A CARTA HODÓGRAFA & O TEMPO ATMOSFÉRICO 1 2 Daniel Mendes Cássia de Castro Martins Ferreira RESUMO O presente projeto de Iniciação Cientifica trata de uma experimentação de um novo modelo meteorológico voltado para a representação das condições do Tempo Atmosférico, com vistas a melhorar a sua utilização e eficiência em relação aos similares existentes. Nesse sentido, caso se deseje realizar uma análise da camada de atrito em pequena escala na carta sinótica comum devemos desenvolver métodos e modelos apropriados muito diferentes da teoria da frente polar dos fenômenos em grande escala. Nesta proposta a nebulosidade é o alvo da investigação. De uma maneira pioneira e peculiar será realizada a primeira tentativa de estabelecer uma relação abordando uma seqüência rítmica das condições de tempo aplicadas numa projeção sobre a carta hodógrafa. Sendo assim, os aspectos fundamentais de sua estrutura bem como do tempo atmosférico serão analisados num estudo aplicado através de uma caracterização sistemática e rítmica das condições de tempo observados em Juiz de Fora - MG. ABSTRACT The present project of scientific initiation itself treats of an experiment of a new model meteorological advanced for representation from the condition of that atmospheric weather, with intention of to improve her utilization and efficiency in relation at the similar existent. In to circumstances on the case of desire to accomplish an analysis from the layer of attrition in low scale at a synoptic chart common indeed to develop methods and models appropriates much different from the theory from the polar front from that phenomenon in high scale. At a proposal from that theme which involve the present work, to have how target from the investigation at nebulosity. With a manner pioneer and peculiar to accomplish at first experiment of establisher a relation boarding a succession habitual from that atmospheric weather applied at a projection accomplished on a hodographic chart. In such case so, the aspect fundamental of her structure and atmospheric weather overtime analyzed at study applied across from the observation from that weather in Juiz de Fora - MG. Palavras-chave: Modelo Meteorológico - Carta Hodográfica - Tempo Atmosférico. A PREVISÃO DO TEMPO & O ENFOQUE TECNOLÓGICO Os esforços de prognóstico tiveram início quando eram mais necessários. Na Inglaterra do século XVII. Edmond Halley, cujo nome batizou o famoso cometa, mapeou os ventos alísios e a monção asiática para auxiliar a navegação. Alvo de tufões, o Japão possui paisagem montanhosa que obriga a população e as indústrias a se concentrarem no litoral, onde são mais vulneráveis a tremores de terra e ondas de marés. Em conseqüência, o Serviço Meteorológico do Japão tornou-se um líder na previsão de tufões na região ocidental do Pacífico Norte e no mar sul da China. 1 2 Universidade Federal de Juiz de Fora - Campus Martelos - (032) 3266-5134 - [email protected] . Universidade Federal de Juiz de Fora - Campus Martelos - (032) 3216-1210 - [email protected] . Na América do Norte, os Estados Unidos vem sofrendo com tempestades de granizo, nevascas e a mais alta incidência de tornados no mundo – somente em maio de 2004 foram 492 ocorrências. Nas regiões costeiras ameaçadas por furacões vivem nada menos que 50 milhões de pessoas. Sendo assim, uma previsão acurada pode significar a diferença entre a prosperidade e a ruína, a vida e a morte. Os modelos computadorizados que formam a base dos atuais esforços de previsão requerem uma quantidade ainda maior de dados, e sob forma mais ordenada: leituras de pontos situados em uma grade homogênea tridimensional que se estende por toda superfície do globo e também em altitude na atmosfera, atualizadas de hora em hora, ou o que seria melhor, de minuto a minuto. Para complementar essas observações e obter um ponto de partida adequado, os meteorologistas tomam a mais recente avaliação da atmosfera e a projetam no futuro. O resultado é uma “previsão” do presente, que ajudam no preenchimento das lacunas nos dados, complementando o instantâneo do clima atual em toda a grade global imaginária. E isso é obtido com as ferramentas computacionais que permitem aos meteorologistas o vislumbre do futuro – uma abordagem conhecida como “modelagem numérica”. O modelo