TUBERCULOSE: PERFIL EPIDEMIÓLOGICO DO MUNÍCIPIO DE TIMÓTEO – MG, DURANTE O ANO DE 2007 TUBERCULOSIS: PROFILE EPIDEMIOLOGIST OF TIMÓTEO CITY – MG, DURING THE YEAR OF 2007 Ênio Antônio Rosa de Assis¹, Karleyla Fassarella Firmino² RESUMO A tuberculose ainda representa um grave problema de saúde pública tendo elevada repercussão mundial. Diversas ações e programas foram implantados com o objetivo de garantir o controle da doença e possível erradicação da mesma. Foi realizado um estudo descritivo com o objetivo de analisar o perfil epidemiológico dos pacientes portadores de tuberculose no município de Timóteo- MG durante o ano de 2007. Foram analisados 24 pacientes em tratamento no Centro de Especialidades Raimundo Alves de Carvalho por meio de um questionário e a pasta arquivada do paciente, tendo como variáveis: sexo, idade, moradia, saneamento básico, número de pessoas residentes no domicilio do paciente, renda familiar, escolaridade, usuário de fumo e/ou álcool e negatividade dos exames. A prevalência da doença no município foi de 5,12 pacientes/ 10.000 habitantes, a incidência foi de 3,15 pacientes / 10.000 habitantes, 62,5% apresentaram negatividade do exame de baciloscopia - BAAR. Quanto aos dados sócio-demográficos, a maioria dos pacientes eram do gênero feminino, adultos, apresentando média de idade de 32,54 anos e 16,5% dos pacientes eram idosos. Dos pacientes em estudo 54,2% eram usuários ou utilizaram fumo ou álcool, a maioria apresentaram 1° grau, renda familiar de 1 a 3 salários mínimos e residiam com 3 a 5 pessoas no domicilio, 33,3% dos pacientes se declararam domésticas. Diante dos resultados achados pode-se concluir que é necessário uma relação adequada entre o profissional de saúde e o paciente, demonstrando a importância de um tratamento completo com o intuito de promover a cura do paciente e reduzir o ônus global da doença. PALAVRAS-CHAVES: perfil epidemiológico, tuberculose, tratamento, incidência e prevalência ABSTRACT The tuberculosis represents a serious problem of public health having raised world-wide repercussion. Many actions and programs had been implanted with the purpose to guarantee the control of the illness and possible reduction of the same one. A descriptive study with the aim, to analyze the profile epidemiologist of the carrying patients of tuberculosis in the city of TimóteoMG was carried through during the year of 2007. Twenty-four patients that were in treatment in the rank of health Raimundo Alves de Carvalho had been analyzed through application of a questionnaire and the archive of the patient, having as changeable: sex, age, housing, basic ¹Graduado em Farmácia pelo Cento Universitário do Leste de Minas Gerais – UnilesteMG ² Farmacêutica Mestre em Ciências Farmacêuticas UFMG – [email protected] 53 sanitation, number of resident people in the domiciliate of the patient, familiar income, education, if they were user of tobacco and/or alcohol and examinations`s. The prevalence of the illness in the city was of 5,12 patients 10,000 inhabitants, the incidence was of 3,15 patients/10,000 inhabitants, 62.5% had presented conditions to be negative the examinations`s. How much to the partner-demographic data, 58.3% of the patients were of the feminine gender, adult, presenting average of age of 32,54 years and 16.5% of the patients were old aged. Some of the patients in study 54.2% they were users or they had used tobacco or alcohol, the most of them presented first degree, familiar income of 1 the 3 minimum salaries and inhabited with 3 the 5 people in domiciliate it, 33.3% of the patients if they declared to be housewives. Through the results that had been found, can conclude that is necessary the correct relation between the health professional and the patient, demonstrating the importance of the complete threatment with the aim to promote the patient`s cure and decrease a global spend with illness. KEY-WORDS: