ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA – EEL/USP TERMODINÂMICA QUÍMICA – PROF. ANTONIO CARLOS DA SILVA SISTEMAS DE COMPOSIÇÃO VARIÁVEL EQUILÍBRIO QUÍMICO 1. EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DA ENERGIA DE GIBBS Para uma substância pura ou para uma mistura de composição fixa, a equação fundamental da energia de Gibbs é: = − + Onde: G S T V P (1) energia de Gibbs entropia temperatura volume pressão Consideremos um sistema com uma reação química ocorrendo. À medida que uma reação química prossegue, a composição do sistema muda e as propriedades termodinâmicas do sistema também mudam. As equações termodinâmicas são, então, dependentes da composição. Para um sistema a temperatura T e pressão p com várias substâncias presentes: = (, , , , , … ) A diferencial total será: = Onde: , + , + + ,, ,, + ⋯ (2) ni todos os números de moles das substâncias presentes são constantes na derivação. nj todos os números de moles das substâncias presentes, exceto aquele em relação ao qual se faz a derivada, são constantes. Se o sistema não sofre mudança de composição, então dn1 = 0, dn2 = 0 e assim por diante e a equação (2) se reduz a: = , + , (3) Comparando a equação (3) com a equação (1): , = − e , = (4) Para simplificar: ! = (5) ,, Substituindo (4) e (5) em (2): = − + + + = − + + ∑! Sistemas de Composição Variável – Equilíbrio Químico ! ! +⋯ (6) (7) Página 1 Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP 2. Termodinâmica Química – Prof. Antonio Carlos da Silva AS PROPRIEDADES DE µi Se uma pequena quantidade da substância i, dni moles, for adicionada a um sistema, mantendo constantes todos os outros parâmetros (T, p e outros números de moles), o aumento da energia de Gibbs é dado pela equação (5). Portanto, para qualquer substância i na mistura, o valor de µi é o aumento da energia de Gibbs que advém da adição de um número infinitesimal de moles dessa substância à mistura, por mol da substância adicionada. µi é uma propriedade intensiva do sistema é o resultado da divisão de uma propriedade extensiva por outra propriedade extensiva (G/n) tem o mesmo valor em todos os pontos de um sistema que esteja em equilíbrio. Exemplo: Supondo um sistema com duas regiões A e B, com valores de µi diferentes, A # ! $ ! . e B # $ Mantendo T, p e todos os outros números de moles constantes, se transferirmos dni moles de i da região A para a região B, o aumento da energia de Gibbs nas duas regiões será: # = !# (−! ) e $ = !$ ! , pois +dni moles vão para B e -dni moles vão para A. A variação total da energia de Gibbs é a soma = # + $ , ou = % $ ! − # ! &. ! . Se !$ < !# , dG será negativo e essa transferência de matéria diminuirá a energia de Gibbs do sistema e a transferência ocorrerá espontaneamente. A substância i escoará espontaneamente da região de ! mais alto para a região de ! mais baixo. Como ! apresenta o mesmo valor em todos os postos do sistema constitui uma importante condição de equilíbrio. A propriedade ! é chamada potencial químico da substância i (também denominado tendência de escape). A matéria escoa espontaneamente de uma região de potencial químico alto para uma região de potencial químico mais baixo. 3. A ENERGIA DE GIBSS DE UMA MISTURA Consideremos a seguinte transformação: Estado inicial Estado final T, p T, p Substância: Número de moles: Energia de Gibbs: 1 2 3 0 0 0 G=0 ... ... 1 2 3 ... n1 n2 n3 G Da equação (7): ! )∗ ! )∗ = ∑! − ∗ = ∑! Sistemas de Composição Variável – Equilíbrio Químico ! (! − !