1. Um paciente de 73 anos apresenta, há 8 meses

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AUTORIA E COLABORAÇÃO
Ernesto Reggio
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Especialista em Cirurgia Geral e Urologia e mestre em Urologia pelo HC-FMUSP, onde foi preceptor na Divisão de Clínica Urológica. Professor colaborador da Universidade de
Joinville (Univille). Research fellow no Long Island Jewish Hospital, em Nova York.
Roberto Gomes Junqueira
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Urologia pelo HC-UFPR.
Membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia e membro efetivo da Sociedade Europeia de Urologia. Mestre e doutor em
Urologia pela UFPR. Médico da Uroclínica de Joinville e professor de Urologia da Faculdade de Medicina da Universidade de
Joinville (Univille).
Marcelo José Sette
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF). Especialista em Cirurgia Geral pelo Hospital São
Vicente de Paulo, em Passo Fundo, e em Urologia pelo Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba. Mestre em Urologia
pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Médico convidado da cadeira
de Urologia do Curso de Medicina da Universidade de Joinville (Univille). Research fellow no Long Island Jewish Hospital, em
Nova York.
Carlos Henrique Suzuki Bellucci
Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Especialista em Cirurgia Geral e em Urologia pelo
Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE-SP). Research fellow em Urodinâmica e Uroneurologia pelo Spinal
Cord Injury Center da Universidade de Zurique.
Odival Timm Junior
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Especialista em Urologia pelo Hospital
Governador Celso Ramos, em Florianópolis. Mestre em Urologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia e médico colaborador da Faculdade de Medicina da Universidade de Joinville (Univille).
Jean Carlo de Freitas Datovo
Graduado em Medicina pela Universidade São Francisco (USF). Especialista em Cirurgia Geral e residente em Urologia pelo
Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM-SP).
Atualização 2015
Ernesto Reggio
Roberto Gomes Junqueira
Marcelo José Sette
Carlos Henrique Suzuki Bellucci
Odival Timm Junior
APRESENTAÇÃO
O
estudante de Medicina, pela área escolhida considerado um apai-
xonado por desafios, depois de anos submetido a aulas teóricas e plantões
em diversos blocos deve enfrentar uma maratona ainda maior: a escolha
de uma especialização, seguida da conquista do ingresso em um centro e
programa de Residência Médica de renome. Mas isso só é possível com o
auxílio de um material didático prático, bem estruturado e preparado por
quem é especialista no assunto, e a Coleção SIC Principais Temas para Provas
de Residência Médica 2015, da qual fazem parte os 31 volumes da Coleção
SIC Extensivo, foi desenvolvida nesse contexto. Os capítulos baseiam-se nos
temas exigidos nas provas dos principais concursos do Brasil, ao passo que
os casos clínicos e as questões são comentados a fim de oferecer a interpretação mais segura possível de cada resposta.
Bons estudos!
Direção Medcel
A medicina evoluiu, sua preparação para residência médica também.
reserial
são
e se
ÍNDICE
Capítulo 1 - Anatomia cirúrgica do trato geniturinário .... 21
9. Infecção em gestantes ................................................... 45
1. Rim ................................................................................. 21
10. Resumo ........................................................................ 45
2. Ureter ............................................................................ 24
3. Bexiga ............................................................................. 26
4. Testículos e escroto........................................................ 26
5. Epidídimos, ductos deferentes e vesículas seminais .... 27
6. Próstata ......................................................................... 27
7. Pênis ............................................................................... 29
8. Adrenais ......................................................................... 29
9. Resumo .......................................................................... 30
Capítulo 4 - Pielonefrite ....................................................... 47
1. Pielonefrite aguda.......................................................... 47
2. Pielonefrite xantogranulomatosa .................................. 48
3. Pielonefrite enfisematosa .............................................. 49
4. Resumo .......................................................................... 49
Capítulo 5 - Litíase urinária ................................................. 51
1. Epidemiologia ................................................................ 51
Capítulo 2 - Infecção do trato urinário ........................... 33
2. Etiologia e fisiopatologia................................................ 51
1. Definição ........................................................................ 33
3. Apresentação clínica e tratamento................................ 55
2. Conceitos ....................................................................... 33
4. Resumo .......................................................................... 59
3. Etiologia e fisiopatologia................................................ 34
4. Classificação ................................................................... 35
5. Outros fatores envolvidos e vias de aquisição da infecção .. 36
6. Achados clínicos ............................................................. 36
7. Exames complementares............................................... 38
8. Diagnóstico diferencial .................................................. 38
Capítulo 6 - Urgências urológicas não traumáticas ..... 61
1. Introdução...................................................................... 61
2. Cólica renal..................................................................... 61
3. Retenção urinária........................................................... 62
4. Priapismo ....................................................................... 63
do
de,
ça!