computacional Deep Thunder, da IBM, gera previsões tridimensionais de curto prazo. Em maio, trabalhando com antecipação de oito horas, ele apontou uma tempestade de raios em Nova York. Sendo que uma previsão para as 20 horas leva em conta a chuva na hora anterior, os ventos verticais em grandes altitudes e a chuva que ainda vão cair. A tempestade se desenrolou da seguinte forma: Às 19 horas, caracterizada como o momento de preparação, as previsões iniciais indicavam um dia quente e úmido. Mas, com a frente fria, os ventos mudaram de direção e aumentou a umidade, formando nuvens. O modelo calculou que zonas turbulentas de ar ascendente se formariam na tormenta. Às 20 horas se caracterizou o auge, enquanto a tempestade seguia para o leste, previa-se que suas nuvens em forma de bigorna iriam provocar chuvas de até 5 centímetros cúbicos em alguns pontos. Depois, dados obtidos por radar confirmaram essa parte da previsão. Às 21 horas a caracterização já era marcada como o declínio. Esgotado seu ímpeto, a tempestade se afastou. “A previsão apresentou uma margem de erro de no máximo 30 minutos”, diz Lloyd Treinish, da IBM. “Para descobrir o erro, às vezes usamos os dados da própria tempestade para rodar de novo o programa”. A previsão descrita se trata de um modelo computacional de Tony Praino e LLoyd Treinish, Thomas J. Watson Research Center, IBM. Essa máquina do tempo é um modelo digital da atmosfera, constituído de dados e equações, e não de ar de vapor d’água. As equações descrevem os principais processos, como correntes de ar, a evaporação, a rotação da Terra e a liberação de calor à medida que há condensação ou congelamento de água. A cada instante, o modelo calcula as condições climáticas em todos os pontos daquela grade global imaginária. Desse modo, os meteorologistas podem elaborar um quadro completo das condições atuais e, em seguida, projeta-lo no tempo a fim de obter uma previsão. No entanto, até os modelos digitais mais sofisticados simplificam drasticamente o funcionamento real da atmosfera. A maioria rastreia condições em pontos a dezenas de quilômetros uns dos outros, mesmo que o tempo real varie enormemente no âmbito de poucos quilômetros – por exemplo, a área afetada por uma tempestade com trovoadas e raios. Cada modelo também apresenta um viés específico: alguns funcionam melhor com furacões; outros são mais eficientes na previsão de tempestade de neve. Os meteorologistas procuram compensar isso recorrendo a diferentes modelos. E tudo isso implica a realização de montanhas de cálculos adicionais. A última palavra, porém não está com os computadores. Uma vez realizado o processamento dos modelos, o resultado é convertido em gráficos de leitura fácil, e a partir daí, os meteorologistas analisam as previsões feitas pelas máquinas. Tendo em vista o tratamento irredutível dos meteorologistas no momento em que afirmam a busca previsibilidade das condições do tempo atmosférico através de uma ciência puramente exata, o mesmo surpreende e se revela como imprevisível e empirista. A ANÁLISE DAS NUVENS De uma maneira pioneira e peculiar será realizada a primeira tentativa de estabelecer uma relação abordando uma seqüência rítmica e cinemática das condições de tempo projetadas em apenas uma carta hodógrafa. A caracterização demonstra que é possível visualizar de maneira geral os principais tipos de cobertura que atuaram ao longo do mês e do dia nos horários das observações e associar a proporção de céu encoberto através deste modelo meteorológico. Além de visualizar pode-se também quantificar de maneira específica o tipo de cobertura e a proporção de céu encoberto segundo uma determinada direção, segundo um determinado dia e segundo um determinado horário. Na análise do objeto de estudo - nebulosidade - será julgado, primeiramente, como uma variável qualitativa, isto é, apresentam como possíveis valores uma qualidade ou atributo do objeto a ser pesquisado. Nesse sentido, será determinado o gênero (tipo), o espaço e o tempo de cada variável inserida no sistema. Contudo, a carta hodógrafa, realiza nesse sentido uma possibilidade de transcorrer estas variáveis qualitativas, num primeiro momento, em variáveis quantitativas contínuas, isto é, realizar uma contagem que envolve uma medida em números reais. Sendo assim, serão