Sobre o famoso sermão do Profeta realizado no final do

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Em nome do Altíssimo
Sermão de sexta-feira dia 29/07/2011
Texto:
Xeique Mohamad Sadek Ebrahimi
(Líder espiritual da comunidade muçulmana de Curitiba)
Tradução: Gamal Fouad El Oumairi
Revisão e edição de texto: Omar Nasser Filho
Informamos a todos que os sermões estão à disposição em nosso site, no
seguinte endereço eletrônico: http://www.ibeipr.com.br/discursos.php
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Sobre o famoso sermão do Profeta realizado no final
do mês sagrado de Shaaban
O Profeta Muhammad (s.a.w.) tem um sermão maravilhoso,
chamado “Sermão Shaabaniya”, no qual consta um programa
completo de aconselhamentos para os crentes praticarem neste
mês.
Dentre elas, recomenda-se aos crentes que jejuem.
Também nos diz que no mês de Ramadã – que lhe segue –
devemos ler mais o Alcorão do que nos outros meses.
Outro ponto importante é que as pessoas se reúnam nas aulas de
interpretação do Alcorão; que ensinem aos seus filhos o Sagrado
Alcorão; que ajudem os órfãos e necessitados.
Cita o Sermão, ainda, que aos jejuadores ofereçamos o desjejum.
Portanto, necessitamos deste Sermão, para nossa orientação
durante todo o mês de Ramadã, sobre qualquer ato que desejemos
praticar.
Aliás, recomendamos a todos que adquiram o livro “O Jejum no
Islã”, à disposição aqui na mesquita.
É comum os grandes líderes religiosos utilizarem este sermão e
explicarem-no com detalhes às pessoas.
E, acaso vocês se esqueçam deste sermão, perderão algo de grande
valor.
É como alguém que deseja casar e corre atrás de todos os detalhes
do evento, mas no final acaba não podendo se casar com a noiva.
Aquele que fala sobre as recomendações do mês de Ramadã e não
aborda este sermão conhecido do Profeta, na verdade não fez nada.
Mas, de que forma este sermão chegou até nós?
O Xeique Mufid adquiriu-o do Imam Reza (a.s) e este de seu irmão,
o Imam Kazem (a.s) e este de seu avô, o Imam Hussein (a.s), e
este de seu pai, o Imam Ali (a.s), que o ouviu diretamente do
Profeta (s.a.w.).
Portanto, os Imames o passaram de um ao outro, como um
tesouro, até que chegasse em nossas mãos e ouvidos, nos dias de
hoje.
Nós, depois de séculos no Brasil, na cidade de Curitiba, vamos
relatar um pouco a respeito.
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A primeira palavra do Profeta (s.a.w.) neste sermão foi sobre a
importância do mês sagrado de Ramadã.
Ele disse: “Ó, humanos, chegou-vos o mês de Deus.”
Normalmente, os homens procuram realizar atos de devoção.
Quer dizer, aquele que deseja ir ao Hajj (Peregrinação), procura os
meios para ir e se organiza para tal fim.
Mas, o mês de Ramadã não é assim.
É ele quem vem ate nós e aquele que mais rapidamente se prepara
para ele na verdade mais o ama.
Quando duas pessoas se encontram na rua, aquele que
cumprimentar primeiro mais ama o outro.
Aquele que convida antes o outro para jantar ou almoçar, por
exemplo, considera-o mais.
Na outra frase deste sermão, o Profeta nos diz:
“Este mês veio com as suas bênçãos sobre vós.”
Vocês sempre ouvem a palavra “bênção”.
Mas, bênção quer dizer o quê?
Bênção que dizer que a algo normal se dá uma grande recompensa.
Algumas vezes você observa uma árvore grande, que não gera
frutos ou, quando dá seus frutos, estes são pequenos, como a
tamareira.