9. Tratamento..................................................................... 38
5. Escroto agudo ................................................................ 64
10. Profilaxia ...................................................................... 40
6. Parafimose ..................................................................... 68
11. Resumo ....................................................................... 40
7. Resumo .......................................................................... 69
egre
Capítulo 3 - Cistite aguda ..................................................... 43
Capítulo 7 - Traumatismo geniturinário .......................... 71
1. Definição ........................................................................ 43
1. Introdução...................................................................... 71
2. Anatomia patológica ...................................................... 43
2. Trauma renal .................................................................. 71
3. Incidência ...................................................................... 43
3. Trauma ureteral ............................................................. 74
4. Aspectos clínicos ............................................................ 43
4. Trauma vesical................................................................ 76
5. Diagnóstico diferencial .................................................. 44
5. Trauma uretral ............................................................... 77
6. Complicação .................................................................. 44
6. Fratura de pênis ............................................................. 78
7. Tratamento..................................................................... 44
7. Trauma escrotal ............................................................. 78
8. Profilaxia......................................................................... 45
8. Resumo .......................................................................... 79
m.br
Capítulo 8 - Uropatia não obstrutiva – refluxo
vesicoureteral......................................................................... 81
Capítulo 12 - Imagens em Urologia.. ................................... 103
1. Introdução ...................................................................... 81
2. Radiologia ..................................................................... 103
2. Incidência ....................................................................... 81
3. Ultrassonografia............................................................ 105
3. Etiologia ......................................................................... 81
4. Tomografia computadorizada....................................... 106
4. Classificação ................................................................... 82
5. Ressonância magnética................................................ 107
5. Quadro clínico ................................................................ 82
6. Diagnóstico ..................................................................... 82
1. Introdução..................................................................... 103
6. Medicina nuclear.......................................................... 108
7. Resumo......................................................................... 108
7. Complicações.................................................................. 83
Capítulo 13 - Prostatites. . .................................................... 109
8. Tratamento...................................................................... 83
1. Introdução..................................................................... 109
9. Resumo........................................................................... 83
2. Prostatite bacteriana aguda – categoria I.................... 109
Capítulo 9 - Doenças císticas do rim. . ............................... 85
1. Introdução....................................................................... 85
2. Doença renal policística autossômica dominante ......... 85
3. Doença renal policística autossômica recessiva............. 87
3. Prostatite bacteriana crônica – categoria II.................. 110
4. Prostatite crônica abacteriana ou síndrome da dor
pélvica crônica – categoria III....................................... 111
5. Prostatite inflamatória assintomática – categoria IV... 111
6. Resumo......................................................................... 111
4. Doença renal cística adquirida....................................... 88
Capítulo 14 - Hiperplasia prostática benigna.................. 113
5. Nefronoftise e doença medular cística .......................... 88
1. Introdução..................................................................... 113
6. Rim espongiomedular .................................................... 88
2. Anatomia....................................................................... 113
7. Esclerose tuberosa.......................................................... 88
3. Etiopatogenia................................................................ 114
8. Doença de von Hippel-Lindau........................................ 89
4. Fisiopatologia................................................................ 114
9. Cisto renal simples.......................................................... 89
5. Manifestações clínicas.................................................. 114
10. Resumo ........................................................................ 91
6. Diagnóstico................................................................... 116
7. Tratamento.................................................................... 117
Capítulo 10 - Abscesso renal. . .............................................. 93
1. Abscesso renal cortical (carbúnculo renal) ................... 93
2. Abscessos renais corticomedulares................................ 93
3. Abscesso perinefrético................................................... 94
4. Resumo........................................................................... 95
Capítulo 11 - Câncer renal.. .................................................... 97
8. Resumo......................................................................... 121
Capítulo 15 - Câncer de próstata.. .....................................123
1. Introdução..................................................................... 123
2. Epidemiologia e fatores de risco.................................. 123
3. História natural e quadro clínico.................................. 124
4. Diagnóstico................................................................... 124
5. Histologia e graduação................................................. 125
1. Introdução....................................................................... 97
6. Estadiamento................................................................ 126
2. Apresentação clínica e diagnóstico................................ 97
7. Tratamento ................................................................... 127
3. Tratamento...................................................................... 99
8. Prognóstico................................................................... 130
4. Resumo......................................................................... 101
9. Resumo......................................................................... 131
Capítulo 16 - Câncer de bexiga . . .......................................... 133
Capítulo 22 - Câncer de testículo. . ....................................165
1. Introdução..................................................................... 133
1. Introdução..................................................................... 165
2. Etiologia........................................................................ 133
2. Diagnóstico................................................................... 165
3. Quadro clínico e diagnóstico........................................ 133
3. Classificação.................................................................. 166
4. Tratamento.................................................................... 135
4. Estadiamento................................................................ 166
