Plano Real e Mercado de Trabalho: Algumas

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Plano Real e Mercado de Trabalho: Algumas considerações acerca das
Políticas Macroeconômicas no período de 1994-2002
QUEIROZ. Indiane1
SILVA. Meire2
MAIA. Tatiana3
RODRIGUES. Aroldo4
Resumo
Durante a década de 90 do século passado, a economia brasileira passou por grandes
transformações visto o processo de abertura comercial aliado a uma maior competição
internacional, dada a força da globalização e da reestruturação produtiva. A partir do
ano de 1994, foi implementado o Plano Real que tinha como principal objetivo à
redução e o controle da inflação, sendo elaborado pelo então ministro da Fazenda,
Fernando Henrique Cardoso, e que contou com a participação dos economistas:
Gustavo Franco, Pérsio Arida, Pedro Malan, Edmar Bacha, André Lara Rezende. Dentre
as principais medidas, tinha-se a redução dos gastos públicos e aumento dos impostos, a
criação da Unidade Real de Valor – URV como forma de desindexar a economia, a
criação de uma nova moeda, o Real (R$), o aumento das taxas de juros e aumento dos
compulsórios, e por fim, a redução dos impostos de importação e o controle cambial,
mantendo o real valorizado diante do dólar. O plano obteve sucesso ao reduzir e manter
sob controle a taxa de inflação, que até então, desde o final da década de 1970, era o
grande problema da macroeconomia nacional, além de proporcionar mudanças na
política cambial, de juros e nos fluxos de capitais. Essa reestruturação da economia
durante o período de execução do plano influenciou o funcionamento do mercado de
trabalho. Dessa forma, faz-se necessário uma analise das principais variáveis deste
mercado, para compreendermos essas alterações. Para tanto, inicialmente foi realizada
uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto e em seguida, com dados secundários,
investigou o comportamento do mercado de trabalho no Brasil durante o período de
1994-2002. Conclui-se que houve crescimento acentuado na taxa de desemprego sendo
que, a economia não apresentou nesse período, um crescimento suficiente que fosse
capaz de resolver a questão referente ao problema do desemprego, não revertendo,
portanto, à tendência crescente desta taxa.
Palavras-chaves: Plano real; emprego e mercado de trabalho; macroeconomia;
1
Graduando do Curso de Ciências Economia. Universidade Estadual de
E-mail: [email protected]
2
Graduando do Curso de Ciências Economia. Universidade Estadual de
E-mail: [email protected]
3
Graduando do Curso de Ciências Economia. Universidade Estadual de
E-mail: [email protected]
4
Graduando do Curso de Ciências Economia. Universidade Estadual de
E-mail: [email protected]
Montes Claros – Unimontes.
Montes Claros – Unimontes.
Montes Claros – Unimontes.
Montes Claros – Unimontes.
Introdução
No início da década de 1990 ocorreram diversas transformações na economia
brasileira como a abertura econômica juntamente com a competição internacional
mostrando a força da globalização e da reestruturação produtiva. Iniciou-se no Brasil
nesse período mudanças tomado pelas políticas neoliberais no Consenso de Washington
e avanços tecnológicos.
O processo de estabilização econômica em 1994 promoveu expansão no nível
da atividade por motivo do aumento dos dispêndios agregados como o consumo e o
investimento. A política cambial adotada, flutuante, para incentivar o processo da
abertura comercial contribuiu para aumentar a concorrência promovendo mudanças nos
preços relativos em prol do setor de “bens não comercializáveis”1. Esses fatores
repercutem sobre o mercado de trabalho que melhora sua ocupação nesse setor
diminuindo o diferencial de rendimentos entre trabalhadores.
A alta volatilidade do câmbio fez crescer o grau de incerteza na aplicação de
investimentos e isso repercutiu no mercado de trabalho. É possível associar que a taxa
de desemprego e a estagnação do nível de emprego desde 1990 repercutiu no setor
industrial em que mostrou sinais de recuperação em 1993 e 1994.
