2015 / FERREIRA, Francesca Werner Diga-se de passagem!

Propaganda
SOCIEDADE & AMBIENTE
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Diga-se de passagem!
Essa semana, numa
rede social,
duas propagandas chamam atenção. Uma delas, sobre a COP
de Paris - a 21ª Conferência
das Partes da Convenção do
Clima, com a difícil missão de
"costurar um novo acordo entre os países para diminuir a
emissão de gases de efeito estufa, diminuindo o aquecimento global e em consequência
limitar o aumento da temperatura global em 2ºC até 2100"
A outra propaganda, anúncio de um conhecido inseticida, cuja animação mostra a
imagem de uma casa "protegida" (contra os insetos, só os
insetos) por uma cúpula "invisiível" que a isola do resto
do mundo - "proteção completa para a sua família!".
Bueno! O que tem a ver o
anú com o xirú? Diga-se de
passagem, toda a palavra que
termina com "cida" tem um
significado de morte, ou seja,
algo ou substância que possui
ação letal sobre organismos
vivos. Então inseticida e outros
cidas - pesticida, suicida, herbicida etc...- são letais de alguma forma, mais cedo (para
os insetos) ou mais tarde (para
os outros organismos - nós).
Que tipo de proteção tem
um produto criado para matar? Na forma de aerosol, cu-
jas moléculas são persistentes duram muito tempo na atmosfera, ajudam a destruir a camada
de ozônio - aquela que protege de
verdade, cada vez mais delgada e, ainda, contribui para o aumento do efeito estufa, o tal "aquecimento global", de novo, discutido
pelas lideranças mundiais.
Novamente os negociadores
do clima são os mesmos que
negociam os acordos comerciais em todo o mundo. Então,
diga-se de passagem, a missão
principal destes não é salvar o
planeta! A maior parte deles está
ali para defender os interesses
de seus países e de corporações
- economicamente maiores que
os países e financiadores de
governos e partidos políticos, de
situação e de oposição. Para elas
o interessante é ter os governos
"na mão", qualquer que seja.
Mesmo que exista um consenso na comunidade científica,
sobre a necessidade de revisão
das metas para redução das
emissões de gases do efeito estufa, há uma distância enorme
em relação ao que pensam e
executam os tomadores de decisão. O preço a ser pago, pelas
decisões tomadas, podem custar as eleições pois os eleitores
podem não entender ou não estar dispostos a renunciar ao consumo desenfreado, minimizar
emissões, assumir responsabilidades. Tudo isso, para ontem!
Diga-se de passagem, pode
ser que alguém ouça e consi-
dere a velha história de que "é
melhor prevenir do que remediar", ou seja, há evidências
científicas que mostram que é
mais barato fazer ações necessárias agora, o quanto antes,
do que adiar, por qualquer tempo aquilo que for preciso. A
pressão depende da sociedade, mais do que dos políticos.
De nossa parte aqui, no
âmbito local, lembramos que
ano que vem tem eleições municipais. Que compromissos
nossos candidatos ao executivo e legislativo deverão assumir para que nossa cidade cidadãos e governantes - faça
a sua parte? Lembrando que
uma das coisas que mais gera
gases do efeito estufa são os
resíduos sólidos e que, mais um
pleito chegando e o municipio
empurrando/ adiando ações
efetivas. Diga-se de passagem,
mandar o lixo embora, pode
até atender a legislação (?),
mas não faz ele e nem seus
impactos, desaparecerem!
Grande parte das medidas
necessárias são "dolorosas",
provocarão a perda de votos/
eleição, mas a história de que
o "futuro é das crianças" já não
cola mais. A responsabilidade é
dos adultos. Temos, como diria
o Oscar Niemeyar, que "criar
hoje, o passado de amanhã!"
Francesca Werner Ferreira
Aipan - Unijuí
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