Outras vezes, você observa uma árvore pequena, mas que dá bons
frutos, como a videira ou um pé de melancia, por exemplo.
Às vezes, uma pequena antena pega muitos canais de TV, enquanto
outra grande, não. Uma chave, pelo seu tamanho, é pequena, mas
faz o trabalho que um martelo não pode fazer.
Outras vezes, uma pequena palavra que é dita por alguém resolve
um grande problema.
Um dos sábios islâmicos narra que, certa vez, em um país pobre,
pegou um ônibus de uma cidade pequena a outra.
Atrás dele sentou-se uma senhora com a qual ele não simpatizou.
Ela dizia ao seu marido palavras desrespeitosas sobre os líderes
religiosos, alegando que eles não trabalhavam e não faziam muita
coisa.
No meio do caminho, quando desceu, comprou um pacote de
laranjas.
Crianças avançaram para cima dele e o estouraram, pegando as
laranjas do chão e fugindo.
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E como seu número era grande, além de gritar e espernear, não
faziam outra coisa.
Aquele líder religioso levantou e apenas disse uma palavra:
“É pecado”.
As crianças pararam e devolveram as laranjas.
O xeique pegou uma das laranjas e a deu àquela mulher, que falava
mal, e disse: “Esta é a filosofia dos líderes religiosos.”
Com apenas uma frase, ele resolveu o problema.
Das coisas que proporcionam bênçãos, está a constatação de que
cada elemento tenha uma medida.
Disse o Profeta (s.a.w.):
“Meçam os seus alimentos, pois as bênçãos vêm com a medida.“
Se quiserem ter uma bênção nos alimentos, devem saber medir a
quantidade exata para sua cocção.
O mês do Ramadã tem as suas bênçãos e se vocês cometerem
exagero ou falta em suas ações durante o seu transcurso, elas se
perdem ou se extraviam.
Outra qualidade do Ramadã que o Profeta (s.a.w.) cita é que este é
um mês de misericórdia.
Se quisermos a sua bênção, esta pode ser uma manifestação de
misericórdia, por meio da qual muitos problemas se resolveriam em
sociedade.
Como nas relações entre empregados e patrões, alunos e
professores, amigos e família muitos conflitos não existiriam se
atuássemos de outra forma.
Deus, no Sagrado Alcorão, na surata n°30 - Ar Rum/Os Bizantinos –
no versículo n°21 nos diz:
ِ
ِ
ِِ
ً‫اجا لِّتَ ْس ُكنُوا إِلَْي َها َو َج َع َل بَ ْي نَ ُكم َّم َو َّدةً َوَر ْح َمة‬
ً ‫َوم ْن آيَاتو أَ ْن َخلَ َق لَ ُكم ِّم ْن أَن ُفس ُك ْم أَ ْزَو‬
“Entre os Seus sinais está o de haver-vos criado
companheiras da vossa mesma espécie, para que com elas
convivais; e colocou amor e piedade entre vós.”
Algumas vezes você vê um comerciante conversando com alegria
com seus clientes.
E, quando fala com a sua esposa, fala de outra forma. Muda seu
jeito e se transforma.
4
Algumas pessoas têm uma personalidade e um jeito difícil de se
lidar.
Este tipo de pessoa, se tratado com misericórdia, responde bem
melhor do que quando se utiliza a grosseira.
Um escritor narra que um de seus colegas trabalhava e que seu
escritório ficava de frente aos aviões, no aeroporto.
Quando vi os aviões se movimentando, um após o outro, fiquei
admirado com o movimento e disse:
“Glorificado seja Deus, que deixou o vento à mercê do homem!”
Meu amigo disse imediatamente:
“Quem disse esse tipo de coisa?
O ser humano jamais poderá controlar o vento.”
Olhei de forma inquisidora a ele e então disse-lhe:
“Antigamente, com dificuldade o homem tentou voar e não
conseguiu.
Depois que conheceu a natureza do vento, com detalhes, pode
começar a voar.