A partir de 1994, o Brasil passou a viver uma macroeconômica dinâmica com a
implantação do Plano Real sendo que as políticas cambial e monetária foram as
principais políticas adotadas para manter o controle da inflação. Mas com a moeda forte
aumentaram as importações e diminuíram as exportações provocando déficit na balança
de transações correntes.
Em 1995, o mercado de trabalho foi incentivado, porém num segundo
momento a taxa de desemprego volta a crescer ocasionada, principalmente, pelas crises
internacionais como a crise Mexicana que determinou uma significante redução do
fluxo externo para o Brasil levando o país adotar políticas monetárias restritivas.
Houve, no entanto, um processo de estagnação que permaneceu até o ano de
2001 e logo após a economia nacional mostrou sinais de melhora com saldo na balança
comercial, queda na taxa de juros real, expansão no mercado interno que vai determinar
a geração de novos empregos. Em 2004, há crescimento da ocupação e novo aumento
de postos de trabalho.
O presente trabalho é composto por três seções, além desta introdução.
Inicialmente são abordadas algumas considerações sobre o cenário macroeconômico
antes e durante o período de implementação do Plano Real, além de considerações sobre
o desemprego e o mercado de trabalho. A terceira parte refere-se à metodologia
utilizada, bem como a analise de dados e seus resultados e por fim, a última seção que
traz as considerações finais.
1. Cenário Macroeconômico e mercado de trabalho: algumas
considerações
2
Importantes alterações macroeconômicas ocorreram no Brasil a partir do final
dos anos 1980. Essas alterações influenciaram de maneiras distintas o mercado de
trabalho brasileiro, bem como os setores desse mercado.
Partindo dessas alterações, dentre elas, o processo de abertura econômica, o
fim do processo inflacionário além de mudanças na política cambial, de juros e nos
fluxos de capitais analisar de que forma ocorreu o impacto no mercado de trabalho
brasileiro durante o final da década de 90, período este que foi implementado o Plano
Real.
1.1 Início da Década 1990: Da abertura Econômica ao Plano Real
No início dos anos 1990, os países em desenvolvimento iniciaram um contexto
de mudanças impostas pela agenda neoliberal que foram características da nova
dinâmica do cenário econômico internacional. Nesse contexto, as sociedades começam
a serem caracterizadas por um rápido processamento de informações, por um alto nível
de conhecimento, por largas escalas de produção e por uma internacionalização do
capital.
Dessa forma, tanto o Brasil como os países da America Latina começaram a
implementar estratégias e planos de estabilização de acordo com esse ideário, chamado
de Consenso de Washington.
Esse consenso consistia em uma “cartilha” neoliberal que caracterizava uma
nova dinâmica que os países em desenvolvimento começaram a adotar e baseavam-se
principalmente nos seguintes critérios de acordo com Willianson(1990, p 8-17)2, um:
a. Disciplina fiscal visando eliminar o déficit público;
b. Mudanças de prioridades em relação as despesas públicas, eliminando subisídios
e aumentando gastos com saúde e educação;
c. Reforma tributária, aumentando os impostos se isto for inevitável, mas “a base
tributária deveria ser ampla e as taxas marginais deveriam ser moderadas”;
d. As taxas de juros deveriam ser determinadas pelo mercado e positivas.
e. A taxa de câmbio deveria ser também determinada pelo mercado, garantindo-se
ao mesmo tempo que fosse competitiva;
f. O comércio deveria ser liberalizado e orientado para o exterior;
g. Os investimentos diretos não deveriam sofrer restrições;
h. As empresas públicas deveriam ser privatizadas;
i. As atividades econômicas deveriam ser desreguladas;
j. O direito de propriedade deve ser tornar mais seguro;
Como destacado acima, o conteúdo dessa cartilha, segundo Iahn (2009 p 1-29)
resumi-se em um ajustamento macroeconômico, na orientação externa e na liberação do
mercado interno.