∗ ) (8) Página 2 Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP Termodinâmica Química – Prof. Antonio Carlos da Silva Se a fronteira inicial do sistema diminuir até que envolva, no limite, um volume nulo, !∗ = 0 e ∗ = 0: = ∑! ! ! (REGRA DA ADIÇÃO) (9) Se o sistema contém apenas uma substância, a equação (9) se reduz a e: = 4. (10) O POTENCIAL QUÍMICO DE UM GÁS IDEAL PURO O potencial químico de um gás ideal puro é dado por: μ = μ, (T) + RT ln p (11) A uma dada temperatura, a pressão é uma medida do potencial químico do gás. Se existirem diferenças de pressão num recipiente com gás escoará matéria da região de pressão mais elevada (potencial químico mais alto) para a região de pressão mais baixa até que a pressão se iguale em todos os pontos do recipiente. Equilíbrio igualdade de potencial químico em todos os pontos do sistema requer que a pressão seja igual em pressão uniforme em todos os pontos. 5. O POTENCIAL QUÍMICO NUMA MISTURA DE GASES IDEAIS Considere o seguinte sistema: Condição de equilíbrio: Membrana de paládio H2 puro N2 +H2 2 = 2 + @ 2 (3456) 7 2 (89:45;) O potencial químico do hidrogênio puro sob pressão 2 é: 2 (89:45;) 7 Portanto, na mistura é preciso que: < = 2 (3456) 7 () + > ln 2 < = () + > ln 2 Assim: ! < ! () = + > ln ! (12) Onde pi é a pressão parcial da substância i na mistura. Da Lei das Pressões Parciais: pi = xi.p, onde p é a pressão total. Assim: ! < ! () = + > ln + > ln ?! (13) Os dois primeiros termos do lado direito da equação (12) nada mais são do que o potencial químico do componente i na pressão p: ! = < ! (, ) + > ln ?! (14) Como xi < 1, ln xi < 0, logo, o potencial químico de um gás numa mistura é sempre menor que o potencial químico do gás puro nas mesmas condições de temperatura e pressão. Portanto, se um gás puro sob na pressão p for colocado em contato com uma mistura sob a mesma pressão total, o gás puro escoará para a mistura. Sistemas de Composição Variável – Equilíbrio Químico Página 3 Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP Termodinâmica Química – Prof. Antonio Carlos da Silva Portanto, esta é a interpretação termodinâmica para o fato de que gases, assim como líquidos e sólidos, difundem-se uns nos outros DIFUSÃO espontaneidade na formação de misturas a partir de substâncias puras. 6. ENERGIA DE GIBBS DO PROCESSO DE MISTURA Como o processo de formação de misturas é espontâneo, ocorre com diminuição da energia de Gibbs. Suponha o processo de mistura na figura a seguir: T, p T, p T, p T, p n1 n2 n3 N = n1 + n2 + n3 Estado inicial Estado final Para substâncias puras, as energias de Gibbs são: = < , = < = ∑! ! < ! , = < A energia de Gibbs do estado inicial é a soma: !!A!BC = + + = < + < + < A energia de Gibbs do estado final, pela regra da adição, é: D!BC = No processo de mistura: !!A!BC : ∆F!GH = ( Da equação (14), ! = + + = ∑! ! ! ∆F!GH = D!BC − !!A!BC . Substituindo os valores de D!BC e < < < − ) + ( − ) + ( − ) = < < ! (, ) + > ln ?! e ( ! − ! ) = > ln ?! ∑! ! ( ! − < !) e: ∆F!GH = >( ln ? + ln ? + ln ? ) = > ∑! ! ln ?! Fazendo ! = ?! : ∆F!GH = >(? ln ? + ? ln ? + ? ln ? ) (15) A equação (15) é a expressão da energia de Gibbs do processo de mistura em termos das frações molares dos constituintes da mistura. ∆F!GH = > ∑! ?! ln ?! 