AGENDA POSITIVA – PRODUTIVIDADE E INOVAÇÃO BOLETIM: NOVEMBRO/2015 PESQUISA DE PRODUTIVIDADE SOBRE A EQUIPE TÉCNICA DA FUNDAÇÃO DOM CABRAL (FDC) COORDENAÇÃO TÉCNICA DA PESQUISA DE PRODUTIVIDADE: Hugo Ferreira Braga Tadeu é Professor e pesquisador da Fundação Dom Cabral (FDC), atuando no Núcleo de Inovação e Empreendedorismo. Coordenador do Centro de Referência em Inovação Nacional, atuando também no programa de mestrado profissional e programas customizados da FDC. Tem experiência em projetos de pesquisa sobre inovações financeiras, inovação no setor de saúde, indicadores de inovação, cidades inteligentes, inovação e energia, produtividade e cenários de longo prazo. Pós-Doutor em Simulação pela Sauder School of Business. EQUIPE TÉCNICA: Jersone Tasso Moreira Silva é Professor e pesquisador convidado da Fundação Dom Cabral (FDC), atuando no Núcleo de Inovação e Empreendedorismo. Tem experiência em projetos de pesquisa em cadeias produtivas, energia, análises econômicas e análises de longo prazo. Doutor em Economia pela UFV. ANÁLISES TÉCNICAS O tema do momento no Brasil é a produtividade. Passando por diversas reportagens em canais de televisão, revistas especializadas, debates em fóruns econômicos e empresariais, muito se tem dito sobre os problemas vivenciados pelo governo e empresas privadas no tema. No entanto, pouco se tem proposto em como resolvê-los, criando-se verdadeiramente uma agenda positiva. Tradicionalmente, quanto maior o crescimento econômico de um país e melhor a educação da sua força de trabalho, supostamente, a eficiência dos meios de produção tenderia a ser maior. Melhor ainda, se a adoção de novas tecnologias fosse viável. Basicamente, esta é a definição de produtividade. Todavia, diversos estudos têm apontado que a produtividade não poderia ser respondida somente por estes fatores. Recentemente, os economistas Alexandre Schwartsman e Fábio Giambiagi publicaram um interessante livro, intitulado “Complacência” (editora Campus, 2014). Ao longo dos capítulos, são retratados a queda da participação da indústria nas economias mundiais, desafios para a manutenção da inflação, ampla necessidade para a implementação de políticas educacionais de ponta, ambiente tributário menos sufocante, ambiente de negócios estimulante e aumento da capacidade de investimentos. O presente relatório foi elaborado pela equipe técnica da FDC. |2| Outros estudos, citando o The Conference Board, indicam que o número de horas trabalhadas por um trabalhador no Brasil seria o dobro de um americano, sendo o nosso PIB per capita bem inferior. Isto é, trabalhamos muito e com pouca eficiência. A mesma fonte destaca que os investimentos em educação por aqui seriam superiores aos da Alemanha, estando o país europeu em condição de destaque em rankings internacionais do ensino médio e superior, enquanto os nossos estudantes estão nas últimas colocações. Por outro lado, os dados de competitividade recentemente divulgados pela Fundação Dom Cabral e pelo IMD destacam a tradicional ineficiência em gestão pública, a precariedade em infraestrutura, o baixo investimento em inovação e, incrivelmente, a baixa qualidade da gestão privada também. Somado a todas as análises supracitadas, a revista The Economist sugere que um dos indícios da baixa eficiência em gestão brasileira poderia estar ligado à nossa cultura do cafezinho, a conversas sobre futebol e por sermos um dos maiores consumidores de redes sociais no mundo, dedicando tempo para atividades desnecessárias para a vida empresarial. Haveria respostas certas ou erradas nos dados acima citados? Talvez não. Mas o que mais preocupa é a baixa capacidade de planejamento de curto e longo prazo, bem como o pouco tempo gasto para a gestão do presente e do futuro, com destaque para investimentos em inovação e em novas formas do pensamento. Se a produtividade já não é a das melhores, com pouca inovação, o melhor caminho poderia ser o do contínuo crescimento médio, quiçá abaixo dos nossos concorrentes diretos: países e empresas da China, Rússia e Índia. Que o futuro nos traga novos resultados e novos horizontes. Fatores que têm impactado a produtividade brasileira: Eficiência dos meios de produção: dados do IBGE (2015) e do IPEA (2015) indicam crescimento do custo operacional das empresas brasileiras, queda dos investimentos, produção e margem. Além dos fatores relacionados ao desempenho da economia nacional e internacional, estudos do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC indicam que existe uma oportunidade crescente para melhoria de gestão das empresas industriais e de serviços, destacando-se: revisão de processos, otimização de recursos financeiros, gestão de pessoas (com investimento adequado em treinamento) e adoção de indicadores de resultado. Investimentos em educação: resultados de testes internacionais para avaliar a qualidade da educação sugerem que o Brasil está atrás na corrida pela qualidade da educação, tanto nos níveis básico quanto superior. Apesar do aumento do investimento nos últimos anos, a qualidade da educação ainda precisa ser trabalhada, destacando-se a baixa proficiência em matemática e português. A baixa qualificação da mão de obra é um dos fatores com forte impacto na produtividade. O presente relatório foi elaborado pela equipe técnica da FDC. |3| Investimentos em inovação: observa-se uma queda significativa dos investimentos em inovação pelo governo e empresas privadas. Apesar da Lei do Bem, a queda da atividade econômica tem estimulado as empresas a repensarem as políticas de investimentos em inovação, postergando projetos de inovação incremental e radical. Conclui-se que o crescimento da produtividade para os próximos anos deveria estar associado a políticas de investimentos e melhoria das condições da educação, em maior eficiência dos meios de produção e em práticas de inovação. Do contrário, corre-se o risco o de o Brasil ter um crescimento não adequado da economia e das empresas, com reflexos na geração de empregos, eficiência em gestão e crescimento da competitividade. ANEXO 1 – METODOLOGIA FDC Este relatório foi desenvolvido pela equipe do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC. O presente relatório tem como objetivo único analisar o comportamento da atividade econômica brasileira, como resultado de pesquisas sobre a produtividade. O presente relatório foi desenvolvido utilizando-se de fontes públicas, como os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), com todos os dados disponíveis nos respectivos sites. Este relatório é público e pode ser reproduzido por qualquer pessoa, desde que o seu formato original seja mantido e a citação realizada. A metodologia de análise econômica realizada pela equipe do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC foi a PICAM (Private Investments Cross Analyses Model), de autoria dos professores Hugo Ferreira Braga Tadeu e Jersone Tasso Moreira Silva, publicada em artigo internacional na plataforma Elsevier. Para os interessados em ler a metodologia, entrar em contato pelo e-mail [email protected]. A metodologia PICAM refere-se ao levantamento de dados econômicos no período 1996-2014, deflacionando os mesmos (tendo o IGP-DI como fonte e 1996 como ano base) e na realização das taxas de crescimento, utilizando sistemas econômicos como suporte técnico. O presente relatório foi elaborado pela equipe técnica da FDC. |4|