estimados os seguintes valores através dos seguintes cálculos que concerne a Freqüência Absoluta (FA) e a Freqüência Relativa (FR): Aplicação de Estatística: Parte I. ☯ Nebulosidade Mensal (%). FR = FAw + FAy + FAz x 100 / NTwyz Onde: FR = Nebulosidade Mensal (%). FAw = Nebulosidade Mensal do Horário W. (FAw = FAw1 + FAw2 + FAw3... FAwn). FAw1 = Nebulosidade do horário W no primeiro dia. FAw1 = FA w1n + FA w1ne + FA w1e + FA w1se + FA w1s + FA w1sw + FA w1w + FA w1nw FA w1n = Nebulosidade do horário w na orientação cartográfica norte. FA w1ne = Nebulosidade do horário w na orientação cartográfica nordeste. FAy = Nebulosidade Mensal do Horário Y. (FAy = FAy1 + FAy2 + FAy3... FAyn). FAy1 = Nebulosidade do horário Y no primeiro dia. FAz = Nebulosidade Mensal do Horário Z. (FAz = FAz1 + FAz2 + FAz3... FAzn). FAz1 = Nebulosidade do horário Z no primeiro dia. NTwyz = Nebulosidade Máxima Total (NT) para um mês com três horários pesquisados (WYZ). ☯ Nebulosidade Mensal segundo a orientação cartográfica. FR = FAoc (n,ne,e,se,s,sw,w,nw) x 100 / NTwyz Onde: FR = Nebulosidade Mensal segundo a orientação cartográfica (%). FAoc = Nebulosidade Mensal segundo a orientação cartográfica, esta, pode ser: FAn = norte/FAne = nordeste/FAe = leste/FAse = sudeste/FAs = sul/FAsw = sudoeste/FAw = oeste/FAnw = noroeste FAwn = Nebulosidade Mensal do Horário W para a orientação norte (n). (FAwn = FAwn1 + FAwn2 + FAwn3... Fawn (dias)). FAwn1 = Nebulosidade do horário W na orientação norte (n) no primeiro dia. FAyn = Nebulosidade Mensal do Horário Y. (FAyn = FAyn1 + FAyn2 + FAyn3... FAyn (dias)). FAyn1 = Nebulosidade do horário Y na orientação norte (n) no primeiro dia. FAzn = Nebulosidade Mensal do Horário Z. (FAzn = FAzn1 + FAzn2 + FAzn3... FAzn (dias)). FAz1 = Nebulosidade do horário Z na orientação norte (n) no primeiro dia. NTwyz = Nebulosidade Máxima Total (NT) para um mês com três horários pesquisados (WYZ). O COMPORTAMENTO DINAMICO E SUCESSIVOS DAS CONDIÇOES DE TEMPO O Tempo Atmosférico de Primavera Período marcado, principalmente, por atuações de nuvens baixas e nuvens com desenvolvimento vertical – 29,22% e 31,3% respectivamente – demonstrando o reflexo de atuações de sistemas atmosféricos e/ou fatores locais sobre a freqüência dessas condições de tempo visualizados em baixos níveis no decorrer deste período. Nesse sentido foram identificadas também em níveis médios – 2,69% de Altostratus e 10,92% de Altocumulus – e em altos níveis – 3,84% de Cirrus/ Cirrostratus e 10,62% de Cirrocumulus. Prosseguindo, foi possível também descrever a orientação da organização das nuvens de acordo com o gênero mencionado anteriormente. Sendo assim dos 29,22% de nuvens baixas, isto é, Stratus e Stratocumulus, 14,76% tiveram a sua organização orientada no quadrante Setentrional – destacando Noroeste com 3,81%. Sistematizando, nesse sentido, temos o seguinte: Nuvens com desenvolvimento vertical (Cu e Cb): 31,3%.Boreal (16,11%). N (4,22%). Nuvens Médias (Altocumulus): 10,92%. Boreal (5,54%). NW (1,64%). Nuvens Médias (Altostratus): 2,69%. Austral (1,36%). SW (0,44%). Nuvens Altas (Cirrocumulus): 10,62%. Austral (5,38%). E (1,43%). Nuvens Altas (Cirrus/ Cirrostratus): 3,84%.Austral (2,15%). E/ SW (0,63%). No que diz respeito ao comportamento – nuvens baixas (0 – 2.000m de altitude) – apontou-se inicialmente uma organização no setor leste às 11h00minZ / Noroeste às 15h00minZ / persistindo a Noroeste às 19h00minZ. As constatações realizadas pela carta hodógrafa em paralelo com as cartas sinóticas indicam a probabilidade de incursões de massas de ar oriundas do quadrante Austral que provocam esta grande extensão horizontal de nuvens estratificadas observadas nesta orientação no inicio do dia e que no decorrer deste período segue sua trajetória em direção ao quadrante Boreal, mas precisamente a Noroeste. Todavia, o desenvolvimento de nuvens desse tipo é comum quando o ar é forçado a subir, como ao longo de uma frente ou próximo ao centro de um ciclone, quando ventos convergentes provocam a subida do ar. Tal subida forçada de ar estável leva a formação de uma camada estratificada de nuvens que tem uma extensão horizontal grande comparada com a sua profundidade. Um dia de Primavera... No dia 26/11/05 as 11h00minZ havia sido coletado 60,4 mm de chuva, resultado de uma