epidemiologic profile, tuberculosis, treatment, incidence and to take advantage of. INTRODUÇÃO A tuberculose constitui-se ainda hoje um grave problema de saúde pública com uma grande repercussão mundial, sendo uma das maiores causas de morte no mundo todo. Cerca de 1,7 milhões de pessoas morreram com tuberculose em 2004, incluindo 264.000 pacientes que eram co-infectados com vírus da imunodeficiência adquirida ( HIV ) (WHO, 2006). De acordo com Silva e Boéchat (2004) o ressurgimento da tuberculose como uma das doenças contagiosas que mais assola a humanidade deu-se após uma falsa impressão de que se caminhava para o seu controle antes do final do século XX. De acordo com World Health Organization (WHO) (2007a), a incidência da tuberculose no Brasil no ano de 2005 foi de 111.050 casos novos. Neste mesmo ano a prevalência foi de 142.282 casos e a mortalidade foi de 15.189 indivíduos. Segundo World Health Organization (WHO) (2006), o décimo informe anual da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre vigilância, planejamento e financiamento da luta mundial contra tuberculose relatou progressos nos 22 países com alta carga da doença, dentre eles encontra-se o Brasil. Em 1997, o Brasil ocupava o 10º lugar, em 1998 passou a ocupar o 13º lugar (RUFFINO-NETTO, 2002), em 2004 ocupava o 15º lugar (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006) e segundo WHO (2006) o Brasil ocupa hoje o 16º lugar no ranking, retratando uma Farmácia & Ciência, v.1, p.52-63, ago./dez. 2010. 54 melhora no panorama da doença. Diversas ações e programas foram implantados, dentre eles o programa “STOP TB”. Este programa promoveu, em junho de 1999, a reunião dos 22 países onde a prevalência da tuberculose é grande, com o objetivo de discutir pesquisas nesta área. No Brasil, a reunião aconteceu com 9 países da América, em julho do mesmo ano, onde foi discutida a situação da tuberculose nestes países (RUFFINO-NETTO, 2002). De acordo com a Portaria Nº 399/ GM de 22 de fevereiro de 2006, o Pacto pela Vida está constituído por um conjunto de compromissos sanitários, considerados prioritários, dentre eles o fortalecimento da capacidade de resposta do sistema de saúde às doenças emergentes e às endemias com o objetivo de atingir pelo menos 85% de cura de casos novos de tuberculose diagnosticados a cada ano. Segundo WHO (2006), a nova estratégia “STOP TB” tem como visão um mundo livre de tuberculose e como meta reduzir drasticamente o ônus global da tuberculose até 2015. São 6 componentes da nova estratégia ”STOP TB”: · Buscar ampliação e aperfeiçoamento da estratégia DOTS (Direct Observed Therapy Short-course) de alta qualidade; · Lidar com a tuberculose/HIV, tuberculose/MDR (Multilple Drugs Resistent) e outros desafios; · Contribuir para o fortalecimento dos sistemas de Saúde; · Engajar provedores de assistência global; · Contar com o apoio dos portadores de tuberculose, bem como a comunidades; · Permitir e promover pesquisas. “No Brasil, o atual governo priorizou o controle da tuberculose e definiu metas de descobrir pelo menos 70% dos casos – o que já foi atingido - e curar pelo menos 85% dos casos tratados – meta nunca atingida principalmente devido ao casos de abandono de tratamento que mantêm-se em torno de 12%” (HIJJAR, 2005). Farmácia & Ciência, v.1, p.52-63, ago./dez. 2010. 55 O DOTS (Direct Observed Therapy Short-course) consiste em uma proposta de intervenção que aumenta a probabilidade de cura dos doentes em função da garantia do tratamento assistido, sendo recomendada internacionalmente, com o objetivo de garantir a cura dos pacientes, salvar vidas, reduzir a transmissão e prevenir o aparecimento e disseminação da tuberculose multi-resistente. (WHO, 2007a). Segundo o Ministério da Saúde (2006), a tuberculose no Brasil ainda detém elevadas taxas de incidência. Nos últimos 5 anos, vem sendo notificado cerca de 85.000 casos novos, sendo o coeficiente de incidência em Minas Gerais, o 4º mais elevado. Em face a tais problemáticas, as estratégias implantadas pela OMS e a preocupação do Ministério da Saúde, o presente estudo pretendeu averiguar o perfil epidemiológico da tuberculose do município de Timóteo -MG e caracterizar os portadores da doença. Este estudo permitiu conhecer o panorama da doença no município e a partir daí auxiliar em ações futuras que possibilitem o controle da doença e possível erradicação da mesma, contribuindo para que as metas, a nível de OMS e MS sejam alcançadas. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo descritivo realizado no município de Timóteo, localizado na região leste do estado de Minas Gerais conhecida como Vale do Aço, devido à grande concentração de siderúrgicas. O município apresenta uma população de 76.122 habitantes (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE, 2007). O serviço de saúde da rede pública é composto por 11 centros de saúde para atendimento de rotina, 1 centro de reabilitação, 1 centro de saúde mental, 1 unidade de vigilância em saúde, 1 centro de especialidades, 4 clínicas especializadas, 1 centro de especialidades odontológicas, uma rede conveniada com um hospital geral (71 leitos) e 1 UTI(4 leitos) e 4 unidades de apoio diagnóstico e terapia (PMT, 2008). A aplicação do questionário e a coleta de dados foram desenvolvidas no Centro de Especialidades Raimundo Alves de Carvalho, único local no município onde é feito atendimento médico e a dispensação de medicamentos para os pacientes portadores de tuberculose. Farmácia & Ciência, v.1, p.52-63, ago./dez. 2010. 56 Os dados foram obtidos de fontes primárias, através da aplicação do questionário ao paciente e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Quando necessário foi utilizado fonte secundária através do prontuário do paciente. A coleta de dados foi realizada no período de agosto a dezembro de 2007. Quanto aos critérios de inclusão e exclusão, foram incluídos na pesquisa todos os pacientes que iniciaram o tratamento de tuberculose durante o ano de 2007, podendo o paciente ter ou não apresentado negatividade dos exames na data de aplicação do questionário. Foram excluídos os pacientes que não assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e aqueles que iniciaram o tratamento durante o ano de 2006 e terminaram nos primeiros meses de 2007. Para o cálculo de prevalência de tuberculose no ano 2007 foi utilizada a pasta arquivada do paciente na unidade de saúde e foram incluídos todos os pacientes portadores de tuberculose no ano de 2007, independente da data de diagnóstico e início do tratamento. Foram avaliados 24 pacientes portadores de tuberculose inseridos no programa coletivo do município de Timóteo-MG em 2007. As variáveis do estudo verificadas foram sexo, idade, moradia, saneamento básico, número de pessoas residentes no domicílio do paciente, renda familiar, escolaridade, usuário de fumo e/ou álcool e negatividade dos exames. Para agrupamento e análise descritiva das variáveis foi utilizado o programa Epiinfo 6.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO Indicadores de Saúde Considerando-se todos os casos notificados em 2006 e em tratamento em 2007 somados aos casos notificados em 2007, a prevalência da doença no município em 2007 foi de 5,12 pacientes / 10.000 habitantes e incidência de 3,15 pacientes/10.000 habitantes. Paixão e Gontijo (2007) em um estudo realizado, entre 2001-2002, sobre o perfil de pacientes portadores de tuberculose, na região de Belo Horizonte relataram uma incidência de 5,66/10.000 habitantes, semelhante aos dados encontrados neste estudo. No Brasil, o número de casos notificados foi de Farmácia & Ciência, v.1, p.52-63, ago./dez. 2010. 