É importante ressaltar que essas medidas sofreram várias críticas, dentre as
quais, pode-se destacar o fato de expor um único caminho de desenvolvimento,
reduzindo dessa forma, as especificidades de cada país e o fato de expor uma
abordagem da qual o simples cumprimento das medidas da agenda levaria a uma
condição de retomada de crescimento.
3
No Brasil, somente no Governo Collor essas políticas neoliberais são iniciadas
e no Governo Itamar Franco, mais especificamente, na gestão de Fernando Henrique
Cardoso, como ministro da Fazenda, o país se insere definitivamente na ideologia
neoliberal.
2.2 Políticas Macroeconômicas no Plano Real
O Plano Real implementado em 1994, no governo do então presidente
Fernando Henrique Cardoso, surgiu como um instrumento de estabilização dos preços
internos, apoiados em um contexto de aumento acelerado das importações e absorção de
recursos estrangeiros.
O plano obteve sucesso no que tange ao controle da inflação, dado que esta
atormentava a economia brasileira desde o final da década de 1970. Segundo
Jornada(2014):
“O Plano Real surgiu num contexto de descontrole inflacionário como um
instrumento de estabilização dos preços internos, fundamentado na
articulação entre o aumento acelerado das importações e a absorção de
recursos estrangeiros, para fechar o rombo que se abriria nas contas externas.
O eixo da política econômica foi a “âncora cambial”-a sustentação da
valorização da moeda nacional-, associada a uma política de juros elevados, o
que propiciou a maior competitividade dos produtos importados e, em
consequência, demandou ajustes profundos em termos de aumento da
produtividade. ”(JORNADA (2004, p.224- APUD Vieira)
Apesar dessa estabilização dos preços, ainda era necessário que houvesse uma
consolidação das baixas taxas de inflação e uma retomada do crescimento. Para tanto,
era necessário eliminar os gargalos da economia brasileira, ou como (Giambiagi &
Rigolon, 1999) define: “eliminar déficit orçamentário e do balanço de pagamentos, e o
estabelecimento de um mecanismo seguro para a fixação de preços que não fosse
influenciado pela indexação remanescente”
A partir dessa necessidade, estabeleceu-se uma reforma monetária que
introduziu uma nova moeda, o Real, e uma política econômica baseada em duas
âncoras: a cambial e a monetária.
A âncora monetária tinha a função de conter a expansão do consumo,
ocasionada pela redução da inflação. Já a âncora cambial, tinha a função de estabilizar
os preços internos e, portanto proporcionar a estabilidade da inflação citada acima.
É importante ressaltar que a âncora cambial estabeleceu ainda o câmbio como
âncora nominal para a fixação dos preços. Nesse sentido, de acordo com (Missio &
Vieira &is Iahn 2004):
“a partir da reforma monetária em junho de 1994, adotou-se uma banda
cambial assimétrica, uma vez que apenas o limite superior desta era
oficialmente fixo, em paridade com o dólar, R$1 US$1(...)Obtendo sucesso
na estabilização dos preços, a valorização da moeda foi uma conseqüência
lógica, visto que as autoridades monetárias, neste contexto, elevaram a taxa
de juros com a intenção de conter o consumo, o que acabou determinando,
por sua vez, um influxo de capitais externos, principalmente, de capitais
especulativos”
No que tange as taxas juros durante o Plano Real, observar-se que estas ficaram
relativamente altas como forma de atrair os capitais externos e conter o consumo. Nesse
4
âmbito, a economia apresentava-se altamente suscetíveis as alterações econômicas do
cenário mundial, ou seja, certa vulnerabilidade externa para o Brasil.
Neste contexto, o risco de uma crise cambial tornava-se extremamente
eminente. A prova disso ocorreu com o efeitos na economia brasileira das sucessões de
crises internacionais. A primeira destas crises foi a do México, em 1995, que implicou
em redução dos fluxos de capitais externos ao país. Outras crises ocorreram como a da
Ásia em 1997 e a crise Rússia em 1998.
