1495 Jornal do Vestibulando ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA JORNAL ETAPA – 2015 • DE 18/06 A 01/07 ENTREVISTA “Estudar é algo essencial sempre.” Ricardo Miyabayashi está na Poli, no curso de Engenharia Química. Ele fez o Extensivo do Etapa junto com o Ensino Médio, por isso sua maior dificuldade no ano passado foi conciliar seus estudos. Compensando a falta de tempo teve o entusiasmo que resultou desse esforço: “O diferencial que eu achei no cursinho é que você vem e encontra todos os alunos estudando, então sente mais vontade ainda de estudar”. Ricardo Shinichi Zukeram Miyabayashi Em 2014: Etapa Em 2015: Poli USP JV – Como você chegou à escolha de Engenharia Química como carreira? Ricardo – Logo que entrei no Ensino Médio passei a gostar bastante das aulas de Biologia. Por isso pensei em Medicina. No 2o ano comecei a me interessar pelo meu curso técnico em Eletrônica e até uma semana antes de me inscrever na Fuvest queria Engenharia Elétrica. E no ano passado, no Etapa, meu interesse mudou para a Engenharia Química. O que fez você mudar da Engenharia Elétrica para Química? Foram as aulas de Química – em especial uma sobre combustíveis. Ver todos os derivados de petróleo me encantou. Não imaginava tantas coisas que uma pessoa fazia numa refinaria. Eu não fazia ideia dos processos químicos que estavam na área da Engenharia Química. Antes era uma carreira desconhecida. Passei a conhecer e escolhi. Como você veio estudar no cursinho? Vim com meus colegas da Federal. Vieram 15 alunos da nossa turma de 30. Qual era sua expectativa ao entrar no cursinho? Estava confiante? Não estava tão confiante, mas no primeiro mês foi tudo bem. Estudava, conseguia terminar todas as lições, tudo direitinho. Qual foi a principal dificuldade que você enfrentou no ano passado? Foi conciliar a escola com o Etapa. Eu tinha também muita lição das matérias do curso técnico e do Ensino Médio. No mesmo dia podia ter aula de telecomunicações e aula de História. Tinha de estudar para provas de ambas as ENTREVISTA Ricardo Shinichi Zukeram Miyabayashi Sua confiança aumentou durante o ano? No segundo semestre eu e meus amigos ficávamos até a noite estudando aqui. Todo mundo se empenhava, por isso senti que havia esperança. E lendo o Jornal do Vestibulando eu via os alunos da Federal que passavam. Fiquei mais confiante. O diferencial que eu achei no cursinho é que você vem e encontra todos os alunos estudando, então sente mais vontade ainda de estudar. 1 Geografia e História. Geografia eu estudei muito do começo ao fim do ano. Porque eu acho que além de importante para o vestibular é importante para a vida entender onde você se encaixa na sociedade. Acho primordial. Tem alguma matéria de que você não gostava muito e no cursinho passou a considerar de modo diferente? Acho que foi justamente Geografia. Não gostava de Geografia Física porque não conhecia mesmo, não entendia muito. Em que matérias você ia mais ao Plantão de Dúvidas? Foi em outubro, época da Revisão. Tinha muito exercício para fazer e na Federal ainda tinha matérias para concluir. Geografia e Biologia. De vez em quando, Física. Mas algumas dúvidas eu conseguia tirar com os amigos. Qual foi a época mais tranquila aqui? Você chegou a usar o Plantão Virtual pela internet? Acho que foi em dezembro, quando já estava na 2ª fase da Fuvest. Durante o ano, como era sua rotina de estudo? Eu saía de casa às 5 e meia, 6 horas da manhã e entrava na Federal às 7 horas. Eu moro um pouco longe. Saía às 11 e 45 das aulas e ia com meus amigos almoçar no refeitório da Federal. Levávamos marmita porque não dava tempo de almoçar em algum lugar e vir para o Etapa. Aqui a aula começava às 2 e 5. Depois das aulas do cursinho nós ficávamos na