0 0 Se houver duas substâncias na mistura e x = x e x = 1 − x : ∆F!GH = >K? L ? + (1 − ?) L(1 − ?)M ∆PQRS > (16) (17) A maior diminuição da energia de Gibbs do processo de mistura: ? = 1⁄2 (mistura equimolar) -0,693 0 x Sistemas de Composição Variável – Equilíbrio Químico 1 Página 4 Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP 7. Termodinâmica Química – Prof. Antonio Carlos da Silva ENTROPIA DO PROCESSO DE MISTURA Derivando ∆F!GH = D!BC − !!A!BC relativamente à temperatura, teremos ∆F!GH : ∆89: , = ∆TU;V , − ∆UW;V , = −%D!BC − !!A!BC & = −∆F!GH (18) Derivando ambos os termos da equação (16) relativamente à temperatura: ∆89: , = > ∑! ?! ln ?! ∆F!GH = −> ∑! ?! ln ?! (19) Das equações (18) e (19), observa-se que: Variação da Energia de Gibbs é sempre positiva Processo de mistura Variação de entropia é sempre negativa Aumento da desordem quando se misturam moléculas diferentes Para uma mistura binária: ∆F!GH = −>K? L ? − (1 − ?) L(1 − ?)M (20) 0,693 ∆F!GH > 0 0 0 x 1 O maior aumento da entropia do processo de mistura: ? = 1⁄2 (mistura equimolar) Como R = 8,314 J/K.mol, a variação de entropia do processo de mistura para um mol (mistura equimilar) é 5,76 J/K.mol. Assim, a variação de entropia do processo de mistura por mol varia entre 0 e 5,76 J/K.mol, dependendo da composição x. 8. ENTALPIA DO PROCESSO DE MISTURA ∆F!GH = ∆XF!GH − ∆F!GH (21) Das equações da variação da energia de Gibbs do processo de mistura (16) e da variação da entropia do processo de mistura (19): nRT ∑Y xY ln xY = ∆XF!GH + > ∑! ?! ln ?! Portanto: ∆H[Y\] = 0 Sistemas de Composição Variável – Equilíbrio Químico (22) Página 5 Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP Termodinâmica Química – Prof. Antonio Carlos da Silva Não há efeito de calor associado com o processo de mistura de gases ideais. −∆F!GH = ∆F!GH (23) A equação (23) mostra que a força responsável pela produção da mistura (−∆F!GH ) é entropia. Para misturas binárias a 300K, como ∆F!GH = 5,76 J/K.mol, −∆F!GH = −1730 J/mol. Ou seja, a Energia de Gibbs de misturas binárias varia de 0 a −1730 J/mol. 9. VOLUME DO PROCESSO DE MISTURA O volume do processo de mistura é obtido derivando-se a energia de Gibbs do processo de mistura relativamente à pressõ, mantendo-se a temperatura e composição constantes: ∂∆G[Y\] ∆V[Y\] = _ b ∂p c,d e Como, de acordo com a equação (16), a energia de Gibbs do processo de mistura é independente da pressão e a derivada é zero: ∆V[Y\] = 0 (24) Conclusão: misturas ideais formam-se sem qualquer variação de volume. 10. EQUILÍBRIO QUÍMICO NUMA MISTURA Em um sistema fechado, a temperatura e pressão total constantes, consistindo em uma mistura de várias espécies químicas que podem reagir de acordo com a equação: 0 = ∑! g! h! (25) onde Ai representa a fórmula química de cada substância, enquanto que cada vi representa o coeficiente estequiométrico. Os coeficientes estequiométricos vi são negativos para reagentes e positivos para produtos. Considere a mistura: ih + jk ⟶ mn + op Se Δ[Y\] < 0 REAÇÃO ESPONTÂNEA (ocorre até atingir o equilíbrio, ou seja, −∆F! ) Se Δ[Y\] > 0 REAÇÃO OCORRE NO SENTIDO INVERSO Portanto: NO EQUILÍBRIO −∆G = −∆G[Yd À medida que a reação avançar, com temperatura e pressão constantes, a variação da energia de Gibbs do sistema será dada por: = ∑! ! ! (26) As variações dos números de moles, dni são aquelas resultantes da reação química. Essas variações são dependentes, de acordo com as relações eqtequiométricas. 11. AVANÇO DE REAÇÃO Considerando que a reação avança de s moles, o número de moles de cada substância presente é dado por: ! = !< + g! s (27) onde !