É neste cenário de mudança no padrão monetário, de ataques especulativos, de
crises internacionais e do avanço do processo de liberalização que o mercado de
trabalho buscou ajustar-se.
Nesse período, contudo, o mercado teve um comportamento distinto nos seus
períodos, bem como o próprio comportamento do desempenho econômico do país.
Essas alterações dividem-se no período do plano real da seguinte forma: Em um
primeiro momento, a economia teve forte impulso que proporcionou um aumento no
nível de emprego, levando a uma redução da taxa de desemprego.
Em um segundo momento, a adoção de juros elevados proporcionou uma
maior competitividade dos produtos importados, o que impossibilitou o setor produtivo
nacional a ajustes profundos, acentuando efeitos negativos sobre o mercado de trabalho,
ou seja, aumento da taxa de desemprego.
Em um terceiro momento, a partir do final da política de âncora cambial, no
ano de 1999, houve uma alteração da taxa de câmbio que se tornou flutuante e
proporcionou uma melhora no mercado de trabalho.
2.3 Emprego e Mercado de Trabalho
A variável trabalho sempre teve grandes dificuldades na teoria econômica e,
portanto, a variável trabalho e a economia do trabalho não possui uma estrutura básica.
Dessa forma, abordaremos resumidamente a vertente de economia do trabalho na
concepção de algumas correntes da Economia.3
2.3.1 Conceito de Desemprego
Os primeiros economistas a tratarem do desemprego foram os clássicos4.
Segundo estes, a teoria do salário era determinada pelo custo de subsistência, vinculada
a absorção de mão de obra, ao montante do Fundo de Salários ou do capital variável
disponível para contratar trabalho. Como os salários eram pagos pelo capital, quanto
maior a acumulação do mesmo, maior seria o nível de emprego.
Para os adeptos da corrente Marxista, o desemprego ocorria através da
manutenção do “exército industrial de reserva”. Dessa forma, o desemprego decorre das
leis da dinâmica da produção capitalista, onde o conflito competitivo entre os diversos
capitais, pela posse dos mercados estimulam as inovações tecnológicas que
progressivamente substitui mão de obra, criando o “desemprego tecnológico”.
Para os Marginalistas, o desemprego decorre do desequilíbrio de curto prazo
entre a oferta e demanda de trabalho. Já para Keynes, o desemprego é um fenômeno
5
conjuntural dada à insuficiência da Demanda Agregada responsável pela ocupação
parcial de capacidade produtiva. Há dois tipos de desemprego. O desemprego voluntário
e o involuntário. De forma resumida, o desemprego voluntário refere-se à posse de um
emprego garante a renda familiar adequada. Já em relação ao involuntário, o
desemprego consiste na ação da política econômica de ser capaz de criar empregos
necessários.
Por fim, temos na literatura econômica a chamada curva de Phillips, na qual
existe um trade-off entre inflação e desemprego e justifica-se certo grau de desemprego
em troca de estabilidade dos preços.
2.3.2 O mercado de Trabalho
O primeiro mercado de trabalho na literatura econômica consiste no mercado
de trabalho dos clássicos. De acordo com Ocio (2005.p.17):
“A teoria clássica do final do século XIX, de cunho individualista e
microeconômico, considera o trabalho um fator de produção homogêneo e
escasso, ofertado pelas unidades familiares e demandado pelas empresas, sob
condições de concorrência perfeita. O comportamento racional dos agentes
econômicos será regulado, no caso dos indivíduos, pelo princípio da
deutilidade marginal do trabalho crescente, e do lado das empresas, pela lei
dos rendimentos decrescentes. Ambos os agentes são maximizadores, de
utilidades e de lucros, respectivamente.”
A regulação do mercado que garantirá o equilíbrio consistem na perfeita
flexibilidade de preços e salários, a total mobilidade da mão de obra e o acesso imediato
dos agentes às informações relevantes. As curvas de oferta e demanda de trabalho
agregadas determinam o nível de emprego e salário real capaz de estabelecer o
equilíbrio e qualquer forma de equilíbrio será imediatamente corrigido.