Sala de Estudos à noite, para estudar, fazer as lições do dia e tirar algumas dúvidas. Chegava em casa por volta das 10 e 15 da noite. Teatro Grego Augusto dos Anjos Sim, para ver resoluções das apostilas. Peguei também as videoaulas, os comentários. Você parou de estudar durante as férias de julho? Não deixei de estudar completamente. Revi algumas matérias em que eu tinha dúvidas, mas também descansei bastante. Saí com minha namorada, fui para a praia. Estressar durante as férias não ajudaria em nada no resto do ano. Quais eram seus resultados nos simulados? Ficava entre C menos e C mais. Tirei um B num simulado de prova da 2ª fase da Fuvest. ENTRE PARÊNTESIS 6 POIS É, POESIA 3 Em que matérias você tinha menos base e teve de correr mais atrás? Qual a época mais pesada para você? ARTIGO CONTO No moinho – Eça de Queirós matérias. E tinha de terminar o TCC, o trabalho de conclusão do curso técnico, que tomou bastante tempo. Do meio para o final do ano foi a época mais crítica porque foi a época da entrega do TCC. Do baile 8 SERVIÇO DE VESTIBULAR 8 Inscrições 8 2 ENTREVISTA Para a Poli você achava que estava bom esse rendimento? Não, porque sempre ia mal em simulado da 1ª fase da Fuvest. Tirava 55, 56. Essa não era uma média boa. Você usava o simulado para seus estudos? Eu via em meu resultado, em cada simulado, o que devia estudar mais. E estudava mais. Como foi seu treino em Redação ao longo do ano? Tinha uma redação por semana para fazer. Às vezes não dava tempo, mas as que fazia eu entregava para serem corrigidas. Em geral minhas notas eram medianas. C mais, C menos. Você leu os livros indicados como obrigatórios pela Fuvest? Só não li Sentimento do mundo e Viagens na minha terra. Li também os resumos e assisti às palestras sobre os livros. E conseguiu resolver as questões de Literatura no vestibular? Consegui. As palestras ajudaram bastante. Quantos pontos você fez na 1a fase da Fuvest? Fiz 62 pontos. O corte foi 61. Para a 2a fase você mudou o seu estudo? Já não tinha mais aula na Federal, ficava no cursinho o dia inteiro. Ficava de manhã estudando, à tarde ia para as aulas e depois ficava até à noite na Sala de Estudos. Passei a estudar mais as matérias do terceiro dia, Matemática, Física e Química. No primeiro dia da 2a fase da Fuvest a prova é de Português e Redação. Que nota você tirou? Minha nota no primeiro dia foi 64,5. Na Redação tirei 69, de 100. A média ficou em 50,8. No segundo dia, com 16 questões de História, Geografia, Matemática, Física, Química, Biologia e Inglês, algumas delas interdisciplinares, qual foi sua nota? Tirei 60,94. A média ficou em 43,55. Foi o dia mais difícil para mim. Até nos simulados dessa prova, com questões interdisciplinares, eu sentia um pouco de dificuldade. No meio da questão muda um pouco de matéria, seu raciocínio tem que mudar. Isso exige prática. E no terceiro dia, com as matérias prioritárias da carreira, Matemática, Física e Química, você tirou quanto? Foi o meu melhor dia, tirei 70,83. A média foi 32. Você teve alguma surpresa nas provas da 2a fase? No terceiro dia tive uma surpresa muito positiva, esperava ir pior. Como tinha dado ênfase no estudo de Geografia, acabei deixando as matérias prioritárias um pouco de lado. Um pouco antes de chegar na 2ª fase eu senti dificuldade nas questões de Física e Matemática. Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontuação na Fuvest? 