No ano anterior eu fiz Fuvest como treineiro, minhas notas

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Jornal do Vestibulando
ENSINO,
INFORMAÇÃO
E CULTURA
JORNAL ETAPA – 2015 • DE 01/10 A 14/10
ENTREVISTA
“No ano anterior eu fiz Fuvest como treineiro,
minhas notas foram ridículas.”
Rafael Alves Deutner entrou em Engenharia Elétrica
na Poli. Nesta entrevista, ele conta como se empenhou
no cursinho para superar as dificuldades que tinha em
Matemática e como seu gosto por matérias de Humanas
o ajudou a aumentar sua pontuação na Fuvest.
Rafael Alves Deutner
Em 2014: Etapa
Em 2015: Engenharia Elétrica – Poli/USP
JV – Como foi a escolha de Engenharia Elétrica como carreira?
Rafael – Eu fazia curso técnico em Eletrônica
na Federal, o que acabou me direcionando
para Engenharia Elétrica.
Como você conheceu o Etapa?
Todo mundo lá na Federal vem para o Etapa.
Quando cheguei aqui devia ter umas 20 pessoas que eu conhecia.
Qual era seu ânimo ao começar no cursinho?
Comecei bem animado. Só que depois de dois
ou três meses percebi que não sabia tanta coisa assim. Fiquei preocupado.
Como desenvolveu seus estudos?
Pegava mais Matemática, Física e Química
porque poderiam ser as minhas matérias
prioritárias na 2a fase, se confirmasse a escolha por Engenharia. Mas procurava estudar
tudo por igual.
Você estava terminando o Ensino Médio Integrado na Federal. Como conciliou o último
ano com o cursinho?
Foi difícil porque eu tinha também de fazer
um TCC – um projeto que na época eu não
sabia como fazer. Hoje, olhando para trás,
vejo como era fácil aquele trabalho. Na Poli a
gente tem matéria de programação e o meu
segundo trabalho foi mais difícil do que o TCC.
Qual era a sua rotina no ano passado?
Eu entrava na Federal às 7 horas, ficava até
meio-dia, vinha para o Etapa, saía às 6 e 35,
ENTREVISTA
Rafael Alves Deutner
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Você estudava a matéria do dia?
Quando consegui pegar firme eu estudava
as matérias do dia e dava preferência para as
minhas prioritárias. Depois fazia História e
Geografia.
Você estudava quanto tempo durante a semana?
Durante a semana eu estudava umas duas
horas por dia. No final do ano a Federal ficou
mais leve e em novembro já tinha entregado
meu TCC. Então comecei a ficar no Etapa depois da aula. Ficava na Sala de Estudos até
umas 8, às vezes 9 horas da noite.
Nos fins de semana você estudava?
Eu fazia o Reforço para Engenharia no sábado de manhã e depois quase sempre tinha
simulado. Fiz todos os simulados. Era muito
bom o simulado para ver o que eu sabia e
corrigir alguns erros recorrentes. Mas eu ficava muito cansado. No domingo eu dificilmente estudava. Quando estudava, eram História
e Geografia. Em vez de estudar o que eu precisava aprender, estudava o que gostava de
aprender.
Em que matérias você tinha uma base mais
forte?
Minha base era parecida em quase tudo.
Base mais forte, talvez em Português, História e Geografia. Sempre tive professores bons
ARTIGO
Ração com erva-mate para boi melhora
a qualidade da carne
Muito além da nutrição
CONTO
Polítipo – Aluísio Azevedo
chegava em casa por volta das 8 horas da noite.
Em casa, começava a estudar às 9 e meia, 10
horas. Ficava estudando até 11 e meia, meia-noite.
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Você fez o RPE. Qual é a importância da aula
do Reforço?
No RPE você faz só exercícios, o que é muito bom. E não era tão difícil porque tinha um
professor para ajudar. Acho que era o momento em que eu mais estudava na semana. Era
mais produtivo.
Como você tirava dúvidas sobre os exercícios da apostila?
Usava bastante as resoluções de exercícios
no site. Isso deu muito certo.
Você disse que fez todos os simulados. Quais
eram seus resultados?
