sensoriamento remoto montes claros

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SENSORIAMENTO REMOTO E SIG APLICADOS NA ANÁLISE DA
EXPANSÃO URBANA NA REGIÃO SUDOESTE DA CIDADE DE MONTES
CLAROS – MG E A SUPRESSÃO DA VEGETAÇÃO NOS ANOS DE 2000 Á
2011
OLIVEIRA, Gustavo Henrique Gomes de(1)
Universidade Aberta do Brasil – UAB/Unimontes
[email protected]
FERNANDES, Marianne Durães(2)
Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES
[email protected]
Resumo
O Sensoriamento Remoto juntamente com o Sistema de Informações Geográfica – SIG
são algumas ferramentas que nos auxiliam em análises ambientais e no monitoramento
do desenvolvimento sustentáveldevido a sua precisão nos dados. Diante disso as
Geotecnologias nos proporcionam também a realização de análises da expansão urbana
e suas consequências, resultando na supressão da vegetação nativa para o uso e
ocupação do solo. O objetivo desse estudo foi realizar uma análise da expansão urbana
na região sudoeste da cidade de Montes Claros no Norte de Minas Gerais, e como
consequência a supressão da vegetação nativa, auxiliado com técnicas de sensoriamento
remoto e SIG com imagens de alta resolução dos satélites IKONOS e
WorldViewreferentes aos anos de 2000 á 2011. Para alcançar os objetivos supracitados
foi utilizado referencial bibliográfico de autores que abordam essa temática e técnicas
de sensoriamento remoto juntamente com a utilização do SIG em imagens de alta
resolução da cidade de Montes Claros/MG. Utilizando de dados de grande exatidão e de
imagens de alta resolução, foi realizada a análise multitemporal da região sudoeste do
município de Montes Claros e a confecção de mapas e tabelas. O que reforça a
praticidade e qualidade do uso do SIG e Sensoriamento Remoto nas análises
socioambientais do espaço urbano.
Palavras – chave: Expansão Urbana;Sensoriamento Remoto; SIG e Supressão da
vegetação.
(2)
Graduanda do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Montes Claros UNIMONTES.
(1)
Graduando do Curso de Geografia da Universidade Aberta do Brasil- UAB/UNIMONTES.
Introdução
O Sensoriamento remoto e Sistema de Informações Geográficas (SIG) são ferramentas
que possui precisão na coleta de dados sobre uma determinada área. Atualmente o
sensoriamento remoto e o SIG são de fundamental importância para que se possam
realizar análises espaciais e também diversas outras discussões. Essas ferramentas
trazem para os usuários maior praticidade nas pesquisas e também a precisão dos dados
(LEITE, 2006).
Neste contexto o estudo busca analisar a expansão das áreas ocupadas na regiãosudoeste
da cidade de Montes Claros/MG, e as consequências que o rápido crescimento urbano
resulta para o ambiente local. Essa regionalização que inclui a região sudoeste não é
oficial, contudo facilitará a compreensão da localização da área estudada.
Salgueiro (2002) conceitua que a partir da etimologia da palavra urbana e citadina,
conseguimos compreender que a cidade possui uma forma material, que consubstancia
numa forma física através de características de ocupações, possuindo assim uma
estrutura e organização, também é observado que a cidade vai além do físico e está
interligada a dimensão social.
Quanto maior e modernos são os centros urbanos, torna-se difícil a sobrevivência da
fauna e da flora na área (LEITE e FRANÇA, 2007), devido existir um aumento do
processo de ocupação do solo torna-se complexo a existência da vegetação, pois em
alguns momentos o crescimento urbano é proporcional à retirada da vegetação. Dentro
do contexto apresentado, a cidade de Montes Claros/MG a partir da década de 1970
com
o
processo
de
industrialização
contribuída
pelo
apoio
das
políticas
desenvolvimentistastornou-se referencia em expansão territorial.
