DIAGNOSTICANDO E PREVENINDO: EXAMES DIAGNÓSTICOS EM INDIVÍDUOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS PARA AS SÍNDROMES DE DOWN E DO X-FRÁGIL. Danielle Tolomeotti; Valter Augusto Della-Rosa, Ana Maria Silveira Machado de Moraes; Thomáz Vellezi Bataglia; Laíse Adriane Hegeto; Karina Bezerra Salomão. RESUMO A síndrome de Down (SD) afeta aproximadamente 1 em cada 600 recém-nascidos, é a primeira causa de deficiência mental (DM). O diagnóstico é essencialmente clínico, as características típicas apresentadas pelo paciente: microcefalia (85%), região occipital achatada, pescoço curto com excesso de pele, cabelos finos, lisos e esparsos, orelhas pequenas e de implantação baixa, face arredondada ou achatada, fissura palpebral oblíqua para cima, pregas epicânticas, manchas de Brushfield, nariz pequeno e em sela, boca pequena, língua protrusão, mãos largas e dedos curtos, clinodactilia do quinto dedo, prega simiesca nas mãos palumuvia, aumento da distância entre o hálux e o segundo artelho, hiperextensão articular, baixa estatura, hipotonia muscular e retardo mental grave. Podem ainda estar presentes cardiopatias congênitas, problemas visuais, auditivos, gastrintestinais, imunológicos e endócrinos, para os quais há necessidade de orientação e acompanhamento. Entretanto, com a finalidade de aconselhamento genético (informação genética, onde são dadas orientações sobre a síndrome e o risco de recorrência da mesma aos genitores e outros familiares), deve ser sempre realizado o exame de cariótipo, pelo qual é possível identificar o tipo de trissomia. A trissomia livre ocorre em 95% dos pacientes, onde três cromossomos 21 são encontrados na célula; a translocação onde um cromossomo 21 está fundido a outro acrocêntrico e os outros dois estão livres são encontrados em 4% e; o mosaicismo onde são encontradas células normais e células trissomicas,ocorrem em 1%. A síndrome do cromossomo X-Frágil (SXF) é a segunda causa genética mais freqüente de DM afetando aproximadamente 4,4/10.000 homens e 4,1/10.000 mulheres. Como é de herança ligada ao X, ao contrário da SD, ela se transmite nas famílias. Em geral, essas famílias possuem mais de um afetado por DM, sendo as mulheres heterozigotas quem transmitem a característica aos descendentes. A característica mais notável dos homens afetados além da DM é a macrorquidia (volume testicular aumentado). O grau de DM é extremamente variável, mesmo entre indivíduos de uma mesma família. Existem afetados que apresentam desde DM profunda até inteligência limítrofe; contudo, a DM grave parece ser o mais freqüente, ocorrendo em 42% dos homens afetados. Entre os homens afetados, a variação do grau das funções cognitiva e adaptativa é amplo, contemplando desde uma dificuldade de aprendizagem até um retardo profundo. O X frágil refere-se a um marcador citogenético chamado de sítio frágil folato sensível, localizado em Xq27.3, no qual a cromatina não se condensa durante a mitose. Caracteriza-se por uma constrição e tendência para quebras, portanto, sítios frágeis, no final do braço longo, aproximadamente na interface entre as duas últimas bandas. Esse distúrbio está associado com a observação citogenética de visualização do cromossomo X ao microscópio óptico causado pela repetição, em nível molecular, de uma seqüência CGG em que o gene neste lóco é denominado FMR1. A mutação responsável ocorre por uma expansão da repetição de trinucleotídeos CGG na região 5’ que não é traduzida. Nas pessoas normais os trinucleotídeos se repetem de 6 a 50 vezes; nos afetados, portanto, com a mutação completa, as trincas se repetem mais de 200 vezes e há a associação de uma hipermetilação nesta região. Os portadores normais da pré-mutação apresentam de 55 a 200 cópias da repetição. Como a metilação evita a transcrição do gene, não há a presença da proteína FMR1 nos tecidos dos afetados. A função exata desta proteína ainda não é conhecida. Quando a mulher é a portadora de mutação completa, seus filhos do sexo masculino que receberem a mutação são sempre afetados. O objetivo deste projeto foi o de oferecer exames diagnósticos, para pessoas com necessidades especiais, com hipóteses diagnósticas para as síndromes de Down e SXF, que permitiu conhecer a realidade destas síndromes em APAEs do Setentrião Paranaense e a capacidade de diagnóstico que pode ser estabelecida quando se investiga suspeitas destas duas síndromes. A Universidade Estadual de Maringá está inserida numa região de abrangência de 30 municípios, congregados pela Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense, com uma população de cerca de 700.000 habitantes, sendo Maringá a cidade pólo. Foram contatadas e responderam ao nosso projeto 15 APAEs, que atendem 1.248 alunos com DM. A metodologia consistiu na anamnese, exame clínico, exame de cariótipo e quando houve suspeita de SXF, no estudo molecular por PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) para investigação da mutação para o gene FMR1. Foram investigados 50 alunos de diferentes APAEs, sendo 44 do sexo masculino e 6 do sexo feminino, com idades variando de 3 meses a 44 anos. Foi possível estabelecer diagnóstico definitivo em 46% (23 pacientes). De todos os sete encaminhados com suspeita de síndrome de Down os diagnósticos puderam ser confirmados em todos. Os outros 16 com diagnóstico definitivo estabelecido foram: 10 com síndrome do cromossomo X Frágil [FRAXA]; 2 com cromossomopatias [anel do 22 e anel do 13]; 2 com síndrome fetal alcoólica; 1 com paralisia cerebral; 1com microcefalia. Nos outros 27 o diagnóstico não pode ser estabelecido. Para os profissionais e genitores o diagnóstico é importante. Permite aos pais tomarem decisões reprodutivas e aos profissionais da saúde e da educação, estabelecerem condutas terapêuticas – dirigidas especificamente – para as pessoas com essas síndromes. Nos outros 27 alunos encaminhados o que se pode afirmar é que não se trata de anomalia cromossômica, uma vez que os cariótipos se mostraram normais e nem de FRAXA, onde o teste molecular não encontrou a mutação para o gene FMR1. Embora o conhecimento e a tecnologia tenham permitido avançar no diagnóstico de DM, na rotina este índice de fechamento de diagnóstico, ainda está deficiente. Diferentes fatores contribuem para isto. Nesta amostra um fator que contribui foi a faixa etária investigada (15 anos em média). Nesta situação muito se perde da história gestacional e peri-natal, pontos importantes numa situação de genética clínica. Muitas causas ambientais, responsáveis por DM só são detectadas durante a gravidez ou no período peri-natal, além daquelas genéticas que ainda não estamos aptos para investigar, quer, por não dispormos da tecnologia ou pela inexistência desta. Apoio: MEC/SESu-PROEXT 2005 Palavras-chave: FRAXA; síndrome de Down; prevenção