No início do ano ficava em C mais e C menos. Não tirei nenhum B ou A. No meio do
ano minhas notas pioraram, ficava mais em
C menos. Teve um simulado em que fiquei
no D, ainda por cima era das matérias prioritárias. No final do ano minhas notas melhoraram. Ficava mais em C mais e comecei a
tirar B em algumas matérias, como Português, Redação.
Nos simulados do RPE, como ficava?
Ficava também em C mais, C menos.
Você treinava Redação?
Fiz todas as que tinha de entregar e as dos
simulados do Enem. Sabia que, dependendo
de como gerenciasse meu tempo na prova
do Enem e na Fuvest, eu ia ter uma hora,
POIS É, POESIA
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Castro Alves
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SERVIÇO DE VESTIBULAR
Inscrições
ENTRE PARÊNTESIS
Cavaleiros e patifes
de Matemática, mas precisava aprender muito mais coisas ainda. Em Física também.
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ENTREVISTA
uma hora e meia para fazer a Redação. Tinha que dar certo. A Redação não precisa
ficar maravilhosa. Você só precisa conseguir fazer um trabalho bom no tempo que
vai ter. Nos simulados do RPE eu colocava
metas para fazer a Redação.
Como eram essas metas?
Sempre dava uma estruturada na Redação
antes de começar a fazer. Quando começava o simulado eu lia o tema, ficava uns 10
minutos pensando, tendo ideias e anotando
tópicos. Depois separava os tópicos – “este
aqui fica legal para colocar na introdução,
este aqui vai ser minha tese depois, este
aqui vai ser meu desenvolvimento, estes
serão os meus argumentos”. Já deixava o
script pronto. Aí eu fazia as questões do simulado e quando terminava todas, começava a Redação.
Você leu as obras obrigatórias da Fuvest?
Assistiu às palestras sobre elas?
Li todas e só não vi uma das palestras.
Qual foi a importância das palestras?
Lendo, você consegue lembrar muito melhor a história do livro e a palestra é boa para
explicar coisas que você não entendeu. Principalmente Drummond, só lendo, ninguém
vai entender direito Sentimento do Mundo.
Teve alguma época mais difícil para você?
Acho que foi em junho e agosto. Antes e
depois das férias. Foram as minhas piores
notas em simulados. Acho que era devido
ao cansaço, porque eu tinha que fazer muita coisa.
Como foi na Revisão?
Nas apostilas 4 e 5 tinha muita coisa que não
consegui fazer. Na Revisão pude refazer tudo
e foi muito bom para melhorar. Consegui resolver as questões mais rapidamente, para
ficar mais eficiente na prova.
Na 1a fase da Fuvest, quantos pontos você
fez?
Com bônus de escola pública fiz 78 pontos.
A nota de corte foi 62. Com 16 pontos acima, você ficou satisfeito?
Quando fiz a 1a fase da Fuvest, eu achei que
tivesse ido mal. Estava muito difícil. Depois
vi a nota do pessoal e a minha era uma das
melhores. Descobri que fui melhor por causa de História e Geografia.
Então, o seu interesse por História e Geografia ajudou?
Bastante. As questões de Matemática, Física e Química estavam muito difíceis na
1a fase. As de Humanas é que me salvaram.
Gabaritei História e Geografia, se não me en-
gano. Errei umas cinco de Português e umas
sete de Matemática e de Física.
Na 2a fase, quais foram suas notas?
Fui muito bem no primeiro dia, tirei 80 na
Redação e fiquei com 68,75 na média. No
segundo dia foi a nota 67,19. Minha pior nota
foi no terceiro dia, 56,25.
Teve alguma surpresa nessas notas?
Fiquei muito feliz quando vi minha nota de
Redação. Eu não esperava que ela fosse
tão alta. No ano anterior eu fiz Fuvest como
treineiro e minhas notas foram ridículas. No
terceiro dia da 2a fase tirei 29.
Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontuação?
793,2.
Como você ficou sabendo de sua aprovação?
Estava em casa esperando sair a lista. Na
primeira vez que acessei já consegui. Caramba, passei. Isso foi muito bom. Os
meus pais ficaram mais felizes do que eu,
chorando. Depois vim para o Etapa, encontrei meus amigos, o pessoal da Poli estava
aqui também. Legal.