5. Resumo......................................................................... 137
5. Tratamento.................................................................... 166
Capítulo 17 - Disfunção erétil. . ............................................ 139
6. Resumo......................................................................... 168
1. Introdução..................................................................... 139
Capítulo 23 - Fístulas urogenitais. . ...................................169
2. Classificação.................................................................. 139
3. Prevalência.................................................................... 139
4. Etiologia........................................................................ 139
5. Fisiologia da ereção peniana........................................ 140
1. Introdução..................................................................... 169
2. Etiologia........................................................................ 169
3. Quadro clínico............................................................... 169
6. Diagnóstico................................................................... 140
4. Diagnóstico................................................................... 170
7. Tratamento ................................................................... 141
5. Tratamento.................................................................... 170
8. Resumo......................................................................... 143
6. Resumo......................................................................... 171
Capítulo 18 - Bexiga neurogênica.......................................145
Capítulo 24 - Urologia Pediátrica . . .....................................173
1. Introdução..................................................................... 145
1. Estenose da junção ureteropiélica............................... 173
2. Resumo......................................................................... 150
2. Válvula da uretra posterior........................................... 174
Capítulo 19 - Bexiga hiperativa............................................ 151
1. Introdução..................................................................... 151
2. Resumo......................................................................... 154
Capítulo 20 - Incontinência urinária de esforço. . .........155
1. Introdução..................................................................... 155
2. Etiologia e fatores de risco........................................... 155
3. Avaliação....................................................................... 156
4. Tratamento.................................................................... 158
5. Resumo......................................................................... 159
3. Alterações do descenso testicular................................ 176
4. Hipospádia.................................................................... 177
5. Fimose........................................................................... 178
6. Enurese......................................................................... 179
7. Resumo......................................................................... 180
Casos clínicos.......................................................................... 181
QUESTÕES
Cap. 1 - Anatomia cirúrgica do trato geniturinário.......... 191
Capítulo 21 - Câncer de pênis. . ............................................. 161
Cap. 2 - Infecção do trato urinário................................... 194
1. Introdução..................................................................... 161
Cap. 3 - Cistite aguda........................................................ 196
2. Patologia....................................................................... 161
Cap. 4 - Pielonefrite.......................................................... 197
3. Apresentação clínica..................................................... 161
Cap. 5 - Litíase urinária..................................................... 198
4. Tratamento.................................................................... 162
Cap. 6 - Urgências urológicas não traumáticas................ 205
5. Resumo......................................................................... 164
Cap. 7 - Traumatismo geniturinário................................. 208
Cap. 8 - Uropatia não obstrutiva – refluxo vesicoureteral... 210
Cap. 17 - Disfunção erétil................................................. 284
Cap. 9 - Doenças císticas do rim....................................... 211
Cap. 18 - Bexiga neurogênica........................................... 287
Cap. 10 - Abscesso renal................................................... 213
Cap. 19 - Bexiga hiperativa............................................... 288
Cap. 11 - Câncer renal...................................................... 214
Cap. 20 - Incontinência urinária de esforço..................... 289
Cap. 12 - Imagens em Urologia........................................ 217
Cap. 21 - Câncer de pênis................................................. 290
Cap. 13 - Prostatites......................................................... 217
Cap. 22 - Câncer de testículo............................................ 291
Cap. 14 - Hiperplasia prostática benigna......................... 218
Cap. 23 - Fístulas urogenitais............................................ 292
Cap. 15 - Câncer de próstata............................................ 222
Cap. 24 - Urologia pediátrica............................................ 293
Cap. 16 - Câncer de bexiga............................................... 227
Outros temas.................................................................... 296
Cap. 17 - Disfunção erétil................................................. 230
Cap. 18 - Bexiga neurogênica........................................... 232
Cap. 19 - Bexiga hiperativa............................................... 233
Cap. 20 - Incontinência urinária de esforço..................... 234
Cap. 21 - Câncer de pênis................................................. 236
Cap. 22 - Câncer de testículo............................................ 236
Cap. 23 - Fístulas urogenitais............................................ 239
Cap. 24 - Urologia pediátrica............................................ 239
Outros temas.................................................................... 242
COMENTÁRIOS
Cap. 1 - Anatomia cirúrgica do trato geniturinário.......... 247
Cap. 2 - Infecção do trato urinário................................... 251
Cap. 3 - Cistite aguda........................................................ 252
Cap. 4 - Pielonefrite.......................................................... 253
Cap. 5 - Litíase urinária..................................................... 254
Cap. 6 - Urgências urológicas não traumáticas................ 258
Cap. 7 - Traumatismo geniturinário................................. 261
Cap. 8 - Uropatia não obstrutiva – refluxo vesicoureteral... 265
Cap. 9 - Doenças císticas do rim....................................... 267
Cap. 10 - Abscesso renal................................................... 267
Cap. 11 - Câncer renal...................................................... 268
Cap. 12 - Imagens em Urologia........................................ 271
Cap. 13 - Prostatites......................................................... 271
Cap. 14 - Hiperplasia prostática benigna......................... 272
Cap. 15 - Câncer de próstata............................................ 276
Cap. 16 - Câncer de bexiga............................................... 281
Referências bibliográficas................................................. 301
CAPÍTULO
1
UROLOGIA
Anatomia cirúrgica do trato geniturinário
Carlos Henrique Suzuki Bellucci
1. Rim
Macroscopicamente, os rins são órgãos pares situados
no retroperitônio e que repousam sobre a parede posterior
do abdome. Pesam, em média, 150g no homem e 135g na
mulher e apresentam cerca de 10 a 12cm verticalmente, 5
a 7cm transversalmente e 3cm no sentido anteroposterior.
cruza a linha média e fusiona-se com a fáscia contralateral.