57 142.282 em 2005, com prevalência de 7,72/ 10.000 habitantes (WHO, 2007 b). Segundo dados do WHO (2007) e IBGE (2005) a incidência de tuberculose está em torno de 6,03/10.000 habitantes. O panorama encontrado na população em estudo é inferior aos dados nacionais. Vale ressaltar que os dados disponíveis no Brasil são referentes ao ano de 2005 e a amostra contempla o ano de 2007, porém esta diferença não compromete a comparação dos dados visto a proximidade dos períodos. Alguns estudos como Valdés et al. (2003) realizado em Cuba e Muniz et al. (1999) realizado em São Paulo apresentaram incidência semelhantes a encontrada no presente estudo. Esta diminuição pode sugerir que no município exista uma melhor adesão ao tratamento dos pacientes durante o tempo necessário, acompanhamento médico, uma boa repercussão das campanhas de conscientização sobre a doença e que os programas envolvidos com o controle da tuberculose podem estar sendo efetivos, reduzindo a prevalência e incidência da doença. Dos 24 pacientes, 15 (62,5%) apresentaram negatividade dos exames sendo considerado que o mesmo alcançou a cura. O Ministério da Saúde (MS) e Organização Mundial de Saúde preconizam o índice de cura de 85%, este índice encontrado no município é inferior ao preconizado, porém deve-se considerar que no momento da aplicação do questionário os pacientes que não apresentaram negatividade do exame poderiam estar no início do tratamento, e o tempo do mesmo não seria suficiente para alcançar a cura, o que não significaria que a mesma não seria alcançada. Outra variável pesquisada foi o abandono ao tratamento. Pode-se observar que 100% dos pacientes “auto-declararam” que não houve abandono ao tratamento, o que é de suma importância. De acordo com Muniz et al (1999), o paciente precisa completar o tratamento sem ter ocorrido interrupção sendo o DOTS um tratamento supervisionado com o paciente e que objetiva acompanhar e promover a cura do mesmo. Segundo Caliari e Figueiredo (2007) em estudo realizado no Hospital Estadual Nestor Goulart Reis em São Paulo que é destinado a internações de pacientes com tuberculose, 37% dos pacientes internados abandonaram o tratamento, não atingindo assim a cura da doença. Perfil sócio-demográfico do paciente Dentre os 24 pacientes analisados, a maioria foi correspondente ao gênero feminino Farmácia & Ciência, v.1, p.52-63, ago./dez. 2010. 58 (TAB. 1). Estes achados não estão condizentes com a literatura. Inúmeros estudos (PAIXÃO e CONTIJO, 2007; MARTINEZ et al., 2003) relatam um predomínio de tuberculose em pacientes do gênero masculino. Este resultado encontrado pode ser explicado pelo fato das mulheres serem mais perceptivas aos sintomas das doenças, terem menos resistência na utilização de medicamentos e utilizarem mais os serviços de saúde do que os homens (LOYOLA et al, 2005, MENDOZA-SASSI e BERIA, 2001). Zucchi et al. (2000) em um estudo sobre os fatores que agem na demanda e na oferta de serviços relataram que o sexo feminino parece ser o maior consumidor de assistência à saúde que o sexo masculino, durante toda a duração da vida. Tabela 1. Freqüência dos pacientes portadores de tuberculose quanto ao gênero e idade. Amostra (n=24) % Masculino 10 41,7 Feminino 14 58,3 13 a 21 3 12,5 22 a 45 16 67,0 46 a 60 1 4,0 > 60 4 16,5 Gênero Idade* * Idade em anos Pode-se observar que a maioria dos pacientes são adultos, na faixa entre 22 a 60 anos (71%), a média de idade foi 32,54 anos, o que confirma este predomínio na fase adulta. Além disso, pode-se observar que 16,5% dos pacientes são idosos. O perfil encontrado está condizente com outros estudos nacionais (CALIARI e FIGUEIREDO, 2007; PAIXÃO e GONTIJO, 2007) e que observaram um perfil de pacientes portadores de tuberculose na idade adulta. Estudos realizados na Espanha e Cuba também observaram um predomínio nesta faixa etária (MARTINEZ et al., 2003; VALDÉS et al., 2003). Este achado pode ser explicado pelo fato de Farmácia & Ciência, v.1, p.52-63, ago./dez. 2010. 