O segundo modelo do mercado de trabalho consiste no modelo Marginalista.
Neste, o modelo admite a existência de um vetor de preços capaz de proporcionar o
equilíbrio macroeconômico a satisfazer as equações de oferta e demanda dos mercados
de bens, monetário e de trabalho. O desemprego resulta de um nível de preço
equivocado.
Outro modelo importante quanto ao mercado de trabalho consiste no modelo
Keynesiano. Keynes fez do tema objeto central de sua Teoria Geral. Para ele, a falta de
emprego consistia na redução dos gastos privados, no consumo e sobretudo no
investimentos e preferência pela liquidez. Como defendia o papel do Estado enquanto
regulador rejeita as idéias liberais e propõe a adoção de políticas fiscais e monetárias
expansionistas capazes de reativar a demanda e dessa forma, o emprego.
2.3.3 O mercado de Trabalho no Brasil
Em 1990, quando o Brasil adotou políticas industriais e de comércio exterior,
segundo Musa, Edson Vaz eTall (1994), o país avançou em tecnologia, dando seus
primeiros passos para melhorias de competitividade. Esta transformação no setor
produtivo industrial trouxe consigo aumento de investimentos, e novas oportunidades
onde a oferta de mão de obra será decidida através da especialização. Estas
6
consequências descritas podem ser notadas como descrito por Ramos (2009), “(...)eles
são consequência lógica de uma radical transformação da atitude do espírito humano
em face da natureza e da sociedade”. Ramos aborda ainda (2000 p. 103) nesta citação:
“O defeito fundamental daquela racionalização foi ter procurado quase
exclusivamente “submeter o trabalhador a normas mecânicas rígidas, a
processos que não admitiam senão uma forma, a melhor que rende mais”. Ela
estudava o tempo objetivo, os processos objetivos do movimento, as
ferramentas e as máquinas próprias a realizar uma tarefa pré-determinada que
exigia o homem a exigência da matéria e da técnica.”
O estudo da técnica industrial se baseia em conhecimento, se trata de
eficiência, em satisfação das necessidades materiais e econômicas, em menor custo de
produção para um consequente retorno maior em lucros do capitalista, e não mais
aquele processo usado anteriormente.
3. Metodologia
Neste trabalho inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o
assunto e em seguida, com dados secundários, investigou o comportamento do mercado
de trabalho no Brasil durante o período de 1994-2002. Para tanto, foram adotadas um
conjunto de indicadores e variáveis como desemprego aberto, PIB real e flutuações nos
setores da economia.
A fonte utilizada como referência foi o IBGE – Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística e o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, levando
em consideração o método descritivo e o método estatístico. Apresenta-se, portanto,
uma análise dos gráficos e tabelas com objetivo de justificar os resultados obtidos.
3.1 Análises de dados e Resultados
3.1.1. Indicadores Macroeconômicos: Desemprego aberto e PIB real
O Plano Collor exerceu um forte impacto recessivo na economia, em 1990, o
PIB caiu cerca de 4,3%, como podemos observar na tabela acima. Em 1991, visando o
combate a inflação, foi lançado o Plano Collor II, incluindo desindexação e reforma
financeira para incentivar os investimentos a longo prazo, com isso o PIB sofreu uma
alteração positiva.
7
Gráfico1: Desemprego real e PIB aberto.
Fonte: Elaboração própria de acordo com dados do IBGE.
O desemprego tem aumentado desde o Plano Collor, onde a curto prazo a
inflação foi contida, porém com o arrocho salarial, o desemprego aumentou
consideravelmente. Observa-se que quando o PIB cai, o desemprego aumenta. Em 1994
com o Plano Real e a recuperação da economia, nota-se um crescimento do PIB
acompanhado de um declínio da taxa de desemprego.
