Aluna: Bárbara do Carmo Lima RA: 401200 Resenha do Filme

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Aluna: Bárbara do Carmo Lima
RA: 401200
Resenha do Filme: “Meninos não choram”
Título original: Boys don’t cry
Diretor: Kimberly Peirce
Ano: 2000
País de origem: EUA
Um retrato do preconceito
“Meninos não choram”, assim como “A hora do show”, é mais um filme
protagonizado pelo preconceito, e não é mera coincidência haver tantos filmes
com essa temática (embora pudessem haver ainda mais), fato verdadeiro é
que o preconceito ainda circunda fortemente nossa sociedade e é preciso falar
sobre ele.
O filme conta uma que realmente aconteceu em Nebraska, nos EUA, na
década de 1980. Teena Brandon é uma jovem garota que vive em Lincoln, uam
pequena cidade rural. Ela na verdade se apresenta como Brandon, pois ela
possui uma crise de identidade sexual e se sente, na verdade, um homem e
não uma mulher. Desde jovem ela se veste e se comporta como um homem,
‘fica’ com garotas e vive com um primo também homossexual. Ela tem a
vontade de fazer todo o processo, incluindo a cirurgia, de mudança de sexo,
mas ela não possui dinheiro suficiente para pagar por isso, então ela segue
colocando meias dentro de sua cueca e enfaixando seus seios para parecer
mais masculina.
Em uma de suas noites pelas festas da cidade, onde Teena sempre se
apresentava como um garoto, ela conhece Candence e seus amigos John e
Tom. Então ela viaja com eles até Falls City, uma cidade próxima, onde eles
vivem. Lá ela conhece Lana, por quem se apaixona. Brandon (ou Teena) fica
vários dias em Falls City, se aproxima muito de Lana, sua família e seus
amigos e descobre que John e Tom são ex-presidiários e que John é
apaixonado por Lana, sem ser correspondido.
Brandon sempre inventa histórias falsas sobre sua vida como, por
exemplo, dizendo que sua irmã é modelo e mora em Hollywood, sendo que ele
nem ao menos tem irmã. Ela parece o tempo todo inventar sua vida, ter medo
de relevar sua real identidade. Esse medo é totalmente justificável em sua
situação, pois onde mora e principalmente em Falls City, o preconceito contra a
homossexualidade é extremamente violento, a ponto de ser casos de
assassinato de homossexuais nessas regiões.
Porém, mesmo sabendo do perigo que corria, ainda mais por estar
diretamente envolvida com dois ex-presidiários visivelmente perturbardos
mentalmente, Brandon permanece em Falls City, preso pelo amor entre ele e
Lana.
Quando Lana e Brandon transam pela primeira vez, é possível notar que
Lana percebe que Brandon na verdade é uma garota, pois ela vê seus seios
apertados sob a camisa, mas ela parece negar essa percepção e segue no
relacionamento, que, como diz Brandon, pela primeira vez “it’s working” ou está
dando certo.
Porém, quando Brandon é presa acusada de alta velocidade ao dirigir
um carro em Falls City, ela fica encarcerada na prisão feminina. Isso traz toda a
realidade sobre ela à tona, sem nenhuma máscara. Lana aceita Brandon como
ela é e mantem seus sentimentos e relação para/com ela, já John, Brandon e
toda a família de Lana ficam indignidados. Mas John e Brandon ficam
indignados com a verdade e se tornam extremamente violentos, estuprando e
matando Brandon.
Revoltante na verdade é como a sociedade, até mesmo em pleno século
XXI se mantém extremamente preconceituosa, com medo do que é diferente. A
história contada no filme se passa no final do século passado, quando já era
inadmissível tais preconceitos, visto toda a informação às quais nos é
disponível. E a homofobia em específico (como se costuma chamar o
preconceito para/com os não-heterossexuais) não vem somente de origem
religiosa, como podemos supor tendo o princípio católico de que os seres
humanos precisam de procriar (o que é impossível entre pessoas do mesmo
sexo), ela vem até mesmo dos que não possuem qualquer crença desse tipo.
A homofobia parece vir da incompreensão das pessoas de que homens
e mulheres podem exercer papeis diferentes daqueles que vem sendo exercido
historicamente por eles, de que uma pessoa pode não se sentir satisfeita com o
sexo que a sociedade escolheu para que ela se relacione. A homofobia pode
ser o medo de, na verdade, se identificar com as pessoas não-heterosexuais,
medo de se deparar com questões próprias que colocam sua opção sexual em
dúvida. O preconceito é tão profundo e enraizado na sociedade que até mesmo
um grupo de psicólogos considera a homossexualidade doença em pleno ano
de 2012 e tenta oficializar esse fato.
O que se torna cada vez mais necessário é colocar cada vez mais em
pauta esse assunto, discutir incansavelmente sobre as escolhas sexuais com
pessoas de todas as idades e de qualquer classe social, e, ainda mais, discutir
sobre a aceitação das diferenças entre nós, que é justamente o que nos
enriquece. Podemos dizer que seria ainda mais importante, a discussão sem
preconceitos sobre esse assunto com as crianças, na educação básica, para
que elas possam crescer imunes, de certa forma, ao preconceito enraizado na
sociedade. Assim, estaremos tentando fazer com que as pessoas entendam
que a escolha sexual não é determinada pelo órgão sexual que possuímos,
mas, sim, por diversos fatores.
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