A cidade incide por um crescimento urbano rápido e acelerado, tornando agravante a
falta de planejamento eficaz (LEITE e PERREIRA, 2005).Pois o planejamento eficiente
de uma cidade possui algumas das características o crescimento urbano, porém deforma
que a área sofra um menor impacto ambiental possível, portanto buscandoum
crescimento sustentável da cidade e preservando o meio ambiente. A consequência do
avanço do crescimento urbano acelerado proporcionao aumento do número de
residências e de loteamentos em algumas áreas da cidade, causando assim, um
agravamento da retirada da vegetação local.
Objetivos
Esse estudo objetivou realizar uma analiseda expansão urbanana região sudoeste da
cidade de Montes Claros/MG, através da observação de imagens de satélites dos anos
2000 e 2011. Com esta análise espaçotemporal tornou-se possível àvisualizaçãoda
dinâmica e evolução das áreas ocupadas e não ocupadas desta região, provocando
consequências no ambiente local devido à retirada da vegetação.
Material e Métodos
A. Área de estudo.
Este estudo foi realizado na região sudoeste da cidade de Montes Claros/MG, á analise
foi realizadoatravés de técnicas de geoprocessamento e do Sistema de Informações
Geográficas (SIG).
B. Metodologia
Para atingir os objetivos supracitados utilizamos o referencial bibliográfico sobre a
aplicação das geotecnologias em áreas urbanas. Posteriormente foi usado técnicas de
geoprocessamento no tratamento de imagens de alta resolução,através do software
Spring 4.3.3(Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas) e
mapeamento no software ArcGis 10.0 . Utilizou-se a imagem de satélite IKONOS de
julho de 2000, com resolução de 1 metro no pancromático,pelo qual permitiu a
observação do perímetro urbano da cidade de Montes Claros/MG.Também foi utilizada
a imagem do satélite WorldView multiespectral, do ano de 2011, com 0,5m de
resolução. Diante da aquisição desses materiais foram vetorizados os polígonos de áreas
ocupadas do perímetro urbano da área sudoeste da cidade, sendo possível com isso
calcular a porcentagem em Km²das áreas ocupadas e, consequentemente, o
levantamento dos dados das áreas não ocupadas da região.
Resultados e Discussões
O seguinte estudo proporcionou analisarmos os bairros Ibituruna, Jardim Morada do
Sol, Morada do Sol, Morada do Parque, Augusta Mota, Chácara Paraöso, Jardim
Liberdade, Morada da Serra e Major Prates, observando a expansão urbana da região e
as consequências destas para o meio ambiente local. O mapa 01 a seguir, nos mostra os
bairros estudados e a sua localização em relação à área urbana e ao centro da cidade:
Mapa 01: Localização dos bairros estudados no Município de Montes Claros/MG.
Com isso observamos os bairros supracitados e a sua distribuição espacial na cidade,
para uma melhor compreensão das informações. A partir da metodologia que foi
utilizada nesse estudoo geoprocessamento e o Sistema de Informações Geográficas
(SIG)foram de fundamental importância para os resultados obtidos. Com a observação
multitemporal dos dados torna-se nítido a expansão urbana na área de estudo e como
consequência a supressão da vegetação, podendoservisualizadas e compreendidas nos
mapas 02 e 03abaixo:
Mapa 02: Áreas ocupadas na região sudoeste do Município de Montes Claros/MG-2000.
O mapa 02 nos mostra os bairros estudados que estão divididos em shapes de áreas
ocupadas em relação aos limites dos bairros e a tabela 01 nos auxiliam na interpretação
dos dados. Diante disso, foi calculada a expansão da área ocupada e não ocupada da
região sudoeste da cidade dos anos de 2000 e 2011.
Tabela 01: Expansão Urbana das áreas estudadas no ano 2000 em Montes Claros/MG.
Expansão Urbana ano 2000 Áreas Ocupadas Áreas não ocupadas
Área em Km2
4,15083 Km²
6.38737 Km²
Percentual
39,38%
60,62%
Fonte: FERNANDES, M.D; OLIVEIRA, G.H.G. 2012.
A tabela 01 nos proporciona compreendermos a expansão do ano de 2000 comparando
com o mapa 02, onde as áreas ocupadas dos bairros possuem um percentual de 39,38%
e as áreas não ocupadas 60,62% com isso torna-se perceptível uma maior presença da
vegetação do que os espaços antropizados.