Inferiormente, não se funde e permanece como um espaço
aberto em potencial. Além disso, serve como barreira para
a disseminação de neoplasias e coleções perirrenais. Assim,
estas últimas podem se estender inferiormente até a região
pélvica sem violação da fáscia de Gerota (Figura 2).
A - Relações anatômicas e envoltórios renais
O rim direito situa-se de 1 a 2cm mais caudalmente do
que o esquerdo, em virtude da presença do fígado. Em geral, o rim direito situa-se ao nível de L1-L3, e o esquerdo, ao
nível de T12-L3.
Posterossuperiormente, o diafragma recobre o terço
superior de ambos os rins, com a 12ª costela acompanhando a extremidade inferior do diafragma, não sendo raras,
portanto, lesões iatrogênicas pleurais em cirurgias renais.
Posteriormente, os 2 terços inferiores repousam sobre os
músculos psoas maior e quadrado lombar. Lateral e medialmente, os rins apresentam íntimo contato com o arco
lombocostal e o tendão do músculo transverso do abdome,
respectivamente.
O polo inferior renal repousa lateral e anteriormente em
relação ao polo superior. Assim, o eixo longitudinal renal é
paralelo ao eixo do músculo psoas. Além disso, a borda medial renal é discretamente voltada anteriormente, ao passo
que a borda lateral tem direção posterior. Isso confere angulação de cerca de 30° no plano frontal (Figura 1).
Cada rim é envolto por massa de tecido adiposo (gordura perirrenal), que, por sua vez, é envolvida pela fáscia renal
(mais conhecida como fáscia de Gerota). Posteriormente,
esta é circundada por outra camada adiposa de espessura
variável, denominada gordura pararrenal. Superior e lateralmente, a fáscia de Gerota é fechada, porém medialmente
Figura 1 - Eixo renal
A Figura 3 demonstra a íntima relação dos rins com os
demais órgãos intra-abdominais. Tais relações explicam alguns achados comuns à prática clínica. Primeiro, lesão renal
durante trauma abdominal fechado é rara. Segundo, o índice
de lesões a outros órgãos abdominais associadas a trauma
renal é alto. Por último, inúmeras são as possibilidades de lesões iatrogênicas de órgãos vizinhos durante cirurgias renais,
como lesão esplênica durante nefrectomia esquerda.
21
A porção renal mais externa compreende o córtex renal,
que pode ser dividido em 2 porções: externa ou subcapsular e
justamedular. Tem aparência granulosa e se estende até a base
das pirâmides renais. Projeções de córtex renal entremeiam as
pirâmides renais e são denominadas colunas renais.
Figura 2 - Envoltórios renais
Figura 4 - Anatomia intrarrenal
C - Anatomia vascular
Figura 3 - Relação anatômica dos rins com demais órgãos intra-abdominais
B - Anatomia intrarrenal básica
A secção renal mediana demonstra 3 regiões de medial
para lateral: pelve, medula e córtex renais (Figura 4).
A pelve renal é uma estrutura coletora formada pela
porção superior expandida do ureter que se comunica com
a medula renal. Na face medial renal, há uma passagem
ovalada, denominada hilo renal, que dá acesso ao seio renal, uma cavidade no interior do rim onde se localizam pelve renal, tecido adiposo, vasos e nervos. Em direção à medula renal, a pelve ramifica-se em 2 ou 3 grupos calicinais
maiores, que, por sua vez, ramificam-se em cálices menores
(estes em número variável de 8 a 18).
A medula renal é a porção média do rim e apresenta
de 8 a 18 pirâmides renais, estruturas dispostas longitudinalmente em formato de cone. A base de cada pirâmide
volta-se para o córtex renal, mais externamente. De sua
base, a pirâmide renal projeta estruturas filiformes, denominadas raios medulares, para o interior do córtex. O
ápice de cada pirâmide termina em uma papila renal que
se abre em um cálice menor. A urina é drenada das papilas
renais para o interior da via coletora nos cálices menores
e segue para os cálices maiores, a pelve renal e o ureter,
até a bexiga.
22
Classicamente, o pedículo renal consiste em 1 única artéria e em 1 única veia renal, porém alterações anatômicas
não são incomuns. A veia renal posiciona-se anteriormente
à artéria renal no hilo renal. A pelve renal é posterior às
estruturas vasculares.
As artérias renais são ramos diretos da aorta abdominal e
emergem logo abaixo da projeção da artéria mesentérica superior. Ao aproximar-se dos rins, ambas as artérias renais fornecem ramos para adrenal, pelve renal e ureter ipsilateral. Ao
atingir o seio renal, a artéria renal divide-se, mais comumente,
em 5 ramos, denominadas artérias segmentares: posterior,
apical, superior, médio e inferior (Figura 5). Normalmente, o
ramo posterior cruza posteriormente o sistema coletor e os
demais ramos anteriormente. Cada artéria segmentar supre
uma região renal distinta, sem a existência de circulação colateral entre elas. Assim, a oclusão ou a lesão de um ramo segmentar causará infarto segmentar renal. Ainda, a inexistência
de circulação colateral entre os ramos segmentares permite a
identificação de um plano renal avascular na congruência do
ramo posterior com os ramos anteriores (linha avascular de
Brodel), essencial para a execução de incisões no parênquima
renal com a menor perda sanguínea possível.