Como foi sua primeira semana na Poli?
Teve o dia da matrícula. E aí foi trote, lama,
farinha, ovo, essas coisas. Fomos pegar dinheiro na rua, teve festa. Até aí já esperava.
Depois de uma palestra inicial teve uma semana normal de aulas, os professores se
apresentando. Não tinha matéria, era só
apresentação. Depois começou a ficar uma
loucura, muita coisa para aprender muito rápido. Na primeira aula de Cálculo eu devia
esboçar um gráfico de função. Não consegui
fazer quase nada.
Você pegou DP?
Peguei DP em Cálculo. Vou ter que fazer de
novo. Eu sofro muito na Poli, os outros são
muito bons. Dá um desânimo, você vê todas
as pessoas indo bem em Cálculo, Álgebra e
eu sofrendo. Por isso, digo: “É bom o pessoal ficar de olho em Matemática, não só
para o vestibular, mas também para o início
na Poli. Gente, estudem função. Vocês não
sabem como a falta disso pode atrapalhar
sua vida na faculdade.”
Que matérias você tem neste semestre?
Tenho Cálculo, Álgebra Linear, Física, Mecânica e outras matérias que são da minha
ênfase. Tem uma de Laboratório de Programação Orientada. E estou fazendo umas optativas legais, uma delas é do IME, Introdução a Equações Diferenciadas.
De quais matérias você gostou até agora?
A que mais gostei foi Laboratório de Programação. No primeiro semestre tinha Programação, o professor ia fazendo as coisas no
Jornal do Vestibulando
computador e projetava na lousa. A gente
não se mexia. Tinha que fazer em casa depois. Mas você chega em casa e não lembra
como é que faz. Agora, nessa matéria, como
tenho uma aula teórica e uma prática, posso
fazer as coisas na hora. Se tenho dúvida, pergunto. Está funcionando muito melhor.
Do que você gostou mais até agora na Poli?
A parte mais legal da Poli são os grupos de
extensão, de que você vai fazer parte, as
pessoas que você vai conhecer. Em relação
às instalações, não são as melhores. Os prédios são meio velhos, os materiais são antigos e não são suficientes. Podia ser muito
melhor pelo fato de ser a melhor faculdade
da América Latina.
Isso se refere à Poli. E da USP, o que você
destaca?
Tem muita coisa na USP. Tanto que você não
vai conseguir conhecer tudo direito. Tem o
Cepê, em que você pode praticar qualquer
esporte, tem cinema, museu, banco.
O que você pode dizer a quem prestou vestibular no último ano e não entrou?
Tem de continuar estudando. Vai parar agora? Vai desperdiçar tudo que aprendeu só
porque não passou na primeira vez? O segundo ano de cursinho fica melhor e muito
mais fácil porque você já viu as coisas, o que
não entendeu você vai entender direito.
Como fica marcado para você o ano
passado?
Foi um ano muito difícil, muito cansativo,
mas valeu a pena porque agora estou na
faculdade. Aprendi muita coisa também,
aprendi a controlar o meu tempo para fazer
tudo que precisava. Um ano que precisava
acontecer, precisava ser daquele jeito.
Você acha que está diferente de quando
veio para o cursinho?
Sim. Faz muita diferença fazer cursinho. O
cursinho faz você crescer. Você tem de carregar responsabilidades, estudar, se comprometer. É uma coisa que você faz para
você mesmo, não é para os outros. É muito
importante nesse sentido.
Você quer dizer mais alguma coisa para
nossos alunos?
A Poli é muito puxada, você precisa querer
bastante fazer o curso, ou não vai aguentar.
Mas as pessoas são muito legais, mesmo
os professores são muito legais apesar de
cobrarem muito. Tem muita coisa para fazer além do curso. Eu faço parte da Rateria
(bateria da Escola Politécnica) e é a melhor
coisa que arranjei para mim. Conheço pessoas incríveis lá. Através da rateria conheci
pessoas do 4o, 5o ano que me ajudam muito,
me explicam muitas coisas que eu não sei
do curso, das matérias.
Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura
REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP
JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343
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