Baseado neste conhecimento, pode sim o homem voar e construir
aeronaves, senão jamais poderia tê-lo feito”.
Disse um escritor que nossa forma de atuar deve ser assim
também.
Com violência, grosseria e maus modos não conseguiremos nada.
Mas, ao contrário, com bons modos e da melhor maneira tudo é
possível.
Disse o Profeta Muhammad (s.a.w.):
“Ordenou-me Deus que cuide da melhor forma das pessoas, do
mesmo jeito que me ordenou as orações e o Hajj.”
O Imam Ali (a.s) nos diz:
“Dentre as pessoas, há algumas em relação às quais se você for
humilde, passarão a vê-lo pequeno.
E se você lhes disser de suas particularidades, aos olhos delas não
terá valor.
Não sabe como agradá-las, pois todo ato que faça nunca as
satisfarão. E não há como evitar que não fiquem irritadas.
Se você vir tal tipo de pessoa, deve apenas cumprimentá-la e se
afastar delas.“
Na continuação do sermão, o Profeta cita que o Ramadã é um mês
de perdão.
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Normalmente, o perdão vem depois do arrependimento.
O peregrino, quando vai a Meca, depois de cumprir todas as ações,
deve ter a convicção de que os seus pecados foram perdoados.
Mas, no mês sagrado de Ramadã não é assim.
Nas Narrativas, temos que desde a primeira noite do mês sagrado
nossos pecados são apagados.
A palavra Ramadã, no idioma árabe, quer dizer “incêndio que não
tem fumaça e que não deixa fagulhas”.
Os pecados, no mês de Ramadã, são da mesma forma.
Nem um rastro permanece deles.
Por isso, os amigos de Deus, no mês de Ramadã, não pedem o
perdão pelos pecados, porque de forma natural ele ocorrerá.
O que os amigos de Deus desejam no mês de Ramadã é que os
pecados se transformem em boas ações.
Deus, no Sagrado Alcorão, na surata Al Furqan/O Discernimento, no
versículo n°70, nos diz:
ٍ َ‫ِّل اللَّوُ سيِّئَاتِ ِهم حسن‬
‫ات‬
ُ ‫ك يُبَد‬
َ ِ‫فَأُولَئ‬
ََ ْ َ
“(...) a estes, Deus computará as más ações como boas,
(...)”
Da mesma forma que os dejetos de animais viram adubo para os
vegetais e estes o transformam muitas vezes em flores da melhor
forma, os pecados são transformados em boas ações.
No sermão a que estamos nos referindo, o mês sagrado de Ramadã
é citado como o mês da misericórdia e, depois, do perdão.
Vou dar um exemplo:
Os Profetas, quando eram provocados por alguém, retribuíam da
melhor forma.
Quando alguém cortava relações com eles, visitavam-no e não
cortavam os laços de irmandade.
Uma Narrativa nos diz este relato:
“Ó, Profeta! Eu tenho reclamações da minha família, pois ofendemme, dizem-me palavrões e maltratam-me.
O que devo fazer?”
Disse o Profeta:
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“Se vocês cortarem relações, ambos fizeram coisas ruins.
Você deve ir atrás daquele que corta relações contigo.
Deve levar um presente a ele e deve perdoar aquele que o oprime.
O Imam Assadeq (a.s) nos diz que devemos tomar lições dos
exemplo mencionados por Deus.
Será que você não vê que Deus não tira a sombra dos pecadores?
Você também não deve tirar-lhes a sombra.
Deus, na surata n°4 - An Naml /As Formigas – nos versículos n°10 e
11 nos diz:
ٍ ‫ي الْمرسلُو َن إِالَّ من ظَلَم ثُ َّم ب َّد َل حسنا ب ع َد س‬
‫وء‬
ُ ‫ف إِنِّي ال يَ َخ‬
ْ ‫ال تَ َخ‬
ُ َْ ًْ ُ َ َ
َ
َ ْ ُ َّ ‫اف لَ َد‬
“Não temas, porque os mensageiros não devem temer a
Minha presença. Mas, se alguém, tendo-se condenado, logo
se arrepende, trocando o mal pelo bem (...)”.