A partir de 1996, o quadro econômico começou a sofrer modificações. Com a
entrada do país no mercado externo através da globalização fez com que os problemas
da economia estrangeira refletissem na economia interna, provocando uma diminuição
no crescimento do PIB. Essa queda do nível de atividade econômica no Brasil fez com
que muitas pessoas fossem demitidas, aumentando a taxa de desemprego até o ano de
1999. Com a crise ocorrida no pais, o governo mudou alterou a condução da política
cambial (adoção do cambio flutuante), consequentemente melhorou o quadro
macroeconômico no sentido de recuperação da atividade econômica.
3.1.2. Flutuação do Emprego e setores da Economia
No período de 1990 a 1994, é observado um cenário econômico recessivo. O
setor de extrativa mineral inicia a década com saldo positivo e termina o ano de 1994
com saldo negativo, com admissão menor e o numero de demitidos maior. A indústria
de transformação inicia com saldo negativo, entretanto no ano de 94 com um saldo
melhor, embora ainda negativo. Já o setor de comércio, iniciou a década com saldo
negativo, mas terminou 94 com saldo positivo, admitindo mais pessoas, como reflexo
dessa melhora.
EXTRATIVA MINERAL
IND. TRANSFORMAÇÃO
COMÉRCIO
8
ANOS
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
TOTAL
TOTAL
TOTAL
TOTAL
TOTAL
TOTAL
SALDO
SALDO
SALDO
ADMINS. DESLIG.
ADMINS. DESLIG.
ADMINS. DESLIG.
1425
804
1130
924
862
503
473
423
325
443
277
590
242
1180
759
982
928
1152
679
561
394
307
876
303
172
273
245
45
148
-4
-290
-176
-88
29
18
-433
-26
418
-31
15486
13741
9516
13702
14708
16304
15110
16871
15311
23907
18324
21384
22416
17044
14252
11958
11958
15138
17308
15645
16553
15542
24121
16529
18039
18254
-1558
-511
-2442
1744
-430
-1004
-535
318
-231
-214
1795
3345
4162
23775
19536
14762
18551
22342
21081
19290
20716
20866
21877
24764
26007
27231
24208
22303
16649
17810
19672
23520
20094
19740
21676
22181
22381
23862
23509
-433
-2767
-1887
741
2670
-2439
-804
976
-810
-304
2383
2145
3722
Quadro 1: Flutuação do Emprego e Setor de extrativa mineral, indústria de transformação e comercio.
Fonte: Elaboração própria de acordo com dados do IBGE
Diante das transformações ocorridas com implementação do real, as políticas
mexeram com a conjuntura econômica, abrindo o mercado e provocando maior
competição, atingindo os setores que tiveram que adotar medidas com relação às
políticas implementadas.
Posteriormente, as demissões continuavam em um numero alto, refletindo que
mesmo com as transformações o desemprego havia diminuído, em comparação com
anos anteriores, mas mesmo assim era significativo. Apontando que estes setores
demonstrados sofreram, pois, os custos eras altos e não podiam aumentar os preços,
pois competiam com empresas externas.
Os setores de indústria de transformação, extrativa mineral e comercio,
desempregaram mais que admitiram, devido às novas tecnologias empregadas e as
formas de organização da produção. O setor de extrativa mineral apresentou uma
melhora no ano de 1997, mas não conseguiu manter, pois em 99 apresentou uma
elevação de 394 para 876 desempregados.
A rápida abertura comercial desestruturou inicialmente o setor industrial que
somente nos anos recentes têm conseguido recuperar-se à medida que começa a obter os
ganhos de produtividade provindo dos investimentos. Isso é demonstrado nos dados
positivos a partir do ano 2000, que o numero de desligamentos são menores que as
admissões.
3.1.3. Balança Comercial
De 1990 a 1994 a partir da abertura comercial e financeira observam-se taxas
de crescimento mais expressivas das exportações brasileiras, portanto uma balança
comercial favorável.
9
Balança Comercial (FOB)- saldo50.000,0000
Balança comercial em milhões
40.000,0000
30.000,0000
20.000,0000
10.000,0000
0,0000
-10.000,0000
Gráfico2: Balança Comercial.