atuação de uma Frente Fria introduzida após o deslocamento da Massa Tropical Atlântica que já havia se deslocado inteiramente para o oceano, sendo assim, a sua ultima isóbara se encontrava bastante baixa (1008 mb) em relação ao centro que compreendia 1026 mb na Long. de 5°W e na Lat. de 30°S. Porém está ultima isóbara ainda teve destaque até o período das 19h00minZ do dia 24. Num dia em que a máxima havia sido de 31,5°C e mínima de 19°C, essa massa de ar quente atuando em baixos níveis provavelmente foi a responsável pela produção de um Tempo Nublado compreendendo 2/8 de Cirrus e Cirrostratus na porção E/SE. Já os demais correspondem 3/8 de Stratocumulus na porção N/NE/NW cuja orientação coincide com a atuação de uma ZCAS com uma isóbara de 1008 mb e 3/8 de Cumulonimbus na porção S/SW/W que por sua vez coincidiu com a aproximação de uma Frente Fria. Havia ainda um cavado muito próximo da região da Zona da Mata Mineira NE/N que possivelmente contribuirão para a formação de nuvens oriundas da ZCAS. No dia 25, já, no período das 11h00minZ persistia uma Condição de Tempo Nublado, porém homogênea. O período foi marcado por uma cobertura a médios níveis de Altocumulus. Provavelmente não havia mais a atuação de Massa Tropical Atlântica e consequentemente de Cavado. Contudo foi marcado pelo inicio da atuação da Frente Fria e de uma ZCAS. No momento em que o Tempo Cronológico marcava 12h00minZ o Tempo Atmosférico se caracterizava por atuações de nuvens baixas do gênero Stratocumulus que homogeneamente cobriram todo o espaço correspondente a baixos níveis, provavelmente, associado com a permanência da Frente Fria que neste momento era o principal sistema produtor das condições de tempo, juntos, favoreceram que ocorresse uma precipitação de 9,4 mm. Prosseguindo, a nebulosidade homogenia de Stratocumulus que estavam atuando, no inicio do dia, já não era a mesma. No momento das 19h00minZ já se encontravam desenvolvidos em nuvens de grande desenvolvimento vertical, isto é, em Cumulonimbus associados a fortes Trovoadas. A Frente Fria permanecia ser o principal sistema produtor de tempo, porém havia possibilidade de uma ZCAS estar favorecendo a intensificação de umidade e calor no sistema. Nesse sentido a temperatura máxima chegou atingir 29°C e a umidade relativa a 96%. A partir desse momento ocorreu uma intensa precipitação que resultou num total valor bastante expressivo de 60,4 mm. O resultado dessa observação local não está somente descrita como também registrado na carta hodógrafa de nuvens. Observe este comportamento dinâmico na carta hodógrafa de novembro/2005 (CHNOV/2005). Sendo assim, atento para esta parte do resultado deste trabalho como sendo apenas um breve ensaio para o futuro desenvolvimento de um modelo de previsão de tempo. As conclusões que estão sendo obtidas através dos resultados nos demonstram que estes vêm sendo bastante satisfatórios, principalmente no que se trata de demonstrar a repercussão de linhas de instabilidades, isto é, um modelo com viés voltado para tempestades tropicais. Cabe destacar que o presente modelo vem sendo desenvolvido com base na carta hodógrafa se assemelha em alguns aspectos com o modelo computacional Deep Thunder, da IBM no que diz respeito ao prognóstico de uma maneira geral característico dos modelos numéricos que tomam a mais recente avaliação da atmosfera e a projetam no futuro, contudo, se trata de um modelo que vem sendo desenvolvido especificamente para o clima tropical e baseado em cartas hodógrafas ou hodográficas. N 15:00Z 19:00Z 11:00Z 19:00Z 11:00Z NW 15:00Z NE 15:00Z 11:00Z 19:00Z 19:00Z W 11:00Z 15:00Z 15:00Z E 19:00Z 11:00Z 19:00Z 11:00Z 15:00Z 15:00Z SW 19:00Z 11:00Z 19:00Z 15:00Z SE 11:00Z S Figura Ilustrativa da CHDEZ/05 (Carta hodógrafa de Dezembro, 2005). AGRADECIMENTOS ☯ Projeto dedicado exclusivamente à paciência e a confiança da Doutora Cássia de Castro Martins Ferreira. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SAUCIER, J, W. Princípios de Análise Meteorológica. Rio de Janeiro: Ao livro técnico S. A, 1969. VIANELLO, R, L & ALVES, A. R. Meteorologia básica e aplicações. 1ed. Viçosa: I. Univ., 1991. TUBELIS, A & NASCIMENTO, F.J. L Meteorologia Descritiva. 1ed. São Paulo: Nobel, 1992. VAREJÃO, M. A. Meteorologia e Climatologia. Recife: Versão digital, 2006.