Neste versículo, Deus diz que os mensageiros não devem temer e
que Deus transformara seus pecados em boas ações.
Em uma narrativa, temos que devemos ser como as árvores, nas
quais as pessoas jogam pedras e elas, mesmo assim, lhes
proporcionam frutos!
O Profeta Muhammad (s.a.w.) nos diz, na continuação do sermão:
“Este é o mês que, para Deus, é o melhor dos meses, cujos
dias são os melhores dias, cujas noites são as melhores
noites e cujas horas são as melhores horas.”
Uma pergunta: Será que, no Islã, há dias abençoados e dias
amaldiçoados ou eles são iguais?
Como resposta temos que há dias amaldiçoados.
Deus, na surata Al Qamar /A Lua, nos Versículos n°18 e 19, nos diz:
ٍ ‫ص ًرا فِي يَ ْوِم نَ ْح‬
‫س ُّم ْستَ ِمر‬
َ ‫ت َعا ٌد فَ َك ْي‬
ْ َ‫َك َّذب‬
َ ‫ص ْر‬
َ ‫يحا‬
ً ‫ف َكا َن َع َذابِي َونُ ُذ ِر إِنَّا أ َْر َسلْنَا َعلَْي ِه ْم ِر‬
“O povo de Ad rejeitou o seu mensageiro. Porém, quão
terríveis foram o Meu castigo e a Minha admoestação! Sabei
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que desencadeamos sobre eles um vento tormentoso, em um
dia funesto!”
Deus nos diz, na surata n°41 - Fussilat/Os Detalhados - no Versículo
n°16:
ٍ ‫فَأَرسلْنَا َعلَْي ِهم ِريحا صرصرا فِي أَيَّ ٍام نَّ ِحس‬
‫ات‬
َْ
َ
ًَ َْ ً ْ
“Pelo que desencadeamos sobre eles um vento glacial, em
dias nefastos!”
Agora, falaremos sobre as noites abençoadas citadas pelo Alcorão.
Deus, o Altíssimo, na surata n° 44 - Ad Duhkan/A Fumaça - nos
Versículo 1º ao 3º nos diz:
ِ
ٍ ‫اب الْمبِي ِن إِنَّا أَنزلْنَاهُ فِي لَي لَ ٍة ُّمب‬
ِ
‫ين‬
َ
َ ‫ارَكة إِنَّا ُكنَّا ُمنذ ِر‬
ُ ِ َ‫حم َوالْكت‬
ََ ْ
“Ha, Mim. Pelo Livro lúcido. Nós o revelamos durante uma
noite bendita, pois somos o Admoestador.”
Deus, na Surata n° 97 - Al Qadr/O Decreto - nos versículos n°1 ao e
3º, nos diz:
ِ
ِ
ِ ‫اك ما لَْي لَةُ الْ َق ْد ِر لَْي لَةُ الْ َق ْد ِر َخ ْي ر ِّم ْن أَل‬
‫ْف َش ْه ٍر‬
َ ‫إِنَّا أ‬
َ َ ‫َنزلْنَاهُ في لَْي لَة الْ َق ْد ِرَوَما أَ ْد َر‬
ٌ
“Sabei que o revelamos (o Alcorão), na Noite do Decreto.
E o que te fará entender o que é a Noite do Decreto?
A Noite do Decreto é melhor do que mil meses.”
Este versículo não diz que esta noite vale por mil meses, mas que é
melhor do que do que mil meses.
A oração que é feita no Ramadã é melhor do que mil meses.
Portanto, convido-lhes a participar das atividades na mesquita neste
mês abençoado!
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