SOCIEDADE & AMBIENTE Site: www.aipan.org.br Fone: (55) 3333-0256 Diga-se de passagem! Essa semana, numa rede social, duas propagandas chamam atenção. Uma delas, sobre a COP de Paris - a 21ª Conferência das Partes da Convenção do Clima, com a difícil missão de "costurar um novo acordo entre os países para diminuir a emissão de gases de efeito estufa, diminuindo o aquecimento global e em consequência limitar o aumento da temperatura global em 2ºC até 2100" A outra propaganda, anúncio de um conhecido inseticida, cuja animação mostra a imagem de uma casa "protegida" (contra os insetos, só os insetos) por uma cúpula "invisiível" que a isola do resto do mundo - "proteção completa para a sua família!". Bueno! O que tem a ver o anú com o xirú? Diga-se de passagem, toda a palavra que termina com "cida" tem um significado de morte, ou seja, algo ou substância que possui ação letal sobre organismos vivos. Então inseticida e outros cidas - pesticida, suicida, herbicida etc...- são letais de alguma forma, mais cedo (para os insetos) ou mais tarde (para os outros organismos - nós). Que tipo de proteção tem um produto criado para matar? Na forma de aerosol, cu- jas moléculas são persistentes duram muito tempo na atmosfera, ajudam a destruir a camada de ozônio - aquela que protege de verdade, cada vez mais delgada e, ainda, contribui para o aumento do efeito estufa, o tal "aquecimento global", de novo, discutido pelas lideranças mundiais. Novamente os negociadores do clima são os mesmos que negociam os acordos comerciais em todo o mundo. Então, diga-se de passagem, a missão principal destes não é salvar o planeta! A maior parte deles está ali para defender os interesses de seus países e de corporações - economicamente maiores que os países e financiadores de governos e partidos políticos, de situação e de oposição. Para elas o interessante é ter os governos "na mão", qualquer que seja. Mesmo que exista um consenso na comunidade científica, sobre a necessidade de revisão das metas para redução das emissões de gases do efeito estufa, há uma distância enorme em relação ao que pensam e executam os tomadores de decisão. O preço a ser pago, pelas decisões tomadas, podem custar as eleições pois os eleitores podem não entender ou não estar dispostos a renunciar ao consumo desenfreado, minimizar emissões, assumir responsabilidades. Tudo isso, para ontem! Diga-se de passagem, pode ser que alguém ouça e consi- dere a velha história de que "é melhor prevenir do que remediar", ou seja, há evidências científicas que mostram que é mais barato fazer ações necessárias agora, o quanto antes, do que adiar, por qualquer tempo aquilo que for preciso. A pressão depende da sociedade, mais do que dos políticos. De nossa parte aqui, no âmbito local, lembramos que ano que vem tem eleições municipais. Que compromissos nossos candidatos ao executivo e legislativo deverão assumir para que nossa cidade cidadãos e governantes - faça a sua parte? Lembrando que uma das coisas que mais gera gases do efeito estufa são os resíduos sólidos e que, mais um pleito chegando e o municipio empurrando/ adiando ações efetivas. Diga-se de passagem, mandar o lixo embora, pode até atender a legislação (?), mas não faz ele e nem seus impactos, desaparecerem! Grande parte das medidas necessárias são "dolorosas", provocarão a perda de votos/ eleição, mas a história de que o "futuro é das crianças" já não cola mais. A responsabilidade é dos adultos. Temos, como diria o Oscar Niemeyar, que "criar hoje, o passado de amanhã!" Francesca Werner Ferreira Aipan - Unijuí