No interior do seio renal, as artérias segmentares dividem-se inicialmente em artérias lobares e, posteriormente,
em interlobares, que seguem ao lado das pirâmides renais.
Próximo à base da pirâmide renal, passam a ser denominadas artérias arqueadas, que, posteriormente, ramificam-se
em artérias interlobulares. Finalmente, estas fornecem ramos aos glomérulos renais, denominados arteríolas aferentes (Figura 6).
CAPÍTULO
16
UROLOGIA
Câncer de bexiga
Ernesto Reggio
1. Introdução
3. Quadro clínico e diagnóstico
O tumor vesical é uma das mais desafiadoras doenças
da Urologia, pois envolve, principalmente quando invade
o músculo detrusor, cirurgias de grande porte e reconstruções urinárias das mais variadas. É a 2ª neoplasia geniturinária mais comum e o pico de incidência se dá dos 50 aos
70 anos, sendo 3 vezes mais comum em homens. Representa 3,2% das neoplasias em homens e 1,4% em mulheres. Mais de 90% dos tumores vesicais são carcinomas de
células transicionais, e são mais raramente encontrados
tumores de células escamosas (7 a 8%) e adenocarcinoma
(1 a 2%).
Cerca de 80% apresentam hematúria microscópica ou
macroscópica, geralmente indolor, imotivada e recorrente.
Sintomas irritativos, como polaciúria, urgência miccional e disúria, constituem os sintomas iniciais em até 20%,
mais comumente nos portadores de carcinoma in situ. A
obstrução do trato urinário superior ocorre, habitualmente,
nos casos de tumores invasivos.
Diante dessas queixas, a avaliação radiológica é, então, indicada; são fundamentais o correto diagnóstico e o
estadiamento do tumor vesical. A ultrassonografia tem a
vantagem de ser não invasiva e não ionizante e permitir a
avaliação do trato superior, porém não é útil no estadiamento local da doença. Na urografia excretora, podem-se
encontrar falhas de enchimento em 60% dos casos (Figura
1), permitindo, também, a avaliação do trato superior. A tomografia computadorizada substituiu a urografia por permitir avaliação mais minuciosa do trato urinário.
2. Etiologia
A etiologia está intimamente relacionada com fatores
agressores da mucosa vesical e envelhecimento.
Tabela 1 - Principais fatores de risco
- O tabagismo é responsável por até 60% dos tumores; leva à
deficiência de vitamina B6, importante no metabolismo de
produtos endógenos derivados do triptofano, que são carcinogênicos. O risco relacionado ao tabagismo é cumulativo e dose-dependente. Estima-se que o abandono do hábito de fumar
reduza, em até 4 anos, 60% do risco, porém esse nunca será
igual ao da população não fumante;
- Anilina e benzina, utilizados no corante e/ou na manufatura de
borracha, couro e corantes;
- Ciclofosfamida, agentes alquilantes;
- Radioterapia pélvica;
- Infecções de repetição, corpo estranho intravesical.
Figura 1 - Falha de enchimento vesical em urografia excretora
133
Figura 2 - Tomografia computadorizada mostrando lesão vegetante na cúpula vesical
A cistoscopia é a conduta-padrão no diagnóstico e no
acompanhamento do câncer vesical. Lesões compatíveis
com câncer de bexiga, nesse exame, são confirmadas na
maioria dos casos pelo anatomopatológico. Além da cistoscopia, a ressecção transuretral do tumor proporciona material para o diagnóstico histológico e, até mesmo, para o
tratamento de tumores superficiais (Figura 3). Toda mucosa
vesical, assim como a mucosa prostática e a da uretra bulbomembranosa, deve ser avaliada minuciosamente. Deve
ficar claro que o procedimento é fundamental no diagnóstico, visto que há necessidade de comprovação histológica, mas, em casos de lesão superficial, sem acometimento
mais profundo, pode ser também terapêutico, não sendo
necessários outros tratamentos futuros.
134
Figura 3 - (A) Desenho esquemático da ressecção transuretral
de tumor vesical e (B) produto de ressecção transuretral, com os
fragmentos abaixo do bisturi e, acima, o ressectoscópio
Tendo sido confirmado o diagnóstico de câncer vesical
na biópsia proveniente da cistoscopia, a avaliação radiológica é completada, principalmente em tumores invasivos,
com tomografia computadorizada. Esse exame permite a
avaliação de tumores com extensão para tecidos perivesicais, acometimento prostático e das vesículas seminais e
linfonodos maiores de 2cm; portanto, é muito útil no estadiamento do tumor vesical (Figura 4). O estadiamento é
complementado por radiografia de tórax e, quando há suspeita, por tomografia computadorizada de tórax. Aos pacientes com queixa de dor óssea ou elevação de fosfatase
alcalina, indica-se a cintilografia óssea.