795,5. Qual foi sua classificação na carreira? Fiquei no 64o lugar (melhor do que 92% dos aprovados). Como ficou sabendo da sua aprovação na Fuvest? Estava em casa, muito ansioso em relação ao resultado. Inclusive, já tinha me matriculado no cursinho para este ano. A prova do terceiro dia foi bem difícil, achei que não tinha passado. Por isso foi grande minha surpresa. Você estava sozinho? Eu estava no meu quarto sozinho. Estava usando a internet e quando vi meu nome na lista fui correndo contar para meus pais e minha irmã. Minha irmã foi quem mais me apoiou em casa, quem sempre acreditou em mim, até nos momentos em que nem eu acreditava. Depois vim para o Etapa encontrar meus amigos. Eles tinham vindo ver o resultado pessoalmente. Eu os abracei, tirei fotos, me jogaram tinta. O que você pensou ao ver seu nome na lista? Que valeu a pena cada minuto que deixei de me divertir, cada fim de semana que não pude sair com minha namorada. Foi o momento em que senti que cada um daqueles dias valeu a pena. Você já conhecia a Poli? Eu já tinha ido à Poli para uma seleção de estágio no Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Conhecia um pouco. Meus amigos conheciam mais porque dois deles fizeram estágio lá. Eles estão também na USP? Sim, um está em Engenharia Elétrica e o outro em Física. Que matérias você tem neste primeiro semestre? Cálculo, Álgebra Linear, Física, Laboratório de Química – que é Transformações Químicas, uma matéria específica de Engenharia Química –, Introdução à Engenharia Química, Computação, Representação Gráfica, que é desenho técnico. O que você destaca na Poli? Na parte humana, acho legal o contato com as pessoas. Tem gente do Brasil inteiro lá, de todos os estados. E, dos intercâmbios, tem franceses, italianos, espanhóis. Você acaba conhecendo um mundo dentro da USP. Sobre Jornal do Vestibulando a estrutura, os laboratórios são sensacionais. Na USP, já conheci alguns institutos, são muito bem equipados. Hoje, qual é sua visão sobre a Engenharia Química? Na matéria de Introdução à Engenharia Química o meu professor trouxe um ex-aluno de Engenharia Química, que agora faz doutorado e contou um pouco da vida dele. Motiva bastante ver um ex-aluno voltando para contar sua experiência profissional. Ele fez um curso na Itália sobre Petroquímica. As oportunidades que a USP oferece são muitas. Você já tem ideia da área que quer seguir dentro da Engenharia Química? Vi esse palestrante, que é engenheiro projetista. Acho essa uma área muito legal para seguir, mas também acho que é bem interessante trabalhar numa refinaria de petróleo. Seriam essas duas áreas, mas por enquanto estou indeciso. Como a experiência do cursinho afetou sua vida no ano passado? Para mim foi sensacional fazer cursinho. Muitas pessoas que eu conheci durante o cursinho motivaram a gente. Tínhamos coisas em comum. Algumas pessoas também faziam cursinho junto com o colégio e falavam das suas dificuldades, que eram iguais às nossas. Um vai ajudando o outro, motivando o outro. Como ficou marcado esse ano? Até o fim do ano eu talvez falasse que foi o ano mais complicado da minha vida – e talvez tenha sido. Mas depois de dezembro eu senti que talvez foi o melhor ano da minha vida. Com os amigos que conheci durante o cursinho eu me diverti, fiz amizades que espero levar pela vida inteira. Foi um ano que passou correndo, era tanta coisa para fazer num dia só, que nem sentia o outro dia chegando. Sente falta disso hoje? Até estranho, mas eu sinto saudades de quando ficava aqui até mais tarde para estudar. Mesmo quando não dava para fazer todas as lições do dia eu voltava para casa conversando com os amigos, era um momento de socialização. Era muito divertido. Que palavras você diria aos alunos atuais, encerrando nossa entrevista? Gostaria de dizer a cada um para ficar firme e estudar. Estudar é algo essencial sempre, mesmo que a pessoa pense que só vai usar aquela matéria para o vestibular. Você vai usar em algum momento da sua vida. O que você aprender não será inútil. Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343