Mapa 03: Áreas ocupadas na região sudoeste do Município de Montes Claros/MG-2011.
O mapa 03 apresenta as áreas ocupadas dos bairros estudados, o ParqueMunicipal João
Guimarães Rosa e o Parque Municipal Milton Prates, sendo áreas verdes protegidas na
cidade.
Já na tabela 02 é visível com o auxilio do mapa 03 o aumento da expansão urbana.
Detectamos a presença de 45,12% de áreas ocupadas e 54,88% de áreas não ocupadas
no ano de 2011.
Tabela 02: Expansão Urbana das áreas estudadas no ano 2011 em Montes Claros/MG.
Expansão Urbana ano 2011 Áreas Ocupadas Áreas não ocupadas
Área em Km2
4,755376Km²
5,782824 Km²
Percentual
45,12 %
54,88%
Fonte: FERNANDES, M.D; OLIVEIRA, G.H.G. 2012.
Diante dos dados compreendemos que houve um aumento da expansão urbana na região
sudoeste de Montes Claros/MG de 5,74% em áreas ocupadas, num período de onze
anos, equivalente a 0,604546 Km² e como consequência a supressão da vegetação. É
importante ressaltar que mesmo esta área possuindo a supressão da vegetação, é uma
das várias regiões de maior concentração de áreas verdes, devido estarem situados os
principais parques municipais.
O que nos leva a discutirmos que Montes Claros, sendo uma Cidade Média do Norte de
Minas Gerais, está inserida em um novo contexto devido o seu destaque no âmbito
regional. França (2007) confirma que uma cidade classifica como média quando possui
a funcionalidade de realizar trocas e relações constantes com o seu entorno, podendo ser
com centros de maior influência econômica, como metrópoles nacionais ou regionais,
ou até mesmo com cidades pequenas estabelecendo relações frequentes e coesas. França
(2007) também ressalta sobre a nova configuração urbana vinda da década de 1970 e os
seus resultados:
{...} a degradação ecológica urbana, a qualidade de vida e os aspectos
socioeconômicos nas grandes e nas médias cidades é oportuna, visto
que se relaciona diretamente com uma nova configuração urbana que
tem acontecido no Brasil pós década de 1970, quando as cidades
médias ganham importância econômica e demográfica. (FRANÇA,
2007, p. 25).
Sendo assim, Montes Claros/MG possui um grande fluxo populacional e econômico,
principalmente, pela cidade ser uma das mais importantes de sua região e possui melhor
infraestrutura nos âmbitos da saúde, transporte, educação, comércio, e etc. Toda essa
dinâmica foi proporcionada por ações de incentivos governamentais da década de 1970,
em beneficio das cidades médias (FRANÇA, 2007), o que influenciou a atual situação
da cidade e sua tendência de crescimento socioeconômico.
Toda essa movimentação tem como consequência a formação de subcentros que de
acordo com FRANÇA (2007, p. 05) “podem dar-se a partir da criação de shopping
centers, novos loteamentos, hospitais, universidades ou faculdades, postos de saúde,
entre outros”. Estabelecimentos encontrados na região de estudo, como a presença do
Shopping Ibituruna, e a grande área comercial do bairro Major Prates.
Quando se fala do processo de formação e crescimento de uma cidade,
consequentemente, temos que abordar o processo de desmatamento de espécies, pois,
este é inerente ao processo doaumento acelerado da urbanização com a falta de
planejamento eficiente. França (2007, p. 25) aborda que “a degradação ambiental
urbana é um processo que também ocorre nas cidades médias, entretanto em níveis
menores e com possibilidades mais concretas de evitar sua expansão acirrada.”
O que nos leva aressaltar sobre a importância e a preservação do ambiente natural da
região sudoeste da cidade de Montes Claros/MG, onde há a presença da nascente do rio
Vieira, este que parte do seu curso está localizada dentro do perímetro urbano da cidade,
apresentando também há presença de três Parques Municipais que são eles Sapucaia,
João Guimarães Rosa e Milton Prates, sendo de tamanha relevância para o meio
ambiente e servindo como equilíbrio térmico para a área, contribuindo na redução da
poluição atmosférica e garantindo a preservação de espécies nativas. Carvalho (2001)
aborda que:
{...} o avanço da urbanização sobre o meio natural, de maneira
desordenada, tem causado a degradação progressiva de áreas de
mananciais, com a implantação de loteamentos irregulares e a
instalação de usos e índices de ocupações incompatíveis com a
capacidade de suporte do meio. (CARVALHO, 2001, p. 95).