CASOS CLÍNICOS
UROLOGIA
2014 - FMUSP
1. Um paciente de 73 anos apresenta, há 8 meses,
episódios recorrentes de febre, calafrios, disúria e polaciúria. Esses sintomas surgiram após quadro agudo de
dor abdominal e febre, que foi tratado com antibióticos
por 2 semanas. O paciente permaneceu com uroculturas positivas, apesar da terapêutica com antibióticos
baseada em antibiogramas, ao longo desses 8 meses.
Há 1 mês, paciente notou bolhas de gás na micção, que
surgem de forma intermitente. Antecedentes pessoais:
nega cirurgias abdominais prévias. Nega hipertensão ou
doenças vasculares periféricas. Refere diabetes tratado
com hipoglicemiante oral. Considerando a principal hipótese diagnóstica para o caso, responda as seguintes
questões:
topril e dislipidemia em uso de sinvastatina. Nega outras
comorbidades. Atualmente está bem, hábitos intestinal e
urinário normais. Traz exames para avaliação. Exame físico: PA = 120x70mmHg, FC = 65bpm sem outras alterações
significativas. Exames complementares: Hb = 13,6g/dL,
Htc = 34%, leucograma = 7.500/mm3 (sem desvio), plaquetas = 176.000/mm3, creatinina = 0,9g/dL, ureia = 36g/dL,
Na = 135mEq/L, K = 4,5mEq/L, urina I: leucócitos = 9.000,
hemácias = 5.000, nitrito negativo, urocultura: E. coli =
105UFC, sensível a norfloxacino, ciprofloxacino, cefuroxima, sulfa-trimetoprima, cefepima, meropeném. Resistente a nitrofurantoína. Com base nos exames complementares, responda:
a) Qual é o diagnóstico?
CASOS CLÍNICOS
a) Cite o mecanismo responsável pela presença de gás na
micção desse paciente.
b) Qual é o tratamento?
b) Cite 4 doenças que predispõem a esse quadro.
c) Solicite 2 exames indicados para definir a etiologia do
quadro desse paciente.
2014 - UNIFESP
2. Uma paciente de 65 anos, em consulta ambulatorial,
refere ter hipertensão arterial sistêmica em uso de cap-
2014 - UNIFESP
3. Um homem de 69 anos, negro, obeso (IMC = 34kg/
m2), tem antecedente de hipertensão arterial sistêmica
controlada e de 2 familiares acometidos com câncer de
próstata (pai e irmão). Em exame de rotina anual apresentou-se ao urologista com queixa de sintomas moderados
de esvaziamento vesical, com jato urinário fraco, hesitância e jato intermitente, além de noctúria de 2 a 3 vezes. O
exame PSA atual é de 3,4ng/mL. Apresentava os seguintes
PSA nos anos anteriores: 2012 = 2,6ng/mL; 2011 = 2,4ng/
mL; 2010 = 2,1ng/mL. Trazia exame de ultrassonografia
que evidenciava próstata de 22g, bexiga de paredes moderadamente espessadas e resíduo urinário pós-miccional
de 45mL. A biópsia guiada por ultrassonografia mostrou
adenocarcinoma acinar usual de próstata Gleason 6 (3+3),
em 5 de 12 fragmentos coletados.
183
UROLOGIA
c) Adenocarcinoma.
d) Carcinoma de próstata localizado em jovem deve ser
tratado por prostatovesiculectomia radical ou radioterapia, sendo a cirurgia mais indicada em pacientes
jovens e sem comorbidades. É obrigatória a ampla discussão das complicações como incontinência e disfunção erétil.
e) - Linfática: fossa obturatória;
- Visceral: óssea.
Caso 6
a) O câncer de próstata é o mais comum em homens no
Brasil e o 2º em taxa de mortalidade, perdendo apenas
para o câncer de pulmão. O diagnóstico precoce, enquanto o tumor ainda está na forma localizada, permite
a cura da doença. Diante disso, recomenda-se que todo
homem com mais de 50 anos, ainda que assintomático,
faça avaliação prostática anual. O toque retal tem sensibilidade perto de 70% e especificidade acima de 95%
para o diagnóstico de câncer de próstata, sendo os achados mais sugestivos a presença de nódulos endurecidos.
O PSA é um marcador específico de alterações do parênquima prostático, mas não é específico de câncer de
próstata. Na faixa etária de 60 a 69 anos, um PSA de até
4,5ng/mL é considerado normal. Entretanto, a relação
entre PSA livre–total, quando <20%, é fortemente sugestiva de câncer de próstata. Como o paciente apresenta
toque retal suspeito, acompanhado de alterações tanto
do valor do PSA quanto da relação livre–total, a biópsia
prostática está indicada no caso.
cia urinária também é relatada em cerca de 10% dos
casos. Trombose venosa profunda e tromboembolismo
pulmonar também são frequentes, já que os pacientes
são oncológicos, submetidos a cirurgias pélvicas.
Caso 7
a) O paciente apresenta quadro de dor lombar de início
abrupto, com passado de litíase e irradiação para testículo. Ao exame, há dor na região da loja renal, e testículo normal sugere cólica renoureteral esquerda. O
cálculo renal é mais comum no sexo masculino (3:1) dos
30 aos 50 anos e tem recorrência de 50% em 5 anos. A
náusea costuma estar presente pelo fato de a inervação
do tronco celíaco ser comum ao rim e ao estômago.
b) A avaliação inicial deve incluir hemograma, creatinina sérica, urinálise, urocultura e radiografia simples de abdome. O hemograma objetiva descartar quadro infeccioso
associado. A creatinina descarta insuficiência renal em
casos de rim único ou cálculo ureteral bilateral.