59 pacientes nesta faixa serem mais expostos à doença e seus fatores de risco como o consumo de álcool e fumo. Sendo assim, foi avaliado se o paciente portador de tuberculose era usuário de fumo e álcool, podendo constatar que aproximadamente 54% dos pacientes são usuários ou utilizaram fumo e álcool anteriormente (Figura 1). 4% 8% 4% 38% Fumo Alcool Nunca usou 46% Usou e parou Uso de fumo e alcool Figura 1: Distribuição de freqüência quanto ao uso de fumo e álcool entre os pacientes portadores de tuberculose- Timóteo-MG. Segundo Ruffino e Netto (1979) o uso de álcool e fumo são fatores agravantes que podem contribuir de forma negativa na evolução do quadro e possível cura. Estudo realizado em São Paulo com pacientes internados devido às formas graves da tuberculose, o alcoolismo foi apontado pelos autores como co-morbidade em 64,8% dos pacientes (CALIARI e FIGUEIREDO, 2007). Muniz et al. (1999), descreve uma associação entre o uso de fumo e álcool com menores condições sócio-econômicas e estas estão ligadas à tuberculose. Sendo assim, foi analisada as condições sócio-econômicas dos pacientes e os resultados estão descritos na TAB.2. Estes achados podem demonstrar baixa escolaridade e renda sugerindo menores condições sócioeconômicas destes pacientes portadores de tuberculose. Alguns estudos relatam uma ocorrência maior da tuberculose em pacientes que se encontram na situação de pobreza (ANTUNES et al, 2000, MUNIZ et al, 1999). Segundo Vendramini et al. (2005) em um estudo realizado em São Paulo, entre 1985-2003, verificaram que a relação entre o risco de ocorrência da doença é três Farmácia & Ciência, v.1, p.52-63, ago./dez. 2010. 60 vezes maior em áreas de baixas condições sócio-econômicas, devido ao aumento da exposição dos pacientes ao risco. Tabela 2. Perfil dos pacientes portadores de tuberculose quanto às condições sócio-econômicas. População (n=24) % Escolaridade 1º grau completo 15 62,5 2º grau completo 6 25,0 3º grau completo 3 12,5 < 1 salário 1 4,16 1 a 3 salários 20 83,3 4 a 9 salários 2 8,38 > 10 salários 1 4,16 24 100,0 24 100,0 1a3 11 45,83 4a6 11 45,83 >6 2 8,34 Renda familiar total* Moradia Própria Saneamento básico Pessoas em domicílio * salário mínimo vigente no ano 2007. Quanto às variáveis moradia e saneamento básico pode se observar que todos os pacientes declararam moradia própria e presença de saneamento básico, o que é positivo, levando em consideração que estes fatores podem favorecer a melhora das condições sócio-econômicas. Porém, neste estudo pode-se perceber que estas melhores condições não devem ter contribuído para a não ocorrência da tuberculose nestes pacientes. Farmácia & Ciência, v.1, p.52-63, ago./dez. 2010. 61 CONCLUSÃO Os resultados desse estudo, realizado no município de Timóteo, permitiram conhecer o perfil dos pacientes portadores de tuberculose e pode-se observar que este é condizente com o cenário nacional e mundial. No entanto, algumas variáveis chamaram a atenção tais como uma maior ocorrência entre pacientes do gênero feminino e prevalência/incidência da média nacional. Tais achados podem sugerir que ações de conscientização sobre a doença sejam desenvolvidas nesta população em especial e nas próprias unidades de saúde, visto que mulheres são mais perceptivas quanto suas condições de saúde e utilizam com mais freqüência os serviços. Além disso, índices menores de prevalência e incidência podem demonstrar a existência de um acompanhamento qualificado aos pacientes, uma vez que o tratamento realizado de maneira correta, durante o tempo preciso, obtêm-se a cura da tuberculose. Diante da preocupação mundial com o controle da tuberculose e a prevenção, este estudo sugere que sejam realizados trabalhos em conjunto, englobando paciente e sistema de saúde, onde as estratégias e os incentivos aos programas, como DOTS, são de suma importância para garantir o tratamento adequado ao paciente e a cura. O sistema público precisa estar sempre investindo em acompanhamento médico qualificado, disponibilizando fármacos adequados, relatando e conscientizando o paciente sobre a importância de não abandonar o tratamento e quando necessário fornecer um profissional para acompanhamento individual ao paciente. Tais ações podem permitir que os órgãos nacionais e mundiais alcancem as metas propostas no que tange a erradicação e conseqüente redução dos gastos com a doença. REFERÊNCIAS ANTUNES, J.L.F.; WALDMAN, E. A.; MORAIS, M. A tuberculose através do século: ícones canônicos e signos do combate à enfermidade. Ciência & Saúde Coletiva, vol.5, n.2, 2000. BRASIL. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema Nacional de Vigilância em Saúde: relatório de situação: Minas Gerais. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. CALIARI, J. S.; FIGUEIREDO, R. M. Perfil de pacientes com tuberculose internados em Farmácia & Ciência, v.1, p.52-63, ago./dez. 2010. 62 hospital especializado no Brasil. Rev. Panam. Infectol, v.9, n.4, pág. 30-35, 2007. HIJJAR, M.A. Tuberculose: desafio permanente, Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro.v.21 n.2,Mar-Abr, 2005 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). População do município de Timóteo – MG. Disponível em (http://w.w.w.Timóteo.mg.gov.br). Acesso em:11/03/2008. LOYOLA FILHO, A.I.; UCHOA, E.; FIRMO, J.O.A.; LIMA-COSTA, M.F. Estudo de base populacional sobre o consumo de medicamentos entre idosos: Projeto Bambuí. Caderno de Saúde Pública. v.21, n.2, pág. 545-553, 2005. MARTINEZ, J. I.; ARNÁEZ, A. A.; SÁNCHEZ, F. C.; MATAIX, E. P.; ARENALES, M. B. Patrones de transmisión de La tuberculosis en um área sanitária de Madrid. Rev. Esp. Salud Pública, v.77, n.5, pág. 541-555, 2003. MENDOZA-SASSI, R.; BERIA, J.U. Utilización de los servicios de salud: uma revisión sistemática sobre los fatores relacionados. Caderno de Saúde Pública. V.17, n.4, pág.819-832, 2001. MUNIZ, J. N.; VILLA, T. C. S.; PEDERSOLLI, C. E. Tratamento supervisionado no controle da tuberculose em Ribeirão Preto: novo modo de agir em saúde. Bol. Pneumol. Sanit., jun. vol.7, n.1, p.33-42, 1999. PAIXÃO, L. M. M.; GONTIJO, E.D. Perfil de casos de tuberculose notificados e fatores associados ao abandono, Belo Horizonte, MG. Revista de Saúde Pública, vol.41, n.2, p.205-13, 2007. PREFEITURA MUNICIPAL DE TIMÓTEO (PMT). Serviços – Saúde. Disponível em (http://w.w.w.Timóteo.mg.gov.br). Acesso em:18/03/2008. RUFFINO, M. C.; NETTO, A. R. Associação entre alcoolismo e tuberculose pulmonar. Revista de Saúde Pública. v.13, n.3, 1979. RUFFINO-NETTO, A. Tuberculose: a calamidade negligenciada. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical,Uberaba v.35 n.1 , Jan-Fev,2002. SILVA, J.R.L.; BOÉCHAT, N. O resurgimento da tuberculose e o impacto do estudo a imunopatogenia pulmonar. Jornal Brasileiro de Peneumologia. São Paulo, v.30, n.4, jul-Ago 2004. VALDÉS, J.D.; CAMBELL, S.; PÉREZ, L. A.; FRAGINAL, B.; OCHOA, E. G. Incidencia de tuberculosis en El municipio marianao. Ciudad de La Habana, Cuba: Rev. Esp. Salud Pública, v.77, n.2, pág. 221-231, 2003. Farmácia & Ciência, v.1, p.52-63, ago./dez. 2010. 63 VENDRAMINI, S. H. F.; GAZETTA, C. E.; NETTO, F. C.; CURY, M. R.; MEIRELLES, E. B.; KUYUMJIAN, F. G.; VILLA, T. C. S. Tuberculose em município de porte médio do sudeste do Brasil: indicadores de morbidade e mortalidade, de 1985 a 2003. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v.31, n.3, 2005. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Global Tuberculosis Control: Surveillance, Planning. Financing. WHO Report, 2006 ,disponível em http:// www.who.int WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Global Tuberculosis Control: Surveillance, Planning. Financing. WHO Report, 2007a,disponível em http:// www.who.int ZUCCHI, P.; NERO, C.D.; MALIK, A.M. Gastos em saúde: os fatores que agem na demanda e na oferta dos serviços de saúde. Saúde & Sociedade. v.9, n.1/2, p.127-150, 2000. Farmácia & Ciência, v.1, p.52-63, ago./dez. 2010.