A 5ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE FELICIDADE INTERNA BRUTA JOHN de GRAAF John de Graaf é um produtor de cinema, co-autor do livro e documentário “Affluenza: The All-Consuming Epidemic (Afluência: A Epidemia que a Tudo Consome”), e diretor executivo do “Take Back Your Time”, www.timeday.org. Este artigo saiu na mídia americana após a Conferência. Logo antes do Dia de Ação de Graças fui ao Brasil para participar da 5ª Conferência Internacional sobre Felicidade Interna Brita, sediada em Foz do Iguaçu, no Brasil. Centenas de pessoas do mundo todo se reuniram para discutir as mais recentes pesquisas na “Ciência da Felicidade” e as aplicações práticas atualmente sendo adaptadas em diversos países. A primeira dessas conferências aconteceu no Butão, um pequeno reino no Himalaia, cujo monarca certa vez proclamou que “Felicidade Interna Bruta é mais importante do que o Produto Interno Bruto”. Participei da 2ª conferência na província de Nova Escócia, no Canadá, juntamente com representantes de 46 nações. Recentemente tem havido um boom em estudos sobre a felicidade, impulsionado pelos assim chamados psicólogos e sociólogos “positivos”, que sentem que suas disciplinas têm focado em demasia nas neuroses e nos problemas sociais, e não o suficiente nas atividades e políticas que de fato contribuem para sociedades mais felizes, e também por economistas que acreditam que o PIB é uma ferramenta limitada para medir o sucesso das sociedades. Não surpreendentemente, esses especialistas descobriram que além de um certo nível mínimo de renda, a maior felicidade provém de fortes e abundantes conexões sociais, uma sensação de controle sobre sua vida, um trabalho significativo, boa saúde, segurança econômica básica, confiança nas outras pessoas e no governo, bem como outras oportunidades menos conectadas com remuneração monetária. 1 Estudos sobre satisfação com a vida ao redor do mundo atualmente estão tendo os seus resultados sendo reforçados por uma regular pesquisa do Instituto Gallup em muitos países usando uma ampla faixa de perguntas, e têm levado a consistentes resultados em anos recentes que os mais altos níveis de satisfação são achados nos países do norte da Europa, tais como Dinamarca, Finlândia, Holanda e Suécia – países que têm um forte sentido de solidariedade social, atenção ao equilíbrio entre lazer e trabalho, sem grandes disparidades de renda, e, contrariamente à convicção dos conservadores americanos -- um alto índice de tributos. Esses estudos descobriram que muitos países que têm populações com baixa renda per capita, tais como a Costa Rica e Colômbia, também têm altos índices de satisfação com a vida, o que levou a um grupo de pesquisadores britânicos a estabelecer o “Índice do Planeta Feliz”, que divide a satisfação com a vida por pontuação da pegada ecológica. Esses pesquisadores descobriram que muitos dos assim chamados países em desenvolvimento na verdade se situam no topo da sua lista. Meu interesse pessoal nessas questões jaz na interação entre trabalho (ou sobrecarga de trabalho), felicidade e saúde. Na conferência, constatei que menos horas de trabalho – especialmente nos países ricos – são um fator chave para a felicidade, saúde e sustentabilidade de longo prazo. De fato, está claro que os EUA, que impõem a mais longa jornada de trabalho no mundo industrializado, estão situados bem abaixo dos países do norte da Europa quanto aos cálculos relacionados ao tempo de lazer, longevidade e saúde de uma forma geral, ao mesmo tempo em que têm praticamente o dobro da pegada ecológica – sendo que aparentemente há uma clara conexão entre esses fatos (jornada de trabalho x longevidade, saúde e pegada ecológica). Na preparação para minha viagem ao Brasil, assisti ao filme “A Missão”, que eu não havia visto desde seu lançamento em 1986. Assisti a este filme por conta da sua notável fotografia das magníficas Cataratas do Iguaçu, a maior catarata do mundo. O filme é sobre missionários jesuítas na América do Sul, que estabeleceram notáveis comunidades entre os indígenas Guarani, protegendo-os da escravidão pelas autoridades 2 espanholas e portuguesas em um período que foi do início do século XVII aos meados do século XVIII, quando então essas autoridades enviaram soldados para destruir as missões. Curioso a respeito da verdadeira história, encontrei um antigo livro em inglês chamado A Vanished Arcadia (A Arcádia