Em 85% dos casos, existe hematúria na urinálise. A urocultura será importante na escolha de antibiótico se o
caso evoluir para uma septicemia.
O raio x de abdome permite um diagnóstico em até 90%
dos casos, porém sua falha está relacionada ao baixo
grau de opacidade (por exemplo, cálculo de ácido úrico), à sobreposição de gases intestinais, às estruturas
ósseas, às calcificações (por exemplo, flebólitos) e aos
cálculos menores de 2mm.
c) A ecografia de vias urinárias confirma o diagnóstico de
cálculo renal, e a eventual dilatação da via excretora (Figura A) diagnostica o cálculo ureteral (Figura B).
b) A nova biópsia foi indicada pelo achado de neoplasia intraepitelial prostática de alto grau. Essa lesão é considerada pré-maligna, e a positividade para adenocarcinoma na
2ª biópsia varia de 20 a 35%. As outras indicações de rebiópsia são PSA em elevação >0,75ng/mL/ano e achado de
proliferação atípica de pequenos ácinos (ASAP), também
conhecido por “suspeito, mas não diagnóstico”.
c) A graduação do adenocarcinoma de próstata é feita
pelo sistema de Gleason, que estabelece 5 padrões de
morfologia glandular, graduados de 1 a 5. A soma dos 2
padrões mais frequentes fornece o escore de Gleason,
de 2 a 10. De acordo com o sistema de Gleason, escores
de 2 a 4 representam tumores bem diferenciados, 5 a 7
moderadamente diferenciados, e 8 a 10 tumores indiferenciados.
d) A complicação pós-operatória mais frequente após a
prostatectomia radical é a disfunção erétil. Incontinên-
187
CASOS CLÍNICOS
b) O tratamento da hiperplasia benigna da próstata é baseado em sintomas e deterioração do trato urinário.
No presente caso não há indicação inicial para tratamento cirúrgico, devendo-se iniciar, caso não haja contraindicação clínica, alfabloqueador.
QUESTÕES
QUESTÕES
CÂNCER RENAL
2015 - UFPR - CLÍNICA CIRÚRGICA
157. Na avaliação clínica de rotina de um paciente de
55 anos, foi evidenciada, na ultrassonografia, lesão sólida de 3,5cm exofítica no polo inferior do rim esquerdo.
Exame de tomografia computadorizada de abdome confirmou a presença do tumor, sem outras alterações abdominais. Além disso, raio x de tórax e exames laboratoriais
normais. Diante de um tumor de 3,5cm localizado (T1a)
no rim, assinale a alternativa incorreta quanto à conduta
terapêutica:
a) nefrectomia parcial laparoscópica
b) ablação tumoral por radiofrequência
c) enucleação cirúrgica do tumor
d) radioterapia focal
e) crioterapia percutânea
 Tenho domínio do assunto  Refazer essa questão
 Reler o comentário
 Encontrei dificuldade para responder
2015 - UFRN - CLÍNICA CIRÚRGICA
158. Um paciente de 60 anos tem hematúria microscópica.
É fumante ativo. Uma cistoscopia foi realizada e resultou
normal. A citologia urinária oncótica, por sua vez, foi positiva para tumor urotelial. O melhor exame para avaliar o
trato urinário superior é a:
a) tomografia computadorizada
b) urografia excretora
c) ressonância nuclear magnética
d) ultrassonografia das vias urinárias
 Tenho domínio do assunto  Refazer essa questão
 Reler o comentário
 Encontrei dificuldade para responder
2014 - UNESP - CLÍNICA CIRÚRGICA
159. É contraindicação para nefrectomia radical, pela via
laparoscópica:
a) invasão da glândula adrenal
b) histórico de cirurgia renal ipsilateral prévia, como cirurgias percutâneas ou pieloplastia
c) presença de trombo tumoral extenso na veia cava
d) cirurgias transabdominais anteriores extensas
e) tumores mesorrenais maiores que 4cm com invasão da
gordura perirrenal já identificada pela tomografia pré-operatória
 Tenho domínio do assunto  Refazer essa questão
 Reler o comentário
 Encontrei dificuldade para responder
2014 - UNITAU - CLÍNICA CIRÚRGICA
160. Um paciente apresenta quadro de convulsões,
atraso no desenvolvimento, problemas de comportamento, anormalidades na pele, retardo mental e epilepsia. Realizou uma tomografia, sendo encontrada lesão de
214
3cm no rim direito, a ser esclarecida. O paciente relata
não ter queixas provenientes do trato urinário. Qual é a
provável etiologia e o tratamento, respectivamente, para
essa lesão?
