinada produção intelectual e de um conjunto de intervenções estatais que forneceram as tecnologias administrativas e os estímulos econômicos necessários para sua efetivação. A economia imaginada do capitalismo agrário O estudo se concentrou no debate da “questão agrária” brasileira nos anos 1960 e 1970, período em que o enfrentamento entre interpretações e projetos distintos se acirrou na esfera pública do país. Em boa medida este conflito esteve motivado pela emergência durante os anos 1950 de um importante movimento de camponeses e trabalhadores rurais que reclamavam terras e direitos trabalhistas contra efeitos socialmente perversos das transformações em curso na economia rural. A economia imaginada do capitalismo agrário A produção intelectual do período poderia ser dividida em três grandes narrativas: o reformismo de esquerda, o reformismo liberal e o que quero chamar de uma “economia imaginada do capitalismo agrário”, construção que será objeto de maior atenção. A economia imaginada do capitalismo agrário O reformismo de esquerda: Caio Prado Jr., Celso Furtado, Alberto Passos Guimarães, Ignácio Rangel. O reformismo liberal: Roberto Campos, José Arthur Rios, Paulo de Assis Ribeiro. A “economia imaginada” do capitalismo agrário: Delfim Netto, Ruy Miller Paiva. A economia imaginada do capitalismo agrário Na afirmação da economia imaginada, dois argumentos foram decisivos, o primeiro tratava de desfazer a imagem de Ineficiência da agricultura brasileira veiculado pelos reformistas, o segundo questionava a necessidade da reforma como uma via de desenvolvimento. A questão agrária era definida em termos estritamente econômicos. A economia imaginada do capitalismo agrário A circulação de ideias Brasil – Estados Unidos: A revolução verde. A economia agrícola norte-americana O ideal industrial para a agricultura: “every farm a factory”. A economia imaginada do capitalismo agrário Essas ideias ajudaram a produzir antecipações de futuro, coordenar ações e instituir tecnologias administrativas que conduziram mudanças sociais. Dessa forma, as ideias remapeiam o espaço social, político e econômico de forma a construir uma narrativa capaz de exigir adaptações institucionais e de se difundir entre os agentes sociais. A economia imaginada do capitalismo agrário Mudanças na ação do estado: Regulação econômica; Política fundiária: regime de propriedade da terra; Expansão da fronteira agro-pecuária; Mecanismos de “dependência da trajetória” nas instituições. A economia imaginada do capitalismo agrário A conversão da grande propriedade territorial como via hegemônica e sua narrativa; Uma classe de proprietários apoiados em base técnica moderna e de mentalidade conservadora; A terra como elemento decisivo na reprodução ampliada do capitalismo brasileiro; Ampliação das desigualdades; Permanência de muitas das dinâmicas da modernização conservadora.