Desaparecida) disponível grátis on-line. Escrito por Robert Cunninghame Graham em 1900, trata-se de um profundo olhar nessas comunidades jesuítas, que na verdade praticavam uma espécie de socialismo cristão. Milhares de guaranis viviam nessas comunidades missionárias e compartilhavam integralmente os resultados do seu trabalho agrícola e industrial. Embora infundidas por ideologia jesuíta e por uma liderança fortemente paternalista pelos padres que as comandavam, essas comunidades eram igualitárias, e, sob todos os pontos de vista, felizes, povoados aos quais os guaranis se juntavam voluntariamente, sem pressão. Mas elas eram criticadas pelos líderes seculares, que viam os indígenas como escravos, e criticavam os jesuítas por que estes colocavam a felicidade dos Guaranis acima da sua utilidade produtiva para Espanha e Portugal. Logo, mesmo então, e na mesma região em que aconteceu a Conferência sobre Felicidade Interna Bruta, o conflito entre a produção para o seu próprio bem (PIB) e a felicidade (FIB) estava evidente. Mas é claro que isso levou ao desaparecimento dessas comunidades jesuítas, cujas ruínas ainda pontuam partes da região sul do Brasil, norte da Argentina e sul do Paraguai, onde elas foram reconhecidas pela UNESCO como Patrimônio Mundial. Minha primeira confirmação do valor das metas da conferência me vieram antes mesmo que eu fosse ao Brasil. No meu vôo de Seattle para Houston, acabei me sentando ao lado de uma maravilhosa moça, atriz, cantora e uma rebelde social de Beirut, Líbano, que se chama Milia Ayache. Ela estava vindo de Vancouver, onde havia visitado sua avó, para desfrutar do dia de Ação de Graças com outros parentes do Texas. 3 Milia havia aprendido sobre aquilo que realmente importa na vida a partir das suas experiências durante os bombardeios em Beirute. Quando as bombas do Hezbollah ou de Israel caíam sobre sua cidade, sua família de classe média fugia de casa para as montanhas próximas. Ela se lembrava da sua mãe lhe dizendo que tinha apenas alguns minutos para fazer sua pequena mala. O que então ela deveria levar, sabendo que sua casa poderia estar em escombros quando voltasse? Em tais momentos, ficou claro que aquilo que mais importava não eram os caros aparelhos eletrônicos, mas algumas roupas e coisas de valor sentimental, como fotos - as conexões com as outras pessoas da sua vida. Isso é um fato bem comprendido pelos pesquisadores internacionais sobre felicidade – amigos e família contam mais do que coisas. NA CONFERÊNCIA Sediada num imenso hotel na cidade sul-brasileira de Foz do Iguaçu, a 5ª Conferência Internacional sobre Felicidade Interna Bruta começou com uma palestra de um reconhecido especialista mundial no assunto, o professor de economia John Helliwell, da Universidade de Colúmbia Britânica, em Vancouver, Canadá. Ele vibrou a platéia de 700 pessoas com versões em inglês e português da “canção da felicidade”, uma das minhas antigas favoritas da minha infância: Quanto mais a gente se une, se une, se une, Quanto mais a gente se une, mais felizes vamos ficar! Pois seus amigos são meus amigos, e meus amigos são seus amigos Quanto mais a gente se une mais felizes vamos ficar! Conexão social, salientou Helliwell, é um fator chave para a felicidade, mas como um levantamento feito pelo Instituto Gallup em 140 países ao longo de três anos revela, existe um número considerável de outros fatores que também contam mais do que a nossa tradicional métrica de bem-estar econômico, o Produto Interno Bruto – PIB. A renda não é irrelevante – as mais altas pontuações de felicidade são achadas em países 4 ricos. Estar isento de sentir fome e insegurança física são necessidades imperativas. Contudo, acima de moderados níveis de conforto e segurança, outros fatores passam a contar. Entre estes estão um senso de controle sobre sua vida, governos livres o quanto possível de corrupção, amigos e parentes com os quais se pode contar, confiança nos seus vizinhos, generosidade (uma pergunta chave no levantamento do Instituto Gallup é “Você fez alguma doação para caridade neste ano”?), liberdade (outra pergunta: “Você tem liberdade para escolher o que quer fazer na vida”?). Consistentemente, contrariamente àquilo que os americanos poderiam esperar, as mais altas pontuações nessa pergunta vieram dos países escandinavos. A religião definitivamente desempenha um papel relevante para as pessoas, também porque ajuda a formar