Por isso torna-se necessário um melhor planejamento urbano, devido este ter como
objetivo um planejamento eficiente da cidade, para uma vivencia com qualidade dos
seus citadinos. Diante disso Carvalho (2001) nos aborda sobre a importância do Plano
Diretor de uma cidade, pois este é um instrumento de gestão territorial urbana e também
serve como um instrumento de gestão ambiental, sobretudo pela não existência de uma
tradição política ambiental em nível municipal no Brasil.
Por fim, o presente estudo analisou de forma quantitativa a expansão urbana da região
sudoeste da cidade de Montes Claros/MG a partir da análise temporal e apresentando a
importância de um planejamento eficiente e deum crescimento sustentável, aliado a uma
melhor efetivação do planejamento urbano, tornando-se como um importante
instrumento de ação para o desenvolvimento e garantindo o crescimento aliado ao
menor impacto e valorização do meio ambiente.
Conclusões
A partir da metodologia aplicada com a utilização de imagens de alta resolução
auxiliada pelo sensoriamento remoto e o SIG, permitiu calcular a área de expansão da
região sudoeste na cidade de Montes Claros/MG, dentre os anos de 2000 á 2011 onde
apresentou um crescimento urbano de 5,74% de área ocupada. Diante desse avanço da
expansão urbana acelerado constatamos que houve a retirada da vegetação local para a
ocupação do soloem detrimento da urbanização e ressaltou o valor da preservação
natural local, diante disso torna-se necessário a observação sobre a importância do
crescimento sustentável de uma cidadejunto com um planejamento urbano eficiente,
para que os citadinos possam viver em uma cidade planejada e que afetem o mínimo
possível o meio ambiente,preservando assim a riqueza natural da região sudoeste de
Montes Claros/MG.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Laboratório de Geoprocessamento da Universidade Estadual
de Montes Claros - UNIMONTES.
Referências
CARVALHO, Pompeu F. de; BRAGA, Roberto (orgs.) Perspectivas de Gestão
Ambiental em Cidades Médias. Rio Claro: LPM-UNESP, 2001. p. 95 a 109. (ISBN
85-89154-03-3).
FRANÇA, Iara Soares de. A Cidade Média e suas Centralidades: o exemplo de
Montes Claros no Norte de Minas Gerais. 240f. Dissertação de Mestrado (Geografia
e Gestão do Território). Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade
Federal de Uberlândia/ Uberlândia, 2007.
LEITE, M.E. Geoprocessamento Aplicado ao Estudo do Espaço Urbano: O caso da
cidade de Montes Claros/MG. 118f. Dissertação de Mestrado (Geografia e Gestão do
Território). Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de
Uberlândia/ Uberlândia, 2006.
LEITE, M.E.; FRANÇA, I.S.de. Reflexões sobre a Sustentabilidade Urbana: Novo
modelo de Gestão Ambiental da Cidade. Caminhos de Geografia. Revista OnLine,
http://www.ig.ufu.br/revista/caminhos.html (ISSN 1678-6343), Uberlândia, v. 8, n. 22,
p. 137 – 142, set/2007.
LEITE, Marcos Esdras; PERREIRA, Anete Marília. Expansão Territorial e os
Espaços de Pobreza na cidade de Montes Claros. In. Anais do X Encontro
Geográfico da América Latina. 20-26 março/ 2005, Universidade de São Paulo.
SALGUEIRO, Teresa Barata. Cidade, Território de mudança. In: LOURO, João Soares
(diretor) Gestão urbana: passado, presente e futuro. Publicação da EXPOR 98 S.A.,
Lisboa, julho de 2002. p. 22-33. p. 445. (ISBN 972-8106-27-0).
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