Fonte: Elaboração própria de acordo com dados do IBGE.
Entretanto de 1994 a 1997 com uma forte valorização cambial, um sistema
tributário prejudicial à produção interna, juros reais elevados e devido a incapacidade
de cumprir com os compromissos internacionais o Brasil tornou-se refém do capital
especulativo de curto prazo deixando-o numa situação frágil diante da possibilidade da
saída de capital do país. De 1998 para 1999, a taxa de câmbio passa a flutuar
livremente, criando assim condições mais favoráveis às exportações, mas o crescimento
destas não acontece de imediato, devido as crises que prejudicaram sua desenvoltura,
assim somente nos anos posteriores que a economia vai recupera-se.
3.1.4. Inflação
Um dos maiores problemas que a economia enfrentava era a inflação. Mas a
partir de 1994 conseguiu diminuir a inflação que vinha definhando o poder de compra
desde a década de 80.
10
Inflação-IPCA-
3.000,00
2.500,00
2.000,00
1.500,00
1.000,00
500,00
0,00
19801982198419861988199019921994199619982000200220042006200820102012
Gráfico 3: Inflação – IPCA.
Fonte: Elaboração própria de acordo com dados do IBGE.
Entretanto de 1994-1999 durou a sobrevalorização cambial, o país observou
forte aumento na taxa de desemprego doméstico, déficits sucessivos na balança
comercial e aumento do passivo externo líquido. Com a hiperinflação superada, a
economia brasileira começou a registrar baixos níveis de inflação, mas em janeiro de
1999, o regime de câmbio semifixo levou o Banco Central a adotar taxas de juros de
dois dígitos, e mudança para o regime de câmbio flutuante, sistema de metas de inflação
e maior rigor fiscal.
4.
Considerações Finais
Este trabalho procurou mostrar como se comportou os níveis de desemprego a
partir de 1994 como a implementação do Plano Real, que teve como política adotada a
monetária e a cambial. Foi comprovado já no ano de 1995 um aumento na taxa de
desemprego devido às crises internacional sendo a primeira a Mexicana. As demissões
foram refletidas em alguns setores que tiveram que adotar políticas de ajustes frente à
conjuntura globalizada e a estabilização econômica. Os setores mais atingidos foram os
de serviços e comércio sendo que, em 1996, o setor de serviços apresentou o pior
desempenho com 48%.
Com relação à indústria, houve também queda de ocupação ocasionada em
grande parte pela abertura comercial, retomando crescimento em 2006.
Em suma conclui-se que houve crescimento acentuado na taxa de desemprego
sendo que, a economia não apresentou nesse período que correspondeu de 1994 a 2002,
um crescimento saliente que fosse capaz de resolver a questão do desemprego para os
problemas do mercado de trabalho, mais especificamente para reverter à tendência de
11
desemprego crescente. Assim pode-se notar que as políticas adotadas no Plano Real
influenciaram o comportamento do desemprego da economia brasileira.
1
Bens não comercializáveis são os bens cuja produção só pode ser realizada
internamente, não sendo possível sua venda para outras regiões, como as atividades
desempenhadas pelo setor de serviços, e a formação de seu preço é dada pela interação
entre oferta e demanda e por políticas governamentais.
2
economista inglês e diretor do instituto promotor do encontro
3
Todas as abordagens referentes as correntes de pensamento foram retiradas do
Ocio.D.Z (1995).Relatório: O emprego na Teoria Econômica – FGV.
4
Os pensadores clássicos abordados são: S.Mill, Ricardo e Mathus.
Referencias
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Brasil pós Real: a política econômica em debate. Campinas, SP: UNICAMP. IE, 1998.
BARROS, R.; FOGEL,M.; MENDONÇA, R. Perspectivas para o mercado de
trabalho brasileiro ao longo da próxima década. Rio de Janeiro: IPEA, 1997. 29p.
(Texto paradiscussão n. 526).
CARDOSO JR.,J. Crise e desregulação do trabalho no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA,
2001.60p. (Texto para discussão n.814).
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