e a fortalecer as conexões sociais. E quem é o consistente campeão em felicidade? A Dinamarca, seguida pela Finlândia, Holanda e Suécia logo atrás. Jon Hall, um cidadão inglês agora com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em Paris, palestrou logo após do Dr. Helliwell com encorajadoras notícias. A OCDE (formada por cerca de trinta dos países mais ricos do mundo) está levando cada vez mais a sério os estudos sobre felicidade. Ela está buscando um conjunto totalmente novo de indicadores através do qual se possa julgar o progresso dos seus países membros. Esse seu novo “Projeto Global” busca coletar as assim chamadas “melhores práticas” – políticas sociais e econômicas que claramente demonstraram o potencial de aumentar a satisfação com a vida. Hall citou outras boas notícias: O presidente da França, Nicolas Sarkozy, há apenas dois anos atrás um dos maiores defensores do crescimento econômico e do estilo americano de economia, está agora entoando uma melodia muito diferente. Ele recentemente organizou uma comissão liderada pelos prêmios Nobel em Economia, os economistas Joseph Stiglitz e Amartya Sen. Essa comissão conclamou que fosse dado um 5 maior foco em indicadores como saúde, coesão familiar e tempo de lazer em vez da ênfase atual no PIB. Uma nova Comissão Européia está se chamando “PIB e Além”, e o recente fórum mundial da OCDE em Pusan, na Coréia do Sul, reuniu dois mil pesquisadores e ativistas para que considerassem políticas que fossem formuladas a partir de mensurações em satisfação com a vida, em vez de crescimento econômico. “É realmente um movimento agora” declarou Hall. O ponto aqui é encontrar meios que possam claramente nos contar se as pessoas estão satisfeitas ou sofrendo. “As estatísticas” do jeito que são agora, sugeriu Hall, “são as pessoas com suas lágrimas enxutas”. APRENDENDO COM O BUTÃO Ainda meio grogue na manhã seguinte pela diferença de fuso horário, tive receio de pegar no sono durante a primeira apresentação. Mas não havia nada a temer; em vez disso, o conteúdo me “energizou”. O palestrante era o Sr. Dasho Karma Ura, diretor do Centro dos Estudos do Butão, um dos vinte-sete butaneses que estavam participando da conferência. Este pequeno país do Himalaia tem sido o pivô dos estudos sobre Felicidade Interna Bruta desde 1972, quando o seu rei proclamou que a “Felicidade Interna Bruta era mais importante do que o Produto Interno Bruto”. Desde então o Butão tem consagrado esse conceito na sua constituição e buscado meios para operacionalizá-lo e medi-lo. Karma Ura explicou que, ao longo do tempo, os butaneses identificaram nove aspectos que de fato contam para a análise da felicidade, quais sejam: bem-estar psicológico; boa saúde; uso do tempo (equilíbrio entre trabalho e lazer); vitalidade comunitária; educação; preservação cultural; proteção ambiental; boa governança; e segurança financeira. 6 Com o auxílio de especialistas internacionais, os butaneses desenvolveram questionários através dos quais eles avaliam a satisfação com a vida em cada uma dessas nove dimensões, e também as usam em levantamentos regulares junto à população butanesa. Em tais questionários se incluem perguntas tais como: O quanto você se sente protegido contra algum mal que possa ser feito por uma outra pessoa? Raramente? Usualmente? Sempre? O Butão usa os resultados dos seus questionários indicadores para orientar as políticas públicas. Cada decisão se baseia na certeza de que não irá baixar – e deveria elevar – a satisfação com a vida como um todo. Por exemplo, o uso desse tipo de análise levou o Butão a não fazer parte da OMC – Organização Mundial do Comércio. Sentei-me à mesa com dois jovens ambientalistas brasileiros, e um senhor butanês de meia idade, chamado Tshewang Tandin. De fala mansa, porém aberto e informal, Tshewang, que é o Diretor de Educação para o Butão, nos contou que na zona rural butanesa o FIB é muito mais elevado, a despeito da vida materialmente mais pobre, do que na capital Thimphu, onde a ocidentalização e a globalização estavam alterando a vida cotidiana a uma taxa alarmante. Mais tarde, no mesmo dia, ele me presenteou com um livro publicado no Butão e escrito pela sua filha de 12 anos de idade. O título “Voltando para Casa”, é sobre a história de uma garota butanesa de 15 anos e seus esforços para se encaixar na recém ocidentalizada vida das crianças de Thimphu. Para mim, o livro foi bem chocante. Bastaria mudar os nomes e poderíamos ter ouvido a mesma história em qualquer subúrbio americano: crianças buscando popularidade na escola fazendo parte da panelinha das meninas de famílias mais ricas; telefones celulares e mensagens de texto concisas e frequentemente mal-educadas; trotes nas crianças menos atraentes ou menos populares; competição por roupas e calçados de marcas ocidentais; e, mais preocupante ainda, ânsia por jogar tais perturbadores e violentos vídeo-games como Grand Theft Auto. E até mesmo a linguagem espelhava a gíria americana: “Assim que entrei na sala eu o vi. Eu sabia que eu era carne morta”. 