< são os números de moles das substâncias presentes antes da reação avançar de s moles. Sistemas de Composição Variável – Equilíbrio Químico Página 6 Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP Termodinâmica Química – Prof. Antonio Carlos da Silva Como !< é constante, diferenciando a equação (27): ! = g! s (28) Combinando as equações (26) e (28): = (∑! g! ! )s ∴ t , = ∑! g! ! (29) A derivada (u/us) , é a taxa de aumento da energia de Gibbs da mistura com o avanço s da reação. Se essa derivada for negativa, a energia de Gibbs da mistura diminuirá à medida que a reação prosseguir na direção indicada pela seta, o que implicará a reação ser espontânea. Se a derivada for positiva, a reação ocorrerá espontaneamente no sentido inverso ao da seta. A condição de equilíbrio para a reação química é, então: t =0 ,,wx (30) logo: (∑! g! ! )wx =0 (31) Para qualquer que seja a reação química: ∆G = ∑Y νY μY (ENERGIA DE GIBBS DA REAÇÃO) (32) E a condição de equilíbrio para qualquer que seja a reação química é: ∆G = (∑! g! ! )wx =0 (33) 12. O COMPORTAMENTO GERAL DE G COMO UMA FUNÇÃO DE z Em qualquer composição, a energia de Gibbs da mistura tem a forma: ∆G = ∑Y nY μY G G Gpuro u =− us G O O u =+ us u =0 us s sw O’ s{ (a) ∆Gmist s sw A A’ (b) s{ Energia de Gibbs em função do avanço. = ∑! ! ( < ! + Sistemas de Composição Variável – Equilíbrio Químico ! − < !) = ∑! ! < ! (, ) + ∑! ! ( ! − < !) Página 7 Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP Termodinâmica Química – Prof. Antonio Carlos da Silva A energia de Gibbs do sistema é dada por: G = G|}~, + ∆G[Y\] (34) Derivando, temos: t , = t + , ∆e t , No equilíbrio: t = − ∆e t 13. EQUILÍBRIO QUÍMICO NUMA MISTURA DE GASES IDEAIS Para um gás ideal, conforme equação (12): = ! < ! () + > ln ! (35) Considerando a reação química: αA + βB ⟶ γC + δD onde A, B, C e D são substâncias químicas e α, β, γ e δ são os coeficientes estequiométricos. ∆ = m < ∆ = m + m> ln + o < +o < − (i < # < + o> ln − i +j < $) < # − i> ln # − j < $ − j> ln $ + >Km ln + o ln − (i ln # + j ln $ )M Seja: , ∆ < = m < +o < − (i < # Onde ∆G é a energia de Gibbs padrão da reação. ∆ = ∆ < + > ln +j < $) (36) (37) O argumento do logaritmo é denominado quociente próprio das pressões, : = ∆ = ∆ < + > ln (38) (39) Da equação (33), no equilíbrio ∆G = 0: 0 = ∆ < + > ln ( ) ( ) ( ) ( ) (40) O quociente das pressões no equilíbrio é denominado constante de equilíbrio em função das pressões: = ( ) ( ) ( ) ( ) ∆ < = −> ln (41) (42) EXEMPLO: Para a reação: N + H() ⇌ NH() () a constante de equilíbrio é 6,59 x 10-3 a 450ºC. Calcule a energia de Gibbs padrão da reação. Sistemas de Composição Variável – Equilíbrio Químico Página 8 Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP Termodinâmica Química – Prof. Antonio Carlos da Silva Solução: ∆G, = −RT ln K | = − (8,314 J⁄K mol)(723 K) ln 6,59?10« ∆G, = −(6010 J⁄mol)(−5,02) = 30200 J⁄mol Temos que a energia de Gibbs de formação do amoníaco a 450ºC é 30200 J/mol. 14. EQUILÍBRIO QUÍMICO NUMA MISTURA DE GASES REAIS A energia de Gibbs molar para um gás real é: = < () + > ln ¬ Onde f é a fugacidade do gás. Assim, para uma reação químico envolvendo gases reais, a constante de equilíbrio em função das fugacidades será: D = (D ) (D ) (43) (D ) (D ) ∆ < = −> ln D (44) Para os gases reais, é o Kf e não Kp que é uma função apenas da temperatura. 