a) oncocitoma e acompanhamento clínico
b) oncocitoma e ressecção cirúrgica
c) angiomiolipoma e acompanhamento clínico
d) angiomiolipoma e ressecção cirúrgica
e) carcinoma de células renais e ressecção cirúrgica
 Tenho domínio do assunto  Refazer essa questão
 Reler o comentário
 Encontrei dificuldade para responder
2014 - SUS-CE - CLÍNICA CIRÚRGICA
161. Um paciente de 60 anos cursa com episódios de dor
abdominal inespecífica e esporádica, sem qualquer outra
queixa clínica, há 4 meses. Foi solicitada ultrassonografia abdominal, que revelou lesão renal direita isolada. A
tomografia computadorizada do abdome demonstrou lesão cística no terço médio do rim direito com 8cm em seu
maior diâmetro, apresentando realce após injeção de contraste intravenoso, septações irregulares e calcificações,
sem nodulações sólidas. Sobre a melhor conduta a este
paciente, podemos afirmar que:
a) pelo risco de malignidade acima de 90%, tal lesão deve
ser biopsiada por acesso radioguiado
b) a exploração cirúrgica se impõe por se tratar de um cisto
classificado como Bosniak III
c) por se tratar de um cisto classificado como Bosniak II,
recomenda-se reavaliação em 6 meses
d) a tomografia sugere um carcinoma de células renais
T1N0M0, sendo a nefrectomia radical a operação mais
apropriada
 Tenho domínio do assunto  Refazer essa questão
 Reler o comentário
 Encontrei dificuldade para responder
2014 - SUS-CE - CLÍNICA CIRÚRGICA
162. Um adolescente de 15 anos queixa-se de massa escrotal de crescimento progressivo há 3 meses, com histórico de trauma leve na mesma região há 6 meses. Ao
exame, observam-se testículos tópicos, sem quaisquer
sinais flogísticos, sendo o esquerdo aumentado de tamanho por nodulação em sua porção média. Tal lesão é
indolor, com consistência endurecida e superfície irregular. Não há linfonodos inguinais palpáveis. A ultrassonografia corrobora lesão testicular que não acomete toda
a gônada, e a tomografia computadorizada de abdome
e pelve encontra-se normal. Os marcadores séricos, por
sua vez, evidenciam elevação de alfafetoproteína e beta-HCG. A conduta terapêutica inicial mais apropriada para
o paciente é:
a) seguimento clínico por 3 meses com reavaliação de
marcadores
b) enucleação da lesão com preservação gonadal por inguinotomia
COMENTÁRIOS
UROLOGIA
Ruptura completa da uretra posterior
Nos casos em que o diagnóstico de lesão ureteral acontece
tardiamente e há complicação infecciosa associada (abscesso, quadro séptico), a melhor opção é a derivação com
nefrostomia, tratamento da infecção e reconstrução tardia.
Gabarito = D
Questão 119. Pacientes com suspeita de ruptura uretral
devem ser submetidos a uretrografia retrógrada (Figuras),
realizada por meio da introdução de uma sonda de Foley 14
ou 16Fr na fossa navicular. Insufla-se o balão cerca de 1 a
2mL e injeta-se contraste iodado a 30% (“a” correta).
Ruptura parcial da uretra posterior
Questão 120. O paciente em questão apresenta diagnóstico
sindrômico de escroto agudo, caracterizado por dor e edema escrotal unilateral, tendo como principais diagnósticos
diferenciais a torção de cordão espermático e orquiepididimite aguda (alternativa “e” incorreta). Além disso, apresenta, ao exame físico, sinal de Prehn positivo (dor não alivia à
elevação do escroto) e sinal de Angell (testículo elevado e
horizontalizado), que são fortemente sugestivos de torção
do cordão espermático. Apesar de a cintilografia escrotal
ser um exame que permite adequadamente avaliar a vascularização testicular, a sua execução consome tempo, o que
prejudica o prognóstico de preservação testicular nos casos
de torção espermática e, por isso é um exame não utilizado
na prática diária (alternativa “b” incorreta). Na forte suspeita de torção do cordão espermático, a exploração cirúrgica
está indicada em caráter de urgência, uma vez que a viabilidade testicular depende do tempo de isquemia – até 5 horas: 80% de viabilidade; após 10 horas: 20% de viabilidade
(alternativa “c” incorreta). O tratamento cirúrgico envolve a
destorção do testículo acometido, bem como a fixação bilateral – orquipexia (alternativa “d” correta).
Gabarito = D
Questão 121. A bexiga urinária, em geral, é protegida de
traumas externos pela sua localização no interior do anel
pélvico. Lesões vesicais isoladas, decorrentes de traumatismo fechado, são extremamente raras, e mais de 80%
263
COMENTÁRIOS
Figura 3 - (A) Retalho de Boari e (B) psoas Hitch
A troca por uma sonda uretral de menor calibre é uma conduta imprudente que pode levar a piora da complexidade
do trauma uretral (“b” incorreta). A confecção de cistostomia e reconstrução tardia (de 6 a 12 semanas) é a opção
para traumas uretrais complexos, como pacientes com politraumatismo grave, instabilidade hemodinâmica e outras
lesões de maior importância, e em lesões completas da uretra posterior (“c” incorreta). A urografia excretora não faz
parte da investigação radiológica de traumas uretrais (“d”
incorreta).
Gabarito = A
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