7 Me entristeci, mas num outro sentido me senti mais convicto. Eu acreditava que o Butão fosse demasiado diferente do que os EUA por conta da sua pesquisa em felicidade para que seus resultados pudessem ser aplicados em nós americanos. Mas, mesmo assim, ficou evidente que a luta humana entre uma vida autenticamente rica de família e amizades e uma vida orientada pela mídia, que reverencia possessões materiais e uma imagem exteriorizada, não está confinada ao Ocidente. Fiquei mais surpreso ainda ao descobrir que, para os butaneses, uma das pontuações mais baixas vem da questão relacionada ao “uso apropriado do tempo”, definida mais simplesmente como o equilíbrio entre o tempo no trabalho e no lazer. Mesmo no Butão, a jornada de trabalho está se expandindo com o consumo, preenchendo assim todos os momentos da vida. Conversei com a Dra. Susan Andrews, uma vibrante americana com um PhD por Harvard, que se mudou para o Brasil em 1992, e coordena o Parque Ecológico Visão Futuro, um projeto de “ecovila” e aprendizado ambiental perto da cidade de São Paulo. Claramente uma líder popular no Brasil, que desfruta de grande respeito do governo, das corporações e também dos ativistas, a Dra. Andrews co-organizou essa conferência e me convidou para palestrar na mesma. Ela me disse que a “trituração” do tempo também é um poderoso limitador para o FIB no Brasil, onde a empresa Natura Cosméticos, uma empresa de cosméticos naturais, que foi uma das patrocinadoras da conferência, fez uma pesquisa do FIB com um grupo de seus próprios funcionários. Enquanto que a maior parte desses funcionários reportou uma boa satisfação em geral com todas as demais oito dimensões, apenas 30% deles se sentiram positivos quanto ao seu equilíbrio entre trabalho e lazer. A Dra. Susan Andrews contou aos participantes da conferência que uma versão internacional do questionário FIB, desenvolvida por Michael Pennock e outros pesquisadores na província canadense de Vitória, na Colúmbia Britânica, e depois adaptado para Brasil, estaria disponível em breve. O próprio Pennock explicou que questionários semelhantes já haviam sido usados em Vitória por um grupo chamado 8 Victoria BC Happiness Index Partners (Parceiros do Índice de Felicidade de Vitória, BC). Os mesmos resultados relacionados ao uso apropriado do tempo prevaleceram: enquanto que 76% dos residentes em Vitória estavam satisfeitos com sua qualidade de vida em geral, apenas 45% se sentiam da mesma forma em relação ao seu equilíbrio trabalho vs. lazer. A pesquisa, os quadros e os resultados do Butão podem ser encontrados num excelente site: www.grossnationalhappiness.com. Enquanto que o país está entre os mais pobres materialmente falando, os butaneses têm um nível bastante alto de FIB, especialmente na zona rural, e especialmente quando comparados aos recursos naturais que consomem. Nic Marks, do New Economics Foundation em Londres, explicou o seu índice de bem-estar internacional, o HPI - Happy Planet Index (Índice do Planeta Feliz). O HPI divide dois indicadores – média da satisfação com a vida e expectativa de vida média – por um terceiro – a Pegada Ecológica, para avaliar o quão eficientemente os países estão usando seus recursos naturais para criar uma elevada qualidade de vida. O Butão, com uma relativamente baixa expectativa de vida de 66 anos, e uma relativamente alta satisfação com a vida, tem uma das menores Pegadas Ecológicas do planeta: se situa em 13º lugar na classificação geral, um desempenho altamente respeitável. A Costa Rica está em 1º lugar. O Brasil se situa em 9º lugar, enquanto que os EUA se situam num desanimador 111º lugar. Imagine agora os Americanos cantando “Somos o número Um (pausa) Um (pausa) Um...”