15. AS CONSTANTES DE EQUILÍBRIO Kx e Kc É, algumas vezes, vantajoso exprimir as constantes de equilíbrio para sistemas gasosos em termos das frações molares ou das concentrações molares em vez das pressões parciais. A pressão parcial pi, a fração molar xi e a pressão total p são relacionadas por pi = xip. = ( ) ( ) ( ) ( ) = (­ ) (­ ) (­ ) (­ ) = (­ ) (­ ) (­ ) (­ ) (®¯°«±«²) A constante de equilíbrio em termos das frações molares é dada por: ­ = (­ ) (­ ) (­ ) (­ ) (45) Então: = ­ ³´ (46) Kp é independente da pressão, é dependente da temperatura. Kx é dependente da pressão e da temperatura, a menos que ∆ν = 0. Como: pi = niRT/V¸então pi = ciRT. Substituindo em Kp: A = (A ) (A ) (A ) (A ) (>)³´ = A (0,0820568 /)³´ (47) (48) A quantidade entre parêntesis é adimensional, assim como Kp e Kc. Kc é independente da pressão, é dependente da temperatura. Sistemas de Composição Variável – Equilíbrio Químico Página 9 Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP Termodinâmica Química – Prof. Antonio Carlos da Silva 16. ENERGIA DE GIBBS PADRÃO DE FORMAÇÃO A partir de valores de ∆Go de medidas experimentais das constantes de equilíbrio, é possível calcular os valores convencionais da energia de Gibbs padrão molar, µo, dos compostos individuais. À energia de Gibbs dos elementos em seu estado de agregação mais estável, a 25ºC e 1 atm é atribuído o valor ZERO. µo(H2, g) = 0 µo(Br2, l) = 0 µo(S, rômbico) = 0 Para a reação de formação de um composto como CO, temos: 1 n(µ¶·¬QS·) + ¸ (µ) ⟶ n¸(µ) 2 ¹D< = Como, por convenção, < (n¸, µ) < (n, µ¶·¬QS·) −º < (n, µ¶·¬QS·) =0e ¹D< = < (¸ , µ) + < (¸ , µ)» = 0, temos: < (n¸, µ) Valores de ¹D< encontram-se tabelados. É sempre possível relacionar a composição de uma mistura em equilíbrio com o valor de equilíbrio do avenço, com o número de moles iniciais e com os coeficientes estequiométricos. Exemplo 1: dissociação do tetróxido de nitrogênio: ¼ ¸½ (µ) ⇌ 2¼¸ (µ) Exemplo 2: síntese do amoníaco: 1 3 N() + H() ⇌ NH() 2 2 17. A DEPENDÊNCIA DA CONSTANTE DE EQUILÍBRIO COM A TEMPERATURA A constante de equilíbrio pode ser escrita como: ³6 (49) ¿(³ ⁄c) (50) ln = − ¾ Derivando: ¿ Àd Á3 Da equação (32), ∆ < = ∑! g! ! < ¿ = −¾ ¿ , dividindo por T: ∆ 6 = ∑! g!  6 (51) Derivando: ¿(³ 6 ⁄ ) Onde ! < Sendo: ¿ = ∑! g! ¿( 6 ⁄ ) ¿ (52) são as energias de Gibbs padrões molares das substâncias puras. (/) = «2 . equação de Gibbs-Helmholtz Sistemas de Composição Variável – Equilíbrio Químico Página 10 Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP Termodinâmica Química – Prof. Antonio Carlos da Silva Usando os valores molares na equação de Gibbs-Helmholtz, obtemos: ( ! ¿(³ 6 ⁄ ) ¿ ¿ Àd Á3 ¿ = )⁄ = −X!< ⁄ <⁄ =− ³2 6 (53) ³2 6 ,þ (54) ∑! g! X!< = − ¿ À, Á3 ou ¾ ³2 6 = ¿ A equação (54) também é chamada de equação de Gibbs-Helmholtz. Se a reação for exotérmica, ΔX < será negativo e a constante de equilíbrio diminuirá com o aumento da temperatura. Se a reação for endotérmica, ΔX < será positivo e Kp aumentará com o aumento da temperatura. Como d(1/T) = -(1/T2)dT, podemos substituir dT = -T2d(1/T). Uma forma conveniente para se colocar num gráfico: ln = ¿ Àd Á3 =− ¿(⁄ ) ³2 6 ¿ ¾ ³2 6 ¾ =− ³2 6 ¾ ¿ À, Á3 ou ¿(⁄ ) ³2 6 = ,þ (55) Um gráfico de ln KP contr 1/T tem um coeficiente angular igual a -∆ ∆Ho/R Obtendo-se os valores de Δ < a várias temperaturas e um valor de ΔX < de um gráfico baseado na equação (55), pode-se calcular os valores de Δ < a cada temperatura, a partir da equação: ∆ < = ∆X < − ∆ < (56) A constante de equilíbrio pode ser escrita como uma função explícita da temperatura. Suponha que numa certa temperatura To o valor da constante de equilíbrio seja (Kp)o e que em qualquer outra temperatura T o valor seja Kp: Àd Á3 )Àd%Á 3& 6 ³2 6 ¾ ³2 6 ¾ %ln & = ) 6 ln − ln% &< = ) 6 ln K | = ln%K | & − Se na equação (49), ln = − ³6 ¾ , ³= Ä c − c (57) (58) , fizermos ∆ < = ∆X < − ∆ < : ln K | = − ³= Äc + ³Å Ä (59) 18. EQUILÍBRIO ENTRE GASES IDEAIS E FASES CONDENSADAS PURAS Todas as substâncias presentes numa única fase HOMOGÊNEO EQUILÍBRIO HETEROGÊNEO Sistemas de Composição Variável – Equilíbrio Químico As substâncias participantes do equilíbrio químico estão em mais de uma fase Página 11 Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP Termodinâmica Química – Prof. Antonio Carlos da Silva A decomposição da pedra calcária n·n¸ (s) ⇌ n·¸(s) + n¸ (g) Condição de equilíbrio: Kμ(CaO, s) + μ(CO , g) − μ(CaCO , s)M = 0 (60) Para cada gás presente no equilíbrio, ! = !< () + > ln ! e para cada líquido ou sólido que esteja presente no equilíbrio, ! = !< () , uma vez que a energia de Gibbs para fases condensadas é praticamente independente da pressão: K (CO , g)Mwx = (CaCO , s) = < (CO , g) < (CaCO , s) + > ln%Ê & (n·¸, R) = w < (n·¸, R) Temos: < (CaO, s) + < (CO , g) < (CaCO , s) − + > ln%Ê &w = 0 ∆ < + > ln%Ê &w = 0 (61) A constante de equilíbrio é simplesmente: = %Ê &w A constante de equilíbrio contém apenas a pressão do gás; entretanto, ∆ < contém as energias de Gibbs padrões de todos os reagentes e produtos. Valores tabelados a 25ºC: Substância < /(kJ/mol) ΔXÌ, /(kJ/mol) n·n¸ (s) n·¸(s) n¸ (g) -1128,8 -604,0 -394,36 -1206,9 -635,09 -393,51 Assim, para a reação, ∆ < = −604,0 − 394,36 − (−1128,8) = 130,4 KJ/mol ∆X < = −635,09 − 393,51 − (−1206,9) = 178,3 KJ/mol A pressão de equilíbrio é calculada pela equação (61): ln%Ê &w = − ∆ 6 Äc Ã.½Ãà Í/[,À = (Î,½ Í/Ï[,À)(ÐÎ,Ñ Ï) = −52,6 = %pÒÓ & = 1,43?10« atm Para calcular a pressão de equilíbrio a uma outra temperatura, por exemplo, 1100 K, usando a equação (58): ln%Ê &Ãà = ln%Ê &ÐÎ − ln%Ê &Ãà = −52,6 − %pÒÓ &Ãà = 0,84 atm Sistemas de Composição Variável – Equilíbrio Químico ³= Ä − c ÔÎ.½Ãà Í/[,À Î,½ Í/Ï[,À c ÃÃ Ï − ÐÎ Ï = 0,17 Página 12 Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP Termodinâmica Química – Prof. Antonio Carlos da Silva A decomposição do óxido de mercúrio Xµ¸(s) ⇌ Xµ(l) + ¸ (g) ⁄ A constante de equilíbrio é simplesmente: = %Ê &w Valores tabelados a 25ºC: Substância < /(kJ/mol) ΔXÌ, /(kJ/mol) Xµ¸(s) Xµ(l) ¸ (g) -58,56 0 0 -90,8 0 0 Temos, também: ∆ < = 58,56 KJ/mol ÑÎ.ÑÖà Í/[,À ln%Ê &w = (Î,½ Í/Ï[,À)(ÐÎ,Ñ Ï) = −23,62 %pÓ & = 5,50?10« atm Equilíbrio líquido-vapor Um exemplo importante de equilíbrio entre gases ideais e fases condensadas puras é o equilíbrio entre um líquido puro e seu vapor: h(l) ⇌ h(g) Seja p a pressão de vapor do equilíbrio, então: = e ¹ < = < (µ) − < (L) Utilizando a equação de Gibbs-Helmholtz, (55): ¿ Àd ¿ = ³2 6 ØÙ (62) ¾ Essa é a equação de Clausius-Clapeyron e relaciona a dependência da pressão de vapor de um líquido com o calor de vaporização. Uma expressão semelhante vale para a sublimação de um sólido. h(R) ⇌ h(µ) ; e = ¿ Àd ¿ = ¹ < = ³2 6 Û < (µ) − < (L) ¾ (63) Em qualquer caso, vaporização ou sublimação, um gráfico de ln p contra 1/T será praticamente linear, com coeficiente angular dado por −¹X < /> . 