. Apesar disso, os norte-americanos não irão “comprar” assim tão rapidamente o HPI, nem estarão desejosos de sacrificar seus confortos materiais assim tão cedo, apenas para reduzirem sua Pegada Ecológica. Mas mesmo assim as idéia do Butão quanto a medir tanto FIB como o PIB, podem, e devem, ser igualmente tomadas a sério nos Estados Unidos como em outros países. 9 CONCLUSÕES A 5ª Conferência Internacional sobre Felicidade Interna Bruta ofereceu um eclético mix de palestrantes, que ia desde executivos de corporações a líderes de governo, e as palestras foram esclarecedoras e informativas. Apreciei especialmente os apaixonados discursos do economista brasileiro Ladislau Dowbor e do ambientalista Nelton Friedrich, bem como o compassivo apelo do Primeiro Ministro do Butão, Jigme Thinley, em prol de uma compreensão, cooperação e atenção internacionais para o FIB. Assim como em todas as conferências, talvez as melhores coisas que aconteceram foram os amplos contatos que fiz. Me deliciei ao compartilhar momentos informais com ativistas tailandeses, jornalistas de Myanmar, um dinâmico professor de educação de Auckland, Nova Zelândia, um economista polonês, diversos economistas brasileiros e um pequeno grupo de americanos, que estão planejando conferências sobre FIB nos EUA no ano que vem: encontros regionais em Vermont, em Junho próximo, e em Wyoming em outubro de 2010. Uma coisa que se destacou para mim através da conferência: o Brasil é definitivamente um lugar onde essa mensagem ressoa. Tem-se uma diferente sensação sobre o futuro do Brasil. Diferentemente da tristeza e da ansiedade que permeia os EUA, e provavelmente muitas outras nações do industrializado hemisfério norte, o Brasil está inundado de esperança. A economia brasileira está resistindo a atual tempestade econômica de formidavelmente bem. As políticas do Presidente Lula da Silva estão começando a reduzir as enormes disparidades de renda, e há uma paixão pela sustentabilidade que não é visível nos EUA. Os brasileiros são alegres, calorosos e acolhedores, e essa conferência refletiu o seu amor pelo colorido e criativo. Cada sessão, moderada por um engraçado e efusivo “Mestre Sem Cerimônia”, chamado Wellington Nogueira (dos Doutores da Alegria), que se vestia como palhaço, começava com danças, exercícios e canções! 10 Nos últimos dias da programação da conferência tivemos a oportunidade de fazer passeios para visitar a natureza perto da barragem de Itaipu, a maior hidrelétrica do mundo, e para as incomparáveis Cataratas do Iguaçu. Nada do que eu tenha visto, nem as fotos na internet, nem as cataratas capturadas em tela inteira no filme A Missão, me prepararam para a imensidão e a potência da coisa real. Quando a primeira dama dos EUA, Eleonor Roosevelt visitou as Cataratas do Iguaçu, seu comentário foi “pobre Niágara”. Nessas cataratas as quedas d’água despencam de cerca de 100 metros de altura, algumas vezes em um único salto, em outros em dois níveis. Uma caminhada numa luxuriante trilha subtropical, com coloridos tucanos nas copas das árvores, leva até a base de uma enorme seção das quedas, onde, com um rugido ensurdecedor, a água despenca por cerca de 50 metros para dentro de uma saliência. Atravessa-se essa saliência numa estreita passarela, encharcado pela refrescante névoa das quedas, e divisando uma outra coluna d’água com 30 metros ou mais. Quando a passarela termina, a vista se abre para a Garganta do Diabo, um estreito desfiladeiro com água despencando de centenas de metros em todas as direções que convergem para um efervescente turbilhão mais abaixo. As cataratas se esticam em tres kilômetros en direção ao horizonte, com dúzias de enormes cascatas separadas por paredes de basalto, verdes pela folhagem. Um breve passeio de elevador a partir desse ponto leva a pessoa para as quedas superiores, com vistas ainda mais grandiosas da cena inteira, e para longe em Argentina. Logo antes da minha partida para pegar meu vôo de volta a Seattle, eu novamente cruzei com Susan Andrews, a co-organizadora da conferência. Uma notável mulher, com uma óbvia graça interior e um potente carisma, ela falou do seu entusiasmo em ver a Felicidade Interna Bruta avançar pelo mundo, e instou a mim e à minha colega de Seattle, Vicki Robin, também uma palestrante na conferência -- para que desenvolvêssemos nosso próprio encontro na região Pacífico-Noroeste, e passássemos adiante a palavra. Estou ansioso para voltar e trabalhar para fazer exatamente isso. 11