19. PRINCÍPIO DE LE CHATELIER Se as condições externas sob as quais se estabelece um equilíbrio químico forem alteradas, o equilíbrio se deslocará de tal modo a moderar o efeito desta mudança. A mudança da pressão ou da temperatura afeta o valor de equilíbrio do avanço ξ de uma reação. t ∆2 = " t ∆á = − " (a pressão constante) (a temperatura constante) t = " Sistemas de Composição Variável – Equilíbrio Químico (64) (65) (66) Página 13 Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP Termodinâmica Química – Prof. Antonio Carlos da Silva Como w" é positivo, o sinal de (usw ⁄u) depende do sinal de ∆X. Se a reação for endotérmica, ∆X será +, (usw ⁄u) também será + e o aumento na temperatura aumentará o avanço da reação. Se a reação for exotérmica, ∆X será −, (usw ⁄u) também será − e o aumento na temperatura diminuirá o avanço da reação. Semelhantemente, o sinal de (usw ⁄u) depende do sinal de ∆. Se o volume dos produtos for menor que o dos reagentes, ∆ será −, (usw ⁄u) será + e o aumento na pressão aumentará o avanço da reação. Se o volume dos produtos for maior que o dos reagentes, ∆ será +, (usw ⁄u) será − e o aumento na pressão diminuirá o avanço da reação. Ou seja: 1. O aumento da pressão desloca o equilíbrio para o lado de menor volume da reação, enquanto a diminuição da pressão desloca o equilíbrio para o lado de maior volume. 2. Um aumento na temperatura desloca o equilíbrio para o lado de maior entalpia, enquanto que uma diminuição da temperatura desloca o equilíbrio para o lado de menor entalpia. 20. REAÇÕES ACOPLADAS Algumas vezes acontece que uma reação que seria útil para produzir um determinado produto tem um valor de ∆ positivo. Por exemplo, a reação: Q¸ (s) + 2nL (g) ⟶ QnL½ (l) + ¸ (g) < ∆ÐÎ = +152,3 kJ/mol Seria altamente desejável para produção do tetracloreto de titânio a partir do dióxido de titânio. O valor altamente elevado de ∆ < indica que, no equilíbrio, apenas traços de tetracloreto de titânio e oxigênio estarão presentes. Aumentando-se a temperatura, aumentará o rendimento em tetracloreto de titânio, mas não o suficiente para tornar a reação útil. Mas, se essa reação for acoplada com outra reação envolvendo um ∆ mais negativo que –152,3 kJ/mol, então a reação composta poderá seguir espontaneamente. Se desejarmos conduzir a primeira reação, a segunda equação deverá consumir um dos produtos. Como o tetracloreto de titânio é o produto desejado, a segunda reação precisa consumir oxigênio. Uma possibilidade razoável para a segunda reação é: n(s) + ¸ (g) ⟶ n¸ (g) < ∆ÐÎ = −394,36 kJ/mol A reação global é: n(s) + Q¸ (s) + 2nL (g) ⟶ QnL½ (l) + n¸ (g) < ∆ÐÎ = −242,1 kJ/mol Como a reação global tem ∆ < altamente negativo, ela é espontânea. Sistemas de Composição Variável – Equilíbrio Químico Página 14 Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP Termodinâmica Química – Prof. Antonio Carlos da Silva As reações acopladas têm grande importância nos sistemas biológicos. As reações vitais de um organismo quase sempre dependem de reações que sozinhas envolvem um ∆ positivo. Essas reações são acopladas com reações metabólicas que têm um valor altamente negativo de ∆. 21. A EQUAÇÃO DE GIBBS-DUHEM A relação entre os ! pode ser obtida diferenciando a Equação (9), = ∑! = ∑!(! ! ! ) + ! Igualando com a Equação (7), = − + + ∑! ∑! ! ! ! ! = − + ! ! : : (67) Essa é a equação de Gibbs-Duhem. Um caso importante ocorre quando se varia apenas a composição, sendo que a temperatura e a pressão permanecem constantes: ∑! ! =0 ! (68) Essa equação mostra que, se a composição variar, os potenciais químicos não variam de modo independente, mas sim de um modo inter-relacionado dado pela equação. Por exemplo, em um sistema com dois componentes: Sistemas de Composição Variável – Equilíbrio Químico + =0 = − (69) Página 15